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Ana Carolina Greef Elcio Cadene Ricardo Niehues Buss Gestão de Projetos © Universidade Positivo 2018 Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido Curitiba-PR – CEP 81280-330 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Thinkstock / © Shutterstock. Presidente da Divisão de Ensino Reitor Pró-Reitor Coordenação Geral de EAD Coordenação de Metodologia e Tecnologia Autoria Parecer Técnico Supervisão Editorial Projeto Gráfico e Capa Prof. Paulo Arns da Cunha Prof. José Pio Martins Prof. Carlos Longo Prof. Everton Renaud Profa. Roberta Galon Silva Profa. Ana Carolina Greef Prof. Elcio Cadene Prof. Ricardo Niehues Buss Profa. Ana Carolina Greef Prof. Ricardo Niehues Buss Aline Scaliante Coelho Baggetti Regiane Rosa Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Positivo – Curitiba – PR DTCOM – DIRECT TO COMPANY S/A Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. 3Gestão de Projetos Caro aluno, A metodologia da Universidade Positivo apresenta materiais e tecnologias apropriadas que permitem o desenvolvimento e a interação entre alunos, docentes e recursos didáticos e tem por objetivo a comunicação bidirecional entre os atores educacionais. O seu livro, que faz parte dessa metodologia, está inserido em um percurso de aprendi- zagem que busca direcionar a construção de seu conhecimento por meio da leitura, da con- textualização teórica-prática e das atividades individuais e colaborativas; e fundamentado nos seguintes propósitos: COMPREENDA SEU LIVRO valorizar suas experiências; incentivar a construção e a reconstrução do conhecimento; estimular a pesquisa; oportunizar a reflexão teórica e aplicação consciente dos temas abordados. Metodologia Gestão de Projetos4 COMPREENDA SEU LIVRO Com base nessa metodologia, o livro apresenta a seguinte estrutura: Percurso Pergunta norteadora Ao final do Contextualizando o cenário, consta uma pergunta que estimulará sua reflexão sobre o cenário apresentado, com foco no desenvolvimento da sua capacidade de análise crítica. Tópicos que serão estudados Descrição dos conteúdos que serão estudados no capítulo. Boxes São caixas em destaque que podem apresentar uma citação, indicações de leitura, de filme, apresentação de um contexto, dicas, curiosidades etc. Recapitulando É o fechamento do capítulo. Visa sinte- tizar o que foi abordado, reto mando os objetivos do capítulo, a pergunta nortea- dora e fornecendo um direcionamento sobre os questionamentos feitos no decorrer do conteúdo. Pausa para refletir São perguntas que o instigam a refletir sobre algum ponto estudado no capítulo. Contextualizando o cenário Contextualização do tema que será estudado no capítulo, como um cenário que o oriente a respeito do assunto, relacionando teoria e prática. Objetivos do capítulo Indicam o que se espera que você aprenda ao final do estudo do capítulo, baseados nas necessida- des de aprendizagem do seu curso. Proposta de atividade Sugestão de atividade para que você desenvolva sua autonomia e siste- matize o que aprendeu no capítulo. Referências bibliográficas São todas as fontes utilizadas no capítulo, incluindo as fontes mencio- nadas nos boxes, adequadas ao Projeto Pedagógico do curso. 5Gestão de Projetos BOXES Assista Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações complementares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. Biografia Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. Contexto Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstram a situação histórica, social e cultural do assunto. Curiosidade Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. Dica Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. Exemplo Informação que retrata de forma obje tiva determinado assunto abordando a relação teoria-prática. Afirmação Citações e afirmativas pronunciadas por teóricos de relevância na área de estudo. Esclarecimento Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. 7Gestão de Projetos SUMÁRIO Apresentação 13 CAPÍTULO 1 Introdução à Gestão de Projetos 17 Contextualizando o cenário 18 1.1.Conceitos Básicos 19 1.1.1. Definindo a gestão de projetos 19 1.1.2. Preparando a organização para projetos 20 1.1.3. O gerente de projetos e suas interfaces 21 1.1.4. O modelo geral para gestão de projetos 21 1.2. Classificação e ciclo de vida dos projetos 22 1.2.1. Tipos de projetos 23 1.2.2. Ciclo de vida dos projetos 24 1.3. Motivos para implementar projetos 26 1.3.1. Vantagem competitiva das organizações 26 1.3.2. Planejamento estratégico 27 1.3.3. Desdobramento do planejamento estratégico em planos 28 1.3.4. Desdobramento dos planos em projetos 28 1.4. Associação para profissionais de gerenciamento de projetos 29 1.4.1. O Project Management Institute (PMI) 29 1.4.2. O Project Management Body of Knowledge (PMBOK) 30 1.4.3. As certificações profissionais 30 Proposta de Atividade 32 Recapitulando 32 Referências 34 Gestão de Projetos8 CAPÍTULO 2 Gestão do escopo e da integração 35 Contextualizando o cenário 36 2.1.O projeto e os stakeholders 37 2.1.1. Quem são os stakeholders 37 2.1.2. Como identificar os stakeholders 38 2.1.3. As responsabilidades dos stakeholders 38 2.2. Escopo: as “fronteiras” do projeto 40 2.2.1. Definição do escopo 41 2.2.2. Verificação do escopo 41 2.2.3. Controle do escopo 42 2.3. Estrutura Analítica de Projeto (EAP) 44 2.3.1. EAP: entradas 44 2.3.2. EAP: ferramentas e técnicas 46 2.3.3. EAP: saídas 46 2.4. Documentando o projeto 46 2.4.1. Eficiência documental 47 2.4.2. Importância dos registros 47 2.4.3. A relevância das aprovações 47 2.4.4. Arquivamento e resgate 48 Proposta de Atividade 48 Recapitulando 49 Referências 50 CAPÍTULO 3 Gestão do Tempo 51 Contextualizando o cenário 52 3.1. Determinação do Cronograma do Projeto 53 3.1.1. Planejamento e Controle do Tempo 53 3.1.2. Gestão de Cronogramas 54 3.1.3. Planejamento do Cronograma 55 3.1.4. Controle do Cronograma 56 3.2. Diagrama Program Evaluation and Review Technique (PERT) 57 3.2.1. A Análise PERT 57 3.2.2. Cálculos PERT 58 9Gestão de Projetos 3.2.3. PERT e Probabilidades 60 3.2.4. PERT e Instrumentos Estatísticos 61 3.3. Diagrama Critical Path Method (CPM) 62 3.3.1. Início e término 62 3.3.2. Caminho crítico e folga 63 3.4. Informações Complementares com Vistas à Racionalização de Tempo 65 3.4.1. O Uso de Softwares 65 3.4.2. Como Conduzir Reuniões 66 3.4.3. Como Lidar com Conflitos de Prioridades 67 3.4.4. Como Estabelecer Planos de Entregas 67 Proposta de Atividade 68 Recapitulando 69 Referências 71 CAPÍTULO 4 Gestão dos Custos 73 Contextualizando o cenário 74 4.1. Orçando o Projeto 75 4.1.1. Determinação das entradas e saídas 75 4.1.2. Determinar o Orçamento: Ferramentas e Técnicas 77 4.2. Os Custos do Projeto 78 4.2.1. EstimarCustos 78 4.2.2. Controlar Custos 79 4.2.3. Recomendações para Redução de Custos 80 4.3. Variáveis Econômicas e Financeiras 81 4.3.1. Controle Financeiro do Projeto 82 4.3.2. Previsão de Variação de Custo e Orçamento 83 4.3.3. Índices e Oscilações 83 4.4. Viabilidade Econômica de Projetos 85 4.4.1. Estudo de Viabilidade 87 4.4.2. Viabilidade de Mudança 90 4.4.3. Recomendações para Viabilização do Projeto 91 Proposta de Atividade 92 Recapitulando 92 Referências 94 Gestão de Projetos10 CAPÍTULO 5 Gestão da Qualidade 95 Contextualizando o cenário 96 5.1. Garantia da Qualidade 97 5.1.1. Certificações de Qualidade 97 5.1.2. Gerenciamento da Qualidade 98 5.1.3. Planos para Qualidade 99 5.1.4. Indicadores da Qualidade 100 5.2. Enfoques da Qualidade 101 5.2.1. Qualidade pela Perspectiva do Cliente 102 5.2.2. Modelos Mentais 103 5.2.3. Fatores Críticos do Sucesso 103 5.2.4. Métodos e Técnicas Ágeis 104 5.3. Dimensões da Qualidade 105 5.3.1. As 9 dimensões da qualidade 105 5.3.2. Ferramentas de planejamento da qualidade 106 5.3.3. Ferramentas de organização da qualidade 107 5.4. Monitoramento da Qualidade do Projeto 108 5.4.1. Qualidade no Projeto 108 5.4.2. Controle da Qualidade no Projeto 109 5.4.3. A Gestão de Ativos que Propiciam Qualidade 110 5.4.4. Informação e Qualidade nos Projetos 110 Proposta de Atividade 111 Recapitulando 111 Referências 113 CAPÍTULO 6 Gestão de Recursos Humanos e de Comunicações 115 Contextualizando o cenário 116 6.1. Formação de Equipes em projetos 117 6.1.1. Identificação e Documentação de Funções 117 6.1.2. Responsabilidades 119 6.1.3. Habilidades 119 6.1.4. Relações hierárquicas 120 11Gestão de Projetos 6.2. Desenvolvimento e Controle do Desempenho da Equipe 120 6.2.1. Disponibilidade do Recurso 121 6.2.2. Designações do Projeto 122 6.2.3. Recomendações à Equipe de Projetos 122 6.3. Liderança em Projetos 122 6.3.1. Acompanhamento do Desempenho 123 6.3.2. Feedbacks 123 6.3.3. Gestão de Conflitos 124 6.3.4. Necessidades de Mudanças 125 6.4. A Gestão da Comunicação em Projetos 126 6.4.1. Fluxo de Comunicação 126 6.4.2. Governança da Veracidade 128 6.4.3. Registro e Controle de Versão 128 6.4.4. Recomendações sobre a Comunicação 128 Proposta de Atividade 129 Recapitulando 129 Referências 131 CAPÍTULO 7 Gestão de Riscos 133 Contextualizando o cenário 134 7.1. Conceituação e Identificação de Riscos 135 7.1.1. Riscos em projetos 135 7.1.2. Risco 1: Probabilidade de Ocorrência 136 7.1.3. Risco 2: Gravidade da Consequência 137 7.1.4. Risco 1 e Risco 2 Comparados 138 7.2. Impactos dos Riscos 139 7.2.1. Riscos Iniciais de Projetos 139 7.2.2. Riscos Provenientes de Restrições 140 7.2.3. Riscos Provenientes de Armadilhas 142 7.2.4. Riscos Provenientes da Falta de Ética 143 7.3. Resposta aos Riscos 143 7.3.1. Como Lidar com os Riscos Iniciais 143 7.3.2. Como Lidar com Riscos de Restrições 145 7.3.3. Como Lidar com Riscos de Armadilhas 145 7.3.4. Como Lidar com Riscos Éticos 146 Gestão de Projetos12 7.4. Controle dos Riscos 146 7.4.1. Planos para Lidar com Riscos 147 7.4.2. Monitoramento de Riscos 147 7.4.3. Como Evitar Riscos de Implementação 148 7.4.4. Modalidades Contratuais de Projetos e Riscos 149 Proposta de Atividade 150 Recapitulando 150 Referências 152 CAPÍTULO 8 Gestão de Aquisições e Suprimentos 153 Contextualizando o cenário 154 8.1. Papel Estratégico e o Processo das Aquisições 155 8.1.1. Decisões de compra 155 8.1.2. Documentação e Controle de Necessidades 156 8.1.3. Recomendações para Compras 157 8.2. Seleção de Fornecedores 158 8.2.1. Identificação de Fornecedores 158 8.2.2. Adjudicação de um Contrato 160 8.2.3. Recomendações de Gestão de Fornecimento 160 8.3. Execução das aquisições 161 8.3.1. Gerenciamento das Relações de Aquisição 162 8.3.2. Monitoramento do Desempenho do Contrato 163 8.3.3. Avaliação de Necessidades de Mudança 164 8.3.4. Avaliação das necessidades de correção 165 8.4. Encerramento das Aquisições e Avaliação de Fornecedores 165 8.4.1. Encerramento das Aquisições 166 8.4.2. Atualização dos Ativos dos Processos Organizacionais 166 8.4.3. Recomendações para Aquisição de Ativos 167 Proposta de Atividade 168 Recapitulando 168 Referências 170 13Gestão de Projetos Caro(a) estudante, seja bem-vindo à disciplina Gestão de Projetos. Os Projetos são iniciativas que têm como objetivo atender à situação ou demanda específicas, como criar ou melhorar um produto, adquirir ou construir uma instalação, desenvolver um aplicativo ou sistema, disponibilizar um serviço ao mercado. É claro que esses são alguns exemplos, importantes para que você entenda cada projeto como um esforço único, que tem objeti- vos e resultados muito bem definidos. E, para que estes sejam alcançados, é necessário ter um planejamento bem estruturado das etapas que serão executadas para realizar o pro- jeto, de como ele será acompanhado, como serão conduzidas mudanças que, por ventura, ocorram ao longo do processo. E fique certo disso, as mudanças fazem parte de qualquer projeto, e será preciso estar preparado para administrar um contexto como esse. Sempre que estiver envolvido com o planejamento, a execução e o monitoramento de um projeto, será necessário condu- zir a gestão de fatores como: o tempo, os custos, a equipe envolvida, os clientes e usuários, os riscos de erro, a qualidade dos resultados, os objetivos que de fato serão alcançados, entre outros. É importante conhecer tais aspectos, estar atento a eles ao longo do projeto, e manter o foco nos resultados esperados, que são o caminho para trilhar e entregar um projeto conforme as expectativas de todos os envolvidos. Vamos lá? Bons estudos! APRESENTAÇÃO Gestão de Projetos14 A AUTORIA A professora Ana Carolina Greef é Mestre em Ciência, Gestão e Tecnologia da Informa- ção pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), e graduada em Gestão da Informação pela mesma instituição. Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/7991579451050534> À minha família pela companhia, dedicação e educação que me proporcionaram; a meus colegas de trabalho nas instituições em que já atuei e nas quais atuo, pelas experiências compartilhadas; ao corpo docente e colegas da Universidade na qual obtive minha formação, pelo exemplo e incentivo sempre proporcionados 15Gestão de Projetos O Professor Elcio Cadene é Pós-Graduado em Engenharia de Produção com ênfase em Controle de Processos pela Sociedade Educacional de Santa Catarina (SOSIESC) e tem Cer- tificado Lean Six Sigma Green Belt pela CAE Treinamentos em Engenharia. É Graduado em Gestão de Projetos de Tecnologia de Informação pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/8140929303529427> A Deus, por me dar a vida; a Antonio e Araci, por me trazer à vida; a Aleixo e Cida, por me ensinar a dar valor à vida; a Tânia e Kaue por me impulsionar na vida; a Richard Bach, por me inspirar a voar e amar uma maravilhosa parte da vida; a todos os homens de boa vontade, que transformam a vida. A AUTORIA Gestão de Projetos16 A AUTORIA O Professor Ricardo Niehues Buss é doutor em Biotecnologia e Biodiversidade, con- cluído em 2017 pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA, mestre em Administração, concluído em 2006, pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, especialista em Engenharia da Produção, concluído em 2013, pelo Centro Universitário Leonardo Da Vinci - UNIASSELVI e graduado em Administração, no ano de 2002 pela Faculdade de Administra- ção do Alto Vale do Rio Tubarão - FAAVART. É Professor universitário há mais de 13 anos na área de administração, com experiência na área da gestão, planejamento, gestão de proje- tos,orçamento, planos de negócio, logística e recursos humanos. Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/7938173766890734> Dedico este trabalho aos meus pais, exemplos de força, caráter, trabalho, simplicidade, amor e amizade. Que sempre me inspiraram e incentivaram na busca pelos meus sonhos. 17Gestão de Projetos OBJETIVOS DO CAPÍTULO • Exercer domínio sobre o jargão de gestão de projetos. • Classificar e identificar os diferentes tipos de projetos. • Identificar a necessidade de implementação de projetos. • Estabelecer as atividades que devem ser desenvolvidas em cada uma das fases do ciclo de vida de um projeto. CAPÍTULO 1 Introdução à Gestão de Projetos Ana Carolina Greef Elcio Cadene TÓPICOS DE ESTUDO 1 Conceitos básicos 3 Motivos para implementar projetos • Definindo a gestão de projetos. • Preparando a organização para projetos. • O gerente de projetos e suas interfaces. • O modelo geral para gestão de projetos. • Vantagem competitiva das organizações. • Planejamento estratégico. • Desdobramento do planejamento estratégico em planos. • Desdobramento dos planos em projetos. 2 Classificação e ciclo de vida dos projetos 4 Associação para profissionais de gerenciamento de projetos • Tipos de projetos. • Ciclo de vida dos projetos. • Project Management Institute (PMI). • Project Management Body of Knowledge (PMBOK). • As certificações profissionais Gestão de Projetos18 Contextualizando o cenário Como todo ecossistema diferenciado, o universo da gestão de projetos envolve terminolo- gias próprias, de difícil entendimento para quem não estiver inserido neste ambiente e domi- nar todos jargões e técnicas relativas aos tipos de projetos em que está envolvido. Isto faz parte da construção profissional de um Gerente de Projetos ou GP, como é mais conhecido. Assim, aqueles que decidirem trilhar pelo caminho da gestão de projetos, verão que, por mais similares que possam ser, nenhum projeto é realmente igual ao outro em sua totali- dade, pois, apesar dos objetos de entregas serem parecidos, as corporações adotam proces- sos diferentes, os quais requerem esforços distintos de seus gestores. Desta forma, o GP deve identificar a necessidade de implementação de cada tipo projeto e estabelecer as atividades que precisam ser desenvolvidas em cada uma das fases deles. Também é uma atividade de um GP, apresentar às partes interessadas, quais os motivos para implementação de um projeto e quais serão as vantagens dele, no final de seu ciclo de vida. Com tantas nuances e técnicas diferentes nos diferentes tipos de projetos, questiona-se: como empregar a correta metodologia e conceitos dentro da gestão de projetos e, ainda, incorporar ganho às organizações por meio das implementações de projetos gerenciados? 19Gestão de Projetos 1.1. Conceitos Básicos Por analogia geral, definimos um projeto como uma atividade com início e fim deter- minado, que terá como objetivo final uma entrega a qual deverá agregar valor às partes interessadas que o contrataram. Afirmação “[...] Um projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. A sua natureza temporária indica um início e um término” (PMI, 2013, p. 5). Segundo Kerzner (2006), para entender a gestão de projetos, em primeiro lugar, é preciso saber reconhecer o que é um projeto. Este se trata de um empreendimento com objetivo identificável, que consome recursos e opera sob pressões de prazos, custos e qualidade. Indiferente do seu tipo de entrega, um projeto deverá obedecer às boas práticas de mercado e estar de acordo com as diretrizes dos órgãos certificadores especializados em gestão de projetos. 1.1.1. Definindo a gestão de projetos Vamos começar conhecendo os aspectos gerais que envolvem a “gestão” como um todo: “[...] é um processo dinâmico, que consiste em tomar decisões sobre o uso de recursos, para realizar objetivos.” Para isso, são conduzi- dos os processos: planejamento para o futuro, organização dos recursos para uso no presente e alcance do planejamento, liderança e outros processos que envolvem gerenciar pessoas, exe- cução das atividades planejadas por meio dos recursos, e controle dessa execução em relação ao planejamento. (MAXIMIANO, 2009, p. 8). Como um projeto é um esforço único voltado a desenvolver um resultado específico, esse esforço precisar ser administrado segundo esses princípios. Falando especificamente sobre projetos, podemos então definir a gestão de projetos como o conjunto de ações, recur- sos e técnicas para conduzir as atividades elencadas no escopo e no cronograma, controlando © O le ks iy M ar k / / S hu tt er st oc k. Gestão de Projetos20 os recursos e todo o esforço, conforme determinado no documento denominado termo de abertura do projeto (KERZNER, 2006). Basicamente, a gestão de um projeto precisa equilibrar os seus recursos, seus custos, tempos de entrega e a qualidade do que está sendo desenvolvido para obter sucesso. Essa gestão tem como linhas de base: o escopo (detalhamento do que será desenvolvido), o cro- nograma (tempo) e o orçamento (dinheiro), e quando uma empresa decide criar um projeto, sabe que, se estes três norteadores não forem conduzidos corretamente, eles poderão fugir do controle e levar o projeto ao fracasso, além de colocar a instituição em risco. Desta forma, para garantir o sucesso de um projeto, adotam-se técnicas específicas de gerenciamento, que englobam uma cadeia de processos predefinidos, e adaptáveis ao tipo de projeto em questão. 1.1.2. Preparando a organização para projetos Geralmente, um projeto é organizado conforme o perfil da instituição ou da empresa em que ele está sendo desenvolvido, sendo que, em algumas delas, o GP tem autonomia total para organizar o projeto conforme suas habilidades. Já em outras, o GP deverá seguir uma metodologia própria e funcional previa- mente definida pela corporação contratante. Essa preparação, seja para a organização que já domina projetos, ou para aquela que está iniciando nesse processo, envolve momentos de informação e comunicação entre a equipe, para alinhar o que precisará ser feito, como podemos visualizar na figura acima. Conforme o Project Management Institute (PMI, 2013), as organizações que já têm em sua rotina a execução de projetos com gerenciamento, em geral, já absorveram os conceitos e as necessidades de um projeto. Por outro lado, as que nunca tiveram um projeto ou não possuem um entendimento de seus conceitos, necessitam ser preparadas sobre a necessi- dade de conviver com uma rotina diferente do seu dia a dia e que competirá, por vezes, com os recursos humanos da corporação. © R aw pi xe l.c om / / S hu tt er st oc k. 21Gestão de Projetos 1.1.3. O gerente de projetos e suas interfaces Um gerente de projetos deve definir as interfaces de cada processo do projeto de maneira clara, apresentando distintamente cada elemento de cada processo. Segundo PMI (2013), podemos identificar os seguintes processos e interfaces de pla- nejamento, definição, documentação, verificação e controle de: • escopo; • tempo; • custo; • qualidade; • comunicação; • recursos humanos; • riscos; • aquisições; • integrações. Embora os processos relacionados acima estejam apresentados como componen- tes distintos com interfaces bem definidas, na prática, eles podem se sobrepor e interagir entre eles. 1.1.4. O modelo geral para gestão de projetos Comumente, um projeto é organizado seguindo-se uma ordem de processos os quais serão executados sequencialmente, conforme as definições no cronograma.Cada um des- tes processos ainda incluirá fases que poderão ser segmentadas em atividades menores, facilitando seu gerenciamento. Assim, os processos dividem-se em: • processos de entrada: direcionadores das tarefas a serem executadas (definições de cadastros, por exemplo); • processos de execução: rotinas a serem implementadas (ação dos cadastros); • processos de encerramento: homologam a finalização das tarefas (ex.: homolo- gação dos cadastros executados). Todos estes processos interagem entre si e podem em algum momento se sobrepor. Gestão de Projetos22 1.2. Classificação e ciclo de vida dos projetos Sendo o projeto uma tarefa única com início e fim, devemos, então, ter em mente que o ciclo de vida do projeto é regido pelo documento de controle chamado cronograma, no qual se definem as datas de início e fim de todas as tarefas individuais e de todo o pro- jeto como um todo. O PMI (2013), classifica os projetos de acordo com tipos de entrega sendo: • produto: como um livro, um carro, uma peça para determinado equipamento, uma peça de vestuário, entre outros; • serviço: ou a capacidade de entregar determinado serviço, como um buffet gas- tronômico, um tran sporte de alguma carga específica, um evento social; • melhoria: uma modificação em algum processo ou produto buscando a melhoria em seus resultados, como uma consultoria para redução de tempo de produção; • resultado: como um documento, processo ou outro projeto, por exemplo uma pesquisa científica, um novo modelo de processo produtivo. Obrigatoriamente, um projeto deverá ter um ciclo de vida que, resumidamente, parta de uma etapa de lançamento (inicial), seguida de uma a de produção (intermediária), e termine com a de finalização. Na representação gráfica do ciclo de vida de um projeto, é possível perceber que o tempo representa o eixo X, o qual avança desde a fase inicial até a final. Já o volume de trabalho, o custo e o esforço da equipe representam o eixo Y, o qual aumenta conforme as fases intermediárias do projeto são executadas, e reduz, gradativamente, na medida em que o projeto chega ao fim. Representação gráfica do ciclo de vida de um projeto Tempo Fase inicial Fase(s) intermediárias(s) Fase final Fonte: PMI, 2013, p. 21. © D TC O M 23Gestão de Projetos Na fase inicial do projeto, apresentada no gráfico, são estabelecidos os objetivos, resultados esperados, além de se iniciar o planejamento de quais atividades serão necessárias, como serão executadas, o custo delas, o tempo, os riscos, entre outros fatores. Esse planejamento é possível mediante o levantamento dos requisitos do projeto junto ao cliente, patrocinador e outras partes que tenham interesse no resultado, identificando também suas necessidades, expectativas e até mesmo preocupações (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013). Já nas fases intermediárias do projeto, esse planejamento é subdividido em tarefas distribuídas entre os membros da equipe de projeto para execução delas. O volume de tra- balho aumenta significativamente nessas etapas, pois, uma vez que é nesse momento, que ocorrem mudanças de objetivos, resultados ou necessidades de ajuste no cronograma e/ou orçamento do projeto. Por fim, na fase final, as tarefas do projeto são aos poucos encerradas, uma vez que as entregas começam a ser feitas e os resultados e objetivos do projeto, originais ou as que sofreram mudanças, são entregues aos clientes e usuários. Também no encerramento do projeto é realizada a análise das lições aprendidas, a avaliação dos resultados em relação ao planejamento e são conferidos os critérios de entrega desses resultados. Os recursos que foram alocados ao projeto em questão (desde recursos físicos, financeiros e até mesmo a equipe) são então reorganizados para atuar em outras iniciativas (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013). 1.2.1. Tipos de projetos Considerando que falar em projeto se trata de um conceito muito amplo, existem alguns tipos específicos de projetos, que levam a áreas também particulares de atuação da gestão de projetos. Isto ocorre porque existem boas práticas relacionadas a essas áreas, permitindo maximizar a eficiência dos projetos por elas conduzidos. O PMI (2013), identifica os tipos específicos de projetos, os quais podemos relacionar às seguintes áreas: • projetos de sistemas: na área de tecnologia da informação; • mapeamento de processos: na área de gestão; • infraestrutura: na área de engenharia; • estratégia de produtos, serviços, legislação ou mercado: na área de desenvolvi- mento de produto; Gestão de Projetos24 • gerência de mudanças: na área de gestão; • melhoria contínua: de área multidisciplinar. Ainda com as constantes evoluções tecnológicas, temos também vertentes de proje- tos específicos relacionados à Internet das Coisas (Internet of Things) (IoT) e Indústria 4.0. Esclarecimento Indústria 4.0 e Internet das Coisas são inovações da 4ª Revolução Industrial: a primeira voltada à eficiência e melhoria da produtividade na indústria, e a segunda, à conve- niência e praticidade para as pessoas no seu dia a dia (SANTOS, 2018). Pausa para Refletir Um projeto, hoje, é pensado para ser executado quase somente por recursos humanos. Com os adventos da IOT e da Indústria 4.0 e a interação das máquinas cada vez mais presentes no mundo colaborativo, você já parou para pensar como será a gestão de projetos no futuro? Apesar da forma de gerenciamento de projetos ser padronizada, cada tipo de projeto traz consigo peculiaridades distintas, podendo exigir do gestor de projetos (GP) um maior conhecimento técnico do negócio, além da gestão. 1.2.2. Ciclo de vida dos projetos Durante a sua execução e independentemente de seu tipo, todos os projetos passam por cinco processos durante seu ciclo de vida. Afirmação “O ciclo de vida é a sequência de fases que vão do começo ao fim de um projeto. O entendimento do ciclo de vida permite a visualização sistêmica do projeto, desde seu iní- cio até a conclusão. [...]” (MAXIMIANO, 2014. p. 16). 25Gestão de Projetos O PMI (2013) elenca as seguintes fases no ciclo de vida do projeto: • processos de iniciação: autoriza o projeto e define o seu escopo ou o escopo de cada uma de suas fases; • processos de planejamento: publica, de forma clara, quais os objetivos do projeto e as formas de realizá-lo; • processos de execução: alinha todos os recursos em direção às entregas; • processos de controle e monitoramento: mede e controla o processo do projeto; • processos de finalização: formaliza o fim do projeto e o aceite das entregas. É possível controlar o projeto em fases, defi- nindo, desta forma, uma série encadeada de sub- conjuntos facilitadores do próprio gerenciamento do projeto. Essas fases precisam estar relaciona- das entre si, ou seja, os resultados ou entregas de uma fase precisam alimentar a fase seguinte, e essa organização precisa estar clara no projeto, como ilustra a figura ao lado. As fases do ciclo de vida de um projeto podem variar conforme o tipo de resultado que ele se propõe a entregar, mas de uma forma geral, (KERZNER, 2002), podemos dizer que os projetos têm as seguintes etapas: • início do projeto; • organização e preparação; • execução do trabalho do projeto; • encerramento do projeto. Na figura acima, o encerramento alimenta o início, pois, em parte dos projetos, a conclusão de um esforço gera a necessidade de iniciar um outro esforço ou projeto, tor- nando esse trabalho encadeado. Observemos na figura a demonstração da sequência típica de fases e eventos, as fases e as atividades adjuntas de cada etapa. © c an be do ne / / S hu tt er st oc k. Gestão de Projetos26 Representaçãográfica do ciclo de vida de um projeto INICIAL INTERMEDIÁRIA FINAL Entradas Fases Saídas do gerenciamento de projetos Entrega do projeto Ideia Equipe de gerenciamento de projeto Termo de abertura Declaração do escopo Plano Linha de base Progresso Aceitação Aprovação Entrega Produto Fonte: PMI, 2013, p. 23. O acompanhamento documental de cada fase do ciclo de vida de um projeto ajuda a definir melhores estratégias em projetos futuros, além de dar um panorama geral do projeto. 1.3. Motivos para implementar projetos Veja que existem vários motivos para se implementar um projeto, sendo que depende de cada corporação a definição do objeto de entrega. Necessidade de atualização tecnológica, melhoria de desempenho de processos, aumento da competitividade, melhoria organizacional, ou seja, os projetos sempre surgem para que exista algum ganho para as partes interessadas e compreender este motivo e con- catenar com os anseios do stakeholder (público estratégico), é uma das chaves que o GP deverá descobrir para levar o projeto ao sucesso. 1.3.1. Vantagem competitiva das organizações Com a globalização, independentemente do porte, as empresas ficaram expostas a um mercado competitivo e extremamente volátil, que exige estratégias ágeis e tomadas de decisões rápidas e precisas. © D TC O M 27Gestão de Projetos A tecnologia atual, mais precisamente a internet, encurtou distância e nos expôs a fatores que antes não eram tão próximos e que, agora, mudam de modo quase impercep- tível, aumentando em escala global nossas oportunidades, mas também nosso universo de competição por negócios. Diante desse cenário, as organizações estão buscando cada vez mais a gestão de pro- jetos como instrumento de economia de recursos e otimização de ganhos, reduzindo os desvios nas linhas bases e definindo métricas confiáveis, que antecipam necessidades de mudanças com maior assertividade. 1.3.2. Planejamento estratégico A competividade global força as corpora- ções a serem cada vez mais assertivas no seu pla- nejamento, criando uma crescente pressão sobre as metas a serem alcançadas e os rumos a serem tomados no mercado. Segundo o PMI (2013), os projetos são mui- tas vezes utilizados para colocar em prática ini- ciativas alinhadas ao planejamento estratégico das organizações, por suas características de resultado específico, escopo, tempo e orçamento definidos. Nesse sentido, os projetos são conduzidos dentro do contexto do planejamento estratégico que, por sua vez, normal- mente busca aspectos como: • atendimento de uma necessidade de mercado: por exemplo, uma empresa de produtos farmacêuticos amplia uma linha de repelentes de insetos devido a um surto de febre amarela; • oportunidade de negócios: uma empresa de fast food, resolve pulverizar seu atendimento em food trucks para driblar o deslocamento dos clientes no trânsito; • apelo do mercado: realização de um investimento em parque eólico devido ao timing ecológico do mercado; • avanço tecnológico: empresa investe em barramentos de comunicação focados em robótica. © T ha m pa po n / / S hu tt er st oc k. Gestão de Projetos28 Em geral, todos os projetos com objetivos de melhorar o desempenho da empresa estão ligados ao planejamento estratégico das corporações, que hoje já se estendem ao contexto mundial, pois é comum a fusão de organizações ao redor do planeta, for- mando conglomerados econômicos de alto desempenho, os quais rompem com tradicional modelo de planejamento e gestão. Pausa para Refletir Levando-se em consideração que, com o advento da internet, quase já não temos barreiras, você já parou para imaginar que alguns projetos hoje podem ser executados a títulos mundiais e quais seriam os requisitos para um gestor de projetos para comandar um dessa magnitude? Desta forma, os projetos inclusos no planejamento estratégico dão uma visão mais clara aos rumos da corporação. 