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Filosofia Geral e do Direito II Giulia D. Mazzer Giulia Mazzer 1 SUMÁRIO CAPÍTULO I – Apresentação do Conteúdo Pág. 02 CAPÍTULO II – Jusnaturalismo Pág. 03 CAPÍTULO III – Direitos Naturais e Direitos Humanos Pág. 06 CAPÍTULO IV – Rudolf Stammler Pág. 07 CAPÍTULO V – Giorgio Del Vecchio Pág. 09 CAPÍTULO VI – Juspositivismo Pág. 11 CAPÍTULO VII – Hans Kelsen Pág. 12 CAPÍTULO VIII – Miguel Reale Pág. 16 CAPÍTULO IX – Noberto Bobbio Pág. 17 CAPÍTULO X – Pós Positivismo Pág. 19 Giulia Mazzer 2 CAPÍTULO I 1. APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DO SEGUNDO TERMO O conteúdo será voltado para a Teoria do Direito e não mais para uma base tão filosófica; Serão estudados autores que fizeram estudos mais voltados para o Direito. 1.1 O que é o Direito? 1.2 Jusnaturalismo: sua importância para os Direito Naturais, Direitos Humanos, Direitos Fundamentais, Direitos da Personalidade. 1.3 Jus positivismo e suas vertentes: escrito, eclético, ético (é o que nos orienta atualmente na aplicação do Direito) 2. INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS 2.1 Curso de Filosofia do Direito – Eduardo Bittar; Filosofia do Direito – Paulo Nader; Filosofia do Direito – Miguel Reale; Teoria Pura do Direito – Hans Kelsen; A Luta Pelo Direito – Rudolf Von Ihering; Teoria Tridimensional do Direito – Miguel Reale. 4. INTRODUÇÃO AO CONTEÚDO 4.1 O que é o Direito? Pensar o que é o Direito depende de responder essa pergunta segundo algumas premissas, assim, todas as vezes que respondemos essa pergunta deveremos começar respondendo “De acordo com (...) o Direito é...”. Exemplo: De acordo com o jusnaturalismo Direito é o que serve para tutelar o homem em sua natureza ontológica dando-lhe tudo aquilo que lhe é pertencente por natureza (para Locke era vida, liberdade e propriedade; já para Rousseau era vida, liberdade e igualdade). Já na perspectiva jus positivista o Direito é um conjunto de normas que regulam a convivência em sociedade. Enquanto no ju positivismo eclético o Direito é lei e fato social, pois o Direito está exposto nas leis, mas ele é fruto daquilo que surge no seio das relações sociais, então se as relações sociais mudam precisa-se mudar o que está escrito nas leis, sob pena de haver injustiça, pois se o Direito regula convivência e a convivência se da de uma forma diferente as leis precisam mudar, já que aqueles que são destinatários das leis mudaram também, o Direito surge do que a sociedade representa e as leis emanam dessas relações sociais. 4.1.1 Positivismo Estrito: leis criadas por autoridade competente que vão moldar a sociedade e a sociedade vai se adequar a essas leis; Jus Positivismo Eclético: a sociedade se manifesta em seus costumes e esses costumes são apresentados como forma de contrato social, sendo as leis produto das relações e não as relações produto das leis. 4.1.2 Para Miguel Reale o Direito é fato, valor e norma. 4.2 Justo é Jurídico? Não, pois nem sempre as decisões tomadas são obtidas através verdades tidas como verdadeiras. 4.2.1 Jurídico é aquilo que o Direito trabalha 4.2.2 Qual é a verdade em um processo? É a verdade que é apresentada no processo, que não necessariamente será verdadeira 4.2.3 O justo está na lei? Em regra, o objetivo da lei, filosoficamente, é estabelecer o bem comum, a justiça. 4.3 Dogmática Jurídica: a perspectiva dogmática jurídica aponta para o Direito a partir do prisma da legalidade, ou, o Direito enquanto norma. Dentro dessa perspectiva dogmática nós temos um ponto de partida inquestionável, onde nós partimos de um ponto que vai estruturar toda a nossa teoria e quando essa teoria for questionada a mesma cairá por terra. 4.3.1 Dogma: uma verdade absoluta. Giulia Mazzer 3 4.4 ELEMENTOS DE VALIDADE DO DIREITO 4.4.1 Vigência: a) vigência da norma é quando ela começa a ser aplicada dentro da sociedade, lei vigente é a lei que entrou em vigor, quando ela pode ser aplicada a casos concretos, quando ela recebe o atributo de obrigatoriedade; b) antes de entrar em vigor a lei passa pelo prazo de vacância, que é o prazo que se tem para a lei poder ser apresentada para a sociedade, e adaptada por ela. 4.4.1.1 Para se ter uma lei vigente e obrigatória precisa-se de 03 passos, que são: 4.4.1.1.1 Autoridade Competente: a) Competência nesse caso significa o recebimento de uma atribuição/função para praticar determinado ato; b) Competência Jurídica é o recebimento de atribuições para praticar determinado ato, e quem dá essa competência é uma lei/norma; c) Exemplo: Quem tem competência para prender pessoas é a polícia. Quem tem competência para julgar no plano judicial é o juiz, já no plano administrativo pode-se ter um conselho administrativo; c) Para que se tenha lei válida é necessário a existência de uma autoridade competente para cria-lá. 4.4.1.1.2 Autoridade Competente em Razão da Matéria: a) Exemplo: um vereador, mesmo sendo autoridade competente, não tem competência em razão da matéria para criar uma Emenda Constitucional, tem competência para criação de leis no âmbito municipal. 4.4.1.1.3 Respeito aos Procedimentos Legais: a) Não se pode fazer uma Emenda Constitucional a partir de um Decreto do presidente, ou a partir de Medida Provisória, pois dentro dos procedimento legais só é permitido Emenda Constitucional a partir de um Projeto de Emenda Constitucional que for aprovado por 3/5 em dois turnos de cada casa. 4.4.2 Eficácia Jurídica: a) Norma com eficácia jurídica é aquela norma que tem aptidão para produzir efeitos no mundo jurídico; b) Uma norma não tem eficácia jurídica quando a mesma for inconstitucional, por isso se tem o controle de constitucionalidade; c) Possiblidade de produzir efeitos no mundo jurídico; d) Atua no plano do “dever ser”, da norma. 4.4.3 Efetividade (Eficácia Social): a) Atua no plano do “ser”, no plano do fato; b) Uma norma tem efetividade quando ela produz efeitos no fato, quando as pessoas respeitam aquela norma; c) Não existe norma efetivamente respeitada, por isso precisa-se de mecanismos de fiscalização (como a instalação de radares para que as pessoas respeitem o limite de velocidade); d) A efetividade está diretamente relacionada aos mecanismos de fiscalização; e) E não existe somente efetividade de leis jurídicas, mas há também de normas não jurídicas, como o Direito de Favela/Estado Paralelo, ou regras de uma tribo indígena. 