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DIREITO PENAL – TEORIA DA PENA 
 
Conteúdo Programático 
1. Funções da Pena 
 Prevenção Geral 
 Prevenção Especial 
2. Especies de Pena 
 Pena Privativa de Liberdade 
 Tipos de Regimes 
 Progressão de Regime 
 Formas de Abatimento de pena 
 Pena Restritiva de Direito 
 Pema de multa 
3. Dosimetria da pena 
4. Concurso de Crimes 
5. Sursis 
6. Livramento Condicional 
7. Ação Penal 
8. Prescrição Penal 
 Prescrição da Pretensão Punitiva 
 Prescrição de Pretensçao Executória 
 
Ao final do curso o estudante será capaz de identificar todas as nuances a cerca do Direito 
Penal, no tocante a pena, principalmente o completo entendimento do principal instituto penal 
a Prescrição, bem como os reais fundamentos na aplicação de pena. 
 
Referências Bibliograficas / Citações 
 
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do Advogado, 1997, p. 125-126. 
 
 
 Funções da Pena 
 
 As funções da pena são os motivos pelo qual esta é aplicada. São elas: 
 
 Prevenção Geral 
 
 A prevenção geral é a função da pena que busca por meio da punição 
do agentecoagir a sociedade para que outros não cometam o mesmo delito, 
ou seja, a pena é direcionada a sociedade. 
 Esta função possui dois aspectos: 
 
▶Positivo:A pena busca manter o equilíbrio e a ordem social. 
▶Negativo: A aplicação da pena gera a intimidação, coagindo a 
sociedade a não praticar o mesmo ato. 
 
 Prevenção Especial 
 
 A prevenção especial é a função da pena que visa atingir o próprio 
agente, ou seja, nesta os efeitos da punição recaem sobre o indivíduo que 
cometeu o delito. 
 Esta função possui dos aspectos: 
▶Positivo: Retirada do indivíduo da sociedade, viabilizando a sua 
ressocialização. 
▶Negativo:Segregação do agente e sua neutralização. 
 
 Sob a luz da criminologia crítica não existem aspectos positivos na 
aplicação da pena. Segundo Foucault, o Estado pune o mal com o mal, 
ou seja, o Estado exerce função retribuitiva, buscando por meio da 
 
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prisão humilhar, coisificar, tornar indigno e despersonalizar o agente que 
"deturpou a paz social". 
 
 Espécies de Pena 
 
 No Brasil existem três espécies de pena (art. 32 do Código Penal). São elas: 
 
▶Privativa de liberdade; 
▶Restritivas de direito; 
▶De multa. 
 
 Pena privativa de liberdade 
 
 Como o próprio nome aduz, é a espécie de pena que priva o agente infrator de sua 
liberdade. São três as modalidades de cumprimento desta pena: 
 
▶Regime Fechado: Aplicado, em regra, para penas superiores a 8 anos. Neste o 
indivíduo cumpre sua pena em estabelecimento prisional, do qual não se ausenta, 
salvo autorização judicial. 
 
▶Regime semi-aberto: Cabível em condenações superiores a 4 anos e inferiores a 8. 
Nesta, o agente se mantém sob custódia do Estado, entretanto cumpre sua pena em 
colônias agrícolas, industriais ou estabelecimentos similares. Possui direito a saídas 
esporádicas, como em dias festivos. 
 
▶Regime aberto: Aplicado para condenações inferiores a 4 anos. O agente fica livre 
durante o dia, apresentando-se a noite para dormir em albergues. 
 
 É possível que o agente cumpra pena em regime superior ao que foi condenado? 
 
 Sim. Quando o indivíduo for reincidente, ou seja, quando este comete novo crime após 
a existência de uma sentença condenatória transitada em julgado, a súmula 269 do STJ prevê 
que este cumprirá a sua pena em regime imediatamente supeior ao que fora condenado. 
 
