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PLURALISMO JURÍDICO, PÓS-COLONIALISMO E RESIGNIFICAÇÃO HERMENÊUTICA LEGAL PLURALISM, POSTCOLONIALISM AND HERMENEUTICS REFRAMING Ivone Fernandes Morcilo Lixa RESUMO O presente trabalho pretende discutir, a partir de uma perspectiva pluralista, a possibilidade de ser identificada uma concepção hermenêutica jurídica construída para além do tradicional centro geopolítico e cultural da modernidade, que se autocompreende como o mais desenvolvido e superior e que em troca desta superioridade lhe é imposta a “exigência moral” de desenvolver os povos “primitivos, rudes e bárbaros”. Analisando as experiências recentes do sistema jurídico e judicial brasileiro verifica-se a relevância do saber hegemonicamente tratado como subalterno – o pós-colonial - que, frente a impossibilidade de sustentação do discurso da modernidade, historicamente representou, e ainda representa, uma possibilidade epistemológica e política de efetiva autonomia e alternativa descolonizadora. PALAVRAS-CHAVES: Modernidade – Pós-colonialismo – Sistema Jurídico – Hermenêutica Jurídica. ABSTRACT The showing work intends to discuss, from a pluralist perspective, the possibility to be identified a legal hermeneutics conception built beyond the traditional cultural and geopolitical center of the modernity, which comprehends itself as the most developed and supreme, and that in return from this superiority is imposed to it the “moral requirement” to develop the more “primitive, rude and barbarian” people. Analyzing the recent experiences from the legal Brazilian system verifies that the relevance of the knowledge treated in a hegemonic perspective as subaltern – the postcolonial, which faced with the impossibility to sustain the modernity discuss, historically represented, and still represents a political and epistemological possibility of effective autonomy and decolonizing alternative. KEYWORDS: Modernity. Postcolonialism. Legal system. Legal hermeneutics. 1 A LÓGICA MONISTA: UM MITO DA MODERNIDADE “No começo era o projeto”. Com esta frase Zygmund Bauman abre uma análise acerca da modernidade demonstrando que, desde seu início, esteve marcada por naufrágios contabilizados como “baixas colaterais” do progresso.[1] Enquanto projeto a modernidade nasce com a expectativa de algo que deve ser modificado e tão somente tem sentido quando é partilhada a crença de que o mundo não é o que poderia ser, considerando-se os meios disponíveis ou esperados de tornar as coisas diferentes.[2] E uma das condições que poderiam ser diferentes era a própria condição de humanidade que no Antigo Regime era uma verdadeira abominação: uma violação da lei da história e um crime contra a razão humana.[3] Enfim, um projeto que não admite mais o futuro humano sem horizonte de progresso. Exatamente em nome deste futuro a razão científica deveria assumir o controle da história, reprimindo, domesticando e amordaçando as pulsões naturais[4], ao mesmo tempo em que domina e coloniza todas formas de saberes. Esta é a face interna, eurocêntrica, do projeto moderno que anuncia-se como emancipatória e racionalizadora da humanidade. Um discurso que oculta a irracionalidade justificadora de seu próprio mito e sua prática violenta. Estabelecendo um horizonte compreensivo desde o Sul[5], a modernidade pode ser interpretada como construção europeia do século XV que afirma a existência de um centro histórico mundial portador de uma concepção política de ordem econômica, política e social civilizadora. Em momentos históricos anteriores os impérios ou sistemas culturais coexistiam entre si, e apenas com a expansão europeia, que atinge a América no século XV e o Oriente no XVI , é que o planeta torna-se o “lugar” de uma “única” história mundial.[6] Para Enrique Dussel, o mito da modernidade é fundado nas seguintes crenças: 1. a civilização eurocêntrica moderna se autocompreende como a mais desenvolvida e superior; 2. em troca desta superioridade lhe é imposta a exigência moral de desenvolver os povos mais primitivos, rudes e bárbaros; 3. este processo de educação civilizadora deve ser conduzido pela Europa; 4. como o bárbaro se opõe ao processo civilizador, se necessário for e em último caso, a violência pode ser utilizada em nome do progresso (justificando-se, assim, a “guerra justa” colonial); 5. o processo civilizatório produz vítimas, mas como a violência é inevitável há um heroísmo intrínseco neste sacrifício salvador; 6. portanto, o bárbaro não é vítima, mas sim o culpado dos sacrifícios necessários, já que o “civilizado” é inocente por ser nobre sua missão; 7. portanto, o processo civilizatório possui “custos” para os povos atrasados (imaturas), para as raças escravizáveis e para todo débil.[7] Modernidade, portanto, é um projeto múltiplo, ambíguo e complexo que enfeixa em si relações de dominação desenvolvidas mundialmente desde o século XV cujo impulso foi a auto-elaboração europeia de um imaginário de “progresso” linear e universal. Uma “missão civilizadora” cujos “efeitos colaterais”, apesar de previstos e contabilizados desde seu início, eram “justificáveis e inevitáveis” para ser superado definitivamente o estado de natureza, conceito político que, além de ter servido para liquidar a experiência This version of Total HTML Converter is unregistered. * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 5728 histórica e cultural das civilizações não europeias, também é usado para apontar a irracional condição humana fora da sociedade civil. Este estado de natureza, marcado por um individualismo caótico, deveria, portanto, ser substituído por um mundo de indivíduos