1.3.3. Desdobramento do planejamento estratégico em planos O desdobramento do planejamento estratégico em planos, nada mais é do que trans- formar o que foi planejado em ação, ou seja, fazer acontecer. Quando uma corporação define aonde quer chegar por meio do planejamento estra- tégico, torna-se necessário transformá-lo em planos. Para exemplificar os planos, imagine que o planejamento estratégico da empresa é um grande quebra-cabeça e os planos são as peças que o compõe. Outro exemplo seria um motor de carro, este pode ser exemplificado como o planejamento estratégico e as peças são os planos. Os planos devem estar alinhados com os objetivos gerais do planejamento e devem manter a mesma linearidade de raciocínio quanto ao atendimento das expectativas das partes interessadas. 1.3.4. Desdobramento dos planos em projetos Ainda dentro do mesmo contexto, os planos necessitam ser transformados em projeto. Se pegarmos o exemplo do carro, imaginemos que um dos planos do motor seja o pistão. 29Gestão de Projetos Para se fabricar o pistão, teremos que fazer um projeto detalhado, com todos os con- troles e requisitos necessários para atender ao plano, que, por sua vez, vai se encaixar no planejamento estratégico. Assim como o planejamento estratégico, os projetos também exigem uma série de estudos antes de sua execução e, desta forma, sempre é comum que as corporações gas- tem muito tempo em análises de viabilidade e reformulações, antes de realmente autorizar a execução de qualquer projeto derivado de um plano. 1.4. Associação para profissionais de gerenciamento de projetos Como a gestão de projetos é uma ciência em constante evolução, os profissionais dessa área devem sempre buscar atualização, e a criação de associações de profissionais ao redor do mundo contribui para as necessidades de aprimoramento na carreira de GP. O primeiro registro de uma associação de profissionais de gestão de projetos ocorreu em 1954, quando o IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers – Associação Mun- dial de Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas), criou a revista Transactions on Engineering Management, cujo foco é exclusivo em assuntos sobre a gerência de projetos. Assim, a pro- dução em engenharia teve forte influência na área. Hoje, existem centenas de associações ao redor do mundo, unindo os profissionais conforme a ênfase de cada necessidade. 1.4.1. O Project Management Institute (PMI) O Instituto de Gerenciamento de Projetos (Project Management Institute – PMI), é a uma das maiores associações para profissionais de gerenciamento de projetos existente atualmente. Afirmação O PMI “[...] conta com mais de 370.000 profissionais certificados em todo mundo. Os salários e oportunidades de carreiras dos profissionais certificados demonstram que os empregadores reconhecem o valor agregado por aqueles que possuem essas certifi- cações” (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE BRASIL, 2018b). Gestão de Projetos30 Conforme dados do próprio Project Management Institute Brasil (2018b), existem mais de 700.000 membros, profissionais certificados e voluntários em praticamente todos os países do mundo. Desta forma, obtém-se padrões de atuação, documentação e conduta únicos por todos os profissionais, garantindo entregas alinhadas as melhores práticas mundiais. 1.4.2. O Project Management Body of Knowledge (PMBOK) Os profissionais certificados pelo PMI seguem criteriosamente um manual que se denomina Project Management Body of Knowledge que, traduzido para o português, torna- -se Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos do PMI, mais conhecido pelos GPs como PMBOK, o qual já está em sua sexta edição. O PMBOK reúne todos os processos de gerenciamentode projetos alinhado às boas práticas executadas na área, por meio de habilidades, ferramentas e técnicas que podem incrementar as chances de sucesso em um amplo universo de projetos, além de reforçar a linguagem dentro de um vocabulário específico, com jargões essenciais da profissão. 1.4.3. As certificações profissionais Conforme Vargas (2009), a certificação PMP habilita o profissional quanto à teoria, à prática e às orientações para o gerenciamento de projetos formuladas pelo PMI, assim como o habilita (no Brasil e no exterior) para o gerenciamento de pro- jetos, conforme as recomendações do PMI. Segundo o Project Management Institute Brasil (2018b), existem vários fatores para que um profissional se certifique em alguma área do gerenciamento de projetos do PMI, tais como: • reconhecimento pelo mercado como um profissional especializado e diferenciado; • melhores níveis de salário; • valorização profissional; • constância de agenda. © S ve ta Z i / / Sh ut te rs to ck . 31Gestão de Projetos O interessado pode escolher em quais certificações se credenciará (PROJECT MANA- GEMENT INSTITUTE BRASIL, 2018a), sendo: • Certificação PMP – Profissional de Gerenciamento de Projetos (PMP)®; • Certificação CAPM – Profissional Técnico Certificado em Gerenciamento de Projetos®; • Certificação PfMP® - Profissional de Gerenciamento de Portfolio do PMI®; • Certificação PMI-PBASM - Profissional em Análise de Negócios do PMI® • Certificação PgMP – Profissional de Gerenciamento de Programas®; • Certificação PMI-SP – Profissional em Gerenciamento de Cronograma do PMI®; • Certificação PMI-RMP – Profissional em Gerenciamento de Riscos do PMI®; • Certificação PMI-ACP – Profissional Certificado em Métodos Ágeis do PMI®. Cabe ressaltar que o fluxo de certificação deve ocorrer conforme grau de escolari- dade, como pode ser observado no Fluxograma da certificação PMP/PMI. Fluxograma (workflow) da certificação PMP/PMI Educação adicional Exame Experiência Educação Candidato PMP : Escolha o caminho Grau universitário ou equivalente Segundo grau ou diploma equivalente 36 meses de experiência em gerenciamento de projetos 4500 horas de tarefas de liderança em projetos tudo nos último oito anos 60 meses de experiência em gerenciamento de projeto 7500 horas de tarefas de liderança em projetos Tudo nos últimos oito anos 35 horas de educação em gerenciamento de projetos Índice para aprovação: 61% (106 de 175 questões) © D TC O M Gestão de Projetos32 O Project Management Institute Brasil (2018a), indica aos interessados em obter as certificações que analisem as características de cada uma, e considerem o seu objetivo pes- soal com a certificação, para optar pela modalidade correta entre as opções disponíveis. Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é a hora de aplicar tudo o que você aprendeu nesse capítulo. Elabore um projeto pes- soal e escreva, detalhadamente, todas as fases dele, em até cinco linhas, definindo o início (planejamento), a execução e o fim (encerramento). Aplique os seus conhecimentos, para entender que, um projeto, quando organizado em fases, não é tão complexo como parece. Recapitulando Por analogia geral, definimos um projeto como uma iniciativa com início e fim deter- minados, que terá como objetivo final uma entrega a agregar valor às partes interessa- das que o contrataram. Também vimos que um projeto deve ser conduzido com definições de cronograma (tempo), orçamento (dinheiro), escopo (resultados esperados) e qualidade (atendimento aos requisitos dos interessados) que evoluem ao longo de sua condução. Em geral, um projeto é organizado conforme o perfil da organização que o está desenvolvendo, sendo que em algumas delas o gerente de projetos (GP) possui autonomia total para organizá-lo, conforme as habilidades dele. Vimos ainda que um gerente de projetos precisa definir as interfaces de cada pro- cesso de maneira clara, apresentando distintamente os seus elementos. Também conhecemos que qualquer projeto precisa estar organizado em etapas dis- tribuídas pelas fases de seu ciclo de vida, as quais precisam ser executadas em sequência e relacionadas entre si, dentro do cronograma planejado. Obrigatoriamente, um projeto deverá ter um ciclo de vida que parte de uma etapa de lançamento, seguida de outras de produção, e terminando com a de finalização e que ele prevê diferentes tipos de entrega: resultado, produto, serviço ou melhorial Também conhe- cemos que é possível controlá-lo em fases, definindo uma série encadeada de subconjuntos que facilitam o gerenciamento dele. 33Gestão de Projetos Ao longo dos nossos estudos, discutimos que existem vários motivos para se imple- mentar um projeto, mas que isso depende de cada organização, além da definição do objeto de entrega. Percebemos também que com as novas tecnologias, com especial destaque para a internet, houve a exposição tanto das empresas quanto das pessoas a fatores que antes não eram tão perceptíveis, e isto aumentou, em uma escala global, nossas oportunidades, mas também nosso universo de competição por negócios. Tivemos a oportunidade de saber que o Instituto de Gerenciamento de Projetos (Pro- ject Management Institute – PMI) é a uma das maiores associações para profissionais de gerenciamento de projetos da atualidade e que ele reforça a importância da obtenção da certificação de gerenciamento de projetos para o futuro da carreira do gerente de projetos. Gestão de Projetos34 Referências DANTAS, F. S. Gestão de Projetos. Brasília: MBA em Engenharia de Software da Escola de Gestão Universal, 2013. DUARTE, G. Dicionário de Administração e Negócios. Fortaleza: Realce, 2009. ISNMORE, P. C.; SILVEIRA NETO, F. H. Gerenciamento de Projetos: como Gerenciar seu Projeto com Qualidade, dentro do Prazo e Custos Previstos. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark, 2007. KERZNER, H. Gestão de Projetos: As Melhores Práticas. Tradução.: Marco Antonio Viana Borges, Marcelo Klippel e Gustavo Severo de Borba. Porto Alegre: Bookman, 2002. MAXIMIANO, A. C. A. Administração de Projetos: Como Transformar Ideias em Resulta- dos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2014. ______. Fundamentos de Administração. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. A guide to the Project management body of know- ledge (PMBOK Guide). Pennsylvania, Estados Unidos 5. ed. 2013. ______. Certificações 2018. Disponível em: <brasil.pmi.org/brazil/CertificationsAnd Credentials.aspx>. Acesso em: 09 jul. 2018a. ______. O que é o PMI? 2018. Disponível em: <brasil.pmi.org/brazil/AboutUS/WhatisPMI. aspx>. Acesso em: 09/07/2018b. SANTOS, S. Introdução à IoT: desvendando a internet das coisas. Createspace Indepen- dent Publishing Platform, 2018. VARGAS, R. V. Gerenciamento de Projetos: Estabelecendo Diferenciais Competitivos 7. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2009. VALLE, A. et al. Fundamentos do Gerenciamento de Projetos. Rio de Janeiro: FGV Edi- tora, 2010. 35Gestão de Projetos OBJETIVOS DO CAPÍTULO • Identificar os stakeholders de um projeto. • Determinar a interface entre os stakeholders de um projeto. • Estabelecer o escopo de um projeto. • Conceber o termo de abertura de um projeto (Project Charter). • Estabelecer a Estrutura Analítica de Projeto (EAP). • Estabelecer o mecanismo de controle da documentação de um projeto.. CAPÍTULO 2 Gestão do escopo e da integração Elcio Cadene TÓPICOS DE ESTUDO 1 O projeto e os stakeholders 3 Estrutura Analítica deProjeto (EAP) • Quem são os stakeholders. • Como identificar os stakeholders. • As responsabilidades dos stakeholders. • EAP: entradas. • EAP: ferramentas e técnicas. • EAP: saídas. 2 Escopo: as “fronteiras” do projeto 4 Documentando o projeto • Definição do escopo. • Verificação do escopo. • Controle do escopo. • Eficiência documental. • Importância dos registros. • A relevância das aprovações. • Arquivamento e resgate. Gestão de Projetos36 Contextualizando o cenário Um projeto deve manter a cadência entre escopo, cronograma, orçamento, recursos e fato- res influenciadores em sua linha de desenvolvimento. Existe, ainda, outro fator, que não é citado diretamente nos manuais técnicos de gerenciamento de projetos: dar percepção de valor de entrega aos stakeholders. Em geral, a função dos gerentes de projeto (GPs) é manter um controle preciso do escopo, respeitando os termos citados no termo de abertura do projeto (TAP), organizados pela cadência das atividades da Estrutura Analítica do Projeto (EAP), garantido as entregas den- tro das especificações necessárias. Eles também devem identificar os stakeholders e suas expectativas, o que exige experiência e uma percepção aguçada. Diante disso, como agir para que os projetos fluam dentro das definições do escopo, garantindo as entregas, e identificar os principais stakeholders e suas demandas? 37Gestão de Projetos 2.1. O projeto e os stakeholders Stakeholder é uma palavra de origem inglesa, na qual stake significa risco, participação ou interesse, e holder é o mesmo que aquele que detém, que se traduziu para língua portu- guesa como parte interessada. Sendo assim, pode-se afirmar que os stakeholders são os personagens que têm o poder absoluto da decisão nos projetos. Por isso, os GPs devem estar atentos às suas expectativas e anseios, além das entregas definidas para cada fase do escopo. Caso con- trário, podem cair na armadilha do descrédito, gerado pela frustração, levando os projetos ao fracasso. Dica Estar alinhado com os principais desejos dos stakeholders é primordial para o sucesso, pois muitos projetos fracassam pela frustração gerada pelo excesso de expectativas das partes interessadas. É essencial, portanto, conhecer os stakeholders e aprender a identifica-los. 2.1.1. Quem são os stakeholders Os stakeholders são as partes interessadas no projeto. Segundo o PMBOK (Project Management Institute, 2013), são pessoas e empresas, o que inclui clientes, patrocinado- res, organizações executoras e o público, sejam ativamente envolvidos no projeto ou cujos interesses possam ser afetados de forma positiva ou negativa por sua execução. Além disso, os stakeholders influenciam o projeto e suas entregas. As pessoas têm anseios e, normalmente, almejam receber mais do que o prometido em suas aquisições. Entretanto, em projetos com escopo definido com o aceite das partes interessadas, nem sempre é possível incluir melhorias para atender a certos anseios pes- soais, pois incidem diretamente no custo ou na modificação da linha de base do projeto, também conhecida por baseline, é o retrato do projeto com todas as mudanças aprovadas (PMBOK, 2017) , influenciando as entregas. Considerando que os stakeholders são fortes formadores de opinião, estar sempre alinhado com suas expectativas é uma boa maneira de não se incorrer em mudanças no escopo em momentos críticos. Nesse sentido, deixar o mais claro possível para as partes interessadas o objetivo do projeto e quais e como serão suas entregas ajuda a diminuir o excesso de expectativa e a manter com elas um relacionamento positivo e sadio. Gestão de Projetos38 Dica Revisar semanalmente o escopo e as entregas, lançando as atenções sobre as entregas realizadas e as próximas mais recentes, ajuda a conter a ansiedade das partes interessadas. Os stakeholders nem sempre estão presentes no início do projeto, e somente no decorrer de sua execução é que se torna possível identificá-los com clareza. 2.1.2. Como identificar os stakeholders Para identificar os stakeholders, é essencial fazer uma lista de todos os envolvidos no projeto e atribuir-lhes graus de importância quanto ao poder de decisão, dentro e fora do projeto. Esse poder é relativo e pode ser alterado conforme a evolução do projeto. Segundo o PMBOK (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2017), não existe um padrão para identificar os stakeholders, mas, com base nas boas práticas e na experiência, é recomendado listar as principais informações sobre eles, listadas a seguir. • Qual seu grau de influência no projeto? • Por que está participando? • Como poderá contribuir com o projeto? • Seu comportamento indica que está a favor ou contra? • Em outros projetos, contribuiu ou atrapalhou? Essas informações devem ser documentadas e homologadas por todos os envolvidos, para que não exista sobreposição de funções ou decisões. Quando dois ou mais stakeholders tiverem o mesmo grau de relevância, deve-se pedir que a corporação decida qual terá mais peso nas decisões e, em caso de sua falta, quem responderá por ela. 2.1.3. As responsabilidades dos stakeholders Devido a seu poder de decisão, os stakeholders são os principais influenciadores nos projetos e podem tomar ações que, positivas ou negativas, podem afetar o desenvolvi- mento das atividades. 39Gestão de Projetos Pausa para Refletir Geralmente, os projetos custam cifras elevadas, e a pressão sobre o GP é grande. Qual é a função do GP? A quem pertence o projeto? Certificar-se do interesse e do desinte- resse de cada um dos stakeholders ajuda os GPs a criarem uma linha de tendência e com- portamento para cada um deles. Essa linha de tendências auxilia a criar um espírito crí- tico e de imparcialidade que norteará os pro- fissionais nas negociações com as partes interessadas no projeto, evitando situações de conflito e minimizando os riscos. Os stakeholders são facilitadores, aprovadores e responsáveis pela homologação das entregas, tomando decisões sobre situações que podem afetar seus resultados. Além disso, quando aparecem necessidades extras em um projeto, geralmente, são eles que via- bilizam sua incorporação. Assim, a aprovação de alterações no escopo, cronograma e orça- mento do projeto são responsabilidades exclusivas dos stakeholders. As principais partes interessadas em um projeto e suas responsabilidades especí- ficas estão listadas a seguir, de acordo com o PMBOK (PROJECT MANAGEMENT INSTI- TUTE, 2017). • Clientes/usuários Podem ser internos ou externos e usufruirão das entregas do projeto. • Patrocinadores É quem paga a conta, ou seja, os responsáveis por agilizar os recursos necessários para a condução do projeto. • Administradores de portfolios Fazem a gestão de alto nível de projetos. • Gerentes de programas São coordenadores de projetos que interagem com os GPs, oferecendo apoio téc- nico de forma individual a cada projeto. © S FI O C R A C H O / / S hu tt er st oc k. © S ha w n H em pe l / / Sh ut te rs to ck . ( A da pt ad o) . Gestão de Projetos40 • Escritório de projetos Um escritório de projetos (Project Management Office, ou PMO) é um corpo ou entidade organizacional que administra políticas e metodologias relativas à gestão do projeto. • Gerentes de projeto (GP) São designados pela organização contratante do projeto e pela parte executora para garantir que o projeto seja executado dentro de seu escopo, cronograma e orçamento. Devem, também, controlar minuciosamente toda a documentação do projeto e dar apoio total aos recursos, fazendo intermediações com as partes inte- ressadase outros membros do projeto. • Equipe do projeto São todos os que diretamente atuam no projeto, como GP, equipe de gerencia- mento e outros membros que executam o trabalho. • Fornecedores/parceiros comerciais São todos aqueles que estão ligados à cadeia de suprimentos de bens e serviços que serão consumidos no projeto. Todos aqueles que se envolvem em um projeto têm algum interesse em seu sucesso. 2.2. Escopo: as “fronteiras” do projeto Independentemente da natureza do projeto, antes de sua execução, é necessá- rio planejamento sobre quais itens serão utilizados em sua composição e qual será seu resultado, que, na linguagem da gestão de projetos, denomina-se entrega. Uma das grandes chaves para o sucesso de um projeto é ter o total enten- dimento do que os clientes desejam. Para alinhar a percepção da equipe com a do cliente e compreender na totalidade suas expecta- tivas, deve-se, primeiramente, registrar de forma clara qual será a entrega. © ru da ll3 0 / / S hu tt er st oc k. 41Gestão de Projetos 2.2.1. Definição do escopo Definir o que vai ser entregue, quantas fases o projeto terá e quais recursos serão uti- lizados pode parecer uma tarefa simples, mas, nem sempre, o cliente sabe o que realmente quer. Charan (2013) explica que ele somente sabe que quer algo e, em seu pensamento, sua ideia parece nítida e inteligível por todos a quem detalha seu desejo, mas pode não estar tão clara para os ouvintes. Por essa razão, é necessário um escopo, que registra tanto o que deve quanto o que não deve ser entregue, bem como possíveis variações da entrega. Como exemplo, supo- nhamos o projeto de um carro. Em seu escopo, definimos que ele deve ter tração dianteira, motor de quatro cilindros, espaço para quatro ocupantes, ser movido a etanol e gasolina e na cor azul pantone PMS286, sem restrições e atendendo a todos os demais requisitos téc- nicos. Desta forma, sabemos que o cliente deseja um carro de passeio azul, e não um cami- nhão vermelho, movido a óleo diesel. Curiosidade A homologação dos documentos do projeto com as assinaturas das par- tes interessadas é um fator de pressão positiva ao gerenciamento de projetos. O fato de o cliente ter que validar suas decisões é uma boa forma de evitar mudanças no escopo. Diante disso, escopo é a soma de todos os produtos do projeto e seus requisitos ou características, e tem dois usos distintos, segundo o PMBOK (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2017). Escopo do projeto é o trabalho que precisa ser realizado para entre- gar um produto, serviço ou resultado com as características e funções especificadas, como o projeto do encanamento de uma casa que vai ser construída. O encanamento não é a entrega, mas faz parte dela. O escopo do produto envolve as características e funções que caracterizam o produto, serviço ou resultado. Em nosso exemplo, é a própria casa. 2.2.2. Verificação do escopo Após cada entrega, é necessário verificar com o cliente ou patrocinador se o que rece- beu está conforme descrito no escopo, e se suas expectativas foram atendidas. Conforme o PMBOK (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013) diferentemente do controle da qualidade do projeto, a verificação do escopo se concentra somente na aceitação das entregas, enquanto o controle da qualidade se interessa por sua acuracidade Gestão de Projetos42 e pelos requisitos da qualidade definidos no escopo. Desse modo, o controle da qualidade (inspeção) deve ser feito antes da verificação do escopo, mas ambos podem ser efetuados paralelamente. A verificação do escopo segue a linha de base registrada no plano de gerenciamento de projetos, no qual se incluem a descrição do produto, as entregas e as especificações a serem aceitas ou rejeitadas. Ainda durante a verificação do escopo do projeto, verifica-se a documentação dos requisitos que devem ser entregues junto com os critérios de aceitação. Se as estregas estiverem em acordo com os critérios definidos no escopo e cumpri- rem os requisitos do projeto, então faz-se seu aceite e homologação, sempre validada com a assinatura do cliente. Caso contrário, se as entregas não forem aceitas pelo cliente, deve- rão ser documentadas, juntamente com o motivo da rejeição. Também pode ocorrer um possível aceite com restrições. 2.2.3. Controle do escopo Mesmo com um escopo definido de forma cuidadosa, pode acontecer que ele não seja cumprido em sua totalidade e de forma correta, ainda que a entrega tenha sido acei- tável. Portanto, deve-se efetuar o controle do escopo, monitorando seu andamento, as mudanças solicitadas e as ações tomadas para correção ou prevenção de anomalias que influenciem sua alteração e que, dependendo do projeto, são inevitáveis. Segundo o PMBOK (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013), para identificar as necessidades de mudança de escopo, é preciso comparar os resultados reais do projeto com a linha de base e avaliar a ação a ser tomada. Se, durante as medições de desempenho do projeto, a amplitude da variação com relação à linha de base for muito grande, torna-se necessário tomar ações para evitar um resultado ruim, mesmo que forcem a parada do pro- jeto. Nesses casos, é possível solicitar alterações no escopo e redefinições da linha de base do projeto. Todas as alterações deverão ser homologadas com a assinatura das partes interessa- das e registradas em versão do documento. Pausa para Refletir Como responsáveis pelos projetos, os GPs estão em constante monitoramento do escopo, e se algo fugir de seu controle, os projetos não terão o sucesso esperado. Que documentos um GP deve manter atualizados? 43Gestão de Projetos Todos os papéis do projeto e, principalmente, do GP, devem ser definidos preferen- cialmente antes de seu início. O documento que autoriza formalmente o projeto e nomina e outorga poder ao GP é o Termo de Abertura do Projeto (TAP), ou Project Charter, por meio do qual o projeto alinha sua aderência ao modus operandi do cliente. Deve sempre ser formulado na fase de planejamento do projeto, permitindo a visão clara do produto e de seus limites (fronteiras), e seu modelo pode variar conforme cada empresa. Segundo Kerzner (2006), o TAP deve conter uma série de elementos em sua estru- tura, como: declaração de trabalho do projeto, fatores ambientais da empresa, ativos de processos organizacionais e contrato de entrega e riscos, entre outros. O quadro a seguir apresenta um exemplo de roteiro a ser preenchido para a criação de um TAP. Nome do Projeto Justificativa do projeto Objetivos do projeto Descrição do projeto Características do produto/serviço Resumo do cronograma Orçamento Requisitos de aprovação Gerente do projeto Atribuições Aprovação do termo de Abertura do projeto Nome/responsáveis Assinatura Local/Data É o TAP que formaliza a documentação das necessidades de negócios, da justificativa do projeto, do entendimento atual das necessidades do cliente e do novo produto, serviço ou resultado que deve satisfazer esses requisitos. Ele deve ser norteado pelo GP, mas não elaborado por ele. Na realidade, o TAP é criado pelas partes interessadas no projeto que conhecem o produto e os processos e que tenham condições de bancá-lo. Gestão de Projetos44 Existem muitas técnicas para se criar o TAP. A mais comum é a tomada de opiniões especializadas ou entrevistas que podem ser feitas, inclusive, em outras unidades da corporação. 2.3. Estrutura Analítica de Projeto (EAP) É possível detalhar um projeto de muitas formas, empregando desde simples listas de anotações em blocos de rascunhos até poderosos programas computacionais. Uma téc- nica simples e eficiente para tanto é a Estrutura Analítica de Projetos (EAP),que vem do inglês, Work Breakdown Structure (WBS). A EAP é totalmente visual e similar a um fluxograma vertical de processo, dando uma ideia clara do projeto, suas fases e a linha base de sua construção. Ela possibilita identificar quais as entregas de cada fase e entender qual o papel de cada envolvido. 2.3.1. EAP: entradas Entradas de uma EAP são o agrupamento de todos os dados (informações) que serão relevantes para estruturação visual das funções de trabalho. Como a EAP é um documento totalmente visual, e sua composição (diagramação) será inspirada no que foi definido no documento de declaração de escopo do projeto, que é criado em sua etapa inicial, segundo o PMBOK (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE 2017), deve ter as seguintes características: • o fim do fluxo tem o número mais alto e representa a última entrega do projeto; • os níveis menores da EAP são dissecados em pacotes de trabalho e sub- entregas, que facilitam o controle do fluxo do projeto; • o tempo máximo de um pacote de trabalho deve ter 10 dias de duração, ser únicos (não replicáveis) e independentes uns dos outros. A figura a seguir exemplifica uma EAP, mostrando toda a hierarquia das divisões das tarefas. 45Gestão de Projetos Projeto Iniciação Desenvolver o termo de abertura do projeto (4.1) Identificar as partes interessadas (10.1) Planejamento Coletar os requisitos (5.1) Definir o escopo (5.2) Criar a EAP (5.3) Definir as atividades (6.1) Sequenciar as atividades (6.2) Estimar os recursos das atividades (6.3) Estimar as durações das atividades (6.4) Desenvolver o cronograma (6.5) Estimar os custos (7.1) Determinar o orçamento (7.2) Desenvolver o piano de recursos humanos (5.1) Planejar as comunicações (10.1) Planejar o gerenciamento dos riscos (11.1) Identificar os riscos (11.2) Realizar a análise qualitativa (11.5) Realizar a análise quantitativa (11.4) Planejar as respostas aos riscos (11.5) Desenvolver a equipe do projeto (5.5) Gerenciar a equipe do projeto (5.4) Realizar a garantia de qualidade (8.2) Distribuir as informações (10.5) Gerenciar as expectativas das partes interessada (10.4) Conduzir as aquisições (12.2) Orientar e executar a execução(4.5) Planejar as aquisições (12.1) Desenvolver o plano de gerenciamento (4.2) Controlar o escopo (5.5) Controlar o cronograma (6.6) Controlar os custos (7.5) Realizar o controle de qualidade (8.3) Reportar o desempenho (10.5) Monitorar e controlar os riscos (11.6) Administrar as aquisições (12.3) Monitorar e controlar o trabalho (4.4) Realizar o controle integrado de mudanças (4.5) Planejar qualidade (8.1) Mobilizar a equipe do projeto (5.2) Execução Monitoramento e controle Verificar o escopo (5.4) Encerramento Encerrar o projeto ou fase (4.6) Encerrar as aquisições (12.4) Fonte: PMI, 2013, p. 119. Como entradas, recebe-se um documento em forma de texto com o nome do projeto, a definição das fases etc., e, com base nele, a EAP é construída conforme a figura. O pacote de trabalho contém atividades que são agrupadas conforme a necessidade do projeto e é o nível mais baixo da EAP. Seu custo, duração, critérios de aceitação e ativi- dades devem ser documentados no dicionário da EAP. Como exemplo dos pacotes, pode- mos pensar no motor de um carro. O próprio motor é o projeto a ser executado, e cada parafuso, peça ou componente a ser incluído nele é um pacote de trabalho, que tem carac- terísticas próprias e peculiares. © D TC O M Gestão de Projetos46 2.3.2. EAP: ferramentas e técnicas A principal técnica de criação de uma EAP é a decomposição, que significa pegar cada tarefa de subdividi-la em pequenas partes, que podem ser produtos, serviços ou qualquer resultado que possa ser medido e validado como uma entrega. Quanto às ferramentas, é possível empregar métodos manuais, com folhas quadriculadas, até softwares, planilhas ele- trônicas e editores de texto. 2.3.3. EAP: saídas O processo de saídas da EAP é a própria EAP, ou seja, o mapa de fluxo vertical que orienta o projeto. Uma EAP também pode identificar sub-entregas de um projeto. Por exemplo, se o objeto de entrega é uma casa, a EAP pode identificar fases menores, mas vitais para o pro- jeto, como conclusão da fundação, a finalização da rede de esgoto e elétrica, disponibiliza- ção de água potável, etc. Para facilitar a interpretação da EAP, é necessário um dicionário, que é um docu- mento que identifica as informações contidas nela, como descrição do trabalho, recurso principal e atividades correlatas, entre outras. 2.4. Documentando o projeto Para garantir o controle e, portanto, o cumprimento do cronograma, devem-se desenvolver documentos que referenciem as entrada e saídas e as atualizações de cada processo. Tais documentos precisam ser abrangentes quanto à qualidade das informações, mas simples na forma de apresentação dos dados, de modo que qualquer pessoa que os acesse possa compreender suas informações. © D us it / / S hu tt er st oc k. 47Gestão de Projetos 2.4.1. Eficiência documental Nenhum documento terá sentido se não for compreendido pelas pessoas. Portanto, para serem eficientes, os documentos precisam ser claros, limpos e objetivos, abordando os pontos essenciais dos projetos. Entre os principais documentos de um projeto, estão o TAP, as listas de atividades, o relatório de desempenho, o calendário de recursos e o registro das partes interessadas, que variam conforme a característica de cada projeto e o entendimento das partes interes- sadas quanto a seu uso. O PMBOK (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013) aponta os principais itens necessários para a eficiência documental: facilidade de interpretação, disponibilidade e fácil acesso a todos os membros do projeto e o fato de os documentos serem únicos e centralizados. 2.4.2. Importância dos registros Manter os registros do projeto atualizados visa assegurar que as entregas foram fei- tas com sucesso e conforme as definições do escopo. É comum que membros, gestores e outros stakeholders sejam alterados nas diversas fases de um projeto. Diante disso, se todos os registros estiverem claros, é possível ter um histórico eficiente e que facilita a delegação de tarefas aos novos membros, quando ocor- rerem as substituições. Além disso, os registros podem ser uma ferramenta eficiente nas tomadas de deci- sões e alterações do projeto, pois sempre será necessário evidenciar para as partes interes- sadas qualquer justificativa de atraso ou desacoplamento com a linha base. 2.4.3. A relevância das aprovações Para que um projeto seja desenvol- vido, precisa ser aprovado pelas partes inte- ressadas, mediante um acordo formal por escrito, para que não ocorram tomadas de decisões unilaterais ou de interesse indi- vidual, que não colaboram com o desem- penho e as entregas. As aprovações, ou homologações, devem se estender para todos os documentos do projeto. © K ze no n / / S hu tt er st oc k. . Gestão de Projetos48 Além disso, é importante lembrar que documentos assinados têm caráter legal, sendo fundamentais em casos de ações judiciais impetradas pelas partes interessadas. Sempre que houver uma alteração de um documento já homologado pelas partes interessadas, deve-se incluir uma revisão no documento alterado e requerer uma nova ver- são dele, que também receberá outra aprovação. O foco do processo de revisão é garantir que as disposições do contrato descrevam os produtos, serviços ou resultados que atende- rão aos requisitos do projeto. 