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APOSTILA Contabilidade Comercial

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Objetivo da contabilidade 
comercial
Afonso Lopes de Barcellos
Introdução
Cotidianamente, realizamos diversas tarefas e nem percebemos o quanto de recurso e pessoal são envolvidos
para que possamos ter um rotina normal e agradável. Há muito envolvido nisso tudo: características históricas
do comércio, hábitos regionais que determinam se há ou não determinadas mercadorias nos lugares, sistemas
logísticos, empresas que vendem e compram, o Estado que regulamenta o mercado e os diversos atores que
compõem as relações comerciais do mundo globalizado. Neste tema, entenderemos sobre as relações comerciais
e sobre a contabilidade das empresas comerciais.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• compreender o objetivo da contabilidade comercial, bem como os usuários das informações contábeis 
de atividades comerciais.
O que é contabilidade e sua evolução
Uma definição clássica da contabilidade foi feita no I Congresso Brasileiro de Contabilistas, que aconteceu no Rio
de Janeiro, em 1924: “A Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, controle e
registro relativas à administração econômica” (CFC, 2009, p. 13).
Muito antes de a contabilidade ser denominada como ciência, existia empiricamente nos controles dos bens dos
povos antigos. Basso, Brizola e Filipin (2017) afirmam que há autores que apontam a existência de formas
primitivas de registros contábeis feitos há mais de 30 mil anos em grutas de pedras, na França, que representam
elementos patrimoniais controlados pelo homem primitivo como controle dos bens que possuíam.
A prática de contar originou os numerais, cujos primeiros símbolos apareceram no Egito, em 3.400 a.C., e na
•
FIQUE ATENTO
Você sabe qual é a diferença entre ATOS e FATOS contábeis? Os atos contábeis não influenciam
diretamente no patrimônio da entidade; já os fatos contábeis, por sua vez, são os
acontecimentos que provocam variações no patrimônio da entidade, que farão parte das
mutações patrimoniais da entidade.
- -2
A prática de contar originou os numerais, cujos primeiros símbolos apareceram no Egito, em 3.400 a.C., e na
Mesopotâmia, em 3.000 a.C. Gonçalves (2010) afirma que a contagem teve início com os bens econômicos ou os
bens que constituem o patrimônio administrável do indivíduo ou da coletividade, podendo-se concluir que estes
foram os primeiros registros contabilísticos.
Figura 1 - Ábaco de contagem
Fonte: Sarycheva Olesia, Shutterstock, 2019.
Hendriksen e Breda (2009, p. 39) afirmam que não se sabe quem inventou a contabilidade, mas que os sistemas
de escrituração por partidas dobradas começaram a surgir nos séculos XIII e XIV, nos centros de comércio no
norte da Itália. Além disso, o primeiro registro de um sistema completo de escrituração por partidas dobradas foi
encontrado nos arquivos da cidade de Gênova, cobrindo o ano de 1340.
Tais registros evidenciam que a ciência contábil, como qualquer outra ciência, foi evoluindo com a humanidade,
de forma que precisava suprir a demanda por informações organizadas ao longo do tempo e de suas
necessidades.
O que é comércio
Diversos autores definem que a relação comercial é uma troca de bens ou mercadorias por dinheiro ou outros
bens e mercadorias, formando uma inter-relação entre os diversos atores das cadeias produtivas e comerciais
que vendem produtos que têm em excesso e compram outros produtos que não têm, alimentando toda a cadeia
comercial de compras e vendas de mercadorias.
- -3
Figura 2 - A troca de mercadorias por dinheiro caracterizando o comércio
Fonte: pikselstock, Shutterstock, 2019.
A atividade de comércio existe há muito tempo. Antes mesmo de os mercadores de Veneza implementarem a
atividade como uma profissão, esta já existia, porém os venezianos foram os primeiros a efetuar as relações
comerciais por moedas, diferentemente do que antes acontecia, que era mais uma relação de escambo, havendo
a troca de produtos e mercadorias por outros, e que a partir daí consolidou-se como uma troca comercial de
produtos e mercadorias por moeda.
Atualmente, com o mundo globalizado pelas tecnologias, chega-se cada vez mais rápido, e aqueles que querem
vender os seus produtos aos mercados consumidores utilizam as tecnologias de informação disponíveis, no
entanto, a lógica do comércio continua a mesma: com o vendedor comprando a mercadoria por um preço e
vendendo ao consumidor por um valor a mais, vendendo aqueles produtos que têm em excesso na região e
comprando os que faltam.
FIQUE ATENTO
A diferença entre as relações comerciais e as de troca é que na relação comercial há um preço
estipulado monetariamente e é feita a venda da mercadoria, havendo o recebimento do
dinheiro. Já na relação de troca, mais conhecida como escambo, os produtos ou mercadorias
são trocados por outros produtos ou mercadorias e assim se troca algo que se tem em excesso
por aquilo de que se necessita.
- -4
Empresas comerciais e o objetivo da 
contabilidade comercial
Conforme o Código Civil, de 2002, uma empresa constitui-se como uma atividade econômica organizada para a
produção ou circulação de bens ou serviços, ou seja, tem a finalidade econômica, isto é, visa a obter lucro como
resultado das operações.
A contabilidade comercial é a ciência que utiliza técnicas de controle de informação contábil nas empresas
comerciais, organizando todas as transações ocorridas e as registrando nos livros contábeis de acordo com a
característica de cada informação.
Então, a contabilidade comercial existe para que seja realizado o controle de todas essas operações num sistema
organizado de informações, que utiliza as técnicas contábeis existentes registrando de forma sistemática e
organizada todas essas informações nos livros contábeis para que, por exemplo, o sócio da empresa possa saber
o quanto de vendas teve no dia, ou se a empresa está sendo lucrativa ou não no respectivo período, ou qual a
carga tributária incidente nas operações da empresa. Enfim, a contabilidade comercial fornece diversas
informações para a tomada de decisão dos diferentes usuários.
O Livro Diário é obrigatório para as empresas, e estas devem mantê-lo por meio impresso e/ou eletrônico e
disponível para as auditorias dos fiscos municipais, estaduais e federal, quando requisitados. O Livro Razão é
facultativo para a maioria das empresas, porém, obrigatório para aquelas enquadradas no regime de apuração
de lucro real.
Basso, Brizola e Filipin (2017) definem que os principais objetivos da contabilidade comercial podem ser
EXEMPLO
Um supermercado faz diversas operações o dia todo: compra de mercadorias; pagamento de
duplicatas aos fornecedores; pagamento da folha de salário dos funcionários; recebimento do
dinheiro no caixa; realização de vendas a prazo; troca de mercadorias danificadas. Todas essas
operações devem ser registradas de uma forma que se consiga entender o que entrou de
dinheiro e o que saiu de mercadorias.
SAIBA MAIS
Os principais livros utilizados nas rotinas contábeis são o Livro Diário, em que os fatos são
registrados em ordem cronológica, e o Livro Razão, em que os fatos são registrados conforme a
natureza da informação e em que conta devem ser registrados. Acesse “Livros Diário e Razão”,
do Portal de Contabilidade, e saiba como fazer os termos de abertura e de fechamento desses
documentos.
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Basso, Brizola e Filipin (2017) definem que os principais objetivos da contabilidade comercial podem ser
sintetizados em: controlar os elementos patrimoniais e suas variações; apurar os resultados decorrentes das
variações ocorridas no patrimônio; evidenciar a situação patrimonial, econômica e financeira da entidade e
fornecer as informações aos seus usuários, de acordo com as suas necessidades.
Ferrari (2012, p. 3) afirma que “o principal objetivo da contabilidade é fornecer informações às pessoas ou
entidades interessadas na situação patrimonial e econômica da entidade, bem como na aferição de sua
capacidade produtiva”.
Usuários da informação contábil
Como o objetivo principal da contabilidade é fornecer informações aosseus usuários, destaca-se que esses
usuários pertencem a dois grupos: os internos e os externos. Assim, as informações contábeis, quando
compiladas, compõem as Demonstrações Contábeis, as quais são produzidas para os usuários externos, tendo
em vista suas finalidades distintas e necessidades diversas.
Figura 3 - Agente bancário como usuário externo da informação contábil
Fonte: aslysun, Shutterstock, 2019.
Os usuários externos são aqueles que não compõem efetivamente o quadro de pessoal da empresa e não têm
ligação efetiva com a sua administração. São representados, por exemplo, pelo governo e suas agências.
Já os usuários internos são representados principalmente pelos empregados da entidade empresária, pois estes
têm de ter acesso às informações diariamente para poder dar continuidade à rotina da empresa comercial de
compra e venda de produtos. Também são usuários internos dessas informações os sócios, administradores e
gestores da empresa.
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Figura 4 - Administrador como usuário interno da informação contábil
Fonte: Gyorgy Barna, Shutterstock, 2019.
Além disso, os usuários externos têm o interesse de saber se as informações são reais, se representam
efetivamente a realidade financeira e patrimonial da empresa. O governo quer saber o quanto de receita está
tendo para recolher os tributos devidos; um fornecedor necessita saber se a empresa está movimentando os
recursos disponíveis de forma sustentável para garantir o pagamento das vendas a prazo das mercadorias; um
investidor necessita saber o quão rentável e segura é a empresa para poder aplicar ou não os seus recursos.
Todos esses atores necessitam saber da fidedignidade da informação contábil gerada pela empresa e o quão
lucrativa ou não ela é.
Os usuários internos da informação contábil utilizam esses dados de uma forma mais gerencial, interpretando as
informações geradas para as tomadas de decisões. O pessoal do departamento comercial precisa saber qual a
média de custo das mercadorias adquiridas para referenciar os valores de venda desses produtos, já o pessoal da
logística necessita dessas informações para organizar o cronograma de entregas; os sócios e diretores precisam
de todas essas informações para poderem coordenar e planejar toda a equipe e o futuro da entidade,
interpretando por meio de indicadores financeiros as informações coletadas do dia a dia da empresa.
