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PROOF POSITIVE - Capitulo 12 - Lobo frontal -

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CAPÍTULO DOZE 
 
 
O 
LOBO FRONTAL: 
A coroa do cérebro 
 
Tradutoras e revisoras: Josiane Silva, Larissa Martins, Mariah Cidral 
Revisão técnica da tradução: Dr. Carlos Henrique de A. Cosendey 
 
SEÇÃO I 
Função do lobo frontal 
uando o sol nasceu no dia 13 
de setembro de 1848, ninguém 
daquela época poderia 
imaginar os acontecimentos 
importantes que começariam a agitar o 
mundo da ciência médica	
 naquele dia: 
uma estranha série de acontecimentos 
com Phineas P. Gage, um respeitado 
mestre de obras de 25 anos que 
trabalhava na construção de uma 
estrada de ferro
em Vermont. Imagino 
que o dia tenha começado	
 como outro 
qualquer, Phineas provavelmente	
 tomou 
o seu desjejum, se arrumou para ir 
trabalhar, deu um beijo em sua esposa e 
nos seus filhos e, em seguida, dirigiu-se 
para o seu trabalho na construção 
ferroviária. Ao sair pela porta, ele deve 
muito bem ter dito: “Estarei em casa para 
o jantar hoje à noite". Mas, Phineas não 
voltou para ter a última refeição do dia. 
 Seu trabalho era instalar uma 
linha férrea em uma região montanhosa 
e, para isso, era necessária uma 
quantidade significativa de detonação e 
Phineas era o homem encarregado desta 
tarefa. A rotina era bem estabelecida: 
perfurar um longo buraco na rocha, 
preenchê-lo parcialmente com pó 
explosivo, em seguida, cobrir	
 o pó com 
Q 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
areia. Então, uma barra de ferro era 
usada para empurrar a areia e, assim, 
consolidar a carga explosiva para, 
finalmente, acender um estopim e 
realizar a detonação. Naquele dia 
fatídico, 13 de setembro, tudo estava 
indo como planejado; o buraco profundo 
e oco	
 havia sido perfurado e a carga 
explosiva havia sido	
 cuidadosamente 
colocada lá dentro. Mas, uma falha 
ocorreu nessa rotina, fosse pela 
distração de Phineas ou porque seu 
assistente simplesmente
não conseguiu 
cobrir a carga explosiva com areia; em 
todo caso, Gage estava de pé à frente do 
buraco sem saber que não havia areia 
alguma cobrindo a carga explosiva. Por 
acidente, Gage começou a bater com a 
barra de ferro diretamente sobre o pó e, 
aparentemente, a haste gerou uma 
faísca ao encostar-se em uma pedra 
dentro do buraco. O pó, por não ter sido 
coberto com areia, incendiou e provocou 
uma forte explosão e, em vez de 
atravessar a rocha, a força da explosão 
atingiu diretamente Phineas. A barra de 
ferro de 5,8 kg, 2 cm de espessura e 3 
metros de comprimento foi arremessada 
diretamente contra ele. Com a força
de 
um míssil, o ferro atravessou sua 
bochecha esquerda, passou por trás de 
seu olho esquerdo, atravessou seu 
cérebro e saiu novamente alguns 
centímetros atrás da linha do cabelo 
depois de passar pelo crânio, couro 
cabeludo e cabelos de Phineas durante o 
seu trajeto. A explosão foi tão poderosa 
que a barra de ferro ainda teve força 
suficiente para voar pelo ar depois de 
atravessar a cabeça de Phineas e cair a 
muitos metros de distância. A localização 
da lesão de Gage é mostrada na Figura 
1. 
Você diria que aquela explosão 
dramática acabaria com a vida do jovem 
Phineas Gage, mas não foi isso o que 
aconteceu. Gage ficou brevemente	
 
atordoado, mas dentro de um breve 
período de tempo ele recuperou
plena 
consciência e foi capaz de falar e até	
 
mesmo andar com a ajuda de seus 
colegas de trabalho. Apesar de estar 
muito bem no início, uma infecção 
O LOBO FRONTAL 
 
ameaçou sua vida ao longo das várias 
semanas que se seguiram e, de maneira 
surpreendente, naquela época em que 
ainda não havia antibióticos, Phineas 
Gage não morreu de nenhuma infecção 
fatal. Ele sobreviveu e recuperou-se 
quase que por completo — ao menos no 
que se refere à sua saúde física. Os 
únicos traços físicos que permaneceram 
foram a perda	
 de visão do olho 
esquerdo, uma cicatriz em sua bochecha 
esquerda, por onde o ferro entrou e uma 
cicatriz no topo de sua cabeça por onde

saiu. Havia apenas um problema: ele 
não era mais Phineas Gage. 
 
A lesão do lobo frontal causou 
deterioração do caráter 
Antes do acidente, Phineas era 
um trabalhador e esposo muito amado, 
responsável e inteligente. Ele era 
conhecido como uma pessoa de moral 
elevada e, de acordo com um relato, foi 
descrito como "um devoto piedoso e 
reverente". O caráter de Phineas era tão 
excelente que os registros de trabalho 
elogiavam-no como "o mestre de obras 
mais eficiente e capaz"	
 já contratado 
pela Rutland e Burlington Railroad. 
Depois do acidente, Gage parecia estar 
em ótima forma física e, mentalmente, 
muito inteligente. Ele podia trabalhar e 
falar muito bem e sua memória estava 
tão boa quanto antes do acidente. 
Mas, algumas coisas importantes 
ficaram diferentes após o acidente. Seu 
declínio moral
ficou imediatamente 
evidente. Ele tornou-se muito emotivo e 
irritava-se facilmente. Logo depois da 
sua lesão, ele perdeu o interesse pela 
igreja e pelos assuntos espirituais. 
Phineas tornou-se irreverente e 
propenso ao mundanismo excessivo. Ele 
perdeu todo o respeito pelos costumes 
sociais e tornou-se totalmente 
irresponsável. Além disso, passou de um 
empregado valioso para
a lista de 
desempregados. Phineas foi demitido da 
empresa quando não pode mais exercer 
suas funções de maneira responsável. O 
Dr. John	
 Harlow, seu médico, afirmou 
que o
acidente de Gage destruiu o 
"equilíbrio, por assim dizer, entre a sua 
faculdade intelectual	
 e suas propensões 
animais". Ele acabou abandonando sua 
esposa e família e juntou-se a um circo 
itinerante. A lobotomia frontal traumática 
de Phineas Gage custou-lhe a	
 
personalidade, seus padrões morais e 
seu compromisso com a família, com a 
igreja e as pessoas queridas. 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
Phineas morreu 13 anos depois 
do acidente. O Dr. Harlow soube de sua 
morte cerca de cinco anos depois do fato 
e, aparentemente a benefício da ciência, 
fez um
pedido incomum. Ele perguntou 
à família de Phineas se eles permitiriam 
que seu corpo fosse exumado
e seu 
crânio mantido como um registro médico	
 
permanente. A família concordou e, até 
hoje,	
 o crânio, juntamente com a barra 
de ferro (que
foi enterrada ao lado de 
Phineas), encontram-se no Warren 
Anatomical Medical Museum da 
Universidade de Harvard.1 
Como não foi realizada necropsia, 
as especulações a respeito de onde 
exatamente a lesão havia ocorrido 
continuaram ao longo dos anos. O marco 
desse caso ilustre foi testemunhado em 
1994, quando uma das mais prestigiadas 
revistas científicas do mundo, a Science, 
dedicou a sua reportagem de capa a 
Phineas Gage.2 A revista publicou um 
artigo em coautoria com os cientistas de 
Harvard, da Universidade de Iowa e do 
Instituto Salk em San Diego. Esses 
pesquisadores usaram uma simulação 
sofisticada de computador e estudos de 
raios X
 do crânio para tentar identificar 
a parte exata do cérebro que, na 
verdade, havia sido
danificada. Eles 
concluíram que Phineas Gage perdeu 
uma área importante em ambos os lados 
da parte frontal do cérebro conhecida 
como regiões esquerda e direita dos 
lobos frontais. 
O que podemos aprender com o 
caso excepcional de Phineas Gage? Ele 
demonstrou que uma parte do cérebro, o 
lobo frontal, é responsável pelo 
raciocínio moral e comportamento social. 
 
Conteúdo desse capítulo 
O capítulo começa com uma	
 
explicação da função do lobo frontal. Em 
seguida, serão explorados os fatores que 
dificultam a ação do lobo frontal; serão 
examinados também os benefícios e os 
danos que a dieta pode causar ao lobo 
frontal. Finalmente, serão apresentadas 
outras medidas que podemos tomar para 
melhorar a função do lobo frontal. 
 
Fatores relacionados com o estilo de 
vida também podem danificar o lobo 
frontal 
Hoje em dia, essa área do cérebro 
assumiu um significado ainda maior 
devido a, pelo menos, duas razões. 
Primeiro, porque há uma ênfase 
crescente	
 no desenvolvimento pessoal e 
desempenhomental. Em segundo lugar, 
O LOBO FRONTAL 
 
porque muitos sentem que as normas 
sociais e o raciocínio moral estão 
desmoronando. Alguns	
 neurocientistas 
perguntam se há	
 razões físicas para 
explicar essas supostas mudanças. Pode 
haver fatores relacionados com o estilo 
de vida, que possam comprometer essa 
parte crítica do
cérebro e afetar, em 
essência, o que somos? A resposta é 
definitivamente "sim". 
Nossa prática de vida diária pode 
realmente	
 afetar nosso temperamento, 
nossas emoções e	
 nosso 
comportamento. A parte frontal do nosso 
cérebro pode ser potencializada ou 
comprometida, dependendo de nossas 
escolhas habituais. Essa revelação da 
neurociência tem profundas implicações 
para todos nós, pois, ao 
compreendermos os fatores que afetam 
nossos lobos frontais, podemos melhorar 
nosso desempenho no trabalho ou na 
escola, desenvolver melhores 
habilidades sociais, ser pais, vizinhos ou 
cônjuges mais responsáveis — e a lista 
continua. Embora a maioria das pessoas 
não escolha
um livro de saúde para ler 
sobre seus lobos frontais, este pode ser 
o capítulo mais importante em todo o 
meu livro. Eu os encorajo a ler com 
atenção o que se segue. Sua capacidade 
de adotar com sucesso as mudanças 
para um estilo de vida saudável 
defendidas neste livro pode, muito bem, 
depender do seu lobo frontal operando 
com máxima eficiência. 
Funções do lobo frontal 
O cérebro é dividido em várias 
seções, ou lobo. Cada um exerce 
funções específicas. Atrás da testa estão 
os lobos frontais direito e esquerdo que, 
por conveniência, são referidos 
coletivamente como "o
lobo frontal". 
Esse é o maior lobo do	
 cérebro3 e é a 
sede do juízo, do raciocínio, do intelecto 
e da vontade.4, 5, 6 Além disso, é o
centro 
de controle de todo o nosso ser. Alguns	
 
cientistas referem-se ao lobo frontal 
como a
"coroa" do cérebro. Estudos 
mostraram que essa chamada "coroa" 
executa uma variedade de
funções 
vitais. Algumas delas estão listadas na 
Figura 2.7 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
A espiritualidade, o caráter, a 
moralidade e a vontade são as características 
que formam nossa individualidade singular. 
Portanto, uma pessoa com
lobo frontal lesado 
pode parecer a mesma, mas se você interagir 
com ela, geralmente fica evidente que ela 
"simplesmente não é a mesma". 
O Livro dos livros faz alusão à 
importância do lobo frontal em conhecer 
a Deus. O último livro da Bíblia faz uma 
declaração	
 provocadora, citada na 
Figura 3. 
Esse texto sugere que o caráter 
de Deus ("Seu nome") seja reproduzido 
em nosso caráter (exemplificado pelo 
lobo frontal, que está localizado logo 
atrás de nossa testa). 
 
