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Patologia Geral Aplicada à Enfermagem Resumo das Lesões Celulares: Etiologia, patogênese e acúmulos intracelulares LESÕES REVERSÍVEIS Aluna: Aline de Souza Bitencourt Visão geral das lesões celulares CÉLULA NORMAL (homeostase) Estresse e aumento da demanda Degenerações Restauração da célula normal Remoção do stress Hipertrofia, atrofia, hiperplasia, hipoplasia e metaplasia Necrose e Apoptose REVERSÍVEL IRREVERSÍVEL (Morte celular) Estímulos nocivos ADAPTAÇÃO LESÃO CELULAR Incapacidade de se adaptar Reparo e cura Existem inúmeros tipos de agentes que causam lesões nas células, porém cada um leva a uma resposta celular diferente. As causas de lesões são divididas em dois grandes grupos: - Exógenos: do meio ambiente (agentes físicos, químicos e biológicos, desvio de nutrição). - Endógenos: do próprio organismo (genética, defesa do organismo, fatores emocionais). > As agressões atuam por diversos mecanismos, sendo alguns deles: - Redução de O2 - Radicais livres - Anormalidades em ácidos nucleicos (DNA e RNA) e proteínas - Resposta imunitária - Distúrbios metabólicos > As células quando agredidas respondem: - Ativando vias de sobrevivência - Morte celular Etiologia das lesões celulares > Doença/lesão sem causa conhecida: Criptogenética, idiopática ou essencial. > A patogênese das lesões se baseia nos seguintes princípios: - Tipo - Duração - Severidade > Há algumas partes da célula que, se lesionadas, comprometem todo o funcionamento da célula. Uma delas é a mitocôndria que precisa ser preservada por produzir ATP e ERO (espécies reativas de oxigênio) em condições patológicas. >Excesso de cálcio no interior das células ativa enzimas (fosfolipases, proteases, ATPases) que podem destruir a célula e aumenta a permeabilidade mitocondrial. Patogênese das lesões celulares Fonte: Robbins & Contran. > Os danos na membrana plasmática e lisossômica podem comprometer toda a célula visto que pode ocorrer extravasamento de componentes, entrada ou saída de substâncias de forma inadequada e digestão de componentes celulares por extravasar enzimas lisossômicas. > Danos ao DNA causam erros em proteínas e elas podem ser anormalmente dobradas. Privação de Oxigênio Anóxia Interrupção no fornecimento de oxigênio para um órgão ou tecido. Hipóxia Redução no fornecimento de oxigênio para um órgão ou tecido. Isquemia Diminuição do suprimento sanguíneo para um órgão ou tecido. Hipóxia A hipóxia é a redução no fornecimento de oxigênio e suas causas podem ser por redução do fluxo sanguíneo (isquemia), oxigenação inadequada do sangue devido à insuficiência cardiorrespiratória, redução da capacidade de transporte de oxigênio no sangue (anemia ou envenenamento por CO) e grave perda sanguínea. > Dependendo da gravidade dessas causas a célula pode se adaptar, sofrer lesão ou morrer. > Mecanismos de lesão celular: - Depleção de ATP As principais causas de diminuição do ATP são a redução do suprimento de oxigênio e nutrientes, dano mitocondrial e ação de toxinas. Os efeitos da depleção de ATP incluem: - Tumefação celular - primeira manifestação de quase todas as lesões celulares(devido a redução da atividade da bomba de sódio-potássio resultando em acúmulo de sódio intracelular e efluxo de potássio o que gera acúmulo de água intracelular - degeneração hidrópica). Fonte: AWS. - Acúmulo de ácido lático (aumenta a glicólise anaeróbica para compensar a baixa de energia, o que ocasiona diminuição do pH e diminuição da atividade de enzimas). - Influxo de cálcio (falência de bombas da membrana). - Diminuição da síntese proteica (deslocamento dos ribossomos, se rompe essa estrutura que sintetiza proteína e ocorre dano irreversível a membrana e consequente necrose). - Oferta excessiva de Acetil-CoA às mitocôndrias (com a cadeia respiratória quase inativa, há acúmulo de Acetil-CoA e maior síntese de ácidos graxos podendo levar ao acúmulo de triglicerídeos - esteatose). Fonte: Robbins & Cotran. - Danos Mitocondriais As mitocôndrias são sensíveis a vários estímulos nocivos como hipóxia, toxinas químicas e radiação. Os danos mitocondriais resultam em: - Falha na fosforilação oxidativa (depleção do ATP). - Formação