4.4.4 Legitimidade: a) Para Paulo Nader É a norma estar de acordo com os princípios que dão sustentação a ela, é a norma ter congruência com aquilo que da sustentação a ela; b) Exemplo: No nosso sistema o que dá sustentação à todo Ordenamento Jurídico é a Constituição Federal, se uma norma estiver em desconformidade com a Constituição ela não será legitima; c)Exemplo: Já no jusnaturalismo os princípios que dão sustentação aos Direitos Naturais é a natureza humana, valor intricito ao ser humano, perspectiva ontológica da pessoa, logo, o Direito terá legitimidade na postura jusnaturalista quando ele estiver de acordo com esses princípios que dão sustentação à proposta jusnaturalista. CAPÍTULO II 1. JUSNATURALISMO O jusnaturalismo responde o que é Direito a partir do Direito Natural, uma forma de se analisar/ver o Direito a partir do Direito Natural; toda vez que falamos de jusnaturalismo falamos de direitos que vêm da condição humana; é uma proposta/corrente que estuda o Direito Natural, que responde o que é o Direito a partir do Direito Natural; é uma forma de enxergar o Direito a partir do Direito Natural; Giulia Mazzer 4 2. DIREITO NATURAL: tem origem na natureza humana e não na natureza divina; é um objeto de estudo do jusnaturalismo, onde se caracteriza como todo aquele Direito que emana da própria natureza humana, ou seja, ele considera a natureza humana. E esses direitos que estão na nossa condição humana representariam direitos ideais, os quais deveriam estar em toda constituiçãohumana (deveriam estar positivados), pois essas condições são condições para que se haja um direito justo, e partir disso o Direito Natural passa a ser critério para verificar se há justiça; Direito Natural considera a natureza humana como fonte de Direito; Esses Direitos Naturais estariam enraizados na própria natureza humana e representariam premissas/direitos ideais a serem buscadas por toda e qualquer legislação, que é tudo aquilo que deveria estar em qualquer legislação ou que deveria orientar qualquer atuação política para que houvesse justiça; são condições para que se obtenha o justo; o Direito Natural passa a ser critério para verificação de justiça ou da falta dela na legislação, ou seja, quando eu falo em Direito Natural eu teria necessariamente uma ordem dualista, quer dizer que de um lado tenho o Direito Natural e do outro lado tenho o Direito Positivo Jusnaturalismo Direito Natural Estuda e responde o que é o Direito a partir dos direitos que emanam da natureza humana, da condição humana (Direito Natural) Considera a natureza humana como fonte de Direito 2.1 Direito Natural e a Consciência Individual: mesmo os Direitos Naturais não sendo positivados têm-se conhecimento deles a partir consciência individual que revelaria ao homem que direitos são esses. Pois se tenho uma ordem pressuposta pela origem (Direitos Naturais) vou ter conhecimento dela a partir da minha consciência individual. 2.2 Direito Natural x Moral: quando falo de moralidade tem um âmbito de análise que admite um arbítrio só, já o Direito pressupõe vida coletiva, quando existe convivência ou existe dois ou mais arbítrios eu falo em Direito. Agora quando eu posso individualmente, sozinho/sem convivência, analisar uma premissa do que é bom ou ruim tenho moralidade. Os Direitos Naturais emanam como condição para convivência pacífica cognoscíveis pela consciência individual. DIREITO NATURAL MORAL 02 ou mais arbítrios (pressupõe vida coletiva) 01 arbítrio 2.3 Direito Natural x Direito Positivo: o Direito Natural passa a ser critério para verificação de justiça ou da falta dela na legislação, ou seja, quando eu falo em Direito Natural eu teria necessariamente uma ordem dualista, quer dizer que de um lado tenho o Direito Natural e do outro lado tenho o Direito Positivo. DIREITO NATURAL (Jusnaturalismo) DIREITO POSITIVO (Juspositivismo) Ordem Pressuposta da condição humana Ordem Posta que é apresentada pelo legislador Representa um Direito Ideal E tal Direito Ideal deveria estar representado aqui Universalidade (são universais, é para todo aquele que tem natureza humana) Particularidade (em cada lugar se tem uma forma de Direito Positivo) Imutabilidade (pois é extraído da natureza humana, que sempre é a mesma, logo não se altera) Mutabilidade (muda conforme o tempo, e o padrão de justiça mudará drasticamente) Natural Poder Normativo Conhecimento Pela Razão (consciência individual) Conhecimento Pela Positivação (conhecimento pela lei positivada, por isso há necessidade de publicação das leis no Diário Oficial da União) Valoração Jurídica Giulia Mazzer 5 Valoração Natural (sei que ele é fundamental porque conheço naturalmente, valoro naturalmente esse direito, sei qual é o valor da minha vida, da minha liberdade) (conhecimento pela hierarquia normativa, e quanto mais vale maior será os mecanismos jurídicos para garantir efetividade desses direitos, ex: direito à vida. Quanto mais alto esse direito estiver na hierarquia normativa maior será seu valor para o ordenamento jurídico) 2.4 Direitos Naturais x Direitos Humanos: temos Direitos Naturais reconhecidos em tratados, mas não são todos os direitos naturais que estão nesses tratados. DIREITOS NATURAIS DIREITOS HUMANOS Não precisam ser positivados para que existam Precisam de positivação para que existam São eminentes ao homem São os Direitos previstos nos Tratados Internacionais de Direitos Humanos 2.5 Direitos Naturais x Direitos Humanos x Direitos Fundamentais DIREITOS NATURAIS DIREITOS HUMANOS DIREITOS FUNDAMENTAIS São eminentes ao homem e não precisam ser positivados São os Direitos previstos nos Tratados Internacionais de Direitos Humanos Estão na Constituição Federal de cada nação 2.6 Direitos Naturais x Direitos Humanos x Direitos Fundamentais x Direitos da Personalidade: os Direitos da Personalidade têm âmbito Civil, mas com a constitucionalização dos Direitos da Personalidade esses direitos ganham uma ampliação maior ainda. DIREITOS NATURAIS DIREITOS HUMANOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DIREITOS DA PERSONALIDADE São eminentes ao homem e não precisam ser positivados São os Direitos previstos nos Tratados Internacionais de Direitos Humanos Estão na Constituição Federal de cada nação (estão no âmbito constitucional) Estão restritos aos códigos, sobre tudo o Código Civil 3. DOUTRINA DO DIREITO NATURAL CONTEMPORÂNEA 3.1 Quais aspectos definem a natureza humana? Racionalidade, Pessoalidade (um ser que se relaciona, que interage, um ser no mundo), Individualidade (marca quem eu sou na pessoalidade, preciso que minha individualidade seja marcada e respeitada), Autonomia. DIGNIDADE RACIONALIDADE PESSOALIDADE INDIVIDUALIDADE AUTONOMIA Giulia Mazzer 6 CAPÍTULO III 1. DIREITOS NATURAIS E DIREITOS HUMANOS: originalmente chamados de Direitos Naturais e após positivação recebem a nomenclatura de Direitos Humanos. 2. DIMENSÕES DOS DIREITOS NATURAIS: denomina-se dimensão e não geração porque os direitos não se superam com o tempo, mas se complementam; dimensão é progressivo, é um progresso contínuo. Percebe-se o quão importante é importante e necessária a ampliação dos direitos e como vão acompanhando as necessidades em destaque de cada momento histórico. 2.1 DIREITOS DE PRIMEIRA DIMENSÃO: direitos de liberdades públicas; momento contra o Antigo Regime. Cunho Negativo: pois aqui é que o Estado não faça tais coisas, não intervenção do Estado. Necessidades básicas. Titulares: homem livre e isolado (mulheres ficam de fora) 2.2 DIREITOS DE SEGUNDA DIMENSÃO: direitos de igualdade; direitos sociais; direitos trabalhistas e previdenciários; prestações que o Estado tem que dar às pessoas, necessidade de prestações positivas que o Estado tem que dar para garantir determinados direitos. Cunho Positivo: porque aqui o Estado tem que fazer, intervenção do Estado. Titulares: grupos, como o dos trabalhadores. 2.3 DIREITOS DE TERCEIRA DIMENSÃO: direitos de fraternidade e solidariedade; direitos de natureza coletiva e difuso, com a necessidade de proteção ao meio ambiente; Declaração Universal de 1948 e início na Carta da ONU de 1945. Titulares: seres humanos independente de qualquer coisa. 