Buscar

aula 05

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO INTERNACIONAL 
PÚBLICO 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Karla Knihs 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Bem-vindo(a)! Nesta aula, iremos retomar o estudo de um dos principais 
atores internacionais – o Estado – tendo em vista a sua relevância para o estudo 
das relações internacionais. 
Para esse estudo, vamos esmiuçar os elementos constitutivos do Estado: 
povo, território e governo soberano, bem como iremos compreender como 
funciona o reconhecimento do Estado e do governo no plano internacional. 
TEMA 1 – OS ESTADOS 
No sentido moderno, a palavra Estado é relativamente nova. Os gregos, 
por exemplo, utilizavam a palavra polis; os romanos, a palavra civitas ou 
respublica. O termo Estado, do latim status, que significa estar firme, foi utilizado 
para designar uma sociedade política, pela primeira vez, na obra O príncipe, de 
Maquiavel (2010), datada de 1513. 
Entretanto, a maioria dos autores admite que, independentemente da 
denominação que recebia, pode ser considerado como Estado todas as 
sociedades políticas que, com o uso do poder ou autoridade, fixaram regras de 
convivência entre seus membros. 
Com relação à época do aparecimento do Estado, a doutrina elenca três 
teorias principais, quais sejam: 
1. De que o Estado existiria desde sempre, assim como a própria sociedade. 
Para essa corrente, o Estado seria um elemento universal na organização 
social humana, pois desde sempre o homem teria se organizado em 
sociedade. 
2. A segunda corrente defende que a sociedade humana existiu por um 
período de tempo sem a presença do Estado, sendo que posteriormente 
o homem percebeu a necessidade da sua organização/criação para que 
se pudesse suprir as necessidades e atender aos anseios dos grupos 
sociais. Assim, conforme foram se desenvolvendo esses grupos 
humanos, diversos Estados surgiram, cada qual a seu tempo. 
3. A terceira corrente é aquela que defende que o Estado só existe quando 
há uma sociedade política. Alguns autores, inclusive, defendem que só 
houve a criação do Estado por ocasião da assinatura dos Tratados de 
Vestfália (1648), que fixaram os limites territoriais resultantes das guerras 
 
 
3 
religiosas movidas pela França contra a Alemanha. Isso porque, para 
eles, apenas com a Paz de Vestfália houve a confirmação da soberania 
de um poder sobre um território. 
Para explicar a formação dos Estados, no aspecto que se refere à causa, 
existem várias teorias, tanto no que concerne à formação originária, quanto em 
relação à chamada formação derivada. 
A formação derivada é aquela que se dá com base em outros Estados já 
existentes, seja por divisão, seja por união territorial. 
A formação originária, por sua vez, diz respeito à constituição do Estado 
baseada em agrupamentos humanos que, ao se estabelecerem como 
sociedade, adotaram um território e uma vinculação político-jurídica. 
Assim, em relação à formação originária, a primeira corrente afirma que o 
Estado teve uma formação natural, espontânea ou não contratual, tendo ele se 
formado sem coincidência quanto à causa e não voluntariamente. 
Há quem defenda que a formação do Estado tenha origem familiar ou 
patriarcal, tendo ele se originado com base no núcleo familiar. A explicação da 
origem com base em atos de força, violência e/ou conquista também é utilizada, 
mediante o argumento de que a superioridade, em termos de força, possibilitou 
que certos grupos sociais prevalecessem sobre outros, sendo o Estado 
constituído sobre essa dicotomia entre dominantes e dominados. 
A sua origem em causas econômicas ou patrimoniais é também uma 
forma de explicação: há teorias segundo as quais o homem, para suprir suas 
inúmeras necessidades materiais, cria o Estado. 
Por fim, aqueles que defendem que a criação do Estado se deu em 
decorrência do desenvolvimento interno da sociedade afirmam que a sociedade 
pode prescindir do Estado por um certo período de tempo, sendo que sua criação 
é uma necessidade daquelas sociedades que atingiram um maior grau de 
complexidade e desenvolvimento. 
Ainda em relação à formação originária, a segunda corrente defende a 
formação contratual dos Estados, ou seja, sua formação artificial. Como nós já 
vimos, a teoria contratualista da origem da sociedade também se aplica ao 
Estado. Então, em relação à origem do Estado, o contrato social serve de base 
para uma das explicações. 
Entretanto, a crítica que se faz a essa teoria é a de que, se o Estado é 
uma associação voluntária dos homens, decorrente da vontade deles, estes 
 