Fechamento
Neste tema, vimos que a contabilidade e as relações comerciais são muito antigas e utilizadas por diversos povos
há muito tempo; que houve uma evolução e necessidade das informações contábeis com o aprimoramento das
relações comerciais, fazendo-se com que cada vez mais fossem estudadas e criadas técnicas efetivas para o
controle da riqueza e dos bens daqueles que a utilizavam; que a demanda por informações das entidades
empresariais é cada vez maior, principalmente no mundo globalizado, facilitando a gestão e a tomada de decisão
mais acertada devido às informações registradas e compiladas pela contabilidade.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
• compreender o objetivo da contabilidade comercial, bem como os usuários das informações contábeis 
de atividades comerciais.
•
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Referências
BASSO, I. P.; BRIZOLA, M. B.; FILIPIN, R. . 5. ed. Ijuí: Editora Unijuí, 2017.Contabilidade Geral Básica
BRASIL. . Institui o Código Civil. Brasília, 2002.Lei nº 10.406, de 10 janeiro de 2002
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC). .História dos Congressos Brasileiros de Contabilidade
Brasília, 2009.
FERRARI, E. L. - teoria e questões. 12. ed. Niterói: Impetus, 2012.Contabilidade Geral
GONÇALVES, M. Viagem Histórica pelo Vetusto Mundo da Contabilidade. . Rio de Janeiro, v. 12,Pensar Contábil
n. 47, p. 35-42, p. 2010.
HENDRIKSEN, E. S.; BREDA, M. F. V. . São Paulo: Atlas, 2009.Teoria da contabilidade
PORTAL DE CONTABILIDADE. . Disponível em: Livros Diário e Razão http://www.portaldecontabilidade.com.br
m. Acesso em: 8 fev. 2019./modelos/termosdeaberturaeencerramento.ht
http://www.portaldecontabilidade.com.br/modelos/termosdeaberturaeencerramento.ht
http://www.portaldecontabilidade.com.br/modelos/termosdeaberturaeencerramento.ht
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Tipos de sociedades
Nathália Helena Fernandes Laffin e Maria Tereza Ferrabule Ribeiro
Introdução
Sabemos que a contabilidade é uma ciência que estuda o patrimônio, que é composto pelo conjunto de bens,
direitos e obrigações de uma entidade, que, por sua vez, possui características próprias e é constituída a partir de
preceitos e formas legais. Nesse sentido, é possível perceber que há uma relação entre empresa e ciência
contábil, uma vez que as empresas precisam da contabilidade para organizarem seu patrimônio.
Neste tema, daremos o primeiro passo para a compreensão da Contabilidade Comercial, a partir do conceito de
empresa, do que representa a atividade de empresário, o que são sociedades, quais são as sociedades previstas
na legislação brasileira e quais suas características. Bom estudo!
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Conhecer os diferentes tipos de sociedades e suas características.
Empresa, empresário e sociedades
Ao iniciarmos nosso estudo, é importante conhecermos o conceito de empresário. De acordo com o Artigo 966
do Código Civil (BRASIL, 2002), o empresário é aquele que exerce uma atividade econômica de forma
profissional e organizada, voltada à produção ou à circulação de bens e serviços. A legislação aborda ainda que 
todos aqueles que desenvolvem atividades de profissão intelectual, de natureza científica, artística, literária, bem
como os auxiliares, colaboradores e produtores rurais estão fora da condição de empresários.
O conceito de empresa não está presente no Código Civil. Que de acordo com Coelho (2011), as empresas ou
organizações econômicas são formadas com o objetivo de satisfazer às necessidades mais básicas da sociedade,
como alimentação, saúde, educação e segurança, além daquelas relacionadas ao conforto e lazer. Para isso,
mantêm-se a produção e a circulação desses bens e serviços produzidos de forma estruturada. Nesta circulação,
reúnem-se recursos financeiros (capital), humano (mão de obra), materiais (insumo) e tecnológicos, que
viabilizem a oferta ao mercado consumidor a preços e qualidade competitivos.
Figura 1 - Relação entre empresa e empresário
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2019.
Assim, percebe-se que há uma relação entre os conceitos de empresa e de empresário. No entanto, destaca-se
que a atividade empresarial pode ser exercida por qualquer pessoa em pleno gozo da capacidade civil e que não
seja legalmente impedida, conforme o Artigo 972 do Código Civil (BRASIL, 2002).
A atividade empresarial é uma das formas sob as quais se percebem as classificações societárias brasileiras. A
•
- -2
A atividade empresarial é uma das formas sob as quais se percebem as classificações societárias brasileiras. A
sociedade consiste em uma ou mais pessoas que atuam conjuntamente com um fim específico.
Tipos de sociedade
As sociedades podem ser classificadas como não personificadas ou personificadas, conforme disposto no Código
Civil brasileiro (IUDÍCIBUS E MARION, 2010). As sociedades não personificadas são aquelas constituídas de
forma oral e documental, mas que não possuem registro em órgão competente. Elas podem ser: sociedade
comum ou sociedade em conta de participação.
As sociedades personificadas, por sua vez, são aquelas constituídas em órgão competente, com o devido registro,
como a Junta Comercial. Existem diferentes tipos de sociedades personificadas, a saber: sociedade empresária,
sociedade simples e sociedade cooperativa. De acordo com Iudícibus e Marion (2010, p. 10), este tipo de
sociedade é “legalmente constituída e registrada no órgão competente, passando a ser denominada pessoa
jurídica”.
A figura apresentada a seguir apresenta um resumo da configuração prevista no Código Civil brasileiro para os
tipos de sociedades. Acompanhe!
Figura 2 - Tipos de sociedades
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2019.
Vejamos as principais características de cada uma destas sociedades.FIQUE ATENTO
A Junta Comercial é o órgão responsável pela formalização, registro e regularização das
empresas, sendo que existe uma Junta Comercial em cada estado do Brasil.
- -3
Características das sociedades não 
personificadas
A sociedade comum, também denominada “sociedade de fato” ou “sociedade sem registro”, tem como
característica a responsabilidade solidária e ilimitada dos sócios pelas obrigações frente a empresa e terceiros.
De acordo com o Código Civil (2002), nas sociedades comuns:
Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a
existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo.
Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em
comum.
Art. 989. Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios, salvo
pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o terceiro que o conheça ou
deva conhecer.
Na sociedade em conta de participação, por sua vez, um dos sócios é responsável pelas atividades e
responsabilidades (denominado sócio ostensivo) e os outros sócios atuam apenas como investidores
(denominados sócios participantes).
Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida
unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva
responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes. (BRASIL, 2002)
Assim, tanto nas sociedades personificadas quanto nas sociedades não personificadas, naquilo que for
compatível, serão aplicadas as disposições inerentes às sociedade simples.
Características das sociedades personificadas
As sociedades personificadas podem ser empresárias, simples ou cooperativas. Cada uma dessas sociedades
personificadas possui um conceito específico e pode ser classificada de diferentes formas jurídicas, conforme
apresenta o quadro a seguir. (IUDÍCIBUS E MARION, 2010)
- -4
Figura 3 - Classificação das sociedades personificadas
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2019.
A é aquela na qual é exercida a atividade própria de empresário.sociedade empresária
A , por sua vez, é organizada a partir de atividades de não empresários que possuem osociedade simples
registro no Cartório Civil da sede da empresa. Ou seja: são as pessoas que exercem atividades intelectuais de
natureza científica, literária ou artística.
Já as são sociedades regidas por uma Lei específica (Lei n. 5.764 de 1971) e composta por pessoascooperativas
que trabalham em prol de um resultado comum a todos. Nestes tipos de sociedades, os sócios podem ter
responsabilidade limitada ou ilimitada – ou seja, podem responder pelas atividades e resultados da empresa de
forma total ou de forma proporcional a sua quota.
- -5
Figura 4 - Sociedades personificadas
Fonte: goodluz, Shutterstock, 2019.
As sociedades descritas a seguir podem ser tanto empresária quanto simples. A ésociedade em nome coletivo
aquela em que o sócio responde de forma integral e solidária pelas obrigações da empresa. A sociedade em
 possui dois sócios principais: o comandatário, que se responsabiliza solidária ecomandita simples
ilimitadamente pelas obrigações da empresa; e o(s) sócio(s) comanditários, que têm sua responsabilidade e
obrigação vinculadas à proporção de sua quota. Já as são aquelas em que asociedades limitadas
responsabilidade do sócio se limita ao valor de suas quotas, mas há uma responsabilidade solidária pela
integração do capital social.
As – S/A (que também são designadas de sociedades anônimas) possuem seu capitalsociedades por ações 
dividido em quotas. A responsabilidade dos sócios das empresas S/A está vinculada ao preço de emissão das
ações que ele subscreve ou adquire.
FIQUE ATENTO
Uma sociedade por ações pode ser estruturada sob forma de capital aberto ou capital fechado.
Quando a sociedade possui capital aberto, suas ações são negociadas no mercado de valores
mobiliários e, além de se submeter à legislação contábil, esta empresa deverá se submeter às
normas emitidas pela Comissão de Valores Mobiliários.
- -6
Por fim, a é uma empresa que tem o capital divido em ações mas que operasociedade em comandita por ações 
como firma ou denominação – isto é, um único acionista poderá ser administrador dessa sociedade, sendo
ilimitadamente pelas obrigações da empresa (IUDÍCIBUS E MARION, 2010).