Tamanho e função do cérebro 
É fascinante observar como o 
tamanho	
 do lobo frontal difere entre o 
homem e os animais. É o lobo frontal 
que	
 distingue os humanos do resto	
 do 
reino animal, como se pode observar na 
Figura 4.8 
Os animais que têm lobos frontais 
menores têm formas de vida limitadas e 
guiadas por instinto. Aqueles com lobos 
frontais maiores são capazes de realizar 
funções mais complexas. Os gatos, com 
apenas 3,5% do cérebro no lobo frontal, 
são limitados em juízo e raciocínio. 
Esses animais têm capacidade muito 
limitada	
 para analisar informações e 
fazer
julgamentos com base em novas 
informações; por esta razão, eles 
dependem basicamente do instinto. Os 
cães são mais treináveis, porque 7% do 
seu cérebro encontram-se no lobo 
frontal. Entre os animais, os chimpanzés 
são os que têm lobos frontais maiores, 
até 17% de seu cérebro. Os seres 
O LOBO FRONTAL 
 
humanos, por outro lado, têm 33 a 38% 
do seu
cérebro no lobo frontal. 
Alguns animais têm
outras partes 
do cérebro mais desenvolvidas que os 
seres humanos. Por exemplo, em 
comparação com os seres humanos, os 
chimpanzés têm cerebelos muito 
maiores — a área do cérebro que 
controla a coordenação. Isso tem uma 
razão, porque os chimpanzés precisam 
de muito equilíbrio e agilidade para 
balançar de árvore em árvore. As aves 
também possuem o cerebelo bem 
desenvolvido para o voo, a aterrisagem e 
a caça. Todas essas atividades 
requerem um nível elevado de 
coordenação. Outros animais podem ter 
o lobo occipital muito mais generoso — o 
centro do cérebro que aloja a visão. 
Assim, sua visão é geralmente muito 
melhor que a dos seres humanos. Ainda 
há outros animais que possuem lobos 
parietais mais desenvolvidos. No 
entanto, para os
seres humanos, a 
diferença é claramente o nosso lobo 
frontal ser muito maior. Assim, temos 
uma capacidade de raciocínio espiritual 
elevado e uma capacidade de 
aprendizagem superior. 
Para apreciar plenamente o 
significado dos lobos frontais, é de 
grande valia que se examinem mais 
alguns casos dos anais da história 
médica. Uma das razões para isso é que 
Phineas Gage só perdeu parte de seus 
lobos frontais. As escolhas no estilo de 
vida podem afetar todo o nosso lobo 
frontal — ainda que de maneira menos 
dramática que a perda de Phineas. 
 
Outros estudos de caso de lesão do lobo 
frontal 
No final do século XIX, os 
psiquiatras começaram a realizar um 
procedimento cirúrgico chamado 
"lobotomia frontal” (que significa 
literalmente a remoção do	
 lobo frontal). 
Embora às vezes uma parte do lobo 
fosse removida fisicamente, outras vezes 
era removida "funcionalmente" por 
interrupção de suas conexões nervosas. 
No início, a operação era realizada para 
"ajudar" as pessoas que eram violentas 
ou criminalmente insanas.9 A prática da 
lobotomia frontal tornou-se cada vez 
mais popular na década de 1930 e	
 1940, 
tanto que um dos pioneiros da técnica 
mais moderna, Dr. Egas Moniz, recebeu 
em 1949 o Prêmio Nobel de Medicina.10 
Outra medida de sua popularidade era a 
sua aceitação por parte da elite cultural. 
Rosemary Kennedy, irmã de John F. 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
Kennedy, tinha retardo mental brando e 
também passou por uma lobotomia 
frontal.11 Porém, desde o auge da 
operação em meados do século XIX, 
temos contemplado mais os seus efeitos 
colaterais de consequências psicológicas 
devastadoras. Por essa razão, essa 
operação é raramente utilizada hoje em 
dia. 
 
A lobotomia frontal de Patrícia 
Patrícia era uma enfermeira 
cirúrgica muito bem sucedida que estava 
preparando-se para uma lobotomia 
frontal. A esperança era que a operação 
pudesse resolver seus muitos problemas 
de
culpa, com os quais ela lutava há 
vários anos. Após o procedimento, houve 
mudanças marcantes em seus 
interesses, atitude, desempenho no 
trabalho e integridade, Estava claro que 
Patrícia tornou-se uma pessoa diferente. 
Suas
características antes e depois da 
lobotomia	
 estão resumidas na Figura 
5.12 
 
Lesão lobo frontal de uma criança de 
quatro anos 
M. H., uma menina de quatro 
anos, foi atingida por
um carro e sofreu 
lesões em ambos os lados de seu lobo 
frontal. Após o acidente, ela exibiu um 
comportamento depravado, que persistiu	
 
em sua vida adulta. As mudanças em 
seu caráter foram tão marcantes quanto 
às de Patrícia. Essas alterações 
dramáticas estão listadas na Figura 6.13 
Lesão do lobo frontal de um bebê 
G.K., quando bebê, sofreu um 
dano bilateral no lobo frontal nos 
primeiros sete dias de vida. Da infância 
até os 31 anos de idade, ele mostrava as 
características típicas de alguém que 
havia sofrido lesão do lobo frontal, 
conforme está descrito na Figura 7.14 
O LOBO FRONTAL 
 
No início, sua família pensou que 
seu comportamento irresponsável devia-
se ao fato de que ele era apenas uma 
criança. Infelizmente, essas 
características persistiram até a idade 
adulta. A disciplina dos pais não parecia 
ter efeito algum. Ele não tinha nenhuma 
amizade expressiva e não podia 
enxergar suas diversas falhas. A 
insistência por obter gratificação imediata 
(incluindo promiscuidade sexual) é uma 
característica comum da disfunção do 
lobo frontal.Efeitos comuns da disfunção dos lobos 
frontais 
Através de estudos sobre os 
danos acidentais	
 do lobo frontal, 
combinados com os resultados de 
lobotomias frontais e estudos de dos 
fármacos que afetam a parte frontal do 
cérebro, os cientistas
identificaram 
muitos dos efeitos da disfunção dos 
lobos frontais. Esses efeitos
estão 
listados na Figura 8.15, 16, 17, 18, 19 
Como ilustração dos efeitos 
morais e sociais do lobo frontal, 
considere a
seguinte história verídica. 
Uma mulher foi questionada antes de ir 
para a mesa de cirurgia: "o que
você 
faria se tivesse perdido um relógio que 
fosse emprestado?". A mulher 
respondeu: "Eu precisaria pagar pelo 
relógio ou comprar um e
devolvê-lo". 
Depois que seu lobo frontal foi removido 
na cirurgia e ela havia se recuperado, ela 
foi questionada novamente e desta vez

ela respondeu: "Eu teria que pedir outro 
relógio emprestado!". 
À medida que a criança 
amadurece, o efeito do desenvolvimento 
do lobo frontal é aparente. Uma criança 
pequena	
 só pode ver à frente um dia de 
cada vez. Você	
 pode dizer-lhe algo que 
vai acontecer	
 amanhã e ela vai se 
lembrar apenas	
 se você lembrá-la. Ao 
amadurecer, a criança começa a ganhar 
mais presciência. Ao chegar à segunda 
série, ela percebe que no próximo ano 
ela estará no terceiro ano e, ao continuar 
a amadurecer, ela acabará planejando a 
sua carreira. Os lobos frontais continuam 
a desenvolver-se por 30 anos.20 Com 
treinamento adequado, à medida que a 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
criança amadurece, ela torna-se um 
adulto que, por fim, percebe que suas 
ações hoje têm influência sobre a 
eternidade à sua frente. Isto indica um 
dos maiores desenvolvimentos do lobo 
frontal. 
A habilidade de usar ideias 
abstratas, tais como a interpretação de 
provérbios, é um ato especial do

intelecto. Se você pedir a alguém que 
não utiliza seu lobo frontal de maneira 
plena para interpretar um provérbio como 
"as pessoas em casas de vidro não 
devem atirar pedras", ele vai responder 
muito concretamente, como: "É óbvio 
que não, elas vão danificar suas casas". 
Este exemplo ilustra o raciocínio 
concreto — um processo mental que 
tende a desconsiderar conceitos 
abstratos. 
Quanto à compreensão 
matemática, o cálculo na verdade ocorre 
na parte posterior do lobo parietal. 
Assim, sem o funcionamento do lobo 
frontal, você pode ter grandes

habilidades matemáticas de adição, 
subtração e multiplicação. No entanto, 
quando se trata de matemática superior, 
a qual requer
raciocínio, tais como 
álgebra, geometria e cálculo
em 
especial, são necessárias funções do 
lobo frontal para obter resultados 
impecáveis. 
Um lobo frontal perfeito também é 
uma necessidade, caso você deseje ter 
empatia de forma mais eficaz
por 
alguém que está envolvido com um 
problema. Isto é verdade especialmente 
se a pessoa estiver passando por algo 
que você nunca experimentou 
pessoalmente. 
Uma lista de outros efeitos 
comuns da deterioração do lobo frontal
é 
mostrada na Figura 9.21, 22, 23 
 
Doenças psicológicas causadas por 
disfunção do lobo frontal 
Não é nenhuma surpresa que 
algumas doenças psicológicas tenham 
suas raízes em problemas do lobo 
frontal. Uma lista desses distúrbios é 
mostrada na figura 10. 
Mania é um transtorno emocional 
caracterizado por uma atividade notável, 
emoção, passagem rápida de ideias, 
O LOBO FRONTAL 
 
insônia e atenção instável. Esse 
transtorno pode ter sua origem na 
disfunção do lobo frontal. O transtorno 
obsessivo-compulsivo, caracterizado por 
uma intrusão aparentemente persistente, 
incontrolável e repetitiva de 
pensamentos, impulsos ou ações 
indesejáveis, também pode ter origem na 
disfunção do lobo frontal. O déficit de 
atenção e hiperatividade também pode 
resultar de problemas no lobo frontal.24 
Desde 1990, o número de pessoas 
diagnosticadas portadoras do déficit de 
atenção e hiperatividade nos EUA subiu 
de 900 mil para mais de dois milhões em 
1995.25 
Muitos dos casos de depressão 
também podem estar relacionados com o 
lobo frontal. Exames cerebrais 
sofisticados (tomografia por emissão de 
pósitrons, ou PET) revelam que 
pacientes deprimidos podem ter redução 
de 60% no fluxo sanguíneo do lobo 
frontal.26 Ao trabalhar com pacientes 
deprimidos, há evidências de que se 
uma pessoa conseguir aumentar a 
atividade do seu lobo frontal, o fluxo 
sanguíneo para a área será maior. 
Assim, a depressão pode ser 
significativamente melhorada ou 
corrigida. 
 
