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Introdução à Micologia: Estrutura e Composição Celular dos Fungos

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Micologia 
 
Introdução 
Os fungos, durante muito tempo, foram classificados como pertencentes ao Reino Plantae, apesar de 
apresentarem características conflitantes com as típicas desse Reino. Não possuem clorofila nem pigmentos 
fotossintéticos, obtendo sua energia por absorção de nutrientes; não armazenam o amido e não apresentam, com 
exceção de alguns fungos aquáticos, celulose na parede celular. Os fungos têm, ainda, algumas semelhanças com o 
Reino Animalia, ou seja, armazenam glicogênio e possuem quitina na parede celular. Os fungos são heterotróficos e 
eucarióticos, com um só núcleo, como as leveduras, ou multinucleados, como os fungos filamentosos ou bolores e os 
cogumelos (fungos macroscópicos). Essas características resumidas é que justificaram, a partir de 1969, a criação de 
um Reino separado, o Reino Fungi. 
 
Estrutura da Célula Fúngica 
A célula fúngica é constituída pelos principais componentes encontrados nos organismos eucarióticos. Os 
fungos podem ser unicelulares ou multicelulares quando as células são tubulares e denominada de hifas cujo conjunto 
constitui o micélio. Todas as células fúngicas são eucarióticas, isto é, possuem núcleo com membrana nuclear. Na 
Figura 1, estão esquematizadas as principais estruturas da célula fúngica. 
 
 
Figura 1 – Desenho esquemático de uma célula eucariótica (TRABULSI, 2016). 
 
Parede celular 
A parede celular é responsável pela rigidez da célula fúngica sendo composta basicamente por polissacarídeos 
de natureza celulósica ou quitínica, dependendo do grupo de fungos ou a mistura das duas substâncias, além de 
proteínas e lipídios, mas tendo variações dependendo da espécie de fungo, da idade, composição do substrato de 
crescimento, pH e temperatura. Essas substâncias conferem rigidez à parede celular. As glucanas e as mananas estão 
combinadas com proteínas, formando as glicoproteínas, manoproteínas e glicomanoproteínas. Estudos citoquímicos 
demonstraram que cada camada possui um polissacarídeo dominante: as camadas mais internas contêm beta-1-3, beta-
1-3-glucanas e mananas, enquanto as mais externas contêm mananas e beta-1-6-glucanas. A primeira e a terceira 
camadas são as mais ricas em mananas. As glucanas nas células fúngicas são normalmente polímeros de D-glicose, 
ligados por pontes betaglicosídicas. 
As mananas, polímeros de manose, representam o material amorfo da parede e são diferenciadas em dois 
tipos: uma manoproteína não enzimática, envolvida na arquitetura da parede, e uma manoproteína com características 
enzimáticas, relacionada com a degradação de macromoléculas. 
A quitina, um polímero de 2-acetamida-2-deoxi-beta-D-glicose, é o principal componente estrutural do 
exoesqueleto de invertebrados e da parede celular fúngica. Nas leveduras, a quitina encontra-se em menor quantidade 
do que nos bolores (na proporção de 1:3) e está restrita à área de blastoconidiação. A quitina é geralmente encontrada 
como microfibrilas cristalinas, dentro de uma matriz proteica. 
Os fungos termo-dimórficos na fase M (Mold=bolor), obtida em cultivo a 25°C, a parede celular apresenta 
uma quantidade maior de beta-glucana e um complexo galactomanana, enquanto na fase Y (Yeast= levedura), obtida a 
37°C, uma quantidade maior de alfa-glucana e traços de galactomana. Essas diferenças parecem estar relacionadas 
com a patogenicidade desses fungos. 
 
Membrana citoplasmática 
A membrana plasmática separa o interior do citoplasma e tem as mesmas funções da membrana encontrada 
em outras células. É composta de duas camadas de fosfolipídios revestidas por proteínas e apresenta uma série de 
invaginações que dão origem a um sistema de vacúolos ou vesículas, responsáveis por um contato entre o meio 
externo e o interior da célula. As proteínas servem como enzimas, que fornecem à membrana diferentes propriedades 
funcionais, enquanto os lipídeos dão à membrana sua verdadeira propriedade estrutural. A membrana citoplasmática 
dos fungos contém esteróis na forma de ergosterol, diferente da membrana citoplasmática da célula animal que contém 
colesterol. Essa diferença se constitui em importante sítio de ação de antifúngicos que atuam na síntese do ergosterol 
tendo esses antifúngicos, toxicidade seletiva para o fungo. Na Figura 2 pode-se observar um modelo de membrana da 
célula fúngica. 
 
Figura 2 - Modelo esquemático de membrana de célula fúngica. 
 
