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RELAXAMENTO DE PRISÃO

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EXMO. SR. DR. JUIZ DO PLANTÃO JUDICIÁRIO DA COMARCA DE RIO VERDE - GOIÁS.
	
JOÃO MARCELO CAMPOS CÔRREA, brasileiro, casado, vendedor de produtos agrícolas, nascido em 10/09/1973, filho de Pablo Pereira Moreira e Fátima Rodrigues Moreira, RG 0505666, Natural de Rio Verde - GO, residente e domiciliado à Rua 22, quadra 30, nº 680, Residencial Veneza, Rio Verde - GO, sob o patrocínio da DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE GOIÁS, através de seus membros signatários, constituídos na forma do art. 128, inciso XI, da Lei Complementar Federal nº 80/94, vem, à presença de V.Exa., com fundamento no art. 5º, inciso LXV, da Constituição Federal, pleitear o 
RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE,
que lhe fora descabidamente imposta, pelos motivos de fato e de direito que passam a expor:
DOS FATOS
Aos 31 dias do mês de março de 2019, por volta das 22h, João Marcelo Campos Corrêa, encontrava-se no interior da sua casa quando ouviu um barulho. Ao se assustar com o Barulho, João, municiado com um revólver, abriu a janela da sua residência e defrontou-se com um indivíduo perambulando nos limites adentro de sua propriedade e em consequência da escuridão o João não pode identifica-lo. 
Por deduzir ser um ladrão, desferiu três tiros acertando a vítima em uma região letal, levando-o a morte. Ao se retirar do interior da sua residência para verificar o ocorrido, reborou que havia matado um adolescente que achava-se em sua habitação por motivos incomuns ao seu conhecimento. 
Desta forma, João deslocou-se a Delegacia mais próxima para comunicar o ocorrido, o requerente acabou sendo preso em flagrante após ser ouvido. Ocorrendo que esta não é a melhor solução encontrada pela autoridade policial. 
Senão, vejamos.
DOS FUNDAMENTOS 
Versa o artigo 302 do código de processo penal pátrio da seguinte forma:
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
É verídico dizer, que João não fita em se quer uma das condutas supra visíveis, nos levando a crer que a prisão deste, se faz ilegal. Outrossim, veja o que diz a jurisprudência pátria:
DECISÃO - LIMINAR PRISÃO - APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA - POLICIAL MILITAR - RELAXAMENTO. 1. O defensor público titular junto à 4ª Vara Criminal da Comarca de Duque de Caxias - Tribunal do Júri, Dr. Marcelo Machado Fonseca, impetrou este habeas em favor de Edson Ferreira Goulart, brasileiro, cabo da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, residente na rua Capitão Lomba nº 54, apartamento 502, Duque de Caxias. A inicial de folha 2 a 6 consigna que o paciente fora preso em flagrante delito em 24 de outubro de 2002, permanecendo sob custódia no 15º Batalhão da Polícia Militar, por prática do crime previsto no artigo 121, § 2º, inciso IV, do Código Penal - homicídio qualificado. A defesa requereu o relaxamento da prisão, ao argumento de que não se teria flagrante, mas apresentação espontânea. O Juízo negou acolhida ao pedido, vindo a ser impetrado habeas corpus no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, restando indeferida a ordem. Seguiu-se a protocolização de habeas substitutivo do recurso ordinário constitucional, sem que houvesse sucesso perante o Superior Tribunal de Justiça. Reitera-se o fato de ter havido apresentação espontânea do paciente ao Batalhão a que integrado, aludindo-se ao esclarecimento prestado pelo condutor do paciente, o subtenente da Polícia Militar Adilson Bruno de Andrade. Articula-se com lição de Magalhães Noronha segundo a qual, "apresentando-se o acusado, nem por isso a autoridade poderá prendê-lo; deverá mandar lavrar o auto de apresentação, ouvi-lo-á e representará ao juiz quanto à necessidade de decretar a custódia preventiva, seja facultativa, seja compulsória. Inexiste prisão por apresentação (Curso de Direito Processual Penal, São Paulo, Saraiva, 1998, p. 228)". Pleiteia-se a concessão de liminar que implique a soltura do paciente, vindo-se após a conceder, em definitivo, a ordem. Com a inicial, anexaram-se os documentos de folha 7 a 48. 