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APOSTILA NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL docx

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Nutririscursos por Iris Lengruber 
 
O Guia Alimentar para a População Brasileira como pilar 
da Nutrição Comportamental 
 
 
 
 
TRANSTORNOS ALIMENTARES 
 
 Os Transtornos Alimentares são 
caracterizados por perturbações no 
comportamento alimentar, podendo levar ao 
emagrecimento extremo (caquexia - devido à 
inadequada redução da alimentação), à 
obesidade (devido à ingestão de grandes 
quantidades de comida), ou outros 
problemas físicos. Os principais tipos de 
Transtorno Alimentar são a Anorexia 
Nervosa e a Bulimia Nervosa, e ambos têm 
como características comuns: uma intensa 
preocupação como o peso e o medo 
excessivo de engordar, uma percepção 
distorcida da forma corporal, e a auto 
avaliação baseada no peso e na forma física. 
 
 Alguns autores caracterizam os 
Transtornos Alimentares como síndromes 
ligadas à cultura de determinadas 
sociedades. O que evidencia esta hipótese é 
o fato de que a Anorexia e a Bulimia têm uma 
prevalência maior entre mulheres jovens de 
países ocidentais, principalmente as que 
pertencem às camadas sociais mais 
privilegiadas. 
 
 Existem ainda outros diversos 
transtornos alimentares, um pouco menos 
descritos na literatura, mas não menos 
importantes. 
 
 O que se observa é que nem toda dieta 
resulta em transtorno alimentar, mas quase 
todo transtorno alimentar começou com uma 
dieta. 
 
 Além da obesidade, a nutrição 
comportamental trata esses transtornos 
alimentares também. 
 
 
 Hoje, não só aumenta o número 
de transtornos alimentares como o de suas 
vítimas. Tanto que o último Congresso 
Brasileiro de Psiquiatria (CBP), que 
aconteceu no Rio de Janeiro, contou com 
uma sessão especial para discutir as 
diferentes formas desse problema se 
manifestar. 
 
 Distúrbios alimentares, também 
chamados de transtornos alimentares, são 
condições complexas, nas quais as pessoas 
têm relação desvirtuada — e com diferentes 
características clínicas e psicopatológicas — 
com: 
 
- Os alimentos; 
- A autoestima; 
- A imagem corporal; 
- O peso. 
 
 Essas perturbações no comportamento 
alimentar podem levar à obesidade, ao 
emagrecimento extremo ou a outros 
problemas graves de saúde. 
 
Quais são as causas? 
 
 A etiologia dos Transtornos Alimentares 
está associada principalmente ao aspecto 
sociocultural, embora não se deva descartar 
os fatores biológicos, psicológicos e 
familiares. 
 
 A pressão cultural por manter-se magro, 
seja apenas para atender à um padrão 
estético, ou pela exigência de certas 
profissões (moda, esportes), aliada à 
presença de uma baixa autoestima, tornam o 
www.nutririscursos.com.br 
Professora: Iris Lengruber 
e-mail: nutririscursos@gmail.com 
 
http://www.nutririscursos.com.br/
 
 
 Nutririscursos por Iris Lengruber 
 
indivíduo mais propenso à desenvolver um 
quadro de Anorexia ou Bulimia, por exemplo. 
 
 Quanto aos aspectos biológicos, sabe-
se que o neurotransmissor chamado 
serotonina pode afetar o apetite, bem como 
o humor e o controle dos impulsos no 
indivíduo. Algumas pesquisas buscam 
investigar como os Transtornos Alimentares 
podem alterar os níveis de serotonina no 
cérebro, e também a maneira que o sistema 
nervoso projeta informações para o corpo 
sobre a fome e a saciedade. Por exemplo, a 
maioria das mulheres apresenta melhora do 
humor e do sentimento de bem estar depois 
de comerem, entretanto para as mulheres 
com anorexia, o não comer é que 
desencadeia a melhora do humor e do bem 
estar. 
 
 Dentre os transtornos alimentares 
reconhecidos, os mais conhecidos são: 
picamalácia, vigorexia, anorexia, bulimia e 
ortorexia. Vamos falar melhor sobre cada um 
deles. 
 
Picamalácia 
 
 Na literatura nacional e internacional, 
vários termos são utilizados para descrever 
a desordem alimentar conhecida como pica, 
caracterizada pela ingestão persistente de 
substâncias inadequadas com pequeno ou 
nenhum valor nutritivo, ou de substâncias 
comestíveis, mas não na sua forma habitual. 
Além desse, outros termos são propostos, 
tais como: picamalácia, picacia, picacismo, 
malácia, geomania, pseudorexia, entre 
outros – todos com diferentes graus de 
descontrole do apetite. Outra definição para 
pica refere-se ao gosto por alimentos 
esdrúxulos, condimentos raros ou 
substâncias estranhas. 
 
 Dentre as perversões do apetite mais 
comuns encontram-se a pagofagia (ingestão 
de gelo), a geofagia (ingestão de terra ou 
barro), a amilofagia (ingestão de goma, 
principalmente a de lavanderia), o consumo 
de miscelâneas (combinações atípicas) e 
frutas verdes. No entanto, outras substâncias 
não alimentares também são referidas, como 
palitos de fósforo queimados, cabelo, pedra 
e cascalho, carvão, fuligem, cinzas, 
comprimidos de antiácidos, leite de 
magnésia, borra de café, bolinhas de 
naftalina, pedaços de câmara de ar, plástico, 
tinta, sabonete, giz, toalha de papel e, até 
mesmo, sujeira 
 Esse transtorno é mais comum em 
crianças e mulheres grávidas. Seu nome é 
baseado no nome latim de um corvo famoso 
por comer de tudo. 
 
Vigorexia 
 
 É a obsessão por um corpo musculoso 
e atraente, quase sempre em homens. 
 
 Envolve um treinamento muscular 
obsessivo e alimentação voltada para a 
manutenção desse corpo com uso frequente 
de anabolizantes. 
 
 É classificada junto com os transtornos 
alimentares por envolver um “disformismo” 
corporal reforçado pelo culto a imagem, o 
desenvolvimento de uma alimentação 
restritiva e hábitos patológicos com causas, 
consequências e tratamento semelhantes ao 
da anorexia e bulimia. 
 
