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Origem e Desenvolvimento de Fármacos Professora Gabriela Gambato FACULDADE ANHANGUERA CURSO DE FARMÁCIA DISCIPLINA DE QUÍMICA FARMACÊUTICA Introdução A descoberta de uma molécula bioativa, seja por meio de fontes naturais ou pela síntese orgânica, procede de triagens biológicas, bioquímicas ou virtuais que permitem determinar seu potencial biológico Linha do tempo do desenvolvimento de novos fármacos com a estimativa de tempo para cada fase da pesquisa. Introdução Introdução • Fármacos de origem sintética (S) • Naturais modificados (ND) • Sintéticos inspirados em produtos naturais e modificados (S/NM) • Puramente sintéticos com 5% (S*) • Sintéticos não inspirados em produtos naturais com 11% (S*/NM) • Puramente naturais (N) Produtos naturais vegetais Morfina, cocaína, digitálicos, quinina, tubocurarina, nicotina, muscarina, etc. Alguns são usados como fármacos (morfina e quinina) enquanto outros são usados como base para a síntese de outros fármacos (anestésicos locais). Quinina: alcalóide com atividades antienéticas, analgésica e antimalárica. Chinchona calisaya Wedd. (Rubiaceae). – Quina-amarela. Produtos naturais não vegetais A avermectina B1 um macrolido isolado de Streptomyces sp., é um potente agente anti-helmíntico com amplo espectro de ação, sendo recomendado, inclusive, para o combate ao Schistosoma mansoni Produtos naturais de origem marinha Esponjas e os corais têm capacidade de produzir compostos com propriedades anti-inflamatórias, anti-virais e anti-cancerígenas. A curacina A é obtida do Cianobacterium marinho tem atividade anti- tumoral. agente anti-inflamatório em estudo Fármacos sintéticos Representam a maioria dos fármacos disponíveis na terapêutica moderna. A maioria são: • Aquirais • Não raramente um heteroátomo (nitrogênio, enxofre e oxigênio, cloro e flúor) • Inibidores de enzimas – a maioria • Agonistas de receptores seletivos O acaso na descoberta de fármacos Gás mostarda usado na 2ª guerra mundial, é usado na leucemia, pois mata as células brancas do sangue; Trabalhadores na indústria da borracha: Dissulfiram evita a oxidação normal do álcool, sendo portanto usado no tratamento do alcoolismo crónico. Cl S Cl N S S NH3C H3C S S CH3 CH3 Dissulfiram Screening de fármacos • Triagem extensiva: submeter um pequeno número de moléculas originais a uma investigação farmacologia exaustiva. • Triagem randômica: testar um grande numero de compostos (de centenas a milhares) frente a uma única indicação terapêutica, um alvo farmacológico relativamente simples em busca de uma atividade pré-definida. • High Throughput Screening (HTS): avaliação de centenas a milhares de compostos em um curto espaço de tempo, sistema automatizado testando de forma miniaturizada ensaios farmacológicos in vitro Onde conseguimos tantas moléculas? • Coleção de compostos pré-existentes nas grandes indústrias farmacêuticas; • Produtos naturais; • Catálogos de produtos químicos; • Química combinatória. Química combinatória Metodologia de síntese simultânea de uma grande quantidade de moléculas (centenas a milhares) a partir de uma serie de itinerários definidos (buildind blocks) Problemas • Diversidade inadequada • Baixo índice de ligantes identificados • Baixa qualidade dos ligantes identificados Objetivo • Reduzir o tempo necessário na busca de um novo fármaco Bibliotecas Combinatórias e Quimiotecas Drug-likeness Características que uma molécula deve possuir para ter ação farmacológica Regra dos 5 de Lipinski (1997) 1. Peso molecular ≤ 500 g/mol 2. Log P ≤ 5 3. Doadores de ligação de H ≤ 5 4. Aceptores de ligação de H ≤ 10 Boa absorção via oral Drug-likeness Características que uma molécula deve possuir para ter ação farmacológica Outras regras 1. Numero de ligações com livre rotação < 10 2. 0 < log D < 3 3. Passagem pela barreira hemato-encefálica N + O ≤ 5 Log P – (N + O) > 0 Desenvolvimento de novos fármacos Desenho estrutural de novos fármacos baseado no mecanismo de ação farmacológica pretendido. Etapas da abordagem fisiológica para o desenvolvimento de novos candidatos a fármaco. Por meio da abordagem fisiológica, existem dois principais métodos de planejamento de fármacos: • Planejamento de fármacos com base na estrutura do receptor; • Planejamento de fármacos com base na estrutura do ligante. Desenvolvimento de novos fármacos Estudo da relação estrutura-atividade (REA) Objetivo: encontrar relações entre a estrutura química e a atividade biológica de uma série de compostos. A técnica de triagem virtual (VS, do inglês virtual screening) traz uma biblioteca virtual de compostos que podem ser testados no sítio de ação selecionado. Desenvolvimento de novos fármacos • Quais grupamentos se ligam ao receptor? • Quais grupamentos protegem a molécula da metabolização ou são suscetíveis ao metabolismo? • Quais grupamentos garantem propriedades físico-químicas adequadas a molécula? • Quais grupamentos conferem a toxicidade a