 
Citoplasma 
O citoplasma é onde ocorrem as sínteses e o metabolismo energético e plástico. No citoplasma são 
encontrados: inclusões de glicogênio, que é a principal substância de reserva de energia dos fungos, vacúolos de 
alimentos e gorduras, mitocôndrios, responsáveis pelos mecanismos energéticos, ribossomos e retículo 
endoplasmático, responsável pela síntese de proteínas. Os vacúolos são de vários tamanhos e podem ter a função 
digestiva ou de reserva, armazenando glicogênio. Os mitocôndrios constituem o sítio da fosforilação oxidativa e 
contem DNA e ribossomos próprios. O retículo endoplasmático é um sistema comunicante que se espalha pela célula 
e é ligado à membrana nuclear, mas não à membrana plasmática e pode ser revestido externamente por ribossomos ou 
não. O aparelho de Golgi é um sistema de vesículas, canalículos e estruturas tubulares e está envolvido em processos 
de síntese e secreção, ligados à química de carboidratos. 
 
Núcleo 
Os fungos podem ter um, dois ou mais núcleos, envoltos por uma membrana nuclear (carioteca) com 
numerosos poros. No núcleo encontram-se os cromossomos lineares, compostos de dupla fita de DNA arrumados em 
hélice, de natureza nucleoproteica contendo DNA e também RNA, de natureza nucleoproteica cuja função é transmitir 
as informações genéticas do DNA ao resto da célula. Dentro do núcleo, encontra-se o nucléolo, um corpúsculo 
esférico contendo DNA, RNA e proteínas. Este corpúsculo é o sítio de produção do RNA ribossomal. Durante a 
divisão nuclear, observa-se que a membrana desaparece, sendo substituída por um aparato em forma de agulhas 
(processo mitótico) com numerosos microtúbulos. Após a mitose, a membrana nuclear é novamente sintetizada. 
 
Cápsula 
Alguns fungos, como Cryptococcus neoformans, apresentam uma cápsula de natureza mucopolissacarídica 
com estrutura fibrilar composta de amilose e de um poliosídeo semelhante à goma arábica. A cápsula é importante na 
patogenia desse fungo por dificultar a fagocitose. 
 
 
Morfologia e Reprodução 
A identificação dos fungos é baseada principalmente em suas características morfológicas e eles apresentam 
uma variedade grande de tipos morfológicos, desde os mais simples até os mais complexos. Basicamente, os fungos 
incluem as leveduras, os bolores e os cogumelos, que são os fungos macroscópicos. 
Os bolores e as leveduras, fungos microscópicos, quando crescem em substrato adequado, formam colônias 
visíveis a olho nu com diferenças macroscópicas. Os bolores formam colônias filamentosas dos mais variados tipos 
morfológicos (algodonosas, pulverulentas, aveludadas e outros) e com uma variedade grande de pigmentos. As 
leveduras apresentam colônias pastosas, de cor creme, branca, preta, rosa, dependendo da espécie, sendo que a maioria 
varia de branca a creme. 
 
 
Figura 3 – Foto de crescimento em placa de bolor (A) e levedura (B) (TRABULSI, 2016). 
 
As leveduras são unicelulares não apresentando diferenciação morfológica entre parte vegetativa e 
reprodutiva. As células têm formas arredondadas, ovoides ou alongadas. Leveduras do gênero Candida, em 
determinadas condições de cultivo, reproduzem-se por brotamentos sucessivos em cadeia, formando filamento 
semelhante ao dos bolores, chamado de micélio pseudofilamentoso. 
 
Figura 4 - Blastoconídio e pseudo-hifa encontrados nas leveduras (TRABULSI, 2016). 
 
 
Os bolores são multicelulares e sua unidade estrutural é representada pela hifa, uma estrutura tubular, cujo 
conjunto é denominado de micélio. O micélio que se desenvolve no interior do substrato,funcionando também como 
elemento de sustentação e de absorção dos nutrientes, é chamado micélio vegetativo. O micélio que se projeta na 
superfície e cresce acima do meio de cultivo é o micélio aéreo. O micélio aéreo vegetativo dos fungos filamentosos 
pode diferenciar-se em determinados pontos e formar o micélio reprodutivo, onde são formados os esporos, também 
chamados de propágulos, e que podem ter origem sexuada ou assexuada. O micélio reprodutivo é de importância 
fundamental na identificação morfológica da maioria das espécies fúngicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
O micélio vegetativo dos bolores é pluricelular filamentoso e pode ser septado ou contínuo, sem septos, 
quando é chamado de cenocítico. 
 
Figura 6 – Diferentes tipos de hifas. 
 
O micélio vegetativo, em determinados pontos se diferencia em estruturas de reprodução, com morfologias 
características importantes na identificação dos fungos. Essas estruturas constituem o micélio reprodutivo, que cumpre 
as funções de disseminação e preservação da espécie. No micélio reprodutivo há formação de células especiais 
denominadas esporos, que apresentam formas variadas: cilíndricos, elípticos, fusiformes, ovoides, baciliformes, 
piriformes e outras; hialinos ou pigmentados; simples ou septados, com septos transversais, longitudinais; lisos, 
verrucosos ou ciliados; grandes, pequenos. A morfologia dos esporos e o modo de formação são características 
importantes na identificação de gêneros e espécies de fungos. Os esporos, de acordo com sua origem, podem ser 
assexuados, quando são formados por reprodução assexual ou agâmica, ou sexuados, quando formados pela fusão de 
células com caráter de sexualidade. Os esporos assexuados e os sexuados podem ser formados no interior ou fora de 
estruturas do micélio reprodutivo quando são chamados respectivamente de endósporos ou ectosporos. 
A reprodução sexuada entre os fungos contribui, através da recombinação genética, para a variabilidade 
necessária ao aperfeiçoamento da espécie. Em geral, esses fungos com reprodução sexuada produzem, em 
determinadas fases de seu ciclo, estruturas assexuadas, os conídios, que asseguram a sua disseminação. Essa 
característica de mudança de tipo de reprodução reflete-se em características morfológicas diferentes e o mesmo fungo 
recebe denominações diferentes. 
 