Existe, ainda, um outro tipo de empresa que, diante da facilidade de abertura, tem chamado a atenção dos
brasileiros e incentivado à formalização das atividades profissionais de autônomos: o Microempreendedor
Individual, conhecido popularmente como MEI. De acordo com Santos e Veiga (2013, p. 8), “as micro, pequenas e
médias empresas são muito relevantes para a sociedade, pois movimentam o mercado, além de empregar
significativa parte da mão de obra própria, de terceiros ou do próprio empreendedor (empresário).”
A facilidade do MEI se dá, justamente, na baixa tributação, na simplicidade de formalização (hoje, você faz todo o
processo pela internet e se dirige ao órgão municipal apenas para formalização da emissão de nota fiscal
eletrônica).
Fechamento
A constituição de empresas possui grande relevância para a sociedade. Assim, é importante que você entenda
detalhes acerca das operações de cada tipo de empresa, visto que cada uma carrega singularidades e aspectos
que devem ser observados.
Neste tópico, você compreendeu quais são as sociedades previstas na legislação brasileira e quais as principais
características de cada uma delas.
EXEMPLO
Você certamente conhece diferentes exemplos de sociedades por ações, como a Petrobras, por
exemplo. A Petróleo Brasileiro S.A. é constituída sob a designação de sociedade por ações, isto
significa que seu capital é dividido em ações, as quais são negociadas no mercado de valores
mobiliários.
SAIBA MAIS
Para aprofundar seu conhecimento sobre as legislações que envolvem o MEI, acesse o Portal
do Empreendedor, do Governo Federal.
- -7
Referências
BRASIL. Lei n. 10406, de 10 de janeiro de 2002. : Lei de introdução às normas do Direito Brasileiro.Código Civil
Brasília, DF, 10 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.
htm Acesso em: 06 fev. 2018..
BRASIL. – MEI. Disponível em: Portal do Empreendedor http://www.portaldoempreendedor.gov.br/legislacao.
Acesso em: 02/04/19.
COELHO, F. U. . . 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.Manual de Direito Comercial Direito de Empresa
IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. atualizado conforme Lei n. 11.638/07 e Lei n. 11.941/09 Contabilidade comercial:
(livro-texto). 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
SANTOS, F. A.; VEIGA, W. E. com ênfase em micro, pequenas e médias empresas. 3. ed. São Paulo:Contabilidade: 
Atlas, 2014.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm
http://www.portaldoempreendedor.gov.br/legislacao
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Atividade comercial
Nathália Helena Fernandes Laffin
Introdução
As empresas comerciais são aquelas que possuem o comércio como sua atividade principal, operando, portanto,
com a comercialização de bens e produtos. Essa atividade já existe há muitos anos em nossa sociedade e
possibilita que consumidores interessados encontrem, em um mercado de muitas oportunidades, aquilo que lhes
falta e/ou interessa. Neste tema, você aprenderá o que é a atividade comercial, como ela surgiu e qual o foco da
atividade comercial. Vamos lá?
Ao final desta aula, você será capaz de:
• definir o campo de atuação das empresas que exercem atividade comercial.
O que é atividade comercial
A atividade comercial concentra a compra e a venda de mercadorias ou serviços. Nesse tipo de atividade, os
comerciantes oferecem seus produtos para um mercado consumidor interessado em adquiri-los. Para Iudícibus
e Marion (2010. p. 2), “entende-se por comércioa troca de mercadorias por dinheiro ou por outra”.
Figura 1 - Atividade comercial
Fonte: Serghei Starus, Shutterstock, 2019.
A atividade comercial é realizada visando a obtenção de benefícios financeiros por aquele que a exerce. Portanto,
é uma atividade mercantil que visa o lucro. Mas você sabe de onde vem a atividade comercial?
O termo comércio é oriundo do latim “commercium”, que significa local de troca onde pessoas se reúnem. Ou
•
- -2
O termo comércio é oriundo do latim “commercium”, que significa local de troca onde pessoas se reúnem. Ou
seja, desde o início de sua conceituação, a atividade já previa o encontro de pessoas para a realização de trocas. 
(MEDEIROS, 2011)
Figura 2 - Comércio: local de troca
Fonte: Alison Hancock, Shutterstock, 2019.
A atividade comercial se desenvolveu entre os povos fenícios, elencando como justificativa a geografia, tendo em
vista que a região possuía pouca terra para desenvolver agricultura de qualidade. A região, então, “teve de voltar-
se à atividade comercial, construindo grande frota que realizava extensas atividades comerciais com o Ocidente,
bem como, por terra, com o Oriente.” (IUDÍCIBUS E MARION, 2010, p. 2)
Neste cenário, também os gregos e romanos se destacaram como propulsores do comércio e, nos séculos XII e
XVI, os países europeus – em razão da proximidade – desenvolveram com afinco a atividade comercial.
Sabe-se que, mesmo não sendo interpretada como ciência, a Contabilidade acompanhou o desenvolvimento da
sociedade: as inscrições rupestres, por exemplo, ilustram uma forma de registro e controle realizado.
Assim, com o desenvolver da sociedade, as formas de registro e controle também foram se desenvolvendo – até o
estágio que temos hoje, com tecnologias auxiliando e incorporadas ao processo contábil.
Até o século XVIII, quando ocorreu a Revolução Industrial, as empresas comerciais eram soberanas e, portanto, a
Contabilidade Comercial era a única necessária. No entanto, com as indústrias surgindo, a forma como se faz
contabilidade também precisou se atualizar – e o escopo passou a vincular às atividades internas para apuração
de gastos de produção. (IUDÍCIBUS E MARION, 2010)
- -3
No século XIX, houve a aberturas dos portos no Brasil, o que propiciou o iniciou das atividades comerciais
internacionais no país. A partir deste momento, o Brasil obteve um grande destaque no cenário de
desenvolvimento mercantil, em razão da quantidade de riquezas que possuía. Cabe destacar que o Brasil, com
muitas riquezas, foi – e ainda é – um país com grande volume de transações comerciais. (MEDEIROS, 2011)
O comerciante
Na atividade comercial, há a figura do comerciante, que é aquele que possui como profissão a atividade
comercial (RIBEIRO, 2013). De acordo com Iudícibus e Marion (2010, p. 2) “o comerciante é a pessoa física ou
jurídica que aproxima vendedores e compradores, levando-os a completar uma operação comercial, ou seja, a
troca de mercadorias por dinheiro ou por outras mercadorias.”
A história nos traz que a origem do termo comerciante decorre do latim e do francês , quemercari mercis
significam tráfego e mercadorias, respectivamente. Assim, o comerciante é quem realiza o tráfego de
mercadorias, ou seja, a pessoa que fornece mercadorias com o objetivo de obter lucro nesta transação.
(MEDEIROS, 2011)
A seguir, conheceremos as formas de comércio existentes. Acompanhe!
Foco da atividade comercial
A atividade comercial compreende a compra e a venda de mercadorias. Isso significa que uma empresa compra
produtos com o intuito de revendê-los. Para isso, pode ou não aplicar alguma transformação sobre estes
produtos. Imagine a empresa “A”, que vende camisetas customizadas. Agora, suponha que ela adquire da
empresa “B” as camisetas em uma cor única, que pode ser azul, branca ou preta. A empresa “A”, então, aplica
FIQUE ATENTO
A Ciência Contábil tem como objeto de estudo o patrimônio. Seu objetivo é o de fornecer
informações úteis à tomada de decisão. Nesse sentido, a Contabilidade Comercial tem com seu
objeto de estudo do patrimônio das empresas comerciais. Portanto, seus fundamentos são
aplicados sobre os eventos econômicos destas empresas, a fim de fornecer informações úteis a
seus usuários, auxiliando-os na tomada de decisão.
SAIBA MAIS
Quer saber mais sobre o tema? Consulte a obra , de Osni MouraContabilidade Comercial Fácil
Ribeiro (2013).
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produtos. Imagine a empresa “A”, que vende camisetas customizadas. Agora, suponha que ela adquire da
empresa “B” as camisetas em uma cor única, que pode ser azul, branca ou preta. A empresa “A”, então, aplica
desenhos a partir de serigrafia e coloca as camisetas à venda para o consumidor final. Veja que a empresa “A” é
um comércio de camisetas que efetua uma transformação nos produtos. De outra maneira, um supermercado,
por exemplo, adquire produtos e os revende diretamente, sem efetuar nenhuma transformação. Portanto, as
operações habituais destas empresas consistem na compra de mercadorias para disponibilizá-las a um mercado
consumidor por meio da venda.
Figura 3 - Transações com mercadorias
Fonte: Dmitry Kalinovsky, Shutterstock, 2019.
Neste sentido, as empresas comerciais podem ser atacadistas, varejistas ou mistas. Para Iudícibus e Marion
(2010), o principal diferencial destas empresas consiste em seu consumidor. Vamos, agora, saber quais as
principais características e diferenças entre estes tipos de mercados.
O é aquele que oferece produtos em escala para pessoas jurídicas. Assim, geralmente, seusmercado atacadista
consumidores são outras empresas que compram os produtos para revenda. No comercio atacadista, as
empresas estipulam uma quantidade mínima de produtos que devem ser comprados para que os valores
unitários sejam inferiores ao comércio varejista, ou seja, em função da compra em grandes quantidades, a
empresa consegue negociar preços mais atraentes.
As (principais) empresas consumidoras do atacado, ou seja, as que compram em lojas atacadistas, adquirem os
produtos para revendê-los. Elas podem aplicar algum processo de transformação e depois revender o produto
ou vendê-lo da forma adquirida.
FIQUE ATENTO
O foco das empresas comerciais atacadistas está na venda de produtos em grande escala,
sendo que seus consumidores principais são outras empresas comerciais. No entanto, não há
nada que impeça empresas atacadistas de venderem diretamente ao consumidor final.
