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Análise de casos direito trabalhista

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ANÁLISE DE CASOS – DIREITO DO TRABALHO
1) Lucio e Waldisney trabalhavam de 2ª a 6ª feira como auxiliares técnicos em uma mineradora. Em determinada tarde de um final de semana, enquanto passeava em um shopping da cidade, Lucio encontrou Waldisney. Por motivo fútil, eles discutiram por um lugar na fila para comprar ingresso para uma sessão de cinema. Irritado, Lucio agrediu Waldisney, com socos e tapas, que não reagiu e teve de ser hospitalizado para cuidar das lesões sofridas. A notícia se espalhou rapidamente, de modo que na 2ª feira seguinte todos os empregados da mineradora sabiam e comentavam o ocorrido. Aliás, diziam que Lucio era reincidente neste tipo de situação, pois no passado havia agredido fisicamente outro auxiliar técnico, também colega de trabalho, num estádio de futebol, pois torciam para times diferentes.
Caso Lucio fosse dispensado por justa causa, em razão da ofensa física praticada contra Waldisney, que tese você, contratado por Lucio, advogaria em favor dele para tentar reverter a modalidade de dispensa? Justifique.
R: De acordo com o Art. 482 da CLT, alínea J: “Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado em serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem”, gera dispensa por justa causa. 
No entanto, o ocorrido aconteceu fora do ambiente e jornada de trabalho, e a justa causa não seria devida. Neste caso, Lucio pode alegar também, que apenas tentou se defender e que naquele momento estava agindo como um cidadão civil e não um colega de trabalho.
Aconselharia que o mesmo entrasse com um pedido de pagamento das verbas devidas, ou até mesmo reintegração de suas funções.
2) Em sentença prolatada por uma Vara do Trabalho, o juiz condenou a empresa FAZ DE TUDO LTDA. ao pagamento dos adicionais de insalubridade e periculosidade ao reclamante JAILSON SANTANA, já que a perícia realizada nos autos comprovou que havia agente agressor à saúde do trabalhador e que as condições de trabalho geravam acentuado risco de morte. Você foi procurado para dar um parecer a empresa, qual solução você apresentaria em relação ao deferimento dos adicionais de periculosidade e insalubridade? Justifique.
R: Esta é uma questão complexa e que gera discussões no âmbito da Justiça do Trabalho, tendo em vista que a lei e a NR 16 prevê apenas o pagamento de um dos adicionais (periculosidade ou insalubridade), mas já ocorreram casos em que foi determinado judicialmente o pagamento das duas verbas, e casos em que o teto previsto foi alterado em virtude de ação de alguma categoria sindical. A minha sugestão seria propor ao empregado escolher qual dos dois ele prefere receber, de acordo com o que for mais vantajoso a ele. Caso o mesmo não queira escolher, cabe ao empregador procurar o sindicato ou Ministério do Trabalho para que seja escolhido por tais órgãos, e que se documente. Caso o funcionário esteja exposto aos dois riscos e a decisão não for revertida, o empregador deverá fazer os devidos pagamentos e garantir a entrega de EPI para segurança do trabalhador e talvez pensar na alternativa de revezar os funcionários naquela atividade, afim de se reduzir o impacto negativo da atividade.
3) Maiara e Maraisa trabalham em uma indústria farmacêutica, sendo Maiara contratada como estagiária e Maraisa, como aprendiz. Ambas assinaram contrato de 1 ano, tendo sido observadas todas as exigências legais. No 10º mês do contrato, ambas informaram aos respectivos superiores imediatos que engravidaram. Maiara e Maraisa, ao serem desligadas ao final do contrato, foram orientadas por parentes e amigos que teriam estabilidade e, por isso, deveriam tomar alguma providência. Em razão disso, Maiara ajuizou reclamação trabalhista, na qual postulou a reintegração em virtude da gravidez. Diante do caso narrado, das disposições legais e do entendimento consolidado do TST, a Maiara tem estabilidade? Fundamente.
R: É determinado por lei (TST, CLT, ADCT) a estabilidade da funcionária gestante, desde o anúncio da gravidez até 5 meses após o parto. No entanto Maiara é estagiária e não possui vínculo empregatício.
4) Raimundo Nonato acordou com Sr. Antonio Moura que seria seu motorista, sendo pago diariamente o valor de R$200,00, para ficar de segunda a quinta-feira das 09:00 as 17:00 a sua disposição, visando ajudar as rotinas de rua e tratamento médico necessário. Após 9 meses nessa rotina, tendo o Sr. Antonio Moura se recuperado fisicamente, avisou na segunda-feira que naquela semana, seria a última de trabalhado de Raimundo. Inconformado com a dispensa repentina, Raimundo te procura e solicita um parecer sobre a solução. O que você aconselharia? Fundamente sua resposta.
R: Diante do exposto, utilizaria como base os princípios que regem a relação de emprego, são eles: pessoalidade, habitualidade, onerosidade e subordinação. Uma vez que, mesmo não tendo registro em carteira ou por contrato escrito, existe um acordo verbal e uma rotina de atividades que se encaixam dentro deste mérito. 
Pessoalidade: o acordo foi feito com a pessoa física de Raimundo, que prestará seus serviços como motorista;
Habitualidade: existe uma rotina consistente e expressa que é de segunda a quinta-feira das 09:00 as 17:00;
Onerosidade: Raimundo receberá um valor (salário) pelo serviço desempenhado;
Subordinação: Raimundo responderá as ordens e regras estabelecidas por Sr. Antonio.
Sendo assim, aconselharia a Raimundo exigir legalmente seus direitos, de acordo com as normas e leis da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) e da Justiça e Ministério do Trabalho, como o pagamento de rescisão e, se couber, garantia de benefícios.

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