Anorexia Nervosa 
 
 Distúrbio alimentar que leva a pessoa a 
ter uma visão distorcida de seu corpo, que se 
torna uma obsessão por seu peso e aquilo 
que come. 
 
 O principal sintoma é tentar manter-se 
num peso abaixo do normal por meio de 
jejum ou da prática excessiva de exercícios 
físicos. 
 
 O problema pode afetar qualquer faixa 
etária ou gênero, mas é mais comum em 
mulheres jovens. 
 
 A perda de peso impulsionada pelo 
transtorno é extremamente perigosa. Pode 
provocar baixas na imunidade, 
enfraquecimento dos músculos e dos ossos, 
interrupção da menstruação, arritmia 
 
 
 Nutririscursos por Iris Lengruber 
 
cardíaca e convulsões. O quadro chega a ser 
inclusive fatal em 15% dos casos. 
 
 A anorexia está ligada a origens 
psicológicas e fisiológicas e, uma vez 
instalada, atrapalha a ação hormônios que 
controlam o apetite, o que deixa a pessoa 
constantemente sem fome. 
 
 O tratamento médico pode ser 
necessário para voltar a ter o peso normal. A 
psicoterapia visa ajudar na recuperação da 
autoestima e estabilizar as mudanças de 
comportamento. A abordagem 
comportamental do nutricionista será 
imprescindível para o sucesso. 
 
Ortorexia Nervosa 
 
 É uma desordem alimentar, não 
classificada como um Transtorno Alimentar 
oficial, pois não tem critérios diagnósticos 
estabelecidos definidos pela Organização 
Mundial de Saúde (OMS) e Manual 
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos 
Mentais (DSM), mas tem sido sugerido. 
 
 Trata-se de uma preocupação 
obsessiva por seguir uma alimentação 
saudável, que leva a restrições alimentares 
significativas. 
 
 Quadro recente e de caráter paradoxal, 
que mostra o lado insalubre de um 
comportamento alimentar “obsessivamente 
saudável”. 
 
 Diferentemente da anorexia ou da 
bulimia, pessoas que sofrem com ortorexia 
se dão ao direito de comer mas são 
obcecadas com a qualidade do que comem. 
 
 Pessoascom ortorexia frequentemente 
demonstram preocupação excessiva com 
alimentos e com suas qualidades 
nutricionais; costumam ter uma dieta muito 
restritiva; apresentam excessiva 
preocupação com o que comeu ou com o 
que vai comer; têm muita curiosidade em 
saber as composições de cada alimento e 
como eles foram feitos; e demonstram ainda 
incapacidade de comer algo que não foi 
preparado por ela mesma. O melhor 
tratamento para esse distúrbio será 
acompanhamento psicológico e abordagem 
comportamental da dieta. 
 
OBESIDADE 
 
 A obesidade é uma doença 
caracterizada pelo excessivo acúmulo de 
gordura corporal e normalmente está 
associada a problemas de saúde, 
comprometendo ainda mais o estado do 
indivíduo. 
 
 A obesidade é ainda um fator de risco 
importante para o surgimento de doenças 
crônicas, dentre as quais podemos citar: 
alguns tipos de câncer, hipertensão arterial, 
doenças cardiovasculares, apneia do sono, 
osteoartrite e diabete Melittus tipo dois; já 
que o acúmulo de gordura corporal leva a 
disfunções orgânicas importantes. 
 
 Entretanto, o que se sabe hoje é que 
obesidade não é uma derrota pessoal. É uma 
doença. E até por isso se faz necessário 
tratamento multidisciplinar. 
 
Entendendo os aspectos da obesidade 
 
 O ganho ou a perda ponderal se dão a 
partir sempre da mesma balança: se o 
consumo energético é maior que o gasto, 
haverá ganho de peso. Por outro lado, se o 
gasto energético for maior que o consumo, 
haverá perda de peso. Entretanto, no 
indivíduo algumas substâncias são cruciais 
na perda de peso ou no “fracasso” da dieta. 
Essas substâncias são conhecidas como 
hormônios. 
 
NPY (neuropeptídeo Y) 
 
 O NPY (neuropeptídeo Y), é um 
neurotransmissor que indica aumento de 
apetite. 
 O hormônio atua aumentando o apetite 
e com isso causa uma hipersecreção de 
insulina e de glicocorticoides. A leptina (outro 
hormônio que falaremos mais a frente) é 
ineficaz para reduzir a produção de NPY 
originando um fenótipo marcado pela 
 
 
 Nutririscursos por Iris Lengruber 
 
deposição de gordura ou obesidade 
dependendo da ingestão alimentar desse 
indivíduo. 
 
Grelina 
 
 A Grelina é um hormônio produzido pelo 
estômago que, no cérebro, aumenta a fome. 
 
 Nos obesos, a Grelina costuma aparecer 
em quantidades menores que o normal. 
Acredita-se que isso acontece como uma 
reação do organismo na tentativa de se 
proteger da obesidade. 
 
Leptina 
 
 A Leptina é outro hormônio envolvido 
na regulação do apetite (ingestão alimentar) 
e do balanço energético, costuma 
estar aumentada nos obesos. Ela é 
produzida pelas células adiposas, muito 
abundantes nessas pessoas. 
 
 
 
 As células adiposas produzem leptina 
que se dirige ao cérebro e atua no 
hipotálamo. “Avisa” que já existe gordura 
acumulada e assim o indivíduo pode 
moderar a ingestão. Um circuito bioquímico 
perfeito “antiobesidade”, já que diminui o 
apetite e aumenta o gasto energético, mas 
que infelizmente não funciona em alguns 
indivíduos com sobrepeso. Isso se deve à 
ausência ou defeito no receptor de 
Leptina no hipotálamo. O que leva ao 
aumento do NPY (aumentando o apetite!) 
 
CCK (Colecistoquinina) 
 
 Hormônio produzido e secretado no 
duodeno, pela presença de proteínas e 
gorduras das refeições. É responsável pela 
saciedade pós prandial. Atua ainda 
estimulando esvaziamento gástrico 
 
 
 
 
 
 
 
Privação do sono 
 
 A privação do sono faz um desajuste 
endócrino capaz de aumentar a ingestão 
alimentar e consequentemente a massa 
 
 
 Nutririscursos por Iris Lengruber 
 
corporal. Já que na ausência do sono se 
observa pouca Leptina e muita Grelina 
circulando, fazendo com que haja mais fome 
que saciedade. 
 
