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TRABALHO DIREITO TRIBUTÁRIO APLICADO (1)

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UNIVERSIDADE POTIGUAR 
 DOCENTE: PEDRO FERNANDO BORBA VAZ 
 CURSO DE DIREITO 
 TURMA: 8TB 
 
 
 
 
 
 RILANY ELLEN SANTOS DE MEDEIROS 
 
 
 
 
 
 DIREITO TRIBUTÁRIO APLICADO 
 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS 
 
 
 
 
 
 
 
 NATAL 
 2020 
 
 
1- INTRODUÇÃO 
 
O direito tributário visto e estudado como ramo autônomo da ciência do direito, possui como 
toda matéria científica princípios que se traduzem como linhas diretivas, verdades fundantes, 
alicerces, que condicionam e estruturam todo um sistema lógico. 
Com fundamento nesse conceito, é possível vislumbrar a importância dos princípios no sistema 
jurídico pátrio, já que possibilitam o correto e exato entendimento dos segmentos normativos 
que o compõe. 
Os princípios constitucionais tributários estão intimamente relacionados à necessidade de 
existir um limite para que a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal no exercício 
de suas atribuições, sigam de maneira correta as imposições legais necessárias ao 
funcionamento harmônico do Estado. 
Com isso, é possível constatar que tais princípios constitucionais possuem como função 
precípua, a limitação do poder de tributar dos entes públicos, ou seja, estão diretamente ligados 
a ideia de uma competência tributária não absoluta, limitada sempre, às normas da Constituição 
Federal. 
 
2- PRINCÍPIOS 
2.1- PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 
O primeiro e mais relevante princípio que será estudado é justamente o da legalidade, pois 
encabeça e possibilita a existência de todos os demais princípios constitucionais. 
Tal princípio é muito antigo e pode ser encontrado em diversos diplomas legais ao longo da 
história e desenvolvimento do ser humano e consequentemente do próprio Estado. 
O primeiro documento oficial que se tem conhecimento, que contém nitidamente a ideia da 
legalidade nas questões que envolvem a tributação é a Magna Carta inglesa, de 1215, do Rei 
João Sem Terra, onde os nobres e plebeus, reuniram-se e redigiram um documento que continha 
dentre os pedidos ao Rei João, a aprovação de um estatuto que proibisse a tributação irrestrita 
da Coroa, sem a participação e consenso prévio dos súditos. 
Outros momentos históricos também foram profundamente marcados e alterados por foça do 
princípio da legalidade, como por exemplo, a independência dos EUA e a Revolução Francesa, 
que tinham como tinham como um dos combustíveis, o fato da tributação exercida pelo 
Governo ser basicamente extorsiva. 
Por intermédio de tais fatos constatados ao longo da história, é possível arriscar a dizer que o 
conceito e formação do Estado, só é possível graças ao princípio da legalidade, pois o mesmo 
serve como sustentáculo da segurança jurídica e da justiça. 
No Brasil, a Constituição Federal de 1988, sedimentou tal princípio de maneira geral em seu 
Artigo 5º, II que prega o fato de que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa senão em virtude de lei” e de forma específica na matéria tributária em seu Artigo 150, I 
dizendo que “é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; exigir ou 
aumentar tributo sem lei que o estabeleça”. 
Continuando a análise, resta claro, que todas as exações que tratam dos méritos tributários 
devem sempre estar dispostas em Lei, elaboradas e aprovadas pelos representantes do povo, ou 
seja, salvo algumas exceções, a matéria tributária emanará de lei ordinária. 
O Ilustre doutrinador Luciano Amaro define que: 
“Em suma, a legalidade tributária não se conforma com a mera autorização de lei para 
cobrança de tributos; requer-se que a própria lei defina todos os aspectos pertinentes ao fato 
gerador, necessários à quantificação do tributo devido em cada situação concreta que venha 
a espelhar a situação hipotética descrita na lei.” 
Por fim, da análise do princípio da legalidade muitos autores afirmam que também existe no 
ordenamento jurídico uma legalidade mais específica, batizada de legalidade estrita considera 
como aquela responsável por certos requisitos específicos apresentados na lei de maneira 
taxativa. Prova disso é a redação do Artigo 97 do CTN. 
 