de ERO (radicais livres que lesam os lipídios, as proteínas e o DNA celular). - Influxo de Ca2+ O aumento do cálcio citosólico ativa várias enzimas incluindo fosfolipases (que causam danos à membrana degradando os fosfolipídios), proteases (destruição das proteínas e citoesqueleto), endonucleases (lesam o núcleo da célula/DNA) e as ATPases (trifosfatases de adenosina). Fonte: Robbins & Cotran. - Radicais Livres (Estresse Oxidativo) São espécies químicas que possuem um elétron não pareado em órbita externa o que as torna muito reativa com outras moléculas, como lipídeos e proteínas (essa reação que causa lesões nas células). -O oxigênio molecular é a principal fonte de radicais livres nas células. - Diversas agressões produzem lesões por liberar radicais livres, como substâncias químicas, radiações ionizantes e fumaça do cigarro. ERO: produzidas em reações de oxidação e redução durante a respiração e geração de energia mitocondrial; produzidas pelos leucócitos, principalmente neutrófilos e macrófagos para ajudar na destruição de micróbios na inflamação e produzidas em baixas concentrações em diversas reações fisiológicas. Quando há aumento da produção de ERO o resultado é o aumento desses radicais livres que leva ao Estresse Oxidativo. - Danos à membrana > Membrana mitocondrial, plasmática e lisossômica. > Danos à membrana mitocondrial: decréscimo de ATP e futura necrose. > Danos à membrana plasmática: perda de equilíbrio osmótico, influxo de íons e perda de componentes celulares. > Danos à membrana lisossômica: extravasamento de enzimas para o citoplasma levando à digestão dos componentes da célula e culminando na necrose. - Danos ao DNA e às Proteínas As células possuem mecanismos para reparar lesões no DNA, porém se essas lesões forem muito graves há a indução da apoptose. Ocorre também com as proteínas anormalmente dobradas que podem ser resultantes de radicais livres ou mutações. Alterações intracelulares associadas as lesões reversíveis (em que observa-se que houve lesão) - Alteração da membrana plasmática, como: formação de bolhas, apagamento ou perda de microvilosidades e perda das adesões intracelulares. - Alteração mitocondrial, como tumefação (dilatação). - Dilatação do retículo endoplasmático, com destacamento dos ribossomos e dissociação dos polissomos (ribossomos ligados ao RNA) e figuras de mielina (são resultado da degradação dos fosfolipídios da membrana). - Alterações nucleares, com desagregação dos elementos granulares e fibrilares, como condensação da cromatina. Degenerações Sinônimo: Acúmulos Intracelulares. Conceito: São lesões reversíveis decorrentes de alteração bioquímica que resultam no acúmulo de substâncias no interior das células. > O acúmulo pode ser de materiais endógenos (produto da síntese ou metabolismo anormal) e exógenos (mineral ou produto de agente infeccioso). > Alguns acúmulos as células não conseguem eliminar. > São classificadas de acordo com a substância acumulada (proteína, lipídeo, muco, água, carboidrato, pigmento). O acúmulo de pigmentos é estudado em pigmentações. Degeneração Hidrópica É o tipo de acúmulo mais comum, sendo a primeira manifestação de lesão celular (tumefação). Conceito: Acúmulo de água e eletrólitos no interior das células. Etiologia: hipóxia/anóxia, desnutrição, hipertermia, toxinas bacterianas, substâncias químicas, toxinas com atividade de fosfolipase e geração de radicais livres, substâncias inibidoras da ATPase Na+/K+ dependente etc. Patogenia: Bomba de sódio e potássio. Há um desequilíbrio eletroquímico/hidroeletrolítico em que o sódio fica retido dentro da célula o que provoca rápida entrada de água. - Frequente em células parenquimosas,principalmente no rim, fígado e coração. Alterações microscópicas: edema/tumefação celular, dispersão de ribossomos, mitocôndrias alteradas, citoplasma pálido com vacúolos claros e núcleos centralizados (água não é capaz de movimentar o núcleo). Alterações macroscópicas: varia de acordo com a intensidade. Aumento do peso e volume do órgão, coloração mais pálida, aspecto brilhoso. Degeneração hidrópica. Fonte: Passei direto. Degeneração Hialina Mais comum em hepatites e etilistas crônicos, embora seja menos