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 Progressão de Regime 
 
 A progressão de regime é a possibilidade do agente de cumprir a sua pena em regime 
menos gravoso ao preencher dois critérios: 
 
 Requisito objetivo: O requisito objetivo diz respeito ao lapso temporal de pena que o 
agente deve cumprir para que faça jus à progressão. 
▶1/6: Quando o agente for condenado por prática de crime comum, o requisito 
objetivo para a progressão é de 1/6 da pena. 
▶2/5: O indivíduo condenado pela prática de crime hediondo terá que cumprir 2/5 
da pena para fazer jus à progressão. 
▶3/5: Se o réu for reincidente em crime hediondo, seu requisito objetivo será de 3/5 
da pena. 
 
 Requisito subjetivo: Além do requisito objetivo, para ter direito a progredir de regime, é 
necessário que o agente cumpra o requisito subjetivo, ou seja, deve possuir bom 
comportamento. 
 
 Possibilidade de abatimento de pena 
 
 São hipóteses de abatimento de pena: 
 
▶Remição: Possibilidade do indivíduo reduzir a pena a que foi condenado por meio 
de trabalho ou estudo. Nesta, a cada 3 dias trabalhados, abate-se 1 dia de pena, e a 
cada 12 horas de estudo é reduzido um dia de pena. No que tange ao estudo, existe 
uma peculiaridade, caso o réu conclua algum curso, a redução será aumentada em 
1/3. 
 
▶Detração: Computa-se o tempo de prisão preventiva como pena cumprida,sendo 
esta abatida da pena a que o réu foi condenado. 
 
 Penas restritivas de direito 
 
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 As penas restritivas de direito são uma alternativa a pena privativa de liberdade. A pena 
privativa de liberdade poderá ser substituída pela restritiva de direitos quando preenchidos os 
seguintes requisitos: 
 
▶Tenha sido o réu condenado a pena igual ou inferior a 4 anos, ou seja, a 
substituição somente será possível quando a condenação se der em regime aberto, 
exceto quando a condenação for por crime culposo, neste caso pode extrapolar o 
limite de pena; 
▶Não seja o réu reincidente em crime doloso; 
▶O crime deve ter sido cometido sem violência ou grave ameaça; 
▶Considere o magistrado, ser a substituição suficiente para punir o agente. 
 
 Estes requisitos são cumulativos, ou seja, todos devem estar presentes para que seja 
possível substituir a pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos. 
 
 Existem 5 modalidades de pena restritiva de direitos: 
▶ Prestação de serviços à comunidade - cada hora de trabalho prestado corresponde 
a um dia de pena e não pode atrapalhar a jornada comum de trabalho do réu. 
▶Punição pecuniária; 
▶Restrição temporária de direito; 
▶Limitação de saída no final de semana; 
▶ Perda de bens e valores - não é mais aplicada. 
 
 A pena restritiva de direitos não pode ter caráter vexatório e em caso de descumprimento 
desta, poderá ocorrer a conversão em pena privativa de liberdade. 
 
 Fixação da pena 
 
 Pena menor ou igual a um ano: Pena restritiva de liberdade ou multa. 
 Pena maior que um ano: 2 penas restritivas de direito ou 1 pena restritiva de direito e 
multa. 
 Pena de Multa 
Abia
Realce
Abia
Realce
Abia
Realce
 
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 A pena de multa é prevista pelo próprio tipo penal. Sua aplicação deve observar dois 
parâmetros: 
 
 Gravidade abstrata do delito: É analisado com base na pena in abstrato do 
delito, servirá de base para calcular a quantidade de dias da multa. 
 Situação econômica do réu: Com base na situação econômica do réu será 
fixado o valor da condenação. 
 
 Sendo assim, a multa é aplicada sob o parâmetro dias/multa. 
 
▶Dias: Mínimo de 10 dias e máximo de 365 dias. 
▶Valor: Varia de 1/30 o valor do salário mínimo até 5 vezes o salário mínimo. 
 