2.4 DIREITOS DE QUARTA DIMENSÃO: direito à democracia; direito à informação; pluralismo político 2.5 DIREITOS DE QUINTA DIMENSÃO: biodireito e bioética; direito à paz. 2.6 DIREITOS DE SEXTA DIMENSÃO: direito à água potável; vão se ampliando as necessidades humanas. Volta-se a pensar em necessidades básicas, mas que foram assunto que ainda não foram tratados, como o direito à água potável. 3. REALIDADE DOS DIREITOS NATURAIS: é um discurso ideológico que não se realiza completamente, apenas para quem tem capital, por vezes, faz parte de um sistema de dominação. Em outras palavras, os Direitos Naturais existem, porém sua efetividade está completamente condicionada à detenção de capital; Atualmente não sem pensa mais em positivar os Direitos Naturais, a preocupação na verdade está em cumprir esses direitos, pois esses direitos são violados o tempo todo, porque mesmo que os Direitos Naturais sejam reconhecidos ele não são efetivados. 3.1 Ilha das Flores – Rio Grande do Sul: como pensar em Direitos Naturais a partir dessa realidade? 3.1.1 Eles têm Direito constitucionalmente falando, assim como tem naturalmente falando (Direito Natural), mas não têm efetivamente falando.Hoje, pensar em Direitos Naturais é pensar em efetivá-los e não em declara-los. 4. CARATER (NÃO) IDEOLÓGICO DOS DIREITOS NATURAIS: A Teoria Crítica afirma que os Direitos Naturais possuem um caráter ideológico. As declarações interessam para determinada classe, como por exemplo a propriedade que está colocada ali para dizer que é um direito de quem já tinha as terras (burguesia). 5. Hoje o problema fundamental em relação aos Direitos do Homem, não é tanto de poder justifica-los, mas de protege-los e fazer com que se tornem efetivos. Trata-se de um problema não filosófico, mas político. Porque filosoficamente o Direito já crescer em muitos aspectos, mas não cresceu da mesma forma quando se trata da efetividade deles. 6. Relação entre Direitos Naturais e Direitos Humanos: advêm da natureza humana e os direitos naturais sempre são mencionados em declarações de direitos humanos, como visto na Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão (1789) Giulia Mazzer 7 CAPÍTULO IV 1. RUDOLF STAMMLER 2. INTRODUÇÃO Ele se encontra no processo de transferência entre jusnaturalismo e positivismo. Stammler trás noções de Direito e Justiça e se destaca por ser um autor hibrido; justamente por possuir raízes formalistas, como Kant, mas como também por trazer essas noções de Direito e Justiça. Não pode ser conceituado apenas como jusnaturalista ou juspositivista, justamente por estar nesse meio caminho; mesmo com grande densidade de sua teoria ser formal (característica do positivista). 3. NEOKANTIANO Stammler é um neokantiano; isso significa que ele adota as ideias de Kant e adota ao seu tempo. Kant dizia que temos a apriori e a aposteiori. Mas o que será estudado nesse momento será somente a apriori, sendo ele uma estrutura formal que vai fundamentar todas as teorias de Kant, seja no conhecimento, na moralidade ou na dignidade. Logo, ao dizer que Stammler é um neokantiano significa dizer que Stammler fez uma releitura da apriori. Usando como estrutura formal que dá sustentação à experiência, que coordena aquilo que se vive na experiência, uma estrutura formal que é necessária para que a experiência seja percebida. Para Kant a Dignidade era apriorística; o homem tem dignidade porque ele tem autonomia, e isso o torna legislador dele mesmo, e quer dizer que ele mesmo pode criar suas concepções. O que é independente de experiência, pois essa autonomia independe da experiência, ela está no homem naturalmente. Stammler vai usar a proposta de Kant para sua realidade, a realidade em responder “O que é o Direito?”. A partir dessa perspectiva formalista ele vai pensar o Direito. O apriori na teoria de Stmmaler será uma estrutura formal que dá sustentação à experiência, uma estrutura formal que coordena aquilo que se vive na experiência, uma estrutura formal que é necessária para que a experiência seja percebida ou para até mesmo que a experiência seja uma experiência. O apriori é fundamental na Teoria de Kant, tanto que a moralidade será apriorística, formalística, tanto que Kant afirmava: “Age de acordo com a boa vontade, somente de acordo com a boa vontade, de modo que sua ação possa ser princípio de uma lei universal”. Essa é a proposta do juspositivismo: estruturar uma proposta de ciência jurídica formal. E o Stammler vai usar a proposta kantiana para a sua realidade (que no caso era pensar “O que é o Direito?”). E a partir dessa estrutura formalista ele vai pensar o Direito. Por isso ele vai tratar de um Conceito de Direito e de Ideia de Direito. 3.1 Stammler vai trabalhar com Conceito de Direito e Ideia de Direito Stmmaler procurou através do Conceito de Direito universalizar “O que é o Direito?”, influenciado por Kant. Conceito de Direito (Juspositivista) Ideia de Direito (Jusnaturalista) As ideias de Kant estão aqui (o conceito de Direito para Kant é formal, como um molde que recebe conteúdos) Ideia de Direito como Justiça Conceito serve pra definir determinado objeto de análise. E essa definição serve para que qualquer pessoa possa conhecer o que é o Direito onde ele existir (Universalização da ideia de Direito), e para conceituar isso ele busca na Apriori O Direito para Stammler é uma tentativa de justiça, todo Direito é uma tentativa de ser justo, mas ele não será/é plenamente justo. Aqui está o ideal jusnaturalista, pois ele fala de justiça/justo. Tipicamente formal (ideal positivista) Ideal jusnaturalista Giulia Mazzer 8 4. O DIREITO COMO FORMA DE QUERER Primeiro elemento do Conceito de Direito para Stammler é o QUERER, o Direito é um querer, uma forma de querer. O ser humano é um ser que é, que conhece e que age. Nossa ação, em regra é qualificada por uma finalidade, então se eu quero chegar em tal lugar, eu vou fazer o possível e coordenar minhas ações no sentido de atingir minha finalidade específica que é ser, por exemplo, uma advogada. Nessa perspectivo eu ajo com uma finalidade específica, então eu tenho um querer qualificado (quando o querer se trata de um querer direcionado ao Direito), não é uma simples vontade, como um instinto de fome, mas eu ajo com uma finalidade específica e coordeno para chegar naquele fim. Quando quero algo coordeno a situação para atingir um fim específico, e esse fim específico só será atingido se for usado os meios corretos para aquilo. A relação que isso tem com o Direito é a de que o Direito é uma forma de querer, ou seja, o Direito se apresenta para uma determinada finalidade. Mas ele se origina no querer de alguém. E esse “alguém” é alguém competente. Ex.: um vereador de Presidente Prudente quer mudar a situação da cidade em relação com as pessoas deficientes, quer novas legislações municipais para isso, e ele sendo autoridade competente para apresentar um projeto de lei, ele conhece e age no sentido de ver que essa finalidade seja instituída, mas tudo se inicia com um querer, ou com uma vontade. Uma vontade que de início é subjetiva (é minha), mas que eu quero que ela se torne objetiva (que ela se torne obrigatória, que seja para todas as pessoas que está subordinado à minha jurisdição). Então começo com um querer de que algo aconteça, e vou usar os meios para que isso seja objetivado, e que seja um objetivo obrigatório/vinculativo. Então é assim que começa o Direito. Como a Constituição, ela começou com um querer, buscando