O apetite e o lobo frontal 
Alguns problemas físicos de 
saúde comuns que encontro em meu 
trabalho como médico 
têm suas causas 
no lobo frontal do cérebro. O controle do 
apetite é um problema predominante em 
nossa sociedade e nem toda pessoa 
com excesso de peso tem problema para 
controlá-lo, mas, muitas delas mostram 
essa dificuldade. O nível crescente da 
obesidade nos EUA traz à tona 
preocupações com relação à prevalência 
dos	
 problemas de controle do apetite.27, 
28 Mesmo os transtornos alimentares 
como a bulimia parecem ter sua origem

no lobo frontal, porque o centro superior 
de	
 controle do apetite está no lobo 
frontal do cérebro. Não importa o quão 
faminto você esteja ou o quão forte o seu 
desejo possa ser por algo que pode ser 
prejudicial, geralmente você pode 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
suprimir este desejo se o seu lobo frontal	
 
estiver funcionando normalmente. As 
pessoas que têm lobo frontal normal têm 
grande dificuldade em
suprimir tais 
impulsos. Algumas pessoas com 
sobrepeso, que sabem que estão 
comendo muito, continuam a comer 
porque seus lobos frontais não são 
totalmente eficientes em dizer "não". 
 
As implicações da pesquisa sobre o lobo 
frontal 
Esses estudos demonstraram o 
papel vital do lobo frontal em determinar 
o nosso caráter, porque um lobo frontal 
danificado resulta em um	
 caráter 
deficiente. O autocontrole, a 
confiabilidade, a leitura atenta, o 
raciocínio abstrato e as relações 
interpessoais são todas funções 
complexas que dependem de um lobo 
frontal em bom funcionamento. As lesões 
causadas por acidentes ou operações 
cirúrgicas planejadas no
lobo frontal, 
exemplificadas em nossos estudos de 
caso, é
uma coisa, mas o que acontece 
com os danos que podem	
 
involuntariamente resultar de um estilo 
de vida não saudável? 
A mensagem principal deste 
capítulo não é encorajá-lo a evitar 
profissões nas quais você venha a 
trabalhar com dinamites, ter
cuidado ao 
atravessar a rua, ou evitar uma cirurgia 
para doença psiquiátrica. Tudo isso é 
importante. No entanto, hoje em dia, as 
causas mais comuns de disfunção do

lobo frontal não são as cirurgias, os 
acidentes de trabalho ou outros traumas. 
As principais causas de disfunção do 
lobo frontal são hábitos de estilo de vida 
inadequados. 
De fato, a mensagem principal 
deste capítulo é de que os traços 
negativos de caráter dos indivíduos 
examinados até agora não são
limitados 
àqueles que não possuem o lobo frontal, 
ou nos quais este se encontra 
comprometido devido a um trauma. Hoje, 
muitos indivíduos de
nossa sociedade 
sofrem das mesmas falhas de caráter 
como o resultado das escolhas 
relacionadas com o estilo de vida. Muitos 
dos nossos hábitos mais cultuados	
 
gratificam-nos em curto prazo, mas 
silenciosamente nos roubam	
 aquilo que 
é de valor inestimável — quem

realmente somos. Sem percebermos, os 
nossos hábitos de hoje prejudicam o 
desempenho dos nossos lobos frontais 
de hoje e amanhã. 
O LOBO FRONTAL 
 
Por isso, um dos propósitos deste 
capítulo é
mostrar que a disfunção do 
lobo frontal não se	
 limita aos efeitos 
causados por um dano traumático
ou 
pela remoção cirúrgica. Em minha 
opinião, os efeitos do estilo de vida e da 
nutrição em nosso lobo frontal são mais 
importantes que seus efeitos em 
doenças cardíacas, câncer, osteoporose, 
insuficiência renal e todasas outras 
doenças degenerativas combinadas. O 
cérebro	
 merece prioridade quanto à 
proteção, quando se percebe que é dele 
que se origina nossa qualidade de vida. 
Assim como as escolhas relativas 
ao estilo de vida protegem o lobo frontal, 
um lobo frontal saudável	
 nos coloca em 
melhor posição para tomar conta de 
nossas vidas. Isto significa que, ao fazer 
escolhas mais saudáveis, o desempenho 
do meu lobo frontal aumenta e torna as 
mudanças subsequentes do estilo de 
vida ainda mais fáceis. Talvez nenhuma 
função do lobo frontal seja tão vital
para 
tornar as mudanças do estilo de vida 
mais fácil, que a força de vontade. A 
força de vontade pode não parecer	
 tão 
importante em nossa vida diária, mas ela 
é realmente essencial. Tenho visto 
muitos pacientes	
 morrerem devido a 
uma força de vontade deficiente. Não, eu 
não estou falando das pessoas que 
perderam a vontade de viver, por mais 
importante que isso seja. Eu me refiro às 
milhares de pessoas que morrem

porque sentiram que não tinham força de 
vontade para mudar seu estilo de vida 
antes que fosse tarde demais. Hoje em 
dia, dezenas de milhares de pessoas 
estão definhando em seus leitos de 
morte devido à força de vontade 
deficiente. Há diabéticos que	
 durante 
anos não tiveram força de vontade para 
praticar exercícios, comer direito ou 
manter o olhar atento no açúcar do 
sangue. Agora, estão na etapa final de 
doenças	
 cardíaca e renal. Há
fumantes 
que não tiveram a vontade de	
 "parar por 
bem" e, agora, estão morrendo com

câncer terminal. Outras pessoas não 
tiveram força de vontade para fazer as 
mudanças do estilo de vida necessárias 
para seus problemas de pressão arterial 
e, agora, encontram-se paralisadas 
devido às doenças vasculares cerebrais. 
Esses casos e muitos outros 
atestam a grande escassez da força de 
vontade em nosso país. Na
verdade, 
uma das minhas maiores preocupações 
ao escrever este livro é que muitas das 
ideias importantes - que mudam nossa 
vida - e foram discutidas aqui
nunca 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
terão importância na vida de muitos 
leitores. O motivo? A falta da força de 
vontade. 
A partir dessa perspectiva, 
ressalto o	
 fato de que uma das funções 
mais vitais	
 do lobo frontal é a vontade. 
Cientistas demonstraram que o que 
chamamos de "força de vontade" reside 
no lobo frontal.29 O Dr. Bernell
Baldwin, 
Ph.D., neurofisiologista no Instituto 
Wildwood da Geórgia, resumiu
parte 
dessa importante literatura sobre a 
vontade	
 em um artigo para líderes de 
comunidades religiosas. Baldwin apontou 
que a investigação sobre os ferimentos 
causados por estilhaços em veteranos 
da Primeira Guerra Mundial mostrou 
déficits na força de vontade entre 
aqueles	
 feridos na parte frontal de seus 
cérebros. Enquanto que aqueles
que 
sofreram ferimentos na parte de trás de 
suas	
 cabeças não tinham qualquer 
alteração de sua vontade.30 
A nossa capacidade de discernir 
onde a batalha realmente acontece está 
intimamente relacionada com a força de 
vontade. Se não enxergarmos os 
problemas de forma clara, 
provavelmente não	
 vamos perceber que 
precisamos exercer a nossa força de 
vontade para superar um desafio. Para 
ilustrar este ponto, o Dr. Baldwin citou a 
pesquisa de A. R. Luria, um cientista 
russo. Luria constatou que os indivíduos 
com lobos frontais normais tinham 
capacidade de tirar conclusões rápidas 
sobre o significado de fotografias 
cuidadosamente projetadas. No entanto, 
os indivíduos com disfunção do lobo 
frontal conseguiam descrever com 
precisão os componentes da imagem — 
mas tendiam a não enxergar "a imagem 
real" — o significado mais amplo por trás 
dos detalhes. Isto é muito relevante no 
âmbito da mudança no estilo de vida. A 
percepção deficiente deixa-nos 
destinados a ignorar como os conceitos-
chave no estilo de vida aplicam-se à 
nossa própria vida. As deficiências de 
força de vontade, por outro lado, nos 
predispõem ao fracasso, mesmo nas 
áreas em que reconhecemos claramente 
que temos algum problema. Em suma, 
as funções dos dois lobos frontais quanto 
ao discernimento e à vontade são 
indispensáveis para o bom 
aproveitamento de todo o material que 
eu apresento neste livro. 
Há uma última razão atual pela 
qual a atenção para com o nosso lobo 
frontal é tão importante. Hoje, o 
aconselhamento psicológico e a terapia 
O LOBO FRONTAL 
 
comportamental são populares e 
benéficos em alguns casos. No entanto, 
alguns profissionais de saúde mental 
ignoram o fato de que os hábitos de vida 
atuais podem ser fatores importantes 
que contribuem para as doenças 
psicológicas. Se aqueles que sentem a 
necessidade de tal
aconselhamento 
adotassem um estilo de vida realmente 
saudável, prestassem muita atenção ao 
que colocam em seu corpo e a que 
expõem sua
mente, muitos 
experimentariam uma existência mais 
gratificante e feliz. 
 
SEÇÃO II 
Disfunção do lobo frontal	
 devida ao 
uso de drogas, nicotina, álcool, 
cafeína e substância química tóxica 
 
Que fatores do estilo de vida afetam 
nossos	
 lobos frontais? 
Para maximizar a eficiência de 
nossos lobos frontais, devemos nos 
concentrar tanto nas coisas positivas que 
devemos fazer, quanto nas coisas 
negativas que devemos evitar. Na 
verdade, ao reconhecermos plenamente 
as maneiras pelas quais, muitas vezes,	
 
comprometemos nossos lobos frontais, 
podemos apreciar melhor como os 
fatores saudáveis podem nos ajudar a 
expandir as capacidades do cérebro. A 
partir desta perspectiva, começarei por 
considerar os
hábitos de vida que 
prejudicam a função do lobo frontal. Mais 
adiante, abordarei alguns dos
fatores 
principais que parecem melhorar a 
função do lobo frontal. 
Na figura 11, há uma lista de 
fármacos e substâncias a serem evitados 
a fim de proteger o lobo frontal. 
 