 Caso o magistrado entenda que o valor máximo da condenação no maior número 
possíveis de dias não é suficiente para punir o agente, pode elevar o valor da condenação 
ao triplo. 
 
 Dosimetria da pena 
 
 O cálculo da pena se dá com base no sistema trifásico: 
 
▶Pena base - analisa as circunstâncias judiciais; 
▶ Pena provisória - aprecia as agravantes e atenuantes; 
▶ Pena definitiva - examina as majorantes e minorantes. 
 
 1º fase - Pena base - circunstâncias judiciais 
 
 Essa primeira fase se destinará a fixação da pena-base, onde o juiz, em face do caso 
concreto, analisará as características do crime e as aplicará, não podendo fugir do mínimo e do 
máximo de pena cominada pela lei àquele tipo penal. 
 
 
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 As circunstâncias judiciais se refletem também na concessão do sursis e na suspensão 
condicional do processo, posto que a lei preceitua que tais benefícios somente serão concedidos 
se estas circunstâncias assim o permitirem, ou seja, quando estas forem favoráveis ao acusado. 
 
 Existem 8 circunstâncias judicias que devem ser analisadas para que seja fixada a pena-
base: 
 
▶Culpabilidade: Há dois tipos de culpabilidade, a qualitativa (dolo ou culpa), a qual 
é elemento do próprio tipo penal, a qual não deve ser analisada nesta etapa, e a 
quantitativa, que diz respeito ao grau de reprovação da conduta praticada pelo 
agente, a qual determinará se a circunstância será favorável ou não. 
 
▶Antecedentes: São todas as sentenças condenatórias transitas em julgado que não 
caracterizem reincidência, ou seja, o cometimento do crime se dá antes da sentença 
transitada em julgado. Caso o réu possua antecedentes essa circunstância será 
negativa ao mesmo, não possuindo, será positiva. 
 
▶Personalidade: É o conjunto de valores morais que o indivíduo adquire ao longo da 
vida. Tal requisito somente poderá ser valorado pelo magistrado, caso o réu tenha 
sido submetido a uma avaliação psicológica ou psiquiátrica. 
 
▶Conduta Social: Diz respeito ao comportamento do agente em sociedade, sua 
valoração só é possível se a conduta social do agente possuir relação com o fato a 
ele imputado. 
 
▶Motivos do crime: São as razões pelas quais o indivíduo praticou o delito, sempre 
deve ser analisado sob a luz do princípio ne bis in idem. 
 
▶Circunstâncias do crime: Analisam-se as circunstâncias em que o agente praticou o 
crime. 
 
▶Consequências do crime: Trata das consequências que a ação criminosa acarretou a 
vítima e a terceiros. 
 
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▶Comportamento da vítima: Analisa-se o comportamento da vítima, afim de 
determinar se esta pode ter contribuído para a ação criminosa. Esta circunstância visa 
o benefício do réu. 
 
 2º Fase - Pena provisória - Agravantes e Atenuantes 
 
 Nesta fase serão analisadas as agravantes e atenuantes, que estão dispostas nos arts. 61-62 
e 65-66 do Código Penal). 
 
 As agravantes e atenuantes não possuem um quantum de aumento ou diminuição de 
pena, entretanto, nesta fase os limites máximo e mínimo da pena devem ser respeitados. - 
Súmula 231 do STJ. 
 
 Concurso de agravantes e atenuantes 
 
 De acordo com o artigo 67 do Código Penal quando houver concurso de agravantes e 
atenuantes a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes em 
relação à personalidade, motivos do crime e reincidência. 
 
 As circunstâncias preponderam na seguinte ordem: 
 
▶Menoridade Relativa (Atenuante): Considera-se por menoridade relativa o fato de 
o réu ser menor de 21 anos na data da sentença. 
▶Reincidência (Agravante) e Confissão (Atenuante): A reincidência e a confissão 
encontram-se no mesmo patamar, por isso, caso ambas estejam presentes no mesmo 
caso, se anularão. 
▶Motivos do crime (Agravante): Se o motivo for qualificadora ou constituinte do 
delito não será computada como agravante. 
 