uma finalidade, um objetivo. Mas nem todo querer é Direito, haja vista que esse querer possuí a necessidade de ser qualificado, esse querer precisa ser um querer entrelaçante, é um comando que aguarda que o outro o respeite, que aguarda o modo do outro naqueles termos. Mas nem todo querer entrelaçante é Direito, pois falta uma característica, que é ser autárquico. Vale ressaltar que nem todo querer entrelaçante é autárquico, como, por exemplo, normas de etiqueta, ou o próprio Tinder. E o querer entrelaçante autárquico é o que está direcionado ao Direito, visto que o Direito é obrigatório/vinculante. O Direito até admite que eu não cumpra seus comandos, mas isso resultará em sanção, em uma punição. Pois o Direito determina que eu cumpra seus comandos, ele não se importa se estou cumprindo feliz ou triste, como o pagamento de pensão alimentícia, o importante é eu pagar, pois, caso não pague, haverá sanções. Todos aqueles que aquela vontade é dirigida deverão se comportar conforme aquela vontade, senão poderão sofrer as penas da lei, as que o próprio Direito prevê. C on ce ito d e D ir et o Querer: o Direito é uma forma de querer, ajo com uma finalidadae específica, tenho um querer, coordeno para chegar naquele fim. o Direito se apresenta para uma determinada finalidade, mas ele se origina no querer. Tudo se inicia com um querer, com uma vontade de quem é autoridade competente para isso. Querer Entrelaçante: uma vontade que espera a vontade do outro, é um comando que aguarda o molde do outro naqueles termos (Ex: Tinder, quando você arrasta para a direita e aguarda que a outra pessoatambém arraste para a direita). Todo comando jurídico espera que eu correponda a ele. Mas nem todo querer entrelaçante é jurídico, prova disso é o Tinder. E nem todo querer entrelaçante é autárquico. Querer Entrelaçante Autárquico: o Direito espera que eu o corresponda (Querer Entrelaçante), porém ele é autárquico, ele exige e determina que eu aja conforme seus comandos, o que interessa para o Direito é que eu cumpra seus comandos. Autárquico é no sentido de obrigatório, e caso esses comandos não sejam cumpridos ocorrerá uma sanção. Giulia Mazzer 9 Mas esse conceito não é materialmente justo, ele não possui compromisso com a justiça. Pois ele é uma fórmula, é uma proposta formal de conceituar o Direito, porque aqui você consegue inserir qualquer conteúdo, seja ele justo ou injusto, como, por exemplo, se um ditador determinar que todo mundo respeite somente o que ele fala nós teremos Direito de acordo com esse conceito. Todas as vezes que fomos pensar em positivismo jurídico nós precisamos lembrar que na sua modalidade estrita, vai seguir esse Conceito de Direito, porque eles estão tentando transformar o Direito em uma ciência jurídica, transformar o Direito em algo que possa ser estudado sem influências não passíveis de estudos científicos. 5. DIREITO E JUSTIÇA Contudo, quando falo de uma ordem jusnaturalista, esse Conceito de Direito em determinados momentos não pode ser considerado Direito (como no caso do ditador), porque viola todos os direitos da pessoa humana, toda ontologia do ser. Na Ideia de Direito, Stammler vai tratar a ideia de Direito como justiça, em que a ideia de Direito está na justiça. Vamos valer da ideia platônica de ideia, sobre o Mundo das Sombras e Mundo das Ideias. Em que ideia é a plenitude de onde tudo é belo, bom e verdadeiro, onde existe o que há mais de perfeito. Quando falo de ideia para Platão eu projeto plenitude, essência. Platão dizia que a realidade diante da ideia era uma tentativa de reproduzir, então tudo o que há na realidade é uma produção e tentativa falhas do que há na ideia. A gente é uma projeção falha do ideal. O Direito para Stammler é uma tentativa de Justiça, então eu tenho um Direito no Conceito de Direito que deve ser uma tentativa de ser justo, ou é uma tentativa de ser justo. Mas ele é? Não, ele não é, pois é uma tentativa falha de ser justo, pois a justiça em sua plenitude não é possível. Aqui está o ideal jusnatural, pois aqui está o ideal de Justiça vinculado ao Conceito de Direito, e possuindo esse ideal ele foge da metodologia científica de Direito (juspositivista). Eu tenho uma tentativa de ser justo, que é o querer entrelaçante autárquico. Todo Direito não será a justiça em sua plenitude. CAPÍTULO V 1. GIORGIO DEL VECCHIO Segue o mesmo padrão de Stammler, com traços jusnaturalistas e jupositivistas, dois aspectos predominantes, sendo um formal (Conceito de Direito) e um preocupado com a pessoa humana (Ideia de Direito). Divide-se sua proposta em um conceito de direito marcado pela bilateralidade (aspecto formal), e essa vai gerar implicações na dignidade da pessoa humana (aspecto jusnaturalista). 2. BILATERALIDADE Todas as vezes que falamos em moral falamos em unilateralidade (apenas um arbítrio, uma só pessoa), a moral vai apresentar um dever que será assumido conforme aquele que quer agir conforme a moralidade e definir padrões morais. Sendo unilateral cada arbítrio define o que é “bom” e o que não é para sua vida. A moral representa um dever, que será assumido por aquele que deseja agir conforme e moralidade de forma unilateral enquanto indivíduo. Já o Direito se apresenta como sendo bilateral, necessita de dois ou mais arbítrios, a partir do momento que tenho Direito não tenho a liberdade de decidir e realizar minhas ações livremente, pois por mais que eu seja livre meu comportamento tem que ser vinculado aos comportamentos pré-determinados, meu Giulia Mazzer 10 comportamento deve estar adequado a aquilo que é vinculativo e obrigatório, apresentado como Direito, ou seja, o Direito apresenta deveres, assim como a moralidade (sendo as diferenças de que essa última é unilateral, com ausência de poder e de sanção, porque a moralidade não implica em sanções caso ela não seja aplicada pelo agente), mas são deveres objetivos aplicados à todos, assim estabelecendo poderes. A partir do momento que concedo o Direito como sendo bilateral aquilo que é dever jurídico implica em duas ou mais pessoas inseridas em uma relação de convívio em uma sociedade. O Direito trabalha com deveres estabelecidos para uma coletividade de pessoas, e por serem deverem objetivos estabelecem poderes. Por exemplo: Uma pessoa que vive mentindo para todo mundo, conforme a moralidade essa pessoa não será punida, contudo, se essa mesma pessoa estiver como testemunha em uma audiência e mentir sofrerá uma sanção, conforme o Direito, pois essa pessoa cometeu um crime de falso testemunho. O conceito de bilateralidade de Del Vecchio vai definir “O que é o Direito?”, ou seja, o Direito é bilateral, e estabelece deveres e poderes. O Direito possuí uma grande carga da moralidade dentro de suas normas, mas não é tanto quanto era. Como, por exemplo, antigamente havia o crime de adultério. BILATERALIDADE (DIREITO) UNILATERALIDADE (MORAL) Dois ou mais arbítrios Um arbítrio Existe poder Ausência de poder Existe sanção quando há descumprimento Ausência de sanção 3. DIGNIDADE HUMANA Del Vecchio vai dizer toda vez que falo em Direito falo em bilateralidade, ou seja, interação entre pessoas, por isso ele vai dizer “Interações de um eu com outro eu”, e ele quer dizer sobre dois arbítrios que possuem a mesma posição. É uma relação entre livres, em que nenhum Eu pode querer sujeitar o outro Eu a sua