 
Figura 7 – Conidióforo. Conídios. 
 
Por exemplo, o fungo leveduriforme Cryptococcus neoformans em sua fase sexuada é denominado 
Filobasidiella neoformans. 
A maior parte das leveduras reproduz-se assexuadamente por brotamento ou gemulação e por fissão binária. 
No processo de brotamento, a célula-mãe origina uma gêmula, o blastoconídio, que cresce e recebe um núcleo após a 
divisão do núcleo da célula-mãe. Na fissão binária, a célula-mãe divide-se em duas células de tamanhos iguais. No seu 
ciclo evolutivo, algumas leveduras podem originar esporos sexuados, ascósporos, após duas células sofrerem fusão 
celular e nuclear, seguida de meiose. 
Os fungos apresentam, em determinadas circunstâncias, um pleomorfismo que dificulta a sua identificação 
morfológica. Várias espécies, quando mantidas em cultivo artificial durante muito tempo, pleomorfizam-se e perdem 
as características morfológicas originais que permitem a sua identificação. Outros, por uma série de fatores, perdem a 
capacidade de esporular, e eventualmente não apresentam nenhuma característica morfológica que permita o 
reconhecimento da espécie. Alguns fungos mudam da fase filamentosa para a leveduriforme ou vice-versa assumindo 
características macro e microscópicas típicas de bolor ou de levedura. Os fungos variam também seu tipo de 
reprodução, entre assexuada e sexuada, de acordo com as condições e esses diferentes tipos de reprodução traduzem-
se em diferentes morfologias, refletindo-se inclusive na classificação taxonômica dos fungos. 
 
Taxonomia dos Fungos 
A classificação dos fungos é baseada principalmente em critérios morfológicos, reprodutivos e fisiológicos, e 
os mesmos são agrupados pelas características comuns em níveis taxonômicos, sendo que cada nível apresenta um 
nome seguido de sufixo especial: Phylum ou filo: sufixo mycota; Subfilo: sufixo mycotina; Classe: sufixo mycetes; 
Ordem: sufixo ales; Família: sufixo aceae; Gênero e espécie: sem radicais específicos. 
Atualmente, a taxonomia dos fungos tem apresentado progressos expressivos baseados em técnicas 
moleculares, principalmente a prova de PCR e seleção de oligonucleotídeos com sondas específicas. A biologia 
molecular tem ajudado a solucionar complexos agrupamentos taxonômicos e permitido um melhor conhecimento das 
relações evolutivas e muitas espécies de fungos anamórficos (sem reprodução sexuada conhecida) tem sido 
classificadas com base nessas novas técnicas moleculares, alterando as classificações antigas baseadas em outros 
critérios. 
Os fungos patogênicos e oportunistas mais importantes estão distribuídos em três filos do reino Fungi: 
Zygomycota, Basidiomycota, Ascomycota e no grupo dos Deuteromycetes, atualmente denominados de fungos 
anamórficos. Phytium insidiosum e Rhinosporidium seeberi, organismos hidrofílicos, que classicamente eram 
estudados no reino Fungi, são classificados respectivamente no filo Oomycota e Hyphochytriomycota, reino 
Chromista. Pneumocystis carinii, agente oportunista de releivada importância principalmente entre pacientes com 
AIDS, foi considerado como protozoário, entretanto, estudos com base na biologia molecular estabeleceram que esse 
organismo pertence ao reino Fungi, onde ocupa posição entre Ascomycota e Basidiomycota. 
Alguns autores consideram atualmente sete filos no reino Fungi: Chytridiomycota, Neocallimastigomycota, 
Blastocladiomycota; Microsporidia, Glomeromycota, Ascomycota e Basidiomycota, mas como não há ainda um 
consenso, manteremos ainda a classificação em três filos mais o grupo de fungos anamórficos ou mitospórico. 
 