 
4 
poderiam também, por um ato de vontade, sair da sociedade, sair do Estado, o 
que é impossível. 
Com relação à formação derivada, esse é o modo atual de constituição de 
um Estado. Ela pode se dar sob formação por fracionamento ou união ou 
formação atípica. 
Podemos citar como exemplo de formação derivada, por anexação, o 
Havaí. Esse Estado americano já foi uma monarquia, tornando-se uma república 
em 1894. Em 1898, foi invadido por militares e anexado pelos Estados Unidos 
da América, tornando-se um território americano em 1900. Outro exemplo de 
formação atípica pode ser visto no caso da Alemanha. Sua unificação foi feita 
pela vontade do povo. Assim, diversos Estados germânicos se integraram e 
posteriormente se uniram para formar o novo Estado da Alemanha. Ou seja, nem 
sempre a vontade do povo é determinante para a formação de um Estado. 
TEMA 2 – ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO 
São elementos do Estado: o povo e o território (elementos materiais); e o 
governo soberano (elemento formal). 
A presença dos elementos materiais distingue Estados de organizações 
internacionais. 
Importante também não confundir poder com soberania. A soberania é 
uma característica do poder do Estado. Assim, a soberania é o grau supremo 
que pode atingir o poder estatal, para não reconhecer outro poder juridicamente 
superior na ordem internacional ou igual a ele, dentro do mesmo Estado. 
Um Estado é soberano quando é capaz de traçar normas para regular as 
relações dos indivíduos que compõem o seu povo, de forma cogente e sem a 
interferência de qualquer outro poder ou autoridade. Ou seja, um Estado 
soberano não pode sofrer qualquer tipo de restrição, a não ser aquelas 
indispensáveis ao bom convívio das nações soberanas, no plano internacional. 
Além disso, a soberania pode ser concebida sob três aspectos: o político, o 
jurídico e o cultural (Veneral; Knihs, 2018). 
Assim, vejamos: soberania, na sua concepção política, diz respeito ao 
caráter coercitivo do Estado, à sua capacidade de fixar competências. Na sua 
concepção jurídica, diz respeito ao poder de decidir, em última instância, acerca 
da eficácia da normatividade jurídica. Na sua concepção cultural ou político-
jurídica, a soberania diz respeito ao poder de organizar-se política e 
 
 
5 
juridicamente e de se fazer valer, no âmbito de um território, a universalidade 
das decisões, no limite da legitimidade imposta pelo povo. 
Governo x soberania: ambos são manifestação do poder do Estado. 
Governo: o poder, via governo, é expressão dinâmica de ordem pública, 
coordenando o funcionamento do Estado. Soberania: é um poder estatal 
supremo e independente em relação ao poder dos outros Estados. Diz respeito 
à relação de um Estado com os outros Estados da sociedade internacional. É 
quantidade de poder, expressa de três formas: 
1. Soberania interna: caracteriza-se pela predominância do poder do Estado 
sem nenhum contraste e nenhuma limitação por outro poder. Caso haja 
disputa pela soberania interna (conflito de domínio), teremos uma guerra 
civil. 
2. Soberania externa: caracteriza-se por não haver dependência nem 
subordinação de um Estado ao outro em suas relações recíprocas, 
devendo haver igualdade entre eles. Não é o fato de um Estado ser 
invadido por outro que faz com que deixe de ser um Estado. Nesse caso, 
ele apenas perde parte de sua soberania externa. 
3. Soberanianacional: é o direito do povo de escolher seus próprios 
governantes, por meio do voto nas eleições. Ainda que uma dessas 
soberanias sofra alguma restrição, o Estado não deixará de ter seu 
elemento essencial, o poder. Para Bobbio (2010), a expressão muito 
genérica poder soberano refere-se àquele conjunto de órgãos pelos quais 
um ordenamento normativo é posto, conservado e se faz aplicar. 
Povo x população x nação: 
 População: expressão numérica do conjunto de pessoas que vivem num 
Estado, incluindo nacionais e estrangeiros. 
 Nação: comunidade de base histórico-cultural, como no caso dos curdos, 
palestinos e ciganos. 
 Povo: conjunto de pessoas que se unem para constituir um Estado, 
criando um vínculo jurídico-político de natureza permanente. 
Nacionalidade x naturalidade x cidadania: 
 Nacionalidade: vínculo jurídico-político que une o indivíduo ao Estado. 
 Naturalidade: vínculo material-geográfico. Nem sempre são naturais do 
Brasil aqueles que possuem nacionalidade brasileira. 
 