- -5
Figura 4 - Empresa comercial varejista
Fonte: Shutterstock, 2019.
O , por sua vez, tem como público-alvo o consumidor final. As vendas, portanto, ocorrem emmercado varejista
menor escala. São exemplos de um mercado varejista: loja de roupas, supermercado, farmácia, entre outros.
Iudícibus e Marion (2010) acrescentam que este tipo de empresa tem como escopo o comércio usual de bens de
consumo, oferecendo-os diretamente a seus consumidores.
Há, ainda, as empresas mistas, que atuam no mercado atacadista e varejista concomitantemente. Isso significa
que em um único estabelecimento podem existir clientes que compram produtos unitariamente ou clientes que
compram em escala. Alguns supermercados trabalham neste formato, atendendo às pessoas físicas no varejo e às
pessoas jurídicas no atacado.
Veja que a atividade comercial é um meio de troca entre pessoas e/ou empresas que ofertam bens e serviços
para terceiros que possuem interesse em adquiri-los. Para Iudícibus e Marion (2010), a atividade comercial é tão
importante que é, inclusive, inerente tanto à natureza quanto às necessidades humanas e que se não houvesse
moeda, as pessoas realizariam trocas daquilo que possuem em excesso por itens que não têm e que ensejam.
EXEMPLO
Imagine que você deseja comprar um pacote de salgadinho. Você só precisa de um pacote de
salgadinho, certo?! Vamos imaginar como ocorre o processo para que o pacote chegue até
você?
O minimercado Compre Tudo adquire de um fornecedor atacadista 1.000 pacotes de
salgadinho, ao preço de R$ 1,00 cada. O Compre Tudo aplica sua margem e estabelece que o
produto será colocado à venda por R$ 2,00. Você,que só tem interesse em comprar um pacote
de salgadinho, dirige-se ao Compre Tudo, que é um marcado varejista, e adquire o seu pacote
de salgadinho por R$ 2,00.
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Fechamento
Neste tema, compreendemos que o foco da atividade comercial está nas transações de compra e de venda de
mercadorias. Neste sentido, as empresas comerciais podem ser atacadistas, varejistas ou mistas – quando
operam no atacado e varejo ao mesmo tempo.
Referências
IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. : atualizado conforme Lei n. 11.638/07 e Lei n. 11.941/09Contabilidade comercial
(livro-texto). 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MEDEIROS, L. M. Evolução histórica do Direito Comercial. Da comercialidade à empresarialidade. Revista Jus
, Teresina, ano 16, n. 2746, 7 jan. 2011. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/18219. Acesso em:Navigandi
28/03/019.
RIBEIRO, O. M. . 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.Contabilidade Comercial Fácil
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Constituição de empresas 
comerciais
Marluza Gomes Coutinho e Nathália Helena Fernandes Laffin
Introdução
Nesta aula, você irá conhecer as formas de constituição de empresas comerciais e suas implicações legais. Você já
pensou como é criada uma empresa? Acha que é um processo fácil e rápido ou burocrático e demorado? Se você
tem um negócio próprio ou conhece algum empresário, deve ter alguma noção de como isso ocorre.
Vamos tratar agora sobre o processo de criação de uma empresa relacionado aos aspectos jurídicos que
envolvem a sua constituição. E também destacar a classificação básica das formas jurídicas, utilizada no Brasil.
Discutiremos ainda os procedimentos necessários para proteger sua ideia, por meio do registro de marcas e
. O assunto é complexo, mas importante para a formalização.patentes
Ao final desta aula, você será capaz de:
• conhecer as formas de constituição de empresas comerciais e suas implicações legais.
Como constituir uma empresa de atividade 
comercial
Uma empresa comercial é aquela que tem como principal atividade a circulação de bens e serviços. Existem
diferentes formas de se perceber uma empresa que exerce atividade comercial e elas podem estar sob a
designação de empresa individual, de sociedade de pessoas e de sociedade de capitais (sociedade por ações ou
sociedade anônima). Você saberá, em seguida, um pouco mais sobre cada grupo.
Figura 1 - Constituição de uma personalidade jurídica
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2019.
Cabe ressaltar que cada país dispõe de leis específicas para regulamentar a forma de organizar as empresas,
logo, vamos considerar as normas brasileiras.
As empresas individuais têm como características o pequeno porte, um único dono que executa a função de
•
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As empresas individuais têm como características o pequeno porte, um único dono que executa a função de
gerente e apresentar poucas negociações. Elas devem ser registradas na Junta Comercial. Os bens pessoais do
proprietário podem ser alienados em situações de inadimplência da empresa, exceto em situações estabelecidas
em lei. Como exemplo, podemos citar um cirurgião dentista (trabalhador autônomo) que abre um consultório
odontológico.
Já a sociedade é constituída de duas ou mais pessoas que se associam a fim de criar um empreendimento. É
configurada pela presença dos sócios. A formalização poderá ser por acordo verbal informal ou por contrato
(acordo formal) registrado na Junta Comercial.
Figura 2 - Sociedades de pessoas
Fonte: Alexander Supertramp, Shutterstock, 2019.
Os bens pessoais dos sócios podem ser acionados para pagamentos dos compromissos da empresa, em situação
de inadimplência. No caso em que um dos sócios não tenha condições de pagar a dívida, os outros devem
responder por ele. Um exemplo que podemos citar de uma empresa por cotas de responsabilidade limitada é o
transporte urbano.
A sociedade de capitais, sociedade por ações ou sociedade anônima, por sua vez, é caracterizada por apresentar
grande porte e ter seu capital dividido entre diversos acionistas. O seu capital pode ser fechado ou aberto. Na
situação de capital fechado, as ações pertencem a determinadas pessoas físicas ou jurídicas e não são
comercializadas no mercado de capitais. No caso de capital aberto, as ações podem ser negociadas na bolsa de
valores e qualquer investidor pode adquiri-las. Esse tipo de organização deve ser autorizado legalmente pelo
governo. Caso a empresa fique inadimplente ou chegue à falência, os acionistas serão responsáveis pelo
montante relativo às suas ações.
FIQUE ATENTO
Na constituição de uma personalidade jurídica, em geral nas empresas de pequeno porte, os
proprietários têm uma pequena parcela de responsabilidade social. Estas responsabilidades de
modificam conforme a personalidade jurídica se altera. Sendo assim, as responsabilidades
aumentam gradativamente conforme a personalidade jurídica passa de MEI para S/A. 
- -3
A partir desses conceitos gerais, podemos definir outras espécies de sociedades. No Brasil, o novo Código Civil
(Lei n 10.406/02) e suas alterações regulam e definem as formas de organizações para se criar uma empresa noo
país. De acordo com esse código, as pessoas jurídicas de direito privado são:
• associações;
• sociedades (simples; em nome coletivo; em comandita simples; limitada; anônima; em comandita por 
ações; coligadas; cooperativa; estrangeira);
• fundações;
• organizações religiosas;
• partidos políticos;
• empresas individuais de responsabilidade limitada.
Outra forma de organização é a franquia, regulamentada por meio da Lei n. 8.955/94. O sistema de franquia é
utilizado na forma de contrato pelo qual “[...] um franqueador cede ao franqueado o direito de marca ou patente”
bem como disponibiliza todo o seu conhecimento prático e técnico relativo ao negócio. Você conhece exemplos
de franquias em sua cidade?
No próximo tópicos iremos abordar os aspectos legais que constituem uma atividade comercial, sendo
apresentado os aspectos técnicos e administrativos de uma empresa comercial.
EXEMPLO
Para exemplificar, podemos citar as empresas listadas na BM&FBovespa no segmento de
instituições financeiras como: Banco do Brasil S.A., Banco Bradesco S.A., Banco Santander
(Brasil) S.A., entre outras. Estas empresas possuem a participação societária anônima, em sua
grande maioria, com o capital aberto. Isto quer dizer que é possível vender suas ações no
mercado, angariando novos investidores
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SAIBA MAIS
No Portal do Empreendedor, é possível acessar as legislações para abertura de uma empresa,
normativas, leis, questões societárias e muito mais informações, como orientações para a
entrega anual de faturamento, dúvidas frequentes, entre outros assuntos.
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Aspectos legais da atividade comercial
Já temos a ideia, identificamos as oportunidades de negócio e decidimos, então, abrir o empreendimento. Será
que é simples assim? “O processo de criação de uma empresa às vezes é tedioso e estressante, mas todo
empreendedor deve entender a legislação na qual sua empresa está enquadrada, buscando sempre tirar
vantagem competitiva desse processo” (DORNELAS, 2012, p. 223).
Figura 3 - De uma ideia à criação de uma empresa
Fonte: magostock, Shutterstock, 2019.
Como transformar nossas ideias em um negócio legalizado, segundo os códigos e as leis que orientam o processo
de criação da empresa no Brasil? As formas de organização de empresas podem ser classificadas de acordo com
os aspectos técnicos, administrativos, legais e de mercado. Vamos conhecê-los em seguida.
Os aspectos técnicos e administrativos estão relacionados à atividade-fim de cada firma, a qual pode ser:
instituição financeira, empresa privada, comercial, industrial, órgão público, prestador de serviços e organização
sem fins lucrativos.
Se considerarmos o tipo de mercado, podemos ainda observar o tamanho da empresa, ou seja, pequena, média
ou grande empresa; e os setores de atuação, como atacadista, varejista, financeiro, construção etc., de acordo
com os critérios mundiais estabelecidos.