vontade, ou seja, toda pessoa tem que respeitar a condição de pessoa do outro (aqui extrai-se a noção de Dignidade), porque toda pessoa tem seus aspectos mas a ninguém é dado o Direito de nessa perspectiva da bilateralidade submeter a outra pessoa aos arbítrios dela, aqui começa a falar de justiça. Quando falo em bilateralidade eu construo condições objetivas de convivência. Ele define Direito como bilateral, então estabelece regras, deveres, que se não cumpridos geraram poderes/sanções. E nessa perspectiva de bilateralidade há uma relação entre livres e iguais sobre determinadas condições/regras. Sendo livres iguais é um arbítrio se relacionando com outro arbítrio, e um não pode querer submeter o outro à sua vontade, porque dois “Eus” têm a mesma condição, logo, ambos têm que respeitar a condição do outro como pessoa que cada um tem. “Todo homem, só por ser tal, pode aspirar a não ser tratado pelos outros homens como se fosse tão só meio ou elemento do mundo sensível; pode exigir seja por todos respeitado, como ele próprio é obrigador a respeitar (bilateralidade), este imperativo: ‘não imponhas aos outros o teu arbítrio; não queiras submeter a ti quem, por sua natureza, é já dono de si mesmo”. – Del Vecchio – Quando analiso pessoa humana reconheço que existe uma pessoa com valor que se relaciona com outras pessoas com valor, portanto uma não pode querer subjugar a outra. Sou obrigado a respeitar, e os outros também são obrigados à me respeitar. A bilateralidade serve para um conceito formal, mas também serve para entender Pessoa Humana e Dignidade. Giulia Mazzer 11 CAPÍTULO VI 1. JUSPOSITIVISMO Todas as vezes que falo em juspositivismo necessariamente vou ter como grande premissa, como ponto de partida inquestionável (dogma) a norma. O Direito Positivo é o grande aspecto do juspositvismo. Mas não é somente a norma, pois tudo vai depender do ponto de vista que está sendo analisado, pois se for do ponto de vista do Positivismo Estrito será somente a norma, já no Positivismo Eclético não será somente norma jurídica, mas outros aspectos considerados como válidos, como a própria cultura, o fato social e o direito achado narua, já no Positivismo Ético ele olhará para a norma jurídica mas ele trará um vasto conteúdo ético, principiológico, para dentro do Direito. O juspositivismo se preocupa com algumas características que são completamente diferentes do que foi estudado no jusnaturalismo. O centro de análise é lógico, formal e estruturado adequadamente. O critério de justiça vai ter que ser encontrado dentro desse sistema de análise. Um sistema purificado de toda experiência jurídica, porque a experiência é subjetiva. 1.1 JUSPOSTIVISMO X JUSNATURALISMO JUSPOSITIVISMO JUSNATURALISMO Direito Positivo Direito Natural Segurança Jurídica: toda lei é Direito, pois ela passou por todos os procedimentos formais para se tornar lei. A segurança jurídica é muito importante pois ela implica em proteger nossos direitos, assim não os perdemos da noite para o dia. A segurança jurídica diz respeito à não dar fim nos direitos brutalmente, e isso não quer dizer que esses direitos sejam justos, eles apenas não serão tirados do nada do indivíduo. Justiça: nem toda lei é Direito, elas precisam ser justas. Reducionista: restrito à determinado território; analisa e quebra um elemento só (a norma, que vale para um determinado lugar em determinado tempo). Expansionista: universalização; amplia os horizontes de análise. Validade das Leis Injustas: porque se uma lei, mesmo que injusta, passe por todos os procedimentos formais, ela será válida. Invalidade das Leis Injustas: as leis injustas não são válidas. 2. POSITIVISMO ESTRITO No Brasil não falamos mais sobre esse positivismo, mas sim do Positivismo Ético. Mas o Positivismo Estrito foi a grande teoria que possibilitou essa estruturação do Direito como vemos atualmente. Só norma jurídica que é vista; muito reducionista; Direito é norma e ponto final. Autores que são estritos: Kelsen, Bobbio (Teoria do Ordenamento Jurídico), Hart, Ross. JUSPOSITVISMO POSITIVISMO ESTRITO POSITIVISMO ECLÉTICO POSITIVISMO ÉTICO (PÓS-POSITVISMO) COMO É? Tem uma noção de pureza metodológica. Entende que o Direito vem dos fatos sociais e das normas. Vai ver o Direito como uma interação entre regras e princípios. Giulia Mazzer 12 Escola Exegese surge após a Revolução Francesa, e é concebida após o Código Napoleônico (considerava o código perfeito, e o juiz teria que aplicar somente essa lei); fase do juiz “boca da lei”(Direito Positivo Legalista). 3. POSITIVISMO ECLÉTICO Considera-se várias opções como válidas (como cultura, fato social, direito achado na rua); não é mais tão reducionista. Direito é norma jurídica + fatos socias. Autores: Ihering (A Luta Pelo Direito), Savigny, Miguel Reale (Teoria Tridimensional do Direito) 4. POSITVISMO ÉTICO (PÓS-POSITIVISMO) Olha para norma jurídica, mas traz vasto conhecimento ético e principiológico. Menos reducionista dos três. Direito muito mais que leis e regras. Autores: Duorki, Habermas. CAPÍTULO VII 1. O PENSAMENTO JURÍDICO DE HANS KELSEN A teoria estruturada por ele se propôs estudar cientificamente o Direito, e essa teoria está em todo ordenamento jurídico que é denominado ordenamento jurídico criado em base de normas. É por isso que ele é um filósofo muito estudado. 2. TEORIA PURA DO DIREITO Grande teoria de Kelsen, ele quis construir uma ciência jurídica em sentido estrito. Foi uma forma de analisar o direito cientificamente, uma ciência jurídica em sentido estrito, e estrito é uma teoria que é reducionista e analítica. É uma teoria descritiva pois vai responder “O que é?” e “Como é?” o Direito. Independente do problema jurídico irá ser usada a mesma fórmula. Kelsen nunca tentou responder “O que é o Direito?” mas sim “Como o Direito deve ser?”. Kelsen quis fazer uma teoria que não se preocupa com a experiência jurídica. 2.1 CIÊNCIA JURÍDICA EM SENTIDO ESTRITO Teoria reducionista, analítica e descritiva. Reducionista: porque apesar do Direito ser complexo ela reduz o objeto de análise à um aspecto só (a norma jurídica). Analítica: realizar análise é realizar quebras. Ou seja, na teoria quebra-se o fenômeno jurídico e separa-se apenas um elemento (a norma). Descritiva: vai responder “O que é?” e “Como é?” o Direito, e vai responder a partir de uma perspectiva estrita. Não se preocupa em responder o Direito como Justiça, apenas uma ciência purificada e formal, e sendo formal ela não tem conteúdo, é um mero procedimento. Ele não estruturou uma teoria que originou governos tiranos (como o nazismo), mas sua teoria por ser formal acaba por adequar qualquer forma de governo. Em qualquer situação irá ser usada a mesma fórmula, como ocorre na matemática e na física. Giulia Mazzer 13 Kelsen vê o Direito dessa forma complexa* (Coisas que influenciam o Direito: norma; fato social; filosofia; sociologia; religião; economia; política. Quando olho para o Direito vejo algo muito complexo), e a partir dessa complexidade ele quis construir uma ciência jurídica analítica que estuda o Direito a partir de premissas exclusivamente jurídicas. Kelsen enxerga o Direito com essa complexidade, mas o que ele quis fazer é construir uma teoria que estruturasse uma ciência jurídica que estudasse o Direito a partir de um único elemento, um elemento unicamente jurídico, e esse