2. Cumpre considerar as circunstâncias até aqui estampadas que desaguaram na ocorrência de crime com vítima fatal. Testemunhas ouvidas relataram a altercação entre o paciente e a vítima, verificada em praça pública e decorrente de descompasso atinente à relação jurídica de venda. Há notícia de que a vítima teria chamado o paciente para desforço físico, agredindo-o com palavras de baixo calão. O paciente é policial militar - cabo -, sendo certo que o auto rotulado como de prisão em flagrante, de folhas 9 e 10, revela que o condutor, Adilson Bruno de Andrade, subtenente do Batalhão de Policiamento em vias especiais, disse da apresentação espontânea do paciente à Corporação a que integrado. Ao fazê-lo, deixou registrado: Que no dia de hoje, por volta das 19:45h, quando do serviço de supervisão, fora informado pelo oficial de dia de seu Batalhão que o policial militar EDSON FERREIRA GOULART estaria se apresentando espontaneamente dizendo ter efetuado três disparos contra o nacional ROGÉRIO PINTO DE BASTOS, e que teria saído do local do fato temendo represálias de populares ali existentes. A esta altura, neste exame preliminar, surge como título da prisão a apresentação espontânea, o que, a toda evidência, não se coaduna com a ordem jurídica em vigor. 3. Defiro a liminar. Expeça-se o alvará de soltura, a ser cumprido com as cautelas de sempre, ou seja, observando-se a eficácia caso o paciente não esteja sob a custódia do Estado por motivo diverso do retratado na peça reveladora da condução à delegacia policial e que se encontra à folha 9 à 11. 4. Estando nos autos o acórdão do Superior Tribunal de Justiça (folha 45 à 48), colha-se o parecer da Procuradoria Geral da República. 5. Publique-se. Brasília, 20 de agosto de 2003. Ministro MARCO AURÉLIO Relator
(HC 83439, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, julgado em 20/08/2003, publicado em DJ 29/08/2003 PP-00043)
Diz o TJ do Distrito federal em concordância:
HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA NA DELEGACIA DE POLÍCIA. NULO O AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE. LAVRATURA DE AUTO DE APRESENTAÇÃO. ORDEM CONCEDIDA. 1. NÃO HÁ QUE SE FALAR EM AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE, MAS SIM LAVRATURA DE AUTO DE APRESENTAÇÃO, VEZ QUE O PACIENTE SE APRESENTOU ESPONTANEAMENTE NA DELEGACIA DE POLÍCIA. 2. SE O AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE É NULO, NÃO PODE A SEGREGAÇÃO CAUTELAR SER MANTIDA PELOS MESMOS FUNDAMENTOS, PORÉM, CASO ESTEJAM PRESENTES OS REQUISITOS AUTORIZATIVOS, NADA IMPEDE QUE A AUTORIDADE POLICIAL REPRESENTE PELA PRISÃO PREVENTIVA PERANTE A AUTORIDADE COMPETENTE. 3. ORDEM CONCEDIDA.
(TJ-DF - HC: 60384720098070000 DF 0006038-47.2009.807.0000, Relator: ROBERVAL CASEMIRO BELINATI, Data de Julgamento: 28/05/2009, 2ª Turma Criminal, Data de Publicação: 19/08/2009, DJ-e Pág. 114)
Em leves termos, diz a doutrina em construção sólida junto à jurisprudência, que em se tratando de apresentação espontânea, não se fala em prisão em flagrante.
Diz Tavora em seu curso de direito processual penal (911.p, 2017), que não se fala em prisão em flagrante, quando se apresenta espontaneamente na polícia o transgressor, visto que o mesmo não se enquadraria em nenhuma das hipóteses previstas no artigo.
Vislumbrando a jurisprudência, consonante à doutrina, e aos fatos apresentados, resta-nos concluir, ser primordialmente ilegal a prisão que recai sobre João Marcelo neste momento, logo, queda nula qualquer argumentação que a sustente.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, o suplicante requer e espera, de Vossa Excelência, o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE, expedindo-se em favor do requerente o respectivo ALVARÁ DE SOLTURA, colocando-o incontinenti em liberdade, como medida mais condizente com o Direito e Justiça.
Pede deferimento
Goiânia, 01 de abril de 2019.
BentoAmatini
Defensor publico

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