 
 
 Um resumo das principais funções 
desses dois hormônios citados acima: 
 
 
 
 
Hormônios explicariam “efeito sanfona”? 
 
 O Geneticista James Neel – 1962 
descobriu o que chamou de “teoria do gene 
econômico”. Na qual alguns hormônios 
atrapalhariam a manutenção de peso, 
reduzindo o metabolismo energético e 
aumentando a produção de gordura. 
 
 Isso seria uma programação metabólica 
do tempo das cavernas, na qual teria um 
gene responsável por estoque de energia. 
 
 Ou seja: como não se sabia quando 
comeria novamente, aconteceria uma 
diminuição de gasto energético em tempo de 
escassez. 
 
 Essa “vantagem” se tornou evolutiva e 
foi transmitida intacta por nossos ancestrais, 
e seria responsável pela obesidade nos dias 
atuais. 
 
 Assim, apesar de ter comida abundante 
ao inteiro dispor, o corpo continua 
acreditando que precisa estocar energia 
para os tempos de fome. 
 
 Na prática, seria assim: o indivíduo 
reduz a ingestão e/ou aumenta a atividade 
física, os hormônios aumentam o apetite e 
reduzem o metabolismo. 
 
 Essa teoria parece fazer sentido para 
todo mundo que já tentou de tudo para 
emagrecer e não conseguiu – ou conseguiu 
mas engordou tudo de novo. 
 
 A boa notícia, é que dando 
continuidade aos exercícios e reeducação 
alimentar, o NPY começa a cair, mesmo 
quando o peso entra num platô. A resistência 
insulínica também diminui. E em longo prazo 
se consegue uma regulação neuroendócrina 
da ingestão e do balanço energético. Ou 
seja, o corpo de adapta com o tempo. 
 
Hormônios da tireoide 
 
 A glândula tireoide está localizada no 
pescoço, logo abaixo da laringe (cordas 
vocais). Ela produz dois hormônios, 
triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), que 
regulam o metabolismo: maneira como o 
corpo usa e armazena energia. 
 
 A função da tireoide é controlada pela 
glândula hipófise, localizada no cérebro. A 
hipófise produz o hormônio estimulador da 
tireoide (TSH), que induz a tireoide a produzir 
T3 e T4. 
 
 No caso do hipotireoidismo o indivíduo 
produz muito pouco hormônio tireoidiano. 
Outro termo usado é "tireoide hipoativa." 
 
 
 
 Nutririscursos por Iris Lengruber 
 
 O hipotireoidismo é a doença mais 
comum da tireoide, ocorre mais 
frequentemente em mulheres e pessoas com 
mais de 60 anos de idade e tende a se repetir 
entre os membros da família. 
 
 Os sintomas de hipotireoidismo podem 
incluir: cansaço / lentidão; depressão mental; 
sensação de frio; pequeno ganho de peso 
(apenas 2 a 4 kg); pele e cabelo secos; 
constipação; irregularidades menstruais. 
 
 Esses sintomas não são exclusivos do 
hipotireoidismo. Um simples exame de 
sangue pode mostrar se os sintomas são 
devidos ao hipotireoidismo ou de alguma 
outra causa. Pessoas com hipotireoidismo 
leve podem não ter qualquer sintoma. 
 
 Com o metabolismo mais lento e o 
mesmo consumo energético, pode haver o 
ganho de peso. Mas apenas 5% dos casos 
de obesidade têm causas tireoidianas. 
 
HISTÓRICO ALIMENTAR 
 
 Há uns 40 anos atrás, o solo era mais 
rico em nutrientes; a alimentação era mais 
equilibrada, natural, valorizada, sem 
produtos químicos e no tempo certo. 
 
 A qualidade ambiental era muito 
superior, e as pessoas obrigatoriamente se 
movimentavam mais (lavando roupa, 
capinando, colhendo, plantando...). 
 
 Havia menor estresse social e a 
medicina era mais natural e integrada. 
 
 Em contrapartida, hoje o solo está mais 
pobre em nutrientes, a alimentação anda 
desequilibrada, pouco natural, com excesso 
de químicos, fora de hora e sem tempo 
adequado. 
 
 A qualidade ambiental é ruim e as 
pessoas estão cada vez mais sedentárias. 
Sem contar com o alto nível de estresse 
social e a medicina que está cada vez mais 
especializada e menos integrada. 
 
 Nos tempos mais remotos o indivíduo 
tinha que caçar, pescar e colher o que a 
natureza oferecia para conseguir se 
alimentar. 
 
 Com o avançar do tempo, o homem 
começou a dominar as técnicas 
agropecuárias. Agora então, ele não precisa 
comer apenas o que a natureza e a 
oportunidade lhe dão. Ele pode plantar oque 
deseja colher e criar os animais que desejar 
abater. 
 
 Com a Revolução Industrial, veio a 
necessidade de aumentar a conservação 
dos alimentos, e com isso começaram a 
surgir os alimentos embalados: 
processados. 
 
 Paralelo a esse movimento, a mulher 
veio ganhando mais espaço no mercado de 
trabalho. Com a mulher mais tempo fora de 
casa e com ninguém para assumir o papel 
dela (que era de dona de casa, que 
cozinhava para a família), houve um 
aumento expressivo no consumo de 
alimentos industrializados. A publicidade de 
alimentos ficou cada vez mais forte também, 
aumentando as vendas desse tipo de 
produto. 
 
 Com o aumento da urbanização e com 
o avanço das tecnologias, aumentaram os 
hábitos sedentários. 
 
 Com hábitos sedentários, consumo 
excessivo de alimentos industrializados e o 
aumento do estresse, aumentam os casos 
de obesidade e consequentemente o 
surgimento de doenças crônicas não 
transmissíveis cada vez mais precoce. 
 
GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO 
BRASILEIRA 
 
 Com o objetivo de promover a saúde 
das pessoas, famílias, comunidades e 
sociedade brasileira, o Ministério da Saúde 
publicou o Guia Alimentar Para a População 
Brasileira: um conjunto de informações e 
recomendações sobre alimentação 
 
 
 Nutririscursos por Iris Lengruber 
 
saudável. Está na segunda edição (a 
primeira foi publicada em 2006). 
 
