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Beatriz Werneck 6º período 2020/1 Insuficiencia mitral • É uma valvopatia onde existe uma incompetência da válvula mitral ao se fechar completamente na hora da diástole • Normalmente,o sangue sai do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo durante a diástole, no final da diástole a válvula se fecha completamente e começa a sístole ventricular,direcionando o sangue através da válvula aórtica para dentro da aorta.No caso da insuficiência mitral,no final da diástole permanece uma abertura através da válvula mitral que não consegue se fechar completamente,de forma que durante a sístole ventricular uma parte do sangue passa pela válvula aórtica e chega ate a aorta e outra parte retorna para dentro do átrio esquerdo. Conceito e epidemiologia : • O que caracteriza a insuficiência mitral é a regurgitação de sangue para o AE durante a sístole ventricular • Qualquer alteração em um dos componentes da valva mitral pode levar a regurgitação valvar • Podemos classificar a doença valvar mitral em orgânica ou primária (por uma alteração patológica que comprometesse qualquer um dos componentes do aparelho valvar mitral) e Funcional ou secundária ( quando o mecanismo que desencadeia a insuficiência mitral é na grande maioria das vezes uma dilatação do VE) Obs : lembramos que a válvula se insere no musculo do coração e a dilatação do musculo é capaz de distancia as cúspides valvares e promover uma insuficiencia valvar • Diferença entre elas: mecanismo causador da alteração valvar e o tratamento: Orgânica ð Cirurgia Funcional ð Tratamento Clínico • IMi primária crônica é uma das valvopatias mais prevalentes mundialmente • Etiologia reumática: ainda é predominante no Brasil. • Em países desenvolvidos onde a febre reumática não é uma etiologia frequente,o prolapso de valva mitral é a principal causa de insuficiência mitral Etiologia da insuficiência mitral primaria Febre reumática : � Principal causa de IMi crônica importante no Brasil � Lesão mais comum da FR aguda � Apresentação clínica mais comum em adultos jovens � Frequente acometimento concomitante da valva aórtica Prolapso de valva mitral : � 2ª causa mais comum de IMi no Brasil (causa mais comum nos EUA) � Protusão das cúspides para AE ≥ 2 mm (um dos critérios que o ecocardiograma usa para dar o diagnostico de PVM) � Apresentação clínica mais frequente em indivíduos de meia idade Endocardite Infecciosa : Pode causar IMi por destruição das cúspides valvares ou do aparato subvalvar Rotura de cordoalha tendinea : � Geralmente idiopática � Pode ocorrer por degeneração mixomatosa da cordoalha em PVM (envolvida por um metabolismo alterado de colágeno que forma as cordas tendineas,causando uma rotura que pode provocar uma insuficiência mitral as vezes aguda com a sintomatologia súbita de dispneia e muitas vezes ocorre já com o paciente tendo uma insuficiência mitral crônica que tem uma agudizaçao de sintomas por conta de uma rotura de cordoalha tendinea) Outras causas : � LES � Síndrome de Marfan (há alteração de partes do aparelho valvar mitral,a mais comum são as cúspides valvares grandes,isso dificulta o fechamento da valva) � 2ária a trauma � mal formação congênita • Aqui mostramos a válvula completamente alterada em sua estrutura,uma válvula endurecida,rígida,onde a abertura da válvula mostra um quadro de insuficiência mitral grave • Pode ocorrer a insuficiência mitral por rotuira do musculo papilar,secundaria a um quadro isquêmico miocárdio por conta de uma doença arterial coronariana. A artéria que irriga o musculo,sofrendo uma oclusao arterial aguda pode provocar um infarto com necrose do musculo papilar que sustenta a válvula e ele perde a capacidade de sustentar a válvula e isso gera uma dificuldade da válvula se fechar,gerando a insuficiência mitral • A endocardite infecciosa gera formações gelatinosas que podem vir a romper a corda tendinea e perfurar a cúspide valvar e provocar um quadro de insuficiência mitral • Uma outra condição que é a forma secundaria é por dilatação do VE Etiologia da insuficiência mitral secundaria Cardiomiopatia Dilatada : • Dilatação do anel, disfunção dos músculos papilares – regurgitação mitral secundária • Causa mais frequente Doenças Isquemicas : • Pode causar disfunção de músculo papilar (mais comum: disfunção de papilar posterior, por infarto inferior) • Na maioria das vezes é por obstrução da coronária direita e em 30% das vezes pode ser por obstrução da artéria circunflexa Classificação de Carpentier • Pode auxiliar na definição do mecanismo causador da IMi (recomendado pelas diretrizes europeia e americana) • Tipo I : o paciente apresenta insuficiência mitral por perfuração da válvula mitral habitualmente secundaria a uma endocardite infecciosa • Essa classificação nos ajuda na indicação de cirurgia ou de reparação da alteração da válvula Fisiopatologia : • Se há uma regurgitação mitral que vai ao longo do tempo sendo cada vez maior por conta da piora progressiva de partes do aparelho valvar mitral,isto vai gerando um aumento da pre carga( tudo que chega ao coração ) e da pos carga (tudo que sai do coração ) • Na insuficiência mitral a sístole do VE,ao se iniciar,a válvula mitral não vai ter fechado completamente e parte do sangue volta pro AE que recebe o volume dessa regurgitação que se associa ao volume que chega pelas veias pulmonares. Ele fica com uma pre carga aumentada (sangue das veias pulmonares + sangue da regurgitação ventricular) chegando ao ventrículo esquerdo uma quantidade maior de sangue ,de forma que há um aumento da pos carga • O aumento da pre carga e o aumento da pos carga com o passar do tempo causa um aumento do VE e faz com que inicialmente o paciente tenha uma fraçao de ejeçao aumentada e ao longo prazo pode gerar uma disfunção ventricular porque inicialmente o ventrículo para poder tolerar aquele excesso de volume começa a dilatar e nessa condição vamos observar o volume diastólico final do VE aumentado pela dilatação ventricular e uma redução da fração de ejeção • O evento da febre reumática é mais tardio no caso do desenvolvimento da insuficiência mitral Quadro clinico • Assintomaticos (longos períodos) : porque há uma adaptação do coração. A complascencia atrial faz com que haja um aumento da capacidade do átrio de absorver o excesso de volume sem aumentar muito as pressões e assim esse paciente se mantem assintomático por muito tempo • Pode levar a IC esquerda • IM aguda : congestão (EAP) -> principalmente nos casos de rotura de corda tendinea no prolapso mitral . O coração não consegue se adaptar as lesões agudas,ele vai ter mecanismos de compensação ativados se o processo se der ao longo do tempo • Palpitações(pelo volume a mais que esta sendo manipulado pelo coração ),tosse e edema de MMII • IC direita : estagios avançados -> devido a piora do funcionamento do VE que gera um aumento da pressão em território pulmonar. Expressos por uma estase jugular patológica,hepatomegalia,edema de MMII e ascite • Pode ocorrer FA ; risco de embolização é menor do que na EMi • Dispneia aos esforços : sintoma mais importante,vai chamar atenção para a descompensaçao cardíaca desse paciente com sinais de IC a esquerda • Dor torácica atípica • Fraqueza progressiva (baixo DC) : condição onde o coração não consegue manter a quantidade de sangue necessária para o metabolismo de todos os tecidos então se instala o baixo DC. • O paciente pode ter palpitações relacionadas a alterações do ritmo do coração ,a mais frequente são as extrassistoles supraventriculares ou ventriculares e a fibrilação atrial (menos comum) Exame físico Se o paciente tem uma insuficiência mitral importante já temos uma dilatação do VE e isso vai ser visto pelo exame físico como : • Ictus cordis desviado para esquerdae para baixo • Primeira bulha hipofonetica (M1hipofonetica) • Segunda bulha hiperfonetica (quando existe um graud e hipertensão pulmonar significativo ) • Sopro sistólico regurgitativo ≥ +++/6+ que irradia para axila (mais audível em DLE) • Sinais de IC direita • O sopro da insuficiência mitral é mais audível do que o da estenose mitral • Na ausculta de um paciente com insuficiência mitral o que vamos ouvir é um sopro sistólico que engloba a primeira bulha ,por isso a primeira bulha