2.4.4. Arquivamentoe resgate Sempre que necessário, alguma das partes interessadas pode buscar as informações de uma versão antiga de algum documento utilizado no projeto, o que consiste em seu res- gate do local em que está arquivado para as confrontações necessárias. Todo documento resgatado deve ter uma marcação, como um carimbo ou marca d’água, explicando que é uma cópia desatualizada, evitando sua utilização no projeto. Os documentos do projeto, seja de forma eletrônica ou convencional, devem estar arquivados em lugar seguro, de fácil acesso a todos. Cópias devem ser devidamente regis- tradas e atualizadas na mesma velocidade dos documentos originais. Somente os originais são assinados e devem ter a clara indicação de sua veracidade por qualquer meio identificável como original, seja em forma de carimbo ou outro dispositivo que comprove a sua unicidade. Com a evolução dos arquivos armazenados on-line, isto é, na nuvem (ou cloud), é comum a utilização de cópias digitais não editáveis, como arquivos em formato PDF. Esse compartilhamento de originais não editáveis é um aliado para evitar versões desatualiza- das dos documentos do projeto. Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo. Elabore uma EAP, detalhando cada subtítulo como uma tarefa do projeto. Inclua, se necessário, mais compo- nentes interessantes para seu desenvolvimento. Ao produzir sua EAP, considere as leituras básicas e complementares realizadas. 49Gestão de Projetos Recapitulando Os stakeholders são os personagens que têm o poder absoluto da decisão nos proje- tos, e identificá-los por seu grau de importância é fundamental para seu sucesso. Devido a seu poder de decisão, certificar-se do interesse e do desinteresse de cada um auxilia nas negociações com eles. É aos stakeholders que os projetos pertencem. O GP não é o dono do projeto, mas cabe a ele mantê-lo sob controle, pois ele será cobrado como se fosse o único responsável. Um dos requisitos para o sucesso de um projeto é compreender totalmente o que o cliente deseja. O escopo define o que vai ser entregue, durante e no final do projeto e pode sofrer modificações, desde que devidamente registradas e homologadas. Após cada entrega, é preciso verificar com o cliente ou patrocinador se o que recebeu está conforme descrito no escopo e se suas expectativas foram atendidas. Nesse sentido, monitorar o escopo visa assegurar entrega aceitável de forma correta. Para guiar as equipes, a EAP é um documento similar a um fluxo vertical de processo e é eficiente porque é visual e de fácil entendimento por todos no projeto, representando todas as atividades e entregas desde seu início até seu fim. Além disso, os registros do pro- jeto auxiliam garantir que as entregas foram feitas com sucesso e conforme as definições do escopo. Gestão de Projetos50 Referências CHARAN, R. O que o Cliente Quer que Você Saiba. Rio de Janeiro: Elsevier Campus, 2008. KERZNER, H. Gestão de Projetos: as melhores práticas. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. A Guide to the Project Management Body of Knowledge (PMBOK Guide). 6. ed. Newtown Square: PMI, 2017. 51Gestão de Projetos OBJETIVOS DO CAPÍTULO • Determinar o cronograma de um projeto. • Estabelecer a linha de base do cronograma de um projeto. • Estabelecer o diagrama PERT/CPM de um projeto. CAPÍTULO 3 Gestão do Tempo Ana Carolina Greef TÓPICOS DE ESTUDO 1 Determinação do Cronograma do Projeto 3 Diagrama Program Evaluation and Review Technique (PERT) • Planejamento e Controle do Tempo. • Gestão de Cronogramas. • Planejamento do Cronograma. • Controle do Cronograma. • A Análise PERT. • Cálculos PERT. • PERT e Probabilidades. • PERT e Instrumentos Estatísticos. 2 Diagrama Critical Path Method (CPM) 4 Informações Complementares com Vistas à Racionalização de Tempo • Início e término. • Caminho crítico e folga. • O Uso de Softwares. • Como Conduzir Reuniões. • Como Lidar com Conflitos de Prioridades. • Como Estabelecer Planos de Entregas. Gestão de Projetos52 Contextualizando o cenário Coloque-se numa situação na qual você atua como gerente de projetos de uma empresa que desenvolve produtos colecionáveis, a partir de personagens famosos. Cada linha de produtos é tratada como um novo projeto, gerenciado com metodologia padrão. A empresa segue a política de que quando um livro, filme ou série do personagem é lançado, a linha de produtos relacionados precisa estar disponível nas lojas. Nesse cenário, administrar o tempo das etapas do projeto é essencial, pois você não pode antecipar lançamentos, nem atrasar a disponibilidade dos produtos. Para isso, você precisa de atenção constante às datas de lançamento e de um conjunto de ferramentas que permita o planejamento correto das entregas, acompanhamento, administração do cronograma de todo o projeto, além de informar e orientar a equipe durante o desenvolvimento. Conside- rando esse cenário, surge uma questão importante: qual o papel da gestão de tempo em um projeto e como utilizar ferramentas para formalizar essa gestão? 53Gestão de Projetos 3.1. Determinação do Cronograma do Projeto O cronograma de um projeto é o principal instrumento utilizado para gerenciar o tempo desde a fase de planejamento, durante toda a execução e monitoramento, até a última entrega realizada. Para isso, o cronograma é um recurso visual, que permite ao Gerente de Projetos (GP) visualizar todas as tarefas do projeto, previstas e/ou realizadas, e a relação entre elas ao longo do tempo. Para determinar o cronograma de um projeto, é necessário conhecer os resultados esperados dele, pois dessa forma é possível desdobrar a meta final em tarefas específicas. Após ordenar as tarefas em sequência e identificar quais delas dependem de outras, é possível atribuir prazos para cada entrega, o que resulta no cronograma do projeto (CARVALHO; RABECHINI JUNIOR, 2015; MAXIMIANO, 2014). 3.1.1. Planejamento e Controle do Tempo A metodologia do Project Management Institute para gestão de projetos, descrita no Project Management Body of Knowledge (PMBOK, 2013) define que o planejamento e con- trole do tempo de um projeto é realizado por meio de processos-chave apresentados na ilustração a seguir: Etapas do planejamento e controle do tempo no projeto Planejar o gerenciamento do tempo Planejar o gerenciamento do cronograma Definir as atividades Sequenciar as atividades Estimar as durações das atividades Desenvolver o cronograma Controlar o cronograma Estimar os recursos necessários para cada atividade Fonte: CARVALHO; RABECHINI JUNIOR, 2015, p. 98; adaptado de PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013. © D TC O M Gestão de Projetos54 Como podemos visualizar na figura, o processo de planejar e controlar o tempo em um projeto começa com o planejamento sobre como será feito o gerenciamento, ou seja, como o GP vai agir em relação ao tempo e ao cronograma do projeto. Por exemplo: se hou- ver uma mudança nas características do produto que está sendo desenvolvido, o gerente deve autorizar a mudança e, se for necessário, estender o cronograma, ou deve priorizar o tempo previsto para entrega e não autorizar a mudança? As demais etapas do planejamento e controle são voltadas a definir, ordenar e atri- buir prazos a cada atividade necessária no projeto. 3.1.2. Gestão de Cronogramas A gestão do cronograma de um projeto envolve basicamente definir como o GP vai tratar as questões do dia adia do trabalho, como atrasos, faltas de membros da equipe, mudanças nas características das entregas, novas exigências dos clientes e usuários do pro- jeto, limitações de orçamento, necessidade de adquirir equipamento ou contratar mão de obra. Até mesmo as mudanças de clima entram na gestão do cronograma no caso de proje- tos de engenharia civil. Gestão de cronograma e do projeto Para isso, o GP precisa manter comunicação constante com todos os envolvidos no projeto, sejam clientes, sejam membros da equipe que está executando o projeto (MAXI- MIANO, 2014). © S en ta vi o / / S hu tt er st oc k. 55Gestão de Projetos Além disso, como aponta Maximiano (2014), ele precisa saber desenvolver as evolu- ções do cronograma ao longo do tempo, inserindo novas atividades, controlando os prazos e relações entre elas e revisando constantemente o cronograma em si. 3.1.3. Planejamento do Cronograma Quanto melhor for o planejamento de um cronograma, mais correto será o seu con- trole e a sua execução. Pausa para refletir Você precisa desenvolver o projeto de desenvolvimento de um produto que é uma caneta recarregável com material sustentável. De início, você consegue visualizar claramente todas as tarefas necessárias para criar esse produto (a caneta), desde o design e material até o seu formato final para uso? Dificilmente é possível estabelecer, no início de um projeto, quais serão todas as ati- vidades necessárias para executá-lo, especialmente quando se trata de um projeto total- mente novo. O planejamento do cronograma facilita esse processo, pois é uma tarefa constante dentro de um projeto. É recomendado que esse planejamento seja realizado da seguinte maneira (CARVALHO; RABECHINI JUNIOR, 2015; MAXIMIANO, 2014) e por escrito, em uma tabela, quadro ou software: 1. identificar qual é o escopo do projeto; ou seja, quais as características da entrega que precisa ser feita ao final; Afirmação “[...] o escopo do projeto está relacionado principalmente com a definição e con- trole do que está e do que não está incluso no projeto.” (PROJECT MANAGEMENT INSTI- TUTE, 2013, p. 104). 2. listar todas as atividades previstas para o projeto, tanto de seu planejamento, sua execução e monitoramento, quanto as entregas. Essa relação de atividades constitui a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), que permite analisar o projeto na forma de uma lista com suas entregas e a relação entre elas ; Gestão de Projetos56 3. prever a sequência na qual as atividades serão realizadas; 4. identificar quais atividades dependem de outras, e indicar essa relação; 5. prever quais recursos (equipe, equipamentos, insumos, recurso financeiro) serão necessários a cada atividade; 6. prever o tempo de duração de cada atividade. Assim, é possível planejar a duração total do projeto e realizar ajustes ainda no plane- jamento do cronograma e, especialmente, durante sua execução. 3.1.4. Controle do Cronograma O controle do cronograma do projeto começa assim que as atividades são iniciadas, buscando garantir que não haja atrasos ou mudanças desnecessárias que afetem o prazo de entrega final. Esse controle é realizado utilizando a chamada linha de base: “[...] a versão aprovada de um modelo de cronograma [...] com datas de início e datas de término.” (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013, p. 180). Ou seja, uma versão do cronograma previsto é estabelecida e aprovada, constituindo a linha de base para comparação com os dados reais do projeto. Então o andamento das tarefas precisa ser utilizado para alimentar uma nova versão do cronograma, aquele que de fato foi realizado, para que o GP possa obser- vá-lo e comparar os prazos e atividades previs- tos ao andamento real do projeto. Na imagem que segue há um modelo de projeto no qual as linhas em azul representam a linha de base do cronograma (o que foi planejado enquanto prazo para cada atividade), e as linhas em vermelho se referem à execução do mesmo, sendo comparadas com essa linha de base: Quanto mais eficiente for o controle desse cronograma, melhor será a capacidade do GP em medir o progresso do projeto em relação ao que foi planejado, aplicando ajustes na dura- ção, sequência e recursos usados nas atividades, se necessário (BRUCE; LANGDON, 2008). © P et er N ad ol sk i / / Sh ut te rs to ck . 57Gestão de Projetos 3.2. Diagrama Program Evaluation and Review Technique (PERT) Uma das ferramentas mais comuns para realizar o planejamento, elaboração e atua- lização de cronograma em projetos é o Diagrama Program Evaluation and Review Technique (PERT), que significa em tradução literal Programa de Técnicas de Avaliação e Revisão. Esse recurso trata as atividades de um projeto como uma rede. Nessa rede de atividades são estabelecidos claramente qual o início e qual o término de cada atividade ao longo do tempo, sendo que cumprir os prazos planejados no projeto é essencial para que o encadeamento entre as atividades seja respeitado e executado con- forme o plano (MONTEIRO; RAMIRES, 2013). 3.2.1. A Análise PERT Para realizar a análise PERT e elaborar o diagrama correspondente, é necessário ter a lista de atividades previstas para o projeto, a relação ou dependência entre elas, e uma duração prevista. Veja um exemplo de tabela que contém esses dados, em um projeto da área de enge- nharia civil, referente à construção de uma casa: Exemplo de tabela de atividades do projeto para elaborar diagrama PERT. Atividade Nome da atividade Dependências Duração da atividade (semanas) A Canteiro - 2 B Fundação A 4 C Estrutura do térreo B 4 D Alvenaria do térreo C 3 E Estrutura do piso superior D 3 F Alvenaria do piso superior E 3 G Cobertura F 4 H Instalação hidráulica B 2 Fonte: Adaptado de VERGARA; TEIXEIRA; YAMANARI, 2017, p. 83. Gestão de Projetos58 Ao visualizar toda a lista de atividades, dependências e duração, o Gerente do Projeto precisa fazer as seguintes perguntas para realizar a análise PERT (BRUCE, LANGDON, 2008): • quais são as atividades essenciais para o projeto, sem as quais ele não pode ser entregue? • em quais atividades não pode haver atraso, pois, caso ocorra, todo o projeto sofrerá atraso? • quais atividades podem ser realizadas simultaneamente, pois não têm dependên- cia entre si? A partir da tabela de atividades e das respostas a esses questionamentos, o GP pode elaborar o diagrama de precedência e conduzir a etapa de cálculos da análise PERT, identi- ficando as atividades e durações críticas ao sucesso do projeto. 3.2.2. Cálculos PERT Após a etapa de listagem de atividades e seus dados correspondentes, a análise PERT prevê o cálculo dos diferentes caminhos existentes no projeto, buscando identificar, a partir da duração das atividades, tanto o caminho mais curto, quanto o caminho mais longo e complexo. Para realizar os cálculos PERT, é necessário desenvolver o diagrama de precedência das atividades do projeto no qual constam as atividades enumeradas, sua duração e depen- dência (VERGARA; TEIXEIRA; YAMANARI, 2017). Esclarecimento “[o diagrama de precedência ...] representa as atividades nos nós [...] por retân- gulos, e as relações de precedência são estabelecidas nas setas.” (CARVALHO; RABECHINI JUNIOR, 2015. p. 103). Observe um exemplo de diagrama de precedência na imagem abaixo: 59Gestão de Projetos Exemplo de diagrama de precedência. 4 4 3 4 2 2 A B C D E F GH Início Fim 3 3 Fonte: Adaptado de VERGARA; TEIXEIRA; YAMANARI, 2017, p. 83. O diagrama contém os seguintes elementos: • os retângulos representam nós do diagrama; • os números ou letrasdentro dos retângulos representam as atividades do projeto; • as setas que ligam os nós representam os arcos que conectam as atividades a par- tir das relações de dependência entre elas; • os números fora dos círculos representam a duração estimada de cada atividade; • atividades que ocorrem simultaneamente são apresentadas umas sobre as outras, como no caso das atividades H e G no exemplo. É possível, então, calcular os diferentes caminhos possíveis para a execução do pro- jeto. Veja no exemplo simulado: © D TC O M Gestão de Projetos60 Exemplo de cálculo PERT de projeto. Caminho Comprimento Duração do caminho (semanas) Início-A-B-H-Fim 2 + 4 + 2 8 Início-A-B-C-D-E-F-G-Fim 2 + 4 + 4 + 3 + 3 + 3 + 4 23 Fonte: Adaptado de VERGARA; TEIXEIRA; YAMANARI, 2017, p. 83. Somando as durações das atividades individuais em sequência, no caso de ativida- des simultâneas, considera-se a duração da atividade mais longa entre elas, desde que não exista dependência dessa com outras no diagrama. Sendo assim, o caminho que não pode gerar atrasos no cálculo PERT é o caminho mais longo. 3.2.3. PERT e Probabilidades Toda a metodologia de análise e cálculo PERT atua com base na duração provável das atividades. No início do projeto nem sempre é possível prever sua duração de fato. Pausa para refletir E se a previsão de duração de atividades estiver muito abaixo do que realmente se observa no projeto? E se a duração prevista estiver muito acima da realidade e o projeto terminar antes do tempo? Por isso, a análise PERT trabalha com três probabilidades de duração de atividades: a mais provável (m), a otimista (o), e a pessimista (p) (VERGARA; TEIXEIRA; YAMANARI, 2017). Observe na imagem o gráfico que repre- senta um projeto, sendo que o eixo X (horizon- tal) se refere ao tempo, e o eixo Y (vertical) se refere ao esforço: No gráfico, a probabilidade otimista (o) é aquela na qual o projeto transcorre perfei- tamente, sem atrasos ou erros. A probabilidade mais provável (m) é aquela na qual as ati- vidades do projeto são entregues de forma normal, com intercorrências. Já a probabilidade pessimista (p) é aquela na qual ocorrem muitas intercorrências no projeto, atrasando-o. © Ji rs ak / / S hu tt er st oc k 61Gestão de Projetos Os prazos o, m e p de duração das atividades podem ser estimados pela equipe do projeto ou identificados a partir de projetos anteriores, similares. 3.2.4. PERT e Instrumentos Estatísticos A partir da estimativa de duração das atividades nas perspectivas otimista, mais provável e pessimista, a análise PERT deve ser realizada considerando os dados no seguinte formato: Análise probabilística PERT. Atividade Nome da atividade Dependências Duração o Duração m Duração p Duração prevista calculada ((otimista + (4 x mais provável) + pessimista)/6) A Canteiro - 2 2 3 2,17 B Fundação A 4 4 6 4,33 C Estrutura do térreo B 3 4 6 4,17 D Alvenaria do térreo C 2 3 4 3,00 E Estrutura do piso superior D 3 3 6 3,50 F Alvenaria do piso superior E 2 3 5 3,17 G Cobertura F 2 4 5 3,83 H Instalação hidráulica B 2 2 4 2,33 Fonte: Adaptado de VERGARA; TEIXEIRA; YAMANARI, 2017, p. 83. A partir desses dados é possível realizar cálculos estatísticos do PERT nos quais o GP pode calcular a duração média estimada de cada atividade com a seguinte equação: ( )( )otimista + 4 × mais provável + pessimista Duração = 6 Fonte: VERGARA; TEIXEIRA; YAMANARI, 2017, p. 84. Gestão de Projetos62 O resultado dessa equação é a probabilidade de duração da atividade calculada. O papel do GP é realizar essa análise e, a partir da duração média prevista para cada ativi- dade, calcular o provável prazo de entrega do projeto. Esse acompanhamento deve ser atualizado ao longo de todo o projeto, de modo que o GP tenha em mãos dados fidedignos sobre a sua execução e possa acompanhar e ajustar o cronograma, se necessário. 3.3. Diagrama Critical Path Method (CPM) Outro recurso para realizar o planejamento e a gestão do cronograma em projetos é o chamado Método do Caminho Crítico, ou Critical Path Method (CPM). Muitas vezes o pla- nejamento de projetos é realizado combinando esse método ao PERT, resultando no cha- mado plano PERT/CPM, ou diagrama PERT/CPM. O caminho crítico em um projeto é o melhor caminho que pode existir no conjunto de atividades a serem realizadas, considerando a duração provável, dependências e atividades simultâneas em sua execução (BRUZZI, 2014). Ele também é chamado crítico, pois erros ou atrasos nas atividades que compõem esse caminho impactam em atraso ou erro no projeto como um todo. 3.3.1. Início e término O método ou diagrama CPM parte da premissa de que, em vez de a duração das ati- vidades de um projeto poder ser calculada por meio de probabilidade na fase de planeja- mento, ela precisa ser determinada. Para isso, no método CPM são definidas, para cada atividade, as seguintes datas (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013; MONTEIRO; RAMIRES, 2013): • data mais cedo na qual a atividade pode começar (PDI – Primeira Data de Início); • data mais cedo na qual a atividade pode terminar, considerando que não ocorram atrasos, imprevistos, mudanças e afins (PDT – Primeira Data de Término); • data mais tarde na qual a atividade pode começar, considerando toda a possibi- lidade de atrasos, dependências entre tarefas, modificações e intercorrências no projeto (UDI – Última Data de Início); • data mais tarde na qual a atividade pode terminar (UDT – Última Data de Término). 63Gestão de Projetos Conforme indicam Carvalho e Rabechini Junior (2015), as determinações dessas pos- síveis datas são estabelecidas pela equipe a partir de especialistas, de projetos ou expe- riências anteriores, entre outros fatores. Para identificar o prazo de entrega do projeto como um todo ou de um grupo de ativi- dades, conforme esse método, o GP precisa realizar o seguinte cálculo (MONTEIRO; RAMI- RES, 2013): Para todas as atividades = (PDI n + (PDT n – PDI n)) Ao obter o resultado dessa verificação para todas as atividades, é possível verificar a entrega mais cedo do projeto como um todo: Entrega mais cedo = Máximo entre (PDI n + (PDT n – PDI n)) Fonte: CARVALHO; RABECHINI JUNIOR, 2015. Da mesma forma, é possível identificar o maior prazo possível de entrega do projeto como um todo ou de um grupo de atividades, realizando o seguinte cálculo (MONTEIRO; RAMIRES, 2013): Para todas as atividades = (UDI n + (UDT n – UDI n)) Com o resultado dessa verificação para todas as atividades, é possível verificar a entrega mais tarde do projeto como um todo: Entrega mais tarde = Máximo entre (UDI n + (UDT n – UDI n)) Fonte: (CARVALHO; RABECHINI JUNIOR, 2015). Por meio da análise das datas mais cedo e mais tarde das atividades e do projeto como um todo, é possível chegar ao caminho crítico com o método CPM. 3.3.2. Caminho crítico e folga O cálculo por meio do método CPM pode gerar datas diferentes daquelas do cronograma do projeto em si, em casos nos quais o projeto já tem data de início e de término definidas. Exemplo O cliente solicitou a realização do projeto de um scanner portátil e definiu que o início do projeto precisaria ser até 10 dias após a solicitação, e a entrega não deveria ultra- passar 40 dias do início das atividades. Gestão de Projetos64 Nesses casos é ainda mais importante obter a análise CPM para identificar qual o cami- nho crítico do projeto e se existem folgas ao longo de sua execução para alcançar os resul- tados esperados. Na figura abaixo temos um exemplo de caminho crítico em um projeto. As letras de A até E são as atividades do projeto e os números junto de cadaletra são as estima- tivas de duração da atividade e a respectiva primeira e última data (mais cedo e mais tarde). As atividades com menor possibilidade de folga estão sinalizadas com a cor vermelha: Atividades em sequência no caminho crítico de um projeto. A chamada Folga Total de um projeto, conforme o Project Management Institute (2013), é definida pela diferença entre as datas de término mais tarde e as datas de término mais cedo das atividades, se essa diferença for positiva. Ou seja, para cada atividade, essa folga pode ser verificada com a equação: Folga Total = UDT da última atividade – PDT da primeira atividade Fonte: MONTEIRO; RAMIRES, 2013, p. 7. E comparada com a equação referente à mesma atividade: Folga Total = UDI da última atividade – PDI da primeira atividade Fonte: MONTEIRO; RAMIRES, 2013, p. 7. O cálculo dessa folga deve resultar em um valor positivo para que exista realmente uma margem para atrasos e intercorrências no projeto. © a st ep ha n / / S hu tt er st oc k. (A da pt ad a) . 65Gestão de Projetos Já a Folga Livre de cada atividade é aquela que, conforme indicam Monteiro e Rami- res (2013), é a folga da atividade em questão que não compromete as Primeiras Datas de Início (PDIs) das atividades que a sucedem. O caminho crítico, portanto, é aquele com o maior comprimento no projeto e no qual a Folga Total será negativa ou nula, indicando que não podem ocorrer atrasos nas ativida- des que compõem esse caminho. 3.4. Informações Complementares com Vistas à Racionalização de Tempo O tempo em um projeto costuma ser um dos fatores cruciais de sucesso ou fracasso, junto com os custos e o escopo. Por isso, o GP precisa estar constantemente atento a se os clientes ou usuários do projeto realmente sabem que resultado esperam desse esforço e se a equipe de execução está informada e orientada sobre isso. Por isso, o cronograma e a gestão do tempo de um projeto não são realizados pelo GP sozinho. Quem exerce essa função precisa estar em constante comunicação com as outras partes envolvidas no projeto, tanto para conhecer o que está acontecendo, quanto para deci- dir sobre mudanças e melhorias a serem feitas. Um bom cronograma é reflexo desse cenário. 3.4.1. O Uso de Softwares Utilizar ferramentas de tecnologia para gerenciar o tempo em projetos é bastante prático para aqueles que dominam essas ferramentas. Como indica Trentim (2015), uma das vantagens de se utilizar softwares no gerenciamento de projetos é que esse recurso agiliza as atualizações de dados, as simulações e a geração de relatórios. Pausa para refletir Existe uma ferramenta ideal ou universal para gerenciar o tempo em projetos? Tradicionalmente os softwares de gerenciamento de projetos permitem cadastrar ati- vidades, sequenciá-las, atribuir recursos a elas, estimar datas de início e término para cada atividade. E assim, é possível fazer o gerenciamento das atividades, dos custos e do tempo de um projeto. Gestão de Projetos66 Esclarecimento Os recursos podem ser custos, remuneração de pessoas, equipamentos, infraes- trutura, entre outros. Ao optar por utilizar uma dessas ferramentas, lembre-se sempre que “[...] o software não pode e não irá gerenciar o projeto por você” (TRENTIM, 2015, p. 41). Existem diversas opções de softwares para gerenciar projetos, sendo que a opção pelo software ideal deve ser feita a partir da necessidade do projeto ou do GP. 3.4.2. Como Conduzir Reuniões Ao longo de todo o projeto, a comunicação com os envolvidos, tanto clientes, for- necedores, quanto a equipe desse projeto, precisa ser constante. Para isso, reuniões bem estruturadas são uma das melhores ferramentas. Para evitar que as reuniões se dispersem do foco no projeto, gerando atraso por parte da equipe, existe um roteiro que o GP pode seguir como base para planejá-las e executá-las (BRUCE; LANGDON, 2008): • organizar reuniões regulares, que ocorrem com datas predefinidas; e eventuais, que ocorrem quando existe alguma intercorrência no projeto; • definir quem serão os participantes de cada reunião; • convidar os participantes com antecedência e envio de pauta; • ao conduzir a reunião, manter o foco na pauta e até mesmo controlar o tempo; • ao finalizar a reunião, formalizar o que foi debatido em um registro ou ata, com- partilhado com todos. Como indicam Bruce e Langdon (2008), o importante nas reuniões é evitar que as pessoas percam tempo, mas ainda assim, buscar tomar decisões sobre os temas tratados e debatê-los o suficiente para evitar a repetição do mesmo tema outras vezes. Com o registro formalizado e compartilhado após cada reunião, o GP também permite que a responsabilidade pelas decisões e resultados seja distribuída entre todos os participantes (BRUZZI, 2008) e pode lembrar a todos dessa responsabilidade em momentos de entregas. © D ra go n Im ag es / / S hu tt er st oc k 67Gestão de Projetos 3.4.3. Como Lidar com Conflitos de Prioridades Ao assumir o papel de Gerente de Projetos, ou mesmo de um membro da equipe, cer- tamente você irá perceber que o esforço para minimizar conflitos nesse contexto é cons- tante. O GP precisa lidar praticamente todo o tempo com conflitos que ocorrem entre membros da equipe, com fornecedores, com clientes e usuários, com outros projetos con- correntes ou simultâneos ao projeto em questão. Nesse contexto surgem os conflitos de prioridades. Por exemplo: o cliente de um pro- jeto de elaboração de um veículo adaptado para idosos define, durante o andamento do projeto, que espera incluir ainda espaço para armazenamento de bagagens maiores, vidros controlados via controle remoto e sensores de estacionamento. Mudanças como essas impactam o projeto como um todo, pois interferem na quantidade de atividades, na carga horária de trabalho da equipe, no orçamento disponível, nos recursos físicos e equipamentos alocados para o projeto, e, especialmente, nos prazos de entrega. Nesse sentido, como estabelecer a prioridade: de acordo com a necessidade e as expec- tativas do cliente, ou em função do orçamento, tempo e definições do projeto, alinhados anteriormente? Frente a esse cenário, a função do GP é identificar esses conflitos e estabele- cer um limite de até que ponto eles beneficiam ou prejudicam o projeto (VARGAS, 2009). Apesar de parecerem prejudiciais, os conflitos podem beneficiar o projeto das seguin- tes maneiras (VARGAS, 2009): • indicar mudanças a serem feitas; • estimular a criatividade; • melhorar a comunicação entre todos; • favorecer a integração da equipe; • equilibrar poderes e influências sobre o projeto, recursos e equipe; • definir melhor as metas e resultados esperados. Assim, é importante que o GP identifique as fontes desses conflitos, preferencial- mente antes que ocorram, e utilize principalmente a comunicação entre os envolvidos para solucioná-los. 3.4.4. Como Estabelecer Planos de Entregas Toda a gestão do tempo em um projeto pode ser ineficaz quando os resultados espe- rados dele, ou seja, as entregas, não estão bem definidos. Quanto mais experiência em gerenciar projetos o GP tiver, melhor ele conseguirá conduzir a definição dessas entregas e, por consequência, melhor conseguirá realizar o planejamento de como alcançá-las. Gestão de Projetos68 Nesse processo, é recomendado que o GP realize os seguintes questionamentos aos clientes, usuários e outras partes envolvidas no projeto (MAXIMIANO, 2014): • qual será ou quais serão os resultados entregues ao final e durante o projeto? • o que não será elaborado ou entregue por esse projeto? • quais características os resultados esse projeto não deve apresentar?As respostas a esses questionamentos devem gerar uma descrição breve, objetiva e clara dos resultados esperados como um todo ou em suas etapas. Por exemplo: ao final do projeto de um livro sobre técnicas de culinária italiana deve ser entregue um livro texto com as técnicas e receitas completas no idioma português, com fotografias de antes e depois do preparo de todas as receitas e de todos os equipamentos utilizados. O livro não deve ultrapassar 200 páginas, não deve conter receitas de outra cultura que não seja a ita- liana, não deve trazer imagens capturadas da internet. O projeto não irá entregar a tiragem completa do livro, mas sim a primeira versão, a ser reproduzida em gráfica. Os planos para entregar esses elementos estabelecidos devem permitir ao GP adminis- trar a execução do projeto: quais as etapas necessárias para obter cada entrega; quantas horas de trabalho e recursos cada etapa irá consumir; quem estará envolvido em cada etapa; qual a relação entre essas etapas; e quais são os processos essenciais para a entrega do projeto. Esses aspectos precisam ser elaborados pelo GP em conjunto com especialistas e até mesmo com a equipe do projeto, uma vez que esse esforço precisa ser participativo. Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore o cronograma de um projeto de construção da maquete de uma casa destacando as principais ideias abor- dadas ao longo do capítulo. Ao produzir o cronograma, siga o método PERT e identifique o caminho crítico do projeto, considerando as leituras básicas e complementares realizadas. Dica: utilize os modelos de tabelas e diagrama PERT que foram apresentados no capítulo como fundamento para seu cronograma. Você pode imaginar que a maquete será construída com materiais que você tem em casa. Lembre-se de que a coleta dos materiais e a elabora- ção do desenho da maquete fazem parte do cronograma. 