Hábitat e Vias de Dispersão 
Os fungos constituem nichos ecológicos nos mais variados ambientes. A maioria é encontrada no solo, onde 
junto com outros organismos, participam da ciclagem dos elementos na natureza. A diversidade de micro-organismos 
no solo é grande e as pesquisas de isolados desse ambiente têm contribuído para melhoramento de processos 
biotecnológicos com aplicações em várias áreas. Muitos fungos patogênicos têm seu hábitat no solo e algumas 
micoses que acometem o homem e outros animais são adquiridas através do contato com o solo. 
 Vários fungos têm os vegetais como hospedeiros exclusivos somente conseguindo se multiplicar em contato 
com eles. Hemileia vastathrix, fungo da ferrugem do café, é exemplo típico desse grupo de fungos. Outros fungos 
podem ter uma associação mutualística com raízes de vegetais e o conjunto é denominado micorriza. Geralmente, as 
micoses subcutâneas que acometem o homem, são adquiridas principalmente através de ferimentos com fragmentos 
vegetais, como, por exemplo, a esporotricose, a cromomicose e a maduromicose. 
A água também constitui um hábitat para alguns grupos de fungos sendo algumas espécies importantes como 
agentes de doenças em peixes e, eventualmente, em humanos e em outros animais. De maneira geral, esses fungos 
aquáticos não crescem nos meios de cultivo utilizados normalmente em micologia médica. Para seu isolamento 
utilizam-se iscas como sementes de sorgo, cânhamo ou escamas de peixe, ecdise de cobra e outras. 
Alguns fungos fazem parte da microbiota endógena ou transitória do homem e de outros animais. Espécies do 
gênero Candida, por exemplo, são habitantes normais do trato intestinal e da cavidade vaginal. Malassezia spp fazem 
parte da microbiota normal do homem (principalmente no couro cabeludo) e do cão (conduto auditivo). 
Os fungos se dispersam na natureza através de várias vias, como ar atmosférico, água, insetos, homem e 
outros animais. A eficiência dessa dispersão é relacionada à alta produção de propágulos, principalmente osesporos, 
formados em grande quantidade, mas outras estruturas fúngicas, como fragmentos de micélio vegetativo também 
podem constituir elementos de disseminação. 
A principal via de dispersão utilizada pelos fungos em sua disseminação é o ar atmosférico, onde os 
propágulos podem ser levados a grandes distâncias pelos ventos. Esses fungos, também chamados de anemófilos, 
além de serem importantes como biodeteriorantes de substratos diversos, são estudados em Medicina sendo agentes de 
alergias respiratórias, como asma brônquica e rinites alérgicas. Esses fungos anemófilos são encontrados também em 
ambientes internos e são introduzidos nesses ambientes por várias vias, principalmente pelo ar atmosférico. De 
maneira geral, o ar interior de ambientes geralmente deve refletir a diversidade existente no ar exterior daquele 
ecossistema e não ter quantidade maior de fungos em relação à quantidade do ar exterior. Se, eventualmente, 
encontrarem um substrato adequado nos ambientes interiores, colonizam, se multiplicam e aumentam o seu número 
nesse ambiente, ou eventualmente, uma determinada espécie pode suplantar as outras. Nesses casos, teremos um 
desequilíbrio no ambiente interior e a causa deve ser descoberta e corrigida. 
 
Figura 8 – Vias de dispersão dos fungos. 
 
 
Vários gêneros já foram relatados no Brasil, sendo os mais frequentes: Cladosporium, Epicoccum, 
Rhodotorula, Penicillium, Aspergillus, Aureobasidium, Phoma, Alternaria, Fusarium, Trichoderma. 
Geralmente, as micoses sistêmicas como Paracoccidioidomicose, Histoplasmose e Criptococose são 
adquiridas através de aspiração dos propágulos, pois esses fungos são veiculados pelo ar atmosférico, a partir de seus 
habitats. 
Outra via de dispersão utilizada pelos fungos é a água e os fungos relatados nesse ambiente, tanto em água 
salgada, como em água doce, são praticamente os mesmos, com pequenas variações, daqueles encontrados no ar 
atmosférico. 
O homem e outros animais são também importantes agentes dispersores de fungos. Além de terem uma 
microbiota fúngica endógena, são encontradas em sua superfície corpórea, várias espécies de fungos em processo de 
dispersão, constituindo uma microbiota transitória. O conhecimento desses fungos é importante, pois eles podem se 
desenvolver rapidamente e mascarar o isolamento de um agente etiológico em técnicas de diagnóstico de algumas 
micoses, principalmente as superficiais e cutâneas. Esses fungos podem ainda constituir-se em agentes primários de 
lesões oculares, otites e onicomicoses, entre outras micoses. Na maioria dos trabalhos, os fungos isolados da superfície 
corpórea do homem e de vários animais são praticamente os mesmos verificados no ar atmosférico. 
Além dessas vias, os insetos também são grandes dispersores de fungos. 
Em função dos vários tipos de reprodução e eficiência nos processos de dispersão, os fungos são encontrados 
em altas concentrações nessas vias. O seu conhecimento é importante na transmissão de muitas infecções. Quando, no 
processo de dispersão, encontram um substrato adequado e condições ambientais favoráveis, germinam, multiplicam-
se e formam colônias, ou dependendo da espécie, permanecem invisíveis a olho nu, por longos períodos. A sua 
variabilidade enzimática é grande e podem colonizar os mais variados substratos, como alimentos, madeiras, 
argamassas, tintas, vegetais, homem, animais e outros, eventualmente deteriorando-os. Quando não há condições 
adequadas para a colonização, dependendo da espécie, permanecem invisíveis a olho nu, por longos períodos. Muitos 
fatores interferem nessa colonização sendo muito importante o conhecimento dos parâmetros fisiológicos de 
crescimento desse grupo para seu controle efetivo. Esse conhecimento é básico na indústria alimentícia, farmacêutica, 
em hospitais e em muitas outras áreas de atuação. 
Os fungos são detectados em altas concentrações também em ambientes internos e são introduzidos 
principalmente pelo ar atmosférico. Em ambientes climatizados artificialmente são introduzidos muitas vezes pelo 
sistema de condicionamento e, eventualmente podem ter o número de partículas aumentado quando se multiplicam 
nas bandejas coletoras de água do sistema e são insuflados para o ambiente interno. 
 