 
6 
 Cidadania: refere-se ao exercício de direitos políticos de determinado 
povo. Nem sempre o nacional poderá exercer plenamente a cidadania, 
como no caso do naturalizado brasileiro que não poderá, por exemplo, 
candidatar-se ao cargo de presidente da República. 
Território: é a porção da superfície do globo terrestre na qual o Estado 
exerce seus direitos de soberania. Vamos ver, no próximo tema, como funciona 
a classificação do território. 
TEMA 3 – CLASSIFICAÇÃO DO TERRITÓRIO 
O território dos Estados apresenta-se em diversos aspectos físicos, os 
chamados domínios, que podem ser: terrestre, fluvial, lacustre, aéreo e marítimo, 
além do domínio público internacional: 
Domínio terrestre: composto pelo solo e subsolo do Estado. O Estado 
tem o direito de marcar materialmente ou indicar concretamente os seus limites. 
Os seus limites poderão ser naturais, que acompanham acidentes geográficos 
do solo; ou artificiais, também chamados de intelectuais ou matemáticos e que 
seguem uma linha astronômica. 
Domínio fluvial: os rios podem ser nacionais ou internacionais, a saber: 
a. rios nacionais: aqueles cujo leito corre inteiramente dentro do território de 
determinado Estado; 
b. rios internacionais: aqueles que cruzam diversos Estados. Podem ser 
contínuos, quando correm pela fronteira dos Estados, ou sucessivos, 
quando seu leito atravessa o território de diversos Estados, 
sucessivamente. 
Cada Estado exerce plena soberania sobre o leito do rio enquanto este 
estiver dentro de seu território. 
Domínio lacustre e sobre mares internos: depende da verificação do 
diâmetro do lago. Quando maior que seis milhas, cada Estado marginal exercerá 
sua soberania até três milhas da margem. O restante será domínio comum 
desses Estados. 
Domínio aéreo: é constituído pelo espaço aéreo e espaço extra-
atmosférico. 
O espaço aéreo é a massa de ar atmosférica situada acima do território 
do Estado. 
 
 
7 
Importante ressaltar que não existem normas que concedam direito de 
passagem inocente a aeronaves, no espaço aéreo estatal. Essa questão pode, 
contudo, ser tratada por acordos bilaterais ou até mesmo por intermédio de 
permissões individuais. 
Na aviação comercial, se deve conceder prévia autorização estatal para 
que se possa trafegar em um dado espaço aéreo. No caso de aviões militares, 
não há tratados internacionais que prevejam a possibilidade de tráfego 
permanente pelo território de outro Estado. Se o avião militar invadir o espaço 
aéreo de um Estado e for abatido, a responsabilidade será do Estado de sua 
bandeira, ou seja, do Estado de onde partiu o avião. 
Domínio marítimo: já foi objeto de uma série de controvérsias que 
tendem a ser solucionadas pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito 
do Mar, celebrada em 1982 em Montego Bay e que somente entrou em vigor em 
16 de novembro de 1994 (ONU, 1982). 
O Brasil a ratificou em dezembro de 1988 e, por meio da Lei n. 8.617/1993, 
já afirmou que, independentemente de entrar em vigor, internacionalmente, tal 
convenção, já prevaleceriam para o Brasil, desde então, as suas normas (Brasil, 
1993). 
Mar territorial: inclui as águas (leito do mar), mais subsolo e espaço 
aéreo sobrejacente. 
A Convenção de Montego Bay estabeleceu um limite uniformemente 
aceito pelos Estados da sociedade internacional. Para ela, é mar territorial a faixa 
de 12 milhas marítimas contadas a partir da linha de base da costa, que 
corresponde à noção de onde termina a terra e começa o mar, contada na maré 
baixa. Nessas milhas, há direitos soberanos (ONU, 1982). 
A única restrição é o direito de passagem inocente, que é concessão 
obrigatória dada pelo Estado aos navios que trafegam. Observe-se que a 
passagem somente será considerada inocente se ocorrer de forma contínua e 
rápida. 
Zona contígua: é a faixa adjacente ao mar territorial, de igual largura. 
Sobre ela o Estado exerce soberania no que tange à fiscalização sanitária, 
alfandegária e imigratória. Essa faixa tem limite máximo de 12 milhas (24 milhas, 
a partir da linha de base). 
 