elemento exclusivamente jurídico é a NORMA. É uma teoria que purifica a análise do Direito. Ele sabe que o Direito não é apenas norma. Mas vai estruturar uma teoria que vai estudar o Direito cientificamente, que vai o considerar apenas a partir da norma. Ele isolou um elemento para o estudo. Kelsen não vai se preocupar em dizer todos os aspectos que influenciam o Direito. Ele vai se preocupar em uma ciência que estuda “O que é o Direito?” e que diz “Como ele é?” Constrói uma teoria que vai estudar o Direito cientificamente e que vai se estruturar somente na norma, ele isolou um elemento para o estudo, um elemento estritamente jurídico, a NORMA. Uma ciência que estuda o Direito e diz como ele é. Ele responde “O que o Direito?” a partir de uma ciência estritamente jurídica. É uma ciência purificada. KELSEN NÃO CONSTRUIU UMA TEORIA DO DIREITO PURO, mas sim uma TEORIA PURA DO DIREITO, porque ele não queria uma teoria do direito puro, pois sabia que o Direito não é puro, o que é pura é a teoria e não o Direito. O QUE É O DIREITO? Para essa teoria o Direito é uma ordem normativa da conduta humana, uma norma que regula a conduta humana, que vai dizer o que deve ser e o que deve acontecer. O QUE É NORMA? Norma é um ato de vontade de quem é competente para dizer o que deve ser e o que deve acontecer na sociedade. 3. SER E DEVER SER Direito é uma ordem do dever ser (porque é uma ordem normativa, e a norma é um ato de vontade de quem é competente para dizer o que deve ser e o que deve acontecer na sociedade), é um plano do dever, da obrigação, um plano que condiciona o ser (fato; atos de exteriorização de vontade). A sentença é norma jurídica porque o juiz recebe uma atribuição do dever ser, através de uma norma, que o diz como ele deve ser, assim ele é autorizado a dar uma sentença. O juiz pode dar uma sentença porque um dever ser (uma norma) o legitima para isso. E quem autoriza o juiz a dar uma sentença é o Código de Processo Civil, e quem o autoriza a ser juiz é a Constituição Federal (aqui já começa a perceber a Pirâmide de Kelsen). SER: premissa menor (ver os fatos), é o plano dos fatos que é condicionado pelo plano do Dever Ser. DEVER SER: premissa maior (se aplica a todos), é o plano da norma jurídica, porque ela apresenta comandos gerais e abstratos para regulamentar condutas, ela não analisa uma conduta específica. A norma estabelece procedimento para receber qualquer tipo de conteúdo. A norma (dever ser) condiciona o fato (ser). A norma jurídica está no plano do dever ser, pois ela manda os genéricos e abstrato para regular suas condutas. Para Kelsen não dá para conceber o Direitosomente a partir dessa perspectiva. Para ele o Direito não é puro, o que é puro é sua teoria. Pois se o Direito for somente isso será dada uma liberdade para governos tiranos. Quem faz o juiz ser de fato um juiz é o Dever Ser, assim como quem faz o presidente ser um presidente é o Dever Ser. Giulia Mazzer 14 4. LEI X NORMA JURÍDICA Se falo de norma jurídica falo do plano do dever ser. Uma sentença pode ser considera norma jurídica, pois é um ato de vontade de quem é competente para resolver o conflito. Lei é norma jurídica, mas nem toda norma jurídica é lei, como, por exemplo, um Decreto, que não é lei, mas ele parte de um ato de vontade de quem é competente, que diz o que deve ser e o que deve acontecer na sociedade (então, mesmo não sendo lei, é uma norma jurídica), e isso não vale apenas para o decreto, mas para tudo, como a própria sentença. Lei é um ato de vontade de quem tem competência para criar uma lei (Poder Legislativo). Norma é ato de vontade de quem é competente que vai regular uma conduta humana. Ex.: Sumulas Vinculantes, Decretos, Leis... 5. NORMA JURÍDICA E SEUS ASPECTOS 5.1 PIRÂMIDE NORMATIVA A Constituição Federal autoriza tudo o que está abaixo dela, e tudo o que não estiver de acordo com ela será inconstitucional. Em todo lugar que tem uma autoridade competente há uma hierarquia, como, por exemplo, nas prisões: 5.2 NORMA FUNDAMENTAL Norma Hipotética Fundamental, é uma das questões mais debatidas da teoria e da pirâmide. E essa norma é um pressuposto lógico do sistema, essa norma não pode ser posta por nenhuma autoridade, ela não é escrita e ela não pode ser positivada, e ela é necessária para fundamentar o sistema. ESSA NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL PODE SER JUSNATURALISTA? NÃO, porque se eu coloco comando jusnaturalista nessa teoria ela irá perder toda estruturação formal, porque Kelsen defina a norma jurídica como um ato de vontade de alguém competente. E o Direito como ordem normativa da conduta humana, e se a coloco como justa ela acaba sendo jusnaturalista, assim ela deixa de ser apriorística e acaba passando a considerar a experiência jurídica, pois a noção de justiça além de subjetiva é individual. Quando Stammler vai construir o Conceito de Direito ele separa essa noção de justiça do conceito, justamente porque essa noção de justiça “contamina” toda a teoria. 5.3 VALIDADE E EFICÁCIA Norma Fundamental Constituição Federal Código de Processo Civil; Código de Processo Penal; Código de Processo Militar... Juiízes; juízes; juízes; juízes; juízes; juízes; juízes; juízes; juízes; juízes; juízes; juízes... Capitão Tenente; Tenente Sargento; Sargento; Sargento Cabo; Cabo; Cabo; Cabo Carcereiro; Carcereiro; Carcereiro; Carcereiro; Carcereiro Giulia Mazzer 15 Curta Metragem – O dia que Dorival encarou o guarda. Hierarquia Normativa; em um sistema formal a gente esquece de tratar a pessoa como ela deve ser tratada e acabamos por nos preocuparmos mais com a hierarquia do sistema. Validade e Eficácia está nos quadrinhos. 6. CAUSALIDADE X IMPUTAÇÃO O Direito atua em um sistema de imputação, isso significa que a norma vai conferir resultado no plano do Ser, e essa ação se dá por imputação e não por causalidade. Sanção é aplicada em um regime de imputação. Causalidade é um princípio relacionado à Ciências Naturais, e isso quer dizer que se forem verificadas algumas condições no plano do Ser, necessariamente as consequências virão por causa de condições no próprio plano do ser (pois estamos analisando fato, o plano do Ser). Você analisa situações do plano do Ser e chega a conclusões de causa e efeito, a simples observação vai te proporcionar isso. A sanção tem uma relação de causa e efeito, mas ela é uma relação de causa e efeito que acontece somente a partir de uma imputação jurídica normativa, pois depende de análise do Direito, análise de diversos comandos do Dever Ser e atividade interpretativa. O que eu preciso analisar para saber se vou ser condenada? Preciso analisar os comandos do Dever Ser, as normas, para ver se me encaixo no primeiro comando que diz que aquilo é um crime, e após verificar se não existe nenhum outro comando do Dever Ser que me isenta, que exclui a ilicitude daquilo. E isso é diferente da causalidade. A norma (Dever Ser) vai envolver aquele ato no plano dos fatos (Ser), e não só uma norma, mas várias outras normas. Imputação age da seguinte forma: Se “A” é, “B” deve ser (não consegue se ter um resultado objetivo, as respostas vão depender das condições). Na imputação, reunidas determinadas condições o resultado deve ser, mas não necessariamente será, porque vai depender de uma análise do Dever Ser e de interpretação. Causalidade age da seguinte forma: Se “A” é, “B” também é. Na causalidade se verifico determinadas condições do plano fático, necessariamente tenho o resultado. Imputação Jurídica é justamente você pegar um ato do plano dos fatos e analisar as normas do plano do Dever Ser, e a partir dessa análise averiguar se a pessoa irá ou não receber determinada sanção. Essa imputação se dará em um processo judicial através de uma decisão judicial. 