é hipofonetica. Tem uma amplitude igual entre a primeira e a segunda bulha Exames complementares Eletrocardiograma : • Sobrecarga VE ( porque essa valvopatia temos uma sobrecarga de volume e o ventrículo esquerdo acaba manipulando muito mais volume do que esta preparado para manipular,então ele vai sofrendo um processo de hipertrofia e se continuar,ele sofre um processo de dilatação ) e sobrecarga AE • A hipertrofia ventricular no eletrocardiograma é identificada como uma ondas S em v1 e v2 mais profundas e onda R de v5 e v6 que fazem parte do escore que usamos para identificar a sobrecarga do VE • Pode haver fibrilação atrial • Sobrecarga de camaras direitas de HAP • Eletrocardiograma – SVE e SAE • Nesse eletro vemos uma sobrecarga atrial esquerda mostrada pelo aumento da onda P (bífida) . Em v1 a alteração que mostra a parte negativa da onda P mais alargada e além disso vemos um aumento da onda R em v5 e v6 muito significativa chamando atenção para sobrecarga do ventrículo esquerdo. SVE/SAE/SVD • Nessa condição temos além da sobrecarga atrial identificada pelo aumento da duração da onda P,por uma onda P bífida,por uma parte negativa alargada da onda P em v1 que é o índice de morris,sobrecarga atrial esquerda.Observamos a sobrecarga do VE já com a onda R mais importante em v1 e v2 alem da sobrecarga do ventrículo esquerdo identificada por ondas S profundas em v1 e v2 e onda R mais amplo em v5 e v6. Condiçao de um paciente que já tem uma insuficiência mitral associada a uma hipertensão arterial pulmonar importante já mostrando o ECG sobrecarga do VD. Radiografia de tórax • Aumento da silhueta cardíaca : dilatação do VE e do AE • Sinais de congestão pulmonar • Mostra um aumento das camaras cardíacas esquerdas,um aumento do VE ,um abaulamento chamando atenção para aumento da auriculeta esquerda nessa posição póstero anterior da radiografia de tórax • Sempre fazer em PA e perfil esquerdo para poder identificar as camaras do coração que estão sobrecarregadas Ecodopplercardiograma • Tem papel central no diagnostico da IM • Mostra toda a estrutura do coração • Auxilia na avaliação da gravidade a na identificação da etiologia da doença valvar • Mostra o aumento das camaras e a fração de ejeção (força de contração do coração) mostrando os diâmetros das cavidades cardíacas e os volumes que vao nos ajudar a direcionar o tratamento desses pacientes, quando interromper a evolução da doença (quando indicar cirurgia) • Nos pacientes com IMi importante pode mostrar aumento do VE e AE • Dados que esse exame pode nos mostrar para caracterizar a insuficiência mitral : Área do jato ≥ 40% da área do átrio esquerdo � Fração regurgitante ≥ 50% � Volume regurgitante ≥ 60 mL/batimento � Vena contracta ≥ 0,7 cm � Área efetiva do orifício regurgitante ≥ 0,40 cm2 Cateterismo cardíaco : § Indicação: � Nos casos de dissociação clínico –ecocardiográfica � Avaliação das pressões intracavitárias para tomar a decisão cirúrgica e interromper a evolução natural • Indicação em pacientes com mais de 40 anos de idade ou que tem fatores de risco para doença coronária onde vamos fazer a complementação do exame com a cineangiocoronariografia Ressonancia magnética : § Indicação: � Nos casos de dissociação clínico –ecocardiográfica � Graduação da IMi • Pode substituir o ecodopplercargiograma quando ele não trouxer as informações necessárias por conta de as vezes não se conseguir ter um exame adequado porque a janela ecocardiográfica é ruim. Tratamento clinico • Tratamento medicamentoso : não altera a morbimortalidade • Indicado como ponte para cirurgia se paciente sintomática (visa redução da pos carga) • IECA/diuréticos associados a restrição hidrossalina • Anticoagulaçao : se houver FA (fibrilação atrial) • Profilaxia para endocardite • Ponte para cirurgia ate que o paciente esteja pronto para operar • O tratamento da insuficiência mitral é cirúrgico e vamos utilizar medicações ate o paciente poder ser submetido a cirurgia Tratamento cirúrgico Indicaçao cirúrgica na insuficiência mitral primaria Indicaçao cirúrgica na insuficiência mitral secundaria
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