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COAGULAÇÃO E SUAS PATOLOGIAS ´PROFESSORA: ANA CAROLINA MONTEIRO HEMOSTASIA O SISTEMA HEMOSTÁTICO NORMAL LIMITA A PERDA DE SANGUE ATRAVÉS DE INTERAÇÕES REGULADAS COM PRECISÃO ENTRE OS COMPONENTES: PAREDE VASCULAR PLAQUETAS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS PLAQUETAS Hemostasia secundária (coagulação sanguínea) via intrínseca pelo contato do sangue com uma superfície diferente do endotélio normal e das células sanguíneas (dentro do vaso) via extrínseca em resposta ao contato do sangue com os tecidos extravasculares (fora do vaso) via comum Fibrinólise Hemostasia primária vasoconstricção adesão plaquetária agregação plaquetária tampão hemostático U ÃO NOMENCLAT FATOR I RA DOS FATORES DA COAGULAÇ Fibrinogênio FATOR II Protrombina FATOR III Tromboplastina tissular ou Fator tissular FATOR IV Íons cálcio FATOR V Fator Lábil ou Proacelerina FATOR VII Fator Estável ou Proconvertina FATOR VIII Fator Antihemofílico ou Globulina Antihemofílica A FATOR IX Fator Christmas ou Fator Antihemofílico B FATOR X Fator Stuart-Prower FATOR XI Antecedente Tromboplastínico do Plasma (PTA) FATOR XII Fator Hageman ou Fator Contato FATOR XIII Fator Estabilizador da Fibrina PRECALICREÍNA Fator Fletcher CININOGÊNIO DE ALTO PESO MOLECULAR (HMWK) Fator Fitzgerald ou Fator Fleujac PROTEÍNAS PLASMÁTICAS HEMOSTASIA Primária Secundária Sistema fibrinolítico e inibidores da coagulação AVALIAÇÃO CLÍNICA Anamnese Exame físico Exames laboratoriais DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS DA COAGULAÇÃO Hereditários Adquiridos PAREDE VASCULAR HEMOSTASIA SECUNDÁRIA Reações do sistema plasmático da coagulação com a formação de fibrina Requer vários minutos Os filamentos de fibrina reforçam o tampão hemostático primário PRIMÁRIA Processo de formação do tampão plaquetário nos locais de lesão Ocorre em poucos segundos após a lesão É importante na interrupção de perda sanguínea pelos capilares, arteríolas e vênulas HEMOSTASIA PRIMÁRIA Liberação de grânulos plaquetários: com o influxo de ca++, hidrólise de da membrana e de proteínas há fosfolipídeos fosforilação degranulação plaquetas Ca++, ADP, liberando no serotonina, das plasma: fvW, fibronectina, ADP que fibrinogênio trombospondina e FCDP. Agregação plaquetária ocorre após ativação da GpIIb/IIIa com auxílio do permite a ligação ao com retenção de plaquetas adjacentes em um tampão hemostático. Revestimento endotelial vascular é lesionado por traumatismo, cirurgia ou doença, e o sangue é exposto a tecido conjuntivo subendotelial. O endotélio participa também com vasoconstrição local. Aderência plaquetária: após poucos segundos da lesão as plaquetas aderem às fibrilas de colágeno no subendotélio vascular por meio dos receptores de colágeno GpIa/IIa e GpVI. Esta interação é estabilizada pelo fator de von Willebrand e GpIb/IX HEMOSTASIA SECUNDÁRIA (Hageman) + cininogênio de peso molecular (HMWK) e Reação 1: Via intrínseca – O fXII alto pré calicreína (PK) formam um complexo sobre o colágeno subendotelial. O fXII é ativado com auxílio do HMWK (fXIIa), que por sua vez ativa a PK em calicreína e o FXI em FXIa. HEMOSTASIA SECUNDÁRIA Reação 2: Via extrínseca – Ocorre a formação de um complexo entre o fVII, cálcio (fIV) e fator tecidual (proteína das membranas celulares e exposta por lesão tecidual) Reação 3: O fX é ativado por proteases geradas nas duas reações anteriores: Pela via intrínseca o fXIa ativa o fIX (FIXa) e este com auxílio do fVIII ativa o fator X (fXa) Pela via extrínseca o fVIIa pode através do seu complexo tecidual ativar diretamente o fIX (fIXa) e o Fx(fXa) HEMOSTASIA SECUNDÁRIA Reação 4: Etapa final: a protrombina (fII) é convertida em trombina na presença do fV, Ca++ e