7. DECISÃO JUDICIAL Decisão Judicial é norma jurídica e é proferida por uma autoridade competente no sentido de receber atribuição jurídica. Os elementos que integram a Decisão Judicial para Kelsen são: ato de vontade de quem é competente e ato de conhecimento (porque é imputação). O juiz vai ter contato com os fatos que lhe foram apresentados, o Direito já os conhece, porque ele passou por todo aquele sistema de avaliação. E o juiz através de um ato de vontade vai dar um sentido para aquilo que você apresentou e para aquilo que o Direito apresenta. E isso envolve um ato de conhecimento e um ato de vontade. No Ato de Conhecimento: ele toma conhecimento do que lhe é apresentado e toma conhecimento do Direito. No Ato de Vontade: ele classifica, dá o sentido que ele entende como mais correto. Giulia Mazzer 16 A decisão vai se dar: Dentro da Moldura: quando o juiz dá decisões que estão dentro do ordenamento jurídico. Fora da Moldura: quando o juiz dá decisões tomadas fora do ordenamento jurídico. Que não está de acordo com o espírito das leis. E aqui é o que se chama de Solipsismo Judicial: é uma palavra que indica solidão, um ser que enxerga somente a decisão dele, ele não decide conforme o sentido normativo que é apresentado para ele. Ele extrapola aquilo que o ordenamento jurídico vê como correto. E essa decisão é vista dentro da Teoria de Kelsen como uma norma jurídica, e ela será norma jurídica até quando uma norma superior a tirar do âmbito de validade. Moldura é a moldura que o próprio ordenamento confere, é o caminho que o ordenamento jurídico aponta, o horizonte que o ordenamento jurídico aponta, para onde o ordenamento jurídico aponta, e atualmente isso é revelado pelos princípios. Quando um juiz vai dar uma decisão ele deve dar uma decisão dentro da moldura, dentro do que o ordenamento apresenta, do que a Constituição apresenta. CAPÍTULO VIII 1. MIGUEL REALE Uma das maiores referências a nível de filosofia brasileira. Ele não criou a Teoria da Tridimensionalidade, o que ele fez foi inovar essa Teoria Tridimensional do Direito. É um autor filiado ao positivismo eclético (considera o Direito como sendo norma, e mais outros elementos além da norma, é uma teoria expansionista). 2. TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO Para a Teoria Tridimensional o Direito é “fato”, “valor” e “norma”. 2.1 FATO Uma teoria que implementa fatos está relacionada diretamente com a sociologia, pois irá se analisar fatos sociais. 2.1.1 Fenomenologia Quando falo de fato e de valor tenho uma teoria extremamente densa; tudo o que nós percebemos, podemos perceber com os nossos sentidos, e a interpretação que damos à essas percepções será condicionada à um fluxo temporal de vivência que é chamado na fenomenologia de intencionalidade;a fenomenologia analisa as situações; nosso fluxo de vivência irá refletir como vamos agir em determinadas situações. 2.2 VALOR Valoramos esse fenômeno de determinada forma, damos um sentido a ele, e esse sentido/valor é resultado do fluxo de vivência; os fatos vão ser valorados de uma determinada forma através de um fluxo de Decisão Judicial Autoridade Competente Ato de Vontade -> Dentro -> Fora (Atitude Solipsista; fora da moldura) Ato de Conhecimento Giulia Mazzer 17 vivência de um povo; vamos valorar os fatos de determinada forma; aqui temos influência da Filosofia, pois todas as vezes que falamos de valor falamos de moral 2.3 NORMA Norma como grande foco do Direito nos revela uma perspectiva dogmática, a dogmática ainda está presente aqui; nessa perspectiva norma é diferente de texto, a gente extrai a norma do texto, da interpretação que damos ao texto; norma é o que extraio do texto a partir de uma interpretação gerada dos fatos e dos valores; fato, valor e norma se complementam em uma relação dialética de complementariedade, assim respondendo e dizendo “O que é o Direito?”. 3. EXERCÍCIO EM SALA (Exemplo de como funciona a Teoria Tridimensional do Direito) FATO VALOR NORMA Vulnerabilidade dos Consumidores Vida e Saúde Art. 6º do Código de Defesa do Consumidor Ditadura Militar Justiça e Perdão Lei de Anistia Situação Manicomial Brasileira Dignidade da Pessoa Humana Lei 10.216/2001 4. CRIAÇÃO A partir do momento que o legislador verifica uma necessidade ele cria uma regulamentação, uma lei, que visa resolver a situação que está ocorrendo. 5. DESENVOLVIMENTO A aplicação normativa se desenvolve. 6. APLICAÇÃO Se um ato violou minimamente você acaba deixando de aplicar por conta do Princípio da Insignificância (ex: Furtar uma caneta); quando algo não viola os valores significativamente analisa se há ou não há a necessidade da aplicação do Direito. CAPÍTULO IX 1. NOBERTO BOBBIO Não é filiado ao positivismo estrito, pois ao ler as obras deles percebe-se que ele se preocupa com justiça e Direitos Humanos e Direitos Naturais. 2. TEORIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO Teoria científica que se assemelha ao positivismo estrito. Começa falando no livro que “muito tempo o direito foi estudado baseado na norma jurídica”, e quando ele se dedica a estudar o ordenamento afirma que não dá para estudar o direito a partir da norma isoladamente, mas sim estudar um conjunto de normas que conversam entre si, normas que compõem um ordenamento. Sempre que falo em ordenamento jurídico falo em normas que conversam entre si, que relacionam entre si. Quando falo de ordenamento jurídico, falamos necessariamente sobre normas, em que Bobbio denomina como sendo: Normas de Conduta (uma norma que estipula determinada conduta que se deve ter; ex: Uma norma de limite de velocidade) e Normas de Estrutura/Competência (são normas que estabelecem procedimentos para criação de normas de conduta válidas; ex: vão definir qual será o processo legislativo) Giulia Mazzer 18 É possível que em um ordenamento jurídico tenha apenas uma norma de conduta? Bobbio vai dizer que não, pois esses comandos seriam comandos gerais e abstratos, como, por exemplo, “tudo é proibido” ou “tudo é possível”. E sendo essa norma abstrata e geral, dizer que “tudo é possível” voltamos ao estado de natureza. Mas é possível que um ordenamento jurídico tenha apenas uma norma de estrutura; como, por exemplo, em um sistema ditatorial, em que o Direito é a vontade do soberano. Mas a existência de apenas uma norma de estrutura não é vista como algo positivo, algo bom. 2.1 ORDENAMENTO JURÍDICO Conjunto de normas que serão fundamentadas em dogmas (aquilo que é ideal, que deve ser buscado) que o orientam: 2.1.1 Unidade O ordenamento jurídico é um todo unitário; em que todo o ordenamento tem que estar de acordo dentro do universo fundamento na principal norma desse ordenamento, que, no caso do Brasil, é a Constituição Federal. 