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Aula 3 Desenvolvimento de Fármacos Breve histórico Drogas da Antiguidade • Papiro de Ebers (George Ebers – 1837/1898) Emetina ipecacuanha FeSO4; minério de Cobre e zinco; toxinas de víboras Efedrina ma huang Shen Nung (2735 a.C.) Farmacopéia Cocaína Erythroxylon coca Morfina Papaver somniferum (papoula) Breve histórico * Paracelsus (1493-1541): pioneiro no uso de minerais e elementos químicos na medicina - Sb e seus sais: “cure all” * Secs 13 e 16: Início dos estudos básicos de física e química – alquimistas greco-romanos e árabes Idade Média “Many have said of Alchemy, that it is for the making of gold and silver. For me such is not the aim, but to consider only what virtue and power may lie in medicines.” Primeiros fundamentos essenciais da química teórica (1870) -Hipótese do no. de Avogadro -Tabela periódica -Teoria ácidos e bases - Teoria de Kekulé Teoria do benzeno: impulsionou a pesquisa de derivados do alcatrão - Química dos Corantes – afinidade seletiva por tecidos biológicos -Paul Erlich – postulou a existência de quimioreceptoresQuímica Analítica: isolamento e purificação de compostos ativos (morfina, 1815; papaverina, 1848) Alcatrão: produto secundário abundante da industrialização – “building blocks” aromáticos ou alifáticos Farmacognosia, farmacologia e química fisiológica 1845: Síntese do ácido acético – Kolbe 1856: Síntese do metano – Berthlot Século XIX INDÚSTRIA FARMACÊUTICA Barreiro e Fraga, 2008 O O O O Cronologia da Descoberta de Fármacos 1889 Heterosídeo fenólico de Salix alba Hipócrates (séc V a.C.) ...”o pó ácido da casca do salgueiro aliviava dores e diminuía a febre.”... 1828 ácido acetilsalisílico salicina Fonte: planta Origem (fontes) dos fármacos Hidrólise do açúcar Acetilação Papel histórico de plantas para o desenvolvimento de fármacos 1939 Petidina como analgésico potente Simplificação estrutural Mantém na molécula os farmacóforos (grupos funcionais que interagem com o sítio ativo do receptor) Papel histórico de plantas para o desenvolvimento de fármacos Protótipos para semi-síntese diosgenina progesterona Papel histórico de plantas para o desenvolvimento de fármacos Saponina esteroidal de Dioscorea Protótipo de fármacos esteroidais Exemplos de alcalóides protótipos de fármacos Barreiro, 2009 2-clorometil-3-óxido- quinazolina Clordiazepóxido 1950 Benzodiazepínicos Leo H. Sternback – Lab. Roche oximasOrto-aminoacilfenona benzoeptoxidiazina 2-N,N-alquil-3- óxido-quinazolina 3-óxido-quinazolina 1960 – tratamento da ansiedade Fonte: síntese total Lorazepam Clorazepato Diazepam Clonazepam Usos: ansiedade, perturbações emocionais, distúrbios do sono, mal epiléptico, relaxante muscular de ação central, agentes indutores em anestesiologia. 1960 – Inovação Terapêutica Diversas substituições no esqueleto carbônico geram novas moléculas 1952 Neurolépticos Clorpromazina NEUROLÉPTICOS TÍPICOS NEUROLÉPTICOS ATÍPICOS Raíz de Rauwolfia serpentina Fonte 1: planta Fonte 2: síntese Conhecimento do alvo-molecular O conhecimento do sítio ativo permite o planejamento racional de fármacos Ano Descoberta ou Observação 1785 Ação cardiotônica da digitalis 1805 Isolamento da morfina 1820 Isolamento da quinina 1833 Isolamento da atropina 1839 Iodo como antisséptico 1842 Éter como anestésico 1844 Óxido nitroso como anestésico 1847 Clorofórmio como anestésico 1856 Curare como bloqueador muscular 1867 Fenol como desinfetante 1859 Isolamento da cocaína Ano Descoberta ou Observação 1921 Acetilcolina como neurotransmissor 1922 Isolamento da Insulina 1928 Isolamento da vitamina C e vitamina K 1928 Isolamento de estrógenos 1929 Isolamento de penicilina 1932 Síntese de sulfonamidas (Prontosil) 1934 Síntese da cloroquina 1935 Tiopental como