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Texto 2 - INICIAÇÃO À HISTÓRIA DA FILOSOFIA-2

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CURSO DE PSICOLOGIA 
DISCIPLINA: FILOSOFIA 
INICIAÇÃO À HISTÓRIA DA FILOSOFIA TEXTO 2 
12a edição/2008 
DANILO MARCONDES 
 
OS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS 
 
A). APREENTAÇÃO GERAL DA FILOSOFIA DOS PRÉ-SOCRÁTICOS 
 
 Os filósofos “pré-socráticos” foram aqueles que viveram antes de Sócrates (470-399 a.C) chegando 
alguns dos últimos a seres seus contemporâneos. Sócrates é considerado um marco não só devido à sua 
influência e importância, mas por introduzir uma nova problemática na discussão filosófica, ou seja, as 
questões ético-políticas, as questões humana e social, que até então não havia sido discutida. 
 
 A filosofia dos pré-socráticos foi perdida na antiguidade e só a conhecemos por meios indiretos. É 
possível até que não tenha havido obra escrita já que a tradição filosófica grega valorizava mais a linguagem 
falada do que a escrita. A filosofia era vista essencialmente como discussão, debate e não como texto escrito. 
Platão, por exemplo, faz Sócrates se manifestar neste sentido no Fédon (diálogo de Platão). 
 
 Em alguns casos, houve uma obra escrita, conhecida em parte, como o Poema de Parmênides e o 
tratado Da natureza de Heráclito, entretanto essas obras não sobreviveram integralmente. Trata-se apenas 
de fragmentos, pequena reconstrução do pensamento desses filósofos. As duas principais fontes de que 
dispomos para o conhecimento dos filósofos pré-socráticos são a doxografia e os fragmentos. A primeira 
consiste em sínteses do pensamento e comentários a eles, geralmente breves por autores de períodos 
posteriores. Os fragmentos são citações de passagens encontradas também em obras posteriores. A 
diferença principal entre ambos é que enquanto os fragmentos nos dão a própria palavra do pensador a 
doxografia nos dá seu pensamento nas palavras de outro. Ambas as fontes são precárias, imprecisas e 
incompletas. 
 
 Uma tradição que remonta a Aristóteles (Metafísica I, 4) e que se encontra igualmente em Diógenes 
Laércio (I, 14-5) cuja obra Vidas e Doutrinas dos filósofos ilustres é uma das principais fontes para conhecer o 
pensamento dos pré-socráticos – costuma ser dividido em duas grandes correntes, a escola Jônica e a escola 
Italiana. Esta divisão, embora a rigor imprecisa, pode ser útil para caracterizar uma diferença básica de 
concepção filosófica entre as duas tendências. 
 
 O quadro geral dos filósofos pré-socráticos e suas idéias centrais, destacando suas contribuições ao 
desenvolvimento da filosofia antiga, embora limitando-se apenas aos mais conhecidos e de maior influência 
será apresentado a seguir. Vamos nos concentrar nas doutrinas de Heráclito e Parmênedes que, de certo 
modo, representam as duas tendências básicas deste pensamento com o confronto entre as duas doutrinas 
podendo ser considerado o primeiro grande conflito teórico da filosofia. Esse confronto influencia o 
pensamento posterior, sendo que o próprio Platão se preocupará em superá-lo. 
 
ESCOLA JÔNICA: Caracteriza-se pelo interesse pela physis (=natureza), pelas teorias sobre a natureza. 
· Tales de Mileto (fl.c.585 a.C.) e seus discípulos: Anaximandro (c.610-547 a.C.) e Anaximenes (c.585-528 
a.C.) que formam a assim chamada escola de Mileto. 
· Xenófanes de Colofon (c.580-480 a.C.) 
· Eráclito de Éfeso (fl.c.500ª.C.) 
 
