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Língua Portuguesa – Fábio Dias Variação linguísticas Variedades linguísticas são as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. Entre as variedades da língua, existe uma que tem maior prestígio: a variedade padrão. Também conhecida como língua padrão e norma culta, essa variedade é utilizada na maior parte dos livros, jornais e revistas, em alguns programas de televisão, nos livros científicos e didáticos e é ensinada na escola. As demais variedades linguísticas — como a regional, a gíria, o jargão de grupos ou profissões (a linguagem dos policiais, dos jogadores de futebol, dos metaleiros, dos surfístas etc.) — são chamadas genericamente de variedades não padrão. Dialetos e Registros Há dois tipos básicos de variação linguística: os dialetos e os registros. Os dialetos são variedades originadas das diferenças de região ou território, de idade, de sexo, de classes ou grupos sociais e da própria evolução histórica da língua. As variações de registro ocorrem de acordo com o grau de formalismo existente na situação; com o modo de expressão, isto é, se se trata de um registro oral ou escrito; com a sintonia entre os interlocutores, aspectos como graus de cortesia, deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário específico de algum setor científico,...) Gíria A gíria é uma das variedades que uma língua pode apresentar. Quase sempre é criada por um grupo social, como os dos fãs de rap, de funk, de heavy metal, os surfistas, os esqueitistas, os grafiteiros, os bikers, os policiais etc. Quando restrita a uma profissão, a gíria é chamada de jargão. É o caso do jargão dos jornalistas, dos médicos, dos dentistas e outras profissões. Atividade Assaltante nordestino: -ei, bichin...isso é um assalto...arriba os braços e num se bula nem faça muganga...arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim se não enfio a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora! perdão, meu Padim Ciço, mas é que tô com uma fome da moléstia... ASSALTANTE BAIANO ― Ô meu rei... ( pausa ) Isso é um assalto... ( longa pausa ) Levanta os braços, mas não se avexe não..(outra pausa ) Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado ...Vai passando a grana, bem devagarinho ( pausa pra pausa ) Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado. Não esquenta, meu irmãozinho, ( pausa ) Vou deixar teus documentos na encruzilhada. ASSALTANTE MINEIRO ― Ô sô, prestenção: issé um assarto, uai. Levantus braço e fica ketin quié mió procê. Esse trem na minha mão tá chein de bala... Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje. Vai andando, uai ! Tá esperando o quê, sô?! ASSALTANTE CARIOCA ― Aí, perdeu, mermão . Seguiiiinnte, bicho, tu te fu. Isso é um assalto . Passa a grana e levanta os braços rapá . Não fica de caô que eu te passo o cerol.... Vai andando e se olhar pra tras vira presunto. ASSALTANTE PAULISTA ― Pôrra, meu ... isso é um assalto, meu. Alevanta os braços, meu . Passa a grana logo, meu. Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra comprar o ingresso do jogo do Corintian, meu . Pô, se manda, meu. ASSALTANTE GAÚCHO ― Ô gurí, ficas atento, Báh. Isso é um assalto. Levanta os braços e te aquieta, tchê ! Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. Passa as pilas prá cá ! E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala. ASSALTANTE DE BRASÍLIA ― Querido povo brasileiro, estou aqui no horário nobre da TV para dizer que, no final do mês, aumentaremos as seguintes tarifas: Energia, Água, Esgoto, Gás, Passagem de ônibus, Imposto de renda, Licenciamento de veículos, Seguro Obrigatório, Gasolina, Álcool, IPTU, IPVA, IPI, ICMS, PIS, COFINS... I- O texto retrata várias cenas de assalto, cada uma delas situada em um Estado ou região diferente do país. A fala do assaltante tem sempre o mesmo conteúdo, enquanto o uso da linguagem e o modo como o assalto é conduzido mudam de uma situação para outra. Identifique em cada uma das cenas duas palavras ou expressões próprias do dialeto do: a) nordestino b) mineiro c) gaúcho d) carioca e) baiano f) paulista II- Além da linguagem, o texto também revela comportamentos ou hábitos que supostamente caracterizam o povo de diferentes Estados ou regiões. O que caracteriza, por exemplo: a) O nordestino? b) O baiano? c) paulista? III- A linguagem também revela ocupação do usuário enquanto ser social, sua identidade, pois o cotidiano influencia na construção do vocabulário ativo do indivíduo, daí mesmo quando não está falando-se sobre ou no trabalho, as palavras são pistas que evidenciam sua rotina. O que se pode inferir de quem seja último assaltante? Causo de mineirim http://textos_legais.sites.uol.com.br/causo_mineiro.htm IV- A finalidade do texto é puramente humorística, procura reproduzir o jeito como supostamente se fala em certas regiões de Minas Gerais. a) O texto apresenta aspectos interessantes de variações linguísticas. Observando a escrita de algumas palavras, deduza o que caracteriza esse dialeto mineiro? b) Também é possível observar no texto variações de registro, especialmente quanto ao modo de expressão. O texto apresenta marcas da linguagem escrita ou da linguagem oral? Exmplique. IV- A escrita é uma das formas de