 O Guia traz definições de alimentos in 
natura ou minimamente processados, 
alimentos processados e alimentos 
ultraprocessados. 
 
 O Guia apresenta ainda os 10 passos 
para uma alimentação adequada e saudável: 
 
1. Fazer de alimentos in natura ou 
minimamente processados a base da 
alimentação 
2. Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar 
em pequenas quantidades ao 
temperar e cozinhar alimentos e criar 
preparações culinárias 
3. Limitar o consumo de alimentos 
processados 
4. Evitar o consumo de alimentos 
ultraprocessados 
5. Comer com regularidade e atenção, 
em ambientes apropriados e, sempre 
que possível, com companhia. 
6. Fazer compras em locais que ofertem 
variedades de alimentos in natura ou 
minimamente processados 
7. Desenvolver, exercitar e partilhar 
habilidades culinárias 
8. Planejar o uso do tempo para dar à 
alimentação o espaço que ela merece 
9. Dar preferência, quando fora de casa, 
a locais que servem refeições feitas 
na hora 
10. Ser crítico quanto a informações, 
orientações e mensagens sobre 
alimentação veiculadas em 
propagandas comerciais 
 
QUAL A RELAÇÃO DO GUIA ALIMENTAR 
PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA COM 
A NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL? 
 
 O Guia Alimentar Para a População é a 
ferramenta recomendado pelo Ministério da 
Saúde para orientação em relação à 
alimentação saudável e adequada. E o que 
se observa é que o Guia possui uma 
abordagem totalmente comportamental, 
quando deixa claro que nada é proibido, 
porém nem tudo convém; quando propõe 
mudanças de hábitos através do consumo de 
comida de verdade, e principalmente: fala da 
importância das relações interpessoais e sua 
relação com o ato de se alimentar. 
 
POR QUE AS DIETAS NÃO FUNCIONAM? 
 
 Porque muito se fala (e conhece) sobre 
nutrição e alimentação, mas as pessoas não 
estão mais saudáveis. Simplesmente porque 
a orientação tradicional, focada em 
prescrição, não garante mudança de 
comportamento, que é a base para o 
sucesso duradouro. 
 
 Infelizmente, o que se observa é uma 
tendência ao "nutricionismo" e ortorexia 
como focos na nutrição. E com isso observa-
se cada vez mais indivíduos com relação 
“neurótica” com a comida 
 
A ABORDAGEM COMPORTAMENTAL 
 
 Por muitos anos, a Nutrição foi baseada 
em uma abordagem mais racional e 
matemática dos alimentos: calorias, 
nutrientes e cálculos importavam muito! 
 E se materializavam na forma de dietas, 
muitas vezes monótonas, cheias de regras, 
quantidades e proibições. Felizmente, hoje 
muitos profissionais já sabem o que é 
“nutrição comportamental”, e essa 
abordagem está se tornando cada vez mais 
aceita pelas pessoas. 
 Hoje, já está claro que saber a 
quantidade de calorias que uma pessoa 
ingere diariamente não é suficiente, e nem é 
tão interessante saber esse número se a 
relação dela com a comida for ruim. 
 Isso porque o comportamento diante da 
mesa e os hábitos alimentares são tão 
importantes quanto os nutrientes que a 
pessoa come. 
 A nutricionista Sophie Sophie Deram é 
franco-brasileira, doutora pelo departamento 
de Endocrinologia da Faculdade de Medicina 
da Universidade de São Paulo (FMUSP) e 
 
 
 Nutririscursos por Iris Lengruber 
 
autora do livro best-seller “O peso das 
dietas”. Ela sempre teve como objetivo 
mostrar que sim, o nutriente importa, mas 
que também é preciso comer em paz, sem 
culpa e ter prazer! Ela diz que fomos tão 
bombardeados com terrorismo nutricional 
nos últimos anos que já perdemos essa 
noção. E ela está com a razão. 
 Um tempo depois, a nutricionista Marle 
Alvarenga, coordenadora do Grupo 
Especializado em Nutrição, Transtornos 
Alimentares e Obesidade (Genta) e uma das 
idealizadoras do Instituto Nutrição 
Comportamental foi uma das pessoas que 
recentemente ajudou a popularizar o tema. 
 No entanto, o comportamento alimentar 
já vem sendo estudado há muitos anos por 
psicólogos e sociólogos, que vêm notando 
que as pessoas não escolhem os alimentos 
somente pela razão. 
 Podemos dizer que passamos a saber 
o que é nutrição comportamental e a usar 
essa nomenclatura quando descobrimos que 
poderíamos mesclar todos esses 
conhecimentos. E desacreditamos na 
contagem de calorias e em dietas restritivas, 
dando mais importância em rever o estilo de 
vida como um todo e na reeducação 
alimentar. 
Premissas da nutrição comportamental 
 Ser inclusivo, no qual todos os 
nutricionistas (independentemente de sua 
formação, área de atuação e “filosofia” de 
trabalho atual) podem encontrar novas 
estratégias, ferramentas e subsídios para 
sua prática profissional. 
 Traz a proposta de outro modo de 
atuação, com uma visão ampla (que não visa 
discordar de “tudo que aí está”). 
 Defende que todos os alimentos podem 
fazer parte de uma alimentação saudável - 
respeitadas as questões de quantidade e 
frequência – e defende ainda a alimentação 
pensada e planejada nos contextos 
fisiológico, cultural, social e emocional. 
 Compactua com todas as diretrizes 
clássicas da nutrição, mas não se opõe 
totalmente à indústria de alimentos. 
 Acredita que é possível realizar ações 
conjuntas para divulgação de estratégias e 
conhecimento, e também para comunicação 
inclusiva, abrangente e responsável sobre 
nutrição e saúde. 
 A Nutrição Comportamental é a favor de 
uma comunicação e orientação nutricional 
que não se baseia em “dietas”. Acredita que 
a saúde depende de comportamentos 
saudáveis e não de um determinado peso – 
pois peso não é um comportamento e, 
portanto, não deve ser o foco de um 
tratamento nutricional (e sim uma possível 
consequência da mudança de 
comportamento). 
 De acordo com a Nutrição 
Comportamental, o profissional tem que ir 
além dos horizontes biológicos e fisiológicos 
da alimentação, transmitindo seu 
conhecimento técnico e científico de maneira 
eficaz, proporcionando mudanças de 
comportamento, entendendo e se 
relacionando melhor com seus pacientes e 
se comunicando de forma ética com seus 
públicos. 
 O nutricionista deve trabalhar muito mais 
com incentivos do tipo: “Você consegue”; 
“Um dia de cada vez”, que com autoritarismo 
e críticas. 
Comportamento e Atitude 
 O comportamento alimentar é 
representado pelas ações e condutas 
alimentares regidas por um conjunto de 
cognições (pensamentos) e afetos. 
 