Efeitos das drogas no lobo frontal 
Muitos norteamericanos têm se 
preocupado pela demora no 
enfrentamento da questão do crescente 
e intenso	
 uso de drogas em nossa 
nação. Atualmente, de acordo com 
diversas pesquisas amplamente 
divulgadas,31 tem havido um aumento 
acentuado tanto na aceitação de drogas 
ilegais, quanto na utilização destas 
drogas entre os jovens americanos. Os 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
pais temem que seus filhos	
 usem drogas 
ilícitas por conta de sua natureza viciante 
e pelas implicações físicas, mentais e 
sociais do vício. Eles também temem 
pelo que seus filhos possam fazer "sob a 
influência" das drogas, como por 
exemplo, adotar comportamentos de alto 
risco que poderiam acabar com suas 
vidas ainda na juventude e esta, em 
particular, é uma preocupação 
importante. Mesmo uma pessoa que não 
pareça estar intoxicada pode ter a função 
do lobo frontal embotada. Essa 
deficiência predispõe aos 
comportamentos de risco, que podem 
resultar em um acidente automobilístico, 
a aquisição da infecção por HIV ou 
algum outro evento que possa mudar 
suas vidas, ou até mesmo leva-los à 
morte. 
Além das drogas ilícitas, outras 
substâncias prejudicam a função do lobo 
frontal. Muitas pessoas sentem-se 
enganadas ao	
 pagar por uma consulta 
médica e sair do consultório sem ao 
menos a prescrição de um remédio. Os 
anúncios na televisão, no rádio e nas 
revistas nos bombardeiam com a 
necessidade que temos em tomar 
remédios vendidos sem prescrição. A 
cafeína e o álcool são drogas aceitas 
culturalmente. O uso de nicotina é

socialmente estigmatizado em muitos 
lugares, mas
ainda é tratada legalmente 
como uma opção de vida e não como 
uma droga capaz de alterar a mente e 
ser poderosamente viciante. 
 
Drogas ilícitas e deficiência mental 
Os perigos das drogas ilícitas 
sobre o desempenho mental são bem 
conhecidos. Parece haver pouca 
necessidade em falar sobre o quanto as 
drogas entorpecentes alteram a mente 
— incluindo o lobo frontal. Este 
problema, no entanto, é ainda pior do 
que se pensavaanteriormente, pois há 
evidência crescente de que as drogas 
proibidas afetem o cérebro por muito 
mais tempo depois do desaparecimento 
de seus efeitos agudos. Uma pesquisa 
recente financiada pelo National Institute 
of Drug Abuse
descobriu que estudantes 
universitários
que eram usuários 
frequentes de maconha tinham 
problemas de atenção, memória e 
aprendizagem até por 24 horas depois 
da última utilização da droga32. Muito 
tempo depois de passar o “barato”, o 
cérebro ainda continuava a funcionar em 
baixa velocidade. Hoje em dia, estudos 
demonstraram que a maconha e seus 
O LOBO FRONTAL 
 
primos – álcool e nicotina – são 
prejudiciais ao cérebro do feto em 
desenvolvimento. A mãe	
 usuária de 
maconha proporciona ao filho o legado 
de uma longa vida com disfunção 
cerebral.33 A
mensagem da pesquisa 
sobre a maconha aplica-se ao uso de 
álcool, que ainda será discutido neste 
capítulo; ou seja, o desempenho do 
cérebro das pessoas que fazem uso de 
álcool e outras drogas entorpecentes 
pode ser prejudicado por muito tempo 
após o usuário pensar que os efeitos 
tenham desaparecido. Para ter uma 
função do lobo frontal ideal, deixe as 
drogas ilícitas fora de cogitação. 
 
Drogas legais também podem agredir o 
lobo	
 frontal 
Alguns fármacos comercializados 
com e sem prescrição também podem 
deprimir a função do lobo frontal. Se 
você for a uma biblioteca e
ler um livro 
de referência sobre fármacos e seus 
efeitos, você descobrirá que muitos

afetam o sistema nervoso central;’ uma 
das áreas mais comumente afetadas no 
sistema nervoso central é
o lobo frontal. 
Muitas pessoas fazem uso de 
medicamentos que não são realmente 
necessários e	
 seus efeitos colaterais 
podem ser prejudiciais à personalidade e 
ao caráter. É por isso que, antes de

decidir fazer uso de um medicamento, 
você deve ponderar cuidadosamente os 
benefícios em relação aos riscos. A 
figura 1234 mostra uma lista de tipos de 
fármacos que comumente afetam a 
mente. Se atualmente você faz uso de 
algum desses medicamentos, não pare 
de repente. Em vez disso, fale	
 com o 
seu médico, afinal de contas, não é uma 
decisão fácil	
 saber o que fazer com 
relação a muitos desses medicamentos. 
Um bom exemplo disso são os 
medicamentos usados para controlar a 
pressão arterial elevada, pois alguns 
destes fármacos podem prejudicar a 
função do lobo frontal. No entanto, se a	
 
hipertensão não for tratada de forma 
adequada, poderá resultar em um 
acidente vascular cerebral, causando 
uma disfunção muito maior no lobo 
frontal. Por essa
razão, muitos médicos 
defendem as intervenções terapêuticas 
no estilo de vida como meio ideal para o 
controle da pressão arterial. O capítulo 6, 
"Uma Nação sob Pressão", descreve 
essas intervenções terapêuticas. 
Também fornecemos mais informações 
sobre a importância do controle da 
pressão arterial a fim de maximizar a 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
função do lobo frontal ainda
neste 
capítulo. 
Hoje em dia, essas intervenções 
terapêuticas estão se tornando parte da 
prática médica corrente para ajudar as 
pessoas livrarem-se dos medicamentos, 
em vez de acrescentar novos 
medicamentos em seu programa de 
reabilitação. Uma pesquisa com 
norteamericanos de mais idade mostrou 
que eles estão em risco maior que o 
normal de ter disfunção mental, 
desenvolver efeitos colaterais dos 
medicamentos e também sofrer efeitos 
deletérios da pressão arterial elevada. O 
CDC (Centers for Disease Control) 
americano apontou recentemente
que 
os americanos de 65 anos ou mais têm 
quase duas vezes mais risco de sofrer 
reações adversas aos medicamentos,	
 
comparados aos mais jovens.35 Além 
disso, a pesquisa destacou o fato de que 
os fármacos para pressão alta causam 
frequentemente efeitos colaterais 
adversos nesse
grupo da população. O 
CDC afirmou que: “...uma estratégia 
importante na prevenção de reações 
adversas aos medicamentos utilizados 
pelos idosos é limitar o
número de 
fármacos utilizados".36 
Claro, a preocupação com relação 
aos efeitos colaterais dos medicamentos	
 
e a mudança no estilo de vida	
 para tratar 
doenças já existiam muito antes da 
recente afirmação da CDC. Uma
das 
declarações históricas mais 
interessantes foi escrita por Ellen White. 
Suas palavras são citadas na Figura 
13.37 
 
As drogas lícitas (socialmente 
aceitáveis) frequentemente interagem 
com medicamentos e causam efeitos 
O LOBO FRONTAL 
 
secundários. Por exemplo, o álcool 
aumenta significativamente o risco de 
consequências adversas dos fármacos 
— incluindo efeitos sobre a clareza 
mental. Em um estudo com mais de 100 
indivíduos hospitalizados recentemente e 
que representavam um amplo leque da

população (homens e mulheres de 14 a 
88 anos), 10% tinham desenvolvido 
interações entre	
 álcool e os 
medicamentos que lhes foram prescritos

ao deixarem o hospital.38 
 
O álcool lesa o lobo frontal 
O álcool tem efeitos diretos sobre 
o lobo frontal, além de agravar o risco de 
efeitos colaterais dos medicamentos. Na 
verdade, ele é um dos agressores do 
lobo frontal mais utilizado na América. 
Vamos examinar uma pesquisa 
esclarecedora sobre esse assunto. 
Há muitos anos, alcoólicos e não 
alcoólicos eram estudados a partir de 
dois testes de diagnóstico modernos: 
ressonância magnética (MRI) e 
tomografia	
 por emissão de pósitrons 
(PET). A ressonância magnética é hoje 
um exame bem conhecido, que pode 
demonstrar a estrutura real do cérebro. 
Entre os alcoólicos, foi revelada uma 
quantidade impressionante de perda da 
massa cinzenta do lobo frontal. A 
substância cinzenta é onde os corpos 
das células nervosas do cérebro estão 
concentradas (em contraste com a 
massa branca mais profunda, onde 
predominam as fibras nervosas que 
deixam aquelas células). Tecnicamente 
chamada de "atrofia cortical", essa 
condição de perda de massa cinzenta 
indica uma perda real de células 
cerebrais, que estão envolvidas em 
funções críticas do lobo frontal. Por outro 
lado, a tomografia	
 por emissão de 
pósitrons (PET) demonstra a função 
cerebral. Com esse exame, os alcoólicos 
mostraram metabolismo reduzido de 
glicose — indicando atividade reduzida 
do lobo frontal.39 
Esses efeitos deletérios aos lobos 
frontais não se aplicam apenas aos que 
consomem grande quantidade de álcool. 
Pesquisadores demonstraram redução 
mensurável da habilidade de 
pensamento abstrato entre 1300 homens 
e mulheres que bebiam pouco, ou seja, 
apenas um drinque por semana. Nesse 
estudo, um homem mediano bebia 
apenas cerca de duas vezes por semana 
e, nestas ocasiões, ingeria em média 
dois drinques de bebida alcoólica. As 
mulheres bebiam menos ainda. Em 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
média, elas bebiam apenas uma vez a 
cada cinco dias e, nestas ocasiões, 
ingeriam dois drinques. Mesmo com 
esses baixos níveis de consumo, os 
testes para averiguar o funcionamento 
mental mostraram limitações. Na 
verdade, com o aumento da ingestão de 
álcool, a capacidade de pensamento 
abstrato (medida do desempenho do 
lobo frontal) diminuiu ainda mais.40 
Essas mudanças não poderiam ser 
explicadas pelos efeitos agudos do 
álcool ou pela intoxicação, porque todos 
os testes de avaliação mental foram 
realizados pelo menos 24 horas depois 
da última ingestão de álcool pelo 
participante. 
Muitas pessoas acreditam que 
os 
acidentes de automóveis sejam mais 
frequentes entre os que bebem, 
principalmente devido aos efeitos 
intensos sobre a coordenação, o 
julgamento e a atenção, que podem ser 
observados em "bêbados" e em outros 
indivíduos claramente intoxicados. No 
entanto, em muitos casos, o problema 
pode realmente estar relacionado com 
déficits de julgamento mais sutis, que 
ocorrem com aqueles que bebem 
socialmente e aparentemente não têm 
anormalidades. Esses motoristas que 
ingerem álcool podem não ter 
coordenação prejudicadae seu discurso 
pode parecer perfeitamente normal. 
Contudo, alguns momentos depois, eles 
podem derrapar para fora da estrada ou 
se envolver em uma colisão. O motivo? 
Seu julgamento prejudicado não 
forneceu aviso adequado	
 sobre a 
velocidade necessária para realizar uma 
curva com êxito ou parar a tempo ao se 
deparar com uma emergência na 
estrada. Os indivíduos com níveis de 
álcool no sangue entre 0,05 a 0,09%, 
menos que o limite legal da maioria