 
8 
Zona econômica exclusiva: é a faixa adjacente ao mar territorial, 
distante dele 180 milhas (a 200 milhas da linha de base). Nela, há soberania 
para exploração, conservação, aproveitamento e gestão de recursos naturais. 
Antigamente, o Brasil tinha 200 milhas de mar territorial e 300 milhas de 
zona econômica exclusiva. Tais limites foram estabelecidos unilateralmente e 
não eram obedecidos pela sociedade internacional. 
Plataforma continental: é a planície submarina que vai gradativamente 
se aprofundando até o limite de 200 metros. O Estado tem direito soberano 
exclusivo de exploração dos recursos, em sua plataforma continental. Há duas 
formas de fixar o limite dessa plataforma continental, de acordo com a 
Convenção de Montego Bay (ONU, 1982): 
1. Se o Estado atingir o limite de 200 metros de profundidade rapidamente, 
como é o caso da Oceania, considerar-se-á o limite de 200 milhas. 
2. Se o mar se aprofunda lentamente, como é o caso do Brasil, o limite de 
profundidade continuará sendo de 200 metros, mas a faixa alcançará, no 
máximo, 350 milhas de largura. A grande importância da plataforma 
continental reside na garantia de exploração exclusiva dos recursos 
naturais. 
Alto-mar: é direito público internacional. Nenhum Estado terá domínio 
exclusivo sobre o alto-mar. 
Domínio público: são os espaços cuja utilização suscita interesse de 
mais de um Estado soberano, na sociedade internacional. Não foi definido ainda 
a quem pertence a sua jurisdição, sendo relativamente inexplorados. São dois: 
Polo Norte e Antártica. 
TEMA 4 – RECONHECIMENTO DE ESTADO E DE GOVERNO 
O reconhecimento de Estado e de governo é o ato pelo qual os Estados 
já existentes constatam a existência de um novo membro da sociedade 
internacional. 
O reconhecimento de Estado é dado, via de regra, a pedido do Estado 
que surgiu, o qual notifica as potências da sociedade internacional, requerendo 
o seu reconhecimento. 
Tal instituto teve importância fundamental até meados do século passado, 
sendo considerado imprescindível para a configuração do ente como Estado. 
 
