Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA AMÃ OBOLARI DURÇO RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS DIROFILARIOSE CANINA – RELATO DE CASO ILHÉUS-BA 2016 AMÃ OBOLARI DURÇO RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS DIROFILARIOSE CANINA – RELATO DE CASO Relatório apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina de Estágio Supervisionado Obrigatório do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Santa Cruz. Orientador (a): Profª. Draª Roueda Abou Said ILHÉUS – BA 2016 AMÃ OBOLARI DURÇO RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS DIROFILARIOSE CANINA – RELATO DE CASO Aprovado em: / / 2016 BANCA EXAMINADORA _____________________________________________________ Profª. Drª. Roueda Abou Said - UESC/DCAA Orientadora ______________________________________________________ Prof. Dr. Alexandre Dias Munhoz DCAA/UESC ________________________________________________________________ Prof.ª Dr.ªLuci Ana Fernandes Martins DCAA/UESC ILHÉUS-BA 2016 Dedico este trabalho aos meus pais, Paulo e Maria, minhas irmãs Mê e Léu, meus avós Elzira, Israel, Geraldo (in memoriam) e Neusa, e meu irmão Diego. AGRADECIMENTOS Agradeço à Jeová Deus pela vida e por ter me dado forças e saúde para chegar até aqui. Agradeço também aos meus pais, Paulo e Maria do Carmo, pela educação, esforço e dedicação a mim dispensados, vocês são tudo para mim. Às minhas irmãs Aimée por ser a melhor enfermeira do mundo, por cuidar de mim com zelo e amor, sendo minha ‘irmãe’ literalmente e por me salvar algumas vezes, e à caçulinha Ariel pelo companheirismo, ombro amigo, críticas construtivas e pelas risadas compartilhadas, afinal, elas tornaram tudo mais fácil mesmo estando a quilômetros de casa. Ao meu irmão Diego pelos conselhos, palavras sinceras, por rir das minhas piadas e por sempre se mostrar disposto a estar do meu lado nos momentos difíceis, você é o segundo melhor enfermeiro do mundo (risos)! Agradeço aos meus avós Elzira e Israel por despertarem em mim o amor aos animais, pela infância feliz e repleta de amor. Ao meu avô Geraldo (in memoriam) por me ensinar que não importa quão ruim seja uma situação, sempre há uma piada a ser feita, e principalmente por ajudar direta ou indiretamente, com que eu me tornasse uma veterinária. Agradeço à amiga doida e fiel, que me fazia dar gargalhadas quando eu estava no leito de um hospital, Dângela sua maluquete, amo você! À amiga e ‘titia’ Yanicelli o meu muito obrigada por todo amor demonstrado e por passar inúmeras noites ao meu lado me dando forças e me fazendo rir com sua raquete exterminadora de pernilongos. Aos meus tios Eloy e José Raimundo, por mesmo distantes se fazerem presentes, amo vocês. Aos meus pais ‘adotivos’ Alba e Rodrigues agradeço pelos conselhos, amizade e por fazerem eu me sentir em casa, vocês contribuíram muito para que eu me tornasse uma veterinária, amo muito vocês! À Família Pitondo, Cláudia e Maria, Jeová Deus foi muito bom em colocar vocês no meu caminho, vocês me mostraram que o amor é mesmo o perfeito vínculo de união. Agradeço imensamente ao pequeno amigo Raj (in memoriam) que foi fundamental na minha recuperação, tornando os meus dias mais alegres, jamais te esquecerei. Às minhas amigas Mayena e Lu Ornelas, vocês foram o que a UESC me deu de melhor. Ao amigo Bicudo (Alexandre) agradeço por ser um bom amigo, mesmo longe, beijo grande Bibi, e à tia Lu Ramos agradeço por ser tia, amiga e pela positividade sempre. Agradeço muito à dona Eliecy pela amizade e carinho durante essa caminhada, amo a senhora! Agradeço também à Família Martins, especialmente à vó ‘Duvirges’, tia Ziza, tia Eni, Tia Penha e todos os meus primos lindos por me acolherem tão bem e por tornarem a minha estadia em São Paulo tão prazerosa apesar das circunstâncias, amo vocês família! O meu muito obrigada ao tio Ângelo, tia Sueli, Juninho e Laila, pelo apoio e pelo amor demonstrado, amo vocês demais! A todos os docentes do curso de Medicina Veterinária da UESC minha gratidão por todo aprendizado adquirido, especialmente à minha orientadora Profª Roueda Abou Said agradeço pela paciência e por mostrar tanto amor à profissão, isso reflete em tudo que ela faz e me serve de exemplo, e ao Prof. Dunezeu agradeço pela amizade e prontidão em ajudar. Agradecimento especial à todas as clínicas que me deram a oportunidade de estágio. À Dra. Gabriela Brandão agradeço pela amizade que construímos, companheirismo e ensinamentos, ‘midja’ muito obrigada. À Dra. Ana Paula Calazans agradeço pelo conhecimento compartilhado e disposição em ajudar. A minha eterna gratidão a todos os animais que passaram pelo meu caminho, especialmente aos meus dez cães e três gatos, que contribuíram e continuam a contribuir de alguma forma para o meu crescimento profissional e pessoal, me mostrando a forma mais pura de amor e lealdade. Por último, mas não menos importante, agradeço muito aos meus médicos e amigos, Dr. Ciro Falcone, Dr. Jair (in memoriam) e Dr. Wellington Caires, por respeitarem minhas escolhas e por restabelecerem minha saúde, vocês são os melhores! RESUMO O Estágio Supervisionado é uma disciplina obrigatória do curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), que possibilita ao futuro médico veterinário vivenciar a prática nas diversas áreas de atuação da profissão. Objetiva-se, no presente relatório, descrever as atividades que foram acompanhadas e realizadas durante o estágio supervisionado que ocorreu em uma clínica veterinária particular, localiza na cidade de Porto Seguro, Bahia. O estágio teve início no dia 05 de outubro e término no dia 08 de dezembro de 2015, com carga