anestésico intravenoso Ano Descoberta ou Observação 1937 Introdução de antihistamínicos 1938 Difenilhidantoína como anticonvulsivante 1939 Petidina como analgésico potente 1940 Síntese da desoxicorticosterona 1940 Penicilina, produção enzimática 1944 Isolamento da estreptomicina 1944 Nitrofuranos como antimicrobianos Ano Descoberta ou Observação 1947 Isolamento do cloranfenicol / 1948:síntese 1948 Isolamento da clorotetraciclina 1949 Piperazina como anti-helmíntico 1949 Lítio com antidepressivo 1950 Sulfonamidas como diuréticos 1952 Reserpina como neuroléptico 1952 Cloropromazina como neuroléptico 1952 Isoniazida como tuberculostático 1952 Isolamento da eritromicina 1953 Gestágenos como anticoncepcionais 1954 a-metildopa com anti-hipertensivo Ano Descoberta ou Observação 1954 Prednisona e prednisolona como antiinflamatórios 1955 Sulfoniluréias como hipoglicemiantes 1956 Isolamento do de cefalosporinas 1957 Imipramina como antidepressivo 1958 Butirofenonas como antipsicóticos 1958 b-bloqueadores: dicloroisoproterenol 1958 Isolamento da vinblastina e vincristina 1959 Metronidazol como tricomonicida 1960 Benzodiazepínicos como ansiolíticos 1963 Indometacina como antiinflamatório 1963 Rifampicina como tuberculostático Ano Descoberta ou Observação 1963 Isolamento da gentamicina 1965 Trimetoprima como antimicrobiano 1972 Anti-histamínicos H2: burimamida / cimetidina 1972 1977 1980 Artemisinina como antimalárico Análogos de nucleosídeos como antivirais – aciclovir Captopril como anti-hipertensivo 1987 1995 Inibidores da transcriptase reversa: zidovudina Inibidores de protease: saquinavir 1987 Fluoxetina com antidepressivo 1997 1999 Inibidores da síntese do colesterol: estatinas Sildenafila no tratamento da disfunção erétil ATIVIDADE DE PESQUISA: Pesquisar sobre novos fármacos, lançados entre 2000 e 2017 • Estrutura da Molécula • Fonte (natural, síntese total, semi-síntese) • Uso terapêutico Aula 4 Desenvolvimento de Fármacos Etapas Fundamentais da Química Farmacêutica Etapas Fundamentais da Química Farmacêutica Descoberta Otimização Desenvolvimento Alvo terapêutico Composto Líder (Protótipo) Farmacóforo, REA Propriedades Farmacocinéticas e Farmacodinâmicas Otimização ADMET Propriedades Farmacêuticas Entende-se por descoberta a etapa destinada à eleição do alvo terapêutico, útil para o tratamento de uma determinada fisiopatologia, a aplicação de estratégias de planejamento molecular para desenho de ligantes do alvo selecionado – utilizando as estratégias de modificação molecular clássicas da Química Medicinal, tais como bioisosterismo, homologação, simplificação e hibridação molecular, ou pelo emprego de técnicas computacionais como a modelagem molecular e o QSAR. Compreende, ainda, realizar a determinação das atividades farmacológicas do ligante, que uma vez ativo in vivo, preferencialmente por via oral, passa a ser denominado protótipo. Etapas Fundamentais da Química Farmacêutica Quim. Nova, Vol. 30, No. 6, 1456-1468, 2007 Descoberta Etapas Fundamentais da Química Farmacêutica Quim. Nova, Vol. 30, No. 6, 1456-1468, 2007 A etapa de otimização compreende o melhoramento da estrutura do protótipo, através de modificações planejadas com auxílio de técnicas definidas – que podem identificar os diferentes níveis de contribuição farmacofórica, fornecer informações sobre a conformação bioativa e antecipar o índice de reconhecimento molecular pelo alvo selecionado – visando o aumento da potência, seletividade, diminuição da toxicidade, adequação do perfil farmacocinético (absorção, distribuição, metabolismo, excreção e toxicidade, ADMET) e estabelecimento da SAR (relação estrutura-atividade), a partir da síntese e avaliação farmacológica, in vitro e in vivo, de séries congêneres ao protótipo (análogos) identificado originalmente. Otimização Etapas Fundamentais da Química Farmacêutica Quim. Nova, Vol. 30, No. 6, 1456-1468, 2007 Desenvolvimento A etapa de desenvolvimento do protótipo objetiva a otimização de suas propriedades ADMET e farmacêuticas (solubilidade, odor,sabor), de modo a viabilizar seu uso clínico, através da preparação eventual de pró-fármacos, complexos de inclusão, microemulsões, formulações de liberação lenta, entérica etc Vegetal (flores, árvores) Microorganismos (bactéria, fungo) Animais (sapos, cobras, escorpiões) Bioquímica (neurotransmissores, hormônios) Marinhos (corais, bactérias, peixes, algas) Síntese Química (tradicional) Síntese Combinatória Planejamento Racional Modelagem Molecular Natural Sintética Virtual Fontes de Compostos Líder (Protótipos) Novas estratégias no Desenvolvimento racional de fármacos Modelagem Molecular Investigação de estruturas químicas e propriedades moleculares pelo uso de química computacional e técnicas de visualização gráfica, visando fornecer uma representação tridimensional, sob um dado conjunto de circunstâncias. (IUPAC) Modelagem molecular: * Construção, desenho, manipulação e visualização gráfica de estruturas moleculares; * Determinação e análise de propriedades moleculares (eletrônicas, geométricas, físico-químicas); * Estudo da interação fármaco/ligante com o receptor/sítio de ação, do mecanismo de ação e da REA; * Proposição de novos candidatos a fármacos: aplicação de Planejamento de Fármacos Auxiliado por Computador (CAAD – Computer Assisted Drug Design). Conhecimento do alvo molecular Conhecimento dos tipos de interações no sítio ativo Desenho de moléculas e cálculo de propriedades QSAR - Quantitative structure-activity relationships são relações matemáticas que ligam a estrutura química e a atividade farmacológica de um modo quantitativo para uma série de compostos. QSA R Docking Molecular estudos que buscam encontrar um bom ajuste entre um ligante e seu local de ligação. * sobreposição da estrutura tridimensional de um fármaco potencial no seu possível sítio receptor; * Avaliação das interações entre o composto e seu sítio-ativo antes de ser sintetizado ligante Resíduo de aminoácido do receptor Receptor: Azul: hidrofílico Verde: hidrofóbico Eliezer Barreiro, 2011 Evolução da Química Farmacêutica Medicinal Etapas gerais no desenho de um novo fármaco Estratégias para escolher um análogo adequado: • SAR, • QSAR, • modelagem computadorizada • química combinatória Alvo-molecular Protótipo Síntese Testes Química Farmacêutica Medicinal 12 - 24 anos U$ 500 milhões - 2 bilhões Nature Reviews Drug Discovery, v. 3, p. 853, 2004. Blickpunkt der Mann v.6, p.21, 2008. Etapas de desenvolvimento de um Fármaco Doença Alvo Líder Otimização Pré-clínica Clínica Aprovação Ensaios Farmacológicos Desenvolvimento de um Medicamento 1 fármaco aprovado pelas autoridades de Saúde Desenvolvimento Farmacêutico Pesquisa: Caso fosfoetanolamina – “pílula-da-USP” Pesquisar a problemática da liberação do medicamento Aula 5 Desenvolvimento de Fármacos Etapas Fundamentais do desenvolvimento de fármacos Estudos de casos HO N CH3 H O O H O H3C 6-ACETILMORFINA Ph CH2CH3 N(CH3)2O H3C H METADONA O N CH3 H O O H O H3C H3C O DIAMORFINA (HEROÍNA) Potência: 2 x Efeitos colaterais menos severos Potência: 4 x Efeitos colaterais severos Potência: 2 x Pacientes terminais com câncer Caso 1: Analgésicos opióides derivados da morfina HO N CH3 H HO O Morfina 1803/1833 – isolamento 1881 – grupos funcionais 1925 – proposta estrutura 1952 – Síntese total Papaver somniferum (papoula) Fonte: planta Caso 2: Anestésicos locais 1860 – isolamento 1898 – elucidação estrutura 1901 – síntese total Cocaína Erythroxylon coca H2N CO2C2H5 Benzocaina H2N CO2(CH2)2N(C2H5)2 Procaina H2N