fosfolipídeo. Esta reação é acelerada na superfície da plaqueta e células endoteliais. A trombina converte o fibrinogênio (fI) em fibrina, que é estabilizada pelo fXIII. A trombina também ativa fV, fVIII e fXIII . HEMOSTASIA SECUNDÁRIA HEMOSTASIA SECUNDÁRIA Lise do coágulo e reparo do vaso: Sistema fibrinolítico: inicia após o ativado por fragmentos do fXII tampão hemostático definitivo. É e pelos ativadores de plasminogênios urinário e tecidual, convertendo o plasminogênio em plasmina, que degrada o polímero de fibrina. HEMOSTASIA SECUNDÁRIA O tampão hemostático não se propaga além da lesão. A fluidez do sangue é mantida pelo fluxo sanguíneo, pela adsorção de fatores às superfícies e por inibidores plasmáticos: Antitrombina III: forma complexo com vários fatores da coagulação . Obs.: A velocidade de formação de complexos é acelerada pela heparina Como não faz complexo com fVII não interfere na via extrínseca Proteína C: é ativada pela trombina. Quando ativada, inativa os fatores V e VIII. Esta função é aumentada pela Proteína S. AVALIAÇÃO CLÍNICA ANAMNESE EXAME FÍSICO EXAMES LABORATORIAIS ANAMNESE IDENTIFICAÇÃO - idade, sexo, trabalho HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: início, frequência, relação com trauma ou não, características das lesões. INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO ANTECEDENTES PESSOAIS: Fisiológicos (menstruação, gestação, dentição) Observar sinais de menorragia e metrorragia Patológicos (medicações em uso, traumas, cirurgias prévias) ANTECEDENTES FAMILIARES HÁBITOS DE VIDA (alimentação, atividades físicas) DIFERENÇAS NAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DOS DISTÚRBIOS DA HEMOSTASIAS PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA SECUNDÁRIA Início de sangramento tardio (horas ou dias) Sangramento profundo (articulações, músculos e retroperitôneo) História familiar autossômica ou recessiva ligada ao X Exige terapia sistêmica prolongada PRIMÁRIA Início de sangramento imediato Sangramento superficial (pele e mucosas) Petéquias e equimoses História familiar autossômica dominante Resposta imediata à terapia. Medidas locais eficazes EXAME FÍSICO A pele e as mucosas são os locais mais comuns para observar sangramento. Definições: PÚRPURA é o acúmulo de sangue na pele. PETÉQUIAS são pequenas hemorragias puntiformes na derme, produzidas pelo extravazamento de eritrócito através dos capilares. Geralmente estão relacionadas a distúrbios plquetários. EQUIMOSES são acúmulos subcutâneos maiores de sangue, devido ao extravasamento de sangue de pequenas arteríolas e vênulas. HEMATOMAS são sangramentos maiores e mais profundos, que além do subcutâneo, pode acometer articulações (hemartrose) e músculos. Obs.: Fazer diagnóstico diferencial com púrpura senil e telangectasias. EXAMES LABORATORIAIS TESTES DE TRIAGEM PARA HEMOSTASIA PRIMÁRIA Tempo de sangramento – incisão cutânea padronizada com esfigmomanômetro inflado a 40mmHg. É uma medida sensível da função plaquetária. É afetado por uso de AAS. Não é eficaz para triagem pré operatório. Contagem de plaquetas Normal: 150.000 – 450.000 Trombocitopenia leve: 100.000 - 150.000 Trombocitopenia moderada: 50.000 – 100.000 Trombocitemia grave: <50.000 TESTES ESPECÍFICOS PARA HEMOSTASIA PRIMÁRIA Teste de agregação plaquetária – Realizado no agregômetro (fotômetro que mede ondas de agregação plaquetária em plasma rico em plaquetas. Pode ser avaliada após adição de ADP, colágeno, ristocetina, adrenalina e outros. Ex.: na doença de von Willebrand a plaqueta é hipoagregante a ristocetina. Outros (pesquisa de anticorpos antiplaquetas, medida de volume plaquetário, retração do coágulo) EXAMES LABORATORIAIS TESTES DE TRIAGEM PARA HEMOSTASIA SECUNDÁRIA - Tempo de protrombina (TAP ou TP) – É