3.0 - PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE 
 
O princípio da anterioridade está descrito no Artigo 150, III, b, da Constituição Federal e dispõe 
que é vedado a União, Estados, Distrito Federal e Municípios cobrar tributos no mesmo 
exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. 
Da leitura do texto legal é possível constatar que os tributos não poderão ser cobrados no mesmo 
ano do exercício financeiro em que a lei que os institui ou aumentou foi publicada, ou seja, caso 
a lei que instituísse ou aumentasse o tributo X fosse publicada em 2014, somente em janeiro de 
2015 é que o tributo poderia ser cobrado com base nas novas regras. 
Mediante a tal fato, a maioria das leis eram publicadas no dia 31 de dezembro e a partir do dia 
seguinte 1º de janeiro os tributos já poderiam ser cobrados. Ora, essa prática além de ferir a 
lealdade tributária não parece ser a mais adequada, por isso o legislador criou a Emenda 
Constitucional 42, de 19 de dezembro de 2003, que acrescentou a alínea “c” ao Artigo 150, III 
da CF. 
Com tal medida, o texto constitucional passou a ter um dispositivo diferenciado relativo à 
anterioridade, ou seja, a CF passou a dispor de dois tipos de anterioridade a primeira delas já 
exposta acima e a segunda chamada pela maioria da doutrina de anterioridade nonagesimal ou 
anterioridade mitigada. 
Segundo o novo texto legal é vedado a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, cobrar 
tributos antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu 
ou aumentou, observado o disposto na alínea b. 
Com base na definição legal, observa-se que as duas modalidades de anterioridade devem ser 
observadas na contagem para a devida cobrança dos tributos, ou seja, primeiro são analisados 
os requisitos da anterioridade chamada de anual e depois os requisitos da anterioridade 
nonagesimal. 
Para uma visualização mais clara da situação de cumulatividade das anterioridades seguem os 
exemplos: 
Anterioridade Anual: a Lei X majorou certo tributo em 31 de dezembro de 2014, ora para que 
se tenha a certeza da data que o tributo poderá ser exigido, primeiro analisa-se a regra da 
anterioridade anual, ou seja, o tributo poderá ser exigido no dia 1º de janeiro de 2015. 
Anterioridade Nonagesimal: a Lei X majorou certo tributo em 31 de dezembro de 2014, assim 
para que se tenha certeza da data adequada para a exigência do tributo, primeiro é feita análise 
da anterioridade anual, que permitirá a cobrança no dia 1º de janeiro de 2015, após serão 
observados os 90 dias de vacância obrigatórios dispostos na alínea “c” do Artigo 150, III, CF, 
assim o tributo só poderá ser cobrado em meados de março de 2015. 
Com base nos exemplos, fica claro que a anterioridade nonagesimal é muito importante para 
manter a relação de lealdade entre fisco e contribuinte, além disso, é possível resumir as regras 
da anterioridade no sentido que caso um tributo seja criado ou majorado entre janeiro e setembro 
de um determinado ano, ele poderá ser exigido sempre a partir de 1º janeiro do ano seguinte. 
Porém, se essa situação ocorrer entre outubro e dezembro, por força dos 90 dias de vacância, a 
exigência só poderá ser feita a data posterior à 1º de janeiro. 
Como para toda regra há uma exceção, tanto o princípio da anterioridade anual, quanto o da 
anterioridade nonagesimal, não são absolutos, ou seja, há tributos os quais não se aplicam as 
regras presentes no Artigo 150, III, alíneas b, c da CF. 
No tocante ao princípioda anterioridade chamada de anual, a vedação contida na Lei não é 
válida para certos tributos, quais sejam, II, IE, IPI, IOF, IEG, Empréstimo Compulsório para 
Calamidade Pública ou Guerra Externa e após a EC nº.33/2001 também para a CIDE - 
Combustível e ICMS - Combustível. 
A anterioridade nonagesimal, também possui suas exceções, pois sua regra não incide sobre II, 
IE, IR, IOF, IEG, Empréstimo Compulsório para Calamidade Pública ou Guerra Externa, 
alterações na base de cálculo do IPTU e IPVA. 
 
3.1 - PRINCÍPIO DA ISONOMIA OU IGUALDADE TRIBUTÁRIA 
 
Pelo princípio constitucional da isonomia ou da igualdade, previsto no art. 150, II da CF, temos 
o dever jurídico de tratarmos todos de forma isonômica, de forma igualitária. Isso não quer 
dizer tratamento absolutamente idêntico, mas sim tratamento diferenciado com base nas 
diferentes situações fáticas encontradas. A legislação não pode fazer discriminações sem 
fundamento. O princípio da isonomia já é uma exigência da Constituição desde o seu 
preâmbulo. 
 Lembrando da enunciação poética de Rui Barbosa: “princípio da isonomia é tratar igualmente 
os iguais, e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades”. Tratar 
desigualmente os desiguais é tratar de maneira diferenciada. A afirmação que parece 
contraditória é verdadeira. 
 Contudo, um tratamento diferenciado que se justifique, que tenha por base as desigualdades 
individuais. Existe isonomia no Direito Tributário. O Fisco não deve tratar exatamente da 
mesma forma todos os sujeitos passivos. O Fisco deve tratar as pessoas de uma maneira 
diferenciada, tendo em vista algum critério. O critério utilizado pelo Fisco deve ser algo que 
leve em conta, como regra geral, a capacidade contributiva individual. Pela enunciação 
constitucional, é proibida qualquer distinção em razão da ocupação profissional ou função 
exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. 
 