 
 
 Nutririscursos por Iris Lengruber 
 
 
Papel do Nutricionista 
 
 O papel do nutricionista na abordagemcomportamental deve ser de aconselhador, e 
não de prescritor. Utilizando técnicas de 
comunicação efetiva, ferramentas para 
garantir as mudanças de hábitos e 
dominando as teorias sobre cuidados além 
do nutriente. 
 
 O foco está na resolução dos problemas 
seguindo um processo no qual o paciente 
estabelece metas e objetivos de maneira 
colaborativa com seu nutricionista, a fim de 
trabalhar comportamentos, o que irá resultar 
na alteração de emoções e sentimentos. 
Mindful eating – Comer Intuitivo 
 Comer com atenção plena, ou comer 
intuitivo. A proposta é que as pessoas 
aprendam a atender seus sinais internos de 
fome e saciedade mantendo uma sintonia 
com a comida, a mente e o corpo e sejam 
menos influenciadas por fatores externos 
(modelos atuais de beleza, dietas, crenças 
alimentares, profissionais da área de saúde, 
mídias sociais, etc). 
 Expert do próprio corpo, ninguém tem 
como saber quais são nossos pensamentos, 
sentimentos, se estamos ou não com fome e 
o que nos satisfaz naquele determinado 
momento. 
Os três pilares do Comer Intuitivo 
1. Permissão incondicional para comer – 
uma vez que não é proibido, não 
preciso comer muito, pois sempre que 
quiser, pode comer novamente. 
2. Atender aos sinais de fome e 
saciedade – não comer nem de mais 
nem de menos. Apenas o suficiente 
para ficar saciado e ter conforto. 
3. Comer por razões físicas e não 
emocionais – estar atento à fome 
fisiológica e emocional. 
 
Os dez princípios do Comer Intuitivo 
1. Rejeitar a mentalidade da dieta 
 
 Levar o indivíduo a normalizar sua 
relação com a comida, esquecendo livros de 
dieta e artigos de revista que ofereçam a 
falsa esperança de perda de peso rápida, 
fácil e permanente. 
 No atendimento clínico, é hora de 
explorar crenças sobre dietas; discutir efeitos 
da dieta (com histórico dos pacientes) e 
explorar como as dietas interferiram na vida 
dele. 
 
2. Honrar a fome 
 
 Manter o corpo alimentado apenas com 
energia suficiente. Orientar que se deixar 
atingir o ponto máximo da fome, todas as 
tentativas de moderar e comer 
conscientemente podem se tornar 
ineficazes. 
 
3. Fazer as pazes com a comida 
 
 Quando é dito que "não pode" ou que 
"não deve" comer determinado alimento, isso 
poderá intensificar os sentimentos de 
privação e gerar vontades incontroláveis. 
Esse tipo de comportamento costuma levar a 
 
 
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compulsões alimentares. A permissão 
incondicional para comer ajuda a fazer as 
pazes com a comida. 
 
4. Desafie o "policial da comida“ 
 
 Dizer "não" aos pensamentos que falam 
que você é "bom" quando come o mínimo de 
calorias ou "ruim" porque você comeu um 
pedaço de torta de chocolate. Espantar o 
"policial da comida" é um importante passo 
para se reconectar com o comer intuitivo. 
 
5. Respeitar a saciedade 
 
 Escutar os sinais do corpo quando 
demonstrar saciedade ou fome ainda. 
 
 Parar na metade da refeição e se 
perguntar qual é o sabor da comida e como 
anda o seu nível de saciedade pode ser uma 
boa estratégia. 
 
6. Descubra um momento de satisfação 
 
 Quando você come o que realmente 
quer, em um ambiente convidativo, a 
satisfação promovida se tornará uma força 
poderosa na percepção da saciedade e do 
contentamento. 
 
7. Honre os sentimentos sem a comida 
 
 Encontrar maneiras de alívio, estímulo, 
distração e resolver problemas sem usar a 
comida. 
 Ansiedade, solidão, tédio e raiva são 
emoções que todos vivenciam ao longo da 
vida. 
 Cada uma delas tem seu próprio início 
e fim. A comida não consertará nenhum 
desses sentimentos. 
 Comer motivado pela emoção: 
escolhas alimentares são influenciadas por 
como nos sentimos no momento da refeição. 
 
 Comer emocional: escolher comida 
numa tentativa de mudar o estado 
emocional. Nesse caso geralmente não se 
sabe diferenciar a sensação de fome de 
outras sensações corporais. Pode começar 
na infância - expressão de amor ou 
premiação. 
 É importante saber diferenciar a fome 
física, fisiológica da fome emocional. 
 
8. Respeite seu corpo e aceite sua 
genética 
 
 Fica muito difícil rejeitar a mentalidade 
de dieta se existem expectativas fantasiosas 
e se é extremamente crítico com relação a 
própria forma corporal. É importante 
respeitar o corpo para aumentar a 
autoestima e respeito próprio. 
 
9. Se exercitar 
 
 Ser ativo e sentir a diferença. 
 
 Mudar o foco para como se sente 
movendo o corpo, em vez de quantas 
calorias se gasta fazendo o exercício. 
 
 Se, a única meta é perder peso, não 
haverá motivação suficiente para sair da 
inércia. 
 
 
 
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 É importante encontrar uma atividade 
que dê prazer. 
 
 A atitude perante a si sobre o exercício 
que está sendo praticado é importante para 
a concentração na atividade. 
 
 Mente integrada ao corpo durante o 
exercício - estar presente, com atenção 
plena voltada para a atividade = capacidade 
de sentir o corpo e dosar a quantidade. 
 