 As demais agravantes e atenuantes são chamadas de simples. 
 
 Conflitos de atenuantes e agravantes 
 
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▶Agravante simples X Atenuante simples = Anulam-se 
▶Agravante preponderante X Atenuante simples = Aumenta a pena. 
▶Agravante simples X Atenuante preponderante = Diminui a pena. 
▶Agravante preponderante X Atenuante preponderante = prevalecerá a que mais 
prepondera na classificação, se estiverem no mesmo nível anulam-se. 
 
 3º Fase - Pena definitiva - Majorantes e Minorantes 
 
 Nessa fase deverão ser analisadas as majorantes e minorantes, as quais estão espalhadas 
em todo o Código Penal (parte geral e especial). Podendo ser identificadas por possuírem uma 
quantidade definida de aumento ou diminuição que se dá de forma fracionada. 
 
 Ademais na pena definitiva os limites de pena previstas no tipo poderão ser 
extrapoladas, ou seja, a causa de aumento poderá aumentar além do máximo, bem como a 
causa de diminuição poderá reduzi-la abaixo do mínimo. 
 
 A fração da majorante ou da minorante constará no artigo que define a prática delituosa, 
aplicando-se quantas existirem, não havendo possibilidade de uma majorante anular uma 
minorante e vice-versa. 
 
 Concurso de crimes 
 
 Ocorre quando um indivíduo pratica diversos delitos. Para fins de concurso de crimes 
computa-se a pluralidade de resultados. 
 
 Existem 4 tipos de concurso: 
 
 Concurso material 
 
 Quando há uma pluralidade de condutas e uma pluralidade de resultados. Neste caso, 
somam-se as penas aplicadas aos delitos e o regime de cumprimento da pena será determinado 
pelo resultado da soma. 
 
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 A esta técnica dá-se o nome de cúmulo material. 
 
 Concurso formal 
 
 Uma única conduta produz 2 ou mais resultados. Neste caso,em regra, aplica-se a pena 
de apenas 1 dos delitos, a maior, se forem diferentes, aumentando a pena de 1/6 até 1/2 de 
acordo com a quantidade de crimes praticados. 
 A esta técnica dá-se o nome de exasperação. 
 O concurso formal subdivide-se em: 
 
▶Perfeito ou próprio: Ação ou omissão que resulta em 2 ou mais resultados, sendo 
um deles culposo. A pena é aplicada segundo o método da exasperação - Art. 70 do 
Código Penal. 
 
▶Imperfeito ou impróprio: O agente pratica uma conduta produzindo resultados 
dolosos. Neste caso os resultados advém de vontades independentes. A pena é 
aplicada segundo o cúmulo material. 
 
 A aplicação da pena pela exasperação nunca poderá resultar em uma sanção superior 
aquela que seria cabível pela regra do cúmulo material. 
 Crime continuado simples - Art. 71 do CP 
 
 Pluralidade de resultados cujos delitos foram praticados nas mesmas circunstâncias de 
tempo, lugar e modo. Neste caso, aplica-se a regra da exasperação. 
 
 Crime continuado qualificado 
 
 Se os crimes forem dolosos, com violência ou grave ameaça contra vítimas diferentes, a 
pena pode ser aumentada até o triplo. Esta hipótese só será utilizada para beneficiar o réu. 
 
 Suspensão condicional da pena - Sursis - Art. 77 do CP 
 
 
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 O sursis pode ser entendido como a suspensão do cumprimento da pena restritiva de 
liberdade. Para que este instituto seja aplicado alguns requisitos devem ser cumpridos: 
 
▶Ser a pena igual ou inferior a 2 anos; 
▶ O réu não pode ser reincidente em crime doloso; 
▶ Não seja possível a substituição por pena restritiva de direito. 
 
