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RESENHA texto ESSE ESTRANHO QUE NOS HABITA: O CORPO NAS NEUROSES CLÁSSICAS E ATUAIS.

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UNIVERSIDADE PAULISTA
Discente: Gean Carlos Candido da Silva RA: C40957-0
Estágio: Psicoterapias em Orientação Psicanalítica 
Supervisora: Anna Rogéria Nascimento de Oliveira 
RESENHA DO TEXTO “ESSE ESTRANHO QUE NOS HABITA: O CORPO NAS NEUROSES CLÁSSICAS E ATUAIS”. 
	O presente artigo inicia destacando sobre a energia libidinal na histeria que para Freud, estaria ligada a eventos passados, a desejos infantis recalcados que retornam a fim de buscar satisfação. Isso se revelaria através de expressões no corpo, não como pensamentos. 
	Mas o que seria essa energia libidinal? Podemos conceituar aqui, como a energia das pulsões sexuais. Vale ressaltar que a libido não possui uma explicação empírica, mas sim, uma especulação teórica, útil para explicar determinados fatos psíquicos. As forças psíquicas estariam ligadas às pulsões, e as energias psíquicas de caráter sexual à libido. Uma característica importante desta última é seu caráter de deslocamento, as fases do desenvolvimento psicossexual e também aos fenômenos psicossociais. (FULGENCIO, 2002). 
	Lacan dá ao corpo uma nova significação, para ele, o corpo não é apenas imagem, nem significante nem só bordas pulsionais, mas sim, uma combinação entre a lalangue e o corpo vivo. E o que seria a lalangue? Entende-a como a língua materna, pois é pela mãe que a criança a recebe, logo, ela não aprende lalangue que também é uma forma de satisfação que não depende de significação. 
	Ao citar o corpo como estranho, Freud evidencia uma relação paradoxal com este, uma ideia de estranheza referente ao sentimento de familiaridade. Esse efeito de estranhamento se dá às fontes de estímulos pulsionais que exercem um efeito de exterioridade em relação ao narcisismo do eu e do corpo. Os sintomas histéricos, ao criarem corpos fantasiosos, são estranhos ao eu. Isso se dá pelos efeitos da castração (falta), e os sintomas se revelam, preferencialmente, no corpo. 
	Lacan, afirma que o falante não é seu corpo, ele o tem. Diferente dos animais que são o corpo, o sujeito o tem. Por ser constituído por linguagem e ter significação, o corpo, porém, só dará um significado ao sujeito pela via do sintoma, ou seja, é a partir desse sintoma que o falante terá um corpo. 
	Na histeria de conversão são recalcados impulsos infantis e a busca por satisfação é dirigida segundo vias facilitadoras ao plano somático. Na histeria, o modo que o sujeito sustenta seu desejo é pela insatisfação. Há uma ideal inalcançável especialmente no que se refere ao corpo. 
	Já na neurose obsessiva, há a predominância do pensar obsessivo, que se caracteriza por dúvidas e procrastinações. Ao ser tomado por pensamentos que lhe parecem alheios, o sujeito só consegue livrar-se deles através de rituais que atrasam todo e qualquer ato de resolução. Aqui, o corpo não é propriamente o local do sintoma como na histeria, mas sim da angústia. O obsessivo tenta evitar o envolvimento de seu corpo como objeto de troca nas relações e com a demanda do Outro. 
	A neurose obsessiva pode ser compreendida como defesa contra a histeria quando existe uma manutenção do corpo como um objeto a ser reivindicado pelo Outro. Há a separação entre o afeto e representação, onde o corpo seria o lugar de afeto, e a mente o lugar do sintoma. Diferentemente da histeria, onde o corpo apresenta o sintoma e a mente uma aparente indiferença aos sintomas corporais. 
	A posição do analista diante dessas neuroses é também distinta, na histeria ele é convocado a interpretar o sintoma, e na neurose obsessiva é convidado a moderar a angústia. 
	No último tópico do artigo, Zucci questiona se há alguma diferença entre as neuroses clássicas e as atuais e como a clínica psicanalítica lida com isso. Frente a este questionamento, conduziu às chamadas psicoses ordinárias. Há um “hiato” entre o tratamento histérico e o psicótico, o que pode se nomear como neo-conversões. Aqui, há a ausência do nome-do-pai e uma tentativa de constituir um corpo, a partir do sintoma, diferentemente na neurose histérica, onde necessita de um corpo para constituir o sintoma. 
	Para Lacan, a histeria é sempre dois: o sintoma e seu interpretante. Entretanto, há a histeria rígida que se sustenta sem o nome-do-pai, se localizando no limite do sentido. E o diferença da histeria rígida de uma neo-conversão, é o fato que na histeria rígida o nó está amarrado, permite a sua reversão sem desfazer o nó, já nas neo-conversões, há erros na amarração sendo necessária uma amarração em suplência, a reversão aqui é impossível sem desmanchar o nó. Já as neuroses obsessivas atuais, elas são mais caracterizadas por atos compulsivos e menos pensamentos obsessivos. 
	
REFERÊNCIAS: 
FULGENCIO, L. A teoria da Libido em Freud como uma hipótese especulativa. Rio de Janeiro, 2002. 
ZUCCHI, M. Esse estranho que nos habita: o corpo nas neuroses clássicas e atuais. Opção Lacaniana. Julho, 2014.

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