dotados de direitos iguais, formando-se, assim, um corpo político comum, uma força esmagadoramente maior do que qualquer um isolado, e governado por um único juiz dotado de summa potestas: o Estado. O contratualismo proposto por Hobbes, Locke e Rousseau, funda-se num jusnaturalismo próprio segundo o qual a edificação de uma nova ordem social e política deve estar subordinada a uma justiça comum racional e objetivamente elaborada de forma que sua compreensão se aproxime do novo método científico inaugurado pelas ciências naturais, e assim, a obrigação política e jurídica unificadas, anunciam-se como verdadeiras e objetivas. Para Rousseau ser moralmente livre significa agir de acordo com leis que o próprio prescreveu, leis que promovem o bem comum definido pela vontade geral. A vontade geral não coincide necessariamente com a vontade de todos. O que generaliza a vontade não é o número de vozes, mas o interesse comum que as une[8]. É nesta concepção de funda-se o corpo político: a recíproca obrigação política horizontal – cidadão para cidadão – e vertical – do cidadão para com o Estado. Nesta indissociável relação é que se compreende o objetivo do Direito moderno de combinar a máxima indisponibilidade com a máxima instrumentalidade. Por outras palavras, o Direito não pode servir de instrumento de violação da vontade geral e deve ser tão universal e abstrato como a vontade que o justifica. É a partir desta íntima relação entre a racionalização política e a jurídica que pode ser compreendida a doutrina do monismo jurídico. Para Antonio Carlos Wolkmer a doutrina monista é produto da conexão entre a suprema racionalização do poder do soberano e a positividade formal do Direito quando ao Estado é atribuído o monopólio exclusivo da produção das normas jurídicas. Por outras palavras, o Estado é o único agente legitimado capaz de criar legalidade para enquadrar as formas de relações sociais que se vão impondo[9]. Tal modelo que anuncia a superioridade do Direito estatal está nas bases da edificação da cultura jurídica brasileira. Analisando a trajetória histórica do pensamento jurídico nacional não é difícil perceber as razões que justificam a imposição do modelo de Direito do colonizador europeu. Desde o início da colonização, além da marginalização e do descaso pelas práticas costumeiras de um direito nativo e informal, umaordem normativa gradativamente implementa as condições e as necessidades essenciais do projeto colonizador dominante. A edificação deste imaginário jurídico estatal, formalista e dogmático está calcada doutrinariamente, quer no idealismo jusnaturalista, quer no tecnicismo positivista[10]. Neste sentido, a cultura jurídica nacional edificou-se como um saber subjulgado, subalterno da colonialidade de poder. Darcy Ribeiro na década de 60 definia como subalterno o característico do povo colonizado brasileiro. Daquele que privado de riqueza e do fruto de seu trabalho, degradado e humilhado assume como sua a imagem que era um simples reflexo da cosmovisão europeia, que considerava os povos coloniais racialmente inferiores[11]. Mesmo as elites, que tão bem serviram aos interesses centrais, historicamente vêem-se como destinados a serem subalternos políticos e intelectuais por ser naturalmente esta sua posição em relação às áreas centrais da geopolítica do poder e do conhecimento. Em síntese, o modelo de legalidade estatal dominante no Brasil é resultado de um processo colonizador que não se limitava a cultivar somente a terra, mas também uma cultura. Cultivar seres humanos, práticas, símbolos e valores capazes de garantir uma forma de coexistência social orientada segundo padrões externos. Talvez essa seja uma possibilidade de se compreender por que a partir do século XVIII as noções de cultura e progresso se confundem e se misturam. Assim, o projeto moderno colonizador teve um sentido: cultivar, além da terra, seres humanos. 2 A HERMENÊUTICA JURÍDICA: UM SABER COLONIZADOR É sob o paradigma da modernidade que positivismo jurídico e normativismo tornaram-se inseparáveis, e, por via de consequência, o saber racional sobre Direito converte-se também em “correta interpretação” das normas. Com isto, a metodologia positivista absorveu e acabou por confundir-se com a atividade hermenêutica, reduzindo de maneira inquestionável a realidade jurídica a um conjunto de normas de sentido imanente. Na esteira deste modelo floresce e predomina a convicção de que o sistema normativo positivado possui em si os critérios necessários para legitimamente resolver os conflitos jurídicos, não necessitando seu operador recorrer a nenhuma outra fonte para além daquelas estabelecidas pelo legislador. Nesta perspectiva, tendencialmente a ordem jurídica possuiria capacidade de auto-integração, devendo, portanto, seus operadores estarem submetidos exclusivamente a lei, sendo então, a administração da justiça a administração do Direito legal[12]. A estatização da lei, permitindo a perda de autoridade dos juristas frente às novas formas de exercício de poder legislativo, segundo Manuel Calvo García, faz com que o Direito deixe de ser um “direito dos juristas” em sentido estrito da palavra. Antes, na fase medieval, afirma o pensador espanhol, a autoridade mágica do texto, a opinião dos doutores garantia as exigências de segurança e certeza na fixação do sentido objetivo da lei. Agora, com as novas organizações de poder, são exigidas novas formas de legitimidade. Coloca-se, assim, a necessidade de revestir o velho direito de uma nova legitimidade, já que a mera This version of Total HTML Converter is unregistered. * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 