estados, têm pelo menos nove vezes 
mais risco de sofrer acidentes de trânsito 
fatais que aqueles com nível zero41. Isto 
é, em grande parte, devido ao fato de 
que o álcool interfere com a função do 
lobo frontal muito antes de prejudicar 
outras partes do cérebro, tais como o 
centro de coordenação. 
O álcool também interfere no 
desenvolvimento cerebral do feto. Hoje 
em dia, não restam dúvidas de que as 
mulheres que ingerem álcool durante a 
gravidez afetam negativamente seus 
filhos para o resto da vida. O Capítulo 
17, intitulado “Quer uma bebida?”, 
explica melhor essa questão. Isso foi 
também foi demonstrado nos testes com 
O LOBO FRONTAL 
 
animais.42 A pesquisa com animais é 
particularmente interessante — e 
preocupante — porque aponta para outro 
fator de risco de disfunção cerebral na 
infância: o uso de álcool pelos pais.43 Os 
pais que bebem estão provavelmente 
prejudicando os lobos frontais de seus 
filhos. Ellen White, há décadas, escreveu 
sobre a importância da influência desses 
fatores paternos. Seus comentários 
estão citados
na Figura 14.44, 45 
 
A cafeína prejudica a função do lobo 
frontal 
A cafeína tem efeitos de longa 
duração sobre o cérebro. Isto não é 
inesperado, uma vez que é o 
“estimulante” escolhido nos Estados 
Unidos para um despertar matinal. No 
entanto, um alto preço é pago por essa 
estimulação. Vejamos como a cafeína 
atua e, em seguida, veremos alguns de 
seus efeitos colaterais associados. 
A cafeína afeta o sistema de 
comunicação do cérebro de várias 
maneiras. Ao explorar essas relações, é 
preciso lembrar que as células cerebrais 
comunicam-se entre si por meio de 
estímulos químicos. As células nervosas 
liberam substâncias químicas chamadas 
de neurotransmissores (ou "mensageiros 
químicos") que são captados pelas 
células adjacentes. Em seguida, esses 
neurotransmissores provocam alterações 
na célula que os recebe. Alguns 
neurotransmissores provocam 
estimulação dos receptores da célula 
nervosa, enquanto outros causam 
depressão. A ampla influência da cafeína 
concentra-se principalmente em sua 
capacidade de afetar os níveis de dois 
transmissores: acetilcolina e adenosina. 
A cafeína prejudica a química cerebral 
ao aumentar o nível de acetilcolina e 
interferir na transmissão de adenosina. 
Assim, a cafeína desregula o delicado 
equilíbrio da transmissão nervosa no 
cérebro, o que pode ter consequências 
devastadoras. A adenosina atenua (ou 
impõem um ritmo mais lento) muitos 
aspectos da transmissão nervosa do 
cérebro. Contudo, a cafeína reduz sua 
capacidade de executar trabalho, 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
permitindo, assim, a estimulação artificial 
do cérebro. 
Para uma pessoa leiga, a 
adenosina pode parecer um "vilão". 
Afinal, quem quer diminuir a transmissão 
do cérebro? Talvez possamos entender 
esta questão de forma mais clara 
fazendo uma analogia: a importância de 
bons freios em um automóvel. Você não 
entra em seu automóvel para ficar 
parado — você entra nele para ir a 
algum lugar. No entanto, você não se 
sentiria confortável ao dirigir um carro 
que não tem a capacidade de parar. 
Bons freios são essenciais — 
especialmente em um veículo feito para 
andar. Da mesma forma, tanto os 
neurotransmissores como a adenosina, 
que desempenham um grande papel em 
"colocar os freios", são muito importantes 
para o equilíbrio do cérebro. Existem 
sérias preocupações na literatura 
psiquiátrica sobre o papel da cafeína no 
"desequilíbrio" da mente. A cafeína tem 
sido associada à ansiedade, à neurose 
ansiosa, à psicose (um estado em que a 
pessoa perde o contato com a realidade) 
e à esquizofrenia, o chamado distúrbio 
de "dupla personalidade".46 Outros 
pesquisadores acrescentaram a essa 
lista o delírio induzido pela cafeína e a 
anorexia nervosa.47 
Um terceiro neurotransmissor 
chamado dopamina também aumenta 
quando você ingere uma bebida que 
contém cafeína.48, 49 
Isto é extremamente preocupante. 
Algumas das doenças psiquiátricas mais 
graves como a esquizofrenia parecem 
ser provocadas, em parte, pela 
quantidade dopamina.50 Na verdade, o 
tratamento farmacológico tradicional 
desses transtornos mentais graves 
consiste em administrar agentes 
bloqueadores da dopamina.50 
Consequentemente, não é admirável que 
a cafeína — uma substância que 
aumenta os níveis de dopamina — 
aumente o risco de certas doenças 
mentais, embora, a princípio, possa 
parecer inofensiva. 
Outras doenças psiquiátricas com 
profundos efeitos do lobo frontal podem 
resultar do desequilíbrio das 
comunicações cerebrais causado pela 
cafeína. Isso é particularmente aplicável 
à depressão. A diminuição da função do 
e do fluxo sanguíneo do lobo frontal 
parece ser uma característica da 
depressão.51, 52 Uma pesquisa indica que 
essas mudanças possam estar, em 
O LOBO FRONTAL 
 
parte, relacionadas com os níveis de 
dopamina no lobo frontal.53 Ao 
reconhecer que a cafeína neutraliza o 
papel da adenosina no fornecimento de 
um bom fluxo sanguíneo ao cérebro e 
desequilibra a fisiologia da dopamina, 
poderíamos nos perguntar se há uma 
ligação entre o uso da cafeína e a 
depressão. 
O projeto de pesquisa norueguês 
aclamado internacionalmente e 
conhecido como estudo do coração de 
Tromso ofereceu pelo menos uma 
resposta parcial. Os pesquisadores 
escandinavos avaliaram 143.000 
homens e mulheres e descobriram um 
aumento significativo de depressão entre 
as mulheres que ingeriam grande 
quantidade de café (mas não nos 
homens que consumiam uma quantidade 
semelhante de café). Os resultados 
estão demonstrados na Figura 15.54 
 
Além da associação com a 
depressão, as mulheres que consumiam 
mais café também tinham mais 
problemas para lidar com o estresse. A 
razão pela qual esses efeitos não 
apareceram nos homens não ficou 
evidente. Isso pode indicar que as 
mulheres sejam mais suscetíveis à 
cafeína, ou pode ser atribuído à 
acentuação da predisposição feminina à 
depressão por ação da cafeína. 
 
A adaptação do cérebro à cafeína cria 
dependência 
Se a cafeína é tão boa para nós, 
como alguns leigos (e até mesmo alguns 
cientistas) gostariam que 
acreditássemos, é interessante notar que 
o cérebro faz um grande esforço para 
tentar desfazer os efeitos dessa “droga” 
legal e popular. Em uma situação de 
exposição crônica à cafeína, o cérebro 
tenta compensar de pelo menos duas 
maneiras. Primeiro, ele diminui a 
produção de acetilcolina, como foi 
mencionado antes.55 Essa parece ser 
uma maneira de reduzir o impacto do 
aumento do nível da acetilcolina 
provocado pela cafeína. Em segundo 
lugar, o cérebro aumenta o número de 
receptores de adenosina.56 Essa é 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
provavelmente uma resposta para 
conferir à adenosina ação mais 
proeminente na comunicação do cérebro 
— apesar da cafeína bloquear sua 
função de alguma forma. Infelizmente, 
essas alterações cerebrais contribuem 
para a dependência à cafeína. Desse 
modo a estrutura e a função cerebral 
alteram-se e, consequentemente, o 
cérebro passa a contar com a cafeína 
nesse ambiente. Essa é uma das razões 
pelas quais os usuários de café ficam tão 
habituados com sua bebida matinal. Se 
não recebem sua cafeína, eles sentem 
que estão correndo com menos da 
metade de suas forças. Além disso, se 
os usuários de café param de consumir a 
bebida, eles são suscetíveis a 
desenvolver sintomas de abstinência,por 
exemplo, dor de cabeça, além da fadiga. 
O "remédio" rápido para a dor de 
cabeça causada pela abstinência de 
cafeína é a ingestão de café, 
refrigerantes com cafeína ou um dos 
muitos remédios para dor de cabeça que 
contêm cafeína. Entretanto, nenhuma 
dessas opções é tão boa como "resistir" 
à abstinência. Normalmente, dentro de 
um ou dois dias, o cérebro adapta-se a 
um ambiente interno normal sem a 
cafeína, as dores de cabeça 
desaparecem e o cérebro caminha no 
sentido de um equilíbrio químico mais 
favorável. No entanto, tive alguns 
pacientes que tiveram dores de cabeça 
graves por até duas semanas depois da 
retirada da cafeína. Nesses casos, pode 
ser que tivessem predisposição às dores 
de cabeça, que foram desencadeadas 
pela abstinência da cafeína. 
Em termos práticos, o 
desequilíbrio da química cerebral 
causado pela cafeína cria condições 
para problemas maiores que apenas a 
abstinência da cafeína e os transtornos 
psiquiátricos já mencionados. Esse 
desequilíbrio também pode debilitar o 
desempenho físico e mental dos 
indivíduos que não têm sintomas 
psiquiátricos e não estão passando pela 
abstinência. Os efeitos da cafeína no 
sentido da deterioração do desempenho 
mental foram documentados. Embora a 
cafeína tenda a ajudar as pessoas a 
realizar tarefas simples de forma mais 
rápida, há evidências de que ela seja 
"prejudicial para tarefas mais complexas 
com relação ao tempo de reação motora 
e à coordenação motora fina".57 A 
diminuição da produção de acetilcolina 
que resulta do uso regular de cafeína, 
pode também contribuir para isso.58 
O LOBO FRONTAL 
 
Pesquisadores demonstraram 
claramente que a diminuição da 
acetilcolina do cérebro está associada ao 
funcionamento mental prejudicado.59, 60 
Além disso, apesar da tradição comum, 
os autores de uma revisão médica 
extensiva sobre cafeína não encontraram 
qualquer evidência de que esta 
substância ajuda a melhorar a 
capacidade intelectual.61 Um resumo de 
alguns dos efeitos da cafeína no cérebro 
pode ser visto na Figura 16. 
 