E, por fim, podemos identificar o aspecto jurídico que define três grupos principaisde organização. Essa
classificação leva em conta vários fatores, como o tamanho, os interesses internos e as implicações
administrativas de cada firma. Esses grupos são empresa individual, sociedade de pessoas e sociedade de
capitais (sociedade por ações ou sociedade anônima). A marca corresponde à identificação da empresa e
diferencia um produto ou serviço de outros similares ou idênticos, além de adicionar valor a eles e ser capaz de
fazer com que o consumidor seja fiel à firma.
FIQUE ATENTO
Identificar os aspectos ligados ao faturamento de uma empresa, é uma análise muito
- -5
Por meio do registro de marcas e patentes, a empresa pode se resguardar de futuros roubos ou cópias de suas
invenções, produtos ou serviços ofertados, permitindo a ela receber todo retorno decorrente da utilização dos
mesmos, de forma segura.
Figura 4 - Registros de direitos
Fonte: Lightspring, Shutterstock, 2019.
A patente corresponde a um título de propriedade temporária, que está diretamente relacionado à proteção da
invenção ou do aperfeiçoamento dos produtos ou serviços contra a cópia de empresas rivais, que ficam proibidas
de se apropriarem deles, enquanto o certificado de propriedade estiver vigente.
No Brasil, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) realiza o registro de Marcas e Patentes.
O registro é normatizado de acordo com a Constituição de 1988, no artigo 5, incisos XXVII e XXIX; a Lei n. 9.279
/96 (BRASIL, 1988, s.p.), que “[...] r n.egula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial”; o Decreto 
2.553/98 (BRASIL, 1998, s.p.); a Portaria MCT n. 88/98 (MINISTÉRIO DE ESTADO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA,
1998, s.p.); e, por fim, a Resolução Normativa 013/08 sobre Propriedade Intelectual do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ, 2008, s.p.).
Identificar os aspectos ligados ao faturamento de uma empresa, é uma análise muito
importante para determinar o tipo de sociedade jurídica que vai se constituir e também para
classificá-la como uma empresa de pequeno, médio e grande porte.
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Fechamento
Antes de iniciar o funcionamento da empresa, o empreendedor deve formalizá-la, de acordo com as normas
jurídicas que envolvem cada tipo de organização, seguindo a legislação do país onde a firma funcionará. No
Brasil, o novo Código Civil regula e define os tipos de sociedades para se criar uma empresa no país.
A empresa deve registrar a marca e a patente para evitar a cópia ou o roubo de seus produtos ou serviços.
Referências
BRASIL. . Brasília: Presidência da República, 1988.Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 25 mar. 2019.
BRASIL. , de 16 de abril de 1998. Brasília: Presidência da República, 1998. Disponível em:Decreto n. 2.553 www.
planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2553.htm. Acesso em: 25 mar. 2019.
BRASIL. Lei n. de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades por Ações). Brasília: Presidência da6.404, 
República, 1976. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm. Acesso em: 25 mar.
2019.
BRASIL , de 15 de dezembro de 1994. Brasília: Presidência da República, 1994. Disponível em: . Lei n. 8.955 www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8955.htm. Acesso em: 25 mar. 2019.
BRASIL. , de 14 de maio de 1996. Lei n. 9.279 Brasília: Presidência da República, 1996. Disponível em: www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9279.htm. Acesso em: 25 mar. 2019.
BRASIL. Novo Código Cível)Lei n. , de 10 de janeiro de 2002 (10.406 . Brasília: Presidência da República, 2002.
Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 25 mar. 2019.
BRASIL , de 11 de julho de 2011. Brasília: Presidência da República, 2011. Disponível em: <. Lei n. 12.441 www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12441.htm#art2>. Acesso em: 25 abr. 2019.
BRASIL . Disponível em: . Acesso em: 24 abr.. Portal do Empreendedor www.portaldoempreendedor.gov.br
2019. 
CNPQ. , de 21 de maio de 2008. Brasília: Resolução Normativa 13n. DOU de 27/05/2008, Seção: 1 Página: 5.
 Disponível em: http://memoria.cnpq.br/view/-/journal_content/56_INSTANCE_0oED/10157/24857. Acesso
em: 25 abr. 2019.
DORNELAS, J. C. A. : transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.Empreendedorismo
MINISTÉRIO DE ESTADO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA. , de 23 de abril de 1998. Brasília: DOUPortaria MCT n. 88
de 24/04/1998, Seção I, Pág. 15. Disponível em: https://www.dannemann.com.br/dsbim/uploads
/imgFCKUpload/file/Portaria_MCT_N88.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2014.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2553.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8955.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9279.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12441.htm#art2
http://www.portaldoempreendedor.gov.br
http://memoria.cnpq.br/view/-/journal_content/56_INSTANCE_0oED/10157/24857
http://www.memoria.cnpq.br/normas/rn_08_013.htm
https://www.dannemann.com.br/dsbim/uploads/imgFCKUpload/file/Portaria_MCT_N88.pdf
https://www.dannemann.com.br/dsbim/uploads/imgFCKUpload/file/Portaria_MCT_N88.pdf
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Tributações nas empresas 
comerciais
Aislan da Silva Nunes
Introdução
Nesta aula estudaremos os conceitos relacionados às tributações existentes com vendas de mercadorias. Este
tema é muito importante pois, se analisarmos as operações de venda de mercadoria existentes tanto no Brasil
quanto fora, percebemos que elas são comuns. Podemos citar, como exemplo, uma loja de cosmético, de
vestuário ou até mesmo um supermercado. O que esses comércios têm incomum? Todos fazem compra e
revenda de mercadorias, com tributação nas operações realizadas.
Você já parou para pensar sobre o quanto nós, consumidores finais, pagamos de imposto? Estou me referindo ao
consumidor final porque é ele quem acaba pagando a por isso. Portanto, vamos descobrir as respostas dessas
questões.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• conhecer quais são os tributos incidentes sobre a atividade comercial.
A Legislação Tributária Nacional
Vamos iniciar nossos estudos abordando conceitos jurídicos, pois a contabilidade tributária e o direito
caminham lado a lado. A prática tributária exercida por um bom contador está embasada nos pressupostos
teóricos do direito. O Estado tem por obrigação fornecer requisitos mínimos para uma sociedade, como
segurança, educação, saúde e características voltadas para o bem-estar geral de uma sociedade (RIBEIRO, 2017)
. Para garantir estes benefícios, o Estado deve ter meios de arrecadar dinheiro suficiente para manter os custos
destas operações.
•
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Figura 1 - Carga Tributária no Brasil
Fonte: Maxx-Studio, Shutterstock, 2019.
O dinheiro para garantir esses direitos da população vem da cobrança de tributos, que podemos classificar em
duas categorias distintas. A primeira é formada por tributos físicos como impostos, taxas e contribuições de
melhoria. Já na segunda categoria estão os tributos para-fiscais: empréstimos compulsórios e contribuições.
As características dos tributos
Os impostos são tributos que não têm dependência de empresa estatal, em geral ocorrendo sem nenhuma
prestação de serviço. O objetivo é proporcionar ao Governo a oportunidade de cobrir despesas que estão
relacionadas ao Orçamento Público. Segundo a Constituição Federal de 1988, os impostos podem ser de
responsabilidade da União, dos estados e do Distrito Federal ou dos municípios. Assim, não é permitido a
nenhum ente federado instituir, arrecadar ou cobrar imposto que não seja de sua responsabilidade fiscal.
As taxas, por sua vez, são tributos que podem ser cobrados por serviços que são prestados ou colocados à
disposição da sociedade por empresas públicas, como iluminação pública, por exemplo. O contribuinte paga a
taxa por se beneficiar de uma prestação de serviço de uma empresaque disponibilizará energia elétrica em
lugares públicos. Não podemos esquecer de que só é possível fazer uma cobrança de taxa quando esta for
determinada por uma lei, devendo este serviço possuir uma razoável possibilidade de mensuração do consumo
utilizado por cada usuário.
As contribuições de melhorias ou especiais são tributos obtidos por meio de obras públicas que beneficiam o
contribuinte no sentido de valorização do seu imóvel. Elas são cobradas de um determinado grupo com
característica em comum. Vamos supor que você tenha um escritório de contabilidade e está localizado em um
bairro novo onde não foi asfaltado ainda. Pode haver uma contribuição para a realização asfáltica no seu bairro
fazendo com que seu escritório seja valorizado por estar bem situado lá. Houve uma valorização no seu imóvel e,
neste caso, pode ser cobrada uma contribuição de melhoria. As contribuições especiais são PIS, COFINS, INSS etc.
Estas contribuições especiais são direcionadas a manutenção das atividades sociais e de interesse público. Em
geral, são atividades desenvolvidas por empresas privadas como o SEBRAE, SENAC e SESC.
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Figura 2 - Carga tributária Nacional
Fonte: Vinicius Tupinamba, Shutterstock, 2019.
Agora, que já estudamos um pouco sobre as características dos tributos, vamos ver como são feitas as
classificações destes.
As classificações dos tributos
Os tributos podem ser classificados como direto e indireto. Os tributos diretos estão diretamente relacionados
com o patrimônio e a renda do contribuinte, sendo este responsável pelo seu pagamento. Nessa classificação não
há repasse para terceiros. Podemos citar como exemplo os impostos de renda de pessoa física e pessoa jurídica,
predial e territorial urbano, sobre a propriedade territorial rural, sobre a propriedade de veículos automotores,
entre outros tipos.
No tributo indireto a responsabilidade no pagamento e recolhimento pode ser transferido para terceiros.
Podemos citar como exemplo a cobrança de ICMS, imposto sobre os produtos industrializados, imposto sobre a
prestação de serviço, contribuição para financiamento da seguridade social, entre outros.
Já conhecemos os aspectos legais tributários sobre a atividade comercial, a diferenciação entre os tributos e sua
FIQUE ATENTO
Nem todo tributo é um imposto. Como vimos, imposto é uma cobrança que não depende de
uma estatal e não provêm de uma prestação de serviço. É muito comum acharmos que tributos
e impostos são sinônimos, mas uma contribuição e uma taxa também são tributos e não são
impostos.
