Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE MENTAL Disciplina: Seminário Temático I – Saúde Mental e Serviço Social Docente: Juliana Domingues Discentes: Andressa Rosa Ize, Bruna Pardinho dos Santos, Laury Rochelle Vieira Jardim Ramirez Universidade Federal da Integração Latino-Americana A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL E A SAÚDE MENTAL • Reforma psiquiátrica – Itália, 1970 • A reforma psiquiátrica no Brasil deixou de ser uma “proposta alternativa” e se consolidou como o marco fundamental da política de assistência à saúde mental. • A influência do ideário da Reforma vem se expandindo no campo social, no universo jurídico e nos meios universitários que formam os profissionais de saúde. • Considera que a formação de recursos humanos é um desafio fundamental neste contexto, uma vez que a maior parte dos novos profissionais da rede de atenção à saúde mental é formada por jovens formandos que não passaram pelo processo de luta política e ideológica que envolveu a criação do movimento antimanicomial. • No campo de ensino, as exigências postas tanto pela Reforma Psiquiátrica como pelo processo de implantação do SUS impõem uma reorientação em todo processo de formação profissional. • A política de saúde mental no Brasil, ao adotar como eixos principais a desmanicomialização, a organização de rede de serviços de saúde mental substitutivos e o reconhecimento dos direitos de cidadania das pessoas com transtorno mental, exige transformações profundas nos modos de conceber o cuidado e organizar os serviços em confronto com as concepções e estratégias tradicionais, o que implica a definição de novos perfis profissionais (MANGIA; MURAMOTO, 2006). • E, na construção desse novo perfil profissional, as universidades assumem papel fundamental. • O grande desafio posto às unidades formadoras não é outro senão formar profissionais mais humanistas, capazes de atuar numa perspectiva integral e interdisciplinar, em consonância com os princípios defendidos pela Reforma Psiquiátrica, pela Reforma Sanitária e impressos no SUS. • A gênese do serviço social em saúde mental no Brasil – 1940 – época de formação dos primeiros assistentes sociais no país. • Os recém-formados eram induzidos às instituições psiquiátricas para trabalharem nas seções de assistência social (Bisneto,2007). • Ações: Predominavam levantamentos de dados sociais e familiares dos pacientes, contatos com familiares para preparação de alta, confecção de atestados sociais. • Tratava-se de um fazer subalterno, burocrático, assistencialista e totalmente acrítico. (caridade) • Entre 1940 e 1960, a saúde mental demandou do Serviço Social uma atuação voltada para a higiene social (nos moldes do higienismo), expressa através da moralização do indivíduo e da família (nos moldes do tratamento moral). • A partir dos anos de 1970, Serviço Social vivencia um momento histórico de grande importância para a profissão, influenciado pela perspectiva teórica marxista. • O Movimento de Reforma Psiquiátrica vem trazer uma abertura muito grande para a atuação do Serviço Social em saúde mental devido a formação social e política dos assistentes sociais. • O fato é que o movimento de reforma psiquiátrica vem produzindo uma nova perspectiva sobre a loucura e sobre as formas de se lidar com o portador de transtorno mental. Fenômenos novos vieram se adicionar no desenrolar da relação entre serviço social e saúde mental. • O fazer do assistente social na Saúde Mental está de acordo com Lutosa e Rosa (2012), multideterminado por uma série de elementos; •É determinado por todo um contexto macro societário no qual são desenhadas as políticas públicas, numa correlação de forças, que irá conformar os princípios os quais balizarão os serviços que os implementarão; •O trabalho do assistente social irá depender muito da instituição em que ele atua. Da história da instituição, da sua organização de equipe e sua organização de processo de trabalho. A INTERVENÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE MENTAL MODELO HOSPITALOCÊNTRICO: •O assistente social neste modelo de instituição, tende a assumir funções mais tradicionais, subordinadas e em apoio ao fazer da categoria médica; •Contribui principalmente, na agilidade