NHCO(CH2)2N(C2H5)2 Lidocaina Fonte: planta Caso 3: Fármacos que atuam no Sistema Cardiovascular 1775 Digitoxina Digoxina 1841 – isolamento princípio ativo (digitoxina) 1869/1875 – forma pura ~ 1919 – elucidação estrutural 1929 – isolamento da digoxina 1000 kg de folhas secas 1 Kg de glicosídeo puro Digitalis purpurea Fonte: planta Escopolamina (Hioscina) CH CH2OHO O N CH3 H O H H Alcalóides tropânicos CH CH2OHO O N CH3 H Atropina (hiosciaminas) N-butilescopolamina Ipratrópio Antiespasmódico Antiasmático Isoladas de Atropa beladona Datura spp Brugmansia spp. Família Solanaceae Caso 4: Fármacos anticolinérgicos http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ipratropium.svg Caso 5: Hipolipêmicos Compactina H O O O OHO HMGCo-A S OH OH3C HO CoA O 1973/76 Akira Endo Penicillium citrinum H O O O OHO Aspergillus terreus Monascus ruber Lovastatina - Mevacor 1978 - MERCK 1987 - FDA N N N S O O F COO-1/2Ca++ HO OH rosuvastatina (Crestor) H O O O OHO sinvastatina (Zocor)Sinvastatina-Zoccor N COO-1/2Ca++ OHOH O HN F atorvastatina (Lipitor) Em 2008, $ 12,4 bilhões Fonte: fungos Estatinas Caso 6: Antibióticos β-lactâmicos 1929– descoberta das propriedades antibacterianas 1930- reconhecida a ação antibiótica 1940 – processo de isolamento 1943 – elucidação estrutural e síntese. Penicilina G Cefalexima Alexander Fleming Penicillum notatum Fonte: fungos Caso 7: Fármacos Antitumorais 6-mercaptopurina Cisplatina leucemia Ovariano, pulmão, estômago Estudo de 2 Casos de desenvolvimento Taxol Trabectedina 1845/1893 – síntese e elucidação 1960 – Rosenberg: observou efeitos sob a divisão celular Taxol ® paclitaxel (FDA-1992) 30 anos de desenvolvimento Taxus brevifolia Diterpenóide 0,01% nas cascas 500 pacientes= 1 ano = 1 Kg paclitaxel = 10.000Kg cascas = 3.000 árvores 11 centros quirais Árvore: 100 anos para maturidade (1962) Déc. 90- testes clínicos NCI 1979- estabilização de microtúbulos cascas 10-desacetil-bacatina III Folhas de Taxus baccata docetaxel (Taxotere®) Semi-síntese paclitaxel Aprovado em 2007 (EMAE) Ecteinascidia turbinata Alcalóide pentacíclico tetra-hidroisoquinolínico Ectenascidina 743, Trabectedina (Yondelis®) Tratamento de sarcomas de tecidos moles e câncer de ovários Ensaios clínicos fase III para câncer de pulmões e próstata Fonte 1: animal marinho (ascídia) Aprovado pela ANVISA 1969 - ensaios com extrato bruto hidro-etanólico 1986 – Isolamento de ET 743 (0,0001%) 1996 - E. J. Corey patenteada por Harvard, licenciada à PharmaMar AQUICULTURA SÍNTESE TOTAL SEMI-SÍNTESE Trabectedina 1998-2003 1990 – Elucidação estrutural 2000 - a partir de cianosafracina B (Pseudomonas fluorescens) Nat. Prod. Rep., 2009, 26, 322–337 Pseudomonas fluorescens ESCALA INDUSTRIAL Organic Letters, (2000), 2, 993 Semi-síntese Fonte 2: microorganismo fornece a base para semi-síntese 1) Definir os termos abaixo: • Grupo farmacofórico; • Modelagem Molecular; • Descoberta de composto líder; • Otimização de composto líder; • Composto análogo; • Composto Protótipo; • Relação estrutura-atividade 2) Identificar as principais funções orgânicas que estão relacionadas com estudo de relação estrutura-atividade , mostrando a importância dos mesmos para a atividade biológica (identificar quais tipos de interação podem realizar). Tarefinha Aula 6 Fases da ação de Fármacos e interações ligante-sítio ativo Fases principais da ação de um fármaco • Otimização da distribuição • Facilidade de absorção • Eliminação de propriedades organolépticas não desejadas Farmacêutica • ADMET • Controle da biodisponibilidade Farmacocinética • Seletividade e atividade máxima • Toxicidade mínima Farmacodinâmica Corrente Sanguínea Excreção Rim Intestino Pulmões Via Entérica Depósitos Teciduais Sitio receptor alvo Atividade biológica desejada