ESCOLA ITALIANA: Caracterizava-se por uma visão de mundo mais abstrata, menos voltada para uma 
explicação naturalista da realidade, prenunciando em certo sentido o surgimento da lógica e da metafísica, 
sobretudo o que diz respeito aos eleatas (Escola eleática recebe esse nome de Eleia, cidade situada no sul da 
Itália e local de seu florescimento. Nessa escola encontramos quatro grandes filósofos: Xenófanes, 
Parmênides, Zenão e Melisso. Nesse grupo famoso de pensadores, as questões filosóficas concentram-se na 
comparação entre o valor do conhecimento sensível e o do conhecimento racional. De suas reflexões, resulta 
que o único conhecimento válido é aquele fornecido pela razão). 
· Pitágoras de Samos (fl.c.530a.C., Alcmeon de Crotona (fl.início do séc.Va.C.), Filolau de Crotona (fl.final 
do séc.Va.C.) e a escola pitagórica (A Escola Pitagórica, fundada por Pitágoras, foi uma influente corrente 
da filosofia grega, pertencendo a ela alguns dos mais antigos filósofos pré-socráticos.[1] Temistocléia foi a 
mestre de Pitágoras; ela era alta profetisa, filósofa e matemática. Outros pensadores importantes dessa 
escola: Filolau, Arquitas, Alcmeón; a matemática e física Theano, que foi, possivelmente, casada com 
Pitágoras, a filósofa Melissa. 
Esses pensadores manifestam ao mesmo tempo tendências místico-religiosas e tendências científico-
racionais. A influência estende-se até nossos dias. 
A escola teve como ponto de partida a cidade de Crotona, sul da Itália, e difundiu-se vastamente. Trata-
se da escola filosófica grega mais influenciada exteriormente pelas religiões orientais, e que por isso 
mais se aproximou das filosofias dogmáticas regidas pela ideia de autoridade. O pitagorismo influenciou 
o futuro platonismo, o cristianismo e ainda foi invocado por sociedades secretas que atravessaram o 
tempo até alcançarem os dias de hoje. O símbolo da Escola Pitagórica era o pentagrama, uma estrela de 
cinco pontas. 
· Parmênedes de Eleia (fl.c.500ª.C.) e a escola eleática: Zenão de Eleia (fl.c.464ª.C.) e Melisso de Samos 
(fl.c.444ª.C.). 
 
Temos uma segunda fase do pensamento pré-socrático denominada por vezes de pluralista, que inclui os 
seguintes filósofos: 
· Anaxágoras de Clazômena(c.500-428a.C.) 
· Escola atomista: Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera (c.460-370a.C.) 
· Empédocles de Agrigento (c.450a.C.) 
 
B). A ESCOLA JÔNICA 
 
TALES DE MITETO é considerado o primeiro filósofo e, embora conheçamos muito pouco sobre ele e não 
subsista nenhum fragmento seu, foi desde a Antiguidade visto como o iniciador da visão de mundo do estilo 
de pensamento que passamos a entender como filosofia. Duas características são fundamentais nesse 
sentido: primeiro seu modo de explicar a realidade natural a partir dela mesma, sem nenhuma referência ao 
sobrenatural ou ao misterioso, formulando a doutrina da água como elemento primordial, princípio 
explicativo de todo processo natural; e, em segundo lugar, o caráter crítico de sua doutrina admitindo e 
estimulando que seus discípulos desenvolvessem outros pontos de vista e adotassem outros princípios 
explicativos. 
 
ANAXIMANDRO: foi o principal discípulo e sucessor de Tales. Propôs o apeíron (o ilimitado ou o 
indeterminado) como primeiro princípio, tendo sido o primeiro, talvez, a usar a noção de arqué (para os 
filósofos pré-socráticos, a arché ou arqué (ἀρχή; origem), seria um princípio que deveria estar presente em todos os 
momentos da existência de todas as coisas; no início, no desenvolvimento e no fim de tudo). Princípio pelo qual tudo 
vem a ser. nesse sentido). Destacou-se por introduzir uma noção nova, que não se confunde com nenhum dos 
elementos tradicionais e que pode ser considerado um esforço na direção de uma explicação mais adequada 
ou genérica do real, uma primeira versão da noção de matéria. 
 
ANAXÍMENES: provavelmente discípulo de Anaximandro, adotou, por sua vez, o ar (pneuma) como arqué, 
uma vez que o ar é incorpóreo e se encontra em toda parte. Podemos ver nisso uma tentaiva de encontrar, 
em um elemento de caráter invisível e incorpóreo, uma explicação abstrata da realidade física. 
 
XENÓFANES: embora originário da Jônia, viajou pela Grécia e esteve no sul da Itália, sendo considerado um 
precursor do pensamento dos eleatas e, talvez, mestre de Parmênedes. Escreveu em estilo poético, atacando 
o antropomorfismo típico da tradição religiosa grega. E defendeu a idéia de um deus único que, segundo 
alguns, se identifica com a própria natureza. Adota como primordial a terra, de onde se originariam todas as 
coisas. 
 