Não é nenhuma surpresa que a 
cafeína interfira com o sono. A cafeína 
ingerida dentro de uma hora antes de 
deitar faz com que fique mais difícil 
pegar no sono, diminui a quantidade total 
do tempo dormido e piora 
significativamente a qualidade do sono.62 
De forma especial, a cafeína diminui os 
estágios do sono mais profundos e 
restauradores (estágios 3 e 4). Talvez o 
mais surpreendente seja que 
quantidades excessivas de cafeína 
podem causar problemas cerebrais 
graves, incluindo convulsões.63 Há 
também relatos de mortes humanas 
devidas à cafeína.64 
Eu seria negligente se não 
mencionasse que a cafeína causa uma 
série de efeitos que podem afetar 
indiretamente a função do lobo frontal. 
Ao causar doença e estresse físico-
psicológico devidos a essas condições, o 
lobo frontal pode sofrer ainda mais sob o 
domínio deplorável da cafeína. Algumas 
das outras consequências para a saúde, 
devidas ao uso de cafeína estão 
relacionadas na Figura 17.65, 66, 67, 68, 69, 70, 
71, 72 
Embora alguns desses efeitos 
sejam controversos (alguns estudos 
encontraram uma relação com a cafeína, 
mas outros não), devemos nos perguntar 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
se vale mesmo a pena correr o risco com 
a cafeína, quando já descobrimos tantos 
outros problemas causados por ela. 
Outro efeito importante do lobo 
frontal relacionado à cafeína diz respeito 
à nossa dimensão espiritual. Isso foi 
evidenciado anos atrás por Ellen White. 
Ela explicou que a estimulação do 
cérebro pela cafeína poderia "afrouxar" a 
língua num diálogo, como está explicado 
na Figura 18.73 
 
A definição de fofoca é 
compartilhar informações pessoais com 
alguém que não faz parte do problema 
ou da solução. O chá das mulheres tem 
sido historicamente visto como lugar de 
fofoca. Observe, no entanto, que o 
gênero sexual não é mencionado. A 
declaração poderia aplicar-se também 
aos homens ou às reuniões mistas, 
especialmente quando "as bebidas 
certas" são ingeridas. White sugere que 
uma das causas da fofoca possa ser o 
tipo de bebida que é servida nas 
reuniões sociais. A compreensão dos 
efeitos da cafeína no lobo frontal 
confirma a plausibilidade de suas 
preocupações. 
 
Prejuízos causados pela nicotina no lobo 
frontal 
Dedico um capítulo inteiro 
(Capítulo 16: “Morrer por um cigarro? 
Largue o vício e viva) ao tema sobre a 
dependência da nicotina. Basta dizer 
aqui que a nicotina tem efeitos 
estimulantes no sistema nervoso, que 
são semelhantes aos da cafeína, razão 
porque também deve ser evitada. 
Ironicamente, a qualidade do sono, o 
desempenho e até mesmo o controle do 
estresse sofrem com o uso de cigarros. 
Por exemplo, os fumantes têm menos 
capacidade de realizar tarefas mentais 
complexas, que os não fumantes.74 Digo 
que tudo isso é irônico porque muitos 
fumantes acreditam que as qualidades 
mentais, na verdade, melhorem ao 
fumar. A pegadinha é que, quando eles 
param, esses problemas pioraram 
inicialmente antes de melhorar. Pouco 
depois que alguns indivíduos param de 
O LOBO FRONTAL 
 
fumar, eles equivocadamente pensam 
que fumar os ajudava nessas áreas e, 
por esta razão, voltam para seus cigarros 
depois de vários dias de abstinência. 
Além dos efeitos mentais de curto 
prazo, o tabagismo afeta o 
funcionamento do cérebro em longo 
prazo. Em comparação com as pessoas 
que não fumam, os fumantes correm 
risco dobrado de desenvolver demência 
(perda significativa irreversível da 
inteligência) causada por doença de 
Alzheimer e outras causas.75 
Um último efeito notável da 
nicotina refere-se aos seus efeitos pré-
natais. A nicotina utilizada por uma 
mulher grávida prejudica a função 
cerebral de seu filho, talvez para a vida 
toda. Pesquisas mostraram déficits 
mentais nos filhos de fumantes, que só 
podem ser explicados pelos efeitos da 
nicotina. Um estudo comparou a função 
mental das crianças de três anos idade, 
cujas mães fumaram durante toda a 
gravidez, com a das crianças cujas mães 
pararam de fumar durante a gravidez. Os 
filhos das mulheres que haviam largado 
o vício tiveram resultados 
significativamente melhores.76 
 
 
SEÇÃO III 
Efeitos da dieta e da nutrição na 
função do lobo frontal. 
 
Até agora, vimos os efeitos 
prejudiciais das drogas (e 
medicamentos), do álcool, da nicotina e 
da cafeína nos lobos frontais. Alguns 
desses fatores exercem seu efeito 
primário ou principal no lobo frontal. Por 
outro lado, a maioria das coisas que 
melhoram a função cerebral geralmente 
produz um efeito benéfico em todo o 
cérebro. Um exemplo clássico sobre 
esse assunto é a nutrição. Quanto mais 
aprendemos sobre nutrição, mais 
percebemos que a alimentação ideal é 
vital ao desempenho superior do 
cérebro. Veremos que nossas escolhas 
alimentares podem melhorar ou 
prejudicar o desempenho do cérebro. 
 
Melhoria da função cerebral por 
aleitamento materno, gorduras 
polinsaturadas e vitaminas 
Nossas primeiras escolhas 
alimentares não são realmente nossas. 
Aqueles que tiveram a sorte de ter mães 
que optaram pela amamentação 
receberam uma preciosa herança ao 
lobo frontal. Pesquisas mostraram que 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
as crianças que são amamentadas têm 
vantagem mental, que persiste por no 
mínimo alguns anos e, provavelmente, 
por toda a vida.77, 78 Todas as razões da 
vantagem do leite materno não são 
conhecidas. No entanto, há um fator que 
parece ser o teor de gordura do leite 
materno. O Dr. Yokota, do Japão, 
demonstrou que ratos recém-nascidos 
precisam de quantidades adequadas de 
gorduras ômega 3 em sua dieta. Sem 
essas gorduras, a aprendizagem é 
prejudicada.79 Outras equipes de 
pesquisa internacionais, como por 
exemplo Bourre e seus colegas 
franceses,80 fizeram descobertas 
semelhantes em testes com animais. 
Todos demonstraram a necessidadevital 
de gorduras ômega 3 no cérebro de 
mamíferos em desenvolvimento. É bem 
reconhecido nos círculos de pesquisa, 
que o leite em pó tradicional proporciona 
valores de gordura ômega 3 abaixo do 
padrão, quando comparado com o leite 
materno.81 Complementar a dieta da 
criança com outros alimentos, além do 
leite em pó, pode não compensar 
satisfatoriamente o déficit de ômega 3. 
Um grupo de pesquisadores chegou à 
seguinte conclusão surpreendente: 
"Conclui-se que é praticamente 
impossível complementar a dieta dos 
bebês alimentados com leite em pó com 
os alimentos integrais disponíveis 
atualmente, de forma a equipar à 
ingestão de ácidos graxos de cadeia não 
ramificada (AGNR) dos bebês 
amamentados por suas mães.82 
A superioridade do aleitamento 
materno é, obviamente, uma informação 
importante para os futuros pais. No 
entanto, o tipo adequado de gordura 
também parece ser necessário para a 
aprendizagem de curto prazo dos 
adultos. O Dr. Coscina e seus colegas 
demonstraram esse fato há uma 
década.83 Eles alimentaram dois grupos 
de ratos adultos com dietas que tinham 
quantidades idênticas de gordura. No 
entanto, a gordura provinha de fontes 
diferentes. Depois de apenas três 
semanas, os ratos alimentados com uma 
dieta baseada em quantidade moderada 
de gordura vegetal (20% de óleo de soja 
polinsaturado) mostraram melhora das 
habilidades de aprendizagem, em 
comparação com aqueles receberam 
dieta baseada em 20% de gordura 
saturada (banha). Os autores 
consideraram isso como uma prova 
sólida "de que as variações de curto 
prazo na qualidade da gordura da dieta 
O LOBO FRONTAL 
 
podem melhorar a aprendizagem dos 
mamíferos". Pesquisadores israelenses 
descobriram também que os animais 
alimentados com dieta com teores 
adequados dessas gorduras vegetais 
(p.ex., ácido alfa linolênico e ácido 
linoleico) podiam melhorar a memória e 
ajudar o cérebro a tolerar mais a dor.84 
O Dr. Bernell Baldwin sugeriu uma 
explicação do porque o tipo de gordura 
pode fazer diferença. As gorduras 
saturadas, que são normalmente 
encontradas nos produtos de origem 
animal, podem tornar a comunicação 
neural do cérebro mais difícil. Sua 
hipótese é de que as membranas onde 
ocorre a comunicação cerebral 
(chamadas de sinapses) tornam-se mais 
rígidas com uma dieta rica em gordura 
saturada. Por outro lado, as gorduras 
insaturadas provenientes dos vegetais, 
das sementes e das nozes tornam as 
membranas mais flexíveis, que por sua 
vez, fazem com que as comunicações 
cerebrais sejam mais eficientes.85 
Algumas das pesquisas mais recentes 
continuam a demonstrar os efeitos 
nocivos da gordura saturada no 
desempenho cerebral, mas não 
encontraram provas que sugerem que 
essas alterações da membrana sejam 
responsáveis.86 Outra possibilidade é 
que algumas das gorduras insaturadas 
tenham, na verdade, efeitos benéficos 
que podem ser bloqueados por suas 
primas saturadas. Se isso for verdade, 
as gorduras insaturadas, assim como as 
gorduras ômega 3, também podem ser 
especialmente importantes para a 
aprendizagem do adulto. Felizmente, 
para os adultos, há outras fontes dessas 
gorduras de elevada qualidade além do 
leite materno. O Capítulo 5, "A verdade 
sobre os Peixes", explora classe singular 
de gorduras conhecidas como ômega 3 e 
enumera uma série de excelentes fontes 
vegetarianas destes nutrientes. 
A ingestão de gorduras 
polinsaturadas não são os únicos 
elementos nutricionais essenciais à 
melhoria da função cerebral. A ingestão 
adequada de vitaminas e minerais 
também parece ser essencial ao 
desempenho do cérebro humano. Alguns 
dos micronutrientes que têm um papel na 
melhoria dos resultados do nosso 
cérebro são tiamina, riboflavina, niacina, 
B6, B12, ácido fólico, vitaminas 
antioxidantes A, C e E e ferro.87, 88, 89 A 
lista crescente desses nutrientes fala a 
favor de uma dieta bem equilibrada, que 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
seja rica em uma ampla gama destes 
compostos. 
 