Fungos Dispersos pelo Ar Atmosférico e Síndrome dos Edifícios Doentes 
A Síndrome dos Edifícios doentes (SED), estudada por pesquisadores de vários países, foi definida em 1982 
pela Organização Mundial de Saúde e esse termo tem sido utilizado para denominar sinais e sintomas relacionados à 
má qualidade do ar de interiores, principalmente em ambientes climatizados artificialmente, com concentrações acima 
do aceitável de contaminantes químicos e biológicos. Os principais sintomas de reconhecimento dessa síndrome são: 
congestão, ressecamento e prurido nasal, dispneia, cefaleia, faringites, tonturas, fadiga, dificuldades de concentração, 
náuseas, urticária, fadiga, letargia, cefaleia, prurido e ardor nos olhos, anormalidades na pele, irritação do nariz e 
garganta e falta de concentração. A etiologia dessa síndrome é multicausal e os fungos anemófilos participam, junto 
com outros agentes, do desencadeamento da mesma. No início da década de 80, mais de 5000 estudos foram feitos 
relatando a existência da SED. 
As doenças relacionadas a edifícios (DRE), por outro lado são doenças com causa definida geralmente, 
desencadeadas por agentes biológicos ou químicos presentes no ar de determinados ambientes. São relacionadas a 
mecanismos imunológicos, processos infecciosos ou toxicidade direta dos agentes causais. Asma brônquica, 
pneumonite alérgica, febre do umidificador, legionelose e aspergilose são alguns exemplos. 
As causas de alteração da qualidade do ar em ambientes interiores são muitas e com uma complexa interação, 
incluindo a temperatura, umidade relativa do ar, taxas de troca de ar, odores, velocidade interna do ar, exposição a 
contaminantes biológicos (fungos, vírus, bactérias, e outros), contaminantes químicos (monóxido de carbono, dióxido 
de nitrogênio, fumo, formaldeído e tetracloroetileno), fatores organizacionais e psicossociais. 
No Brasil, esse assunto tem sido estudado a partir de 1998, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(ANVISA) publicou a portaria 3523 MS/GM (28/8/98), sugerindo critérios para identificação de contaminantes 
físicos, químicos e biológicos de ambientes climatizados, seus níveis de tolerância e respectivas ações corretivas e em 
2000, a Resolução 176 que estabeleceu a utilização de fungos como marcadores biológicos de qualidade do ar interior. 
A contagem de fungos dispersos pelo ar não pode ultrapassar 750 UFC/m3ar (UFC = unidade formadoras de colônias), 
sendo inaceitável a presença de fungos patogênicos e toxigênicos. A relação I/E deve ser menor ou igual a 1,5 (I = 
quantidade de UFC fungos/m3ar no ambiente interior e E = quantidade de UFC fungos/m3ar no ambiente exterior). 
Os gêneros de fungos mais frequentemente encontrados no interior de ambientes climatizados na cidade de 
São Paulo são: Aspergillus, Penicillium, Cladosporium, Rhodotorula, Trichoderma, Fusarium, Neurospora, 
Alternaria e fungos não esporulantes. 
 