Sítio receptor não-alvo Efeitos colaterias indesejados Via Parenteral Administração e ação de fármacos Absorção Membrana Membrana Fármacos estruturalmente inespecíficos Estruturas químicas variadas Pequenas variações na estrutura não resultam em alterações na atividade Fármacos estruturalmente específicos Características estruturais em comum Pequenas variações na estruturaresultam em alterações na atividade Fármacos que atuam em doses elevadas Distribuído no organismo Ação: propriedades físico- químicas Fármacos que atuam em pequenas doses Ligado a receptores Ação: estrutura química do fármaco Interação e Ação de Fármacos Fármacos estruturalmente inespecíficos Anestésicos gerais: depressão inespecífica de biomembranas – eleva a interação inespecífica com sítios hidrofóbicos de proteínas do SNC Adaptado de Barreiro e Fraga, 2008 halotano isoflurano Coeficiente de partição óleo:água =224 MAC50= 0,7% de 1 atm Coeficiente de partição óleo:água = 90,8 MAC50= 1,15 % de 1 atm F3C Cl Br F3C O F CHF2 MAC50= Concentração alveolar mínima necessária para provocar imobilidade em 50% dos pacientes Alvos MolecularesLipídeos Lipídeos de membranas celulares Proteínas Receptores Enzimas Proteínas de transporte Proteínas Estruturais (Tubulinas) Ácidos nucléicos DNA RNA Carboidratos Carboidratos de superfície celular Antígenos e moléculas de reconhecimento Fármacos estruturalmente específicos Complementaridade Molecular Barreiro e Fraga, 2008 Emil Fischer Fármacos estruturalmente específicos Adaptado de Barreiro e Fraga, 2008 Substância Afinidade ligante Ensaio de binding, IC50 (nM) Atividade intrínseca do ligante 1 2 3 45 7,2 0,1 Agonista Antagonista Agonista IC50 = concentração da substância necessária para produzir interação com 50% dos receptores Diazepam 1 2 3 Exemplo: Benzodiazepínicos Macromolecular target Drug Bound drug Induced fit Macromolecular target Drug Unbound drug Binding site Drug Binding site Binding regions Binding groups Intermolecular bonds Alvos Moleculares Forças de ligação Ligação de hidrogênio Forças de Van der Walls Ligações Eletrostáticas/Iônica Interações hidrofóbicas • interação entre dipolos e/ou íons de cargas opostas, cuja magnitude depende diretamente da constante dielétrica do meio e da distância entre as cargas (20-40 kJ mol-1) Drug O O H3N Target Drug NH3 Target O O Ligações Eletrostáticas/Iônicas Forças Intermoleculares •pH fisiológico – aminoácidos se encontram ionizados e podem interagir com fármacos que apresentam grupos carregados + ou - Exemplo: Flurbiprofeno * AINE * inibidor da prostaglandina endoperóxido sintase (PGHS) Barreiro e Fraga, 2008 • íon-dipolo: resultante da interação de um íon e uma espécie neutra polarizável, com carga oposta àquela do íon • dipolo-dipolo: interação entre dois grupamentos com polarizações de cargas opostas Barreiro e Fraga, 2008 Endoperóxido cíclico de PGH2 PGH2 TXA2 Tromboxano sintase • Formadas entre heteroátomos eletronegativos (O, N, F) e o átomo de H de ligações O-H, N-H e F-H, como resultado de suas polarizações • Mais fraca que as interações eletrostáticas, porém mais fortes que VDW • Importantes interações não covalentes: responsáveis pela manutenção das conformações bioativas de macromoléculas nobres, essenciais à vida – alfa-hélices de proteínas – e das bases purinas-pirimidinas dos ácidos nucléicos Ligações de Hidrogênio X H Drug Y Target Drug X Target HY+ + - - -- HBD HBA HBA HBD • É formada entre um hidrogênio deficiente em elétrons (doador de ligação de hidrogênio - HBD) e um heteroátomo rico em elétrons (aceptor de ligação de hidrogênio - HBA) Barreiro e Fraga, 2008 Barreiro e Fraga, 2008 Onde estão as ligações de hidrogênio? DNA Adaptado de Barreiro e Fraga, 2008 R O H R N H R F2 C H R O H N H F2C H R O R1 R N R1 R2 R