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AULA 07 - ED - DISTRITO SANITÁRIO

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O PROJETO ESTRUTURANTE NO CAMPO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE: 
O DISTRITO SANITÁRIO
Eugênio Vilaça Mendes
1) COMO O AUTOR DEFINE O DISTRITO SANITÁRIO?
	“O distrito sanitário deve ser entendido como processo social de mudança das práticas sanitárias, dirigido para a eficiência e eficácia sociais, a eqüidade e a democratização e que se institui em um território (normalmente a microrregião) no qual se estabelecem relações transacionais entre as instituições de serviços de saúde, reordenadas de acordo com certos princípios organizativos e assistenciais, e os conjuntos sociais em situação, com seus problemas, suas demandas e seus recursos econômicos e organizativos.”
	“O distrito sanitário é, sobretudo, um espaço programático que, de um lado, rejeita uma estrutura burocrática muito formalizada e, de outro, constitui lugar democrático de negociação e concertação constante entre os diferentes atores sociais em situação no território-distrito.”
2) QUE DIRECIONALIDADE DEFINE O TERRITÓRIO-DISTRITO?
	“O território-distrito é definido em virtude de uma direcionalidade: a de conter, em si, a auto-suficiência dos serviços de atenção primária, secundária e terciária. Por conseqüência, o distrito sanitário deve ofertar, organizadamente, serviços concernentes a esses três níveis de atenção.”
03) PARA O AUTOR, O DISTRITO-TERRITÓRIO NÃO DEVE SER “TECNOCRATICAMENTE CONSTRUÍDO OU POLITICAMENTE INVENTADO”. O QUE ELE QUER DIZER COM ISSO?
“Normalmente, esse território já existe, fruto de processos sociais de longa maturação, mais ou menos racionais, em que municípios próximos se organizam em busca de se complementarem em diversos campos, econômicos e sociais.”
04) QUE MUDANÇA DE ATITUDE É REQUERIDA ENTRE GESTORES GOVERNAMENTAIS?
	“A autonomia municipal deve conviver com a colaboração entre municípios e entre municípios e governos estadual e federal, para garantir o acesso da população todos os níveis do sistema de saúde (...) O que tem prevalecido, seja por falência das instituições estaduais, seja por polarização da municipalização resultante da luta pela descentralização, é uma desconfiança mútua entre os entes governamentais.”
	“O distrito sanitário exige mudança radical dos entes governamentais porque, respeitadas as diferenças políticas e ideológicas próprias da democracia, permite instaurar, pela negociação permanente, a possibilidade de complementaridade e da solidariedade entre diferentes. Esse é, do ponto de vista gerencial, o fundamento do distrito sanitário. Dessa forma, a confrontação dá lugar à solidariedade interfederativa.”
05) O AUTOR QUESTIONA QUE A ATENÇÃO PRIMÁRIA SEJA DE BAIXA DENSIDADE TECNOLÓGICA. COMO ELE ARGUMENTA ISSO?
	“Falo de densidade tecnológica e, não, de complexidade tecnológica porque é preciso questionar a idéia de que a atenção primária é de baixa complexidade tecnológica. (...) Ao contrário, exige conhecimentos, habilidades e práticas de alta complexidade porque inscritas em distintos campos como o da antropologia, da psicologia social, da sociologia, da economia, da medicina, da comunicação social, da educação, etc.”
06) POR QUE O AUTOR SE REFERE AO MÉDICO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA COMO “MÉDICO CINCO ESTRELAS”?
	“A Unidade de Desenvolvimento Educacional da OMS define as funções de um médico de atenção primária:
	Prestar atenção preventiva, curativa e reabilitadora;
	Tomar decisões baseadas em eficácia e custos;
	Ser comunicador e educador em saúde;
	Estar atento aos determinantes de saúde relativos aos entornos físico e social;
	Estar atento aos riscos para a saúde;
	Assumir tarefas gerenciais.” 
07) COMO O AUTOR DEFINE AS LÓGICAS ORGANIZATIVAS DOS NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE?