da rotatividade dos leitos; promove atividades de educação em saúde; orienta sobre benefícios sociais e previdenciários, atua junto as famílias e articula a rede socioassistencial. CAMPO DA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: •Na atenção psicossocial, onde temos como referências os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, há diferenças nas atuação do assistente social, tendo em vista os vários modelos de CAPS, inclusive nem todo CAPS o Serviço Social em sua equipe profissional; •Temos o CAPS, que seu processo de trabalho se assemelha à forma de organização do modelo hospitalocêntrico, denominado por Lancetti (2008) de CAPS BUROCRÁTICO. CAPS BUROCRÁTICO: •Neste tipo de CAPS, os assistentes sociais, fixam-se muito na mediação do acesso aos benefícios e na porta de entrada e saída; •Para Vasconcelos (2000), apesar de algumas modernizações, na maioria destes serviços, os assistentes sociais ficam exclusivamente voltados para as questões no trato com a “pobreza e os pobres”; •O assistente social atua na articulação e usufruto de direitos, em uma relação direta com os usuários dos serviços e na intermediação com a equipe de profissionais e dirigente. CAPS “TURBINADO”: •Lancetti (2000), também denomina um outro modelo de organização de CAPS, chamada pela autora de CAPS TURBINADO; •Neste tipo de CAPS, o assistente social tende a atuar como técnico de referência, como todos os outros profissionais, o assistente social seria um profissional cuidador, que gerencia projetos terapêuticos de grupo limitado de usuários, podendo potencializar as interfaces com as diferentes categorias profissionais, bem como diluir até mesmo certas competências ou atribuições privativas. CLÍNICA AMPLIADA: •No contexto da CLÍNICA AMPLIADA, impõe ao profissional uma atuação profissional no território da vida da pessoas com transtorno mental, gerindo outras possibilidades de reinventar a vida, produzir saúde, apesar das limitações que o o transtorno mental no geral impõe; •Neste contexto, a relativa autonomia do assistente social em definir o conteúdo de seu trabalho está circunstanciado ao trabalho em equipe; •A história da instituição e a sua composição da equipe multiprofissional vai influir no lugar e no fazer do assistente social. DESAFIOS E POSSIBILIADES PARA O PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE MENTAL • O objetivo dessa temática é fazer uma reflexão em torno do trabalho dos assistentes sociais na Política de saúde mental e os desafios enfrentados por estes, desde a sua inserção nesta política e as possibilidades que surgem mesmo diante das contradições e dificuldades que estão postas. • Nos anos de 1990, porém, a Saúde Mental e o Serviço Social sofrem influências em decorrência da emergência do modelo neoliberal. Segundo Robaina (2010) a implantação deste modelo traz “[...] enormes desafios à contribuição do Serviço Social” Robaina (2010, p. 45) para a Saúde Mental. • Para que o Assistente Social enfrente estes desafios, segundo Pereira e Guimarães (2013),importantes documentos delineiam o fazer profissional do Assistente Social nesta nova configuração que se institui com a Reforma Psiquiátrica, destacando o “Código de Ética Profissional, na Lei de Regulamentação e nos Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais na Saúde” (PEREIRA; GUIMARÃES, 2013, p.6) • Um desses desafios, a partir dos estudos deste autor em instituições psiquiátricas no Rio de Janeiro, ainda está presente nessas instituições o processo de “hierarquização profissional”. Assim, o saber médico se sobrepõe aos conhecimentos dos outros profissionais que trabalham na saúde mental, onde “[...] mesmo os novos dispositivos técnico- assistenciais atuais, podem ser capturados por essa lógica institucional [...], ainda se encontram hierarquizadas e subalternizadaspela ordem médica da prática do cuidado.” (DUARTE, 2007, p. 156, grifo do autor) • Outro desafio que cabe destacar, é em relação ao denominado “objeto institucional”, este objeto está ligado ao tratamento dos pacientes destas instituições, este objetivo se reduz na processo de continuidade desse tratamento (BISNETO, 2007). O Assistente Social, deve ir além do aspecto da doença, ele deve analisar as relações