 Ao ser determinado o sursis o re-educando fica sujeito as seguintes condições: 
 
▶ Não pode sair da cidade sem a prévia autorização do juiz responsável pelo caso; 
▶ Não pode ir a determinados locais após as 20:00 horas; 
▶Deve se apresentar mensalmente em juízo para relatar sobre as atividades 
desenvolvidas por ele durante esse período. 
 
 Aspectos Gerais 
 
▶O período de suspensão da pena varia de 2 até 4 anos; 
▶Após o cumprimento da suspensão a pena será extinta; 
▶Caso o beneficiado descumpra as condições, o sursis será extinto, o agente retornará 
à prisão e cumprirá a pena a que foi condenado na sua integralidade; 
▶Nunca a suspensão será determinada em tempo inferior a pena restritiva de 
liberdade a que o agente foi condenado. 
 
 Tipos de Sursis 
 
▶Sursis simples: Aplica-se quando as circunstancias judiciais são desfavoráveis. Neste 
caso, o 1º ano de sursis deve ser cumprido juntamente com uma prestação de serviço 
para a comunidade. 
 
▶Sursis especial: Aplica-se quando as circunstâncias judiciais são favoráveis, nessa 
situação o apenado cumpre apenas as condições obrigatórias. 
 
 
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▶Sursis etário: Aplica-se quando na data da sentença o réu possuir mais de 70 anos, 
nesse caso, a pena aplicada será inferior ou igual a 4 anos e a suspensão será de 4 a 6 
anos. 
 
▶Sursis Humanitário: Esta espécie somente será aplicada quando o apenado estiver 
em estágio terminal, ou seja, tem a função de proporcionar ao réu uma morte com o 
mínimo de dignidade. Neste caso a pena aplicada será inferior a 4 anos e a 
suspensão será de 4 a 6 anos. 
 
 Livramento Condicional - Art. 83 do Código Penal 
 
 Hipótese em que a pena imposta ao réu será cumprida em liberdade, ou seja, o apenado 
não terá que se apresentar no presídio. Possui dois requisitos: 
 
 Requisito Formal - lapso temporal 
 
 ▶ Crime comum: 1/3 da pena; 
 ▶Reincidente em crime comum: 1/2 da pena; 
 ▶ Crime hediondo: 2/3 da pena; 
 ▶ Reincidente específico em crime hediondo: não faz jus ao livramento condicional. 
 
 Subjetivo 
 Diz respeito ao mérito, ou seja, o bom comportamento do réu que será avaliado pelo 
diretor do estabelecimento penitenciário. 
 
 O período de livramento condicional será igual ao restante de pena a ser cumprido. 
 
 Condições Obrigatórias 
 
▶ O reeducando não pode sair da cidade sem a prévia autorização do juiz 
responsável pelo caso. 
▶ O apenado não pode freqüentar determinados locais após as 20:00 horas. 
 
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▶ O beneficiado tem que se apresentar mensalmente em juízo para relatar as 
atividades que tem desenvolvido. 
 
 Causas de revogação do livramento condicional 
 
▶O descumprimento das condições obrigatórias resulta na perda de todo o período 
cumprido em livramento, sendo assim, o restante da pena terá que ser cumprido em 
estabelecimento prisional e o réu não terá mais direito a esse benefício. 
▶ Se durante o livramento condicional sobrevier sentença condenatória transitada em 
julgado por crime cometido após a concessão do livramento, a pena da nova 
condenação será somada com o período restante da primeira, o livramento será 
revogado e pela primeira condenação o réu não terá mais direito ao livramento, ou 
seja, só terá direito ao benefício após cumprir o restante da pena da primeira 
condenação e cumprir os requisitos da sua concessão na segunda. 
▶Se durante o livramento condicional sobrevier sentença condenatória transitada em 
julgado por crime cometido antes da concessão do livramento condicional, o 
período cumprido em livramento é abatido e as penas são somadas. 
 