5729 consideração de ratio scripta o verbum Dei deixa de ser suficiente, e progressivamente a autoridade legislativa assume esta função política, agora vazia[13]. A positivação do direito, um longo e complexo processo, onde convergem fatores sociais, políticos, ideológicos, orquestrados pelos interesses da burguesia em ascensão, transformando a racionalização em estatização do direito culminando com o fenômeno moderno da codificação que acaba por produzir progressivamente um sistema normativo complexo que exige, para sua interpretação e aplicação, a intermediação de juristas profissionais e especializados. En cualquier caso, lo que interesa destacar en este punto es que la labor de los juristas, en general, se transforma a tenor de las exigências que determinan sus nuevas funciones pasando a desempeñar una labor puramente científica y no legisladora. El jurista se enfrenta a un derecho creado, al que acaba viendo como un objeto científico, como algo que ya no es producido por la propria dogmática; sino que debe ser considerado como algo autónomo.[14] Assim, a atividade compreensiva transforma-se num saber técnico de finalidade burocrática dentro dos limites de uma racionalidade formal legitimada pelo método. A necessidade de um saber dogmático acerca da norma jurídica, que passará a ser denominado “hermenêutica jurídica”, um campo específico, especializado de conhecimento, pode ser compreendida como parte integrante de um processo cultural, ideológico e político que impôs não apenas a necessidade de racionalizar e explicar a criação do Direito, mas também sua interpretação e aplicação. O racionalismo jurídico anterior à modernidade não havia conseguido atingir o âmbito da criação do Direito, tornando fora de propósito no âmbito teórico ou/e prático, problematizar a interpretação e aplicação das leis. A tarefa hermenêutica confinada ao campo epistemológico, preferencialmente metodológico formal, adquire status de instância racional do texto legal permitindo superar aparentemente as contradições da ordem dogmática, “adequando” o significado da norma ao contexto de sua aplicação. As teorias hermenêuticas de matriz formal legalista, não dando conta, ou considerando alheio a sua tarefa, elaborar um saber jurídico-normativo adequado a uma justa compreensão do problema concreto, dirigem todo esforço no sentido de elaborar “corretos” critérios, cânones ou procedimentos capazes de produzir uma “boa” interpretação no sentido mais exegético possível. Esta é a hermenêutica jurídica definida por Castanheira Neves como pura idealidade prescritivo-proposicional manifestada e subsistente numa intencionalidade linguístico-sistematicamente significante perante um mundo a relevar só no modo como esta significante idealidade o pensa;[15] ou seja, tarefa compreensiva da norma-prescrição fechada em significação e idealidade. Este é o paradigma sob o qual serão construídas as propostas metodológicas e procedimentais da hermenêutica jurídica moderna que servirá de fundamento justificador de operacionalidade do Direito. Tais teorias acerca da hermenêutica jurídica, há que se ressaltar, de matriz positivista, são as que insistem preferencialmente em servir de modelos orientadores para as práticas jurídicas dominantes, apesar de suas intrínsecas contradições, impotências e insustentabilidade. O colonialismo metropolitano imposto ao Brasil a partir do século XVI trouxe como uma de suas faces a imposição do modelo epistemológico hegemônico na Europa através da violência. Violência através da repressão de outras formas de saber existentes na colônia e assimilação de um saber que anuncia-se como universal e verdadeiro. A hermenêutica jurídica brasileira, como parte da cultura jurídica nacional, desenvolveu-se numa matriz epistemológica que muito bem cumpriu o papel de reprodução do direito hegemônico, tornando-se instrumento de legitimação de um passado comprometido com a ausência de compromissos de legítima emancipação nacional. Enfim, uma concepção hermenêutica vazia e negadora de referenciais que possam definir um horizonte compreensivo legitimamente justo para com o que secularmente foi excluído do direito brasileiro: valores e necessidades capazes de promover a emancipação política e social dos empobrecidos, dos ausentes e dos invisibilizados. A implantação da cadeira de hermenêutica jurídica oficialmente nos Cursos de Direito no Brasil dá- se pela Resolução Legislativa nº 714 de 19 de setembro de 1853, quando o Governo do Gabinete Imperial chefiado por Honório Hermeto Carneiro Leão – o Marquês do Paraná – expediu o Decreto nº 1.386 de 1854 dando novos Estatutos aos Cursos Jurídicos. Esta“nova disciplina” foi idealizada no sentido de permitir aos bachareis conhecerem nas “palavras da lei”, exteriorização da vontade do legislador, três coisas: as palavras, os pensamentos e a exata conformidade deste pensamento como expressão máxima de uma razão natural e justa[16]. As concepções iniciais de hermenêutica jurídica são marcadamente presas ao formalismo legalista e ao critério do “espírito do legislador”, para o qual a lei é a vontade do legislador manifestada por atos externos, pela escrita; o fim da lei é regular as diversas relações do homem na sociedade, e para isto é preciso que seja a lei fielmente executada; ora, como o legislador fala por meio de leis escritas, aqueles quem cumpre obedecer, devem conhecer qual a vontade do legislador, e para isto necessitam interpretar as leis; daqui a necessidade de regras fixas, para que todos entendam do mesmo modo uma lei.