69Gestão de Projetos Recapitulando Após o estudo deste capítulo, certamente você compreende qual o papel da gestão do tempo em projetos, que consiste em nada mais do que estabelecer um plano para o pro- jeto ao longo do tempo, organizar as atividades nesse período, e permitir ao GP acompa- nhar e controlar a execução do projeto dentro dos prazos estabelecidos. A formalização dessa gestão é realizada via de regra por meio do cronograma do projeto, que deve conter todo esse desdobramento das atividades desde o início até o prazo de entrega do mesmo. A determinação desse cronograma se dá mediante a verificação de qual será ou quais serão os resultados obtidos, que atividades serão necessárias, quanto tempo cada ativi- dade deverá levar para ser executada e quais atividades dependem de outras. Esse planejamento do cronograma precisa ser aprovado pelos participantes e interes- sados no projeto, estabelecendo, assim, a linha de base que será utilizada para o controle da realização das tarefas. Você lembra da reflexão sobre como visualizar claramente todas as tarefas necessárias à criação do projeto de uma caneta? Desenvolver e aprovar o cro- nograma de um projeto é essencial para esse tipo de definição. De início não é fácil deter- minar todas as tarefas necessárias ao projeto, por isso é importante que a estrutura que lista essas tarefas e as relaciona entre si (a Estrutura Analítica do Projeto) seja elaborada o mais detalhadamente possível e que seja atualizada, assim como o cronograma, ao longo da realização do projeto. O diagrama PERT e o método ou diagrama CPM são utilizados para estimar a duração de atividades a partir de cenários, indicações de especialistas ou experiências anteriores. Esses recursos permitem também definir, no cronograma do projeto, qual o caminho crí- tico, ou seja, a sequência de tarefas mais longa, relacionadas entre si, e na qual não podem ocorrer atrasos já que eles comprometem a entrega de todo o projeto. Tanto o PERT quanto o CPM preveem a análise das atividades dos projetos, a reali- zação de cálculos para estimativas de duração das atividades e a formalização do crono- grama do projeto em tabelas e diagramas. O PERT analisa atividades essenciais no projeto, aquelas que não podem atrasar e aquelas que podem ser realizadas simultaneamente. Já o CPM é um método de cálculo do caminho crítico, indicando as datas mais cedo e mais tarde nas quais as atividades podem iniciar e terminar. Esses métodos auxiliam a ter uma previsão mais assertiva das atividades, de sua duração e do projeto em si, evitando que esteja muito abaixo ou muito acima da realidade para sua realização. O caminho crítico do projeto, então, precisa ser o foco do GP no sentido de evitar qual- quer atraso ou intercorrência no projeto, minimizando o risco de falhas nas entregas finais. Gestão de Projetos70 Refletimos sobre a existência de uma ferramenta universal para administrar o tempo em um projeto. Na realidade, não há uma regra, pois existem diversos softwares que pode ser aplicados para gerenciar o projeto e o cronograma em si , que permite formalizar e atualizar mais facilmente os dados do projeto. Para escolher e utilizar o software, se for o caso, é importante saber antes, exatamente, quais as características, expectativas e como o projeto será gerenciado. A comunicação do GP com a equipe, fornecedores, clientes e outros interessados pre- cisa ser constante durante todo esse processo. As reuniões são essenciais e recomendadas para facilitar essa comunicação, desde que realizadas com foco e formalizadas ao final. Os conflitos também são uma constante na gestão de projetos e para abordá-los é impor- tante que o GP estabeleça claramente os planos do projeto e consiga equilibrar as expectativas dos interessados com as definições de objetivos, custos e cronograma das atividades. 71Gestão de Projetos Referências BRUCE, A.; LANGDON, K. Você sabe gerenciar projetos? Cumpra seus prazos finais e atinja suas metas. São Paulo: Editora Senac, 2008. BRUZZI, D. G. Gerência de Projetos. 2. Ed. São Paulo: Editora Senac, 2014. CARVALHO, M. M. de.; RABECHINI JUNIOR, R. Fundamentos em Gestão de Projetos: construindo competências para gerenciar projetos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015. MAXIMIANO, A. C. A. Administração de projetos: como transformar ideias em resulta- dos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2014. MONTEIRO, N. J.; RAMIRES, V. R. M. Aplicação das técnicas de PERT/CPM para determi- nação do tempo total de fabricação e do caminho crítico do produto cadeira diretor em uma empresa de móveis em Belém do Pará. Salvador, 2013. In: XXXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Salvador, 08 a 11 out. 2013. Disponível em: <www.abepro.org. br/biblioteca/enegep2013_TN_STP_177_007_22015.pdf>. Acesso em: 10/07/2018. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. A guide to the Project management body of knowledge (PMBOK Guide). Pennsylvania – EUA 5. ed. 2013. TRENTIM, M. H. Manual do MS-Project 2013 e melhores práticas do PMI. São Paulo: Atlas, 2015. VARGAS, R. Gerenciamento de Projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. 6 ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2009. VERGARA, W. R. H.; TEIXEIRA, R. T.; YAMANARI, J. S. Análise de risco em projetos de enge- nharia: uso do PERT/CPM com simulação. Exacta, v. 15, n. 1, 2017, p. 75-88. Universidade Nove de Julho. São Paulo. Disponível em: <www.redalyc.org/articulo.oa?id=81050129006> . Acesso em: 10/07/2018. 73Gestão de Projetos OBJETIVOS DO CAPÍTULO • Elaborar o orçamento de um projeto. • Determinar os custos fixos, variáveis, diretos e indiretos de um projeto.• Determinar o custo total de um projeto. • Avaliar a viabilidade econômica de um projeto. CAPÍTULO 4 Gestão dos Custos Elcio Cadene Ricardo Niehues Buss TÓPICOS DE ESTUDO 1 Orçando o Projeto 3 Variáveis Econômicas e Financeiras • Determinação das entradas e saídas. • Determinar o orçamento: Ferramen- tas e Técnicas. • Controle Financeiro do Projeto. • Previsão de Variação de Custo e Orçamento. • Índices e Oscilações. 2 Os Custos do Projeto 4 Viabilidade Econômica de Projetos • Estimar Custos. • Controlar Custos. • Recomendações para Redução de Custo. • Estudo de Viabilidade. • Viabilidade de Mudança. • Recomendações para Viabilização do Projeto. Gestão de Projetos74 Contextualizando o cenário No dia a dia estamos envoltos em processos que requerem nossa capacidade de tomar deci- sões dentro e fora das empresas. Essas decisões só serão acertadas se possuirmos informa- ções suficientes para entender as possíveis consequências de nossas escolhas. Quanto mais estruturado o objetivo que queremos atingir, mais fácil e seguro será percorrer o caminho para sua conquista. Nesse contexto, o projeto é um plano que descreve, detalha e ordena as atividades e a utili- zação dos recursos ao longo de sua execução. Porém, para serem realizadas, estas ativida- des necessitam de recursos financeiros que sustentarão o projeto tanto por meio de recursos humanos, quanto de equipamentos, matéria prima, entre todos outros subsídios necessários. Assim, os custos envolvidos no projeto devem ser primeiramente incorporados ao planeja- mento e devem ser estimados, orçados e controlados ao longo de todo o processo, evitando surpresas que possam prejudicar ou até mesmo suspender o empreendimento. Portanto, apesar de muitas vezes negligenciada, a gestão de custos ganha status de sobre- vivência para o projeto. A estimativa dos custos, seu orçamento e controle promovem segu- rança financeira e garantia de execução para a iniciativa. Diante deste cenário: como as etapas da gestão de custos se complementam para formar um processo conciso e seguro para a execução do projeto? Como a gestão de custos se adapta às possíveis mudanças? 75Gestão de Projetos 4.1. Orçando o Projeto O início de um projeto, indiferentemente da área a que se propõe, necessita de um orçamento bem estruturado. Ou seja, deve indicar os recursos financeiros destinados para a execução de cada etapa. Esses indicadores financeiros não são fáceis de projetar, pois estamos lidando com algo que ainda não aconteceu e que está sujeito a alterações. Por isso, é fundamental detalhar o projeto e possíveis custos envolvidos em cada atividade, para assim atingir a máxima precisão orçamentária. Quando as partes interessadas destinam recursos monetários para um projeto de seu interesse, devem sempre ter em mente que seus anseios e perspectivas serão atendi- das pelas entregas realizadas em casa fase. Confirmar uma entrega significa dar um pare- cer positivo sobre a execução e a destinação financeira empreendida no projeto. 4.1.1. Determinação das entradas e saídas Processos de determinação de orçamento são os métodos encarregados de consoli- dar as estimativas de custo alocadas em cada etapa do projeto, estabelecendo, assim, um horizonte de custos necessários. Esse horizonte de custos, também conhecido como linha de base de custos, auxilia os envolvidos no gerenciamento do projeto na verificação, controle e fiscalização do desem- penho financeiro de cada etapa, permitindo, assim, ajustes e correções, quando necessário. © w ut zk oh ph ot o / / S hu tt er st oc k. Gestão de Projetos76 Para determinar os custos, estimados em cada atividade do cronograma, é necessá- rio determinar o orçamento, sendo este realizado por meio de entradas, ferramentas e téc- nicas, e das saídas. A seguir veremos as entradas e saídas do processo para determinar o orçamento do projeto. As entradas são compostas por: • linha de base do escopo: este componente descreve a finalidade do produto, as entregas e critérios de anuência do usuário em relação ao produto; • cronograma do projeto: vem a ser o espelho do planejamento que indica atividades expressas em datas previstas, durações, metas e recursos; • plano de gerenciamento de custo do projeto: este componente detalha como os custos do projeto serão gerenciados e inspecionados; • estimativa do custo das atividades: estas estimativas são análises quantitativas dos possíveis custos essenciais para realizar o trabalho do projeto; • bases de estimativas: são as documentações detalhadas que fornecem um enten- dimento correto e completo dos custos por atividade; • registro de riscos: descrevem os possíveis riscos que podem ocorrer com o projeto, seus custos, bem como respostas para mitigar estes riscos; • calendário dos recursos: expressa documentalmente a quantidade e a disponibili- dade de recursos estabelecidos e as datas em que estes estarão disponíveis; • acordos: são as intenções iniciais de um projeto, podendo ser expressos de várias formas, como contratos, acordos de serviço, memorandos, entre outros; • ativos de processo organizacionais: são todos os ativos utilizados no processo, que podem ser utilizados para o sucesso do projeto. Já as saídas são compostas por: • linha de base de custo: é uma versão validada do orçamento do projeto em fases. Importante para comparação entre o executado e o realizado; • requisitos dos recursos financeiros do projeto: são os recursos financeiros totais provenientes do horizonte de custos (linha de base de custos); • atualização dos documentos do projeto: são as atualizações periódicas dos docu- mentos envolvidos em cada fase do projeto. Quanto mais minucioso for o registro das entradas e das saídas dos processos, mais preciso será o orçamento, diminuindo as margens de erros. 77Gestão de Projetos 4.1.2. Determinar o Orçamento: Ferramentas e Técnicas As ferramentas e as técnicas que auxiliam na determinação do orçamento, são estra- tégias empregadas que abrangem os procedimentos relativos aos processos. Para determi- nar o orçamento podemos utilizar as seguintes técnicas: • agregação de custos: os recursos utilizados, são divididos por pacotes de trabalho de acordo com a atividades descritas do cronograma aprovado, conforme seu grau de relevância no projeto. • opinião especializada: é baseada na experiências de pessoas com formação focada em gestão orçamentaria, que podem ser: • colaboradores da organização; • partes interessadas, inclusive clientes; • consultores contratados entre outros; • histórico de projetos anteriores: uma boa forma de determinar quanto gastaremos em cada projeto é equipará-lo a algum projeto já realizado. Em geral, a preparação inicial orçamentária não muda muito dependendo da similaridade entre os projetos, pois geralmente os artefatos utilizados para construção de um bem, ideia ou serviço, sempre serão os mesmos quando replicados em entregas semelhantes. Neste caso, a realização de benchmarking interno entre os orçamentos dos projetos torna-se uma poderosa técnica de melhoria e atualização do orçamento. Esclarecimento Benchmarking é uma derivação da palavra inglesa benchmark, que quer dizer referência. O benchmarking é um processo de comparação que pesquisa as melhores refe- rências e práticas efetivadas por empresas de áreas similares e/ou processos que obtiveram bons resultados (DIEL e BAMPI, 2016). • conformidade dos limites de recursos financeiros: todo capital destinado ao pro- jeto deve estar de acordo com as formas de entrega de cada fase, sendo admissí- vel uma variação dos valores orçados caso haja ajustes no decorrer da execução doprojeto, como alteração de datas de entrega, por exemplo. Em termos gerais, podemos dizer que o orçamento será definido por marcos que serão estabelecidos conforme o valor inicial previsto para o projeto. Gestão de Projetos78 4.2. Os Custos do Projeto Para podermos definir o orçamento de um projeto, seja qual for a sua característica principal, precisamos levantar os recursos financeiros que serão necessários para executar cada uma das suas atividades. Para que o projeto possa ser terminado dentro do cronograma proposto, processos como planejamento, estimativa, controle dos custos e gerenciamento são fundamentais. Os custos encontram-se entre os principais fato- res de restrição de um projeto, de modo que custos elevados, atrasos e recursos orçados insuficientes podem gerar graves problemas para a execução do projeto. 4.2.1. Estimar Custos A estimativa de custos nada mais é do que a otimização das projeções de recursos financeiros necessários para concretizar as atividades indicadas no projeto. Entre os princi- pais elementos de custo que serão utilizados no projeto estão a mão de obra, materiais, equi- pamentos, serviços comprados, instalações, reserva de contingência, entre outros custos. Devido a uma enorme gama de variáveis, a estimativa de custos não pode ter uma precisão absoluta. O controle de custos é uma ciência imprecisa por natureza e, desta forma, podemos sempre prever que o orçamento original de um projeto será sempre ajus- tado durante sua evolução. Por isso, o nome estimativa de custos, já que a previsão é reali- zada com base em informações coletadas em um determinado período. Nesse sentido, o tempo é fator determinante para a previsão, sendo um dos elemen- tos que mais impacta o custo de um projeto. Para refletir Imagine controlar o projeto da construção de uma rodovia e os possíveis ajustes ao longo do tempo. Que imprevistos poderiam impactar os custos da obra? Independentemente dos outros elementos de um projeto, os custos devem seguir a premissa de que, após sua definição, dificilmente serão alterados ou modificados. Por © H el lo R F Z co ol / / S hu tt er st oc k 79Gestão de Projetos notórios motivos, torna-se muito difícil convencer os patrocinadores de um projeto a desti- nar mais recursos para sua execução, pois, de certa forma, isto despertará dúvidas quanto à capacidade de execução e gerenciamento do mesmo. Assim, para que possamos definir o orçamento, temos que entender como eles são qualificados dentro do projeto. Podemos trabalhar com os conceitos de custos e despesas. • custos: são todos os gastos no desenvolvimento de um projeto ou produto que podem ser vinculados ao produto final, como matéria prima e mão de obra. • despesas: são todos os gastos que não se transformam em produtos ou resultados no projeto, ou seja, tipo de desembolso de difícil vinculação ao produto obtido, como área comercial, marketing, serviço de limpeza e café. Curiosidade Custo não é só o que se gasta diretamente no projeto. Vale lembrar que um projeto, em sua fase de execução, raramente gera lucro. Somente após iniciar o processo de produção dará retorno financeiro à empresa. Os custos também são classificados em: • custos diretos: são custos atribuídos diretamente às atividades do projeto; • custos indiretos: são custos que não estão vinculados diretamente às atividades do projeto, mas pela sua influência nas atividade podem ser atribuídos por algum cri- tério de rateio; • custos fixos: são custos que não variam em função do volume produzido; • custos variáveis: são custos que variam em função do volume produzido. Em linhas gerais, podemos dizer que os custos são os desembolsos que podem ser atribuídos à entrega final do projeto. Já as despesas têm caráter geral, de difícil vinculação aos produtos obtidos e são geralmente vinculadas aos processos para se chegar na entrega. 4.2.2. Controlar Custos O controle de custos tem como finalidade acompanhar o andamento do projeto como meio de incrementar e retificar o orçamento, bem como gerenciar alterações no horizonte de custos (linha de base dos custos). O processo de atualização e mudança de status do orçamento necessita do registro de custos efetivos utilizados até o momento da verificação. Gestão de Projetos80 Qualquer mudança no orçamento deve ser documentada e avaliada com o que foi planejado. O monitoramento dos custos, frente aos trabalhos executados e etapas cum- pridas do projeto, é que proporcionam a análise e a tomada das melhores decisões sobre as adequações dos custos no orçamento. O controle de custos compreende: • gerir as alterações em tempo hábil; • garantir a adequação das solicitações de alterações de modo pertinente; • atuar para conter os custos não previstos dentro de patamares aceitáveis; • intervir nos aspectos que geram mudanças no horizonte de custos aprovada; • impedir que alterações não autorizadas estejam relacionadas junto aos custos e recursos; • acompanhar e comparar o desempenho da atividade em relação aos recursos financeiros utilizados; • acompanhar o desempenho de custos analisando as mudanças ao longo do hori- zonte de custos; • certificar que os custos não ultrapassem os recursos financeiros aprovados por ati- vidade, período e projeto total; • comunicar as alterações aprovadas e custos relacionados às partes integrantes e interessadas do processo. Para a efetivação do controle dos custos é necessário que todos os registros sejam atua- lizados periodicamente, de modo seja possível sua verificação e possíveis correções em tempo hábil. Erros neste processo podem prejudicar o orçamento e a concretização do próprio projeto. 4.2.3. Recomendações para Redução de Custos Parece fácil o processo de redução de custos e despesas nos projetos. Este proce- dimento não pode ser realizado de qualquer forma, necessita de muita atenção, planeja- mento, gerenciamento e, principalmente, de uma visão holística das atividades. Isso tudo para evitar que se perca tempo, dinheiro e trabalho com ações que proporcionarão mais serviço e estresse, além de poucos resultados efetivos. Assim, é fundamental que seja realizada uma administração segura dos custos por meio de um bom gerenciamento do projeto, com pessoas capacitadas, empenhadas e dis- postas a controlar os orçamentos acuradamente para que o planejado não saia dos limites estipulados e acabe prejudicando os resultados finais esperados. 81Gestão de Projetos Diversas estratégias para a redução de custos podem ser encontradas em livros e na internet, porém nenhuma delas irá substituir o papel do gerente de projetos, sua equipe e sua capacidade gerencial. De acordo com Vargas (2009), o gerente de projeto empenha-se integralmente à implantação, execução e gerenciamento do projeto, com autonomia e res- ponsabilidade em todas as atividades. Nesse contexto, algumas táticas podem contribuir na economia dos projetos e conse- cutiva redução de custos; entre elas, estão: • aumentar o desempenho e cooperação dos funcionários; • utilização responsável e consciente de máquinas, equipamentos e materiais; • confecção de um planejamento acurado, preciso em termos de cronograma e orçamento; • emprego de tecnologias; • desenvolvimento de parcerias com fornecedores. Assim, cabe ao gerente de projetos a execução destas táticas, bem como a sensibili- zação e capacitação da equipe para a sua importância na redução dos custos. 4.3. Variáveis Econômicas e Financeiras As variações econômicas e financeiras estão entre os principais fatores externos que mais afetam os projetos, principalmente em economias não estáveis. A regra é simples: se temos dinheiro,tendemos a gastar mais; se não temos dinheiro, ou se as tendências de mercado são ruins, restringimos os gastos e, desta forma, toda cadeia é afetada. O controle financeiro do projeto é o processo de monitoramento durante sua linha de evolução e tem como finalidade manter o orçamento atualizado levando em conta o que foi previsto e o realizado até a data de medição dos gastos, ou então considerando os pon- tos de entrega do cronograma. © R aw pi xe l.c om / / S hu tt er st oc k. Gestão de Projetos82 4.3.1. Controle Financeiro do Projeto Controlar as finanças de um projeto é imprescindível para manter o orçamento den- tro do planejado. O controle financeiro auxilia na maximização da utilização dos recursos. Cabe ao gerente do projeto acompanhar possíveis mudanças geradas pelas variáveis eco- nômicas, que podem afetar o orçamento do projeto. Entende-se por variáveis econômicas os fatores mesuráveis que influenciam positiva ou negativamente o comportamento econômico do mercado e nas organizações. Conse- quentemente, eles impactam fortemente em todos os projetos. Las Casas (2008, p. 110) diz que as “[...] oscilações econômicas afetam principalmente os hábitos de consumo e o rendimento dos consumidores, com reflexos imediatos para os diferentes setores. [...]” e Boone e Kurtz (2009, p. 93) afirmam que “a saúde geral da eco- nomia influencia a quantia que os consumidores gastam e aquilo que eles compram. Essa relação também funciona ao contrário. A compra do consumidor desempenha um papel importante na saúde da economia [...]”. É primordial que qualquer variação de gastos acima do determinado no orçamento seja evidenciada, para que, em caso de necessidade, possa ser negociado com as partes interessadas um reajuste do orçamento. Um controle eficiente de custo deve garantir: garantir que o monitoramento do orçamento esteja dentro do permitido com relação à linha base do custo do projeto; verificar se a qualidade da entrega e o desembolso estão dentro do esperado e previsto. visões positivas das partes interessadas para permitir alterações no orçamento; possibilitar que todas as solicitações de mudança sejam feitas de maneira propicia; assegurar que os gastos não extrapolem os recursos financeiros destinados a cada fase do projeto; Medir somente os recursos e limitá-los, sem que se tenha a satisfação dos envolvi- dos, não tem grande impacto positivos quando se trata das entregas. Muito pelo contrário, pode gerar uma força de oposição ao projeto por parte dos recursos humanos envolvidos. © D TC O M 83Gestão de Projetos 4.3.2. Previsão de Variação de Custo e Orçamento Uma tarefa mais difícil ainda do que prever o orçamento é prever o quanto o mesmo poderá variar durante a sua linha de execução do projeto. Desta forma, quanto mais o pro- jeto progride, mais a equipe deve se empenhar para revisar sua estimativa de gastos Se no decorrer do projeto o GP verificar que o desempenho do trabalho está aquém do esperado, deve-se recorrer a técnicas específicas para avaliação da previsão dos gastos como: Gerenciamento do valor agregado. Índice do desempenho para término. Previsão Análise de variação. Análise do desempenho. Todas as variações devem ser analisadas e registradas nos documentos do projeto, a fim de gerar um histórico orçamentário. Dessa forma, torna-se possível a comparação entre o orçado e o realizado. 4.3.3. Índices e Oscilações Atualmente, os impactos gerados por oscilações causadas por mercados externos são presentes e marcantes em nossas vidas. É inevitável que, devido a vários fatores influen- ciadores, os gastos tenham variações, de modo que é fundamental o desenvolvimento de métodos para mensurar estas variações, que possibilitem diagnosticar o que fazer para mantê-las dentro de um patamar seguro para o projeto. © D TC O M Gestão de Projetos84 Pausa para refletir Analise a dificuldade que as empresas encontram para manter um projeto dentro do plane- jado, respeitando o orçamento e cronograma com tantas oscilações que ocorrem na econo- mia. Quais índices podem lhe auxiliar a acompanhar as mudanças, e como os utilizaria para manter o projeto atualizado? Devido às variáveis como custos, datas, cronogramas, entre outras informações, muitos gestores recorrem a complexas sistemáticas de análise, as quais consomem muito tempo, com um resultado nem sempre satisfatório. Um dos métodos de se avaliar as oscilações com base no seu índice é a Curva S, que devido à sua representação gráfica permite facilmente perceber os desvios daquilo que foi planejado com relação ao realizado. Esclarecimento A Curva S é a representação gráfica da evolução do projeto que pode descrever uma série de informações importantes como o consumo dos recursos, custos, o avanço alcan- çado pelo trabalho já realizado, entre outras informações importantes (VASCONCELOS, 2012). © S it ti po ng P ho ka w at ta na / / S hu tt er st oc k. 85Gestão de Projetos Como ela é visualmente interpretável, todo o ciclo de vida, histórico e a saúde do pro- jeto podem ser analisadas ali, o que permite traçar tendências, para então definir uma inter- venção em casos de comprometimento dos custos que poderão levar ao fracasso do projeto. A figura a seguir apresenta um exemplo da curva S em conjunto com a linha de base. Linha de base dos custos V al or es c um ul at iv os Necessidade de financiamento Fluxo de caixa esperado Tempo A diferença entre o financiamento máximo e o final da linha de base dos custos é a reserva para gerenciamento. Independentemente de como tratamos as variações e oscilações, o gestor de proje- tos deve sempre estar atento a todos índices de mercados e suas variáveis na tentativa de antever as distorções que possam ocorrer no orçamento do projeto. 4.4. Viabilidade Econômica de Projetos Um estudo de viabilidade econômica financeira visa analisar a aplicabilidade do pro- jeto e, assim, obter uma perspectiva do seu desempenho em relação ao mercado. Dessa forma, é possível apresentar uma maior segurança quanto aos investimentos a serem reali- zados no projeto ou comparar e apoiar uma decisão quando se tem mais de uma opção. Para compreendermos melhor os métodos de avaliação econômica, precisamos saber o que é um fluxo de caixa. Trata-se de entradas(+) e saídas(-) de valores em um caixa em um determinado período. (período de tempo) 754 1 2 3 60 VFReceitas / Entradas Despesas / SaídasVP n © D TC O M Gestão de Projetos86 Sendo: PMT: entradas (receitas) e saídas (despesas). n: período de tempo (exemplo: dias, meses ou anos). i: taxa de juros. VP: valor presente, que é o investimento inicial (que é negativo). VF: valor final (que é positivo). Os métodos de avaliação econômica fornecem informações importantes para a tomada de decisão relativas a fatores econômicos que possam interferir no projeto. A seguir serão apresentados quatro métodos essenciais de avaliação (SILVA; PARIZZI, 2016). • Payback: consiste no tempo necessário para que a empresa obtenha o retorno da aplicação financeira realizada no projeto. Pode ser encontrado por meio da fór- mula: Investimento inicial : Entrada de caixa no período Payback ; • Valor Presente Líquido (VPL): é uma métrica que calcula o valor presente de uma progressão de pagamentos futuros, descontando uma taxa de custo de capital. É encontrado utilizando a seguinte fórmula: ( ) n t t t=0 FC VPL = 1 + i ∑ , onde: FCt: fluxo de caixa do período t i: taxa de desconto t: período; • Taxa Internade Retorno (TIR): é uma taxa necessária de retorno que assegura a reposição precisa de um investimento efetivado. A TIR pode ser obtida por meio da fórmula: ( ) ( ) n t t t=0 FC TIR = VPL = 0 1 + TIR ∑ , onde: FCt: fluxo de caixa do período t VPL = 0 t: período; • Índice de Retorno Sobre o Investimento (ROI): corresponde ao percentual de ren- tabilidade que se espera conseguir a partir do capital inicial investido no projeto. O ROI pode ser obtido por meio da seguinte fórmula: Lucro líquido do período ROI : 100 Investimento incial total × . 87Gestão de Projetos Estes métodos de avaliação propiciam informações e projeções futuras importantes para análise da viabilidade do projeto. A utilização destes métodos em conjunto proporcio- nam melhores resultados e maior segurança nas tomadas de decisões. Todo estudo de viabilidade financeira tem como objetivo principal estimar o total de investimento necessário para colocar um projeto em prática. São considerados vários fatores como o capital necessário para o investimento, despesas, receitas, rendimentos e desembolsos das partes interessadas, caso contrário o projeto será descartado. 4.4.1. Estudo de Viabilidade A abrangência de um projeto poderá ter a amplitude definida por seu modelo de entrega e ser focado em um projeto particular, uma determinada área ou em um grupo de projetos. Durante o estudo de viabilidade econômica é preciso, inicialmente, avaliar a via- bilidade do projeto e entender o grau de aceitação dos patrocinadores. Por isso, é impres- cindível uma análise do mercado para o qual o projeto se destina. Só então os fatores que influenciarão a viabilidade serão exteriorizados. A viabilidade de um projeto tem direta correlação com seu objeto de entrega final, sendo que cada corporação deverá definir sua entrega conforme seu segmento ou necessidade. Dentro do estudo de viabilidade devemos observar os seguintes pontos: • se o projeto sugerido irá resultar na entrega almejada pelas partes interessadas; • se o orçamento definido garante a viabilidade do projeto; • se os recursos envolvidos são suficientes para cobrir os custos assumidos no orça- mento e as entregas. © a na ke n2 01 2 / / S hu tt er st oc k Gestão de Projetos88 Além disso, o estudo de viabilidade deverá verificar os impactos externos do projeto como: impacto social do projeto resposta de mercado retorno econômico estudo ambiental condição técnica de sua execução situação legal do projeto Para apoiar na decisão, vamos utilizar os métodos de avaliação econômica e, para isso, aplicar é preciso considerar a aplicação de cada um deles, analisar e decidir quanto a aceitar ou rejeitar o investimento. Vamos considerar que temos três caminhos para execu- ção de um projeto e utilizar calculadora financeira: Investimento Inicial Retorno Anual Escolha A 200.000 100.000 Escolha B 100.000 60.000 Escolha C 500.000 320.000 VP (valor presente) e VPL (valor presente líquido): Vão trazer para o valor presente todos os valores do fluxo de caixa aplicando uma taxa de juros (i). VPL = VP – investimento inicial. Variável Escolha A Escolha B Escolha C PMT 100.000 60.000 320,000 i 12% 12% 12% n 5 5 5 Investimento inicial 200.000 100.000 500.000 VP 360.477,62 216.286,57 1.157.528.39 VPL 160.477,62 116.286,57 657.528,39 Neste exemplo a escolha C seria a melhor opção, pois tem maior VPL. © D TC O M 89Gestão de Projetos Payback: demostra qual o tempo em que o valor retornará para o investidor. Para se ter este valor, é necessário dividir o investimento inicial pelo valor de retorno no tempo. Investimento Inicial Retorno Anual Payback Escolha A 200.000 100.000 2,00 Escolha B 100.000 60.000 1,67 Escolha C 500.000 320.000 1,56 Neste exemplo a escolha C seria a melhor opção, pois tem um tempo de retorno do investimento menor. Payback descontado: se utiliza da taxa uma taxa (i) no PMT considerando o valor no tempo. No exemplo vamos considerar 12% a taxa ao ano. Neste caso, vamos é preciso cal- cular o (n) na calculadora financeira. Variável Escolha A Escolha B Escolha C PMT 100.000 60.000 320,000 Investimento inicial 200.000 100.000 500.000 i 12% 12% 12% n 3,00 2,00 2,00 Neste exemplo, a escolha B ou C seriam a melhor opção, pois tem um tempo de retorno do investimento menor. TIR: é utilizado para comparação. O maior TIR é a melhor escolha. Pode ser usado como complemento à TMA (taxa mínima de atratividade), que seria a taxa mínima acei- tável pelo investidor para aceitar o projeto (por exemplo: ser aceito se form maior do que a taxa da poupança). Vamos considerar que queremos saber a TIR que tem maior retorno para um período de 5 anos com uma taxa de mercado de 12% (mínimo aceitável TMA). Variável Escolha A Escolha B Escolha C PMT 100.000 60.000 320,000 Investimento inicial 200.000 100.000 500.000 n 5 5 5 TIR (i) 41,04% 52,80% 57,37% Neste exemplo, a escolha C seria a melhor opção, pois tem o maior TIR, além de TIR > TMA (57,37%> 12%), ou seja, tem uma taxa de retorno maior para o investidor. Gestão de Projetos90 Regras para aceitar ou rejeitar um projeto – métodos de avaliação econômica Conforme aplicação, deve-se considerar: a) VPL > VP: para que se tenha retorno e não prejuízo ao final do projeto, tendo um gasto menor que o investimento inicial. b) TIR > TMA: ter uma taxa de retorno maior, caso contrário, valeria mais aplicar o dinheiro em um banco, por exemplo, ao invés de fazer o projeto. c) Payback descontado < vida útil: neste caso, não se terá o tempo necessário para retorno do investimento. Considerando os pontos acima, quando analisar os resultados e tiver que tomar uma decisão, se tiver dúvidas, a melhor opção é o maior VPL mesmo que o TIR ou Payback sejam melhores em alguma situação específica. O melhor VPL e escolha seria, neste exem- plo apresentado, o projeto C. Somente com todos os itens ponderados é que poderemos ter uma perspectiva mais asser- tiva sobre a viabilidade geral do projeto que se propõe. 