comum que os outros acúmulos. Pode ser dentro das células ou fora das células (interstício e ao longo da parede de vasos). Conceito: acúmulo de material proteico e acidófilo no interior ou exterior da célula. "hialino" = vidro. Significa aparência rósea, vítrea e homogênea, pois quando corado antigamente apresentava-se transparente (hoje são coradas com HE). - Resulta da condensação de filamentos intermediários e proteínas associadas que formam corpúsculos no interior da célula e acúmulo de material de origem viral. Alterações microscópicas: gotículas eosinofílicas arredondadas, vacúolos ou agregados no citoplasma. Etiologia e Patogenia: existem vários tipos de acúmulos proteicos. Dependendo do estado patológico/doença associada acontece tipos de degeneração hialina com características diferentes. Ex.: em hepatites alcóolicas há o depósito de proteínas de uma forma característica dessa doença, diferente de uma hepatite viral. Degeneração hialina goticular: Síndrome nefrótica e outros distúrbios renais. Danos aos glomérulos em que ocorre extravasamento maçico de proteínas através do filtro glomerular, ocorrendo reabsorção muito maior de proteína que se acumulam em vesículas (proteinúria). Corpúsculo de Mallory-Denk: Encontrado tipicamente em hepatócitos de etilistas crônicos, mas também é visto na esteato-hepatite não alcoólica, na cirrose juvenil da Índia e no carcinoma hepatocelular. Formam-se por ações de radicais livres sobre proteínas do citoesqueleto. Condensação de material eosinofílico. Corpúsculo de Russel: Acúmulo de imunoglobulinas (anticorpos) que pode ocorrer no RER de alguns plasmócitos presentes em inflamações crônicas de longa duração como leishmanioses e osteomielites e inflamações agudas como salmoneloses. Corpúsculo de Councilman- Rocha Lima: hepatócitos em apoptose. São encontrados em hepatócitos em hepatites virais, especialmente na febre amarela. Corpúsculo de Russel são homogêneos e eosinofílicos, costumam ser vistos em pares, trios ou pequenos cachos. Fonte: Anatpat UNICAMP. Corpúsculo de Mallory. Fonte: Anatpat UNICAMP. Degeneração Glicogênica Conceito: acúmulo de carboidratos/glicogênio no interior das células. >Glicogênio: reserva de energia armazenada no citoplasma das células animais. Comum no fígado (manutenção da glicemia), mas há também no músculo esquelético (fonte emergencial de energia, para uma corrida por exemplo). Etiologia: diabetes mellitus e defeitos congênitos (promovem uma alteração na eliminação do glicogênio). > Essa degeneração é observada em glicogenoses, que são doenças genéticas e muitas vezes hereditárias. Normalmente ocorre no fígado. Patogenia: Ocorre pela deficiência de enzimas que oxidam a glicose. A glicose entra na célula e não sofre metabolização, dessa forma ocorre o acúmulo de glicose no interior da célula, pois há uma deficiência de enzimas que oxidam a glicose. Alterações microscópicas: vacúolos claros mal delimitados, de diferentes tamanhos no citoplasma levando ao aumento celular e aspecto fosco podendo estar dentro do núcleo. Doença de McArdle: acúmulo de glicogênio em fibras musculares esqueléticas. Doença autossômica recessiva e acarreta a falta da enzima fosforilase muscular. Fonte: Anatpat UNICAMP. Degeneração Mucoide Conceito: acúmulo de muco no interior das células. Conhecida somente em 2 condições: hiperprodução de muco por células mucíparas dos tratos digestivo e respiratório e síntese exagerada de mucina em adenomas (tumor benigno em uma glândula) e adenocarcinomas (tumor maligno em uma glândula). Alterações microscópicas: células com citoplasma amplo, róseo/eosinofílico e claro com núcleo atípico (células em anel de sinete), volumoso, hipercromático e excêntrico (deslocado para a periferia). Degeneração mucoide. Fonte: Anatpat UNICAMP. Lipidoses Acúmulo de lipídios que não os triglicerídeos (colesterol, esfingolipídios e gangliosídios). Podem ser localizadas ou sistêmicas. Etiologia: multifatorial, porém possui maior relação com a hipercolesterolemia. -Acúmulo de colesterol: aterosclerose (deposição de colesterol e seus ésteres na túnica íntima das artérias- microscopia: cristais de colesterol em forma de fenda,como um negativo de foto - lipidose sistêmica) e xantomas (lesões na pele, na forma de nódulos amarelos, formadas por acúmulo de macrófagos carregados de colesterol no tecido subcutâneo - lipidose localizada). Xantoma. Fonte: Opas. Artéria normal e ateroma (placa de aterosclerose). Fonte: Anatpat UNICAMP Degeneração Gordurosa Sinônimos: esteatose, alteração gordurosa, infiltração gordurosa e metamorfose gordurosa. Conceito: acúmulo anormal de gorduras neutras (mono, di e tri) no interior das células que normalmente não armazenam. > Frequente no fígado, mas ocorre também nos rins, coração, músculos esqueléticos e pâncreas. Etiologia: substâncias hepatotóxicas, desnutrição proteica, obesidade, álcool, hipóxia/anóxia, diabetes mellitus, toxinas (arsênio, clorofórmio, tetracloreto de carbono, micotoxinas), dislipidemias etc. Patogenia: a lesão aparece todas as vezes que um agente interfere no metabolismo dos ácidos graxos da célula, aumentando sua síntese ou dificultando sua utilização, transporte ou excreção. Metabolismo hepático do ácido graxo Em condições normais, os hepatócitos retiram da circulação ácidos graxos e triglicerídeos provenientes da absorção intestinal (alimentação) e da lipólise no tecido adiposo. Esses ácidos graxos livres são responsáveis pela produção de colesterol e seus ésteres, síntese de fosfolipídeos e glicerídeos (mono, di e tri) e são usados como fonte de energia. Os triglicerídeos são utilizados pelo organismo como reserva de energia, devido à sua alta concentração de calorias. Os triglicerídeos são hidrofóbicos e por esse motivo não conseguem ser liberados na corrente sanguínea, então conjugam-se a uma apoproteína e formam lipoproteínas que então são liberadas na corrente sanguínea. > A esteatose hepática ocorre quando o agente lesivo interferem em algum desses passos do metabolismo. Acúmulo de triglicerídios 1) Aumento da síntese de lipídios: 2 situações: > Maior aporte de ácidos graxos (AG) livres: ingestão excessiva de gorduras, lipólise aumentada (ingestão alimentar insuficiente, desnutrição) e falta de insulina (reduz inibição da lipólise, aumentando-a principalmente no diabetes descompensado). > Etanol: é a causa mais conhecida de esteatose hepática. No fígado, o álcool é metabolizado por 3 vias: sistema microssomal, envolvendo o citocromo P450; via da álcool-desidrogenase (ADH) e via da catalase. O produto final é o acetaldeído que pela ação da enzima aldeído-desidrogenase é convertido a acetato (composto derivado do ácido acético) que se liga a coenzima A e forma acetil-CoA. Com o excesso de etanol, há aumento significativo de acetil-CoA e o corpo não consegue metabolizar todo esse excesso, então transforma em ácidos graxos e depois triglicerídeos que acumula nos hepatócitos. Resumidamente: muito acetilCoA livre, corpo tenta utilizar no ciclo de Krebs. Mas para isso, precisa encontrar NAD+ livre e a maioria foi utilizado para metabolizar o etanol possuindo uma menor disponibilidade. Muito acetilCoA sobrando é desviado para a síntese de lipídios e há produção de triglicerídeos que ficam acumulados. Metabolismo do etanol. Fonte: Wix. 2) Redução da utilização de lipídios:>Hipóxia/anóxia: déficit de oxigênio (por anemia prolongada, insuficiência cardíaca ou respiratória). A menor disponibilidade de oxigênio no ciclo de Krebs faz com que haja redução na síntese de ATP e o ciclo não funciona, há aumento de ácidos graxos e excesso de acetilCoA que é convertido em triglicerídeos e se acumula nas células. Fonte: Google imagens. 3) Menor formação de lipoproteínas: Se há concentração baixa de apoproteína (proteína que se junta com o ácido graxo para poder viajar pelo sangue) não consegue formar a lipoproteína. Ocorre em caso de: > Desnutrição (falta de aminoácidos e colina - indispensável para síntese de fosfolipídeos, pois a colina faz parte da cabeça polar da molécula- se não ocorre síntese de fosfolipídeos há muitos ácidos graxos livres e maior formação de triglicerídeos). > Agentes tóxicos ( interferem na conversão de lipoproteínas pois causam uma alteração no citoesqueleto e lesam o RER - medicamentos, metais pesados). > Etanol (alcoolismo crônico). 