[17] Assim, a hermenêutica jurídica deveria estabelecer princípios que resolvessem a problemática acerca de como “revelar o espírito do legislador”, dogma central do pensamento exegético e do monismo jurídico colonizador. Embora no século XX o pensamento hermenêutico jurídico dê um “salto qualitativo” com Carlos Maximiliano ao ser negado o formalismo exegético, o certo é que mantém como pressuposto a concepção de que Direito é um organismo regular, um sistema, conjunto harmônico de normas coordenadas, em This version of Total HTML Converter is unregistered. * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 5730 interdependência metódica, embora cada uma no seu lugar próprio. De princípios jurídicos mais ou menos gerais deduzem corolários; uns e outros condicionam e restringem reciprocamente, embora se desenvolvem de modo que constituem elementos autônomos operando em campos diversos.[18] Assim como outros pensadores que o seguiram até finais do século XX ainda presos à filosofia da consciência, mas recusando a superada exegese formal legalista, Carlos Maximiliano reconhece a grande e complexa problemática que envolve a questão hermenêutica vai muito além da preocupação metodológica. Envolve o ato de definir um horizonte prévio compreensivo aliado a um procedimento metodológico capaz de definir o sentido jurídico- normativo de um sistema jurídico posto, a fim de obter dele um critério eficaz e justo para um problema social concreto. Em síntese, a hermenêutica jurídica brasileira nasce e é mantida como possibilidade de solução de um problema essencialmente normativo legal, portanto, estritamente monista e assentada numa fé epistemológica cartesiana que pretende igualar verdade e método, independente de valores e experiências humanas. Um episódio do Direito moderno que não pôde cumprir as exigências às quais se propôs: aliar justiça e com progresso. 3 O PLURALISMO JURÍDICO: UMA DAS FACES DA INSURGÊNCIA COLONIAL A entrada para o século XX foi triunfal e otimista. De um lado, como lembra Marildo Menegat[19], a virada do século foi comemorada pelos marxistas como a entrada para o século do socialismo. Não restavam dúvidas que o futuro da humanidade seria socialista e pouco provável que o século à frente iria impor à humanidade a necessidade de optar entre “civilização ou barbárie”. De outro, o capitalismo se reestruturava e parecia se fortalecer. As novas técnicas da chamada Segunda Revolução Industrial acompanhadas de mudanças produtivas e redefinição na organização do capital delineou uma nova etapa do capitalismo: o imperialismo. Entretanto, a I Guerra Mundial e a crise da democracia liberal pareciam demonstrar que definitivamente o capitalismo estava agonizando. As disputas entre as potências imperialistas, que levaram aparentemente a um enfraquecimento do sistema como um todo, bem como o alto grau de organização do proletariado europeu faziam supor que o otimismo da virada do século era justificado e atual[20]. Mas logo depois o mundo se viu envolto pela II Guerra Mundial e os episódios políticos que se seguiram igualmente foram enfraquecendo o otimismo socialista. Na Conferência de Ialta em fevereiro de 1945, Franklin D. Roosevelt, Josef Stalin e Winston Churchill assinam acordos que asseguraram um rápido fim à Segunda Guerra e definem diretrizes que acabaram por determinar posteriormente a ordem geopolítica da Guerra Fria e as zonas de influências dos Blocos Socialista e Capitalista. Mas fora do palco das guerras mundiais, na periferia colonial, inicia-se uma nova etapa de dominação acompanhada de resistências, o que fortalece o enfrentamento entre o socialismo e capitalismo. Apesar de renascer o otimismo socialista com as revoluções no Terceiro Mundo há uma forte reação de controle pelos EUA da “ameaça vermelha”, mantendo-se o liberalismo como estratégia não apenas de luta entre as potências pela hegemonia no sistema de dominação mundial, como também como elemento unificador do “mundo livre” contra o “mundo comunista”. Entretanto, para a resistência antiimperialista anticolonial, que até então encontravam no marxismo- leninismo a via revolucionária libertadora, após a Segunda Guerra Mundial episódios no “campo socialista” começavam a levantar dúvidas sobre um horizonte de futuro socialista anticapitalista. A perda de “confiança” num modelo socialista é marcada por uma soma de eventos que levam intelectuais tradicionalmente ligados à militância de esquerda a desconfiar e mesmo a romper com o partido comunista. A revolta operária de Berlin duramente reprimida, por exemplo, levou Brecht em 1953 a criticar aberta e ferozmente o Estado Socialista. Além das sangrentas repressões internas na Rússia e abuso de poder, que após a morte de Stalin, tornam-se públicas. O Massacre da Comuna de Shangai em 1967, ordenada pelo próprio Mao, denunciava de forma temerária para os intelectuais socialistas os rumos futuros da Revolução Chinesa. Na seqüência, tanques russos ocupam Praga em 1969 colocando fim ao que poderia ser uma experiência socialista democrática. Sem esquecer a revolta vitoriosa dos trabalhadores poloneses do Solidarnosc em 1976 e finalmente, a caída do muro de Berlin em 1989. Neste vácuo político e ideológico amplia-se a indústria cultural, que combinou elevada propaganda pró-capitalista com entretenimento passivo e pouco reflexivo acerca da irracionalidade que se produzia na esfera pública[21]. E assim, vão sendo criadas condições para os conservadores anunciarem o fim da história, já que eventos sociais e políticos dos anos finais do século XX acabaram por frustrar as esperanças e ilusões tanto nas áreas centrais da modernidade como em sua periferia. Mas a derrota que começa a ser reconhecida não era somente política ou