S R1 R1 R2 S OO R R1 O R R1 N R2 Doadores de ligação de hidrogênio Aceptores de ligação de hidrogênio Exemplo: Saquinavir Barreiro e Fraga, 2008 * antiviral, inibidor da protease do vírus HIV-1 Sítio ativo Ligante - + • Caracterizam-se pela aproximação de moléculas apolares apresentando dipolos induzidos • Interações muito fracas (2-4 kJ mol-1) – porém, são de extrema importância para o processo de reconhecimento molecular (se caracterizam por interações múltiplas que, somadas, acarretam contribuições energéticas significativas) • Ocorre entre regiões hidrofóbicas do fármaco e do alvo • Interação diminui com a distância (deve haver uma proximidade do fármaco com a região do sítio ativo) + - Regiões hidrofóbica Dipolo induzido+ - Interações de van der Waals Interações de Van-der-Walls Aumento de entropia Água desorganizada Drug Ligante Camada organizada de água solvata região hidrofóbica Região Hidrofóbica Água Sítio ativo Sítio ativo Drug Ligante Binding • Ocorrem em função da interação entre cadeias ou subunidades apolares • Interação fármaco-receptor: - cadeias (subunidades) hidrofóbicas – solvatadas de forma organizada - aproximação das superfícies hidrofóbicas – promove colapso da estrutura organizada da água, permitindo uma interação devido ao ganho entrópico associado à desorganização do sistema. • Interação fraca – importância no processo de reconhecimento molecular (grande número de subunidades hidrofóbicas presentes nas estruturas de peptídeos e fármacos) Interações Hidrofóbicas Exemplo: Fator de agregação plaquetária (PAF) Barreiro e Fraga, 2008 • Ocorrem com fármacos que apresentam grupamentos com acentuado caráter eletrofílico e bionucleófilos orgânicos – envolve a formação de uma ligação sigma entre dois átomos que contribuem cada qual com um elétron • Energia alta (77-88 Kcal/mol) – raramente são desfeitas (inibição enzimática irreversível ou inativação do receptor) Ligações Covalentes Exemplo: Ácido acetil salicílico * inibidor da enzima prostaglandina endoperóxido sintase (PGHS) Patrick, 2009 Identifique os tipos de interações do enalaprilato no sítio ativo do receptor; identifique os grupos funcionais do fármaco que participam das interações 1 2 3 4 5 Patrick, 2009 Identifique os tipos de interações no sítio ativo do receptor; Identifique os grupos funcionais do ligante e dos aminoácidos. 1 2 3 4 5 6 Patrick, 2009 Identifique os aminoácidos que fazem parte do sítio ativo deste receptor Identifique os tipos de interações do fármaco no sítio ativo do receptor; identifique os grupos funcionais do fármaco que participam das interações; Identifique os aminoácidos do sítio ativo Identifique os tipos de interações do fármaco no sítio ativo do receptor; Qual é a interação mais forte e qual a mais fraca? Observe os valores de distâncias das interações de grupos funcionais do ligante com resíduos de aminoácidos e aponte qual a interação mais forte e qual a mais fraca. Farmacóforos: grupos funcionais essenciais para a interação no sítio ativo; essenciais para a atividade farmacológica Bibliografia BARREIRO, E. J., FRAGA, C. A. M. – Química Medicinal: As Bases Moleculares da Ação de Fármacos. Artmed, Porto Alegre, 2ª. Ed.,2008 1. KOROLKOVAS, A.; BURCKHALTER, J. H.Química Farmacêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008 2. ANDREI, C. C. Da Química Medicinal a Química Combinatória e Modelagem Molecular. Barueri: Editora Manole, 2002. 3. THOMAS, G. Química Medicinal. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 2003. LEITURA RECOMENDADA DE ARTIGO: • OS PRODUTOS NATURAIS E A QUÍMICA MEDICINAL MODERNA. Quim. Nova, Vol. 29, No. 2, 326-337, 2006 • Interações bio-micro e macromoleculares OUTROS ARTIGOS RECOMENDADOS
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