 Dicas para praticar exercícios de forma 
saudável e efetiva: 
 Avaliar a motivação para se exercitar; 
 Fazer atividades que tragam prazer; 
 Nunca focar no conceito de calorias 
para realizar atividades; 
 Se alimentar com energia necessária 
e adequada; 
 Reservar e fazer ser prioritário o 
tempo na agenda para se cuidar 
 
10. Honre sua saúde 
 
 Usar os conhecimentos nutricionais de 
forma flexível permite que se faça escolhas 
alimentares que honrem a saúde enquanto 
faz se sentir melhor. 
 Ninguém precisa de uma dieta perfeita 
para ser saudável. 
 Ninguém ficará repentinamente com 
alguma deficiência nutricional, ou ganhará 
peso em um único lanche, em uma única 
refeição, ou em um único dia. 
Papel do Nutricionista 
 Fazer uma comunicação mais 
responsável e inclusiva que estabeleça 
vínculos, segurança e respeito. 
 Incentivar hábitos saudáveis e não 
apenas alimentação saudável 
ATIVIDADES PRÁTICAS BASEADAS NAS 
TÉCNICAS DE NUTRIÇÃO 
COMPORTAMENTAL 
ATIVIDADE 1 - “Diagrama dos círculos” – 
metas atingíveis 
 Ajuda o indivíduo a estabelecer metas. 
 As metas são definidas e redefinidas 
durante todo o tratamento. Podem ser 
definidas em conjunto, na consulta, ou em 
casa pelo paciente. 
 
 As metas devem ser definidas de 
acordo com o motivo que o levou ao 
consultório e devem ser atingíveis. 
 Ideal deixar algumas metas em branco, 
para que o paciente possa buscar novas 
metas para as próximas consultas. 
 O paciente deve escolher uma meta 
para começar. O nutricionista pode ajudar 
com essa escolha e depois desenvolver o 
plano de ação. O resultado desejado e uma 
mudança de comportamento. 
 Exemplo de plano de ação para a 
meta “tomar café da manhã”: 
1. A mudança que eu quero fazer é 
possível e viável? 
2. Quais são os motivos para essa 
mudança? 
3. O que quero alcançar com essa 
mudança? 
4. Como eu planejo para fazer essa 
mudança? 
 
 
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A partir desse passo, o nutricionista 
vai auxiliar com o planejamento para 
que entre verdadeiramente na rotina: 
5. Quais estratégias e instrumentos eu 
planejo usar? Pensar no que comer, 
dar opções... 
6. Quais são os planos para os 
momentos difíceis? Dar opções para 
situações que dificultem o processo – 
por exemplo, acordar atrasado 
7. Como outras pessoas do meu 
convívio podem me ajudar? 
Identificar pessoas que podem 
auxiliar a comprar, arrumar, estar 
junto... 
 
Como acompanhar o progresso: 
 No retorno, é importante que o 
nutricionista inicie a conversa retomandoa 
meta proposta. Perguntar como ele avalia o 
progresso geral desde a última consulta. 
 Perguntar o que foi bem e o que não foi 
tão bem assim. Se ele está disposto a 
continuar tentando, e o que ele pode fazer 
para ser melhor dessa vez. 
 O nutricionista deve refletir e resumir 
sobre as respostas do paciente e dialogar 
sobre as conquistas e as dificuldades. 
 O profissional deve saber interpretar 
discursos que podem sinalizar diversas 
questões. Por exemplo: 
“Não consegui tomar o café da manhã, pois 
tive uma semana muito estressante, apesar 
de minha esposa ter comprado os alimentos” 
 Esse típico discurso pode demonstrar 
resistência. É hora de renovar a motivação, 
sugerir novas soluções, não deixar o 
paciente se sentir fracassado e pensar juntos 
se vale partir para uma nova meta ou insistir 
nessa. 
ATIVIDADE 2 - “Odômetro da fome” 
 Essa atividade tem como objetivo 
explicar os conceitos de fome e saciedade. É 
sugerida para indivíduos que tendem a 
comer demais numa mesma refeição, ou que 
relata estar sempre com fome 
 
 Orientar que o ideal é se alimentar entre 
o nível 4 e 6. Treinar para que consiga comer 
com tranquilidade, sem muita fome, e sem 
estufamento, encontrando assim o meio 
termo! 
 Importante salientar que todo esse 
processo tem que ser totalmente sem 
neuras!!! 
ATIVIDADE 3 – “Habituação Sistemática” 
 Essa atividade tem o objetivo de auxiliar 
o indivíduo a se habituar e a fazer as pazes 
com diferentes tipos de comida. É importante 
identificar o alimento, falar sempre sobre 
comer sem culpa e trabalhar até eliminar o 
“proibido”. 
 A experiência pode ser feita em casa, 
num restaurante ou até no consultório, se o 
paciente preferir. 
Seguir o seguinte roteiro: 
 Escolha o alimento exato que te faz 
sentir culpado (tamanho, marca, 
sabor...). 
 Escolha a forma e lugar que fará isso 
– tem que ser sem estresse – talvez 
sozinho seja melhor. 
 Faça as seguintes anotações: 
 
1. Como ficou antes (curioso, ansioso, 
preocupado, medo)? 
 
 
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2. Durante: sabor, textura, tato. 
Correspondeu às expectativas? 
3. Te fez lembrar de algum momento 
afetivo? 
4. Após: faria de novo? Faria algo 
diferente? 
 
Os resultados ... 
 O fato de estar comendo o que não é 
mais proibido, muitas vezes muda a 
percepção de sabor do alimento. 
 Se o alimento faz ligação afetiva com 
algum momento de vida ou laços pessoais, 
não deixará de existir na dieta, mas agora 
não é mais proibido! 
ATIVIDADE 4 – Fazer as pazes com a 
comida 
 Essa atividade tem como objetivo 
ajudar o paciente a assumir uma postura de 
“neutralidade” com a comida, evitando o 
“certo ou errado”, “engorda ou não engorda” 
 Pense em todos os alimentos que 
você adora comer, sem julgamentos 
de serem saudáveis ou não; 
 Faça uma lista com os preferidos – da 
maçã ao brigadeiro! 
 Agora circule com cores diferentes os 
alimentos da lista que você considera 
perigosos ou proibidos, ou que geram 
medo, ansiedade, culpa... 
 