 
 Ação Penal 
 
 Pública 
 
▶Oficialidade: Sua propositura compete exclusivamente ao Ministério Público. A peça 
introdutória é chamada de denúncia. 
▶Obrigatoriedade: Uma vez conhecido o fato, o Ministério Público é obrigado a 
propor a ação. 
▶Indivisibilidade: A ação penal é indivisível, ou seja, a denúncia deve ser feita em 
face de todos os envolvidos. 
▶Indisponibilidade: A ação penal é indisponível, ou seja, uma vez iniciada só se 
encerra com o trânsito em julgado, não podendo o Ministério Público desistir da 
ação. 
▶Intranscendência: A ação não pode atingir aqueles que não praticaram o deleito. 
 
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 Privada 
 
▶Oportunidade e conveniência: A vítima escolhe se vai ou não propor a queixa-
crime. 
▶Disponibilidade: Após proposta a ação a vítima pode desistir ou perdoar, 
extinguindo assim a ação. 
▶Indivisibilidade: O querelante tem que propor a ação contra todos os envolvidos, 
não podendo escolher quais quer processar e quais não. 
▶Intranscendência: Do mesmo modo, a ação só pode atingir os envolvidos no delito. 
 Prescrição da pretensão punitiva 
 
 É a perda do direito de punir do Estado, ocorre devido ao tempo excessivo que o Estado 
leva para dar a resposta ao réu e a sociedade. 
 
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença 
final, salvo o disposto no § 1º do art. 110 deste Código, 
regulamenta-se pelo máximo da pena privativa de liberdade 
cominada ao crime, verificando-se. 
I- em 20 (vinte) anos, se o máximo da pena é superior a 12 
(doze). 
II- em 16 (dezesseis) anos, se o máximo da pena é superior a 8 
(oito) anos e não excede a 12 (doze). 
III- em 12 (doze) anos, se o máximo da pena é superior a 4 
(quatro) anos e não excede a 8 (oito). 
IV- em 8 (oito)m anos, se o máximo da pena é superior a 2 
(dois) e não excede a 4 (quatro). 
V- em 4 (quatro) anos, se o máximo da pena é igual a 1 (um) 
ano ou, sendo superior, não excede a 2 (dois). 
VI- em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) 
ano. 
 
 Marcos da prescrição 
 
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▶1º marco: da consumação do fato ao recebimento da denúncia. 
▶2º marco: do recebimento da denúncia à publicação da sentença. Só se interrompe 
esse marco com a 1ª sentença/acórdão condenatória(o). 
 ▶3º marco: da publicação da sentença até o seu transito em julgado. 
 
 A cada interrupção de marco prescricional a contagem reinicia. 
 
 Espécies 
 
 In abstrato: a prescrição é analisada antes do transito em julgado, sendo a mesma 
regulada pela pena máxima do delito praticado. 
 
 Termo inicial para contagem: 
 Via de regra, o termo inicial se dá no dia em que o crime se consumou, exceções: 
▶ Os crimes na modalidade tentada tem seu termoinicial no dia que cessou a 
tentativa. 
▶ Crimes permanentes tem seu termo inicial no dia que cessou a atividade criminosa. 
▶Nos crimes de bigamia ou falsificação, a contagem inicia-se no dia em que o fato 
tornou-se público. 
 
 In concreto: a prescrição é analisada depois do transito em julgado, sendo a 
mesma definida com base ma [ema aplicada ao delito. 
 
 Termo inicial para contagem: 
 ▶O dia em que se transitou em julgado a sentença condenatória para a acusação. 
 ▶O dia que se revogou a suspensão do SURSIS. 
 ▶O dia que se revogou o livramento condicional. 
 ▶O dia que se interrompeu a execução penal. 
 
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 Espécies de prescrição in concreto 
▶Retroativa: a prescrição ocorre no 1º e no 2º marco. 
▶Superveniente: a prescrição ocorre no 3º marco. 
 Acórdão condenatórioreforma a absolvição e interrompe o marco prescricional, enquanto 
o Acórdão confirmatório, como o próprio nome diz, confirma a sentença, não 
interrompe, portanto, o marco prescricional. 
 