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Já conhecemos os aspectos legais tributários sobre a atividade comercial, a diferenciação entre os tributos e sua
classificação. Passaremos então a detalhar alguns tributos específicos.
Os principais impostos e contribuições sobre as 
operações comerciais
Dentre os principais impostos cobrados nas operações comerciais, estão o Imposto sobre a Circulação de
Mercadorias ou Prestação de Serviço de Transportes Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação (ICMS); o
Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social.
O ICMS é um imposto garantido pela Constituição Federal de 1988, que delega aos Estados e ao Distrito Federal a
responsabilidade pela fiscalização, normatização e recolhimento dos créditos recolhidos pelos contribuintes.
O Programa de Integração Social também é garantido pela Constituição Federal de 1988 e é de responsabilidade
da União. O PIS integra um conjunto de contribuições sociais que são destinados à Seguridade Social. É um meio
do qual a União se utiliza para arrecadação com destino a benefícios do empregado. Um dos principais é o
seguro-desemprego para trabalhadores que tiverem seus contratos de trabalho rescindidos sem justa causa.
A Cofins, em geral, serve para financiar a Seguridade Social nos seus requisitos básicos, como a Previdência
Social, a Assistência Social e a Saúde Pública. Este tributo tem por base de cálculo o faturamento bruto de uma
empresa (PADOVEZE, 2015) .
Como já vimos, os principais tributos sobre as operações comerciais são o ICMS, PIS e a COFINS, deste modo,
passaremos a apresentar os regimes tributários nacionais, os regimes tributários são metodologias que se
aplicam nas empresas com intuito de conhecer a base de cálculo para apuração dos tributos.
Regimes tributários no Brasil
Atualmente, o planejamento possui metodologias que organizam as empresas quanto ao seu sistema de
tributação. Entre elas estão o lucro real, o lucro presumido, o simples nacional e o microempreendedor
individual.
O Lucro Real, segundo a legislação, é considerado o resultado do exercício de um período da empresa antes de
deduzir o imposto de renda de pessoa jurídica (IRPJ) e a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL). O
resultado desta deverá ser transcrito em um registro denominado livro de apuração do lucro real (LALUR). Ele
FIQUE ATENTO
Os tributos são garantidos por leis, sejam elas provenientes da Constituição Federal, Código
Tributário Nacional, leis complementares ou orgânicas. Cada tributo tem o seu nível
hierárquico de responsabilidade, ou seja, há os que são de responsabilidade da União, dos
Estados e Distrito Federal e dos Municípios.
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resultado desta deverá ser transcrito em um registro denominado livro de apuração do lucro real (LALUR). Ele
será submetido a adições e exclusões de despesas ou receitas com o objetivo de obter o resultado real para que
sejam deduzidas o IRPJ e a CSLL.
O lucro presumido é uma forma de tributação simplificada que permite ao contribuinte obter a base de cálculo
para apurar seu lucro e, consequentemente, chegar ao valor do imposto de renda de pessoa jurídica (IRPJ) e a
contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL). Neste sistema de tributação utiliza como base a receita bruta
trimestral, aplicando sobre ela uma alíquota definida pela legislação em vigor, dependendo do ramo de atividade
de sua empresa, que prevê uma margem de lucro (PADOVEZE, 2015).
Em 2006, foi instituído um regime especial unificando as arrecadações de tributos e contribuições destinadas às
microempresas e empresas de pequeno porte, tendo o simples nacional como um meio de arrecadação cujo
caráter é facultativo para o contribuinte. Isto facilitou o cálculo e o recolhimento de tributos em uma guia única
de pagamento para as empresas que não têm grandes arrecadações.
E, por fim, o Microempreendedor Individual (MEI) surgiu para formalizar os trabalhos de prestadores de
serviços profissionais que não eram registrados e não possuíam os benefícios inerentes ao empresário
formalizado. Algumas normas foram criadas com intuito de regulamentar o Microempreendedor Individual.
Figura 3 - Sistemas Tributários Nacional
Fonte: ShutterstockProfessional, Shutterstock, 2019.
Neste momento, você já obteve informações sobre as características legais das tributações sobre as atividades
comerciais, já aprendeu a diferenciar os tributos que são os impostos, as contribuições e as taxas, na sequência
aprendeu sobre os tributos diretos e indiretos, também aprendeu sobre os regimes tributários.
EXEMPLO
Uma empresa comercial com receita bruta de vendas no valor de R$ 20.000,00 teve algumas
devoluções de produtos somando R$ 5.000,00. Sabe-se ainda que nestas vendas houve a
incidência de ICMS, PIS e CONFINS, cujas alíquotas são de 18%, 1,65% e 7,60%
respectivamente.
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Para determinar o valor de cada tributo, primeiramente temos que descobrir qual foi o faturamento que esta
empresa possuiu, ou seja, qual o valor que de fato sobrou em caixa após as vezes deduzidos das devoluções.
Assim o quadro 1 a seguir apresentará o cálculo e o valor do faturamento.
Figura 4 - Demonstração de apuração dos tributos
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.
Já passamos pelos aspectos legais que regem as tributações nacional, apresentamos os regimes de tributação e
as diferentes formas que um tributo pode ter, dependendo de sua natureza. O exemplo ilustrou todos os
conceitos e conteúdos estudados até o momento.
Fechamento
Nesta aula, vocêestudou características dos tributos de empresas comerciais, a definição e as classificações de
tributos, neste sentido, aprendemos a diferença entre imposto, contribuições e taxas. Assim como também
aprendemos a classificá-los como tributos diretos e indiretos. Também aprendemos um pouco sobre cada
regime tributário que está vigente no Brasil, estudando sobre o Lucro Real, o Lucro Presumido, o Simples
Nacional e o Microempreendedor Individual.
Referências
OLIVEIRA, G. P. D. . 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. Contabilidade Tributária
PADOVEZE, C. L. : um enfoque em sistema de informação contábil. São Paulo: Altas,Contabilidade Gerencial
2015.
RIBEIRO, O. M. . Série em foco. V. 10. São Paulo: Saraiva, 2017.Contabilidade geral
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Provisões sobre créditos
Nathália Helena Fernandes Laffin
Introdução
As empresas comerciais têm como sua principal operação a comercialização de mercadoria, e os principais
registros contábeis realizados por essas empresas envolvem contas como: estoques de produtos, contas a pagar
e contas a receber.
Nesse tipo de negócio é comum que as empresas realizem vendas a prazo para que possam atrair um maior
número de clientes. Você já deve ter visto uma loja que posterga o recebimento ou que parcela suas vendas, não
é mesmo? Entretanto, essas estratégias, muitas vezes, geram despesas e perdas para as empresas em razão de
clientes devedores. Neste tema, discutiremos as principais características das contas a receber e as perdas que
devem ser calculadas em decorrência de maus pagadores.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• conhecer quais as provisões necessárias em relação aos créditos de recebimento duvidoso nas empresas 
comerciais.
Provisões sobre créditos
Essas provisões constituem-se como valores de direito da empresa, mas que estima-se não receber em razão da
falta de pagamento dos clientes. Entenda, a seguir, o que são as contas a receber e como elas podem ter seus
valores diminuídos pelas perdas decorrentes de créditos de liquidação duvidosa.
Contas a receber
As contas a receber são direitos da empresa referentes a valores a receber em decorrência de vendas a prazo e
mercadorias e serviços a clientes ou de outras transações, sendo que estas últimas geralmente não representam
o objetivo de negócios da empresa, porém são comuns e inerentes a sua atividade (FIPECAFI, 2013).
Por tal razão, indica-se que sejam separados os valores a receber referentes às operações principais de vendas
em Duplicatas a receber e Demais contas a receber, as quais podem ser chamadas de Outros créditos ou Outros
valores a receber.
A conta de Duplicatas a receber contém duas contas, utilizadas para facilitar o destaque no Balanço Patrimonial:
• Clientes: valores decorrentes de vendas a prazo – curto ou longo prazo;
• Controladas e coligadas: valores a receber de coligadas e controladas, contendo nota explicativa de
investimentos ou de transações entre partes relacionadas.
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Figura 1 - Operações com clientes: contas a receber
Fonte: Shutterstock, 2018.
Quando uma empresa efetua venda de mercadorias e não recebe os valores na hora, possui um direito que deve
ser registrado na conta Clientes ou Duplicatas a receber. A ideia desses valores consiste no valor que se espera
obter a partir do ajuste a valor presente.
Nesse sentido, constituem-se ajustes com provisões sobre créditos a receber para que sejam registrados valores
que a empresa estima não receber.
O que são as provisões sobre créditos
Trata-se de contas que advêm dos negócios da empresa. Possuem natureza credora por constituírem uma
redução das contas a receber (clientes ou duplicatas) e são chamadas de Perdas Estimadas em Créditos de
Liquidação Duvidosa (PECLD), pois sua essência não reflete o conceito contábil de Provisão – mesmo que sejam
um provisionamento de valor sobre o qual não há certeza de recebimento.
De acordo com Ribeiro (2013), as PECLD são uma conta redutora do ativo que representa valor provisionado no
final do exercício social para cobrir, no exercício seguinte, as prováveis perdas decorrentes do não recebimento
de parte dos créditos (direitos) da empresa verificados na data do levantamento do Balanço.
Portanto, as perdas estimadas representam a incerteza do recebimento de clientes, e esse ajuste reflete a
informação fidedigna do real benefício que se pode obter com os ativos da empresa.