 
9 
Hoje, a maioria dos autores não considera imprescindível o reconhecimento. 
Bastaria reunir-se as características essenciais (povo, território, soberania) para 
ser um Estado. 
Requisitos: possuir governo independente e autônomo na conduta dos 
negócios estrangeiros (requisito volátil). 
 O governo deve ter autoridade efetiva dentro de seu território, 
congregando as forças ali existentes. 
 Deve possuir território delimitado. Exemplos: na Palestina, houve grande 
preocupação de se realizar eleições para que o governo de Yasser Arafat 
demonstrasse sua autoridade, podendo ela ser reconhecida como um 
Estado (o reconhecimento da Palestina como Estado é artificial). 
Reconhecimento por Estado: é ato unilateral (manifestação da vontade 
de umúnico ente da sociedade internacional); ainda que ato irrevogável, não é 
perpétuo. 
Se o Estado perder os elementos que o caracterizam como tal, deixará de 
sê-lo. Exemplo: a ilha de Nauru não terá mais território daqui a algum tempo, 
dada a exploração de minerais ali existente. 
O reconhecimento trata-se de ato discricionário. O Estado faz o 
reconhecimento quando bem entende. 
É ato retroativo, tendo em vista a teoria de que o reconhecimento é 
apenas uma constatação. 
Formas de reconhecimento: ele pode ser feito de maneira expressa ou 
tácita, e ambas podem ser individuais ou coletivas. 
Reconhecimento tácito: 
 Individual: envio ou recepção de agentes diplomáticos. 
 Coletivo: quando diversos Estados assinam um tratado que não aborda o 
reconhecimento e do qual faça parte o Estado a ser reconhecido, este 
será reconhecido tacitamente pelos outros, pelo simples fato de assinar o 
tratado. 
Reconhecimento expresso: 
 Individual: um Estado, por um ato qualquer, reconhece expressamente a 
existência de outro Estado. Pode ser feito de três formas: 
 
 
10 
1. por tratado de reconhecimento (exemplo: Portugal, em relação ao Brasil, 
quando de sua independência); 
2. por tratado de amizade (exemplo: a Rússia celebrou tais tratados em 
relação às repúblicas que surgiram da queda do império soviético, uma 
vez que as reconhecer como Estados seria inconstitucional. No tratado de 
amizade celebrado com a Lituânia, em nenhum momento a Rússia a 
reconhece como Estado. Ressalte-se que, embora tais tratados não 
tenham sido expressamente de reconhecimento, foram considerados 
como tais pela sociedade internacional); 
3. por notas diplomáticas unilaterais (um exemplo é a nota do Brasil 
endereçada à Croácia, em 1992, reconhecendo expressamente sua 
independência e conclamando-a para estabelecer representação 
diplomática no Brasil). 
 Reconhecimento por imposição de tratado de paz: um exemplo é o 
Tratado de Versalhes (1919), que impôs o reconhecimento, pela 
Alemanha, da Polônia e da Tchecoslováquia como Estados. Não surtiu 
efeitos. 
Reconhecimento de governo: o Estado já existe e toma-se necessário 
o reconhecimento de um dado governo quando há ruptura na sua ordem política, 
ou seja, quando há violação do sistema constitucional do Estado. Para a maioria 
dos autores, o reconhecimento de governo é obrigatório sempre que há mudança 
de governo por meios inconstitucionais. 
TEMA 5 – DIREITOS BÁSICOS DOS ESTADOS 
Segundo a Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA, 1948), 
os Estados são juridicamente iguais, desfrutam de iguais direitos e de igual 
capacidade para exercê-los e têm deveres iguais. Os direitos de cada um não 
dependem do poder de que dispõem para assegurar o seu exercício, mas sim 
do simples fato da sua existência como personalidade jurídica internacional. 
São direitos fundamentais a liberdade e a independência. São direitos 
derivados a igualdade – jurídica e relativa; o respeito mútuo; a reclamação 
internacional, segundo a qual, no caso de ofensa, o Estado pode ser reparado 
por representação internacional. Uma alternativa para isso é recorrer à Corte 
Internacional de Justiça, o que somente os Estados podem fazer; ou a outra 
 