Fisiologia dos Fungos - Nutrição, Crescimento e Metabolismo 
Os fungos são micro-organismos eucarióticos que se encontram amplamente distribuídos no solo, na água, em 
alimentos, nos vegetais, em detritos em geral, em animais e no homem, e em sua maioria são aeróbios obrigatórios, 
com exceção de certas leveduras fermentadoras anaeróbias facultativas, que podem desenvolver-se em ambiente com 
oxigênio reduzido ou mesmo na ausência deste elemento. Não possuem mecanismos químicos fotossintéticos ou 
autotróficos para produção de energia ou síntese de constituintes celulares. 
Os fungos absorvem oxigênio e desprendem anidrido carbônico durante seu metabolismo oxidativo. Alguns 
fungos podem germinar muito lentamente em meio com pouco oxigênio. O crescimento vegetativo e areprodução 
assexuada ocorrem nessas condições, enquanto a reprodução sexuada se efetua apenas em atmosfera rica em oxigênio. 
Na respiração, ocorre a oxidação da glicose, processo essencial para a obtenção de energia. 
Em condições aeróbicas, a via de hexose monofosfato é a responsável por 30% da glicólise. Em condições 
anaeróbicas, a via clássica usada pela maioria das leveduras é a de Embden-Meyerhof, que resulta na formação do 
piruvato. Algumas leveduras, como Saccharomyces cerevisiae, fazem o processo de fermentação alcoólica de grande 
importância industrial na fabricação de bebidas e na panificação. 
Devido à ausência de clorofila, os fungos, para se nutrirem, necessitam de substâncias orgânicas que eles 
próprios são incapazes de elaborar. Podem viver como sapróbios, parasitas ou simbiontes. 
Os sapróbios utilizam substâncias orgânicas inertes, muitas delas em decomposição. Os parasitas se 
desenvolvem em outros organismos vivos, os hospedeiros, e nutrem-se de substâncias existentes em suas células 
vivas. Os simbiontes associam-se com outros organismos, prestando mútua ajuda em suas funções. 
A nutrição da maioria dos fungos dá-se por absorção, processo em que enzimas adequadas (exoenzimas) 
hidrolisam macromoléculas, tornando-as assimiláveis através de mecanismos de transporte. As principais enzimas 
encontradas nos fungos são: lipases, invertases, lactases, amilases, proteinases etc. Há fungos que têm a capacidade de 
hidrolisar substâncias orgânicas complexas como quitina, osso, couro, inclusive materiais plásticos. 
Para o seu desenvolvimento, os fungos exigem, de preferência, carboidratos simples como a D-glicose. 
Entretanto, outros açúcares como sacarose, maltose e fontes de carbono mais complexas como amido e celulose 
também podem ser utilizados. Substâncias nitrogenadas inorgânicas como, sais de amônia ou nitratos, ou orgânicas, 
como as peptonas e sais minerais como sulfatos e fosfatos, também são necessárias. Oligoelementos como ferro, 
zinco, manganês, cobre, molibdênio e cálcio são exigidos, porém em pequenas quantidades. Alguns fungos também 
requerem fatores de crescimento que não conseguem sintetizar, em especial vitaminas como tiamina, biotina, 
riboflavina, ácido pantotênico e outros. 
O meio artificial mais utilizado em Micologia é o meio de Sabouraud, que tem como fonte de carbono (C) a 
glicose e, como fonte de nitrogênio (N), a peptona; a maioria dos fungos assimila essas duas substâncias conseguindo 
desenvolver-se nesse meio. Baseado na exigência de uma diversidade de fontes de C e N, um dos métodos bastante 
utilizado na identificação do grupo das leveduras é o auxanograma (assimilação de diferentes fontes de C e N), teste 
de assimilação de fontes de carbono ou de nitrogênio. 
Um propágulo de fungo, tendo os nutrientes adequados à sua disposição, se reproduz sucessivamente 
originando novas estruturas. Nesse processo de desenvolvimento vários fatores importantes interferem como, umidade 
relativa do ar, temperatura, pH e outros. 
A umidade relativa do ar ótima para seu desenvolvimento situa-se na faixa de 75 a 95%, mas os fungos 
também suportam uma ampla variação de umidade, conseguindo se desenvolver em ambientes com teores 
extremamente baixos. Os fungos, como todos os seres vivos, necessitam de água para o seu desenvolvimento. 
Algumas espécies são halofílicas e desenvolvem-se em ambiente com elevada concentração de sal. Atualmente, de 
maneira geral, sabe-se que as necessidades de crescimento dos fungos devem ser expressas em referência à Atividade 