SAIBA MAIS
Para que não tenha dificuldades em seu dia a dia profissional, é importante que você
aprofunde seus conhecimentos sobre o Contas a Receber. Para entender melhor, leia o
“Pronunciamento Técnico nº 26”, do Comitê de Pronunciamentos Contábeis e saiba mais! 
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Como não é sabido o valor que não será recebido, deve ser apurada uma estimativa para o registro das perdas,
de modo a sempre chegar a um dimensionamento adequado da estimativa (FIPECAFI, 2013).
Figura 2 - Formas de apuração das PECLD
Fonte: Adaptada de FIPECAFI, 2013.
Agora que você compreendeu o que são as provisões sobre créditos, vamos aprender a contabilizar tais perdas.
Aspectos contábeis em relação às provisões 
sobre créditos
O reconhecimento das provisões sobre créditos observa o regime de competência, portanto, cada evento
relacionado às operações com contas a receber terá um registro contábil específico.
As contas envolvidas no registro de perdas estimadas são as patrimoniais (Duplicatas a Receber/Clientes, Perdas
Estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa) e as de resultados (Devedores duvidosos, Devedores
incobráveis, Reversão da Estimativa em Créditos de Liquidação Duvidosa).
FIQUE ATENTO
Tanto as contas a receber quanto as perdas estimadas em crédito de liquidação duvidosa
podem fazer parte do ativo circulante e do ativo não circulante. Basta analisar o prazo de
vencimento dos valores a receber e fazer a adequada classificação.
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Estimativa da perda
A estimativa da perda diz respeito ao valor que, espera-se, não será recebido. Tal estimativa será calculada a
partir de um conjunto de fatores, e, após definida a forma de apuração, será contabilizado o valor.
É importante destacar que, de acordo com Ribeiro (2013) e Iudícibus e Marion (2016), antes de o Brasil se
adequar às normas internacionais, reconhecia sempre as perdas a partir de estimativas que abrangiam um
percentual (de 3% e 1,5%) sobre o saldo das contas a receber. Atualmente, em consonância com as práticas
internacionais, deve-se reconhecer as perdas somente quando houver evidência objetiva de que tais valores não
serão recebidos.
Ao apurar os saldos de um exercício social, as empresas deverão verificar se há alguma evidência objetiva de que
o saldo ou parte do saldo existente nas contas a receber não será recebido. Ao determinar tal valor, deverão
reconhecê-lo contabilmente.
As contas envolvidas no reconhecimento da estimativa são patrimonial e de resultado. A conta patrimonial
“PECLD” tem natureza credora, representando uma redução do ativo. A conta de resultado, por sua vez, chama-
se “Devedores Duvidosos” e implica o reconhecimento de um valor que se estima não receber. É, portanto, uma
redução do resultado.
A estimativa reflete um valor estimado do que se espera não receber. O valor contido na conta PECLD será
mantido até o fim do exercício social seguinte e deve-se confrontar os valores efetivamente não recebidos,
quando será reconhecido o valor incobrável.
FIQUE ATENTO
As empresas optantes pela tributação baseada no Lucro Real possuem condições e limites de
reconhecimento de perdas estimadas com créditos de liquidação duvidosa. Tais condições e
limites relacionam valores e prazos de vencimento e insolvência.
EXEMPLO
Uma empresa que possui, em 31/12/x1, um saldo devedor de R$ 100.000 em Duplicatas a
Receber e que espera não receber 4% desse montante, deverá efetuar o seguinte registro no
final do exercício social:
D: Devedores Duvidosos R$ 4.000
C: PECLD R$ 4.000
Ao fim do exercício, haverá uma diminuição nos resultados da empresa no montante de R$
4.000 e sua contrapartida será visualizada no Balanço Patrimonial.
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Reconhecimento do valorincobrável
O reconhecimento do valor incobrável ocorre quando se esgotam as possibilidades de cobrança dos valores a
receber e que não serão mais recebidos.
Existem três situações que podem ocorrer no momento do reconhecimento do valor incobrável, conheça-as a
seguir.
Tabela 1 - Reconhecimento do valor incobrável
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
O reconhecimento do valor incobrável dependerá de prazos estabelecidos pela empresa para a cobrança dos
valores. “Quando um saldo se torna totalmente incobrável, ou seja, quando se esgotaram sem sucesso os meios
possíveis de cobrança, sua baixa da conta de clientes deve ser feita tendo como contrapartida a própria conta
redutora” (FIPECAFI, 2013, p. 65).
Para melhor entendimento, considere que a empresa ABC compra mercadorias para revenda. Em x0, possuía um
saldo de R$ 100.000 em Duplicatas a Receber. A seguir, veja os registros realizados pela empresa em x0, x1 e x2.
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Tabela 2 - Registros referentes a perdas estimadas da empresa ABC
Fonte: Elaborada pela autora, 2018.
Em um exercício é reconhecida a estimativa para, em outro, verificar-se o valor efetivamente não recebido.
Eventuais ajustes necessários devem ser realizados para refletir a realidade da empresa, tanto nos reflexos dos
ativos quanto nos reflexos do resultado.
Fechamento
Neste tema, você aprendeu sobre as provisões sobre créditos de recebimento duvidoso nas empresas comerciais,
reconhecendo a estimativa da perda e seu decorrente reconhecimento de valor incobrável, igual, maior ou
menor que o valor provisionado.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
• conhecer quais as provisões necessárias em relação aos créditos de recebimento duvidoso nas empresas 
comerciais.
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Referências
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). . Disponível em:<Pronunciamento Técnico n. 26 (R1)
>. Acesso em: 14 jan. 2019.http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2006.pdf
FIPECAFI. . 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.Manual de contabilidade societária
IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. : atualizado conforme Lei nº 11.638/07 e Lei n. 11.941Contabilidade Comercial
/09. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
RIBEIRO, O. M. . 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.Contabilidade Comercial Fácil
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2006.pdf
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Duplicatas descontadas
Nathália Helena Fernandes Laffin
Introdução
A principal atividade das empresas comerciais decorre da comercialização. A partir disso, existem diferentes
formas de estabelecer a cobrança referente a tal comercialização. Você lembra de algumas? Neste tema,
destacamos as duplicatas, que consistem em títulos de crédito para a cobrança de faturas. Muitas vezes, as
empresas precisam de capital para se financiarem, correto? Você sabe que a forma mais conhecida de captar
recursos decorre de empréstimos bancários. O que você irá aprender neste tema é uma forma diferente de
captação de recursos: o desconto de duplicatas. Vamos lá?
Ao final desta aula, você será capaz de:
• compreender os aspectos inerentes às duplicatas descontadas no contexto das operações das empresas 
de atividade comercial.
Duplicatas descontadas
A atividade principal das empresas comerciais consiste na comercialização de produtos. Quando ocorre a venda
de um produto, a empresa pode efetuar a cobrança de diferentes formas, que compreendem o recebimento à
vista e o recebimento a prazo. No recebimento a prazo, existe um título de crédito denominado “duplicata” (ou
duplicata mercantil), que corresponde a um documento nominal emitido pela empresa vendedora e que enseja o
pagamento do valor global da fatura em uma data específica. Pode-se dizer que as duplicatas consistem em
títulos de cobrança.
Em um dado momento do tempo, uma empresa pode necessitar de recursos por diferentes razões, como
financiar suas atividades cotidianas ou realizar algum investimento. Para tanto, existe uma forma de
financiamento que consiste no desconto dessas duplicatas emitidas. Vamos compreender como ocorre?
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FIQUE ATENTO
Uma duplicata só pode corresponder a uma única fatura. Caso o valor total da venda seja
parcelado, devem ser emitidas diferentes duplicatas. Numa duplicata deve constar, dentre
outras coisas: data do saque, número de ordem, número da fatura que originou tal duplicata,
data do vencimento, dados do vendedor e do comprador, o valor a ser pago (em algarismos e
por extenso), declaração do sacado (devedor), do reconhecimento e da sua obrigação de pagá-
la e assinatura do sacador (vendedor).
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O desconto de duplicatas é, portanto, uma operação financeira na qual a empresa entrega uma duplicata ao
banco que, por sua vez, antecipa à empresa o dinheiro – cobrando juros por tal antecipação.
Figura 1 - Desconto de duplicatas
Fonte: aslysun, Shutterstock, 2019.
De acordo com Ribeiro (2013), existem duas formas de descontos de duplicatas: aquelas nas quais há a
transferência substancial de riscos e benefícios para os bancos e aquelas nas quais não há tal transferência.
Vamos, a partir de agora, compreender no que consiste cada uma dessas modalidades e como contabilizar os
fatos contábeis inerentes a essa transação.
EXEMPLO
Em 1º/01/201x, a ABC Ltda vendeu a prazo ao cliente Andrade por meio da emissão da
duplicata nº 35, com vencimento em 30/01 e valor de R$ 1.500. No dia 15/01, a ABC Ltda vai
ao Banco Brasileiro S.A. e entrega ao banco a duplicata para receber, em troca, o valor. O banco
adianta o valor da duplicata, mas desconta um valor referente a juros (5% ao mês) pela
antecipação.
A ABC Ltda, em 15/01, recebe em sua conta-corrente o valor de R$ 1.425 (R$ 1.500 – R$ 75,
que corresponde aos juros de 5%).
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Modalidades de duplicatas descontadas
Na modalidade de desconto sem que haja a transferência substancial dos riscos e benefícios, a empresa transfere
as duplicatas ao banco mediante o endosso ao portador, isto é, o banco recebe o direito do recebimento, mas não
possui os riscos caso o devedor não pague. Se o cliente não pagar a duplicata, a empresa que emitiu a duplicata
deverá pagar ao banco o valor e efetuar os procedimentos de cobrança sobre o cliente.