4) Obstáculo na liberação de lipoproteínas do hepatócito: > Etanol: o metabolismo do álcool produz acetaldeído que degrada os microtúbulos e microfilamentos que seriam responsáveis pela liberação das lipoproteínas (acumula dentro da célula). - Ácido orótico (vit. B13): a deficiência de vitamina B13 impede a conjugação de triglicerídeos a apoproteína e não há formação de lipoproteína que acumula dentro da célula. Por que o etilista crônico tem esteatose? O metabolismo do álcool produz acetilCoA em excesso e esse acetilCoA é utilizado para síntese de ácidos graxos, produzindo triglicerídeos, além de alterar os microtúbulos e microfilamentos e isso impede o transporte e excreção de lipoproteínas. Alterações microscópicas: vacúolos claros (vesículas cheias de triglicerídeos) em torno do núcleo(gordura), núcleos deslocados, mitocôndrias alteradas(grânulos), retículos endoplasmáticos tumefeitos (vacúolos) e dispersão de ribossomos. - Esteatose macrovesicular/goticular: vacúolo grande e único, acúmulo maior que empurra o núcleo para a periferia. Ex: visto em maior quantidade em casos de alcoolismo. - Esteatose microvesicular/goticular: é predominante, vários vacúolos separados, acúmulo menor e núcleo central. Ex: visto em maior quantidade em casos de hepatites. - Normalmente há os dois tipos de esteatose, mas nomeia-se pelo tipo que estiver predominante. Esteatose macro e micro goticular. Fonte: Anatpat UNICAMP. Alterações macroscópicas: tecido com aspecto e consistência mole, volumoso (hepatomegalia), com coloração amarelada e bordas arredondadas. O fígado pode chegar ao peso de 3kg, sendo que o normal fica em torno de 1kg. Sinais e sintomas: Dor, cansaço, perda de apetite, icterícia, perda de peso, vômitos, diarreia e fígado palpável. Diagnóstico: ultrassonografia abdominal, exames laboratoriais para avaliar função hepática e biópsia. Tratamento: estilo de vida saudável, alimentação equilibrada e prática de exercício físico regular. Evolução e consequências: Fígado: hepatócitos repletos de gordura podem se romper e formar cistos gordurosos - processo inflamatório/reparo e cicatrização. Apesar de ser uma lesão reversível, nas agressões mais graves pode evoluir para morte celular (fibrose pericelular que pode evoluir para cirrose). Fonte: Clínica LC. Esteatose hepática difusa (todas as regiões do lóbulo estão igualmente acometidas) e focal. Fonte: Anatpat UNICAMP. Cirrose Conceito: substituição do tecido hepático normal por nódulos e tecido fibroso (cicatrização do fígado). O tecido fica mais denso e duro. É um tipo de lesão irreversível. Etiologia: alcoolismo, hepatites, esteatose hepática, fatores metabólicos, infecções virais, uso de medicamentos e distúrbios vasculares. Alterações microscópicas: nódulos com fibrose (tecido conjuntivo/fibrose circundando um grupo de hepatócitos). Alterações macroscópicas: formações nodulares parecendo "chokito". Estágios do fígado. Fonte: Clínica LC. Fígado - Relembrando conceitos É um órgão localizado no quadrante superior direito e é muito vascularizado. > 70% do fígado é composto por hepatócitos. Veia porta: formada pela junção das veias esplênica e mesentérica. Recebe o sangue proveniente de todo o intestino, do baço, do pâncreas e da vesícula biliar e transporta-o para o fígado. Quando o sangue sai do fígado, volta para a circulação geral pela veia hepática. Hilo hepático: artéria hepática+ducto colédoco+veia porta. Fonte: Passei Direto. Sisrema Porta Hepático. Fonte: Hepcentro. > O metabolismo do fígado ocorre todo nos lóbulos hepáticos. Fonte: SlidePlayer. Fonte: SlidePlayer. > Espaço porta/ tríade portal: artéria+veia+canal biliar. Mantém a circulação do lóbulo de fora para o centro. > Os lóbulos são revestidos de tecido conjuntivo: septos interlobulares. > Centro do lóbulo: veia centro-lobular (fluxo sanguíneo sai da veia central formando a veia hepática). > Sinusoides: capilares, troca de substâncias (entre a veia central e espaço porta). > Bile é produzida nos hepatócitos, seguem pelos ductos biliares e são armazenadas na vesícula. > Células de Kupffer: ficam dentro dos sinusoides. São um tipo de macrófago, papel de filtrar substâncias tóxicas ou substâncias que já estão no corpo/circulação. > Células de Ito: armazenamento de