medido o tempo de coagulação do plasma após adição de substância com atividade tromboplástica padronizada. Avalia a via extrínseca da coagulação. Normal: 12-15’’ Está prolongado nas deficiências seletivas ou conjuntas dos fatores II, V, VII e X (sintetizados no fígado com auxílio de vitamina K). É usado para monitorar função hepática, tratamento com cumarínicos, investigação de deficiência de vitamina K. Utliza o INR EXAMES LABORATORIAIS TESTESDE TRIAGEM PARA HEMOSTASIA SECUNDÁRIA - Tempo de tromboplastina parcial ativada (PTT ou TTPA) – É medido o tempo de coagulação do plasma após adição de substâncias que ativam o fXII. Avalia a via intrínseca da coagulação. Normal: 30-50’ Está prolongado nas deficiências seletivas ou conjuntas da maioria dos fatores (exceto fator VII e XIII) É usado para monitorar tratamento com heparina, investigação de hemofilia. EXAMES LABORATORIAIS TESTES DE TRIAGEM PARA HEMOSTASIA SECUNDÁRIA - Tempo de trombina (TT ) – É medido o tempo de coagulação do plasma após adição de trombina. Avalia principalmente deficiência de fibrinogênio. É usado para monitorar tratamento com heparina e controle de CIVD TESTES ESPECÍFICOS PARA HEMOSTASIA SECUNDÁRIA - Testes quantitativos e funcionais dos fatores de coagulação EXAMES LABORATORIAIS DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO E TROMBOSE TROMBOCITOPENIA (EX.: PTI, PTT, ...) DEFEITOS QUALITATIVOS PLAQUETÁRIOS ANORMALIDADES VASCULARES DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO HERDADOS- ADQUIRIDOS TROMBOFILIAS DEFICIÊNCIA PREVALÊNCIA CROMOSSOMA I (Fibrinogênio) 1: 1.000.000 4 II (Protrombina) 1: 2.000.000 11 V 1: 1.000.000 1 V e VIII 1: 1.000.000 18 VII 1: 500.000 13 VIII 1: 10.000 X IX 1: 40.000 X X 1: 1.000.000 13 XI 1: 1.000.000 4 XIII 1: 2.000.000 4 - 6 Von Willebrand 1: 100 12 F. Peyvandy. Haemophilia (2002), 8, 309 DISTÚRBIOS HERDADOS DA COAGULAÇÃO HEMOFILIAS INTRODUÇÃO: -Deficiência ou disfunção dos fatores: VIII (Hemofilia A) IX (Hemofilia B) -Doença genética ligada ao sexo (cromossomo X) -Incidência: Hemofilia A ( 1:10.000 homens) Hemofilia B (1: 40-10.000 homens) -Aconselhamento genético HEMOFILIAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Os sintomas variam conforme atividade dos fatores. Na hemofilia A os pacientes são sintomáticos com níveis de fVIII < 5% e podem ser classificados, da seguinte forma: -Deficiência leve – fVIII 5-40% -Deficiência moderada – fVIII 1-5% -Deficiência grave < 1% O sangramento hemofílico costuma ser tardio em relação a lesão e pode acometer qualquer órgão MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Os casos graves são diagnosticados ao nascimento (cefalematoma) já em casos leves poderá ser percebido apenas em pacientes adultos. fibrose e A complicação mais frequente é a hemartrose, que evolui para ancilose articular com perda da função e atrofia muscular. Sangramento em orofaringe, SNC e psoas também são comuns e podem causar risco de vida. Tipicamente têm PTT prolongados, mas o diagnóstico é feito com atividade do fator HEMOFILIAS TRATAMENTO Início imediato após lesão ou se necessário profilático Uso do fator específico (VIII ou IX) – liofilizado, altamente purificado e atualmente é disponível o recombinante. UI de fVIII = Peso x Δ 2 UI de fIX = Peso x Δ HEMOFILIAS TRATAMENTO Na hemofilia leve, um tratamento alternativo é o DDAVP Suporte com antifibrinolítico (EACA e ácido tranexâmico) Evitar AAS, Usar Ibuprofeno Nos pacientes que desenvolveram anticorpos aos fatores podem ser usados: Fator VII ativado, complexo protrombínico e até altas doses de fVIII Atenção especial para portadores de HBV, HCV e HIV HEMOFILIAS DOENÇA DE VON WILLEBRAND INTRODUÇÃO: É o distúrbio hereditário hemorrágico mais comum (1:100-500 indivíduos) O fvW facilita aderência plaquetária e transporta o fator VIII É uma doença heterogênea, sendo divida em 3 tipos: I, II e III. O tipo II, ainda pode ser subdividido em IIA, IIB, IIM e IIN) Com exceção do tipo III, os pacientes são heterozigotos herdados de modo autossômico dominante. O tipo III de fenótipo recessivo pode ser homozigoto ou heterozigoto duplo – forma mais grave. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Nos casos leves só ocorre sangramento após cirurgia ou trauma, porém os pacientes mais gravemente afetados apresentam epistaxe, sangramento de mucosa oral, gastrointestinal ou genitourinário espontâneo. EXAMES LABORATORIAIS: Apresenta geralmente tempo de sangramento prolongado, baixa concentração plasmática de FvW, redução da atividade do fVIII e alteração no teste do co-fator ristocetina DOENÇA DE VON WILLEBRAND TRATAMENTO Além do uso de agentes antifibrinolíticos, existem duas opções terapêuticas -Fator VIII com multímeros de FvW (sem restrições) -Desmopressina (deverá ser utilizado após teste de avaliação de resposta. É contra-indicado no IIB e sem resposta no tipo III) DOENÇA DE VON WILLEBRAND DISTÚRBIOS ADQUIRIDOS DA COAGULAÇÃO COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA INTRODUÇÃO: É uma síndrome de etipatogenia variável , que ocasiona desequilíbrio nos mecanismos de coagulação e fibrinólise. A ativação da coagulação dá origem a depósitos de fibrina nos pequenos vasos. Há liberação de t-PA com ativação do sistema fibrinolítico causando fibrinólise e como consequência coagulopatia de consumo. Pode ter evolução aguda e catastrófica ou leve e subclínica. ETIOLOGIA Liberação de fatores teciduais - Síndromes obstétricas (aborto, ruptura placenta), hemólise, neoplasias (adenocarcinomas e leucemia promielocítica aguda), embolia gordurosa e lesão tecidual (queimaduras, geladura, TCE, ferida por arma de fogo) Lesão endotelial - aneurisma aórtico, SHU, glomerulonefrite aguda Malformação vascular: Síndrome de Kasabach-Merritt Infecções – bacterianas (principalmente Gram negativas com endotoxinas), vírus (arbovírus, varicela), parasitária (malária), riquetsiose, micótica (histoplasmose) COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Varia conforme gravidade e estágio da síndrome A maioria dos pacientes evolui com sangramento extenso em pele e mucosas, cicatrizes cirúrgicas, punções venosas. Menos frequentemente há acrocianose periférica, trombose e alterações pré-gangrenosas nas extremidades. COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA EXAMES LABORATORIAIS Trombocitopenia Esquizócitos Prolongamento do TAP, PTT e TT Hipofibrinogenemia Aumento dos produtos da degradação da fibrina. Aumento de D-dímero COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA TRATAMENTO Correção ou controle da causa base (plasma fresco congelado, plaquetas, Suporte transfusional crioprecipitado) Nos casos de acrocianose e gangrena considerar heparina. COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA OUTROS DISTÚRBIOS ADQUIRIDOS DA COAGULAÇÃO DEFICIÊNCIA DE VITAMINA K DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO NAS DOENÇAS HEPÁTICAS DEFEITOS FIBRINOLÍTICOS ANTICOAGULANTES CIRCULANTES SANGRAMENTOS CAUSADOS POR ANORMALIDADES VASCULARES PÚRPURA MECÂNICA MALFORMAÇÕES VENOSAS ESTRUTURAIS (Telangectasia hereditária hemorrágica, Síndrome Kasabach-Merritt, Doença de MoyaMoya) DESORDEM PERIVASCULAR (Doença de Ehlers-danlos, Síndrome de Marfan, Osteogênese Imperfecta, Escorbuto, Púrpura senil) VASCULITES (Vasculite leucocitoclástica, Púrpura de Henoch-Scholein) PÚRPURA ASSOCIADA A INFECÇÃO (Riquetsioses, Febre hemorrágica) PÚRPURA ASSOCIADA A OBSTRUÇÃO VASCULAR (Embolia gordurosa) PÚRPURA PSICOGÊNICA
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