molécula? Farmacóforo Estudo da relação estrutura-atividade (REA) Aumentar a atividade → Potência Diminuir os feitos adversos → Segurança Fornecer moléculas facilmente administradas aos pacientes → Farmacocinética (biodisponibilidade) Desenvolvimento de novos fármacos Otimização do Protótipo Alguns métodos da Química Medicinal são utilizados para a síntese racional desses compostos análogos: • Bioisosterismo • Hibridação • Simplificação molecular Desenvolvimento de novos fármacos O ti m iz a ç ã o e s tr u tu ra l Farmacocinética Potência Toxicidade Protótipo molécula que apresenta uma atividade biológica de interesse Fármacos me too • Estruturalmente muito similar a um fármaco conhecido, com pequenas diferenças farmacoterapêuticas • Otimização de compostos protótipos (natural ou sintéticos). Fármacos me better: fármaco com efeito superior ao análogo conhecido. Desenvolvimento de novos fármacos Desenvolvimento de novos fármacos Bioisosterismo Substituição de grupos funcionais que têm propriedades químicas, físico-químicas e/ou biológicas semelhantes (isósteros químicos) a um grupo relacionado ao composto protótipo N2 CO N2O CO2& & Desenvolvimento de novos fármacos - Bioisosterismo Teoria do Deslocamento do Hidreto de Grimm (1925) “A adição de um hidreto a um átomo fornece um pseudo- átomo, o qual apresenta as mesmas propriedades físicas daqueles presentes na coluna imediatamente posterior da Tabela Periódica do átomo inicial.” Desenvolvimento de novos fármacos - Bioisosterismo Erlenmeyer (1932) - Amplia o conceito de isosterismo ISÓSTEROS: moléculas, grupamentos ou íons de tamanho similar e com o mesmo número de elétrons na camada de valência. Elementos da mesma coluna da tabela periódica são isósteros entre si. Desenvolvimento de novos fármacos - Bioisosterismo Desenvolvimento de novos fármacos - Bioisosterismo Desenvolvimento de novos fármacos - Bioisosterismo Desenvolvimento de novos fármacos - Bioisosterismo Exemplos de bioisosterismo na natureza Desenvolvimento de novos fármacos Hibridação molecular Modificação molecular em que dois ou mais farmacóforos são conjugados em uma só estrutura química • Tem como objetivo a produção de um fármaco que tenha mais de um alvo biológico Prevenção das náuseas e vômitos induzidos pela quimioterapia antineoplásica. Desenvolvimento de novos fármacos Latenciação Consiste na alteração estrutural do composto protótipo em um pró-fármaco • Pró-fármaco: uma molécula química e farmacologicamente inativa Desenvolvimento de novos fármacos - Latenciação Pró-fármacos Bioprecursor Pró-fármaco clássico Desenvolvimento de novos fármacos - Latenciação Bioprecursores Moléculas resultantes da modificação molecular do fármaco que se transformam em um metabólito ativo. • Não apresentam transportadorinibidor da enzima HMG–CoA (3-hidroxi- 3-metilglutaril- coenzima-A redutase), utilizado no tratamento das hipercolesterolemias e ativo graças à biotransformação ao composto não- lactônico Desenvolvimento de novos fármacos - Latenciação Pró-fármacos clássicos Inativos ou menos ativos que o fármaco matriz, devendo sofrer hidrólise (química ou enzimática) para liberar a porção ativa. Pró-fármacos clássicos • Pró-fármacos obtidos com o intuito de auxiliar a farmacotécnica α-tocoferol (vitamina E), praticamente insolúvel em água, além de ser rapidamente oxidado pelo oxigênio atmosférico, o que dificulta sua administração parenteral Desenvolvimento de novos fármacos - Latenciação Pró-fármacos clássicos • Pró-fármaco recíproco Quando a molécula do transportador também apresenta uma atividade farmacológica. Desenvolvimento de novos fármacos - Latenciação Pró-fármacos clássicos • Pró-fármacos que promovem alterações na farmacocinética . Desenvolvimento de novos fármacos - Latenciação Fármaco de alta metabolização Transportador protetor Pró-fármacos clássicos • Fármacos dirigidos » Pró-fármacos cujos transportadores são capazes de transportar os fármacos seletivamente do local de administração até o sítio de ação; » Minimizam as reações adversas provocadas pela ação inespecífica do fármaco em outros alvos. Desenvolvimento de novos fármacos - Latenciação Desenvolvimento de novos fármacos Simplificação molecular Busca produzir compostos estruturalmente mais simples, preservando as porções farmacofóricas previamente identificadas. QUININA Simplificação molecular https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjkmvOFstfVAhWCEpAKHTJwDv8QjRwIBw&url=https://pt.wikipedia.org/wiki/Chinchonismo&psig=AFQjCNG8CC45Kq6J1iWTVLVeR5mY1Z44qw&ust=1502822972572273 https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjo2pyhstfVAhUCW5AKHadRACEQjRwIBw&url=http://www.info-farmacia.com/ultimas-publicaciones/plantachinaparaeltratamientodelamalariaresistente&psig=AFQjCNH89whFQSfhSSjZE90I9HsgKumj8A&ust=1502823026123868 Desenvolvimento de novos fármacos Simplificação molecular Desenvolvimento de novos fármacos Grupos funcionais mais presentes nas moléculas dos fármacos