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CASO CONCRETO 3

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE DIREITO
JOÃO GUEDES NETO MATRÍCULA 201101537612
CASA CONCRETO 3
Caio sofreu acidente do trabalho em julho de 2003, razão pela qual ajuizou ação de indenização por danos morais e patrimoniais contra sua empregadora, perante a Justiça Comum, que possuía competência para processar e julgar a ação na época. 
Ocorre que, com a Emenda Constitucional (EC) 45, de 8/12/2004, a referida ação foi enviada para a Justiça do Trabalho, ainda na fase de instrução probatória, com laudo médico pericial que concluiu que Caio sofreu sequelas graves que o tornaram incapaz para a mesma função que exercia. 
O Autor está inconformado, tendo em vista que acredita que a Justiça Comum é preventa e competente neste caso concreto. 
Analisando a legislação em vigor, responda, justificadamente, qual a Justiça competente em razão da matéria para julgar esta demanda?
R: Inicialmente a CRFB estabelece em seu art.5, inciso V que é “assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;”
No mesmo sentido o CC dispõe sobre a obrigatoriedade da reparação do dano seja por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Vejamos, “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”
No caso em apreço é evidente o prejuízo material decorrente do acidente de trabalho, comprovado por laudo médico, ao qual caracteriza-se pela diminuição das possibilidades em obter os mesmos rendimentos por meio da força de trabalho de que dispunha o empregado antes do fato ocorrido. Vejamos: 
“Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.”
Após evidenciar o direito do Autor em receber indenização passa-se agora para o foro competente, que conforme entendimento do Egrégio STF, ao qual editou Súmula Vinculante n° 22 é de competência da Justiça do Trabalho as Ações referentes a Indenizações por Danos Morais e Patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho. In verbis:
 “A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional 45/2004.”
Está Súmula supra, vem pacificar o entendimento da Emenda Constitucional 45/2004 ao qual acrescenta o inciso VI no art.114 da CRFB, in verbis:
“Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
(...)
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;”
Ainda corroborando com o entendimento vejamos: 
COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA DO TRABALHO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO. EC Nº 45/2004. MARCO TEMPORAL. PROLAÇÃO DA SENTENÇA. ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
1. Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenizações por danos patrimoniais e morais decorrentes de acidente do trabalho e o marco definidor é a prolação da sentença de mérito. No caso, como ainda não foi proferida sentença, deve ser mantida a r. decisão que declinou da competência para uma das Varas do Trabalho.
2. Recurso conhecido e desprovido para manter a decisão de primeiro grau que determinou ser a Justiça do Trabalho a competente para processar e julgar as ações de indenização por danos patrimoniais e morais decorrentes de acidente do trabalho.
(Acórdão 255825, 20050020087295AGI, Relator: ROBERVAL CASEMIRO BELINATI, 1ª Turma Cível, data de julgamento: 6/3/2006, publicado no DJU SEÇÃO 3: 5/10/2006. Pág.: 58)
No caso a baila, mesmo ainda na fase de instrução probatória inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional 45/2004 devem ser remetidos a Justiça de Trabalho. Restando assim a comprovação que o Autor, Caio, está incorreto. 
QUESTÃO OBJETIVA
João foi admitido nos quadros funcionais da empresa X Ltda. em 08.12.2017, para exercer a função de operador de produção, tendo sua CTPS assinada no prazo previsto pela legislação trabalhista, além de a empresa ter obedecido aos demais comandos legais para que João se tornasse beneficiário da Previdência Social. 
No dia 05.04.2019, João sofreu acidente de trabalho ao operar uma máquina por ausência de manutenção por parte de sua empregadora. João ficou com o braço direito sequelado.
Imediatamente, ajuizou reclamação trabalhista junto a uma das varas do trabalho do local da prestação de serviços, postulando indenização por danos morais em desfavor da empresa X Ltda.
Sobre esse caso, assinale a alternativa CORRETA.
a) A Justiça do Trabalho é incompetente para processar e julgar a demanda, pois a teor do § 3º c/c o inciso I do Art. 109 da Constituição Federal, compete à Justiça Comum estadual apreciar e julgar as ações de natureza acidentária.
b) A Justiça do Trabalho é incompetente para processar e julgar a demanda, pois a teor do § 3º c/c o inciso I do Art. 109 da Constituição Federal, compete à Justiça Comum Federal apreciar e julgar as ações de natureza acidentária.
c) A Justiça do Trabalho é incompetente para processar e julgar a demanda, pois a Súmula Vinculante 22, oriunda do Supremo Tribunal Federal, confere competência à Justiça Comum Estadual para processar e julgar demandas dessa natureza.
d) A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar a demanda, ainda que houvesse pedido cumulado de danos morais com o de benefício previdenciário, pois ambos eram decorrentes de relação jurídica de emprego.
e) A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar a demanda somente em relação ao pedido de danos morais, por força do que dispõe a Súmula Vinculante 22, oriunda do Supremo Tribunal Federal.

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