Lições fornecidas pelos carboidratos 
Outras partes do corpo podem 
utilizar gorduras, proteínas ou 
carboidratos como fontes de energia, 
mas não o cérebro. O cérebro usa 
glicose, um carboidrato simples, quase 
exclusivamente como fonte de energia.90 
Aparentemente, como resultado do 
metabolismo muito rápido do cérebro, ele 
é dependente do fornecimento minuto-a-
minuto desse carboidrato simples. Isso é 
mais fácil de compreender quando você 
entende que o cérebro tem taxa 
metabólica 7,5 vezes maior que os 
tecidos corporais em geral.91 Embora o 
cérebro represente apenas 2% da massa 
do nosso corpo, ele responsável por 15% 
do nosso metabolismo total. 
O cérebro, no entanto, não tem 
muito espaço para armazenar nutrientes 
— o espaço é extremamente limitado 
pelo envoltório rígido do crânio. Apenas 
um fornecimento de dois minutos de 
glicose é disponibilizado às células 
cerebrais - e isto na forma de glicogênio, 
que é o composto de armazenamento de 
açúcar. Assim, para o desempenho 
máximo, o lobo frontal necessita de 
sangue com nível de glicose constante e 
adequado. No capítulo sobre o açúcar e 
a diabete (Capítulo 8), eu destaco como 
uma dieta contendo muito alimento 
refinado pode fazer o açúcar do sangue 
subir rapidamente e, em seguida, cair 
abaixo do normal. Essas opções de 
alimentos são abundantes em máquinas 
que vendem lanches e em balcões de 
sobremesa. É melhor deixá-los fora de 
nossas dietas. Seria melhor comer 
livremente de uma variedade saudável 
de carboidratos complexos, como os 
encontrados em batatas, arroz, pães 
integrais e cereais. Os açúcares simples 
são também carboidrato, mas é 
importante entender a diferença entre os 
açúcares simples presentes nos lanches 
concentrados e os que são encontrados 
em frutas naturais que vêm empacotadas 
com uma grande quantidade de fibras. 
Anos atrás, quando os cientistas 
descobriram que o cérebro funcionava 
melhor com o combustível de 
carboidrato, algumas pessoas 
começaram a se referir aos doces em 
barra como "alimento para o cérebro". 
Por fim, aprendemos que, para o 
desempenho prolongado, o açúcar 
refinado não era alimento para o cérebro; 
O LOBO FRONTAL 
 
era exatamente o contrário, como está 
indicado na Figura 19. 
Um estudo com 46 meninos de 
cinco anos foi particularmente 
revelador.92 Os meninos com pouco 
açúcar em sua dieta tinham limiar de 
atenção superior e respostas mais 
precisas, que os meninos que ingeriam 
grandes quantidades de açúcar. A 
diferença não pôde ser explicada pelo QI 
ou pelo status social e educacional dos 
pais. Quando testados, os meninos que 
consumiam dieta com baixo teor de 
açúcar refinado tiveram desempenho 
equivalente ao de uma série à frente na 
escola. Esse estudo provocante sugere 
que uma dieta melhor ajude a 
transformar um aluno de nível B em um 
aluno de nível A. 
 
Se o açúcar é um carboidrato e o 
carboidrato é o combustível preferido do 
lobo frontal, então como uma dieta rica 
em açúcar poderia prejudicar a função 
cerebral? Deixe-me tentar dar-lhe a 
melhor explicação que encontrei sobre 
esse paradoxo aparente. Nossos corpos 
foram criados para consumir alimentos 
como frutas e grãos em estado natural e 
não beneficiado. Esses alimentos 
ajudam a manter o nosso nível de açúcar 
sanguíneo relativamente estável. No 
entanto, quando os alimentos que 
contêm açúcares refinados entram no 
sistema digestivo, o açúcar do sangue 
sobe drasticamente e o corpo reage 
como se tivesse acabado de ser exposto 
a um grande volume de alimento natural. 
Em resposta, o pâncreas produz grande 
quantidade de insulina. Entretanto, o 
rápido aumento do açúcar sanguíneo é 
ilusório. Ao contrário dos alimentos 
vegetais naturais, os alimentos ricos em 
açúcar refinado tendem a ser 
rapidamente absorvidos. O resultado é 
que o rápido aumento de açúcar no 
sangue tem curta duração.Com a 
insulina ainda presente e nenhum açúcar 
a mais entrando no trato digestivo, o 
nível de açúcar no sangue pode 
despencar. Não é incomum que o açúcar 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
no sangue caia bem abaixo de onde 
estava antes do alimento açucarado ser 
ingerido. Se o nível de açúcar sanguíneo 
de uma pessoa diminui a níveis 
suficientes, as funções do lobo frontal 
podem sofrer devido ao fornecimento 
inadequado de combustível. 
Para piorar a situação, 
provavelmente a resposta mais comum à 
hipoglicemia seja ingerir outro alimento 
açucarado. Embora isso faça com que o 
açúcar sanguíneo aumente rapidamente 
mais uma vez, pesquisas demonstram 
que o cérebro precisa de mais 45 a 75 
minutos para recuperar a função 
intelectual normal, depois que o açúcar 
do sangue volta ao normal.93, 94 A 
mensagem que tiro dessa pesquisa é de 
que tanto os adultos, quanto as crianças 
em idade escolar, precisam fazer 
escolhas alimentares corretas, se 
quiserem trabalhar com a eficiência 
mental máxima. Cada dia deve começar 
com um café da manhã de alta 
qualidade, que inclua uma seleção 
equilibrada de fontes vegetais de 
nutrição. Eu prefiro uma variedade de 
frutas e cereais integrais, juntamente 
com algumas nozes. Esses itens tendem 
a manter o açúcar sanguíneo na faixa 
adequada ao longo de toda a manhã, 
sem a necessidade de lanches. Eu 
explico com mais detalhes a importância 
de um café da manhã saudável no 
Capítulo 1: "Princípios da Saúde Ideal". 
Um suprimento liberal de frutas, 
verduras e grãos fornece a melhor 
nutrição para o lobo frontal. Todos esses 
alimentos contêm quantidade saudável 
de carboidratos. Por outro lado, 
praticamente todos os tipos de carne são 
desprovidos de carboidratos. Se você 
verificar as tabelas nutricionais, verá um 
tema recorrente — seja carne vermelha, 
peixe ou frango — todos marcam um 
grande zero (ou muito próximo a ele) na 
categoria de carboidrato.95 Esses 
alimentos são geralmente ricos em 
gordura e proteína, mas deficientes em 
carboidrato; esta pode ser uma razão 
pela qual a carne parece estar associada 
a disfunção sutil do lobo frontal. 
Entretanto, há uma ironia em 
todos esses dados. Como o cérebro é 
muito adaptável e acostuma-se com o 
estilo de vida que você leva, até mesmo 
as mudanças mais saudáveis podem 
causar um declínio de curto prazo na 
eficiência cerebral, antes que qualquer 
melhoria ocorra. É equivalente ao que 
acontece com a nicotina, que descrevo 
no Capítulo 16, quando alguém 
O LOBO FRONTAL 
 
abandona o hábito de fumar. Apesar dos 
efeitos prejudiciais da nicotina no 
cérebro, quando uma pessoa para de 
fumar, a qualidade do sono e a agilidade 
mental tendem a piorar antes de 
melhorar. O mesmo é provavelmente 
verdade com a dieta. Pesquisas sugerem 
que, quando as pessoas aumentam 
drasticamente sua ingestão de gordura 
ou até mesmo de carboidrato, o 
desempenho mental pode sofrer no curto 
prazo. No entanto, continuar com o estilo 
de vida mais saudável trará os benefícios 
esperados com o tempo. A mensagem é: 
não importa o quão difícil isso possa ser 
em curto prazo, desenvolva novos 
hábitos de saúde e mantenha-se firme.96 
 
Transmissores falsos nos alimentos 
calóricos confundem as células cerebrais 
Outras substâncias dietéticas 
podem ter efeito prejudicial no lobo 
frontal. Uma delas é a substância 
química chamada tiramina. A tiramina é 
encontrada em abundância nos queijos, 
nos vinhos e em outros alimentos 
calóricos.97 Sem dúvida, parte da 
disfunção do lobo frontal causada pela 
tiramina é resultado da estimulação do 
sistema hormonal de reação ao estresse. 
Quando esse composto é ingerido, as 
terminações nervosas simpáticas são 
estimuladas para liberar uma substância 
química chamada norepinefrina, que é o 
principal composto químico que 
desencadeia a resposta do corpo ao 
estresse.98 O estresse definitivamente 
provoca um aumento no estado de 
alerta, no entanto, isto frequentemente 
interfere no controle motor fino dos 
processos mentais necessários à 
aprendizagem, à classificação analítica 
de objetos, ao pensamento criativo e à 
memória ideal. Isso não é nenhuma 
surpresa para aqueles que ainda têm 
lembranças vívidas dos desempenhos 
ruins nos testes escolares devido ao 
estresse durante os exames. O Dr. 
Guyton observa que o sistema hormonal 
do estresse pode realmente diminuir o 
fluxo sanguíneo cerebral.99 Isso pode ser 
uma explicação para a deterioração do 
desempenho cerebral sob estresse real, 
ou sob uma condição de estresse 
provocada pela ingestão de tiramina. 
Devido à capacidade da tiramina 
de causar alterações químicas nervosas 
(especificamente a liberação de 
norepinefrina), ela tem sido apelidada de 
um falso neurotransmissor. Desse modo, 
a tiramina pode ser entendida como um 
composto que, em um nível celular, 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
confunde as células cerebrais.100, 101, 102 
Ela atua como mensageiro químico 
cerebral ou neurotransmissor; no 
entanto, ela provém dos alimentos que 
ingerimos e não das comunicações 
iniciadas pelas próprias células 
cerebrais. Em outras palavras, a 
estimulação da tiramina nas células 
cerebrais alega carregar uma 
mensagem, quando não há, na 
realidade, o que carregar. Assim, outra 
maneira de conceituar a disfunção da 
parte frontal do cérebro causada pela 
tiramina como um resultado da confusão 
mental causada pela falsa comunicação. 
Outro componente químico 
relacionado que causa problemas de 
transmissão cerebral é a triptamina. 
Assim como a tiramina, a triptamina é 
classificada como "amina biogênica". A 
triptamina também é conhecida por seus 
efeitos que alteram a mente. Esse 
composto foi associado aos pesadelos e 
até foi classificado no grupo das drogas 
como LSD e psilocibina, porque pode 
causar efeitos alucinógenos.103 
Curiosamente, as fontes alimentares que 
contêm triptamina geralmente também 
têm tiramina. Alguns exemplos de 
alimentos com concentrações altas 
desses elementos que alteram a mente 
incluem queijos,104 peixes105 e 
salsichas.106, 107 Além disso, a 
deterioração precoce das aves produz 
esses compostos, pois uma grande 
percentagem de bactérias que 
contaminam as aves domésticas têm a 
capacidade de decompor seus tecidos e 
transformá-los nessas substâncias 
tóxicas.108 A questão da deterioração dos 
produtos de origem animal e sua relação 
com os compostos químicos que alteram 
a mente deve ser levada a sério. Uma 
pesquisa recente indicou que possa 
ocorrer deterioração significativa, mesmo 
em temperaturas normais de 
refrigeração. Um relatório sobre peixes 
descobriu que havia deterioração 
durante a refrigeração, que produzia 
outra amina biogênica chamada 
trimetilamina.109 (Aliás, a trimetilamina é 
encontrada também em outros frutos do 
mar e tende a formar substâncias 
químicas causadoras de câncer110). 
A triptamina também pode 
desempenhar um papel importante no 
desenvolvimento do câncer. Quando é 
combinada com o álcool (e em presença 
da bactéria Helicobacter pylori, que é 
comum no estômago), a triptamina pode 
dar origem aos membros da família dos 
compostos de Harman111 — uma classe 
O LOBO FRONTAL 
 
