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Atividade de Direito Constitucional

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1. Lourenço, funcionário público estadual, foi punido em procedimento administrativo disciplinar com a suspensão de suas atividades por trinta dias. Diante disto, ingressou em juízo pleiteando a anulação da decisão administrativa ao argumento de que não foram garantidos os princípios do contraditório e da ampla defesa esculpidos no artigo 5º , LV da CRFB. A través de seu procurador, o Estado, defende -se afirmando que esta decisão na esfera administrativa não pode ser modificada, tornando-se, portanto, imutável, pois operou a chamada coisa julgada administrativa. Pergunta-se: Procede o argumento do procurador ? Justifique a resposta.
Resposta: 
Não é procedente o argumento do procurador. A questão pode ser analisada pelo Poder Judiciário – art. 5º, XXXVI, da CRFB – princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional – acesso à justiça.
2. O art. 2 do CPC consagra o princípio da demanda para todas as espécies de atividades judiciais, segundo o qual, o juiz deve ser provocado e, que se retrata nos brocardos ne procedat iudex ex officio e nemo iudex sine actore. Tal princípio comporta exceção ? Justifique e fundamente sua resposta.
Resposta:
O Poder Judiciário é inerte (parado), pois a jurisdição não pode ser exercida de ofício pelo Juiz (depende de provocação das partes para início do processo). Este princípio decorre do Princípio da Imparcialidade, tendo em vista que se um Juiz iniciasse um processo, certamente desde já teria uma posição que adotaria em sua decisão. Este princípio guarda exceções legais. Exemplo: execução trabalhista pode ser deflagrada pelo Juiz, de ofício; procedimentos de jurisdição voluntária, etc.
A Inércia foi insculpida no próprio texto do Código de Processo Civil, nos termos abaixo:
CPC Art. 2o "Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais".
3. No moderno sistema processual brasileiro, o direito de recorrer ao Judiciário para a correção das lesões aos direitos individuais tornou-se garantia constitucional: Dispõe o art. 5º, XXXV, da Constituição Federal: “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Assim, os vínculos existentes entre direito de ação e a pretensão, formando uma relação de instrumentalidade, levam -nos à conclusão de que o exercício da ação está sujeito à existência de três condições. Explicar detalhadamente cada uma delas. 
Resposta: 
As condições da ação são essenciais para o mérito ser apreciado. Não proíbe o autor (a ausência destas condições) de posteriormente propor nova demanda desde que sanada a ausência de uma destas condições. A primeira condição seria a Legitimidade que pode ser ordinária ou extraordinária, a legitimidade está prevista no artigo 6° do CP C que diz que “ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei”. A legitimidade ordinária é quando a parte pleiteia em nome próprio direito violado e a extraordinária é quando a lei autoriza a terceiro atuar. 
A segunda condição da ação é o interesse de agir que é constituído por um binômio composto pela necessidade e adequação. A terceira condição é a possibilidade jurídica do pedido.
4. O que é ação, jurisdição e competência ? Justifique sua resposta.
Resposta:
Ação
O direito de ação consiste na faculdade de obter a tutela para os próprios direitos ou interesses, quando lesados ou ameaçados, ou para obter a definição das situações jurídicas controvertidas. É conferida a todas as pessoas (naturais e jurídicas), inclusive aos entes despersonalizados (massa falida, espólio etc.,), de solicitar do Estado o exercício da tutela jurisdicional para solucionar o conflito de interesses. A ação é, portanto, o direito público subjetivo que as pessoas possuem frente ao Estado, no poder de produzir o efetivo exercício do Judiciário. Por tutela jurisdicional entende-se a proteção prestada pelo Estado quando provocado por meio de um processo, voltada para o direito material. É a subjetividade do autor levar sua pretensão em juízo, a fim de que o Estado na figura do juiz, solucione o problema.
Jurisdição
É o poder conferido ao Estado-Juiz para solucionar o conflito de interesses entre as partes que estão envolvidas em uma relação jurídica processual (exemplo: os acidentes de trânsito, o não pagamento de pensão alimentícia ao filho, guarda compartilhada, separação litigiosa etc.,). A jurisdição é o exercício da atividade de fazer manifestar-se o direito, de maneira impositiva, que é aplicável na resolução de um conflito substituindo-se aos titulares dos interesses em choque. É a substituição da vontade das partes pelo Estado com a finalidade de aplicação da lei no caso concreto. Assim, a jurisdição é caracterizada como uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito que os envolve, com justiça.
Por fim, podemos dizer que a jurisdição é comum que o processo visa à pacificação social através da solução da lide. Afim, que “o processo é um meio de que o Estado se vale para a justa composição da lide, ou seja, a atividade jurisdicional visa à composição, nos termos da lei, do conflito de interesses submetido à sua apreciação”.
Competência
A competência é “o poder de fazer atuar a jurisdição que tem um órgão jurisdicional diante de um caso concreto. Decorre esse poder de uma delimitação prévia, constitucional e legal, estabelecida segundo critérios de especialização da justiça, distribuição territorial e divisão de serviço. A exigência dessa distribuição decorre da evidente impossibilidade de um juiz único decidir toda a massa de lides existente no universo e, também, da necessidade de que as lides sejam decididas pelo órgão jurisdicional adequado, mais apto a melhor resolvê-las.”
5. Quais são os pressupostos processuais? Exemplifique.
Resposta:
Os pressupostos processuais são de existência ou de validade.
Os pressupostos de existência subdividem-se em subjetivos e em objetivos. Os primeiros são compostos de: um órgão jurisdicional e da capacidade de ser parte (aptidão de ser sujeito processual). O pressuposto processual de existência objetivo é a própria demanda (ato que instaura um processo, ato de provocação). 
Presentes os pressupostos processuais de existência, passa-se à análise dos pressupostos processuais de validade , que também se subdividem em subjetivos e objetivos.
Os pressupostos processuais de validade subjetivos dizem respeito ao juiz (sua competência e imparcialidade) e às partes (que devem ter capacidade processual e capacidade postulatória). Já os pressupostos processuais de validade objetivos podem ser intrínsecos ou extrínsecos. Os intrínsecos são os pressupostos que devem ser vistos dentro do processo, como o adequado desenrolar dos atos processuais. Os extrínsecos, também chamados de negativos, são pressupostos que não devem estar presentes. Em outras palavras, para que o processo seja válido, não podem ocorrer, como a coisa julgada.

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