3.2- PRINCÍPIO DA CAPACIDADE ECONÔMICA 
 
 Princípio antigo, que surge nos textos legais na CF de 1946 e mantém seu ideal até os dias 
atuais, conforme texto do Artigo 145, §1º da CF de 1988: 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes 
tributos: 
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a 
capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente 
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos 
termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. 
Ele basicamente pode ser observado por dois prismas diferentes, o primeiro deles a capacidade 
do legislador em um momento pré-jurídico eleger e observar os fatos na sociedade que 
indiquem sinal de riqueza para a elaboração de tributos. 
A outra visão do princípio abordado é sob o prisma de uma acepção subjetiva no tocante a 
distribuição e repartição tributária, conforme o nível econômico evento. 
 
4.0 - PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DE TRIBUTO CONFISCATÓRIO 
 
Esse princípio pode ser encontrado no Artigo 150, IV da CF de 1988, com a redação simples 
que afirma que é proibido utilizar o tributo com efeito de confisco. 
A partir de tal definição legal, é possível afirmar que esse princípio impede que o Fisco, ao 
cobrar um tributo, de se apossar dos bens do contribuinte, logo a finalidade do mesmo é manter 
a ordem e lealdade tributária, para que os tributos sejam exigidos de forma coerente e não 
invadam a âmbito da propriedade privada (bens) dos contribuintes. 
Para concluir sobre o tema, é louvável os entendimentos de Luciano Amaro: 
“É obvio que os tributos (de modo mais ostensivo, os impostos) traduzem transferências 
compulsórias (não voluntárias) de recursos do indivíduo para o Estado. Desde que a tributação 
se faça nos limites autorizados pela Constituição, a transferência de riqueza do contribuinte 
para o Estado é legítima e não confiscatória. Portanto, não se quer, com a vedação de confisco, 
outorgar à propriedade uma proteção absoluta contra a incidência do tributo, o que anularia 
totalmente o poder de tributar. O que se objetiva é evitar que, por meio do tributo, o Estado 
anule a riqueza privada.” 
 
4.1 - PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO 
 
O princípio da liberdade de tráfego está previsto no Artigo 150, V da CF de 1988, trazendo a 
ideia de vedação aos entes públicos de instituírem e consequentemente cobrarem tributos em 
função da simples locomoção de pessoas ou bens entre municípios e estados. 
Desta forma, o legislador pretendeu inibir uma possível alternativa dos entes estatais de 
cometerem abusos fiscais, pois se a cobrança de tributos, nesses termos, fosse permitida, o 
próprio desenvolvimento do Estado seria ameaçado. 
É importante destacar, que o dispositivo legal, visa impedir a cobrança de tributos pelo simples 
ato de bens e pessoas cruzarem um município ou estado, ou seja, o tributo nesse caso oneraria 
o ato de trafegar, fato que iria imediatamente confrontar o princípio constitucional da liberdade 
de locomoção, presente no Artigo 5º, XV, da CF. 
Assim, resta claro que tal princípio não possui como postulado a proibição de tributar as 
operações entre municípios e estados, pois o escudo recai sobre a liberdade de locomoção. 
Contudo, o texto legal faz menção à exceção no caso dos pedágios, sem entrar na árdua 
discussão sobre a natureza do pedágio, o valor pago no guichê de cobrança ocorre em função 
da utilização de uma estrada mantida pelo Poder Público, ou seja, o valor não é pago por cruzar 
uma fronteira estadual ou municipal. 
Outro ponto que merece destaque é no tocante a cobrança de ICMS e o princípio em análise, 
ora confusão não deve ser feita, pois o ICMS tem como fato gerador a circulação das 
mercadorias e não o cruzamento de fronteiras municipais ou estaduais. 
Resta claro, que o princípio da liberdade de tráfego está harmonicamente inserido no 
ordenamento jurídico e não contradiz os ditames do sistema jurídico pátrio. 
 
5.0 - CONCLUSÃO 
 
Com fundamento nos entendimentos acima expostos é possível vislumbrar que a 
matéria tributária possui intensa relevância no funcionamento do Estado como um 
todo, além disso seus princípios se fazem fundamentais para o correto e devido 
funcionamento da máquina estatal na função de arrecadar os tributos. 
 
 
6.0 -REFERÊNCIA 
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1326020/o-que-se-entende-pelo-principio-
da-liberdade-de-trafego?ref=feed 
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1326020/o-que-se-entende-pelo-principio-da-liberdade-de-trafego?ref=feed
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1326020/o-que-se-entende-pelo-principio-da-liberdade-de-trafego?ref=feed
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-tributario/o-principio-da-
legalidade-no-direito-tributario-e-suas-excecoes/ 
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8234/Direitos-fundamentais-e-
tributacao-os-limites-constitucionais-ao-poder-estatal-de-tributar-e-o-
principio-do-nao-confisco 
 
 
 
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-tributario/o-principio-da-legalidade-no-direito-tributario-e-suas-excecoes/
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-tributario/o-principio-da-legalidade-no-direito-tributario-e-suas-excecoes/

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