econômica, era também intelectual. Um vazio de futuro emancipador foi entregue tanto às vítimas do capitalismo como a seu tradicional centro articulador. Anunciava-se o final do projeto da modernidade e o sistema internacional passa a enfrentar uma grave e talvez irreversível crise moral e institucional. Nas três últimas décadas do século XX o cenário nacional acabou por provocar, de forma crescente, um profundo mal-estar na cultura jurídica. O saber jurídico moderno, até então uma sólida ciência que This version of Total HTML Converter is unregistered. * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 5731 sustentava a racionalidade e autonomia do direito, viu-se esgotado. Instala-se o desencanto e a necessidade de aprender a conviver com a perda de todo um sistema de objetos, de crenças que fizeram o elogio das certezas[22]. O mito da modernidade e sua versão jurídica que até então serviram para impulsionar a expansão do Estado liberal capitalista chegava ao fim. O horizonte projetado como futuro, não de mera continuidade do passado ou presente, mas da promessa de cumprir o desejado e, quem sabe, até o sonhado, indicava o inverso: sua derrota. Apesar de algumas vitórias, chegava o momento de admitir oslimites do exercício do poder em “nome da lei e ordem”. Mas algumas destas próprias vitórias serviam para confirmar a poderosa e revolucionária certeza de que as lutas podem ser orientam segundo um horizonte de futuro e não para uma enganosa visão profética. Diante da esperança, toda derrota representava, tão somente, mais um momento de luta, e com esta certeza ia se resistindo a prisão, exílio, tortura, e, até mesmo, o doloroso sacrifício de vidas amadas[23]. Um horizonte de futuro é definido quando um tempo novo possibilita para a existência social um novo sentido, apontando para uma específica perspectiva do imaginário e representações coletivas: a histórica.[24] A perspectiva de um imaginário histórico eurocêntrico mantida hegemônica e universalizante até a segunda metade do século XX, na América Latina em geral e no Brasil em particular, pouco a pouco perde seu tradicional centro articulador e abandonada volta-se o olhar ao “pensamento crítico”. Instala-se um imaginário mais radical que instiga a libertação das representações e idealizações tradicionais que, como “espelhos sociais” mais serviam para distorcer o real do que para refletir sobre ele. O sentido de “crise” provocado pela incompreensão de uma imagem distorcida e parcial tem como maior tragédia a consciência de que se foi conduzido sabendo e desejando aceitar aquela imagem como sua exclusivamente. E desta forma, toma-se consciência de que se vai sendo o que nunca foi. E pior, o resultado é a imobilidade e ausência de referenciais para identificar os reais problemas, e muito menos resolve-los, a não ser de forma parcial e distorcida.[25] A consciência jurídica crítica, como forma de resistência intelectual a uma perspectiva histórica dominante e colonizadora, emerge num novo momento histórico brasileiro quando é iniciado o rompimento com o poder ditatorial em fins dos anos 80 e a ação de novos atores sociais vai indicando que não se tratava somente de buscar novos conteúdos teóricos. O problema da “crise” da razão jurídica não era tão somente um problema de conteúdo nem tampouco de metodologia. Era muito mais que isto. O momento apontava o esgotamento do pensamento tradicional era um problema político que trazia consigo profundas implicações de conhecimento. Assim, construir um saber contra-hegemônico era uma questão epistemológica de consequências políticas irrenunciáveis. A capacidade de percepção da complexa realidade não era tão somente uma questão de “troca” de paradigmas. Vivia-se coletivamente uma experiência que possibilitava de um lado, a potencialização do reconhecimento da falácia do saber científico único e neutro denunciando a existência de outros espaços de construção de saber; e de outro, a necessidade de perspectivas coletivas de transformações políticas. Tratava-se de encontrar racionalidades alternativas um novo e complexo tempo e superar a angústia da impotência do que não se pôde ou não se quis evitar. Foi sendo desde então estabelecida uma trajetória fragmentada e por muitas vezes polêmica, autodenominada “crítica do direito”. Um corpo de ideias produzidas a partir de distintos marcos teóricos que buscaram estabelecer um diálogo flexível, podendo-se identificar, desde então, um conjunto de vozes dissidentes que, sem se construir, ainda,em um sistema de categorias, propõe um conglomerado de enunciações apto a produzir um conhecimento do direito, capaz de fornecer as bases para um questionamento social radical.[26] Com objetivo irrenunciável de revisão epistemológica, reconhecendo os limites e funções, declaradas ou não, do saber jurídico oficial, a crítica do direito desloca seu eixo. Não mais crê na supremacia da razão sobre a experiência, tampouco da experiência sobre a razão, mas sim, pelo aprimoramento da política sobre ambas. Portanto, a análise das verdades jurídicas exige a explicitação das relações de força que formam domínios de conhecimento e sujeitos como efeitos de poder e do próprio conhecimento[27]. Embora sem ser fácil a tarefa de estabelecer uma unidade do pensamento crítico brasileiro, analisando sua a trajetória histórica vão sendo identificados elementos, fragmentos e experiências, em não raras vezes negligenciadas e marginalizadas, que podem indicar o que efetivamente encontra-se agonizante e o que resta a ser retomado como guia para edificação de um novo saber emancipatório. E é nesta tentativa que o tema do pluralismo jurídico