substâncias, principalmente vitaminas (células estreladas). > Ácino: unidade funcional. Fonte: Medpri.me. Consequências: Quem possui cirrose pode ter doenças pulmonares devido ao excesso de líquidos acumulados na cavidade peritoneal (dentro da cavidade abdominal) que limita os movimentos do diafragma. Sinais da cirrose: insuficiência hepática, hipertensão portal, esplenomegalia, varizes esofágicas e gástricas, angiomas aracniformes, icterícia, edema e ascite. Tratamento/acompanhamento: - Vacina contra hepatite - Tratar causas subjacentes - Evitar medicamento hepatotóxicos - Rastreamento de hepatocarcinoma >Tratamento definitivo: somente transplante hepático. Hipertensão Portal Aumento anormal da pressão sanguínea na veia porta e suas ramificações. > Dois fatores podem aumentar a pressão sanguínea nos vasos sanguíneos portais: - Um aumento do volume de sangue fluindo pelos vasos. - Resistência aumentada ao fluxo de sangue pelo fígado. > A causa mais frequente de hipertensão portal é o aumento da resistência ao fluxo sanguíneo provocado pela cicatrização extensa do fígado na cirrose. Varizes esofágicas e gástricas A hipertensão portal leva ao desenvolvimento de novas veias (denominadas vasos colaterais) que desviam do fígado. Os mais importantes estão localizados na extremidade inferior do esôfago e na parte superior do estômago. No esôfago: varizes esofágicas. No estômago: varizes gástricas. > Essas veias dilatadas são frágeis e propensas ao sangramento, às vezes intenso e, ocasionalmente, leva a resultados fatais. ( Hemorragia gastrointestinal). Esplenomegalia A hipertensão portal frequentemente faz com que o baço aumente de tamanho, pois a pressão interfere no fluxo sanguíneo do baço para os vasos sanguíneos portais. Quando o baço aumenta, o número (contagem) de glóbulos brancos diminui (aumentando o risco de infecções) e o número (contagem) de plaquetas pode diminuir (aumentando o risco de sangramento). Ascite A responsabilidade pela ocorrência da ascite recai em uma combinação de fatores, como: - Hipertensão portal - Diminuição da capacidade dos vasos sanguíneos em reter líquido - Retenção de líquido pelos rins e alterações em diversos hormônios - Substâncias químicas que regulam os líquidos do corpo > A pressão aumentada nos vasos sanguíneos portais pode fazer com que o líquido (ascítico) com proteínas vaze da superfície do fígado e do intestino e se acumule dentro do abdômen. Angioma Aracniforme Consistem em pequenos pontos de tom vermelho- vivo, formados por um vaso sanguíneo central dilatado, rodeado por capilares finos dilatados(os vasos sanguíneos de menor calibre) que se assemelham às patas de uma aranha. Não se sabe o porquê da formação desses angiomas. Edema Ocorre em membros superiores, inferiores e região pré-sacral devido a retenção de sódio e água, concentração plasmática reduzida de albumina sérica secundária e produção excessiva de aldosterona. Ascite. Fonte: hepcentro. Icterícia. Fonte: aprendizes de patologia. Angioma aracniforme Fonte: FUGESP. Edema. Fonte: MD Saúde. Fonte: Anatpat UNICAMP. Cirrose Macro e micro nodular. Fonte: Anatpat UNICAMP. Cirrose Macronodular. Fonte: Anatpat UNICAMP. Fonte: Anatpat UNICAMP. Exercícios Erros no material ou sugestões? contatar: alinesbitencourt@hotmail.com 1) Por que o etilista crônico tem esteatose? 2) Qual a diferença de esteatose e lipidose? 3) A degeneração gordurosa é reversível? 4) Qual a primeira alteração microscópica da célula em uma lesão? 4) Como ocorre a cirrose? 5) Por que o consumo de álcool é uma das principais causas de esteatose hepática? 6) Qual a patogenia da degeneração hidrópica? 7) Qual a diferença de hipóxia e isquemia? São a mesma coisa? 8) Cite e explique um tipo de mecanismo de lesão celular. Referências KUMAR, V., ABBAS, A.K., FAUSTO, N., ASTER, J.C. Robbins & Cotran. Patologia: Bases Patológicas das Doenças. Elsevier,Rio de Janeiro, 2010. BRASILEIRO FILHO, Geraldo. Bogliolo patologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. UNICAMP. ANATOMIA PATOLÓGICA: ÍNDICE ALFABÉTICO DE ASSUNTOS. Disponível em: http://anatpat.unicamp.br/indexalfa.html. Acesso em: 21 maio 2020.
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