C). AS ESCOLAS ITALIANAS 
 
a). Pitágoras e o pitagorismo 
 
PITÁGORAS, embora originário de Samos, na Jônia, emigrou paraa Itália, segundo alguns devido a problemas 
políticos, segundo outros após a invasão persa, fundando em Crotona fundando sua escola de caráter 
semirreligioso e iniciático. Representa nesse sentido uma transição do pensamento jônico para o da escola 
italiana, mas também representa a permanência de elementos míticos e religiosos no pensamento filosófico. 
Trata-se de uma figura misteriosa e quase lendária, cercada de mistérios devido talvez às próprias 
características de sua escola. Especula-se sobre uma possível influência egípcia no pensamento pitagórico, já 
que Pitágoras defende uma concepção de imortalidade e de transmigração (metempsicose) da alma, embora 
essas crenças se encontrassem na tradição cultural da Trácia, no norte da Grécia. 
 
 A escola pitagórica constitui uma longa tradição na Antiguidade, subsistindo durante praticamente dez 
séculos, encontrando-se ainda no período do helenismo pensadores vinculados a essa tradição, os 
neopitagóricos. Teve, no entanto, inúmeras ramificações, posteriormente confundindo-se inclusive com o 
platonismo e o neoplatonismo, devido à influência do pitagorismo em Platão. 
 
 Uma das principais contribuições do pitagorismo à filosofia e ao desenvolvimento da ciência encontra-
se na doutrina segundo a qual o número é o elemento básico explicativo da realidade, podendo-se constatar 
uma proporção em todo o cosmo, o que explicaria a harmonia do real garantindo o seu equilíbrio. Os 
pitagóricos tiveram grande importância, portanto, no desenvolvimento da matemática grega, sobretudo na 
geometria. A teoria da harmonia musical reflete também a concepção pitagórica da escala musical. Isso 
resultaria dos sons emitidos pelos diversos segmentos das cordas da lira quando estendidas, sendo que a 
combinação desses sons entre si pode ser tratada de forma harmoniosa. Daí a música ter sido tratada, em 
toda a Antiguidade, como disciplina matemática. Essa mesma concepção, que busca um princípio geométrico 
de proporção como representante da harmonia cósmica, encontra-se na arquitetura grega, de linhas 
fortemente geométricas, na escultura do período clássico em que o corpo humano é representado de acordo 
com princípios que estabelecem uma proporção ideal entre a cabeça, o tronco e os membros, e até mesmo 
na ginástica e no culto ao físico, em que o atleta deve moldar o seu corpo para torná-lo harmonioso Omo 
uma escultura. 
 Essa concepção do número como elemento primordial reflete-se na tetractys, ou “grupo dos quatro” , 
que consiste nos quatro primeiros algarismos (1, 2, 3, 4), que somam dez (10) e que podem ser dispostos de 
forma triangular, simbolizando uma relação perfeita. 
 
 
 
 
 
b). A escola eleática 
 
O pensamento de Parmênedes e da escola eleática será visto mais adiante em relação ao de Heráclito e dos 
mobilistas. 
 
 
D). SEGUNDA FASE DO PENSAMENTO PRÉ-SOCRÁTICO 
 
 Esta segunda fase caracteriza-se sobretudo por pensadores que, tendo sofrido a influência de seus 
predecessores, muitas vezes de mais de uma tendência, desenvolveram suas teorias a partir de tais 
influências , combinando frequentemente aspectos de diferentes escolas valorizando uma concepção do 
mundo natural como múltiplo e dinâmico. 
 
ANAXÁGORAS DE CLAZÔMENA viveu em a Atenas, na época de Péricles, que teria sido seu discípulo. Sofreu a 
influência dos milesianos como Anaxímenes e possivelmente também dos pitagóricos. Concebeu a realidade 
como composta de uma multiplicidade infinita de elementos que denomina de homeomerias. Uma 
passagem de Aristóteles (Metafísica, I, 3) sintetiza bem o que conhecemos do pensamento de Anaxágoras. 
 