Já na modalidade de desconto há a transferência substancial dos riscos e benefícios. Assim, a duplicata não é
mais propriedade da empresa e os direitos dela decorrentes devem ser baixados. Nesse caso, a empresa não se
responsabiliza pela quitação do título caso o devedor não efetue o pagamento. O lançamento contábil referente a
essa transação será muito simples: o valor referente à duplicata constante em Duplicatas a Receber será
creditado, deixando de existir tal direito, e sua contrapartida será evidenciada por meio de um débito na conta
bancária da empresa (ou caixa, caso seja entregue em moeda corrente) e outro débito em Despesas com
Encargos Financeiros, pelos encargos financeiros cobrados pelo banco para o adiantamento do valor.
Agora que você compreendeu o que e quais são as modalidades de duplicatas descontadas, vamos compreender
como ocorre a sua contabilização.
Contabilização de duplicatas descontadas
Antigamente, a contabilização de duplicatas descontadas ocorria no Ativo, como uma conta redutora da conta
Duplicatas a Receber. No entanto, conforme a legislação brasileira foi se adequando às normas internacionais,
algumas mudanças surgiram. Assim, a partir da criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), houve
uma mudança na forma de contabilização das duplicatas descontadas.
Atualmente, quando a empresa que emite a duplicata mantém o risco da operação, a contabilização de duplicatas
descontadas ocorre no Passivo, pois, até que o devedor efetue o pagamento da duplicata, a empresa emissora
possui o risco e uma possível obrigação de pagar ao banco.
SAIBA MAIS
Em seu dia a dia profissional, é importante que entenda com clareza sobre o gerenciamento
das duplicatas descontadas. Se você quiser saber mais sobre esse assunto, leia o capítulo 16 do
“Manual de Contabilidade Societária”, escrito por vários professores e organizado pela Fipecafi
(2018).
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Quadro 1 -Contas envolvidas no desconto de duplicatas
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Então, o valor efetivamente recebido pela entrega das duplicatas deve ser reconhecido. Os encargos financeiros
da transação, como você pode perceber, serão registrados no Ativo Circulante – como Despesas Pagas
Antecipadamente – e serão compensados até a data do vencimento da duplicata (IUDÍCIBUS; MARION, 2016).
Imagine que uma empresa possua duplicatas no valor de R$ 85.000, as quais entregará a um determinado banco.
Pelo adiantamento de valores, serão cobrados R$ 5.000 de encargos e taxas. Observe, a seguir, como ocorre a
contabilização desse fato.
Pelo registro da duplicata (fato decorrente da operação comercial de venda de mercadorias):
D – Duplicatas a Receber R$ 85.000
C – Receita de Vendas R$ 85.000
Pelo desconto da duplicata (entrega da duplicata ao banco e a consequente antecipação do valor):
Débito – Bancos Conta Movimento R$ 80.000
Débito – Despesas Pagas Antecipadamente R$ 5.000
Crédito – Duplicatas Descontadas R$ 85.000
O registro contábil descrito refere-se à transação de desconto de duplicatas por si só, mas existem outros fatos
que decorrem desse evento, como o pagamento, ou não, pelo cliente, da duplicata. Vamos, a partir de agora,
conferir a contabilização de tais desdobramentos.
FIQUE ATENTO
Tanto o IASB (International Accounting Standards Board) quanto o CPC (Comitê de
Pronunciamentos Contábeis) apontam que as transações relacionadas ao desconto de
duplicatas devem ser evidenciadas nos fluxos de caixa como atividades operacionais.
Entretanto, a Fipecafi, no “Manual de Contabilidade Societária”, atenta para o fato de que o
desconto é uma forma de financiamento e, portanto, deveria contemplar atividades de
financiamento.
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Figura 2 - Liquidação da duplicata pelo cliente
Fonte: Shutterstock, 2019.
Caso o cliente honre o prazo e liquide a duplicata no prazo estabelecido, o banco emitirá um aviso bancário à
empresa. A empresa, portanto, deverá dar baixa em tais condições, mediante os seguintes registros:
Débito – Duplicatas Descontadas R$ 85.000
Crédito – Duplicatas a Receber R$ 85.000
Além disso, deverá ser reconhecida a despesa com os encargos financeiros decorrentes da operação de
adiantamento e pagas no momento da entrega de duplicatas, conforme disposto a seguir:
Débito – Despesas com Encargos Financeiros R$ 5.000
Crédito – Despesas Pagas Antecipadamente R$ 5.000
Isso significa que deixam de existir: o direito da empresa sobre o cliente e a obrigação da empresa perante o
banco.
No entanto, pode ser que o cliente não efetue o pagamento no prazo definido na duplicata. Nesse caso, o banco
sacará o dinheiro, automaticamente, da conta-corrente da empresa, ou seja, não haverá mais a obrigação da
empresa para com o banco. Confira o registro contábil:
Débito – Duplicatas Descontadas R$ 85.000
Crédito – Bancos Conta Movimento R$ 85.000
Da mesma forma, será reconhecida a despesa com os encargos financeiros, debitando a despesa e creditando o
Ativo. Perceba, portanto, que a empresa detém, nesse momento, apenas o direito sobre o cliente – nenhuma
outra obrigação para com o banco. A empresa, a partir de agora, deverá buscar as alternativas cabíveis para
receber o dinheiro do cliente – e quaisquer valores de juros recebidos pelo pagamento tardio da duplicata serão
reconhecidos como receitas financeiras.
O que se percebe, nesse sentido, é que a empresa, nesse processo de adiantamento de duplicatas, incorre em
despesas (no caso demonstrado, despesas no valor de R$ 5.000).
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Figura 3 - Risco e retorno do adiantamento de duplicatas
Fonte: Nokz, Shutterstock, 2019.
Dessa forma, as empresas deverão analisar os riscos e vantagens das diferentes formas de financiamento de
recursos que estão disponíveis para verificar se o desconto de duplicatas torna-se uma opção atrativa e que
valha a pena para a empresa.
Fechamento
Neste tema, estudamos sobre as duplicatas descontadas, as quais consistem no adiantamento, por um credor, de
valores que a empresa possui e que decorrem de suas atividades comerciais. Vimos que as duplicatas são uma
forma de cobrança e são registradas no Ativo das empresas como direitos (as duplicatas a receber). Também
estudamos que a conta Duplicatas a Receber consiste em uma conta passiva na qual é registrada uma obrigação
da empresa gerada a partir de uma operação de financiamento de recursos: adiantamento de duplicatas. A forma
mais habitual de estabelecer tal financiamento decorre de uma relação com um banco, no entanto, existem
empresas de crédito que também realizam essas operações. Assim sendo, aprendemos o que é o desconto de
duplicatas e como são contabilizados os eventos decorrentes desse desconto.
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
• compreender os aspectos inerentes às duplicatas descontadas no contexto das operações das empresas 
de atividade comercial.
Referências
GELBCKE, E. R. et al. : aplicável a todas as sociedades de acordo com asManual de Contabilidade Societária
normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas/Fipecafi, 2018.
IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. : atualizado conforme Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941 Contabilidade comercial
/09. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
RIBEIRO, O. M. . 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. Contabilidade comercial fácil
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RIBEIRO, O. M. . 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. Contabilidade comercial fácil
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Depreciação/Amortização
/Exaustão
Nathália Helena Fernandes Laffin
Introdução
Ao longo de sua vida útil, os ativos imobilizados têm sua perda de valor verificada e evidenciada contabilmente.
De acordo com a Lei das Sociedades por Ações, essa perda de valor deverá ser evidenciada em sua respectiva
conta, que pode ser: depreciação, amortização ou exaustão. Neste tema, você irá aprender as principais
características da depreciação, da amortização e da exaustão, compreendendo como calculá-las e como registrá-
las na contabilidade das entidades comerciais. Vamos saber mais sobre esse assunto?
Ao final desta aula, você será capaz de:
• conhecer as formas de cálculo da desvalorização de ativos segundo o tempo de uso ou capacidade de 
utilização.
Cálculo da depreciação
A contabilização de ativos imobilizados levará em conta, além do seu custo, a perda de seu valor durante o
tempo. De acordo com o Pronunciamento Técnico 27, “Ativo imobilizado é o item tangível que: (a) é mantido
para uso na produção de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou para fins administrativos; e (b) se
espera utilizar por mais de um período.” (CPC, 2009, p. 3).
A depreciação consiste na perda de valor desses ativos representada pelo seu desgaste a partir do uso, da
obsolescência ou da ação da natureza. Para o cálculo da depreciação, realiza-se uma alocação sistemática com
base em seu valor depreciável, que é o valor do custo diminuído do valor residual. O valor residual, por sua vez, é
o valor estimado que a entidade ganharia com sua venda depois de deduzidas as despesas estimadas de venda
caso o ativo já estivesse no fim de sua vida útil. A vida útil é o período de tempo durante o qual se espera obter
•
FIQUE ATENTO
Um ativo imobilizado será reconhecido pelo seu custo e reconhecido como tal apenas se for
provável que futuros benefícios econômicos associados ao item fluirão para a entidade e o
custo do item puder ser mensurado com confiabilidade. Configuram-se como custos os custos
incorridos inicialmente para adquirir ou construir o imobilizado e custos incorridos
posteriormente para renová-lo, substituir suas partes ou dar manutenção (exceto periódica).
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caso o ativo já estivesse no fim de sua vida útil. A vida útil é o período de tempo durante o qual se espera obter
benefícios econômicos desse ativo – ou o número de unidades produzidas a partir daquele ativo.
De acordo com o Pronunciamento Técnico 27, existem três métodos de depreciação:
Quadro 1 - Métodos de depreciação
Fonte: CPC (2009, p. 14).
A partir do momento em que se escolhe um método de depreciação e que o ativo satisfaz as condições
necessárias,

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