4.4.2. Viabilidade de Mudança Apesar de todo esforço para definir um orçamento com precisão e para fazer com que o mesmo contemple boa parte do cenário do projeto, alguns fatores devem ser levados em consideração, principalmente pela sua imprevisibilidade, como os atrasos nas entregas, faltas não programadas dos recursos humanos, conflitos entre recursos, retrabalhos, entre outros. Alterações no escopo do projeto podem ser solicitadas a qualquer momento pelas partes interessadas. Mas será que vale a pena realizar esta mudança? Vamos criar uma analogia com o projeto de uma casa. Se você fosse o engenheiro chefe do projeto e, na hora de entregar as chaves para os residentes, as partes interessadas quisessem mudar o piso do banheiro, qual seria sua reação? Um dos melhores indicadores para atestar se uma mudança vale a pena é o custo da mudança. Geralmente, muitas das alterações solicitadas impactam diretamente no orça- mento, por isso é necessário ter controle absoluto sobre elas. Antes de realizar as mudanças deve-se: • avaliar todos os fatores que possam evitar as mudanças, inibindo, desta forma, esforços desnecessários em ações de pouco resultado; 91Gestão de Projetos • se aprovada a mudança, esta deve ser implementar rapidamente, devido ao fato de que ações lentas podem onerar ou inviabilizar a mudança ou até o projeto como um todo. Muitas vezes as mudanças em projetos podem ocorrer por causa de um determi- nado imprevisto, demandando alterações no projeto e, consecutivamente, em seu orça- mento. Assim, quanto mais cedo as mudanças forem necessárias, mais fácil será de implementá-las.Em todas as fases do projeto, toda solicitação documentada de mudança deve ser aprovada por todas as partes interessadas, homologadas pelo gerente do projeto e pela equipe executora. Finalmente, se a viabilidade da mudança for considerada plausível, mas demanda alteração do escopo e do orçamento do projeto, a sua aprovação será condicionada à alte- ração na linha de base do projeto. Caso contrário, ela será rejeitada. Pausa para refletir. Agora pense em um projeto aprovado e em execução, porém mudanças na economia sugerem alterações no mesmo, principalmente no seu orçamento. Em termos de critérios de viabilidade de mudança, o que você levaria em consideração para tomar a decisão de mudar o projeto? 4.4.3. Recomendações para Viabilização do Projeto O gestor de projetos deve sempre estar atento ao fato de que um projeto não é idea- lizado por uma só pessoa. Existem várias partes interessadas que devem sempre estar em comum acordo nas decisões. Para que o projeto seja viável, é importante tomar decisões sempre perante um comitê gestor e garantir que os papeis dos integrantes deste comitê estejam claramente definidos pelas partes interessadas no projeto. Todas as decisões do comitê deverão ser documentadas e comunicadas às partes interessadas para atualização das informações e para acompanhamento da evolução do projeto. Qualquer decisão relativa ao projeto e sua viabilidade deve estar muito bem emba- sada por dados e informações, levando em conta todos os aspectos do projeto, como mer- cado, etapas de trabalho, orçamento, recursos e suprimentos, entre tantos outros fatores chaves para o seu sucesso. Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Crie um orçamento baseado nos seus gastos ou de sua família. Em uma planilha, identifique seus custos e des- pesas diretas e indiretas. Inclua no orçamento um investimento pessoal com um objetivo e esboce um projeto para chegar a este objetivo. Na internet existem várias planilhas com modelos de orçamentos domésticos que podem servir de modelo. Ao produzir seu orçamento, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Recapitulando Previsão não é adivinhação, portanto, precisamos entender muito bem a finalidade do projeto para determinar seu orçamento com precisão. Seja qual for a característica prin- cipal do projeto, precisamos levantar quanto, monetariamente, será necessário para exe- cutar suas atividades. Também precisamos entender como os recursos são qualificados dentro do projeto e o tempo estimado de execução. Estes fatores se complementam para compor o orçamento e o cronograma, indispensáveis para a gestão do projeto. Todo projeto está sujeito a imprevistos que podem comprometer seu bom anda- mento. Ausência de pessoal, a falta de um colaborador-chave do projeto, atraso no supri- mento, redução de custos por ajustes orçamentários, problemas climáticos. Estes são alguns dos fatores que podem impactar no cronograma e no orçamento planejado. O comportamento econômico e político do mercado afeta as organizações e, conse- quentemente, pode impactar positiva ou negativamente os projetos, indiferente da etapa em que se encontram. Assim, é necessário adaptar-se à nova realidade, buscando viabilizar as mudanças necessárias ao projeto. Para alterar um projeto, devemos levar em consideração o impacto que a mudança vai gerar, se existe flexibilidade no orçamento para viabilizar esta mudança e quais recur- sos serão essenciais (mão de obra, suprimentos, etc.). Com estas informações mensuradas, é possível tomar a decisão mais correta que viabilize a mudança necessária. É primordial que qualquer variação de gastos acima do determinado no orçamento seja evidenciada para que, em caso de necessidade, um reajuste possa ser negociado com as partes interessadas. Medir somente os recursos e limitá-los, sem levar em conta a satis- fação dos envolvidos, não tem grande impacto positivo nas entregas. Muito pelo contrário, pode causar força de oposição ao projeto por parte dos recursos humanos envolvidos. 93Gestão de Projetos Uma tarefa mais difícil ainda do que prever o orçamento é prever o quanto o mesmo poderá variar na sua linha de execução. Quanto mais o projeto progride, mais a equipe deve se empenhar em revisar sua estimativa de gastos. Indicadores podem auxiliar no acompanhamento e atualização dos projetos, índices econômicos como o Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM), Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), Sis- tema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC), são alguns dos vários indicadores que auxiliam a manter o projeto atualizado conforme oscilações do mercado. É inevitável que, devido a vários fatores influenciadores, os gastos venham a ter variações. Mas é fundamental que desenvolvamos métodos para medir estas variações e diagnosticar o que deve ser feito para mantê-las dentro de um patamar seguro para o projeto. A avaliação econômica de investimentos é um estudo realizado para examinar se compensa investir no projeto ou não. Para isso, podemos avaliar a taxa de retorno do ativo, o período de retorno do investimento e se o projeto é compensatório economicamente. Alterações no escopo do projeto podem ser solicitadas a qualquer momento pelas partes interessadas, mas as consequências das mudanças devem ser muito bem analisa- das para verificar se estas compensam o trabalho. Geralmente muitas das alterações soli- citadas impactam diretamente no orçamento. Por isso, é necessário ter controle absoluto sobre elas. Coordenar e controlar holisticamente as mudanças no projeto é fator chave para o sucesso do mesmo. Gestão de Projetos94 Referências BOONE, L. E.; KURTZ, D. L. Marketing Contemporâneo. Tradução Roberta Schneider. São Paulo: Cengage Learning, 2009. DIEL, J. O.; BAMPI, A.C. Benchmarking e balanced scorecard combinados: ferramentas para tomada de decisão na gestão pública. Espacios. v. 37, n. 6, 2016, p.15. LAS CASAS, A. L. Marketing educacional: da educação infantil ao ensino superior no con- texto brasileiro. São Paulo: Saint Paul Ed.,2008. SILVA, D. F.; PARIZZI, C. Análise da viabilidade econômico-financeira do projeto de aber- tura de uma empresa de alimentação coletiva. Ling. Acadêmica. Batatais. v. 6, n. 1, 2016, jan./jun. P. 9-26. VASCONCELOS, H. Curva S no Microsoft Project. Microsoft TechNet, 2012. Disponível em: <social.technet.microsoft.com/wiki/contents/articles/10185.curva-s-no-microsoft-pro- ject-pt-br.aspx >. Acesso em 15/07/2018. VARGAS, R. Gerenciamento de projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. 6 ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2009. 95Gestão de Projetos OBJETIVOS DO CAPÍTULO • Determinar os requisitos da qualidade de um projeto. • Definir as ferramentas que são necessárias para a verificação da qualidade reque- rida do projeto. CAPÍTULO 5 Gestão da Qualidade Ana Carolina Greef TÓPICOS DE ESTUDO 1 Garantia da Qualidade 3 Dimensões da Qualidade • Certificações de Qualidade. • Gerenciamento da Qualidade. • Planos para Qualidade. • Indicadores da Qualidade. • As 9 dimensões da qualidade. • Ferramentas de planejamento da qualidade. • Ferramentas de organização da qualidade. 2 Enfoques da Qualidade 4 Monitoramento da Qualidade do Projeto • Qualidade pela Perspectiva do Cliente. • Modelos Mentais. • Fatores Críticos do Sucesso. • Métodos e Técnicas Ágeis. • Qualidade no Projeto. • Controle da Qualidade no Projeto. • A Gestão de Ativos que Propiciam Qualidade. • Informação e Qualidadenos Projetos. Gestão de Projetos96 Contextualizando o cenário Ao desenvolver um projeto, o Gerente de Projetos precisa administrar o desenvolvimento do resultado do projeto em si, e o andamento do próprio projeto. Imagine que você gerencia um projeto de desenvolvimento de um aplicativo para celular que está na fase de testes com usuários e validação com o cliente. Você precisa identificar se o aplicativo atende às expectativas que seu cliente estabeleceu e se atende às necessidades dos usuários. Para essas verificações, você deve estabelecer com antecedência quais seriam os critérios definidos pelo cliente e pelos usuários, ou seja, quais seriam os aspectos que o aplicativo deveria ter para ser considerado um produto de qualidade. Além disso, você pre- cisa garantir que a equipe atue de acordo com o esperado, que o cronograma seja seguido, que o prazo e custos sejam respeitados. Todos esses aspectos se referem à gestão da qualidade em um projeto e levam à seguinte questão: como definir e garantir resultados e qualidade em um projeto e quais ferramen- tas podem ser utilizadas para isso? 97Gestão de Projetos 5.1. Garantia da Qualidade Para garantir a qualidade em um projeto, você precisa ter o significado de qualidade muito claro, tanto na condição de gerente de projetos quanto na condição de membro da equipe. Vamos utilizar aqui a definição apresentada pelo Project Management Institute (2013, p. 228) segundo a qual qualidade é um determinado “grau em que um conjunto de características inerentes atende aos requisitos”. Os requisitos são estabelecidos tanto pelos clientes, patrocinadores e usuários dos resultados do projeto quanto pela própria equipe executora e seu gerente. Exemplo Startups podem ser patrocinadas por investidores, para iniciar sua atividade no mercado. Nesses casos, a startup é tem o papel de cliente dessa iniciativa de patrocínio, os consumidores têm o papel de usuários do projeto, e os investidores, assumem o papel de patrocinadores. Essas características são atributos dos resultados de um projeto, e dele próprio, que devem ser atendidos durante e ao final de sua realização. 5.1.1. Certificações de Qualidade Existem padrões de qualidade reconhecidos que se aplicam a projetos de maneira geral. As normas ISO são o principal exemplo dessas certificações, a começar pelo fato de que a sigla ISO significa International Organization for Standardization, ou seja, Organiza- ção Internacional para Padronização (TEIXEIRA; BRAZ, 2014). Aqui no Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), é a instituição que representa essa entidade. Curiosidade Acesse o Portal de publicações da ABNT (2018b) para verificar as normas disponibilizadas. Certamente você já ouviu falar das normas ISO 9000. Elas são o principal conjunto de certificações de gerenciamento e garantia da qualidade nas empresas. A norma ISO 9001 atesta a qualidade do processo de desenvolvimento, do projeto à entrega, gerando produ- tos sem falhas (TEIXEIRA; BRAZ, 2014). Gestão de Projetos98 Certificações de qualidade. Existem também: a norma ISO 14001, de gestão ambiental; a norma ISO 16001 de responsabilidade social, que trata do impacto das atividades da empresa no meio ambiente e na sociedade (INMETRO, 2018); e a norma OHSAS 18001, de saúde e segurança do traba- lho. Essas normas fornecem especificações aceitas em âmbito internacional, em sua maio- ria alinhadas com a legislação local. 5.1.2. Gerenciamento da Qualidade O gerenciamento da qualidade é uma das áreas de conhecimento em gestão de proje- tos estabelecidas pelo Project Management Institute (2013). Na ilustração que segue, você pode verificar as etapas e respectivos objetivos desse gerenciamento: Etapas do gerenciamento da qualidade em projetos. Realização do controle da qualidade Realização da garantia da qualidade Planejamento da qualidade Acompanhar os resultados do projeto verificando se atendem aos padrões de qualidade estabelecidos para o projeto e, caso não atendam, promover ações corretivas. Aplicar ações específicas para garantir que o projeto está atendendo todos os padrões de qualidade estabelecidos. Estabelecer quais serão os padrões de qualidade do projeto e definir como serão atendidos. Fonte: Adaptado de PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013, p. 227. © D ig it al S ai nt / / S hu tt er st oc k. © D TC O M 99Gestão de Projetos O Gerente de Projetos (GP) precisa aplicar as etapas apresentadas na ilustração e pro- mover o equilíbrio entre o que é esperado do projeto, as normas que precisam ser segui- das em sua realização, e o foco no cliente, suas necessidades e expectativas (CARVALHO; RABECHINI JUNIOR, 2015). Exemplo Para projetos de engenharia, existem normas de segurança; para projetos de tecnologia da informação, existem normas de desenvolvimento e infraestrutura. Sendo assim, durante todo o projeto, o GP precisa estar atento às atividades e às en- tregas, verificando se atendem aos requisitos e estão de acordo com o previsto. 5.1.3. Planos para Qualidade Os planos de qualidade de um projeto devem levar em conta as expectativas e neces- sidades do cliente. Existem projetos nos quais aquele que fornece o recurso (patrocinador), aquele que encomenda o produto (cliente) e aquele que irá utilizar o produto de fato (usuá- rio), são sujeitos diferentes. Para formalizar quais são as necessidades dessas partes e veri- ficar se estão sendo atendidas, o GP precisa criar o plano de gerenciamento da qualidade, como ilustrado no exemplo a seguir: Modelo de plano de gerenciamento da qualidade. Projeto: Camiseta tecnológica. Produto e subprodutos do projeto: Camiseta com tecido tecnológico para praticar esportes. Subprodutos: manga longa removível. Gerente: Nome do gerente do projeto. Patrocinador: Empresa Tecelar. Cliente: Lojas do varejo. Usuário(s): Praticantes de esportes ao ar livre. Gestão de Projetos100 Critérios de aceitação por cada parte interessada: Patrocinador: produto com baixo custo de produção e alta rentabilidade. Clientes: produto inovador, com uso claro para o consumidor, com características diferenciadas e fácil de armazenar. Usuários: produto leve, com preço acessível, durável e fácil de lavar. Equipe do projeto: ter orçamento disponível para testes, realizar reuniões de acompanhamento periódicas, obter feedback sobre cada etapa de desenvolvimento. Responsabilidades para garantir a qualidade: Patrocinador: acompanhar e validar investimento mensal. Clientes: validar entregas, quando solicitado. Usuários: fornecer feedback aos testes, quando solicitado. Equipe do projeto: adequar características do projeto às necessida- des das demais partes interessadas e da empresa desenvolvedora. Responsabilidades para controlar a qualidade: Patrocinador: fornecer feedback. Equipe do projeto: promover reuniões periódicas de acompanhamento. Assinaturas: Data: Fonte: Adaptado de TRENTIM, 2015, p. 303-304. A cada momento do acompanhamento, o Gerente precisa retomar esse plano e, quando envolver as partes interessadas, orientá-las sobre seu papel e lembrar dos requisi- tos de aceitação apresentados no planejamento. 5.1.4. Indicadores da Qualidade A qualidade do produto e do projeto precisa ser verificada a partir da aprovação do planejamento. Essa verificação se dá por meio dos indicadores, das carac- terísticas do produto e do projeto a serem atendidas (TRENTIM, 2015). Os critérios de aceitação das partes interessadas e os indicadores da qualidade do projeto precisam ser traduzidos em fatores verificáveis. © iQ on ce pt / / S hu tt er st oc k101Gestão de Projetos Pausa para refletir: Como sintetizar o que significa a qualidade em um projeto específico? Veja exemplos de indicadores da qualidade de um projeto (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013): • volume de recursos destinados ao projeto, sem ultrapassar o limite; • custos do projeto, sem ultrapassar o orçamento; • prazos das atividades do projeto, atendidos individualmente; • produtividade e retrabalho; • satisfação das partes interessadas; • comunicação eficaz, de modo a nivelar o entendimento sobre as informações por parte de todos, aprimorar o relacionamento interno da equipe e gerar confiança entre seus membros. Conheça agora alguns exemplos de indicadores da qualidade de um produto (PRO- JECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013): • quantidade de defeitos identificados; • atendimento aos critérios de aceitação de cada parte interessada; • volume de mudanças em relação aos requisitos iniciais. Os indicadores relacionados ao produto ou resultado variam a cada projeto. 5.2. Enfoques da Qualidade Em um projeto, a qualidade assume duas vertentes: a do projeto em si e a do pro- duto ou resultado. Todo projeto precisa ter uma definição clara de qual é o resultado que irá gerar. Esse resultado somente poderá ser entregue com a qualidade esperada se o pro- jeto for gerenciado adequadamente. Gerenciar a qualidade é uma ação comum a todos os projetos. O foco é garantir os maio- res índices de produtividade, de satisfação e de integração da equipe e outros interessados. Já a qualidade do resultado gerado no projeto varia a cada esforço, pois depende muito da atenção atribuída pelo cliente ao longo de seu desenvolvimento para avaliar e validar se os seus critérios de qualidade estão sendo atendidos. Ela depende também da influência das partes interessadas e de se a qualidade foi acompanhada durante a execução do projeto como um todo. Gestão de Projetos102 5.2.1. Qualidade pela Perspectiva do Cliente Ao longo de todo o projeto, o GP e a equipe de desenvolvimento devem estar infor- mados e manter como foco o atendimento aos requisitos de qualidade por parte do cliente do projeto. Para isso, é preciso identificar quem são esses clientes. Isso pode ser feito, por exemplo, em um documento como o da ilustração: Modelo de registro de clientes do projeto. Projeto: Gerente: Cliente: Contatos: Forma de entrar em contato: Observações: Fonte: Adaptado de CARVALHO; RABECHINI JUNIOR, 2015, p. 228. Após identificar os clientes, é necessário mapear os requisitos da qualidade para o projeto considerando as abordagens de qualidade propostas por Garvin (2002) citado por Sousa et al (2016, p. 213): • “Abordagem transcendental”: características de excelência já embutidas no pro- duto do projeto; • “Abordagem baseada na manufatura”: iniciativa de agregar qualidade e ser fiel aos requisitos e especificações do produto do projeto, em todas as etapas de sua realização; • “Abordagem baseada no usuário”: iniciativa de analisar se o(s) resultado(s) do pro- jeto está ou estão de acordo com as expectativas do usuário, atendendo à sua necessidade; • “Abordagem baseada em produto”: conjunto de aspectos ou características do produto do projeto que precisam estar presentes para atender seu demandante; • “Abordagem baseada em valor”: iniciativa de fundamentar o nível de qualidade do projeto e seu produto na relação entre os custos e o preço final. Qual ou quais abordagens serão seguidas no projeto é uma definição que deve ser realizada pelo Gestor do Projeto em conjunto com os clientes, em consenso. 103Gestão de Projetos 5.2.2. Modelos Mentais Atuar com projetos é atuar com pessoas, seja com membros da equipe, seja com clien- tes, fornecedores, parceiros, financiadores, entre outras partes interessadas. Para identificar os requisitos da qualidade, com foco no projeto e seus resultados, o GP precisa identificar e lidar com diferentes modelos mentais. Pausa para refletir: Como identificar e tratar os diferentes modelos mentais existentes em um projeto? Conforme Senge (2009, p. 33), “modelos mentais são pressupostos profundamente arraigados, generalizações ou mesmo imagens que influenciam nossa forma de ver o mundo e de agir”. Um modelo mental é uma estrutura de conhecimento individual de cada pessoa, que ela utiliza para compreender e para explicar suas experiências. Os modelos mentais têm influência sobre a qualidade em projetos, pois cada cliente e demais partes interessadas em seus resultados têm formas diferentes de expressar e entender as suas expectativas sobre essa qualidade. Por exemplo: o cliente do projeto de uma revista sobre locais turísticos inusitados define como qualidade que a revista apresente a exposição dos locais que estão sendo divulgados pela empresa para turismo. Já a equipe da revista entende qualidade como a formatação do modelo da revista, com padrões de conteúdo, imagens, etc. 5.2.3. Fatores Críticos do Sucesso Os fatores críticos de sucesso de um projeto precisam estar presentes em seu desen- volvimento e resultados para que ele seja considerado bem-sucedido. Para o Project Mana- gement Institute (2013), esses fatores são: • satisfazer às necessidades do cliente; • prevenir erros em vez de corrigi-los; • estabelecer a responsabilidade da gerência do projeto; e • realizar a melhoria contínua nas atividades do projeto. Esses fatores são genéricos, como podemos observar. Para especificar melhor os aspectos que são críticos para o sucesso de projetos, Morioka e Carvalho (2014) realizaram um estudo que aborda os seguintes aspectos: Gestão de Projetos104 Dimensões e fatores críticos de sucesso em projetos. Grupo Dimensão Esclarecimento Fatores Críticos de Sucesso Projeto e gestão do projeto Planejamento e controle do projeto Como o gerente de projetos atua diretamente. Envolvimento dos clientes. Definição e controle do escopo, orçamento e cronograma. Desempenho dos fornecedores. Metodologia e ferramenta de gestão. Natureza do projeto Características do projeto, singularidade, rigor, metas, impacto, características inovadoras, entre outros. Pessoas Recursos humanos Preocupação com a equipe do projeto. Motivação da equipe. Comunicação entre todos os envolvidos.Partes interessadas Identificação e envolvimento. Empresa desenvolvedora Ambiente externo Aspectos do contexto externo ao projeto. Valor do projeto. Apoio da alta direção. Fonte: Adaptado de MORIOKA; CARVALHO, 2014, p. 134-138. Esses fatores podem ser utilizados pelo GP como uma lista de verificação ao longo de todo o desenvolvimento do projeto para acompanhamento da qualidade. 5.2.4. Métodos e Técnicas Ágeis Conforme o resultado ao qual um projeto se propõe a desenvolver, metodologias muito complexas de gerenciamento podem representar um atraso para a realização das atividades. Por isso, estão sendo desenvolvidas metodologias e técnicas ágeis, gerando o chamado Gerenciamento Ágil de Projetos (GAP) (EDER et al, 2015, p. 482). Dica Conheça mais detalhes sobre o Gerenciamento Ágil de Projetos realizando a lei- tura do artigo Diferenciando as abordagens tradicional e ágil de gerenciamento de projetos (EDER et al, 2015). O desenvolvimento de um projeto que utiliza metodologias ágeis pode ser baseado em ciclos, também chamados sprints. Na imagem que segue, você visualiza um exemplo de ciclo de desenvolvimento desse tipo de metodologia: 105Gestão de Projetos No modelo apresentado, cada etapa do projeto segue a sequência: • levantamento de requisitos, • modelagem e desenvolvimento, • fase de testes. Melhorias são aplicadas ao resultado ainda durante o desenvolvimento, queé então lançado e revisado a partir de novo levantamento de requisitos. 5.3. Dimensões da Qualidade A qualidade pode ser mais facilmente mensurada se estiver classificada em dimen- sões, que podem ser identificadas individualmente ao longo do projeto. No caso dos resul- tados do projeto, normalmente essas dimensões se referem às expectativas do cliente, características técnicas e funções que esses resultados devem viabilizar. Para avaliar essas dimensões, existem ferramentas específicas que o GP pode utilizar desde o planejamento do projeto, formalizando os aspectos a serem avaliados em instru- mentos de acompanhamento como checklists, diagramas, tabelas e outros recursos. Assim como no mapeamento dos requisitos de qualidade, o uso dessas ferramentas é facilitado quando a comunicação é constante entre os envolvidos. 5.3.1. As 9 dimensões da qualidade Até este momento você certamente percebeu que o termo qualidade se refere a mui- tos aspectos ao mesmo tempo. Estudiosos como Garvin e Barçante identificaram as chamadas dimensões da quali- dade, que, combinadas, permitem atribuir qualidade a algo (PRESSMAN; MAXIM, 2016; MENDONÇA, SILVA, SPANHOL, LUCENA, 2011): • desempenho que o elemento proporciona; - está relacionado às características básicas de funcionamento de um produto ou serviço • características secundárias do elemento; - são características que suplementam o funcionamento básico de um produto ou serviço. • confiabilidade do elemento; - está ligada à probabilidade de quebra ou falha de um determinado produto ou serviço. • durabilidade; - está ligada à vida útil de um determinado produto ou serviço. © a st ep ha n / / S hu tt er st oc k. (A da pt ad o) . Gestão de Projetos106 • possibilidade de aplicar assistência técnica ao elemento; - está ligada ao atendi- mento ao cliente em suas reclamações, bem como na orientação ao cliente para que ele extraia o maior desempenho do produto ou serviço. • conformidade com normas e padrões; - está ligada à obediência às especificações. • estética; - está ligada às questões sensoriais, tais como som, cheiro, gosto, aconchego, aparência, etc. • percepção de qualidade; - está ligada à imagem e reputação da organização no mercado. • resposta – relativa às situações de relação entre quem fornece o produto do pro- jeto e seu cliente (ex: pontualidade, profissionalismo, moral, cortesia, etc.). Pausa para refletir: Como definir quais desses aspectos ou dimensões se aplicam ao projeto que está sendo desenvolvido? 5.3.2. Ferramentas de planejamento da qualidade Para avaliar a qualidade é necessário que esse processo tenha sido planejado. Para isso, existem ferramentas específicas que podem ser utilizadas. A primeira é o manual para administração da qualidade, que define: procedimentos de avaliação de qualidade, padrões ou requisitos esperados do projeto e produto, responsáveis pela avaliação, entre outros aspectos (MAXIMIANO, 2014). O Project Management Institute (2013) estabelece ainda outras ferramentas: Ferramentas para planejamento da qualidade. Ferramenta Objetivos Análise custo-benefício Obter o equilíbrio entre custo e benefícios do projeto, reduzindo o retrabalho e, por conseguinte, as despesas. Benchmarking Comparar o projeto em questão com boas práticas já realizadas ou pla-nejadas na mesma empresa executora ou em outras, evitando erros. Desenho de experimentos Identificar fatores que influenciam aspectos específicos de determi- nado produto ou processo por meio de cálculos. Custo da qualidade Calcular o custo do investimento para prevenir erros no atendimento aos requisitos e calcular os custos de falhas. Fonte: Adaptado de PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013, p. 235-240. 107Gestão de Projetos Como tratam-se de ferramentas do planejamento da qualidade, elas devem ser apli- cadas no início do desenvolvimento do projeto e validadas junto aos clientes e outras par- tes interessadas para que compreendam a sua importância e utilidade. 5.3.3. Ferramentas de organização da qualidade Ao longo da realização das atividades do projeto, a qualidade precisa ser acompa- nhada constantemente. A principal ferramenta para isso é a Estrutura Analítica da Qua- lidade, que relaciona requisitos e entregas do projeto (CARVALHO; RABECHINI JUNIOR, 2015, p. 171). Acompanhe na ilustração: Estrutura Analítica da Qualidade. Objetivo geral de qualidade Atributo 1 Critério 1 Entrega 1 Entrega 2 Entrega 3 Entrega 4 Entrega 5 Entrega 6 Entrega 7 Entrega n Critério 2 Critério 3 Critério 4 Critério 5 Critério 6 Critério 7 Critério 8 Critério n Atributo 2 Atributo n Fase 1 Fase 2 Projeto Fase n Fonte: Adaptado de CARVALHO; RABECHINI JUNIOR, 2015, p. 171. Na Estrutura Analítica da Qualidade os atributos são as características de qualidade do resultado do projeto desdobradas em critérios. Cada critério é relacionado a entregas em cada fase do projeto. © D TC O M Gestão de Projetos108 Outra ferramenta de organização da qualidade é o relatório de desempenho (CARVA- LHO; RABECHINI JUNIOR, 2015), contendo o que foi feito, o que está sendo feito e o que não foi feito no período. É ideal que esse relatório seja preenchido em conjunto pelo GP, membros da equipe e partes interessadas. 5.4. Monitoramento da Qualidade do Projeto Monitorar a qualidade é uma ação que deve ser parte da rotina de toda a equipe de execução do projeto, pois todos os envolvidos devem conhecer os requisitos de qualidade a serem entregues como meta de seu próprio trabalho individual e coletivo. Por isso, o monitoramento ou o controle da qualidade no projeto precisa ser realizado constantemente, para verificar se os resultados que estão sendo elaborados de acordo com os requisitos. Essa iniciativa também serve para verificar se o projeto em si está atendendo aos aspectos de qualidade que foram inicialmente traçados para ele. 5.4.1. Qualidade no Projeto O Project Management Institute (2013) orienta que sejam coletadas constantemente informações a respeito do andamento das atividades. Essas informações precisam estar disponíveis e claras a todos os envolvidos para que o GP possa analisar os resultados do projeto de acordo com as expectativas. Na imagem abaixo você verifica aspectos que, quando gerenciados nas organizações, levam ao alcance do objetivo final “qualidade” em seus projetos: Aspectos que levam à qualidade em projetos. Operações Resultados Avaliação Procedimentos Qualidade © S ky Pi cs S tu di o / / S hu tt er st oc k. (A da pt ad a) . 109Gestão de Projetos É necessário que a melhoria seja uma constante durante todo o esforço. Dessa forma, o GP evita que a qualidade no projeto seja apenas mais um componente, mas sim, consista em um desafio constante. 5.4.2. Controle da Qualidade no Projeto O controle da qualidade ao longo de um projeto envolve verificar se o que está sendo desenvolvido está de acordo com as definições da fase de planejamento. Dessa forma, pode-se prevenir erros, verificar causas esperadas e não esperadas de problemas e deter- minar o nível de tolerância a eles (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013). Algumas ferramentas para controle de qualidade são gráficos de andamento, fluxo- gramas de atividades, diagramas de ocorrência de erros por tipo de causa, e diagramas de causa e efeito (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013). Na imagem a seguir você visualiza um exemplo simplificado desse tipo de diagrama: Legenda: Exemplo de diagrama de causa-efeito. No diagrama de causa e efeito é possível verificar causas que podem levar a um efeitoou problema. É possível elaborar vários diagramas como esse para um projeto, cada qual voltado a um problema previsto e suas possíveis causas. Assim, os problemas identificados durante o controle de qualidade têm suas causas rapidamente identificadas e tratadas. © D us it / / S hu tt er st oc k. Gestão de Projetos110 5.4.3. A Gestão de Ativos que Propiciam Qualidade A gestão de ativos é importante para o bom desenvolvimento de projetos, uma vez que esses recursos, de que a empresa desenvolvedora dispõe, podem fazer com que o pro- jeto tenha ou não sucesso e, portanto, qualidade. Esclarecimento Ativos são recursos que a organização possui que permitem com que realize suas atividades. Isso se aplica desde infraestrutura até contatos e parcerias. Existe uma coletânea de normas ISO voltada especialmente a essa gestão de ativos. Essa coletânea foi publicada no Brasil pela ABNT. De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2018a), essa coletânea de normas com código 55000, 55001 e 55002 tem como foco auxiliar as organizações a obter valor a partir de seus ativos e a estabelecer o chamado sistema de gestão de ativos. Caso a empresa que desenvolve o projeto aplique normas como essas, poderá utili- zar os recursos a seu favor; ou seja, para maximizar a eficiência, reduzir erros e gerar maior qualidade em seus processos e projetos. 5.4.4. Informação e Qualidade nos Projetos Ao identificar os requisitos de qualidade das partes interessadas, é possível identifi- car também as expectativas ou requisitos de qualidade da informação desses integrantes do projeto. Conforme analisamos no modelo de registro de clientes, esse documento contém um campo “Forma de entrar em contato”. Esse campo estabelece a base para promover uma comunicação de qualidade com o cliente e, por consequência, obter qualidade nas informa- ções comunicadas. Para Carvalho e Rabechini Junior (2015), aspectos essenciais de qualidade relaciona- dos à informação em projetos, são: fontes de informação, maneira como as informações são comunicadas, canais utilizados, eliminação de barreiras. Portanto, quanto mais clara, organizada e melhor estruturada for a comunicação no projeto, melhor será a qualidade dessa informação. 111Gestão de Projetos Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore um plano de gerenciamento da qualidade de um projeto à sua escolha destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir seu plano, considere as leituras básicas e com- plementares realizadas. Dica: utilize o modelo de plano de gerenciamento indicado no início deste capítulo e inclua no plano quais as ferramentas que você irá utilizar para planejar e organizar a qualidade do pro- duto e do projeto. Você pode fazer isso inserindo mais linhas na tabela referente ao plano. Recapitulando Com o estudo deste capítulo você teve a oportunidade de conhecer os aspectos que envolvem a qualidade em um projeto e seus resultados. Nesse contexto, a qualidade é sinte- tizada nas expectativas, requisitos, necessidades de clientes, equipe do projeto e outras par- tes interessadas e, por isso, deve ser acompanhada e verificada constantemente no projeto. A definição da qualidade em um projeto começa com o planejamento de como ela será identificada, gerenciada e de quais serão seus indicadores de avaliação. Ao longo da leitura você se deparou com a questão “como sintetizar o que significa a qualidade em um projeto?”