Depois, faça a seguinte reflexão com o 
paciente: 
 Se você se permitir comer todos os 
alimentos que deseja, sem culpa ou 
julgamento, do que você tem medo? 
Respostas mais comuns: 
 Medo de ganhar peso; 
 Medo de perder o controle; 
 Medo de prejudicar a saúde... 
 
 A partir daí, pode-se escolher esses 
alimentos para a dinâmica de comer sem 
culpa. 
 O nutricionista deve encorajar o 
paciente, para que ele entenda que será 
necessário dizer sim, para depois conseguir 
dizer não. 
ATIVIDADE 5 – Comer Emocional 
 O objetivo dessa atividade é ajudar as 
pessoas a identificar situações em que 
comem em respostas às suas emoções e 
propor que criem comportamentos 
alternativos para atender às necessidades 
que não estejam relacionados à comida. 
 O nutricionista deve propor que o 
paciente use a tabela (exemplo a seguir), e 
deve orientá-lo a pensar sobre o que pode ter 
acontecido ao longo do dia, quando perceber 
que está comendo ou com vontade de comer 
emocionalmente. 
 
 Numa próxima consulta, podemos 
perguntar qual situação o paciente fica feliz 
ao vivenciar, que vamos sugerir como 
comportamento alternativo: 
 
ATIVIDADE 6 – Associando sentimentos a 
comportamentos 
 O objetivo desse estudo é ajudar o 
indivíduo a identificar seus sentimentos e 
associá-los ao seu dia para que perceba as 
razões de estar como está e aprender a não 
usar a comida para suprir suas necessidades 
 O paciente deve ser orientado a 
preencher essa tabela toda vez que quiser 
restringir demais; comer demais, ou quando 
tiver um desejo intenso por algum alimento. 
Utilize escalas de 0 a 10 para 
classificações: 
 
 
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 Com a tabela preenchida, ajudar o 
indivíduo a perceber se o sentimento, desejo 
de comer, ou de restringir, se relacionam 
com o grau de estresse, fata de sono, ou 
outras emoções e necessidades. 
ATIVIDADE 7 – Atribuição de valores 
 O objetivo dessa atividade é ajudar o 
indivíduo a refletir e se conscientizar de seus 
valores. 
 O nutricionista deve iniciar a atividade 
sugerindo que o paciente pense em 
características que valoriza a si mesmo, e 
que não tem nada a ver com aparência. 
 Caso não encontre sozinho, fale para 
ele pensar em elogios que já recebeu (que 
não tenham nada a ver com o corpo) 
 Deve-se evitar exemplos, mas se for 
necessário, ajude. 
Reflexão após exercício: 
 O quanto você percebe suas 
qualidades? 
 Como usa seus atributos nas 
situações de dificuldades? 
 
 Não tem objetivo de aumentar 
autoestima, mas aprender a reconhecer e 
usar seus atributos em situações de 
dificuldades. 
ATIVIDADE 8 – 12 Maneiras de amar seu 
corpo 
 O objetivo dessa atividade é incentivar 
o paciente a perceber seu corpo com amor e 
compaixão, sem evidenciar suas 
insatisfações. 
 A proposta é entregar a lista ao paciente 
e sugerir que carregue com ele. Para ler 
sempre que começar a se depreciar ou ter 
pensamentos negativos em relação ao seu 
corpo. 
12 maneiras de amar seu corpo: 
1. Nascemos amando nossos corpos. 
Um bebê sugando os dedos dos pés, 
não está preocupado se aquele corpo 
é gordo – tente se amar dessa forma; 
2. Pense no seu corpo como um templo: 
crie uma lista de coisas que pode 
fazer com ele; 
3. Seja consciente que ele é instrumento 
de sua vida, não da vida dos outros; 
4. Faça uma lista de pessoas que 
admira, que contribuem para a 
sociedade e para o mundo – quanto 
sua aparência importa para seu 
sucesso e realização? 
5. Curta seu corpo – dance, caminhe, 
cante, tome um banho de espuma, 
faça massagem... 
6. Não deixe sua figura externa te 
afastar das coisas que gosta de fazer; 
7. Conte mais suas vitórias que suas 
falhas; 
8. Deixe brilhar sua individualidade e 
beleza inatas; 
9. Olhe para as fotos de família. 
Encontre a beleza, o amor, os valores 
em cada corpo e rosto – guarde isso 
no coração. 
10. Se você tivesse apenas mais um ano 
de vida, o quão seria importante sua 
imagem corporal? 
 
11. Faça uma análise do seu guarda-
roupa: você usa roupas para esconder 
seu corpo ou para estar na moda? 
Mantenha apenas o que te dê conforto 
 
12. Beleza não é superficial. Ela reflete o 
todo. Ame, cultive e curta a pessoa 
que você é. 
 
ATIVIDADE 9 – “Meditação” do chocolate 
 O objetivo dessa atividade é aprender a 
comer com atenção plena. 
 
 
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 Sugerir que o paciente faça o exercício 
no dia escolhido, com o chocolate (ou outro 
alimento que ame) escolhido, em casa, ou 
onde achar que terá tranquilidade. 
Roteiro para o exercício (pode utilizar 
uma música para meditação ou que 
acalme): 
 Coloque-se em uma posição 
confortável, respirefundo e 
comprometa-se a usar todos os 
sentidos nesse exercício; 
 Desembrulhe o chocolate lentamente, 
prestando atenção no barulho do 
papel; 
 Observe a cor, formato e textura do 
chocolate; 
 Leve o chocolate ao nariz e respire 
profundamente algumas vezes – 
perceba as sensações com o cheiro 
do chocolate 
 Dê uma pequena mordida no 
chocolate, e deixe-o por alguns 
momentos em sua língua; 
 Não mastigue direto; 
 Pense em algumas características 
que possam descrever o sabor do 
chocolate nesse momento – doce, 
amargo, suave... 
 Perceba também os sentimentos – 
sensações, memórias que possam 
surgir – mesmo que sejam negativos, 
como a culpa. 
 Agora mastigue o chocolate, perceba 
o som da sua mandíbula quebrando o 
chocolate em pedaços menores – é 
crocante? É macio? 
 Perceba agora a sensação na 
garganta, enquanto engole devagar... 
 Faça isso até acabar o chocolate ou 
você não querer mais. 
 