2.1.2 Coesão/Coerência As normas são compatíveis entre si, pois se você tem o dogma da unidade, as normas são compatíveis entre si, possuem compatibilidade; mas quando analiso o ordenamento entre si percebe-se que não há uma forte presença de coesão, prova disso são as antinomias de normas. Problema desse dogma: as antinomias (conflito de normas), que são divididas por Bobbio entre: Antinomias Aparentes (tem aparência de antinomia, mas não são antinomias, que são resolvidas pelo critério da hierarquia, do tempo e da especialidade; o próprio ordenamento diz como será resolvida essa antinomia) e Antinomias Reais (quando há conflito em dois ou mais critérios que são usados para resolver as antinomias aparentes; ex: conflito entre hierarquia e tempo (prevalece hierarquia); especialidade e tempo (especialidade prevalece); hierarquia e especialidade* (em regra prevalece hierarquia, mas Bobbio diz que isso é perigoso, pois o legislador às vezes cria uma norma específica para resolver um caso específico)) Hierarquia Tempo Especialidade Hierarquia HIERARQUIA HIERARQUIA HIERARQUIA* Tempo HIERARQUIA TEMPO ESPECIALIDADE Especialidade HIERARQUIA* (em regra é pela hierarquia, mas Bobbio diz que isso é perigoso, pois o legislador às vezes cria uma norma específica para resolver determinado caso específico) ESPECIALIDADE ESPECIALIDADE 2.1.3 Completude Aponta para o sentido que o ordenamento jurídico trata, ou deveria tratar, todas as questões que envolvem a sociedade. Vedação à Non linquet em que o juiz não pode justificar que não pode resolver determinada NORMAS DE CONDUTA Uma norma que estipula determanda conduta que deve se ter. Ex: norma de limite de velocidade. DE ESTRUTURA/COMPETÊNCIA Normas que estabelecem procedimentos para criação de normas de condutas válidas. Ex: normas que definem como será o processo legislativo. Giulia Mazzer 19 situação com a justificativa que há falta de normas, tem que usar de Princípios e outras formas de Direito. Aqui, diferentemente da antinomia, há uma anomia (falta de normas) 3. OS PROBLEMAS DA ANTINOMIAS 3.1 CRITÉRIOS DE SOLUÇÃO 3.1.1 HIERÁRQUICO A norma hierarquicamente superior vai prevalecer sobre a inferior. 3.1.2 TEMPORAL Em regra a norma velha é revogada pela lei nova. 3.1.3 ESPECIALIDADE A lei especial revoga a lei geral, ou prevalece sobre a lei geral. 4. O PROBLEMA DAS LACUNAS 4.1 LACUNAS REAIS Se terá uma lacuna real quando não for possível resolver nem pela norma geral exclusiva e nem pela norma geral inclusiva. 4.1.1 Norma Geral Exclusiva: tudo aquilo que não é proibido é permitido. 4.1.2 Norma Geral Inclusiva: aquela que vai desencadear a utilização/aplicação da analogia. 4.2 LACUNAS IDEOLÓGICAS Falta de solução justa para um caso específico. Quando se aplica a analogia, mas a analogia não resolve satisfatoriamente. Falta de justiça para solucionar determinado caso. 4.3 ANALOGIA Para um caso não regulamentado se dá a solução de um caso regulamentado parecido. 4.4 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO Ordenamento jurídico recorre à elementos do próprio ordenamento jurídico para solucionar um conflito. Auto Integração: usa-se elementos dentro do ordenamento jurídico. Hetero Integração: usa elementos fora do ordenamento jurídico. 4.4.1 Três Princípios Gerais do Direito 1) Viver honestamente 2) Não causar dano a outrem 3) Dar a cada um o que é seu: tratar os iguais igualmente, e os desiguais desigualmente na medida de suas desigualdades. CAPÍTULO X 1. PÓS-POSITIVISMO Uma proposta de enxergar o Direito que tem como grande surgimento a segunda metade do séc. XX, sobretudo, após o fim da Segunda Guerra Mundial, pois, após esse período voltou-se a discutir sobre constituições e dignidade da pessoa humana. Giulia Mazzer 20 É a visão que enxerga o Direito a partir da força normativa dos princípios, e isso quer dizer que temos elementos de justiça e legitimidade dentro das leis;e essa visão é a que predomina atualmente. Quando falo em pós positivismo falo em um ordenamento que convive com normas e princípios, e esses princípios que trazem elementos de moralidade, justiça e legitimidade com força normativa. Pós segunda guerra não temos mais somente códigos/codificações, mas, como também constituições que são estruturadas com alta carga principiológica para que o Direito consiga atender aquelas que são tutelados por essa constituição. Passamos a ver a Dignidade da Pessoa Humana como algo extremamente importante, e o Direito passa a ser visto não apenas a luz da lei, mas como também a luz dos princípios. O que são Princípios? Todos são princípios que estão enraizados em nosso ordenamento, sendo alguns positivados, e outros nem positivados estão. 2. SUPERAÇÃO NECESSÁRIA DA DISTINÇÃO ENTRE TEXTO E NORMA O que se tinha antes é que a norma era o texto, legalista. Norma jurídica era vista como o Direito sendo o que está na lei. Mas no pós-positivismo a norma não é somente o texto, mas a norma é algo extraída do texto, que vai depender que uma interpretação diretamente relacionada com fato, contexto histórico e valores envolvidos. Ex.: Quando leio a nossa legislação vejo família como sendo aquela que é composta por homem e mulher, quando leio somente o texto. Mas ao considerar a sociedade, como ela se porta, olhando os princípios, acabando extraindo mais conteúdo do que ela possuiu, e a partir do Princípio da Afetividade disso como ver outras formas de constituição de família. Assim, família, é aquela relação de afetividade. 3. SUPERAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO COMO ALGO QUE REVELA A VONTADE DA LEI O que tínhamos como grande paradigma era que o juiz quando tinha que aplicar uma lei tinha que se basear, somente, na vontade do legislador que criou a norma. A interpretação do direito não tem que se basear somente na vontade do legislador (como ocorria na fase em que o juiz era “boca de lei”), mas sim em uma realidade fática e principiológica atual. 4. SUPERAÇÃO DA SENTENÇA COMO ATO SILOGÍSTICO Ato Silogístico: raciocínio lógico; nós temos um Cód. Penal, e o juiz que vai dar a sentença repara o fato (premissa menor) para adequar os fatos nas normas (premissa maior). A sentença não é mais algo silogístico; a aplicação do Direito não é somente um ato de raciocínio lógico. O Direito passa a ser interpretado a luz dos elementos que compõem sua totalidade. 5. A FORMA NORMATIVA DOS PRINCÍPIOS – REGRAS X PRINCÍPIOS Regras: são comandos normativos; Princípio: ainda que não escritos, possuem força de norma; Quando olhamos para o Direito vemos a definição de norma como algo que abrange tanto regras como princípios. BAIXO GRAU DE GENERALIDADE (só vão se aplicar aos casos que elas descrevem) ALTO GRAU DE GENERALIDADE (não consegue delimitar quando o princípio será ou não aplicado) MANDAMENTOS DE DEFINIÇÃO (definem de forma fechada; definem o MANDAMENTOS DE OTIMIZAÇÃO (otimiza a aplicação do direito - Alexy) Giulia Mazzer 21 que pode e o que não pode; o que é e o que não é) TUDO OU NADA (ou ela se aplica ao caso apresentado, ou ela não se aplica – Ronald Dworkin) PONDERAÇÃO (não apresentam requisitos fechados, são aplicados por um critério de ponderação ou na dimensão de peso e importância – Ronald Dworking) EFEITOS PREVISTOS EFEITOS INDETERMINADOS APLICABILIDADE OU INAPLICABILIDADE DIMENSÃO DE PESO E IMPORTÂNCIA Dignidade: princípio base do nosso sistema x Reserva do Possível: princípio não positivado que é extraído 1) Adequação 2) Necessidade 3) Proporcionalidade em Sentido Estrito
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