. Por meio desse planejamento, identificação e gestão da qualidade, é possível definir os indicadores que serão utilizados para avaliá-la. Eles representam a síntese do que a qualidade significa para o projeto. Considerar a perspectiva do cliente e outras partes interessadas no projeto é uma ação de praxe para que a qualidade seja percebida. Isso envolve identificar os diferentes modelos mentais e alinhar a comunicação entre todos. Ao longo do texto, você se deparou com a reflexão “Como identificar e tratar os diferentes modelos mentais existentes em um projeto?”. O Gerente do Projeto deve promover essa identificação ao dialogar com as par- tes interessadas para definir os requisitos de qualidade e outros aspectos do projeto, bus- cando chegar a um consenso quanto a essas definições. Os fatores críticos de sucesso e as dimensões da qualidade em projetos são aspec- tos que estarão presentes a cada esforço e permitem determinar os requisitos de quali- dade. Durante o estudo do capítulo você também refletiu sobre como é possível definir as Gestão de Projetos112 dimensões que se aplicam a cada projeto. Na realidade, todas as dimensões se aplicam ao projeto de alguma forma; o importante é que a equipe esteja consciente a respeito delas e consiga identificá-las em seu trabalho. Existem ferramentas que podem ser utilizadas para gerenciamento da qualidade do projeto desde a fase de planejamento até a fase de controle. Entre elas estão o plano de projeto, o relatório de desempenho, a Estrutura Analítica da Qualidade, checklists, fluxo- gramas, diagramas. O importante ao selecionar e utilizar essas ferramentas é que, ao longo de todo o projeto, a qualidade precisa ser um objetivo comum a todos envolvidos. Ela também pre- cisa ser acompanhada de perto para que se tenha certeza que os resultados que estão sendo entregues e que o próprio projeto, como um todo, atende aos requisitos que foram inicialmente estabelecidos. A qualidade das informações sobre o projeto é parte desse cenário e, por isso, tam- bém deve ser observada e agregada à comunicação ao longo de todo o processo. 113Gestão de Projetos Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Implemente a gestão de ativos na sua empresa. Disponível em: <www.abnt.org.br/noticias/5478-implemente-a-gestao-de-a- tivos-na-sua-empresa>. Acesso em: 18/07/2018a. ______. Normas publicadas. Disponível em: <www.abnt.org.br/normalizacao/lista-de-pu- blicacoes/abnt>. Acesso em: 17/07/2018b. CARVALHO, M. M. de.; RABECHINI JUNIOR, R. Fundamentos em Gestão de Projetos: construindo competências para gerenciar projetos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015. EDER, S.; CONFORTO, E. Carlos; AMARAL, D. C.; SILVA, S. L. da. Diferenciando as abordagens tradicional e ágil de gerenciamento de projetos. Production, v. 25, n. 3, p. 482-497, jul./set, 2015. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/prod/v25n3/0103-6513- prod-0103-6513-2014-065512.pdf>. Acesso em: 17/07/2018. INMETRO. A norma nacional - ABNT NBR 16001. Disponível em: <www.inmetro.gov.br/ qualidade/responsabilidade_social/norma_nacional.asp>. Acesso em: 24 set. 2018. MAXIMIANO, A. C. A. Administração de projetos: como transformar ideias em resulta- dos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2014. MENDONÇA, M. T.; SILVA, V. F. da; SPANHOL, C. P.; LUCENA, L. P. de. As diversas faces da qualidade: análise em uma indústria frigorífica em Mato Grosso do Sul. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, XXXI, Belo Horizonte, out. 2011. Disponível em: <www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2011_tn_stp_135_855_17967.pdf>. Acesso em: 16/08/2018. MINEIRO, E. F. Design da informação, modelos mentais e gestão da inovação: articulações possíveis. InfoDesign, São Paulo, v. 8, n. 3, p. 26-32, 2011. Disponível em: <www.infode- sign.org.br/infodesign/article/viewFile/152/121>. Acesso em: 16/07/2018. MORIOKA, S.; CARVALHO, M. M. de. Análise de fatores críticos de sucesso de projetos: um estudo de caso no setor varejista. Production, v. 24, n. 1, p. 132-143,jan./mar. 2014. Disponí- vel em: <www.scielo.br/pdf/prod/v24n1/aop_t6_0007_0778.pdf>. Acesso em: 16/07/2018. PRESSMAN, R. S.; MAXIM, B. R. Engenharia de software: uma abordagem profissional. 8. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2016. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. A guide to the Project management body of knowl- edge (PMBOK Guide). Pennsylvania, EUA. 5. ed. 2013. SENGE, P. M. A quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende. 25. ed. Rio de Janeiro: BestSeller, 2009. Gestão de Projetos114 SOUSA, M. A. B. de; FÉLIX, C. F.; BEZERRA, R. P. P.; RIBEIRO, S. P. Qualidade da informa- ção contábil: uma análise de suas características com base na percepção do usuário externo. Iberoamerican Journal of Industrial Engineering, Florianópolis, v. 8, n. 15, p. 208-227, 2016. Disponível em: <incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/IJIE/article/viewFile/2939/ pdf>. Acesso em: 15 ago. 2018. TEIXEIRA, K. V.; BRAZ, E. M. Q. O reflexo das certificações no fortalecimento da marca empresarial. Revista Ceciliana, v. 6, n. 1, p. 21-26, jun. 2014. Disponível em: <sites.uni- santa.br/revistaceciliana/edicao_13/5.pdf>. Acesso em: 17/07/2018. TRENTIM, M. H. Manual do MS-Project 2013 e melhores práticas do PMI. São Paulo: Atlas, 2015. 115Gestão de Projetos OBJETIVOS DO CAPÍTULO • Entender os conhecimentos, habilidades e os traços de perfil dos profissionais necessários para efetiva implementação de um projeto. • Conhecer as funções, habilidades e traços de perfil requeridos dos próprios geren- tes de projetos. • Conhecer os diversos estilos de gestão dos líderes. • Determinar a matriz de comunicação de um projeto. CAPÍTULO 6 Gestão de Recursos Humanos e de Comunicações Elcio Cadene Ricardo Niehues Buss TÓPICOS DE ESTUDO 1 Formação de Equipes em Projetos 3 Liderança em Projetos • Identificação e Documentação de Funções. • Responsabilidades. • Habilidades. • Relações hierárquicas. • Acompanhamento do Desempenho. • Feedbacks. • Gestão de Conflitos. • Necessidades de Mudanças. 2 Desenvolvimento e Controle do Desempenho da Equipe 4 A Gestão da Comunicação em Projetos • Disponibilidade do Recurso. • Designações do Projeto. • Recomendações à Equipe de Projetos. • Fluxo de Comunicação. • Governança da Veracidade. • Registro e Controle de Versão. • Recomendações sobre a Comunicação. Gestão de Projetos116 Contextualizando o cenário Talvez o maior e mais desafiador trabalho para o gerente de projetos – GP dentro de um pro- jeto é fazer a gestão dos recursos humanos. Identificar habilidades, determinar responsabili- dades e manter a ordem hierárquica necessária para a evolução de um projeto é desafiador e exaustivo. Para entender isto, basta observar nossa vida cotidiana. Devemos considerar que, quando estivermos imersos no projeto, estaremos vivendo em uma grande equipe. Como toda equipe, teremos sempre arestas a serem aparadas nas relações do dia a dia. Trabalhar em equipe com forte pressão externa, controlando entregas e conduzindo indivi- dualmente cada recurso é primordial para a o sucesso em cada fase do projeto. O GP deve ter em mente o seu compromisso com as partes interessadas, mas também deverá considerar que estará trabalhando com um grupo de pessoas, que precisará conduzir para efetivar as entregas dentro dos quesitos especificados no termo de abertura do projeto e no tempo determinado pelo cronograma. Para isto, deverá estabelecer e garantir padrões de comportamento alinhados à cultura local, que podem sofrer influências externas ou inter- nas e de interesse individual dos próprios membros da equipe. Outro importante papel do GP é o de efetuar os registros, definir tarefas e responsabilida- des, criar o cronograma e o histograma da distribuição dos recursos, evidenciando também a necessidade de capacitação da equipe quanto às funções designadas para o projeto. Sempre é bom lembrar que a disponibilidade de recursos humanos é escassa ou limitada dentro de um projeto quando este utiliza membros da própria corporação. Além das tare- fas do projeto, os recursos humanos terão também que dar conta das suas demais atividades diárias dentro da corporação. Então, dentro deste cenário questiona-se: Como controlar os recursos humanos de um projeto e ainda manter a hierarquia e o desempenho pessoal de cada membro da equipe? 117Gestão de Projetos 6.1. Formação de Equipes em projetos Para o sucesso de um projeto, é importante a constituição, organização e o gerenciamento da equipe executora. Assim, é essencial que esta equipe esteja bem estruturada, capaz de trabalhar em grupo com disciplina e responsabilidade, capaz de aprender e desenvolver novos conhecimento e habilidades necessárias para o projeto. O planejamento da gestão de recursos humanos, juntamente com o cronograma e orçamento, irá identificar e documentar os papéis e as responsabilidades de cada membro das equipes de trabalho, assim como as habilidades necessárias para cada função e as rela- ções hierárquicas do projeto. Entender a aptidão das pessoas envolvidas é identificar o potencial que cada uma delas tem para a realização de determinadas tarefas ou atividades (MAXIMIANO, 2014). Essa seleção é fundamental para descobrir possíveis lacunas que possam prejudicar a evo- lução do projeto. 6.1.1. Identificação e Documentação de Funções Dependendo do projeto e de sua amplitude, torna-se impossível controlar sozinho todos os recursos e, desta forma, aconselha-se a criar pequenas equipes e nominar um líder dentro de cada uma delas que deverá acompanhar o desempenho de cada célula. Para auxiliar este processo, devemos utilizar uma Estrutura Analítica de Projetos (EAP) como base para a definição das funções e responsabilidades dos membros da equipe. Esclarecimento A EAP é um método que subdivide o trabalho e as atividades do projeto em par- tes menores e mais simples para serem gerenciadas. Sua estrutura é similar a de um organo- grama, porém focada nas entregas, nas fases de ciclo de vida ou nas etapas do projeto. Além da EAP, podem ser utilizados gráficos organizacionais hierárquicos, organogra- mas funcionais, gráficos matriciais de responsabilidades e a descrição dos papéis em for- mato de texto como ferramentas auxiliares na formação das equipes. © L ip ik S to ck M ed ia / / S hu tt er st oc k. Gestão de Projetos118 O organograma tradicional mostra as posições de cada função de cima para baixo. O posto mais elevado tem funções mais relevantes que os dos níveis inferiores. Exemplo de Organograma Tradicional <Nome GP> Gerente de projeto <Comite interno do produto> Representante do comitê <Equipe 1> <Equipe 2> <Equipe 3> <Equipe 4> <Membro 1> <Membro 2> <Membro 1> <Membro 2> <Membro 1> <Membro 2> <Membro 1> <Membro 2> <Membro 3> Podemos observar no organograma acima um exemplo de distribuição de funções no projeto. Estas funções podem ser complementadas com as devidas responsabilidades ou tarefas a serem executadas. O organograma pode ser adaptado conforme a necessidade do projeto. Pausa para refletir Todo projeto possue um organograma com a definição de suas funções, mesmo que não esteja estruturado graficamente. Agora pense na divisão hierárquica e funcional de um pro- jeto, analisando como as funções estão interligadas entre si, auxiliando na execução, respon- sabilidade e no controle de cada atividade. © D TC O M 119Gestão de Projetos 6.1.2. Responsabilidades Para definir as responsabilidades de cada indivíduo no projeto devemos utilizar uma matriz de responsabilidade, que serve para relacionar as tarefas com cada um dos indiví- duos. Um exemplo de matrizde responsabilidade (MR) é a matriz Responsible, Accountable, Consult and Inform (RACI), que significa: “Responsável pela execução, responsável pela apro- vação, é Consultado e Informado”. A imagem a seguir mostra um exemplo de matriz RACI: Exemplo de Matriz RACI Gráfico RACI Indivíduo Atividade Ana João Carlos Cláudia Sueli Definir A R I I I Projetar I A R C C Desenvolver I A R C C Teste A I I R I R = Responsável pela execução A = Responsável pela aprovação C = Consultado I = Informado Fonte: PMBOK, 2013, p. 221. A matriz RACI, conforme exemplificado, apresenta o trabalho a ser realizado na coluna da esquerda, como atividades. Os recursos designados para cada uma das ações são distribuídos nas células da direita. A matriz RACI é apenas um dos vários tipos de matriz de responsabilidade. “O RACI é especialmente importante quando a equipe tem recursos internos e externos para garantir divisões claras de papéis e expectativas” (PMBOK, 2013). Cabe ao GP escolher qual ferramenta lhe dá a melhor visão da distribuição das fun- ções, assim também como das hierarquias dentro do projeto. 6.1.3. Habilidades Habilidade pode ser definida como a capacidade necessária de um recurso humano para executar determinada atividade. Desse modo, o entendimento de habilidade está relacionado a competência para efetivar determinada atividade com bom nível de prática e técnica. Segundo Vargas (2009) o conjunto de ferramentas gerenciais possibilita o desenvol- vimento do conjunto de habilidades, conhecimento e capacidades individuais necessárias para executar as atividades essenciais de um projeto. Gestão de Projetos120 Quando os membros da equipe não tiverem as competências necessárias para o desem- penho de sua atividade, a evolução do projeto pode ser prejudicada, sendo que, desta forma, quando for identificada a falta de capacitação para a realização das tarefas, deve-se ime- diatamente tomar uma ação corretiva, como treinamento, contratação, troca de recurso ou alterações no escopo do projeto. É importante que as habilidades dos membros da equipe sejam detalhadamente relacio- nadas. Elas podem ser descritas em formatos de texto, na forma de lista ou planilha com o registro de todas as informações sobre responsabilidades, autoridade, competências e qualifi- cações. Este processo auxilia na escolha e divisão das tarefas para cada participante do projeto. 6.1.4. Relações hierárquicas É comum encontrar conflitos hierárquicos entre líderes e liderados durante a execução de um projeto. Geralmente isto ocorre na busca pela satisfação da entrega, pois nem sem- pre os envolvidos têm autonomia para viabilizar condições e garantir uma entrega perfeita. Os recursos humanos atuantes diretamente nas tarefas de execução nem sempre possuem autonomia para tomar decisões ou solucionar problemas que possam surgir sem consultar o seu superior hierárquico. Isso pode acarretar atrasos, bem como a efetiva entrega da atividade com bons índices de aceitação. É necessário que o gerente de projetos esta- beleça claramente os padrões hierárquicos e faci- lite toda ou qualquer necessidade dos recursos humanos envolvidos para que não haja degradação no relacionamento entre os membros da equipe. Bons resultados requerem companheirismo e trabalho em conjunto. Assim, o GP deve agir como mediador de confli- tos, pois o sucesso do projeto exige, muitas vezes, que participantes abandonem suas dife- renças, superando as barreiras que dificultam a execução da atividade. 6.2. Desenvolvimento e Controle do Desempenho da Equipe A formação e o desenvolvimento da equipe de projeto possibilitam conhecer as capa- cidades e habilidades de cada integrante, de modo que o GP possa alocar e controlar estes recursos em atividades que extraiam o seu melhor desempenho. Para tanto, são necessá- rias contratações e investimentos em capacitação de pessoas em áreas importantes para a implantação e execução do projeto. © R aw pi xe l.c om / / S hu tt er st oc k 121Gestão de Projetos Para que os recursos humanos saibam como e quando atuar dentro do projeto, tor- na-se necessária a criação de um plano de gerenciamento de pessoal, no qual devem ser registradas as escalas de atuação de cada membro da equipe individual ou coletivamente. Também é preciso registrar quando as atividades de mobilização (como o recrutamento) devem começar. 6.2.1. Disponibilidade do Recurso Uma forma fácil e visual de gerir os recursos é o histograma, que nada mais é do que um gráfico de barras diagramado especialmente para demonstrar a alocação de cada recurso humano dentro do projeto. A linha horizontal (eixo de x) do gráfico demonstra o número de semanas ou horas de que cada recurso irá trabalhar no projeto. Já a linha vertical (eixo de y) aponta a quantidade de recursos humanos necessários para cada semana do projeto, demonstrando de forma holística a necessidade de pessoas para cada período em determinada atividade. Exemplo de Histograma: Disponibilidade de Recursos Humanos por Semana de Projeto 1 2 3 4 5 6 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Re cu rs os h um an os Semanas do projeto Conforme apresentado no histograma acima, identificamos quantos recursos serão utilizados a cada semana do projeto. Esta conjectura pode ser ampliada e adaptada a cada projeto, conforme a necessidade de cada gestor. O importante é que ela demonstre uma visão ampla, com informações necessárias para auxiliar na tomada de decisão, escolha e alocação das pessoas corretas dentro do projeto. © D TC O M Gestão de Projetos122 6.2.2. Designações do Projeto Com o plano de gerenciamento de recursos em mãos, cabe ao GP a criação da equipe e uma apresentação sucinta, informando qual o papel e função designada para cada membro, qual o objetivo das atividades e sua correlação com as tarefas sucessoras e predecessoras. No caso de os membros desenvolverem trabalho de forma remota, torna-se necessá- ria uma boa estratégia de comunicação, a fim de que não se perca o alinhamento com os fundamentos do projeto. Além da apresentação, a reunião de abertura do projeto também pode ser utilizada para ilustrar os principais anseios das partes interessadas e também rele- var a importância de cada membro da equipe. 6.2.3. Recomendações à Equipe de Projetos Diante dos desafios de gerir pessoas e trabalhar em equipe, algumas recomendações são necessárias para o bom desempenho do gerente de projetos e, principalmente, de sua equipe. Entre essas recomendações estão: • dar e receber feedback de todos os participantes; • acompanhar as atividades da equipe com ferramentas adequadas, como planilhas, planos e cronogramas; • após o monitoramento e coleta de informações, controlar as exceções, ajustando os recursos humanos conforme necessário; • documentar todas as mudanças realizadas. Este processo auxilia a eliminação de qualquer mal-entendido que possa surgir; • reconhecer e destacar as boas práticas e resultados das pessoas que executaram atividades com excelência. Estas recomendações geram maior entrosamento, valorização e comunicação entre os participantes, devendo ser incentivada em todos os níveis hierárquicos. 6.3. Liderança em Projetos Cabe ao líder do projeto extrair os resultados esperados da sua equipe e mantê-los sempre motivados pela razão das entregas. Um líder nato não usa métodos opressores nem punitivos para alcançar seus resultados, e, sim, motiva e impulsiona a equipe para que todos trabalhem de forma síncrona e voluntariosa, sem prejudicar o desempenho global. 123Gestão de Projetos Desta forma, o GP tem a função de liderar toda equipe, gerindo as pessoas para alcançarem osmelhores resultados possíveis. Ele deverá ter habilidades de comunicação e delegação, bem como a de resolução de problemas e conflitos, focado nos motivos das partes interessadas. 6.3.1. Acompanhamento do Desempenho Uma tarefa constante do GP é avaliar o desempenho da equipe. Quando for percebida alguma queda de performance além do esperado, o GP deve identificar suas causas e elaborar imediatamente um plano de ação para reverter o distúrbio, fornecendo as ferra- mentas e a capacitação necessárias para manter o espírito de equipe e a moral elevada, bem como para garantir as entregas dentro do que foi determinado no cronograma do projeto. O desempenho da equipe deve ser medido pelas entregas com relação às datas deter- minadas no cronograma, que servirão de linha base para acompanhamento do desempe- nho das equipes. 6.3.2. Feedbacks O termo feedback, é um termo inglês que significa realimentar, dar resposta e, em alguns contextos, pode significar reação e pode ser positivo ou negativo. Ele é um dos elementos pre- sentes no processo de comunicação no qual um emissor envia uma mensagem a um receptor, que processa a informação e reage a esta, também de forma positiva ou negativa. © A SD F_ M ED IA / / S hu tt er st oc k. Gestão de Projetos124 Pausa para refletir Você já parou para pensar como é difícil realizar, bem como receber um feedback? Agora reflita sobre uma situação em que você teve que dar o retorno sobre determinado resultado de uma atividade; como você se comportou? Como a outra pessoa recebeu a informação? Dentro deste universo, dar um feedback para um colaborador dentro do projeto requer uma grande habilidade por parte do GP, pois, movidos por sentimentos, nem sempre conse- guimos entender uma crítica que deveria moti- var uma ação corretiva sobre nossa conduta. O objetivo do feedback é o alinhamento entre as expectativas das partes interessadas e o recurso, estimulando, desta forma, ações que visem maior correlação entre as tarefas e os resultados esperados. Assim, é importante que o feedback seja um canal de dupla comu- nicação, no qual o recurso também possa expressar seus sentimentos sobre sua avaliação. O feedback não deve ser utilizado para efetuar juízo de valor, mas, sim, um depoi- mento sobre as ações, fatos ou ocorrências dentro do projeto. Todo feedback deve forne- cer alternativas de melhoria. Caso isso não aconteça, a aplicação terá sido realizada de maneira equivocada, prejudicando ainda mais o relacionamento entre os envolvidos e afe- tando negativamente os resultados. 6.3.3. Gestão de Conflitos Geralmente os conflitos surgem em uma equipe devido às divergências de interesse entre os membros da equipe, discordância de opiniões e disputas internas. Muitas vezes imperceptíveis, os conflitos movem-se silenciosamente junto ao fluxo de evolução do pro- jeto até eclodirem em situações de desentendimento, causando danos e perda de eficiência. Dependendo de sua magnitude, podem até levar à perda de recursos humanos altamente capacitados, o que resultaria em uma elevação de custo e paralisia temporária do projeto. © P O R TR A IT IM A G ES A SI A B Y N O N W A R IT / / S hu tt er st oc k 125Gestão de Projetos Curiosidade Você sabia que a construção do Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo, com 828 metros, custou 1,5 bilhão de dólares e empregou 12.000 trabalhadores para a sua cons- trução? Você já imaginou o quanto foi difícil controlar os recursos humanos e gerir os confli- tos de um projeto deste (LUCENA, 2018)? É fundamental que o gerente de projetos monitore continuamente a atuação e o desempenho da equipe, a fim de identificar se são necessárias ações preventivas ou corre- tivas das equipes. Já prevista no processo de monitoramento, a avaliação do desempenho das equipes poderá servir de indicador da existência de conflitos, pois equipes conflituosas tendem a perder eficiência no desempenho de suas tarefas. 6.3.4. Necessidades de Mudanças Assim como ocorrem mudanças no escopo, orçamento e cronograma do projeto, também podem ocorrer mudanças na equipe executora. As mudanças de recursos huma- nos de um projeto ocorrem de dois modos: • por opção: o membro do projeto decide sair do mesmo por fatores externos; • por eventos incontroláveis: que muitas vezes são gerados por conflitos dentro do projeto, por um desempenho muito abaixo do esperado ou não aculturamento do indivíduo à função designada. De qualquer forma, deve-se avaliar cautelosamente a mudança de um recurso humano, pois dependendo da fase em que o projeto se encontra, a alteração pode com- prometer as entregas, cronograma e orçamento. Cabe ao gerente de projetos ter a sensibi- lidade de avaliar as necessidades de mudança e atuar para que as mesmas sejam evitadas. Quanto mais o projeto evolui na linha do tempo, mais danoso será o impacto da eva- são de qualquer recurso humano do projeto. No intuito de evitar as mudanças, desde o iní- cio do projeto deve-se trabalhar para que os recursos criem as habilidades necessárias para o desempenho de suas funções, seja por meio de treinamento ou de acesso a informações que facilitem a realização das atividades. É importante que se publique de forma clara os motivos das mudanças dos membros das equipes do projeto, pois a transparência das informações evita rumores, que, se ali- mentados, podem levar à geração de conflitos ou outras situações de estresse, que podem afetar o desempenho da equipe. Gestão de Projetos126 O GP tem o dever de manter a fluidez e a transparência das informações para todos os elementos do projeto, a fim de que não ocorram erros de interpretação e distorções dos fatos ocorridos. Pausa para refletir Qualquer mudança relativa à equipe de execução deve ser muito bem analisada. Modifica- ções em momentos críticos podem gerar impactos profundos e irreversíveis. Então, qual o momento ideal para mudar? O que devemos levar em consideração ao tomar esta decisão? 6.4. A Gestão da Comunicação em Projetos Durante todo o ciclo de vida do projeto, muitas informações são geradas, e necessitam ser processadas, administradas e distribuídas. A gestão da comunicação torna-se necessá- ria para manter os envolvidos informados sobre todos os aspectos que envolvam o projeto, como eventos e mudanças no projeto. Esse processo é fundamental para que o GP consiga alcançar toda a equipe com segurança de entendimento do que se objetiva comunicar. O gerenciamento da comunicação do projeto deve garantir que não exista distor- ção no fluxo de informações entre o emissor e o receptor, impedindo, deste modo, que a má interpretação leve à perda de sincronismos com as definições da linha de base. Uma informação distorcida pode causar inúmeros problemas com as entregas, administração de recursos e custo do projeto. 6.4.1. Fluxo de Comunicação A comunicação é o principal elemento de ligação e explicação dos processos de um projeto. O GP deve assegurar que a comunicação seguirá sem distorções entre o emissor e o receptor e deverá utilizar métodos, processos, tecnologia e ferramentas adequadas para que isto ocorra com segurança para garantir as atividades, manter a produtividade e garan- tir o bem-estar dos membros do projeto. Afirmação “Uma comunicação eficaz cria uma ponte entre as diversas partes interessadas envolvidas no projeto, conectando vários ambientes culturais e organizacionais, em diferen- tes níveis de conhecimento, e diversas perspectivas e interesses na execução ou nos resulta- dos do projeto” (PMBOK, 2013, p. 243). 127Gestão de Projetos Dentro de um projeto, a comunicação se dá de diversas formas,sendo ela interna e externa, formal, informal, oficial, escrita, gráfica, oral, verbal e não verbal. Cabe ao gerente de projeto identificar o melhor meio de transmitir a informação necessária para alcançar a equipe executora com amplo entendimento. As falhas de comunicação são uma das principais causas da origem de problemas e conflitos, bem como da dificuldade de resolver os mesmos. Assim, cabe ao GP desenvol- ver técnicas e implantar práticas de comunicação que gerem os melhores resultados. Para tanto, é essencial desenvolver habilidades relativas a (ao): • interpretação eficaz das emissões; • questionamentos e argumentação de ideias e situações para garantir um melhor entendimento; • exemplificar da forma correta o que se espera; • definir e administrar as expectativas dos usuários; • ser persuasivo; • resolver conflitos para evitar impactos negativos; e • resumir, recapitular e identificar as etapas seguintes. Desta forma, com os elementos acima descritos, poderemos promover a excelência na comunicação dentro do projeto, eliminando erros e ruídos prejudiciais. © M op ic / / S hu tt er st oc k. Gestão de Projetos128 6.4.2. Governança da Veracidade A governança de um projeto é o conjunto de normas, regras e processos estipula- dos com a finalidade de direcionar o gerenciamento e o controle do todo. É por meio da governança que são determinadas as ferramentas e a metodologia a serem empregadas para evitar falhas. Por meio da governança é que poderemos assegurar a condução das atividades con- forme os objetivos propostos, ou seja, garantir a veracidade do processo, comprovando tudo aquilo que se definiu como verdadeiro ou confiável. Além de manter o fluxo de informações, é imprescindível que o GP mantenha a vera- cidade dos registros das informações por meio da avaliação dos fatos, certificando-se da comprovação da verdade, sem contradições ou dúvidas. Toda e qualquer suspeita quanto a falsas informações nos registros deve ser acareada e confrontada entre as matrizes geradoras dos fatos para descoberta da falha nos registros. 6.4.3. Registro e Controle de Versão Todos os documentos que registrem o desempenho devem ser organizados de forma clara e resumida durante toda a evolução do projeto. Isso se aplica tanto para o planeja- mento quanto para cronograma e orçamento. Os registros, de acordo com a norma ABNT NBR ISO 9001:2008, são documentos necessários para desenvolver comprovações quanto à conformidade do requisito pretendido. A atualização das informações dos documentos não implica na criação de uma nova versão. Se acontecerem alterações de escopo, troca de recursos, alterações do cronograma ou qualquer alteração que modifique a linha de base do projeto, deverá receber um novo registro de versão. As versões anteriores deverão, obrigatoriamente, ser arquivadas para consultas, assim como todas as cópias deverão ser substituídas para que se evite distorções no andamento do projeto. 6.4.4. Recomendações sobre a Comunicação Toda comunicação realizada no projeto deve assegurar o entendimento da infor- mação repassada. Desse modo, este processo deve garantir que os objetivos do projeto estejam claros e alinhados a todas a linhas de execução, e que a equipe esteja alinhada e comprometida com o projeto. 129Gestão de Projetos Outros fatores que a comunicação proporciona aos usuários são os registros corretos, que auxiliam nos processos de tomada de decisão, autorização e direção das etapas do projeto. Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Para revisar seu conhecimento sobre os assuntos deste capítulo, imagine que você irá gerenciar um projeto de implantação de um sistema computacional. Crie um organograma, uma matriz RACI e um histograma com as seguintes fases: instalação, implantação, treinamento e testes. Crie uma equipe com todos os personagens necessários para a execução do projeto. Recapitulando O desenvolvimento de pessoas e a formação das equipes são primordiais para o pla- nejamento, implantação e execução das atividades de um projeto. O primeiro passo para a formação da equipe é determinar a hierarquia por meio do plano de gestão de recursos humanos e do organograma. É importante que o gerente de projetos estabeleça clara- mente os padrões hierárquicos e facilite toda ou qualquer necessidade dos recursos huma- nos envolvidos em cada etapa do projeto. O planejamento correto possibilita prever as habilidades necessárias nas atividades ao longo do projeto. Com o plano de gerenciamento de recursos humanos em mãos, cabe ao GP a cons- trução da equipe e a realização de uma apresentação informando qual o papel de cada elemento e qual a função designada para cada um, qual o objetivo das atividades e sua cor- relação com as tarefas sucessoras e percussoras. Assim, o organograma auxilia na alocação de cada indivíduo dentro do projeto, defi- nindo as funções e responsabilidades de toda a equipe, assim como a hierarquia. Esta fer- ramenta proporciona uma visão holística, permitindo o controle e a realocação de pessoas em outras funções conforme for necessário. Para auxiliar este processo devemos utilizar a EAP como base para definição das fun- ções e responsabilidades dos membros da equipe. Um exemplo de matriz de responsabili- dade (MR) é a matriz RACI (Responsible, Accountable, Consult and Inform). Gestão de Projetos130 O desempenho da equipe deve ser medido pelas entregas com relação às datas deter- minadas no cronograma, que servirão de linha base. Dentro deste universo, fornecer um feedback para os participantes requer grande habilidade por parte do GP, para evitar confli- tos e motivar melhorias. Caso o desempenho esteja abaixo do desejado, recomenda-se pensar na possibi- lidade de mudança da equipe. Esta decisão deve ser tomada com muito cuidado, pois pode prejudicar a execução e atrasar o cronograma do projeto. Antes de alterar a equipe, é importante analisar as causas do baixo desempenho, adequar as funções e, se preciso, desenvolver treinamentos. Se estas alternativas não surtirem o efeito esperado, substitui- ções na equipe devem ser realizadas. Sendo um elemento de vital importância, o GP deve assegurar que a comunicação seguirá sem distorções entre o emissor e o receptor. A governança da veracidade da comuni- cação do projeto alinha os objetivos para o entendimento de todos os envolvidos, prevenindo dúvidas quanto à confiabilidade da informação transmitida e requerida no ciclo do projeto. Para finalizar o processo, existe a necessidade de atualização das informações dos documentos, registrando cada alteração realizada no projeto, cronograma e equipe, a fim de gerar uma nova versão. Dessa forma, são arquivadas as versões passadas para consultas posteriores. 