REFLEXÃO SOBRE A EXPERIÊNCIA 
 Você ficou surpreso com a intensidade 
de prazer que se pode obter com um 
pequeno pedaço de chocolate? 
 Comendo dessa forma, teve o gosto 
que sempre teve antes? 
 Você gostaria de mudar a maneira 
como come um chocolate? 
 Esse exercício pode ser feito com 
qualquer alimento que o paciente tenha 
dificuldade de comer de forma consciente. 
ATIVIDADE 10 – Identificando e 
reestruturando pensamentos negativos 
 O objetivo dessa atividade é ajudar o 
paciente a reestruturar os pensamentos 
negativos automáticos em perspectivas mais 
positivas e realistas. 
 Exemplo de situação: 
 
ATIVIDADE 11 – O tamanho da vontade 
 O objetivo dessa atividade é identificar 
a intensidade da vontade de comer, para 
pensar melhor sobre as decisões de comer 
ou não. 
 Nessa atividade o paciente começa a se 
fazer perguntas, e as respostas vão guiando 
as decisões – como uma “árvore decisória”. 
Quando aparecer o desejo de comer, se 
perguntar: 
1. É fome? 
 
 Fome não é específico. 
 Não temos fome de coxinha ou 
chocolate. 
 Temos fome de qualquer alimento que 
mate a fome. 
 
Então se pergunte: eu comeria agora um ovo 
cozido, uma maçã ou uma cenoura crua? 
 
 
 
 Nutririscursos por Iris Lengruber 
 
Se a resposta for sim: coma adequadamente 
pensando na sua fome 
Se a resposta for não: passe para a próxima 
pergunta 
2. É vontadezinha? 
 
 Essa vontade é aquela relacionada a 
uma situação social. 
 Aparece quando o alimento está 
disponível. 
 Você não estava percebendo a fome, 
nem havia pensado em comer, mas 
depois que viu, quis. 
 Aparece quando sente o cheiro, 
escuta falar, vê... 
 
“FOME SOCIAL” – um bom exemplo é a 
pipoca do cinema. 
Se a resposta for sim: coma adequadamente 
pensando o quanto realmente precisa e se 
pode consumir uma pequena porção 
Se a resposta for não: passe para a próxima 
pergunta 
3. É vontade? 
 
 Essa vontade é aquela específica, 
mas não é urgente. 
 Tem relação com prazer, preferência, 
experiência... 
 Envolve o comer devagar e 
quantidades não exageradas. 
 
Então se pergunte: consigo me planejar para 
comer mais tarde ou daqui a alguns dias? 
Se a resposta for sim: coma com prazer, 
curtindo cada mordida, sem culpa. 
Se a resposta for não: passe para a próxima 
pergunta. 
4. É vontadezona? 
 
 Quando as demais perguntas não são 
verdadeiras, ou seja, QUERO COMER, mas 
sei que não é fome física, social nem vontade 
específica. 
 Também chamada de “fome 
emocional”. É uma vontade urgente de 
comer qualquer coisa gostosa que eu não sei 
bem o que é. 
 Geralmente está ligada a falta de 
controle, comer rápido, grande quantidade e 
não conseguir parar. 
 Muitas vezes se origina do acúmulo de 
vontades que não foram respeitadas e 
aceitas, gerando dessa forma um 
pensamento restritivo e come-se de forma 
impulsiva. 
ATIVIDADE 12 - aprendendo com a 
compulsão 
 O objetivo dessa atividade é refletir 
sobre um episódio de exagero ou compulsão 
e aprender o que pode ser diferente em uma 
próxima situação. 
 Explicar ao paciente que ao invés de se 
sentir derrotado após um episódio de 
compulsão, a situação pode ser significativa 
se ele estiver disposto a refletir sobre ela. 
Antes da compulsão 
 O que me parece ter sido o gatilho? 
 Eu estava vulnerável porque estava 
com fome, estressado, atarefado, 
cansado? 
 Será que eu tive pensamentos 
negativos automáticos? 
 Será que tive necessidade e não 
estava disposto a lidar, como: 
 
Me permitir fazer uma pausa ou “tirar uma 
soneca”. 
Estabelecer limites no trabalho, com amigos 
e/ou família. 
Me permitir dizer “não”. 
Durante a compulsão 
 Você se manteve presente e 
conectado durante a compulsão? 
 Você saboreou todas as 
mordidas/garfadas? 
 
 
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 Em algum momento você percebeu 
que a comida não estava tão 
saborosa ou boa? 
 
Depois da compulsão 
 O que eu poderia ter feito diferente? 
 Respeitar minha vulnerabilidade; 
 Dizer “não”; 
 Mudar de ambiente; 
 Garantir minha saciedade ao longo do 
dia; 
 Dormir direito 
 
VAMOS FALAR DE EMPATIA? 
 Empatia não é algo que se exerça de 
fora para dentro, de uma pessoa para outra. 
 
 Empatia é estar dentro de outra pessoa. 
Sentir o que ela sente, pensar o que ela 
pensa. Isso precisa ser exercitado 
diariamente. 
 
 A falta de empatia nos faz pessoas 
piores: julgamos ao invés de ajudarmos. 
 
 Para a prática comportamental é 
necessário ter um relacionamento intenso 
com o paciente e exercitar constantemente a 
empatia. Entendendo os problemas e as 
dificuldades dele é que vamos conseguir 
êxito no tratamento. 
 
REFERÊNCIAS: 
ALVARENGA et al. Nutrição 
Comportamental. Barueri-SP. Editora 
Manole, 2015. 
 
BAYS, JC. Mindful eating- a guide to 
discovering a healthy and joyful relationship 
with food. 1. ed. Boston & London: 
Shambhala, 2009. p. 1-208. 
 
HIRAYAMA, Marcio Sussumu et al. A 
percepção de comportamentos relacionados 
à atenção plena e a versão brasileira do 
Freiburg Mindfulness Inventory. Ciênc. 
saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 19, n. 9, p. 
3899-3914, set. 2014. 
 
Nutrição e Comportamento uma abordagem 
diferenciada -Annie Bello. 
 
POLLAN, M. Em defesa da comida. Editora 
Intrinseca, 2008. 
 
Prochaska, JO. Systems of Psychotherapy: 
A Transtheoretical Analysis. 2nd ed. Pacific 
Grove, California, 1984.

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