de água (Aa) do substrato. Esse fato está relacionado à quantidade de água disponível para que os micro-organismos 
se desenvolvam e realizem suas funções metabólicas. 
A atividade de água é um conceito químico definido como a relação entre a pressão de vapor de um 
determinado material (p) e a pressão de vapor da água pura (po), nas mesmas condições. Aa = p/po. 
Os valores da atividade de água oscilam entre 0 e 1. À medida que uma solução se concentra, a pressão de 
vapor e a atividade de água diminuem, a partir do valor máximo 1, que é o valor encontrado na água pura. 
A atividade de água mínima para o crescimento da maioria dos fungos, principalmente os contaminantes de 
alimentos, é na faixa de 0,80; abaixo de 0,60 de atividade de água, os fungos em geral não se reproduzem. 
A temperatura de crescimento abrange uma larga faixa, havendo espécies psicrófilas, mesófilas e termófilas. 
Os fungos de importância médica, em geral, são mesófilos, apresentando temperatura ótima entre 20°C e 30°C. 
Os fungos podem ter morfologia diferente, segundo as condições nutricionais e a temperatura de seu 
desenvolvimento. O fenômeno de variação morfológica mais importante em micologia médica é o dimorfismo 
fúngico, que se expressa por um crescimento micelial entre 22°C e 28°C e leveduriforme entre 33ºC e 37°C. Em geral, 
essas formas são reversíveis. 
A forma micelial (M, mould) ou saprofítica é a forma infectante e está presente no solo, nas plantas etc. A 
forma leveduriforme (Y, yeast) ou parasitária é encontrada nos tecidos e in vitro em meios enriquecidos a 37°C. Este 
fenômeno é conhecido como dimorfismo e se observa entre os fungos agentes de micoses sistêmicas e subcutâneas, 
como Histoplasma capsulatum, Paracoccidioides brasiliensis, Sporothrix schenckii, Blastomyces dermatitidis. Na 
Candida albicans, a forma saprofítica infectante é a leveduriforme e a forma parasitária, isolada dos tecidos, é a 
micelial. 
Em laboratório, é possível reproduzir o dimorfismo mediante variações de temperatura de incubação, de 
tensão de O2 e meios de cultura específicos. 
O pleomorfismo nos dermatófitos se expressa pela perda das estruturas de reprodução ou conídios, com 
variações morfológicas das colônias. Essas estruturas podem ser recuperadas nos retrocultivos, após inoculações em 
animais de laboratório ou em meios enriquecidos com terra. 
A maioria dos fungos tolera uma ampla variação na concentração de íons de hidrogênio e, de modo geral, um 
pH em torno de 5,6 é ótimo para o desenvolvimento deles. Os fungos filamentosos podem crescer em ampla faixa de 
pH variando de 1,5 a 11. As leveduras não toleram pH alcalino. A pigmentação dos cultivos, muitas vezes, está 
relacionada com o pH do substrato. 
No desenvolvimento vegetativo, os fungos preferem a obscuridade ou luz difusa e, no desenvolvimento da 
parte reprodutiva, procuram a luz para a sua formação. A luz solar direta, geralmente, é um fator fungicida, devido às 
radiações ultravioletas. 
Tendo em vista que o crescimento fúngico raramente ocorre como cultura pura, alguns micro-organismos 
podem influenciar o crescimento fúngico, devido à competição que se estabelece no substrato de cultivo. Assim, 
estudos envolvendo interações ecológicas entre fungos que se desenvolvem no mesmo substrato assumem grande 
interesse para a compreensão dos mecanismos que controlam a produção de metabólitos na natureza. Tais interações 
podem ser classificadas em antagônicas (ativa e passiva) ou sinérgicas. O antagonismo ativo ocorre quando há 
inibição por contato ou inibição de crescimento pela produção de antibióticos, ácidos, etc. No antagonismo passivo 
não há inibição de um micro-organismo pelo outro, ocorrendo a competição por espaço ou por nutrientes essenciais. 
Por sua vez, nas interações sinérgicas há o favorecimento de um ou ambos os micro-organismos que colonizam o 
mesmo substrato. 
O crescimento dos fungos é mais lento que o das bactérias, e suas culturas precisam, em média, de 7 a 15 dias 
ou mais de incubação. Com a finalidade de impedir o crescimento bacteriano, o qual pode inibir ou se sobrepor ao do 
fungo, é necessário incorporar aos meios de cultura antibacterianos de largo espectro, como o cloranfenicol. Também 
se pode acrescentar ciclo-heximida para diminuir o crescimento de fungos sapróbios contaminantes dos cultivos. 
 