de produtos químicos que têm 
propriedades cancerígeas112, 113 
reconhecidas, bem como efeitos mentais 
comprovados.114 Um fato mais 
interessante sobre os compostos de 
Harman é que eles são encontrados em 
bebidas alcoólicas como a cerveja e o 
vinho.115 Alguns dos efeitos que alteram 
a mente causados pelo álcool, assim 
como alguns dos riscos de câncer 
também causados pelo álcool, podem 
estar relacionados em parte com esses 
compostos. Esses mesmos compostos 
de Harman podem até desempenhar um 
papel na perpetuação do desejo de 
ingerir álcool.116 
Qual é o significado prático de 
alguns desses dados sobre as aminas 
biogênicas e seu efeito desestabilizador 
na mente? 
Existemmuitas aplicações 
pertinentes. Deixe-me mencionar duas 
delas de maneira breve. Primeiramente, 
pode haver uma relação entre as aminas 
biogênicas como a triptamina e a 
tiramina e uma série de distúrbios 
comportamentais brandos. Por exemplo, 
esses compostos podem ser um dos 
muitos fatores que influenciam a 
hiperatividade das crianças.117 Em 
segundo lugar, os pesadelos podem 
realmente ser um problema comum após 
a ingestão de alimentos ricos em 
triptamina e tiramina à noite. (Por isso, 
cuidado se você adora comer pizza tarde 
da noite.) As preocupações quanto a 
esses produtos químicos podem oferecer 
um entendimento mais claro sobre 
porque Ellen White escreveu que “queijo 
nunca deve ser colocado no 
estômago”.118 
 
O ácido araquidônico e as moléculas 
grandes presentes na carne debilitam a 
função do lobo frontal 
Outro elemento químico dietético 
que causa problemas cerebrais é o ácido 
araquidônico. Esse composto interfere 
com a produção e o armazenamento de 
acetilcolina, um neurotransmissor 
importante já mencionado, que está 
amplamente relacionado à função do 
lobo frontal. Você deve lembrar-se de 
que a diminuição da acetilcolina cerebral 
está associada ao funcionamento mental 
alterado.119,120 Assim, o ácido 
araquidônico resulta na diminuição da 
capacidade de o lobo frontal funcionar de 
forma eficiente.121 Uma das fontes 
dietéticas mais comuns de ácido 
araquidônico é a carne. Na verdade, o 
ácido araquidônico é encontrado quase 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
que exclusivamente em produtos de 
origem animal.122 
 
Outro problema com a carne é o 
seu efeito adverso no cérebro. Cientistas 
russos descobriram que a ingestão de 
carne em uma única refeição pode 
aumentar um hormônio específico do 
estresse, conhecido como 17-
hidroxicorticosteroide (17-HCS). Baldwin 
sugere que produtos químicos dessa 
natureza, em razão do seu peso 
molecular alto, possam estimular as 
regiões do cérebro de maneira 
desigual.123 As áreas racionais 
superiores do cérebro são protegidas por 
algo chamado de "barreira 
hematoencefálica", que parece ser 
impermeável às substâncias químicas 
como o 17-HCS. Por outro lado, essas 
moléculas grandes que provocam 
estresse são capazes de estimular as 
áreas inferiores do cérebro onde não 
existe essa barreira, como por exemplo, 
a glândula hipófise, onde muitos 
hormônios são produzidos. Tudo isso é 
extremamente importante, porque essas 
áreas cerebrais inferiores são onde se 
localizam nossas faculdades mais 
animalescas e menos racionais. Em 
outras palavras, comer carne pode ter 
um efeito estimulante devido aos 
compostos como o 17-HCS, mas a 
estimulação pode desequilibrar o 
pensamento racional e favorecer os 
comportamentos mais impulsivos. Ellen 
White escreveu palavras de cautela 
sobre os efeitos prejudiciais da ingestão 
da carne para a atividade intelectual. 
Essa citação está reproduzida na Figura 
20.124 
Na verdade, benefícios físicos e 
mentais são proporcionados ao 
comermos os alimentos certos. Ellen 
White fez recomendações acerca desse 
tipo de dieta, como está ilustrado na 
Figura 21.125 
Vemos que Ellen White tinha 
compreensão e conhecimento 
significativo sobre os efeitos do estilo de 
vida na função cerebral. Nos capítulos 
anteriores, vimos seus pensamentos em 
muitas outras áreas da saúde e das 
doenças humanas. Como isso é 
O LOBO FRONTAL 
 
possível, tendo em vista a época em que 
ela escreveu (entre 1860 a 1915), muito 
antes da explosão da informação médica 
científica que temos hoje? A extensão e 
a validação de suas instruções e as 
evidências dos meios como ela as 
recebeu estão descritas no Anexo X. 
 
As bifenilas policloradas (BPCs) 
interferem com o desenvolvimento 
cerebral 
A dieta vegetariana de uma 
mulher grávida também pode beneficiar 
o desenvolvimento cerebral do feto. 
Como descrevo no capítulo sobre os 
peixes (Capítulo 5), existe preocupação 
crescente quanto às toxinas em nossos 
alimentos — particularmente aqueles 
que contêm carne. Num exemplo bem 
divulgado, determinou-se que as 
mulheres que comiam peixes do lago 
Michigan durante a gravidez tiveram 
exposição mais acentuada às bifenilas 
policloradas (BPCs) e contaminantes 
relacionados. No momento do parto, os 
pesquisadores estimaram a exposição 
dos recém-nascidos às BPCs por meio 
da dosagem destes compostos 
químicos no sangue do cordão. 
Quando as crianças expostas 
realizaram testes neurológicos quatro 
anos depois, os pesquisadores 
observaram que as crianças com níveis 
mais altos de BPC tinham déficits 
cerebrais, inclusive dificuldade de 
entender leitura, atenção reduzida e 
memória mais fraca.126 
 
Uma dieta espartana pode melhorar o 
desempenho cerebral 
Há anos os pesquisadores sabem 
que os animais vivem mais tempo 
quando consomem uma dieta de baixa 
caloria (isto é, comem menos que 
comeriam normalmente).127 Uma equipe 
de investigação americana, sob a 
direção do Dr. L.W. Means, acrescentou 
novas evidências aos benefícios de uma 
dieta mais espartana. Means e seus 
colegas, por medição direta, 
demonstraram melhor desempenho 
cerebral com uma dieta de baixa 
caloria.128 Além disso, sua pesquisa 
PROVA INCONTESTÁVEL 
 
demonstrou que os animais receberam 
esses benefícios cerebrais, mesmo que 
iniciassem essa dieta de restrição em 
uma idade mediana. 
Esse não é um artigo de pesquisa 
isolado. Pesquisadores da Itália 
demonstraram o óbvio pela primeira vez: 
ratos mantidos com uma dieta normal 
perdiam função mental à medida que 
envelheciam. No entanto, os 
investigadores descobriram que os ratos 
mais velhos mantidos com uma dieta de 
baixa caloria desde o nascimento tinham 
habilidades mentais tão boas quanto 
seus correspondentes mais jovens. 
Nosso desempenho cerebral de 
hoje pode ser afetado pelo número de 
calorias que consumimos há 15 anos. 
Noventa e nove indivíduos de 75 anos ou 
mais tiveram seu desempenho mental 
testado na Califórnia por meio do Mini-
Exame do Estado Mental. Os indivíduos 
que consumiram mais calorias em 1976 
tiveram escores menores no teste 
realizado em 1991. Esse estudo indicou 
que o consumo de mais calorias na 
meia-idade acelere o declínio da função 
mental com o envelhecimento.129 
Esses estudos sugerem que os 
excessos (também referido como "comer 
destemperadamente") podem prejudicar 
o cérebro todo. Esse declínio mental 
global também poderia comprometer o 
lobo frontal. Há algumas décadas, E. G. 
White descreveu os efeitos nocivos 
dessas práticas no cérebro. Suas 
citações estão ilustradas na Figura 22.130 
A intemperança geralmente está 
associada à ingestão de álcool e os 
riscos são bem conhecidos. Nesse 
capítulo, vimos os perigos adicionais da 
intemperança do comer e seu impacto 
profundo no lobo frontal. Embora a 
autora dessa declaração, Ellen White, 
tenha escrito extensivamente sobre 
saúde, ela estava preocupada 
principalmente com as questões 
teológicas e espirituais, como indica sua 
declaração final: "E essa é uma fonte 
fecunda de provações da igreja". A 
causa principal de discórdia, mesmo em 
uma reunião do conselho da igreja, pode 
O LOBO FRONTAL 
 
não ser devido a um problema 
superficial, mas aos alimentos 
consumidos de antemão, o que torna 
impossível ver a questão de forma clara 
e racional. Se comer sem temperança 
aplica-se às contendas da igreja, não se 
aplicaria também às questões em 
reuniões de negócios, relações familiares 
e na vida em geral? 
Outra declaração da mesma 
autora encaixa perfeitamente com as 
informações deste capítulo. "Poucos... 
percebem o quanto seus hábitos 
alimentares têm a ver com a sua 
saúde...".131 Quando isto foi escrito em 
1865, havia pouca compreensão da 
correlação entre dieta e saúde. Hoje, a 
literatura científica está repleta de 
estudos que indicam claramente as 
consequências da nutrição

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