131Gestão de Projetos Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 900: Sistemas de gestão da qualidade – Fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro: ABNT, 2008. LUCENA, M. Veja os recordes atingidos na construção do maior prédio do mundo. Revista Galileu. Disponível em: <revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI117569-17579,- 00 -VEJA+OS+RECORDES+ATINGIDOS+NA+CONSTRUCAO+DO+MAIOR+PREDIO+- DO+MUNDO.html>. Acesso em: 18/08/2018. MAXIMIANO, A. C. A administração de projetos: como transformar ideias em resultados. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2014. PMI – PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. A guide to the Project management body of knowledge (PMBOK Guide) Pennsylvania, Estados Unidos.5. ed. PMI - 2013. VARGAS, R. Gerenciamento de Projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. 6 ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2009. 133Gestão de Projetos OBJETIVOS DO CAPÍTULO • Identificar os diversos riscos de um projeto. • Identificar os impactos (qualitativos e quantitativos) dos riscos de um projeto. • Estabelecer ações para mitigar os riscos de um projeto. CAPÍTULO 7 Gestão de Riscos Ana Carolina Greef TÓPICOS DE ESTUDO 1 Conceituação e Identificação de Riscos 3 Resposta aos Riscos • Riscos em projetos. • Risco 1: Probabilidade de Ocorrência. • Risco 2: Gravidade da Consequência. • Risco 1 e Risco 2 Comparados. • Como Lidar com os Riscos Iniciais. • Como Lidar com Riscos de Restrições. • Como Lidar com Riscos de Armadilhas. • Como Lidar com Riscos Éticos. 2 Impactos dos Riscos 4 Controle dos Riscos • Riscos Iniciais de Projetos. • Riscos Provenientes de Restrições. • Riscos Provenientes de Armadilhas. • Riscos Provenientes da Falta de Ética. • Planos para Lidar com Riscos. • Monitoramento de Riscos. • Como Evitar Riscos de Implementação. • Modalidades Contratuais de Projetos e Riscos. Gestão de Projetos134 Contextualizando o cenário No cotidiano do trabalho, ao desenvolver uma tarefa, as possibilidades de erros ou interfe- rências são chamadas de riscos. Considera-se que os riscos são uma previsão de falhas que podem ocorrer. Em projetos, como cada esforço tem objetivos e resultados únicos, os riscos são uma área que tem bastante importância e precisa ser tratada com atenção. Coloque-se no lugar do membro de uma equipe de um projeto de sistema de informação cujo gerente foi recentemente alocado devido a um remanejamento interno de pessoal. Os riscos de erros na organização desse sistema, e os riscos de falhas no projeto em si, como atrasos, comunicação, acompanhamento de necessidades, entre outros, são altos. Para tra- tar essas questões, é preciso que o gerente realize, em conjunto com a equipe, a gestão des- ses riscos. Gerenciá-los significa identificar um a um antes que ocorram, definir o respectivo impacto no projeto, estabelecer e implementar ações para mitigá-los, bem como traçar pla- nos de ação para caso esses riscos se tornem realidade. Nesse sentido, surge uma pergunta essencial: como identificar, classificar e gerenciar ris- cos em um projeto? 135Gestão de Projetos 7.1. Conceituação e Identificação de Riscos Toda proposta de gestão de risco em projetos é evitar que ele ocorra de fato, pois cada risco somente pode ser denominado dessa forma enquanto ainda não ocorreu. Para isso, é preciso ter uma certa atitude pessimista ao mapear riscos, identificando as possíveis falhas, interferências e erros que podem ocorrer. A identificação dos riscos pode ser realizada com a participação do Gerente de Pro- jetos (GP) e da equipe do projeto, de fornecedores, parceiros, patrocinadores, clientes e outras partes interessadas. Esse processo também é constante em um projeto, pois sem- pre podem ser mapeados novos riscos e, caso algum deles ocorra, as consequências disso podem gerar ainda outros riscos. 7.1.1. Riscos em projetos Os riscos são situações ou condições incertas, supostas ou previstas que, caso acon- teçam, irão impactar no projeto, seu prazo, custo, equipe, entre outros fatores. Conforme o Project Management Institute (2013), esse impacto pode ter várias intensidades, e pode até mesmo ser positivo. Todo risco tem causas associadas a ele, e um ou mais impactos que podem ser gerados. Quanto mais rapidamente o risco for identificado, melhor será a reação. Existem riscos clássicos, pois ocorrem independentemente do tipo de projeto. Algu- mas causas desse tipo são (KANABAR; WARBURTON, 2012, p. 156-157): “Escalada do escopo; recursos insuficientes; baixa qualidade; pressão excessiva do cronograma; estouro dos custos; controle inadequado [...]; excesso de burocracia [...]; conflitos [...]; apoio inade- quado da gerência; comunicação ruim.” Esclarecimento A escalada do escopo acontece quando os requisitos e resultados esperados do projeto aumentam ao longo de sua execução, gerando, consequente, aumento de tempo, recursos, custos, esforço. Vamos ver um exemplo: em um projeto de lançamento de uma nova linha de produ- tos de higiene pessoal alguns riscos são: os produtos não serem aceitos pelos consumidores; os produtos causarem uma reação inesperada em consumidores, gerando a necessidade de remoção do mercado; a concorrência lançar produtos similares com antecedência. Gestão de Projetos136 Um recurso para a formalização de riscos em projetos é a Estrutura Analítica de Ris- cos (EAR), que é uma estrutura que organiza os riscos por categorias. Alguns exemplo dos tipos de riscos são: técnicos do produto, internos da empresa, externos à empresa, da ges- tão do projeto. “Dentro” de cada categoria, são listados os riscos que a ela estão associa- dos (CARVALHO; RABECHINI JUNIOR, 2015). 7.1.2. Risco 1: Probabilidade de Ocorrência A probabilidade de um risco tornar-se realidade é um fator que precisa ser identifi- cado para cada risco individualmente por meio de análise de projetos anteriores, conversa com a equipe, clientes, fornecedores e partes interessadas, até mesmo por especialistas (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013). A probabilidade qualitativa de concretização de um risco é estabelecida pela escala: “Alta, Média ou Baixa” (BRUCE; LANGDON, 2008, p. 69). Já a definição quantitativa de probabilidade de concretização de um risco e seu impacto é definida pela Matriz de Proba- bilidade e Impacto (MPI). Veja um exemplo: Exemplo de Matriz de Probabilidade e Impacto Para cada risco específico, determinar Probabilidade Entre 0,7 e 1,0 (70 a 100% de chance de ocorrer) Aceitar Resolver Resolver Resolver Entre 0,4 e 0,7 (40 a 70% de chance de ocorrer) Aceitar Monitorar Administrar Resolver Entre 0,05 e 0,4 (5 a 40% de chance de ocorrer) Aceitar Monitorar Administrar Administrar Próximo a 0 (Praticamente nula chance de ocorrer) Aceitar Aceitar Administrar Administrar Possível ignorar Impacto baixo Impacto crítico Impacto catastrófico Impacto no projeto Fonte: Adaptado de CARVALHO; RABECHINI JUNIOR, 2015, p. 253-254. A escala de probabilidade utilizada na MPI pode ser definida para o projeto específico de acordo com a sua complexidade e quantidade de riscos envolvidos. Na sequência verifi- caremos como especificar as consequências ou impactos no projeto. 137Gestão de Projetos 7.1.3. Risco 2: Gravidade da Consequência As consequências ou impactos da ocor- rência de um risco em um projeto podem levar à identificação de outros riscos e da sua concretização, gerando o chamado efeito dominó. Por isso, além de identificar a proba- bilidade de que um risco aconteça, é necessá- rio medir seu impacto sobre o projeto. A definição de impacto de um risco, tanto qualitativa como quantitativa, pode ser realizada seguindo a escala estabelecida pelo Project Management Institute, que já rela- ciona cada impacto mapeado às respectivas consequências em termos de custos, tempo, qualidade e escopo do projeto. Exemplo Em um projeto de criação de revista eletrônica, uma redução do escopo seria a retirada de espaço para artigos ou publicidade. Conheça essa escala na Ilustração: Escala de impactos de riscos em projetos Impacto Escala de impacto da ocorrência dos riscos Objetivos do projeto Muito baixo (5%) Baixo (10%) Moderado (20%) Alto (40%) Muito alto (80%) Custo Aumento insignificante Menos de 10% de aumento Entre 10 e 20% de aumento Entre 20 e 40% de aumento Mais que 40% de aumento Tempo Menos de 5% de aumento Entre5 e 10% de aumento Entre 10 e 20% de aumento Mais que 20% de aumento Escopo Redução pouco notável Áreas secundá- rias afetadas Áreas principais afetadas Redução inaceitável para o patrocinador Resultado do projeto inútilQualidade Aplicações muito exigentes afetadas Patrocinador pre- cisa aprovar redu- ção de qualidade Fonte: Adaptado de Project Management Institute, 2013, p. 318. © G aj us / / S hu tt er st oc k. Gestão de Projetos138 Na tabela os impactos nos Objetivos se referem ao percentual de mudanças necessá- rias nos objetivos do projeto, caso o risco se concretize. Dependendo do projeto, acrescen- tar ou modificar um objetivo pode ter um impacto alto na continuidade do trabalho. Os impactos referentes a Custos e Tempo são classificados de acordo com o percen- tual de aumento no orçamento e no prazo do projeto, caso o risco se concretize. Esses são os impactos mais claros que se pode mensurar. Já os impactos no Escopo e na Qualidade são classificados de acordo com quanto o risco pode interferir no que foi planejado para o projeto. Caso ocorram, esses riscos podem afetar atividades previstas e até interferir na qualidade dos resultados entregues. Quanto maior o impacto de um risco sobre o projeto, mais ele deve ser controlado para se evitar que ocorra de fato. 7.1.4. Risco 1 e Risco 2 Comparados A probabilidade da ocorrência de um risco em um projeto e seu impacto ou conse- quência sobre ele precisam ser acompanha- dos constantemente. Caso algum deles ocorra é necessário que novos riscos consequentes sejam mapeados e acompanhados. Como você identificou na Matriz de Proba- bilidade e Impacto, a relação entre esses fatores precisa ser administrada da seguinte maneira: • riscos com baixa probabilidade de ocorrência e baixo impacto: podem ser aceitos no projeto; • riscos com média probabilidade de ocorrência e baixo impacto: precisam ser monitorados; • riscos com baixa ou média probabilidade de ocorrência, mas com alto impacto: pre- cisam ser administrados; • riscos com alta probabilidade de ocorrência e alto impacto: precisam ser resolvidos. Com essa análise é possível monitorar e gerenciar os riscos de um projeto de forma constante para evitar que ocorram. © R aw pi xe l.c om / / S hu tt er st oc k 139Gestão de Projetos Uma maneira de quantificar os riscos que devem ser administrados e resolvidos no projeto é realizar o seguinte cálculo (BRUZZI, 2014, p. 94): Risco = Probabilidade de ocorrer X Magnitude do Impacto Para isso, os fatores multiplicados precisam ter uma escala numérica atribuída no projeto e os maiores resultados indicam os riscos mais críticos para a sua continuidade. Veja um exemplo desse cálculo seguindo a escala sugerida na ilustração anterior: Risco de troca de membros da equipe em um projeto de desenvolvimento de um apli- cativo para tecnologia móvel: • probabilidade de ocorrer: média (0,5) • impacto: crítico (0,7) Risco = 0,5 x 0,7 Risco = 0,35 (médio) Os valores para probabilidade e impacto foram definidos em uma escala de 0 (menor valor) a 1 (maior valor) com base na experiência da equipe em situações anteriores. Com o resultado de 0,35 na escala, esse risco é considerado de médio impacto para o projeto. 7.2. Impactos dos Riscos Tenha em mente o seguinte: o impacto de um risco sobre um projeto é o que deter- mina a importância que esse mesmo risco irá receber ao longo do planejamento e da exe- cução do trabalho. Por isso, a identificação de qual será a consequência caso o risco que foi mapeado se concretize é essencial para que o projeto sobreviva. Analisar o impacto dos riscos no projeto exige quase que uma postura pessimista, buscando evitar que, ao ocorrer, essa situação acabe influenciando a realização das ativida- des. Existem impactos clássicos de riscos em projetos e também algumas situações especí- ficas que vamos tratar na sequência. 7.2.1. Riscos Iniciais de Projetos Como cada projeto representa um esforço único, a maioria dos riscos que podem ocorrer ao longo de sua execução é identificada a partir dos próprios resultados previs- tos para esse projeto. Ainda assim, existem alguns riscos clássicos em projetos que podem ocorrer no início de sua realização (BRUZZI, 2014): Gestão de Projetos140 • dificuldade em determinar de fato os resultados que o projeto irá gerar; • alterações nas características dos resultados do projeto; • problemas no começo da realização das atividades; • falhas de comunicação, que levam ao não entendimento de requisitos, à falta de integração da equipe, à realização de atividades que fogem ao escopo do projeto, entre outras questões. Esses riscos iniciais podem ter baixo ou alto impacto sobre o projeto, dependendo de quanta incerteza é gerada a partir deles. Para minimizar esse impacto, Carvalho e Rabe- chini Junior (2015) recomendam que sejam definidas ações prioritárias e de resposta aos riscos desde o início. O que envolve o impacto dos riscos em projetos Essa reação ao impacto dos riscos envolve: conhecer bem os processos de execução do projeto para saber onde realizar mudanças; determinar estratégias e planos para tratar os riscos de problemas nesses processos;; promover avaliação e mapeamento constantes de novos riscos; revisar os riscos mapeados e o plano para controlá-los. 7.2.2. Riscos Provenientes de Restrições Ao longo de um projeto, conforme seu escopo e resultados são mais claramente defi- nidos, surgem restrições para sua realização e continuidade. Essas restrições também originam alguns riscos que precisam ser controlados para evitar falhas ou até mesmo o encerramento do projeto. © T ru eff el pi x / / S hu tt er st o ck . 141Gestão de Projetos Bruzzi (2014) indica algumas dessas restrições: • limitações de fornecedores; • limitações e erros no processo produtivo dos resultados do projeto; • limitações e erros em ferramentas e/ou equipamentos utilizados; • equipe não qualificada ou contratada erroneamente; • impactos ambientais do projeto. Para lidar com esse tipo de risco é essencial ter uma boa comunicação com a equipe, clientes, fornecedores, parceiros e outras partes interessadas, para que as restrições exis- tentes fiquem claras a todos os envolvidos. E ainda, para minimizar os impactos das restrições, é preciso equilibrar o nível de aceitação desse tipo de risco no projeto, e o nível do sofrimento que ele pode trazer, como no gráfico que segue: Equilíbrio entre aceitação do risco e dimensão do sofrimento Dimensão do sofrimento A ce ita çã o do ri sc o Fonte: BRUZZI, 2014, p. 91 O gráfico mostra a relação entre o nível de aceitação de um risco e a dimensão de sofrimento que ele geraria caso ocorresse, , ou seja, a dimensão dos problemas e impactos que seriam causados pela ocorrência desse risco. A curva apresentada no gráfico mostra o equilíbrio ideal entre o nível de aceitação e de sofrimento em relação ao risco, pois nem um nem o outro devem ser muito elevados. Essa decisão é específica de cada projeto e cabe especialmente ao Gerente do mesmo e à sua equipe. © D TC O M Gestão de Projetos142 Pausa para refletir E como fazer com que todos saibam que existem restrições no projeto, evitando o impacto desse risco no projeto? 7.2.3. Riscos Provenientes de Armadilhas Ao se tratar de riscos em projetos, existem algumas armadilhas que podem ocorrer perante o GP e, caso se concretizem, comprometer seu trabalho. Por exemplo: em um pro- jeto de desenvolvimento de um novo equipamento mais eficiente para determinada indús-tria, que já está no final da execução, os patrocinadores analisam o resultado e propõem aplicar ajustes, criando uma versão mais compacta desse mesmo equipamento. Porém, o projeto previa o início imediato da fase de teste do produto. O GP precisa optar por: dispo- nibilizar o equipamento recém criado para testes, encaminhar o encerramento do projeto em questão e iniciar um novo projeto de melhoria, ou continuar utilizando o equipamento antigo, enquanto as mudanças propostas pelos patrocinadores são implantadas no equipa- mento novo, sem implementá-lo. A armadilha está no fato de que, para ambas soluções possíveis, existem riscos como maior volume de gastos, falhas nas mudanças do equipamento, até mesmo desmotivação da equipe. Como indica Bruzzi (2014), todas as decisões em projetos envolvem determi- nado grau de risco, e a armadilha está em avaliar a situação de forma inadequada. Essa situação é um tipo de trade-off. Esclarecimento Trade-off é uma situação que é popularmente chamada no Brasil de sinuca de bico, ou seja, é uma situação na qual é preciso escolher um caminho, sabendo que se está deixando para trás outra opção. O ideal para escolher um caminho, nesse caso, é ponderar as alternativas em cada situação e selecionar aquela com menores riscos de erro ou desvantagem. Outra armadi- lha que pode surgir é a falta de tempo para tomar uma decisão de qualidade frente ao risco (BRUZZI, 2014). 143Gestão de Projetos 7.2.4. Riscos Provenientes da Falta de Ética Atuar com projetos significa atuar com pessoas. A responsabilidade sobre as ativida- des e sobre a condução do projeto recai sobre as pessoas e, por isso, precisa ser muito bem delimitada e formalizada com todos os envolvidos. Kerzner (2002) afirma, por exemplo, que chega a ser mais importante saber o nível hierárquico do responsável pelas tarefas em um projeto do que a quem o GP precisa pres- tar contas. O GP é o responsável por resolver problemas e ter critérios para tomar decisões em projetos; por isso, precisa deixar clara a sua postura ética perante os demais. Pausa para refletir: Qual é a forma ideal de identificar riscos relacionados à falta de ética em projetos? A comunicação clara, transparência nas atitudes e o equilíbrio nas decisões são reflexo de uma postura ética. Ações do GP ou de qualquer outro membro do processo que não aparentem essas características representam riscos éticos para o projeto. 7.3. Resposta aos Riscos Tão importante quanto identificar e classificar os riscos em um projeto de acordo com sua provável ocorrência e impacto é a ação de criar um plano de resposta a esses ris- cos. Esse plano também pode ser chamado de plano de contingência, e consiste na formali- zação de como agir caso algum risco mapeado ocorra de fato. É ideal que a resposta aos riscos seja estruturada com antecedência, na fase de pla- nejamento, e nos momentos de acompanhamento do projeto, evitando a precipitação para solucionar um problema quando ele acontece. O GP precisa ser responsável por esse movi- mento, compartilhando-o com o restante da equipe. 7.3.1. Como Lidar com os Riscos Iniciais Para tratar riscos em projetos, em geral, é necessário ponderar e identificar qual a melhor estratégia de resposta, até mesmo disponibilizando reserva de tempo e orçamento no projeto para isso (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013). Gestão de Projetos144 Existem estratégias tradicionais para tratar riscos iniciais em projetos, conforme seu impacto positivo ou negativo. Acompanhe na tabela: Estratégias para lidar com riscos em projetos Riscos com impacto negativo – ameaçam o projeto Estratégia Aplicação Prevenir Aplicada ao se evitar a ocorrência de um risco previamente conhecido, até mesmo modificando objetivos, cronograma ou escopo do projeto. Transferir Aplicada ao transferir a outras partes interessadas do projeto a responsabi- lidade sobre o risco, por exemplo, a fornecedores ou parceiros diretamente envolvidos com a atividade que pode gerar essa situação. Mitigar Aplicada para reduzir a probabilidade de que o risco ocorra de fato e seu impacto, como aumentar controles, testes, alterar equipe, fornecedores, modificar especificações do projeto, entre outros. Aceitar Aplicada quando se assume a provável ocorrência do risco, aguardando até que ocorra, para então agir. Essa estratégia é uma alternativa caso não tenha sido possível aplicar alguma outra ação em resposta ao risco. Riscos com impacto positivo – favorecem o projeto Estratégia Aplicação Explorar Aplicada para garantir que a oportunidade de ocorrer o risco se concretize, beneficiando o projeto. Por exemplo, alocando mais pessoas para finalizar o projeto mais cedo, apesar do custo elevado. Melhorar Aplicada ao se incentivar ou maximizar os fatores que poderão gerar os riscos positivos e que favoreçam o projeto, até que eles ocorram. Por exemplo, alo- cando mais recursos ao projeto, para que seja finalizado. Compartilhar Aplicada ao compartilhar a responsabilidade sobre o projeto com terceiros, engajando as partes interessadas para obter melhores resultados. Aceitar Aplicada quando se identifica uma oportunidade de benefício ao projeto, mas ela não é buscada diretamente. Fonte: Adaptado de PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013, p. 344-346. A estratégia ideal para cada situação deve ser definida pelo GP e essa decisão pode ser compartilhada com outras partes interessadas, se necessário. 145Gestão de Projetos 7.3.2. Como Lidar com Riscos de Restrições As restrições em projetos tradicionalmente se apresentam como fatores que pouco podem ser modificados. Sendo assim, lidar com esse tipo de risco exige algumas iniciati- vas específicas por parte do GP. Caso as restrições ocorram no início do projeto, o ideal é assumir a estratégia de aceitar esses riscos e controlar a sua ocorrência ao longo da realiza- ção do projeto (BRUZZI, 2014), pois, dessa forma, essas situações, quando ocorrem, geram menos impacto do que caso não estivessem previstas. Além disso, Bruzzi (2014) também recomenda que essas restrições sejam identifica- das e que o planejamento da resposta a elas seja realizado o mais cedo possível no projeto. Isso porque a identificação ou ocorrência de restrições em momentos avançados do cro- nograma do projeto geram impactos financeiros, aumentando o tempo de execução, exi- gindo mais esforço da equipe e a necessidade de alocação dos recursos por mais tempo. Para isso, é ideal que o plano de resposta contemple a comparação entre o cená- rio futuro (no qual a restrição impactou no projeto sem ser prevista), e o cenário no qual a mesma foi identificada e controlada antecipadamente (BRUZZI, 2014). 7.3.3. Como Lidar com Riscos de Armadilhas Como já verificamos anteriormente neste capítulo, as armadilhas na gestão de risco envolvem a tomada de decisão sem a devida ponderação e a noção de que apenas um caminho da decisão irá beneficiar o projeto. Para tratar desse tipo de risco, que envolve armadilhas em projetos, é necessário pon- derar constantemente as opções a serem seguidas frente a esse risco. Bruzzi (2014) reco- menda não tomar atitudes com base em pressão ou emoção, evitando, assim, que esses fatores prejudiquem a qualidade da decisão. Na tratativa dos riscos que envolvem armadilhas em um projeto, decidir de forma racional é o melhor caminho: considerar os aspectos envolvidos como possibilidade de sucesso do projeto ao combater o risco ou ao incorporá-lo, listar os fatores positivos e negativos da decisão por evitar ou aceitar o risco, calcular prazos e custos envolvidos nessa decisão, entre outros (BRUZZI, 2014). Gestão de Projetos146 7.3.4. Como Lidar com Riscos Éticos Como afirma o próprio Project Management Institute do Brasil(2018), o comporta- mento ético torna-se um aspecto cada vez mais relevante e determinante para o sucesso em projetos. Pausa para refletir Como tratar questões éticas em projetos, sendo que cada esforço é único e pode ter diferen- tes pessoas envolvidas? Carvalho e Rabechini Junior (2015) reforçam que a comunicação clara entre todos os envolvidos no projeto é o melhor recurso para lidar com diferentes entendimentos de dife- rentes situações. Estabelecer um Código de Conduta Ética entre os envolvidos no projeto é uma das reco- mendações do Project Management Institute do Brasil (2018) para tratar esse tipo de questão. Para compartilhar a responsabilidade sobre os riscos existentes, é recomendada ainda a definição do dono do risco (CARVALHO; RABECHINI JUNIOR, 2015, p. 264) que é o responsável por acompanhar e aplicar o plano de resposta a determinado risco. 7.4. Controle dos Riscos Situações adversas sempre podem ocorrer ao longo de todo o projeto, desde proble- mas com fornecimento de insumos ou materiais, perda de integrantes da equipe, quebra de contratos e parcerias, mudança de opinião por parte do cliente, até situações climáticas que interfiram nas atividades. Por isso, o controle de riscos é uma iniciativa que ocorre de forma ininterrupta desde a fase de planejamento até as entregas finais do projeto como um todo. Caso sejam defini- dos responsáveis por riscos específicos, esse controle é realizado por cada um, facilitando, assim, a identificação da situação, quando ela ocorre. 147Gestão de Projetos 7.4.1. Planos para Lidar com Riscos O plano para responder e tratar riscos em projetos precisa ser formalizado em um documento constantemente atualizado ao longo de todo o esforço. Esse plano pode ser elaborado conforme a necessidade do projeto, e deve conter algumas informações especí- ficas reunidas no modelo que segue: Plano de controle de risco em projeto CONTROLE DE RISCO Identificação do risco: A-101 Data: Gravidade: A Risco de: Cronograma: X Técnico: Custo: X Descrição do risco: Risco de os computadores não serem entregues para atualização. Plano de resposta: • Comunicar situação ao setor de TI. • Comunicar datas de disponibilidade da equipe de atualização. Data de início do acompanhamento: 01/02 Data de término do acompanhamento: 15/02 Responsável pelo risco: Status do plano de resposta: Em desenvolvimento Fonte: Adaptado de KANABAR; WARBURTON, 2012, p. 170. Conforme o Project Management Institute (2013), riscos com maior probabilidade de ocorrência e o mais alto nível de impacto precisam ser inseridos nesse plano de forma mais detalhada. Já riscos com menor impacto no projeto e menor probabilidade de ocorrer podem ser inseridos no plano de forma mais resumida. 7.4.2. Monitoramento de Riscos Monitorar os riscos envolve a iniciativa de avaliar constantemente a existência de novos riscos, classificar e reclassificar seu impacto no projeto como um todo. Em um mapa de riscos com classificação por nível de impacto e de probabilidade de ocorrência, os riscos nos maiores níveis de ambas as vertentes são aqueles mais críticos. Utilizando cores atribuídas a esse mapa, como na imagem, o nível vermelho representa o crítico para a sobrevivência do projeto: Gestão de Projetos148 Avaliação de impacto dos riscos Esse processo também envolve monitorar e controlar os planos de resposta aos ris- cos, verificando, caso tenham sido utilizados, se foram eficazes ou necessitam ainda de ajuste (CARVALHO; RABECHINI JUNIOR, 2015). Fique atento ainda ao fato de que todas as ações de um projeto, desde seu plane- jamento até sua entrega, precisam ser documentadas, inclusive as ações que envolvem a gestão de riscos. Por isso, caso algum dos riscos mapeados realmente ocorra no projeto, uma das ações de controle e monitoramento desses riscos é providenciar as atualizações pertinen- tes na documentação do projeto, seus objetivos, cronograma, orçamento e outros planos relacionados (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013). 7.4.3. Como Evitar Riscos de Implementação Os resultados de um projeto precisam ser testados ao longo de seu desenvolvimento e antes de sua entrega, buscando garantir a qualidade requerida. Um veículo recém pro- jetado, por exemplo, passa por testes de resistência, aerodinâmica, segurança, consumo, entre outros, antes de seu lançamento. Os riscos de implementação são aqueles referentes ao produto final do projeto, e podem se concretizar como consequência de outras adversidades, como os testes não terem sido aplicados a contento. © C as pe r1 77 4 St ud io / / S hu tt er st oc k. 149Gestão de Projetos Maximiano (2014) apresenta recomendações para minimizar riscos de implementação em projetos, a começar por garantir que as necessidades e especificações que geraram o projeto e seu resultado esperado sejam entendidas de fato, por todos. Nesse processo é necessário ouvir todos aqueles que precisam ser ouvidos, é preciso prever cuidadosamente as entregas do pro- jeto. Sendo assim, é ideal que o início da exe- cução do projeto e de suas atividades em si aguarde a definição clara das intenções e objetivos. Quando as atividades já estão em andamento, uma maneira de minimizar riscos na implementação do resultado do projeto é promover testes no que está sendo desenvolvido com o objetivo de identificar eventuais falhas, que ainda possam ser corrigidas (MAXIMIANO, 2014). 7.4.4. Modalidades Contratuais de Projetos e Riscos Em um projeto, o contrato é o instrumento pelo qual se registra e formaliza o com- promisso tratado. As principais modalidades de contratação utilizadas em projetos são (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013): 1. contrato de preço fixo, no qual é definido o preço fixo total para determinada entrega ou para todo o projeto. Nessa modalidade, existe risco de prejuízo para o fornecedor do projeto, caso não realize a entrega dentro do valor acordado. Existe também risco para o contratante, pois, caso a situação anterior ocorra, poderá ter o projeto entregue em parte ou até mesmo cancelado; 2. contrato de custos reembolsáveis, no qual o fornecedor do projeto recebe o reembolso pelas despesas decorrentes do trabalho e mais o lucro, incluindo incentivos para entregas que vão além do esperado. Nessa modalidade, existe risco para o contratante de ultrapassar o orçamento do projeto e de desviar as entregas de seus objetivos, exigindo ajustes no escopo junto ao fornecedor; 3. contrato por tempo e material, integra elementos dos dois tipos de contratos anteriores e é utilizado, normalmente, para acrescentar recursos a projetos que já estão em andamento. Nessa modalidade de contrato existe o risco de se exce- der (em muito) os custos do projeto devido ao tipo de aquisição. Também existe o risco de não delimitar corretamente o objetivo do contrato em si. © to m er tu / / S hu tt er st oc k. Gestão de Projetos150 Existem casos em que mais de uma modalidade de contrato é aplicada a um único projeto, especialmente em esforços de alta complexidade e com várias especialidades envolvidas, como nas áreas de construção civil, engenharia de produto e até mesmo na área da educação. Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore uma Matriz de Probabilidade e Impacto dos riscos de um projeto à sua escolha, mencionando pelo menos 5 riscos diferentes. Elabore também um plano de resposta paracada um desses ris- cos, destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua Matriz e o plano de resposta, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Dica: utilize os modelos de matriz e plano que utilizados neste capítulo e procure trabalhar com riscos de impacto e probabilidade distintos para praticar a elaboração dessa documentação. Recapitulando Começamos este capítulo abordando como identificar, classificar e gerenciar riscos em um projeto. Finalizando a leitura do capítulo, você certamente percebeu a importância da gestão de riscos em projetos, pois adversidades e intercorrências sempre podem ocor- rer. Considerando que o risco é toda incerteza e possibilidade de desviar o projeto de seu plano, identificamos que existem riscos relacionados ao projeto e a seus resultados em si. Como forma de estruturar esses riscos, você conheceu a Estrutura Analítica de Riscos, na qual eles são organizados por categorias. Ao longo do projeto, identificar um risco não é suficiente para gerenciá-lo, pois é necessário mapear a probabilidade dele ocorrer e o impacto que poderá causar no projeto. Dessa forma, seja quantitativa ou qualitativamente, é possível direcionar a atenção para evitar os riscos de maior impacto, controlar riscos médios e identificar aqueles de menor importância. Todos esses fatores – se um risco pode ocorrer, qual é o impacto de sua ocor- rência, qual a chance de que aconteça de fato, e também as restrições existentes no projeto – precisam ser comunicados a todos os envolvidos. Isso pode ser realizado disponibilizando as matrizes de mapeamento e memórias de reunião a toda a equipe e partes interessadas. 