ganha relevância. O pensamento jurídico crítico acabou por desvelar que monismo é uma ficção do Direito moderno abrindo a possibilidade de discussão acerca do pluralismo jurídico. Embora o tema do pluralismo tenha surgido no início da segunda metade do século XX vinculado a estudos relativos aos Estados pós-coloniais nos quais passaram a conviver um “Direito estatal oficial” com as formas “não oficiais”, “cotidianas” de solução de conflito, em particular no Brasil os estudos de Antonio Carlos Wolkmer[28], sem dúvida, representam um marco inovador no tema. A partir de uma perspectiva pluralista emancipadora reconhece nos movimentos sociais – práticas sociais dos excluídos – cinco elementos para a efetividade de uma prática jurídica pluralista. Na leitura de David Sáchez Rubio[29] dois elementos se referem aos conteúdos e elementos constitutivos e são eles: a This version of Total HTML Converter is unregistered. * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 5732 emergência de novos sujeitos coletivos de direito e a satisfação de necessidades humanas fundamentais. Os três relativos a ordenação prática-procedimental são: reordenação do espaço público mediante práticas políticas descentralizadas e participativas, desenvolvimento de uma ética da alteridade e a construção de uma racionalidade jurídica emancipatória. Em síntese, os novos sujeitos coletivos de direito – atuantes e auto- determinados – que emergem no cenário político brasileiro na década de 70 carregam uma pluralidade de identidades e necessidades fundamentais – desde as materiais e sociais às culturais - negadas pela lógica monista que apenas podem ser contempladas numa perspectiva política democrática, descentralizada e participativa. Uma prática que admite a pluralidade parte do pressuposto pedagógico e ético da alteridade, reconhecimento da existência de sujeitos negados[30], que possa romper com práticas jurídicas formalistas tecnicistas justificadas por pressupostos idealistas e metafísicos, absolutamente desvinculados dos reais interesses e necessidades humanas. Trata-se de uma perspectiva que admite multiplicidade de práticas em um mesmo espaço sócio político, interatuantes de conflitos e consensos, oficiais ou não que tem sua razão de ser nas necessidades existenciais, materiais e culturais humanas[31]. Diferenciando o pluralismo de tradição liberal burguesa que vem sendo revigorado em consequência do neoliberalismo na segunda metade do século XX, que inviabiliza formas democráticas de participação popular, a proposta de Wolkmer, reconhecidamente nascida desde uma epistemologia do Sul, é emancipadora. Possibilita e promove formas de descentralização políticas com ativa ação de setores populares, cujo desafio é promover uma nova hegemonia plural e democrática fundada num novo contrato social solidário e tolerante. 4 A RESIGNIFICAÇÃO HERMENÊUTICA Com a “volta do sujeito negado”, os que tradicionalmente foram desprovidos de “linguagem jurídica ” e invisibilizados hermeneuticamente, em que pese o esforço do pensamento hermenêutico crítico, representando destacadamente por constitucionalistas progressistas, e sua incansável luta pela democratização, resta em aberto um espaço jurídico que não pôde ser preenchido. É possível pensar uma alternativa às práticas alternativas e reinventar a crítica desde as experiências descolonizadoras brasileiras. Desde uma crítica à razão proléptica hermenêutica do direito moderno que além de contrair o presente reconhecendo como única fonte compreensiva o direito estatal,reduz o espaço de mediação jurídica ao Estado, é possível ampliar espaços presentes emergentes. Adotando a sugestão de Boaventura de Sousa Santos no que chama de sociologia das emergências que é a prática de ampliar o presente reconhecendo o que foi subtraído pela sociologia das ausências, hermeneuticamente ampliando os espaços de possibilidades de compreensão do direito para além do Estado, é possível identificar agentes, práticas e saberes com tendências de futuro sobre as quais é possível ampliar as expectativas de esperança. Trata-se de uma ampliação sobre as potencialidades e capacidades ainda não reconhecidas e necessariamente movendo-se no campo das experiências sociais que desde as práticas do “reconhecimento”, “transferência de poder” e “mediação jurídica” são legítimos espaços de luta por dignidade humana.[32] É indo nesta direção que é possível falar-se em reconhecer o mundo social como mundo de possibilidade compreensiva e, portanto, fonte de uma nova racionalidade hermenêutica. Trata-se de adotar uma perspectiva pluralista que reconheça múltiplos e novos espaços de fontes normativas, apesar de na maioria das vezes, como lembra Antonio Carlos Wolkmer[33] ser informal e difusa. Nesta perspectiva é possível ampliar o espaço jurídico para além do estatal articulando saberes, práticas e ações coletivas inovadora até então pouco reconhecida. As múltiplas experiências das práticas pluralistas, buscam capacitar operadores do direito e refletir acerca da atuação jurídica dos sujeitos coletivos enquanto expressão dos movimentos sociais, para tanto identificando espaços políticos nos quais se desenvolvem novas práticas sociais que anunciam direitos, mesmo os que estão além do formal legal, além de buscar sistematizar informações obtidas das práticas sociais com vistas a criar novas categorias jurídicas. Trata-se de uma prática pluralista cujo espaço de investigação é inesgotável para a hermenêutica. Identificar os elementos comuns nas traduções das múltiplas realidades – a jurídica e a coletivamente criada - para encontrar o comum, o ponto inicial para a tradução