 
11 
organização internacional. Por fim, os Estados têm direito de defesa e 
conservação. 
NA PRÁTICA 
Um exemplo da aplicação do conceito de soberania no âmbito externo é 
o Tratado de Assunção (1991). Por meio desse tratado foi criado o Mercado 
Comum do Sul (Mercosul). O Brasil ratificou tal tratado por meio do Decreto n. 
350/1991 (Brasil, 1991). 
Com a ratificação pelo Brasil, o tratado em comento passou a fazer parte 
do ordenamento jurídico pátrio, ficando o país, em decorrência dele, obrigado a 
cumpri-lo. 
Ou seja, o Brasil, sendo um Estado soberano, fez um acordo formal com 
outros países para que todos cumprissem o acordado por meio de determinado 
tratado. Assim, o país se obrigou a cumprir o acordo, perante outros Estados 
soberanos, uma vez que o Tratado de Assunção produziu direitos e obrigações 
para todos os signatários. 
Nesse sentido, podemos citar a Convenção de Havana sobre Tratados, 
que diz: “Art. 5º - Os tratados não são obrigatórios senão depois de ratificados 
pelos estados contratantes, ainda que esta cláusula não conste nos plenos 
poderes dos negociadores, em figure no próprio tratado” (Conferência, 1928). 
Portanto, não poderia qualquer outro país signatário do tratado, por 
exemplo, obrigar o Brasil a cumprir qualquer cláusula daquele apenas porque 
seus demais vizinhos consideram algumas práticas comerciais benéficas para a 
América Latina. 
Se assim o fosse, a soberania do país restaria ferida. Por isso, é 
necessário, antes, que o Brasil confirme sua vontade de tornar um tratado uma 
norma própria, pelos meios estabelecidos na sua Constituição vigente. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, estudamos aprofundadamente um dos principais atores 
internacionais, qual seja, o Estado. Para tanto, vimos o histórico e os principais 
elementos constitutivos do Estado, bem como compreendemos como se dá o 
reconhecimento dos Estados e governos. Por fim, estudamos os direitos básicos 
dos Estados, com base na Carta da OEA (1948). 
 
 
12 
REFERÊNCIAS 
ACCIOLY, H. Tratado de direito internacional público. 3. ed. São Paulo: 
Quartier Latin, 2009. 
BOBBIO, N. Teoria geral do direito. Tradução: Denise Agostinetti. 3. ed. São 
Paulo: Martins Fontes, 2010. 
BRASIL. Decreto n. 350, de 21 de novembro de 1991. Diário Oficial da União, 
Brasília, 22 nov. 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/dec
reto/1990-1994/D0350.htm>. Acesso em: 14 mar. 2019. 
_____. Lei n. 8.617, de 4 de janeiro de 1993. Diário Oficial da União, Brasília, 
p. 57, 5 jan. 1993. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8
617.htm>. Acesso em: 14 mar. 2019. 
CONFERÊNCIA INTERNACIONAL AMERICANA, 6, Havana. Convenção de 
Havana sobre Tratados. Havana, 20 fev. 1928. 
GUTIER, M. S. Introdução ao direito internacional público. Uberaba, jan. 
2011. Disponível em: <http://murillogutier.com.br/wp-
content/uploads/2012/02/INTRODU%C3%87%C3%83O-AO-DIREITO-
INTERNACIONAL-MURILLO-SAPIA-GUTIER.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2019. 
HUSEK, C. R. Curso de direito internacional público. 10. ed. São Paulo: LTr, 
2010. 
MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Penguin-Companhia, 2010. 
MAZZUOLI, V. de O. Curso de Direito Internacional Público. 5. ed., rev. e 
atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. 
OEA – Organização dos Estados Americanos. Carta da Organização dos 
Estados Americanos. Bogotá, 1948. 
ONU – Organização das Nações Unidas. Convenção das Nações Unidas 
sobre o Direito do Mar. Montego Bay, 10 dez. 1982. 
REZEK, F. Direito internacional público: curso complementar. São Paulo: 
Saraiva, 2008. 
TRATADO de Assunção. Tratado celebrado por Argentina, Brasil, Paraguai 
e Uruguai para criação do Mercado Comum do Sul (Mercosul). Assunção, 
1991. 
 
 
13 
TRATADO de Versalhes. Tratado de paz celebrado entre os Aliados e 
potências associadas e a Alemanha. Paris, 1919. 
TRATADOS de Vestfália. Série de tratados para encerramento da Guerra dos 
Trinta Anos. Münster, 1648. 
VENERAL, D.; KNIHS, K. K. Globalização, soberania e os atuais contornos da 
integração regional no âmbito do Mercosul. Cadernos da Escola Superior de 
Gestão Pública, Política, Jurídica e Segurança, Curitiba, v. 1, n. 1, 2018.

Continue navegando