que este usuário está inserido (neste caso o paciente das instituições psiquiátricas), a sua relação com a família, com a comunidade, devendo intervir em todas as questões que sejam de sua competência, este processo pode ser realizado devido a capacidade crítica que este profissional apresenta. • O Conselho Federal de Serviço Social estabelece aspectos que modificam a atuação do Assistente Social com o neoliberalismo, para o CFESS este modelo “[...] vai impactar o trabalho do assistente social em diversas dimensões. Amplia-se o trabalho precarizado e os profissionais são chamados a amenizar a situação da pobreza absoluta a que a classe trabalhadora é submetida”. (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2010, p. 23). • Para Iamamoto (2015), o Assistente Social nesta configuração deve estabelecer algumas prerrogativas para a sua atuação. “O desafio é re- descobrir alternativas e possibilidades para o trabalho profissional no cenário atual; traçar horizontes para a formulação de propostas que façam frente à questão social e que sejam solidárias com o modo de vida daqueles que a vivenciam, não só como vítimas, mas como sujeitos que lutam pela preservação e conquista da sua vida, da sua humanidade. Essa discussão é parte dos rumos perseguidos pelo trabalho profissional contemporâneo.” (IAMAMOTO, 2015, p.75). • Para Vasconcelos et al (2007) o Código de Ética do Assistente Social difere dos outros Códigos profissionais da saúde, pois é o único que apresenta o indivíduo como sujeito de direito. Ao estabelecer o indivíduo como sujeito de direito o Código de Ética do Assistente Social é o único que preconiza o que é defendido pela Constituição Federal de 1988, proposto pela Reforma Sanitária, que fomenta “[...] na defesa de princípios e valores de ordem humanística, libertária, democrática e igualitária. O referendo às garantias constitucionais e ao acesso às políticas sociais como direito do cidadão e dever do Estado [...]”(VASCONCELOS et al., 2007, p.56). Como estabelecido pelo CFESS: • A principal proposta da Reforma Sanitária é a defesa da universalização das políticas sociais e a garantia dos direitos sociais. Nessa direção, ressalta-se a concepção ampliada de saúde, considerada como melhores condições de vida e de trabalho, ou seja, com ênfase nos determinantes sociais; a nova organização do sistema de saúde por meio da construção do SUS, em consonância com os princípios da intersetorialidade, integralidade, descentralização, universalização, participação social e redefinição dos papéis institucionais das unidades políticas (União, Estado, municípios, territórios) na prestação dos serviços de saúde; e efetivo financiamento do Estado. • (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2010, p.19). • Dessa forma podemos destacar que o Assistente Social tem um papel primordial no que concerne à proposta de eliminação de diversas formas de preconceito, como estabelecido no Código de Ética do Assistente Social, de 1993, que em seu artigo VI – “Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças”. (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2011, p.23) • Importante também destacar que o Serviço Social tem um papel importante no movimento de Reforma Psiquiátrica, pois este deve ser construído através de lutas que envolvam categorias profissionais e o Assistente Social é um profissional que deve intervir neste movimento, pois é o profissional que apresenta conhecimentos políticos e sociais que são de extrema importância para a luta na consolidação destas reinvindicações. REFERÊNCIAS • PAES, Juliana Santos. SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE MENTAL: desafios e possibilidades para o Assistente Social na política de Saúde Mental. VIII Jornada Internacional Políticas Públicas. 2017. • PATRIOTA. Lucia Mari, EULÁLIO. Maria do Carmo.; LIMA. Gerson da Silva.; SILVA, Mayara Duarte da. A saúde mental na formação do Curso de Serviço Social. Textos Contextos (porto Alegre), v.9, n.1, p.55-65, jan/jun.2010. • ROSA. Lucia Cristina dos Santos, LUSTOSA. Amanda Furtado Mascarenhas, Afinal o que faz o Serviço Social na Saúde Mental? Serv. Soc. & Saúde, Campinas, SP v. 11, n. 1 (13), p. 27- 50 jan./ jun. 2012 ISSN 1676-6806
Compartilhar