 Majorantes e Minorantes 
▶Majorante: A prescrição é calculada pela máxima pena possível acrescidada maior 
fração do caso concreto. 
▶Minorante: A prescrição é calculada pela máxima pena possível, que se dá pela 
pena máxima diminuída pela menor fração imposta pela modalidade praticada. 
 
 Concurso de crimes em relação à prescrição 
 Material 
 Analisa-se cada pena de forma separada, ou seja, para cada pena terá um prazo 
prescricional diferente. Tal instituto é o utilizado para o crime que tem por regra a 
CUMULAÇÃO, que é a soma das penas dos diferentes delitos. 
 
 Formal e crime continuado 
 A prescrição só será regulamentada pela pena aplicada sem o acréscimo pela 
continuidade, (exasperação), sendo isso garantido pela sumula 497 do STF que propõem a 
seguinte interpretação. 
“Quando se tratar de concurso de crime cujo sistema de 
aplicação de pena é o da exasperação a prescrição será 
 
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calculada pela pena aplicada sem o acréscimo decorrente da 
pluralidade de resultados” 
 
 Hipóteses de Redução do prazo prescricional 
 O prazo prescricional será reduzido pela metade quando: 
▶Se na data do fato o agente for menor de 21 anos. 
▶Se na data da sentença o agente for maior que 70 anos. 
 Prescrição Executória 
 É a perda por parte do Estado do direito de exercer a pretensão executória, ou seja, a 
perda do poder de aplicar a sanção penal. 
 Prazo prescricional 
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença 
final, salvo o disposto no § 1º do art. 110 deste Código, regula-
se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao 
crime, verificando-se: (Alterado pela L-012.234-2010) 
I - em 20 (vinte) anos, se o máximo da pena é superior a 12 
(doze); 
II - em 16 (dezesseis) anos, se o máximo da pena é superior a 8 
(oito) anos e não excede a 12 (doze); 
III - em 12 (doze) anos, se o máximo da pena é superior a 4 
(quatro) anos e não excede a 8 (oito); 
IV - em 8 (oito) anos, se o máximo da pena é superior a 2 
(dois) anos e não excede a 4 (quatro); 
V - em 4 (quatro) anos, se o máximo da pena é igual a 1 (um) 
ano ou, sendo superior, não excede a 2 (dois); 
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) 
ano. 
 
 Hipóteses 
http://www.dji.com.br/leis_ordinarias/2010-012234/2010-012234.htm
 
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▶Transito em julgado do Ministério Públicoaté o início do cumprimento da pena:A 
contagem do prazo se dá após o transito em julgado do Ministério Público, ou seja, 
quando o MP parar de recorrer da decisão, sendo que esse marco irá até o início do 
cumprimento da pena. 
▶Fuga até a recaptura: a prescrição nesse marco é calculada sob a pena restante e o 
marco vai até a recaptura do foragido. 
▶Revogação do SURSIS até a recaptura: a prescrição nessa hipótese é calculada sobre 
a pena imposta. 
▶Revogação do livramento condicional até a recaptura: a prescrição será dada em 
cima da pena restante, em regra o período de prova não conta para se dá a 
prescrição, salvo o caso de transito em julgado por um crime antes do livramento 
que o período de prova irá contar e o prazo prescricional será contado em cima da 
pena restante mais o período de prova. 
▶Reincidência: a reincidência serve para parar o prazo prescricional, caso o mesmo 
seja condenado por esse crime, de contrario o prazo não se interrompe, a analise 
nessa hipótese deve ser feita em três fases: 
 
 Causa de aumento do prazo prescricional 
Sumula 220 do STJ: o aumento de 1/3 no prazo prescricional 
em razão da reincidência só incidira nos casos, em que for 
analisada a prescrição executória.

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