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Teoria do Domínio de fato

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Teoria do Domínio de fato
O conceito de autoria pode abranger os participantes do crime quando se parte de um sistema unitário de autor, ou pode estar limitado à conduta dos agentes principais, se se parte de um sistema diferenciador de autor. Um sistema de fato diferenciador do autor se caracteriza pela adoção do princípio da acessoriedade da participação. Através desse princípio, entende-se a participação como uma intervenção secundária, cuja punibilidade se estabelece em função de determinados atributos da conduta do autor. Além disso, a adoção desse princípio traz a necessidade de estabelecer critérios de distinção entre as condutas de autoria e as condutas de participação.  A autoria dentro de um sistema diferenciador não pode se limitar a quem pratica pessoalmente e diretamente o delito. Ela compreende também quem se aproveita de outra pessoa como instrumento para a prática do crime, que é o caso da autoria mediata. É possível também que mais de uma pessoa pratique a mesma infração penal, ignorando que está colaborando na ação de outra pessoa, que é o caso da autoria colateral, ou ainda que a pessoa coopere de forma consciente e voluntária na prática do delito, praticando atos de execução, que é a coautoria.
A teoria do domínio do fato diferencia com clareza os conceitos de autor e partícipe, e admite a figura do autor mediato, além de facilitar o entendimento da coautoria. Nem uma teoria puramente objetiva, nem uma teoria puramente subjetiva são adequadas para fundamentar a essência da autoria e ainda delimitar corretamente a autoria e a participação. A teoria do domínio do fato parte do conceito restritivo do autor e tem a pretensão de sintetizar aspectos objetivos e subjetivos, se apresentando como uma teoria objetivo- subjetiva. Apesar de o domínio do fato supor um controle final, que é um “aspecto subjetivo”, ele não requer só a finalidade, mas também uma posição objetiva que determine o efetivo domínio do fato. De acordo com essa teoria, autor é quem tem o poder de decisão sobre a realização do fato. Isso não quer dizer só que o autor ocupa uma “posição hierárquica superior”; ele detém uma posição de comando que determina a prática da ação, ou seja, ele tem controle sobre o executor do fato. Então autor é não só aquele que executa a ação típica – que é a autoria imediata – mas também aquele que se utiliza de outra pessoa como instrumento para a execução da infração penal – que é a autoria mediata. A teoria do domínio do fato reconhece a figura do autor mediato, desde que a realização da figura típica se aprese nte como resultado da sua vontade, ou seja, desde que ele seja o controlador do executor. Essa teoria tem algumas consequências: o a realização pessoal e plenamente responsável de todos os elementos do tipo sempre fundamentam a autoria o é autor quem executa o fato utilizando outra pessoa como instrumento (autoria mediata) o é autor o coautor que realiza uma parte necessária do plano global, apesar de não ser um ato típico, desde que integre a resolução delitiva comum.
Trata-se de uma elaboração superior às teorias até então conhecidas, que distingue com clareza autor e partícipe, admitindo com facilidade a figura do autor mediato, além de possibilitar melhor compreensão da coautoria. Essa teoria surgiu em 1939 com o finalismo de Welzel e sua tese de que nos crimes dolosos é autor quem tem o controle final do fato. Mas foi através da obra de Roxin, Täterschaft und Tatherrschaft inicialmente publicada em 1963, que a teoria do domínio do fato foi desenvolvida, adquirindo uma importante projeção internacional, tanto na Europa como na América Latina. Depois de muitos anos Claus Roxin reconheceu que o que lhe preocupava eram os crimes cometidos pelo nacionalsocialismo.
A teoria do domínio do fato reconhece a figura do autor mediato, desde que a realização da figura típica, apresente-se como obra de sua vontade reitora, que é reconhecido como o “homem de trás”, e controlador do executor. A teoria do domínio do fato tem as seguintes consequências: 1ª) a realização pessoal e plenamente responsável de todos os elementos do tipo que fundamentam sempre a autoria; 2ª) é autor quem executa o fato utilizando a outrem como instrumento (autoria mediata); 3ª) é autor o coautor que realiza uma parte necessária do plano global (“domínio funcional do fato”), embora não seja um ato típico, desde que integre a resolução delitiva comum.
Referências Bibliográficas:
https://www.conjur.com.br/2012-nov-18/cezar-bitencourt-teoria-dominio-fato-autoria-colateral
https://www.conjur.com.br/2014-set-01/claus-roxin-critica-aplicacao-atual-teoria-dominio-fato

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