	“A par de organizar as unidades de forma escalar, há de distribuí-las adequadamente no espaço, a fim de lhes otimizar a produtividade. Daí, o encontro, no distrito sanitário, entre microrregionalização e hierarquização. Como conseqüência, no território-distrito devem estar distribuídos, otimamente, os serviços de atenção primária, secundária e terciária.”
	“As lógicas organizativas dos níveis de atenção da saúde são distintas.”
	“A atenção primária estrutura-se descentralizadamente, em cada município, nos seus territórios de abangência, seu sujeito é hegemonicamente coletivo e sua base organizacional é a Epidemiologia.”
	“Os níveis secundário e terciário devem, por economia de escala e disponibilidade de recursos, ser relativamente centralizados, o seu sujeito é hegemonicamente individual e sua base organizacional é a Clínica.”
	NIVEL DE ATENÇÃO	ESTRUTURA	SUJEITO	BASE DA ORGANIZAÇÃO
	Atenção Primária	Descentralizada	Coletivo	Epidemiologia
	Atenção Secundária e Atenção Terciária	Relativamente Centralizada	Individual	Clínica
08) QUAIS SÃO AS DUAS ESTRATÉGIAS DE ORGANIZAÇÃO DO DITRITO SANITÁRIO?
	“No espaço de uma microrregião assistencial, se descentraliza, para cada município, a atenção primária, ofertada pelo programa de saúde da família e...
	 obedecendo à dialética da descentralização/centralização e às ordens organizacionais dos distintos níveis, concentram-se as atenções secundária e terciária, nos consórcios de saúde.”
Desta forma, o distrito sanitário:
Concilia os ideais municipalistas;
Estimula o espírito colaborativo entre as cidades;
Fortalece o federalismo cooperativo;
Viabiliza os princípios da universalidade do acesso e da integralidade da atenção; e
Garante a economicidade do sistema de saúde.
	“O distrito sanitário organiza-se através de duas estratégias básicas: a saúde da família como estratégia de organização da atenção primária de saúde e o consórcio de saúde como estratégia de organização das atenções secundária e terciária.”
	“Existe, portanto, uma intercomplementaridade entre essas duas estratégias.”
	“A atenção primária organizada sem a garantia de referência aos níveis secundário e terciário, se transformará necessariamente, em atenção médica seletiva;
	A organização dos níveis secundário e terciário, por meio de consórcios, sem uma base resolutiva de atenção primária, significará a medicalização do sistema de saúde e implicará uma explosão de custos, consolidando e ampliando todas as mazelas do atual sistema.”
09) AS DUAS ESTRATÉGIAS TÊM “TEMPOS POLÍTICO E 
TEMPO TÉCNICO DISTINTOS”. O QUE ELE QUER DIZER COM ISSO?
	“A implantação de consórcios de saúde, apesar de lidar com equipamentos de maior densidade tecnológica, é menos complexa e mais rápida porque significa implantar serviços coerentes com a cultura médica hegemônica e que apresenta maior viabilidade política;”
	“A estruturação da saúde da família, que trabalha com menor densidade tecnológica, é tarefa mais complexa e mais demorada por exigir mudanças culturais profundas na forma convencional de prestação dos serviços básicos e por apresentar menor apelo ao senso comum político.”
	“Tendo em vista a intercomplementaridade das duas estratégias, em cada distrito sanitário deste país, deverá haver um desenho estratégico, feito pelos atores em situação, que permita construir, na singularidade desse território, um processo factível e viável de intervenção sanitária.”
10) OS SEGMENTOS DE SAÚDE ADOTADOS PELA SEMSA-RBR SÃO CONSIDERADOS DISTRITOS SANITÁRIOS?
	Não. Porque não oferecem no território as ações e serviços de média e de alta complexidade (atenção secundária e terciária).
REGIÕES DE SAÚDE
 DO ACRE
ALTO ACRE (verde)
BAIXO ACRE/PURUS (amarelo)
JURUÁ/TARAUACÁ-ENVIRA (AZUL)
REGIÃO I – VALE BAIXO ACRE-PURUS
REGIÃO II – VALE DO ALTO ACRE
REGIÃO III – VALE DO JURUÁ
MACRORREGIÃO DO ACRE

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