Anaxágoras de Clazômena, mais jovem do que Empédocles, mas posterior a ele em suas 
atividades, diz que os primeiros princípios são ilimitados em números. Explica que todas as 
substâncias de partes iguais (homeomerias) como a água e o fogo, são geradas e destruídas por 
combinação e separação; em outro sentido, nem são geradas nem destruídas, mas persistem 
eternamente. 
 
Anaxágoras usa o termo nous (espírito) no sentido de causa da existência do cosmo, ou de primeiro motor, 
de uma maneira que antecipa a concepção aristotélica formulada na Física. 
 
EMPÉDOCLES DE AGRIGENTO é conhecido principalmente por sua doutrina dos quatro elementos (fogo, 
água, terra e ar) (fr.17) que de certa forma procura sintetizar as doutrinas de pensadores anteriores sobre os 
elementos primordiais bem como superar a oposição entre a concepção monista eleata de unidade do real e 
as concepções pluralistas e mobilistas. Essa doutrina teve grande influência em toda a Antiguidade, 
chegando mesmo ao Renascimento e ao início do período moderno. Esses elementos são vistos como raízes 
(rizómata) (fr.6) de todas as coisas e de sua combinação resulta a pluralidade do mundo natural. 
 
 
 
a). A escola atomista 
 
LEUCIPO é considerado o fundador dessa escola, embora muito pouco se saiba a seu respeito; 
aparentemente teria sido discípulo de Zenão e sofrido influência da escola de Eleia. Seu pensamento é 
conhecido sobretudo a partir de seu discípulo Demócrito, que desenvolveu o atomismo, uma das doutrinas 
pré-socráticas de maior influência em toda a Antiguidade, sendo retomada no helenismo pelos epicuristas e 
no início do pensamento moderno por Pierre Gassendi (1592-1655). 
 
DEMÓCRITO, originário de Abdera, no norte da Grécia, teria viajado pelo Egito, Mesopotâmia e Pérsia 
fixando-se depois e Atenas. Sua doutrina do atomismo tornou-se conhecida sobretudo pela formulação feita 
por Epicuro, de grande influência na Antiguidade. Apesar de Demócrito ter escrito muitas obras, subsistiram 
poucos fragmentos de seus textos referentes a essa doutrina. 
 
 A doutrina atomista sustenta que a realidade consiste em átomos e no vazio, os átomos se atraindo e 
se repelindo e gerando com isso os fenômenos naturais e o movimento. A atração e repulsão dos átomos 
devem-se às suas formas geométricas, sendo que átomos de formas semelhantes se atraem e os de formas 
diferentes se repelem. Os átomos são imperceptíveis e existem em número infinito. Podemos destacar aí o 
avanço em relação às teorias anteriores na formulação dos átomos como elemento primordial, sobretudo 
quanto à noção de partículas imperceptíveis que compõem os objetos materiais e dão origem aos 
fenômenos ao movimento. Isso sem dúvida antecipa de maneira surpreendente a física atômica 
contemporânea, que deriva sua noção de átomo dessa tradição, apesar, é claro, das profundas diferenças 
existentes entre ambos. 
b). Monismo e mobilismo: Heráclito e Parmênides 
 
Serão examinadas agora as doutrinas de Heráclito e de Parmênedes e seus seguidores em termo de 
controvérsia entre monismo e mobilismo – marcante no século V a.C. e que pode ser tomada como uma 
espécie de divisor de águas quanto ao sentido e a influência do pensamento dos pré-socráticos na filosofia 
que se segue, sobretudo no pensamento de Platão. Embora haja dúvidas sobre quem, ou que escola 
constitui exatamente o alvo das críticas de Parmênides e dos eleatas em geral supõem-se que se referem a 
Heráclito ou talvez aos mobilistas e pluralistas em um sentido amplo. Começaremos por apresentar o 
pensamento de Heráclito de modo a permitir um confronto posterior com o pensamento eleático. 
 