151Gestão de Projetos Recursos como a Matriz de Probabilidade e Impacto, a escala de impacto de riscos e o plano de controle de riscos auxiliam na gestão das situações adversas e sua comunicação com todos. Essa documentação é essencial para formalizar a existência dos riscos, orientar a equipe sobre como agir caso ocorram, e até mesmo definir a responsabilidade sobre essas ações. Manter a boa comunicação e atitude ética na gestão de riscos é essencial para o sucesso do projeto, além de estabelecer contratos adequados com as partes interessadas. Durante a leitura você se deparou com a reflexão sobre como tratar as questões éti- cas em projetos. É ideal que essas questões sejam identificadas e gerenciadas com trans- parência, até mesmo por meio de reuniões no início do projeto e por documentos que formalizem o que foi acordado. Como essas questões envolvem diferentes pessoas e equi- pes, conhecê-las e manter um diálogo transparente sobre os planos, tarefas, dificuldades e decisões, é essencial para tratar os aspectos éticos nos projetos. O monitoramento e o controle dos riscos de um projeto são ações constantes, pois a ocorrência de um risco pode gerar novas possíveis situações e, mesmo que isso não acon- teça, é necessário acompanhar as atividades e evitar ao máximo que intercorrências e adversidades interfiram no sucesso do projeto. Gestão de Projetos152 Referências BRUCE, A.; LANGDON, K. Você sabe gerenciar projetos? Cumpra seus prazos finais e atinja suas metas. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008. BRUZZI, D. G. <Gerência de Projetos. 2. Ed. São Paulo: Editora Senac, 2014. CARVALHO, M. M. de.; RABECHINI JUNIOR, R. Fundamentos em Gestão de Projetos: construindo competências para gerenciar projetos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015. KANABER, V.; WARBURTON, R. D. Gestão de projetos. São Paulo: Saraiva, 2012. KERZNER, H. Gestão de Projetos: As Melhores práticas. Porto Alegre: Bookman, 2002. MAXIMIANO, A. C. A. Administração de projetos: como transformar ideias em resulta- dos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2014. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. A guide to the Project management body of knowledge (PMBOK Guide). Pennsylvania, Estados Unidos. 5. edição. 2013. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE BRASIL. Ética no gerenciamento de projetos. Dis- ponível em: <brasil.pmi.org/brazil/AboutUS/EthicsInProjectManagement.aspx>. Acesso em: 25/07/2018. 153Gestão de Projetos OBJETIVOS DO CAPÍTULO • Conhecer o processo de aquisições e suprimento em projetos. • Determinar mecanismos de seleção de fornecedores. • Estabelecer metodologias para execução e controle das aquisições. CAPÍTULO 8 Gestão de Aquisições e Suprimentos Elcio Cadene Ricardo Niehues Buss TÓPICOS DE ESTUDO 1 Papel Estratégico e o Processo das Aquisições 3 Execução das Aquisições • Decisões de Compra. • Documentação e Controle de Necessidades. • Recomendações para Compras. • Gerenciamento das Relações de Aquisição. • Monitoramento do Desempenho do Contrato. • Avaliação de Necessidades de Mudança. • Avaliação das Necessidades de Correção. 2 Seleção de Fornecedores 4 Encerramento das Aquisições e Avaliação de Fornecedores • Identificação de Fornecedores. • Adjudicação de um Contrato. • Recomendações de Gestão de Fornecimento. • Encerramento das Aquisições. • Atualização dos Ativos dos Processos Organizacionais. • Recomendações para Aquisições de Ativos. Gestão de Projetos154 Contextualizando o cenário Normalmente quando vamos a um supermercado, levamos uma lista de compras baseada em nossas necessidades de consumo e, claro, elaborada em função de nosso orçamento. Em um projeto existe uma necessidade semelhante que é atribuída à equipe de gerenciamento do projeto. Toda estratégia de compras deve ser cuidadosamente elaborada, pois são decisões que impactam diretamente no orçamento do projeto. Além disso, devemos evitar ao máximo ter que redefinir qualquer planejamento já documentado e aprovado pelas partes interessadas. As aquisições em um projeto variam muito em função da natureza da corporação aonde o mesmo está sendo realizado. O projeto de uma nave espacial é bem diferente do projeto da construção de uma ponte. Assim, podemos afirmar que ambos são complexos, mas reque- rem materiais e tecnologias que tem custos bem diferenciados e requerem controles especí- ficos de acordo com sua natureza de operação. Diante de cenários tão diferentes e específicos questiona-se: Como podemos desenvolver estratégias dentro do processo de aquisições para selecionar materiais e fornecedores sem perder o desempenho dos contratos ou incorrer em mudanças nas definições apro- vadas pelas partes interessadas? 155Gestão de Projetos 8.1. Papel Estratégico e o Processo das Aquisições O plano de gerenciamento de aqui- sições é um dos processos mais importan- tes do gerenciamento de projetos, pois com a constante evolução tecnológica, as cor- porações passaram a focar cada vez mais na necessidade de sobrevivência e atendi- mento do mercado, terceirizando boa parte das necessidades em seus projetos. Uma estratégia de aquisição de suprimentos bem elaborada e gerenciada pode pro- porcionar uma redução de custos relevantes no projeto. Além disso, a atividade é essencial para garantir o fornecimento adequado dos suprimentos necessários para a execução das atividades propostas. 8.1.1. Decisões de compra A decisão de compra em um projeto deve estar atrelada ao seu planejamento. É no planejamento que se verificam as demandas para o período em que o projeto será execu- tado e os suprimentos necessários para cada etapa. O processo de compras pode ser decisivo para o sucesso ou fracasso de um projeto. A eficiência neste processo promove vantagens competitivas e parcerias que garantem o for- necimento correto de suprimentos e custos de acordo com o orçamento estipulado. Um processo de aquisição eficiente deve conter: • definição de critérios de seleção de fornecedores; • seleção e cadastramento de fornecedores qualificados;• identificação da necessidade de aquisição; • emissão da solicitação interna de aquisição; • cotação em fornecedores previamente qualificados; • decisão da fonte fornecedora (fornecedor efetivamente escolhido para o fornecimento); • emissão da ordem de compra/contrato; • aquisição propriamente dita; • verificação do produto/serviço adquirido; • atualização do histórico de fornecimento do fornecedor. © W ill ia m P ot te r / / Sh ut te rs to ck .. Gestão de Projetos156 O processo de decisão de compra divide-se em 4 etapas distintas: • identificação: fase na qual o usuário ou recurso identifica a necessidade de aquisi- ção de algo que seja essencial ou venha a facilitar as tarefas a ele designadas; • avaliação: o gerente de projetos (GP) ou partes interessadas avaliam se realmente existe a necessidade evidenciada, analisando os custos e a possibilidade de resolver a demanda internamente ou se é preciso realizar nova aquisição, observando-se o que terá menor impacto para o orçamento do projeto; • aprovação: dependendo do projeto e do valor da aquisição, são necessários crité- rios de aprovação, ou seja, o gerente de projetos pode solicitar a compra de um produto ou serviço até um certo limite de valor. Solicitações de compra com valo- res acima do limite estipulado para o GP devem ser aprovadas pelas partes inte- ressadas, pois podem afetar diretamente o desempenho da corporação e, desta forma, comprometer o projeto. Os limites de compra de cada membro do projeto devem estar definidos nos termos de abertura do projeto e devem ser homologa- dos pelas partes interessadas; • aquisição: é a fase final do processo, na qual se adquire o bem ou serviço. Funda- mentadas nas necessidades do projeto, estas decisões devem ser documentadas pelo GP, juntamente com documentações que venham a proteger as aquisições, como termos de garantia, apólices de seguros ou contratos de risco. Ao seguir as etapas do processo de decisão de compras, o Gerente de Projetos garante maior controle sobre as aquisições, sejam elas realizadas pelo próprio GP ou por um responsável por compras subordinado a ele. Este controle auxilia no acompanhamento das entregas, conforme o cronograma, e dos preços, conforme o orçamento aprovado, de modo que qualquer inconsistência é identificada e solucionada com maior rapidez. 8.1.2. Documentação e Controle de Necessidades A documentação relacionada à aquisi- ção deve ser compatível com o valor do bem ou serviço comprado/contratado, levando em consideração sua complexidade técnica. Geralmente os processos de aquisição estão registrados em três documentos bási- cos que são: © s m ol aw / / S hu tt er st oc k. 157Gestão de Projetos Curiosidade A barragem da usina hidrelétrica de Três Gargantas, na China, é a maior do mundo, com mais de 2,2 km de extensão e 181 metros de altura. A usina tem capacidade de geração de 22.500 MW, energia elétrica suficiente para 60 milhões de chineses. Seu projeto envolveu aquisições superiores a US$ 6 bilhões (RAMOS, 2016). • solicitação de compra: requisição interna preenchida pelo próprio recurso ou usuá- rio e que será o primeiro filtro para avaliar a real necessidade de aquisição; • cotação ou licitação: documento que irá filtrar fornecedores que atendem os requi- sitos de compra. Estes devem estar aptos a fornecer o bem ou serviço, sendo esco- lhido o que mais se enquadrar nos critérios de preço, qualidade e prazo de entrega; • ordem de compra: documento no qual se registra a aquisição e autoriza-se o forne- cedor a entregar a mercadoria. Itens comerciais ou padrão de mercado podem ser adquiridos sem a necessidade de cotação, pois geralmente têm um alto volume de consumo e preços de impacto inexpres- sivo no projeto. Fica a critério do GP qual documento o comprador deverá utilizar para estas aquisições. 8.1.3. Recomendações para Compras O setor de compras é responsável por grande parte dos gastos gerados por um pro- jeto. Por isso, quanto mais eficiente ele for, melhores serão os resultados com a redução de custos e o cumprimento do orçamento. Além da necessidade de pessoas capacitadas e com habilidade em negociação, é importante observar algumas recomendações para não errar neste processo, como: • buscar eficiência na aprovação das compras: desenvolver um processo estruturado para aprovação das compras, que tenha critério e não seja moroso a ponto de cau- sar atrasos; • comprar suprimentos na quantidade necessária: falta de produtos pode gerar atra- sos e prejudicar a execução da atividade. Já os excessos geram estoques, perda de capital de giro e elevação de custos de manutenção; Gestão de Projetos158 • controles precisos de estoques: a exatidão do estoque evita erros e desperdícios. Inventários regulares são fundamentais para o correto controle do estoque. Dessa forma, é realizada a conferência entre o estoque físico e a descrição do estoque presente no sistema; • utilizar indicadores de performance nas compras: possibilitam analisar a situação e desempenho dos processos envolvidos em estoques, tornando-se importante fonte de informações para a tomada de decisão; • analisar constantemente os fornecedores: os fornecedores são peça chave no processo de suprimento de um projeto. Eles devem ser periodicamente analisados quanto à sua capacidade de entrega, qualidade dos suprimentos e preços justos de mercado. Ao contrário do que muitos pensam, o setor de compras é complexo e pode ser o diferencial no desempenho e redução de custos de um projeto. 8.2. Seleção de Fornecedores Para conduzir as aquisições, torna-se necessário uma seleção criteriosa dos for- necedores, que devem ser escolhidos con- forme os critérios técnicos dos bens ou serviços que serão adquiridos. O processo de selecionar fornecedo- res promove impacto direto no orçamento de um projeto, assim como no fornecimento de suprimentos para sua execução. Segundo Kerzner (2006), devem ser construídas parcerias sólidas entre a empresa e seus fornecedo- res, que tenham capacidade de adaptação e garantam respostas rápidas a possíveis altera- ções do projeto. 8.2.1. Identificação de Fornecedores Os fornecedores selecionados devem estar aptos a fornecer respostas em tempo hábil, dentro das necessidades do projeto e dentro dos critérios definidos de preço, quali- dade e prazo de entrega descritos nos termos de abertura do projeto. Ainda devemos observar outros critérios para a seleção de fornecedores como: © S ta ni sl au V / / S hu tt er st oc k. (A da pt ad o) . 159Gestão de Projetos • capacidade técnica: se além dos critérios estabelecidos, o fornecedor tem a capa- cidade de produzir determinado bem ou serviço; • logística: verifica se o fornecedor está em uma área que possibilite a entrega den- tro dos prazos estipulados, e se os equipamentos logísticos atendem às demandas da entrega; • comprometimento: define qual o grau de comprometimento do fornecedor para com o projeto e com as entregas envolvidas com seu fornecimento; • risco financeiro e legal: analisa a capacidade de ressarcimento do fornecedor em caso de descumprimento dos acordos descritos nos contratos, assim como asse- gura à empresa compradora o direito do recebimento dos produtos e serviços adquiridos para o projeto. O processo de seleção de fornecedores envolve diversos fatores importantes. Cada um deles deve ser analisado e elencado de acordo com a maior necessidade do projeto/ empresa. Todos os fatores apontados têm seu grau de importância; por isso, a empresa deve entender os que geram maior e menor impacto para a execuçãodo seu projeto. É importante a construção de um banco de dados de fornecedores, de modo a regis- trar o relacionamento entre a empresa e o fornecedor. Desse modo, podemos dividir as informações sobre os fornecedores em potenciais e habituais. Distinção entre Fornecedores Potenciais e Habituais Fornecedores Potenciais Fornecedores Habituais • Geram certo grau de insegurança por nunca terem negociado com a empresa. • É importante serem preparados para atenderem futuras necessidades de for- necimento exigidas pela empresa. • Garantem maior segurança de forneci- mento por já atuarem junto à empresa. • Estão adequados às normas e regras da empresa. O gerente de projetos deve ter conhecimento dos documentos e histórico dos forne- cedores, sua capacidade de entrega, prazos, preços e, principalmente, verificar se a quali- dade do produto se adequa às exigências do projeto. Pausa para refletir Você já parou para pensar na complexidade de selecionar um ou mais fornecedores para a execução de um grande projeto? Liste fornecedores necessários para a construção de um prédio, por exemplo. Gestão de Projetos160 8.2.2. Adjudicação de um Contrato Para itens que tenham valor expres- sivo ou venham a impactar fortemente nos projetos, sugere-se que sejam realizados contratos de fornecimento registrados judi- cialmente, nos quais se declare e se estabe- leçam regras e penalidades previstas em lei para o não cumprimento dos termos regi- dos no contrato. Isso se refere tanto aos termos das entregas quanto para à violação dos direitos das partes interessadas. Devemos observar que a função do contrato é preservar o bom relacionamento entre as partes envolvidas, e não criar dispositivos punitivos ou coercitivos, que visem a obtenção de lucro. Todos os contratos de fornecimento devem ser analisados por peritos designados pelas partes interessadas do projeto antes da adjudicação. Esclarecimento Adjudicação é um ato judicial com efeito de transferência da propriedade de uma determinada coisa de uma pessoa para outra (BORTOLINI, 2015). Após este processo, o contrato ainda poderá ser analisado pelos peritos do fornece- dor, que pode concordar ou solicitar emendas no contrato que lhe respalde de problemas jurídicos. 8.2.3. Recomendações de Gestão de Fornecimento A gestão para o fornecimento deve ser muito bem estruturada dentro de um plane- jamento que compreenda toda a capacidade do fornecedor de atender com excelência ao projeto da empresa. Fatores primordiais devem ser levados em consideração, tanto no pro- cesso de seleção quanto no de contratação e acompanhamento do fornecedor. Para tanto, pode-se criar um quadro, tabela, ou qualquer outro meio que se considere adequado. Nele devem ser elencados os parâmetros necessários para a tomada de decisão junto ao fornecedor. © A nd re i_ R / / S hu tt er st oc k 161Gestão de Projetos Modelo de parâmetros de seleção/acompanhamento de fornecedores Parâmetros -acompanhamento de fornecedores Avaliação Fornecedor 1 Fornecedor 2 Fornecedor 3 Fornecedor 4 Histórico Qualidade Preço Serviço Entrega Estabilidade O modelo apresentado pode ser adaptado e ampliado para qualquer empresa. Ele possi- bilita um acompanhamento simples por meio de um quadro de checagem. Para cada parâme- tro de análise do fornecedor, emprega-se uma nota de 1 a 5, sendo 1 (um) pouca capacidade de fornecimento e 5 (muita capacidade). O fornecedor que obtiver o melhor índice de notas nos parâmetros desejados estará mais apto a fornecer para o projeto em questão. 8.3. Execução das aquisições A execução das aquisições objetiva colocar em prática o processo de compras de pro- dutos ou serviços necessários para efetivação das atividades do projeto. Nem sempre será possível desenvolver dentro do projeto os artefatos necessários para efetivar suas entregas e, desta forma, torna-se necessário gerenciar toda a cadeia de relacionamentos que liga o fornecimento dos produtos e serviços comprados. Os principais objetivos do GP dentro do processo de gerenciamento de relações de aquisição são: • promover a eficiência das compras; • garantir o bom uso dos recursos destinados ao projeto; • garantir as datas de entrega; • controlar os custos; • controlar os riscos envolvidos nas aquisições. Gestão de Projetos162 De forma geral, para obter todas as garantias acima, o GP deverá ainda ter uma visão holística sobre o fluxo de fornecimento. 8.3.1. Gerenciamento das Relações de Aquisição Para que a relação entre o comprador e o fornecedor ocorra com a melhor fluidez possível, é importante conhecer as informações externas necessárias para compras. Esta visão deverá abranger: • um plano de gerenciamento de aquisições: no qual sejam registrados os trâmites entre as partes interessadas e os fornecedores, assim como também os motivos das aquisições; • registros da condução das aquisições: é o processo por meio do qual são registra- das as informações dos fornecedores selecionados para o projeto e a adjudicação dos contratos; • controle de aquisições: monitora o desempenho do contrato e as relações de aquisição junto a necessidades de alterações contratuais, quando estas existirem; • finalização do processo de aquisição: registra a finalização das aquisições após a incorporação dos itens ao projeto. Essas informações devem se adequar ao processo de compras para o projeto, auxi- liando o gerente de projetos e o setor encarregado. Informações e processos importantes para área de compras Compras Informações externas Processos internos Condições gerais de mercado Verificação de requisições Fontes de suprimentos Análise de orçamentos Taxa de produção dos fornecedores Planejamento e Controle da Produção Capacidade de produção dos fornecedores Política de estoques Condições de mão de obra Banco de talentos Impostos de venda e de uso Controle de estoques Informações sobre produtos Padronização e simplificação 163Gestão de Projetos Compras Informações externas Processos internos Informações sobre novos produtos Prazos de ressuprimento Disponibilidade de transporte Estimativa de custos Tarifas de transporte Processos Logísticos Preço e descontos Registros das informações de compras Fonte: Adaptado de DIAS, 2010. Dessa forma, serão tomadas as melhores decisões diante do panorama econômico em que a empresa se encontra. 8.3.2. Monitoramento do Desempenho do Contrato Sempre que um contrato está em fase de execução existe a necessidade da verifi- cação do cumprimento de suas cláusulas, que nada mais é do que a verificação de que o acordo mútuo dos fornecimentos dos produtos, serviços ou resultados especificados estão sendo cumpridos conforme a obrigatoriedade do comprador em fornecer uma contrapres- tação monetária ou de outro tipo. Convencionalmente, o GP não tem autoridade para assinar contratos, mas tem toda a obrigação de monitorá-los quando da execução dos mesmos. Quando incorre-se em pro- cessos de compras ou aquisições significativas, é elaborado um plano para administrar o contrato com base nos itens requisitados ao comprador. Esse plano deve conter a docu- mentação e especificações de entrega, além do desempenho que o comprador e o fornece- dor devem cumprir. O conjunto de documentos relacionados ao desempenho do fornecedor deve conter: • documentação técnica desenvolvida pelo fornecedor ou parceiro atestando a capa- cidade de fornecimento; • relatórios de desempenho do fornecedor que demonstrem as entregas concluídas e as que ainda não foram efetivadas. Vale ressaltar que o plano monitora as tarefas de administração de contrato durantetoda a vigência do mesmo, sendo que todo plano de gerenciamento de contratos é um sub- projeto do plano de gerenciamento do projeto. Gestão de Projetos164 8.3.3. Avaliação de Necessidades de Mudança Todos os processos de monitoramento, controle e execução criam solicitações de mudança como resultado, que, por sua vez, geram ações corretivas, preventivas e verifica- ções de falhas. Contudo, ações corretivas e preventivas normalmente não afetam as linhas de base do projeto, apesar de influenciarem diretamente seu desempenho. No caso dos processos de aquisições regidas por contratos, as mudanças inci- dem diretamente sobre o orçamento e o custo, podendo causar impacto nas entregas e no desempenho final do projeto, além de sansões legais impostas pela legislação. Se a mudança de uma aquisição ocorrer em uma fase crítica do projeto, podemos ter mudanças no próprio cronograma ou na linha de base do projeto. Desta forma, o gerente de projetos deve ter uma visão crítica sobre as mudan- ças solicitadas no projeto, seus impactos e sua incidência sobre o orçamento. Qualquer mudança nas aquisições do projeto deve estar em acordo com o sistema de monitora- mento de mudanças realizado pelo GP ou por qualquer membro do projeto que tenha auto- rização para sua efetivação. Afirmação É no controle das mudanças que o gerente do projeto é exigido em seu limite, uma vez que o nível de esforço do projeto está em sua plenitude e é necessária uma avalia- ção global de todos os fatos e suas consequências para que o projeto não entre em um pro- cesso rápido de colapso (VARGAS, 2009, p. 203). Independentemente de sua aprovação, qualquer solicitação de mudança deve ser registrada em documento próprio, denominado registro de solicitação, e incorporado à documentação do projeto. O controle das solicitações de mudanças também necessita de controle finan- ceiro, que envolve o monitoramento dos pagamentos aos fornecedores. Isso porque se a mudança incidir sobre produtos já solicitados por compras, o custo das devoluções deve ser registrado e incluído no orçamento do projeto. 165Gestão de Projetos Pausa para refletir Você já parou para pensar nas consequências que as alterações no projeto podem gerar para a área de compras? E se essa mudança gerar alterações no fornecimento dos suprimentos pelo for- necedor? Quais alternativas e decisões serão necessárias para que o projeto não seja prejudicado? 8.3.4. Avaliação das necessidades de correção As decisões sobre a correção de um processo, tais como mudança de escopo e pra- zos, tarefas, recursos e equipe, devem ser cuidadosamente estudadas para que não criem impacto negativo nas outras áreas do projeto. Em grandes projetos, nos quais são empe- nhados grandes investimentos monetários, quase nunca se cogita a correção de algum pro- cesso. Busca-se um contorno para a situação sem propriamente incorrer em uma correção. Mas quando esta é inevitável, o GP deve procurar uma forma rápida para corrigir o desvio, tendo sempre a transparência de comunicar as partes interessadas. Mesmo que exista um contrato de cobertura jurídica para a fluidez do projeto, pode acontecer de o mesmo atravancar o andamento das atividades pela lentidão no julgamento pelas autoridades. Desta forma, um acordo entre as partes pode originar uma correção no contrato de fornecimento. Mesmo sendo um documento extra oficial, o acordo procura viabilizar as condições de aquisição mediante o consenso entre o credor e o devedor. Por meio do acordo, o credor normalmente abre mão de direitos legais que lhe per- tencem, ou estende o prazo de entrega das aquisições. Já o devedor se compromete a rea- lizar as entregas dentro dos prazos determinados pelo acordo. É importante que o acordo seja devidamente formalizado e homologado por todas as partes interessadas, para que esta forma de correção tenha valor jurídico. 8.4. Encerramento das Aquisições e Avaliação de Fornecedores O processo de encerramento das aqui- sições está associado ao processo de encer- ramento de um projeto ou determinada atividade. Neste momento, devem ser veri- ficados os cronogramas para analisar se todo o processo entre a empresa e o for- necedor foram cumpridos, ou se ainda há alguma pendência que deve ser atendida. © B ac ho / / S hu tt er st oc k. Gestão de Projetos166 Após as devidas conferências e controle do processo, encerra-se esta etapa. Ao fim, são documentados todos os processos, bem como a avaliação final do fornecedor. Esta informação é preciosa e necessária para futuros projetos. O encerramento do processo das aquisições deve contemplar a análise de todas as cláusulas de cada contrato aplicável ao projeto ou a uma fase do projeto. Caso apareçam divergências, as mesmas devem ser estudadas, solucionadas e, por fim, documentadas e arquivadas. 8.4.1. Encerramento das Aquisições Diante de um projeto, o mesmo pode ser subdividido em várias etapas de execução. Dependendo do contrato firmado entre a empresa e o fornecedor, este pode ter caracterís- ticas que cobrem todo o projeto ou cada fase isoladamente. Caso o processo de aquisição esteja vinculado às etapas do projeto, este se finda juntamente com o encerramento de cada etapa. Em geral, os contratos apontam termos específicos, tais como conformidade e prazos, que auxiliam no encerramento do mesmo, evitando vias judiciais. Em caso de cancelamento do contrato, deverá ser verificada a possibilidade de um acordo entre as partes, conforme os termos previstos na rescisão de contrato. Esta deve ser sempre a primeira opção, já que a resolução de problemas em tribunais pode ser one- rosa, demorada e desgastante para ambas as partes. Antes do encerramento do contrato, deve-se fazer uma auditoria em todos os itens adquiridos para validar que o contrato foi cumprido sem restrições ou, no caso de haver restrições, devem ser realizados os registros relativos a estas nos documentos de acompa- nhamento do projeto. 8.4.2. Atualização dos Ativos dos Processos Organizacionais Podemos incluir, dentro dos ativos de processos organizacionais, qualquer fonte de informações ou ferramentas que auxiliem no planejamento, implementação e execução do projeto. Os documentos que auxiliam na execução de um projeto também podem ser con- siderados um poderoso ativo organizacional devido ao seu teor técnico e balizador das ati- vidades e das entregas. Para manter seu valor, os documentos devem ser atualizados pelos GP no decorrer do projeto. 167Gestão de Projetos De acordo com o PMI (2017), os ativos de processos relativos a aquisição são: • tipos de contrato; • políticas, procedimento e normas referentes à contratação e à concepção do plano de aquisições; • relação de potenciais fornecedores; • acordos prévios; • documentação do desempenho do fornecedor. Um documento que pode reforçar fortemente os ativos dos processos organizacio- nais é o registro de lições aprendidas, que nada mais é do que um registro dos erros e acer- tos cometidos nos projetos. Geralmente estes registros são realizados no final do projeto, junto com toda a equipe, que juntos repassam as lições aprendidas para que em outros projetos os modelos positivos possam ser replicados e os negativos (erros) sejam evitados. Para refletir Você já parou para pensar que as suas experiências de vida são na maioria das vezes basea- das nos erros que cometeu? O mesmo acontece nos projetos e empresas; cada erro de exe- cução é motivo de aprendizagem e melhoria. Mas como podemos minimizar essa margem de erro para que não gere prejuízos ao projeto? 8.4.3. Recomendações para Aquisição de Ativos O processo de aquisição para um projeto precisa ser muito bem planejado,já que envolve capital de giro da empresa. Este capital, que antes estava disponível para investimen- tos e para financiar as operações da empresa ou projetos, agora está investido em ativos. Por isso é tão importante o cuidado com o processo de aquisição. Muitas perguntas devem ser respondidas e bem estudas antes de utilizar este recurso em algo que pode não gerar o retorno esperado. Por exemplo: • a compra de uma máquina nova para determinada atividade vai auxiliar a agilizar determinado processo. Porém, após encerrar a etapa em questão, a máquina con- tinuará sendo utilizada em sua capacidade ideal? Gestão de Projetos168 • uma compra de suprimentos maior do que a quantidade necessária pode gerar um desconto considerável. Esse desconto é vantajoso? Muitas vezes, o desconto não compensa o custo de armazenagem, custo de estoque parado, entre outros fatores que podem colocar em risco o produto pela sua não utilização. Assim, o planejamento adequado do projeto e de suas etapas, além da construção de um orçamento e cronograma preciso, auxilia na previsão dos ativos necessários, sem gerar custos extras ou aquisição de ativos que serão subutilizados. Proposta de Atividade Reforce seu aprendizado com o exercício sugerido a seguir. A atividade não é avaliativa, mas é uma boa oportunidade para testar seus conhecimentos e fixar o conteúdo estudado no capítulo. Agora é hora de recapitular tudo o que você aprendeu neste capítulo! Elabore uma sín- tese destacando o que você espera de um bom fornecedor e quais as principais caracterís- ticas que ele deve ter. Depois, pense em algum produto, pode ser para sua casa mesmo, e visualize todos os possíveis fornecedores que podem lhe atender. Aplique as características que você elencou na síntese e descubra qual a melhor opção para realizar a aquisição. Você poderá se surpreender com o resultado. Recapitulando O plano de gerenciamento de aquisições é um dos processos mais importantes do gerenciamento de projetos. Os fornecedores selecionados devem estar aptos a dar respos- tas em tempo hábil, dentro das necessidades do projeto e dos critérios definidos de preço, qualidade e prazo de entrega. Todos os itens necessários para o projeto devem estar discriminados no planejamento do mesmo. Esta etapa é fundamental, primeiramente para elaborar com a maior precisão o orçamento do projeto, e, em um segundo momento, minimizar erros de execução. O pla- nejamento possibilita antecipar possíveis problemas e servir como um guia, aliado ao cro- nograma e orçamento, de forma que o GP e sua equipe sigam o que foi preestabelecido e aprovado, evitando prejuízos devido a desvios do projeto e possíveis falhas não previstas. Porém, todo projeto está sujeito a mudanças, que podem ocorrer por diversos fato- res, sejam eles econômicos, políticos, naturais, entre outros. As alterações podem atrasar o cronograma ou exigir modificações no orçamento, principalmente quanto aos suprimen- tos, que demandam grande parte dos recursos financeiros de um projeto. 169Gestão de Projetos Diante deste panorama a área responsável por compras deve agir rapidamente, iden- tificando a capacidade que o atual fornecedor tem de atender as novas exigências do pro- jeto. Caso o fornecedor não consiga se adaptar, o responsável por compras deve então buscar em seu banco de fornecedores o que melhor se adequa à nova realidade, nego- ciando novos preços e prazos, a fim evitar danos ou de minimizar o impacto na execução do projeto. Criar um banco de fornecedores é muito importante, já que, se acontecer um impre- visto com o fornecimento do contratado, pode-se acionar outro, que já esteja cadastrado e seja familiar ao responsável por compras e ao GP. Por exemplo, em uma construção, são necessários vários fornecedores de várias áreas, como engenheiros, arquitetos, materiais de construção, ferragistas, madeireiras, aluguel de equipamentos, entre outros. Formar uma parceria com um único fornecedor pode ser um risco, pois qualquer problema pode afetar diretamente o abastecimento do projeto. Por isso, o ideal seria, para cada setor, contar com mais de dois fornecedores capacitados e certificados às exigências necessárias ao projeto. Nesse contexto, a área de aquisições é parte fundamental e estratégica para a redu- ção de custos em todas as etapas de execução de um projeto. Não adianta apenas comprar, deve-se comprar bem, com qualidade, preços justos, entregas seguras e no prazo. Desse modo, o GP, juntamente com o responsável por compras, deve selecionar fornecedores que atendam todas os requisitos necessários ao projeto em quantidade e qualidade. Gestão de Projetos170 Referências BORTOLINI, D. B. Adjução Compulsória. 2015. Disponível em: <phmp.com.br/artigos/ adjudicacao-compulsoria/>. Acesso em 19 de agosto de 2018. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 2010. KERZNER, H. Gestão de projetos: as melhores práticas. 2. Ed. Porto Alegre: Bookman, 206. PMI – PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. A guide to the Project management body of knowledge (PMBOK Guide ). 6. ed. 2017. RAMOS, A. Hidrelétrica das Três Gargantas: obra-prima ou desastre iminente? 2016. Dis- ponível em: <engenhariae.com.br/editorial/colunas/hidreletrica-das-tres-gargantas-obra- -prima-ou-desastre-iminente/>. Acesso em: 19/08/2018. VARGAS, R. Gerenciamento de projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. 6 ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2009. Gestão de Projetos172 UNIVERSIDADE