Aspectos Gerais, Patogenicidade dos Fungos, Mecanismos deDefesa do Hospedeiro 
Três tipos de doença humana estão associados a elementos fúngicos ou a seus produtos metabólitos: alérgicas, 
tóxicas e infecciosas. 
A doença alérgica é causada pela interação de um hospedeiro sensibilizado, com antígenos fúngicos 
imunologicamente reativos, existentes no ar ou está associada com elementos fúngicos de localização endógena no 
hospedeiro. Exemplo: aspergilose broncopulmonar alérgica. 
A doença toxigênica pode ser provocada pela ingestão de alimentos contaminados com fungos microscópicos, 
produtores de micotoxinas — as micotoxicoses — ou pela ingestão de fungos macroscópicos venenosos — 
micetismos. 
A doença infecciosa é aquela em que o agente possui propriedade de agir como patógeno primário ou 
oportunista, exemplo: paracoccidioidomicose, candidíases. 
As doenças infecciosas — as micoses — são as mais representativas e constituem o principal objeto da 
micologia médica. 
O reservatório habitual dos fungos que infectam o homem pode ser o próprio homem, os animais ou um sítio 
na natureza, onde o fungo se desenvolve como saprófito. 
As micoses são classificadas em: 
1. Micoses superficiais, de localização na pele e anexos. 
2. Micoses subcutâneas encontradas na pele e nos tecidos subcutâneos. 
3. Micoses sistêmicas ou profundas atingindo, principalmente, órgãos internos e vísceras, podendo abranger muitos 
tecidos e órgãos diferentes. 
As micoses superficiais compreendem as micoses superficiais estritas, as dermatofitoses, as hialo-hifomicoses 
e feo-hifomicoses e as micoses mucocutâneas ou leveduroses. 
As micoses superficiais estritas se localizam nas camadas superficiais da pele ou do pelo. Seus agentes têm 
como hábitat principal o homem (Malassezia spp.) ou são encontrados na natureza (Hortae werneckii, Piedraia hortae 
e Trichosporon spp.). 
As dermatofitoses atingem pele, pelo ou unhas e são causadas por fungos queratinofílicos, os dermatófitos. As 
dermatofitoses podem ser transmitidas de homem a homem, de animal ao homem ou do solo ao homem. 
As hialo-hifomicoses e feo-hifomicoses podem se localizar na pele, unha ou mucosas e são produzidas por 
fungos filamentosos não dermatófitos, respectivamente hialinos e escuros. 
As leveduroses ou micoses mucocutâneas são produzidas por leveduras, tendo origem de fonte endógena, 
quando o agente faz parte da microbiota normal do hospedeiro, ou exógena, quando transmitida por outros indivíduos. 
As micoses subcutâneas são, em geral, adquiridas por traumatismos com materiais contaminados, como 
vegetais e madeiras, podendo ser transmitidas também por picadas de inseto e mordedura de animais. 
Os fungos que ocasionam micoses de tipo subcutâneo são isolados comumente do solo ou de vegetais; os 
agentes de micoses profundas têm seu hábitat principalmente no solo. 
As micoses sistêmicas são originadas principalmente pela inalação de propágulos fúngicos levados do solo 
pelos ventos. Cryptococcus neoformans e Histoplasma capsulatum podem ser, respectivamente, veiculados por fezes 
de pombos e de morcegos. 
Além dessas infecções fúngicas que são encontradas, na maioria dos casos, em indivíduos considerados 
normais, as micoses oportunísticas atingem os pacientes imunocomprometidos por doença de base, como câncer, 
diabetes, ou aqueles que são submetidos a tratamentos com uso de corticoidoterapia, imunossupressores e 
antibioticoterapia. 
Em geral, as micoses do tipo subcutâneo são esporádicas. Endemias ocorrem em áreas onde o fungo é mais 
frequente no meio ambiente. Microepidemias de Histoplasmose têm sido registradas em grupos de indivíduos que 
visitam cavernas habitadas por morcegos, por exemplo. Epidemias de dermatofitoses do couro cabeludo em alunos de 
escola, dermatofitoses dos pés entre militares e atletas têm sido descritas. 
Idade, sexo e raça desempenham papel importante na frequência de certas micoses. Tinha do couro cabeludo 
por Microsporum canis, frequente na criança, é rara na puberdade ou na idade adulta. A paracoccidioidomicose e a 
cromoblastomicose são comuns em indivíduos adultos do sexo masculino. A paracoccidioidomicose é mais 
encontrada nos homens do que nas mulheres, por exemplo, (na proporção de 50:1), o que é explicado pela presença de 
estrógenos protetores na mulher ou maior exposição do homem aos agentes fúngicos. 
A atividade profissional influi na incidência de certas micoses que são conhecidas como doenças profissionais. 
Floristas e indivíduos que manipulam madeira são sujeitos a traumatismos, adquirindo esporotricose. Agricultores 
apresentam cromoblastomicose, micetomas, por fungos que habitam o solo e vegetais, por exemplo. Espeleólogos 
podem contrair histoplasmose pela inalação de Histoplasma capsulatum do solo e de fezes de morcegos existentes em 
grutas. 
O tamanho da forma infectante do fungo é importante. Partículas maiores do que 10 μm de diâmetro só 
alcançam as vias aéreas superiores, causando rinite. Partículas de 5 a 10 μm atingem os brônquios e são responsáveis 
por quadros asmáticos, e as menores de 5 μm podem alcançar alvéolos pulmonares. As formas mínimas do 
Cryptococcus neoformans não encapsuladas, de 1,5 a 3 μm, presentes nas fezes de pombos e na poeira ambiental, 
depositam-se facilmente nos pulmões. 
A quantidade do inóculo também é importante, principalmente na aquisição das micoses sistêmicas. 
Medidas preventivas dependem do tipo da micose. Tratamento de animais e pessoas com dermatofitose, ou de 
portadores sadios, evita a disseminação dos dermatófitos. 
O emprego de máscaras ao visitar grutas com morcegos pode prevenir a infecção por Histoplasma 
capsulatum; o uso de sapatos e roupas cobrindo partes descobertas do corpo evita traumatismo e, consequentemente, a 
aquisição de micoses como cromoblastomicose e micetomas, por exemplo. 
Prevenção da candidíase envolve diferentes princípios, porque o reservatório do fungo pode ser o próprio 
indivíduo ou outras pessoas, como médico, enfermeiras, atendentes que estão em contato com o paciente. Cateteres 
também são importantes na introdução de Candida e de outros fungos no organismo. 
Aparelhos para inalação e outros equipamentos hospitalares têm sido descritos como veiculadores de fungos, 
ocasionando, por exemplo, candidíase e aspergilose. A fim de diminuir infecção fúngica hospitalar, medidas 
preventivas, como uso de filtros, higiene local e assepsia adequada do pessoal médico e paramédico, são preconizadas. 
Marcadores epidemiológicos, especialmente para Candida albicans, definem com melhor clareza a origem dos surtos 
de infecções hospitalares. 
 
TRABULSI, Luiz Rachid; ALTERTHUM, Flavio Microbiologia. 6ª Edição, 2015, 920p.

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