HERÁCLITO DE ÉFESO: embora um dos pré-socráticos de quem mais chegaram fragmentos até nós, era 
conhecido já na Antiguidade como “o Obscuro” devido à dificuldade de interpretação de seu pensamento. 
Pode ser considerado, juntamente com os atomistas, como o principal representante do mobilismo, isto é, 
da concepção segundo a qual a realidade natural se caracteriza pelo movimento, todas as coisas estando em 
fluxo. Este seria o sentido básico da famosa frase atribuída a Heráclito: “Panta rei” (Tudo passa). Sua 
filosofia, tal como podemos reconstruí-la, é, entretanto, bem mais complexa do que isso. A noção de “logos” 
desempenha papel central no seu pensamento, como princípio unificador do real e elemento básico da 
racionalidade do cosmo. Segundo o famoso fragmento50, “Dando ouvidos não a mim, mas ao logos, é sábio 
concordar que todas as coisas são uma única coisa.” Assim, tudo é movimento, tudo está em fluxo, mas a 
realidade possui uma unidade básica, uma unidade na pluralidade. Esta “unidade na pluralidade” pode ser 
entendida também como a unidade dos opostos. Heráclito vê a realidade marcada pelo conflito (pólemos) 
entre os opostos (fr.53, 126, 80) conflito que todavia não possui um caráter negativo, sendo a garantia do 
equilíbrio, através da equivalência e reunião dos opostos (fr. 10). Assim, dia e noite, calor e frio, vida e morte 
são opostos que se completam (fr.67, 126). A existência do movimento e da pluralidade do real é parte da 
nossa experiência das coisas, e Heráclito parece ser um filósofo que valoriza a experiência sensível (fr.55) O 
fogo (pyr) é tomado como elemento primordial (fr.30, 31, 66, 90) ou, pelo menos enquanto chama, energia 
que queima e que se auto-consome, simbolizando o caráter dinâmico da realidade. O fragmento talvez mais 
famoso de Heráclito é o do rio (fr.9): Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, porque o rio não é 
mais o mesmo.” A tradição posterior teria acrescentado, “e nós também não somos mais os mesmos”. Este 
fragmento sintetiza exatamente a ideia da realidade em fluxo, simbolizada pelo rio que representa o 
movimento encontrado em todas as coisas, inclusive, no caso do acréscimo, em nós. Alguns intérpretes 
chegam a ver nesta metáfora implicações para a questão do conhecimento, a impossibilidade de banhar-se 
duas vezes no mesmo rio indicando a impossibilidade de um acesso mais permanente ao real, já que este 
encontra-se em constante mudança. Tal concepção levou alguns a interpretá-lo como relativista. 
 A tradição da história da filosofia inaugurada por Hengel viu em Herálito o primeiro filósofo a 
desenvolver um pensamento dialético, por valorizar a unidade dos opostos que se integram e não se anulam 
e por ver no conflito a causa do movimento no real. Isso caracterizaria uma espécie de dialética da natureza 
embora Heráclito , ele próprio, não empregue nos fragmentos que conhecemos o termo “dialética” 
aparentemente encontrado pela primeira vez apenas em Platão”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BREVE RETOMADA DO CONTEÚDO... 
Tales de Mileto: água está presente em todas as coisas. Metal e pedra reduzidos a 
estado líquido. 
Anaximandro de Mileto: todos os elementos em um único comum, o indeterminado. 
Invisível, mas existe. Mistério. Precede Einstein. Tudo se transforma. 
Anaxímenes: o ar é a nossa alma. Respirar é alimentar a alma. 
Pitágoras: o primeiro elemento era o número. Tudo poderia ser explicado pela 
Matemática. Pitágoras reuniu a música (espiritual) com o físico. 
Heráclito: o fogo é um transformador interminável. 
Parmênides: defendeu a essência, aquele que é. “Não podemos pensar aquilo que não 
existe”. 
A escola pluralista também existiu. Entenda quem foram os principais representantes: 
Empédocles: a essência de todas as coisas estaria nos quatro elementos. E eles 
poderiam ser encontrados em todas as coisas. 
Anaxágoras: sementes diversas controlavam tudo o que tivesse vida, espírito e mente 
onisciente. 
Demócrito: minúscula partícula. A ideia de átomo, presente em todas as coisas que 
existem. 
Depois das pesquisas dos pensadores pluralistas, também foi observada a proliferação 
de uma classe de “filósofos” que cobravam para ensinar seus conhecimentos. 
Tais pessoas, consideradas inescrupulosas pelos filósofos tradicionais, ensinavam 
como construir um discurso e argumentação. Protágoras (481 a.C.-420 a.C.), Górgias 
(483 a.C.-376 a.C.), e Isócrates (436 a.C.-338 a.C.) estão entre mais conhecidos sofistas. 
O período final da Filosofia Antiga e Grega é marcado pela forte influência de Sócrates, 
Platão e Aristóteles.

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