expressão que as pessoas utilizam para comunicar algo e tem várias finalidades: informar, entreter, convencer, divulgar, descrever. Assim, o conhecimento acerca das variedades linguísticas sociais, regionais e de registro torna-se necessário para que se use a língua nas mais diversas situações comunicativas. Considerando as informações acima, imagine que você está à procura de um emprego e encontrou duas empresas que precisam de novos funcionários. Uma delas exige uma carta de solicitação de emprego. Ao redigi-la, você a) fará uso da linguagem metafórica. b) apresentará elementos não verbais. c) utilizará o registro informal. d)) evidenciará a norma padrão. e) fará uso de gírias. Texto 1 [...] Um dos tipos de fatores que produzem diferenças na fala de pessoas são externos à língua. Os principais são os fatores geográficos, de classe, de idade, de sexo, de etnia, de profissão etc. Ou seja: as pessoas que moram em lugares diferentes acabam 3 caracterizando-se por falar de algum modo de maneira diferente em relação a outro grupo. Pessoas que pertencem a classes sociais diferentes, do mesmo modo (e, de certa forma, pela mesma razão, a distância – só que esta é social) acabam caracterizando sua fala por 6 traços diversos em relação aos de outra classe. O mesmo vale para difere ntes sexos, idades, etnias, profissões. De uma forma um pouco simplificada: assim como certos grupos se caracterizam através de alguma marca (digamos, por utilizarem certos trajes, por terem 9 determinados hábitos etc.), também podem caracterizar -se por traços linguísticos. [...] Texto 2 Xaxado Chiado Gabriel O Pensador / André Gomes Eu botei o som na caixa e testei o microfone no capricho mas o som saiu chiado Eu tentei fazer um xote, um chorinho ou um maxixe mas não sei quem foi que disse que o que eu fiz era xaxado 3 Ó xente, vixe! Um xaxado diferente, de repente tá chegando pra ficar Resolvi dar uma chegada lá no Sul pra mostrar o meu xaxado porque ache i que lá embaixo iam gostar 6 Chinelo, chapéu, xampu Enchi minha mochila e parti pro Sul Encaixei um toca-fitas no chevete e achei o meu cassete do Raul 9 Na estrada eu nem parei na lanchonete porque eu tinha pouco cash e esperei até chegar Em território gaúcho só pra rechear o bucho de chuleta na chapa na churrascada de lá Ó xente, vixe! É o xaxado é o maxixe! 12 Não se avexe, chefe, chega nesse show só de chinfra Ó xente, vixe! É o xaxado é o maxixe! Não se avexe, se mexe, meu chefe, chama na xinxa! 15 Uai, sô! Que trem doido sô! Que som doido sô! Que troço doido é esse? Uai, sô! Que trem doido sô! Que som doido sô! Que trem bão! V- (UFRN 2011) Com relação ao uso diferenciado da língua, A)) no texto 1, discutem-se osvários fatores que provocam as diferenças na fala. Essas diferenças são ilustradas nas linhas 15 e 16 do texto 2. B) no texto 2, o uso repetido de palavras com “ch” e “x” provoca uma sonoridade. Essa repetição compromete o propósito comunicativo do texto. C) no texto 2, essas diferenças revelam a classe social e o nível de escolaridade dos autores da canção. Isso se comprova nas linhas 16 e 17 desse texto. D) nos textos 1 e 2, apresenta-se um conteúdo que reforça o preconceito quanto às diferentes formas de falar. Esse preconceito é, predominantemente, regional. VI- (UFRN 2011) - Considerando o tema apresentado no texto 2, os autores, A) ao utilizarem a expressão “chuleta na chapa” (linha 11), caracterizam o modo de falar da região de origem do sujeito apresentado no texto. B)) ao mesmo tempo em que tratam da aproximação entre diversos ritmos musicais, também apresentam a diversidade linguística regional. C) ao escolherem o título da canção, pretendem mostrar que o resultado do seu trabalho de composição musical é genuinamente nordestino. D) ao usarem a expressão “Não se avexe, chefe” (linha 13), revelam a formalidade da fala do sujeito apresentado no texto diante de seu superior. VII- O texto a seguir é um trecho de uma conversa por meio de um programa de computador que permite comunicação direta pela Internet em tempo real, como o MSN Messenger. Esse tipo de conversa, embora escrita, apresenta muitas características da linguagem falada, segundo alguns linguistas. Uma delas é a interação ao vivo e imediata, que permite ao interlocutor conhecer, quase instantaneamente, a reação do outro, por meio de suas respostas e dos famosos emoticons (que podem ser definidos como "ícones que demonstram emoção"). João diz: oi Pedro diz: biz? João diz: na paz e vc? Pedro diz: tudo trank Q João diz: oq vc ta fazendo? [...] Pedro diz: tenho q sair agora João diz: flw Pedro diz: vlw, abc - Para que a comunicação, como no MSN se dê em tempo real é necessário que a escrita das informações seja rápida, o que é feito por meio de (A)Frases completas, escrita cuidadosamente e letras maiúsculas (como "oq vc ta fazendo?"). (B)) frases curtas e simples (como "tudo trank") com abreviaturas padronizadas pelo uso (como “vc” - você- “vlw” valeu!) (C) uso de reticências no final da frase, para que não se tenha que escrever o resto da informação. (D) estruturas coordenadas, como "na paz e vc". (E) flexão verbal rica e substituição de dígrafos consonantais por consoantes simples ("qu" por "k").
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