é uma tarefa que não cabe numa teoria hermenêutica que por sua natureza é universal. O processo hermenêutico jurídico que inclui o espaço social não pode ser uma “canibalização”, para usar a expressão de Boaventura de Sousa Santos, dos demais. É necessário uma tradução das múltiplas hermenêuticas dentre as quais jurídica. E é neste sentido que não cabe uma hermenêutica jurídica nos moldes tradicionais. São campos distintos que se tocam – o estatal e o social – em que mundos normativos, práticas e saberes dialogam, se desentendem e interagem tornando possível reconhecer os pontos de contato entre a tradição moderna ocidental e os saberes leigos. As duas zonas de contacto constitutivas da modernidade ocidental são a zona epistemológica, onde se confrontam a ciência moderna e os saberes leigos, tradicionais, dos camponeses, e a zona colonial, onde se defrontam o colonizador e o colonizado. São duas zonas caracterizadas pela extrema disparidade entre as realidades em contacto e pela extrema desigualdade das relações de poder entre elas.[34] A tarefa hermenêutica como tradução retoma o sentido mais original do termo,mas a partir de uma perspectiva inovadora que traduz saberes nem sempre convergentes. Como as práticas sociais de compreensão e solução de conflitos é mais retórica e argumentativa são grandes os desafios a serem enfrentados pelos juristas de profissão. Boaventura de Sousa Santos sugere uma hermenêutica diatópica que em síntese consiste em buscar os topois – lugares comuns que constituem o consenso básico e torna possível o dissenso argumentativo – presentes na argumentação, que é normalmente assentada em postulados, axiomas, regras e concepções aceitas por todos. O trabalho de tradução não This version of Total HTML Converter is unregistered. * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 5733 dispõe à partida de topoi, por que os topoi que estão disponíveis são os que são próprios de um dado saber ou de uma dada cultura.[35] O trabalho consiste em, sem que se tenha um ponto de partida, reconhecer os topoi que cada prática expressa como forma argumentativa. É um trabalho exigente, sem seguros contra riscos e sempre à beira de colapsar. A capacidade de construir topoi é uma das marcas mais distintas da qualidade do intelectual ou sage cosmopolita.[36] São dificuldades que se impõe e devem ser superadas pela prática do reconhecimento e da oportunidade de dar voz ao outro, mesmo ao que não quer fazer uso dela, do que permanece em silêncio. Já Walter Mignolo fala de uma hermenêutica pluritópica[37] como parte da resistência à semiose colonial, porque a colonialidade do poder pressupõe a diferença colonial como sua condição de possibilidade e como aquilo que legitima o subalterno do conhecimento e a subjugação dos povos.[38] Considerando a construção do pensamento hermenêutico jurídico brasileiro, na linha de pensamento da descolonização e na inclusão dos múltiplos atores sociais no processo de construção do saber jurídico, sua perspectiva é monotópica, ou seja, é edificada sob a perspectiva de um único sujeito cognoscente – o jurista de profissão – e com uma posição de quem fala de um lugar virtual uma terra-de-ninguém universal, como chama Mignolo. A intenção de sua hermenêutica é apagar a concepção de que interpretar é descrever a realidade a partir de seu horizonte compreensivo. O objetivo é apagar a distinção entre o sujeito que conhece e o objeto que é conhecido, entre o sujeito que conhece e o objeto que é conhecido, entre um objeto “híbrido” (o limite como aquilo que é conhecido) e um “puro” sujeito disciplinar ou interdisciplinar (o conhecedor) não contaminado pelas questões limiares que descreve.[39] Uma hermenêutica que assume-se como dialógica que numa perspectiva pedagógica emancipatória, caminha para a conscientização e libertação. Com estas concepções o espaço hermenêutico no direito adquire uma dimensão distinta do que tradicionalmente lhe foi reservado e vai um pouco mais além do que até foi edificado pela hermenêutica jurídica crítica. É um espaço de aproximação e de assumir responsabilidades mútuas que rompe com a lógica construída pelo saber colonizador e abre para ainda tornar possível a esperança no justo. As condições de possibilidade de compreensão é elaborada com o outro e a partir deste outro historicamente negado e silenciado. REFERÊNCIAS BAUMAN, Zygmunt. Vidas Desperdiçadas. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005. CASTANHEIRA NEVES, A . Metodologia jurídica – problemas fundamentais. Coimbra Editora, 1993. GARCÍA, Manuel Calvo. Los fundamentos del método jurídico: una revisión crítica. Madrid: Tcnos, 1994. LANDER, Edgardo (org.) La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2000. MAXIMILIANO, Carlos Hermenêutica e aplicação do direito. 19ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2002. QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. Publicação virtual do Consejo Latino Americano de ciencias sociales. www.clacso.org. _________________ El regresso del futuro y las cuestiones del conocimiento. Revista Hueso Húmero, nº 38, Peru: Francisco Campodónico Ed., abril de 2001. RIBEIRO, Darcy.Las Américas y la civilización – proceso de formación y causas del desarrollo desigual de los pueblos americanos. Caracas: Biblioteca Ayacucho, 1968. SAAVEDRA, Modesto. Interpretación del derecho e ideología – elementos para una crítica de la hermenéutica jurídica. Granada: Universidad de Granada, 1978. SOUSA SANTOS, Boaventura de. A crítica da razão indolente – contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez, 2001. _______________________________. A Gramática do Tempo: para uma nova cultura política. Vol. IV. São Paulo: Cortez, 2006. TORRE, J. A. de la . PluralismoJurídico – Teoria y Experiências. México: CENEJUS, 2007. WARAT, Luis Alberto. Epistemologia e Ensino do Direito - o sonho acabou. Vol. II. Florianópolis:Fundação Boiteux, 2004. WOLKMER, Antonio Carlos. Pluralismo Jurídico – fundamentos de uma nova cultura no Direito. São Paulo: Ed. Alfa Omega, 1994. [1]BAUMAN, Zygmunt. Vidas Desperdiçadas. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005, p. 29 [2]BAUMAN, Zygmunt. Vidas Desperdiçadas. op.cit., p. 40 [3]BAUMAN, Zygmunt. Vidas Desperdiçadas. op.cit., p. 41 [4]BAUMAN, Zygmunt. Vidas Desperdiçadas. op.cit., p. 41 This version of Total HTML Converter is unregistered. * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 5734 [5]A palavra “Sul” é utilizada para designar o espaço geo-político de confluência e experiência histórica multicultural dos povos historicamente periféricos e semi-periféricos [6] DUSSEL, Enrique. Europa, modernidad y eurocentrismo. In: LANDER, Edgardo (org.) La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2000, p. 46 [7]DUSSEL, Enrique. Europa, modernidad y eurocentrismo. In: LANDER, Edgardo (org.) La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas latinoamericanas., op. cit., p 49 [8]SOUSA SANTOS, Boaventura de. A crítica da razão indolente – contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez, 2001, p. 130-131 [9]WOLKMER, Antonio Carlos. Pluralismo Jurídico – fundamentos de uma nova cultura no Direito. São Paulo: Ed. Alfa Omega, 1994, p. 40. [10]WOLKMER, Antonio Carlos. Pluralismo Jurídico. op.cit., p. 75 [11]RIBEIRO, Darcy.Las Américas y la civilización – proceso de formación y causas del desarrollo desigual de los pueblos americanos. Caracas: Biblioteca Ayacucho, 1968, p. 63 [12] SAAVEDRA, Modesto. Interpretación del derecho e ideología – elementos para una crítica de la hermenéutica jurídica. Granada: Universidad de Granada, 1978, p.4 [13]GARCÍA, Manuel Calvo. Los fundamentos del método jurídico: una revisión crítica. Madrid: Tcnos, 1994. op. cit., p. 39 [14]GARCÍA, Manuel Calvo. Los fundamentos del método jurídico: una revisión crítica. op. cit., p. 39-40 [15]CASTANHEIRA NEVES, A . Metodologia jurídica – problemas fundamentais. Coimbra Editora, 1993, p. 129. [16]Vide em Hermenêutica Jurídica – Clássicos do Direito Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1984. [17]Cinco lições de hermenêutica jurídica de Joaquim Ignácio Ramalho. In: Hermenêutica Jurídica – Clássicos do Direito Brasileiro op. cit., p. 101 [18]MAXIMILIANO, Carlos Hermenêutica e aplicação do direito. 19ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 105 [19] MENEGAT, Marildo. O olho da barbárie. São Paulo: Expressão Popular, 2006, pgs. 21 e segs. [20] Idem, p. 23 [21] Idem, p. 27 [22]WARAT, Luis Alberto. Epistemologia e Ensino do Direito - o sonho acabou. Vol. II. Florianópolis:Fundação Boiteux, 2004, p. 35. [23]QUIJANO, Aníbal. El regresso del futuro y las cuestiones del conocimiento. Revista Hueso Húmero, nº 38, Peru: Francisco Campodónico Ed., abril de 2001.op.cit., p. 4 [24]QUIJANO, Aníbal. El regresso del futuro y las cuestiones del conocimiento. op. cit., p.5 [25]QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. Publicação virtual do Consejo Latino Americano de ciencias sociales. www.clacso.org [26]WARAT, Luis Alberto. Saber crítico e senso comum teórico dos juristas. In: Epistemologia e Ensino do Direito - o sonho acabou. op.cit., p. 27 [27]WARAT, Luis Alberto. Saber crítico e senso comum teórico dos juristas.op.cit., p. 28 [28]Refiro-me em particular à obra Pluralismo Jurídico – fundamentos de uma nova cultura no Direito anteriormente mencionada. [29]RUBIO, David Sánchez. Pluralismo Jurídico y emancipación, a partir de la obra de Antonio Carlos Wolkmer. In:Rangel, J. A. de la. Pluralismo Jurídico – Teoria y Experiências. México: CENEJUS, 2007, p. 46. [30]Refiro-me especificamente ao conceito de “sujeito negado” utilizado por Franz Hinkelammert, pesquisador do DEI de São José da Costa Rica que define o sujeito como inter-sujeito em permanente processo de vida. A respeito do tema vide a obra do mesmo autor Crítica à Razão Utópica (Edições Paulinas, 1986). [31]WOLKMER, Antonio Carlos. Pluralismo Jurídico: Nuevo marco emancipatório em América Latina. In: Rangel, J. A. de la. Pluralismo Jurídico – Teoria y Experiências. op.cit., p. 21 [32] esta é a proposta defendida, entre outros, por Hélio Gallardo em Derechos Humanos como Movimiento Social. Edicioness desde abajo, Bogotá e explorada por Norman J. Solórzano Alfaro em Fragmentos de uma Reflexión Compleja sobre una Fundamentación Del Derecho y la Apertura a una Sensibilidad de Derecho Humano Alternativa, a ser publicado na Revista Jurídica Eletrônica nº 2 do Curso de Direito da Universidade Regional de Blumenau. [33]WOLKMER, Antonio Carlos. Pluralismo Jurídico. op.cit., p. 155. [34]SOUSA SANTOS, Boaventura. A Gramática do Tempo: para uma nova cultura política. Vol. IV. São Paulo: Cortez, 2006. p.130 [35]SOUSA SANTOS, Boaventura. A Gramática do Tempo. op. cit., p. 133 [36]SOUSA SANTOS, Boaventura. A Gramática do Tempo. op. cit., p. 133. [37]MIGNOLO, Walter D. Histórias Locais/Projetos Globais – colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar . Tradução de Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte:Editora UFMG, 2003, p. 37 [38]MIGNOLO, Walter. Histórias Locais/Projetos Globais,. op.cit., p. 40 [39]MIGNOLO, Walter.Histórias locais/projetos globais. op.cit., p. 42 This version of Total HTML Converter is unregistered. * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 5735