horária de 40 horas semanais, totalizando 360 horas. As atividades do estágio foram realizadas a partir do acompanhamento dos procedimentos realizados pela equipe composta por 4 médicos veterinários. Os procedimentos envolveram o setor de Clínica Médica de Pequenos Animais e Patologia Clínica, onde houve acompanhamento de consultas, atividades ambulatoriais, procedimentos cirúrgicos, auxílio aos veterinários na contenção de animais, coleta de material para exames laboratoriais, realização de exames radiográficos e ultrassonográficos, além de análise de resultados, cuidados aos animais internados, elaboração de receitas, preparação e cálculo de medicamentos. É cediço que o estágio supervisionado realizado contribuiu significativamente para obtenção de conhecimento prático, preparando- me melhor para atuação na profissão. A priori o presente trabalho analisará as instalações onde o estágio foi realizado, dando ênfase à um relato de caso de uma cadela da raça labrador diagnosticada com dirofilariose. Esta escolha decorreu do fato de que a dirofilariose representa uma doença potencialmente fatal, contraída através da picada de mosquitos, comprometendo sobretudo o sistema linfático de cães e gatos, além de também ser uma zoonose. Palavras Chave: Cadela. Clínica. Diagnóstico. Dirofilaria. Zoonose. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Imagem da recepção da clínica veterinária particular, situada no município de Porto Seguro, Bahia............................................................. 10 Figura 2. Imagem representativa de um dos consutórios da clínica veterinária particular, situada no municípiode Porto Seguro, Bahia........................... 11 Figura 3. Imagem do setor de internamento da clínica veterinária particular, situada no município de Porto Seguro, Bahia............................................. 11 Figura 4. Imagem do laboratório de análises clínicas, que compõe a infraestrutura da clínica veterinária particular, situada no município de Porto Seguro, Bahia........................................................................................................... 12 Figura 5. Imagem da sala de diagnóstico por imagem, que compõe a infraestrutura da clínica veterinária particular, situada no município de Porto Seguro, Bahia. Destaque para os equipamentos radiográficos (seta vermelha), ultrassonográficos (seta amarela) e negatoscópio (seta azul)..................... 12 Figura 6. Representação esquemática do ciclo biológico da dirofilariose canina.......................................................................................................... 21 Figura 7. Resultado do exame de hemograma, realizado em 24 de novembro de 2015, na cadela labrador, de quatro anos de idade, revelando como alterações leucocitose com linfocitose, trombocitopenia, hiperproteinemia e a presença de microfilárias....................................... 24 Figura 8. Teste rápido de ELISA (SNAP® Test 4DX), realizado em amostra sorológica de cão da raça Labrador, indicando reação positiva à presença de antígenos contra E. canis e D. immitis, em 24 de novembro de 2015................................................................................................... 25 Figura 9. Resultados do exame bioquímico (ureia, creatinina, alanina aminotransferase e fosfatase alcalina) realizada na amostra sorológica da cadela Labrador, em 25 de novembro de 2015......................................... 26 Figura 10. Radiografia torácica de cadela labrador, com diagnóstico de dirofilariose. (A) Projeção Dorsoventral (B) Projeção Lateral. Observa- se pronunciado aumento do tronco da artéria pulmonar e aumento do átrio direito.......................................................................................... .... 26 Figura 11. Resultado do exame de hemograma, realizado em 08 de janeiro de 2016, na cadela labrador, após o término 1º ciclo do tratamento com administração de Doxiciclina, durante 21 dias. Evidencia-se como alterações leucocitose com linfocitose, leve trombocitopenia e a presença de microfilárias........................................................................... 27 LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS Tabela 1. Procedimentos realizados na clínica veterinária particular, situada em Porto Seguro, e que foram acompanhados pela estagiária durante o período de 05 de outubro a 08 de dezembro de 2015............................ 13 Gráfico 1. Número de atendimentos clínicos que foram acompanhados nas espécies canina e felinas, distribuídas segundo o sexo, no estágio supervisionado realizado na clínica veterinária, durante o período de 05 de outubro à 08 de dezembro de 2015................................................... 15 Tabela 2. Casuística dos atendimentos clínicos realizados em cães em gatos, durante o estágio supervisionado realizado na clínica veterinária, no período de 05 de outubro à 08 de dezembro de 2015............................... 16 SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO................................................................................................... 09 2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO E DOS SERVIÇOS OFERECIDOS NO LOCAL ................................................................................... 10 3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ACOMPANHADAS PELA ESTAGIÁRIA.................................................................................................... 13 4. DISCUSSÃO DO RELATÓRIO ......................................................................... 18 5. RELATO DE CASO ACOMPANHADO DURANTE ESTÁGIO 20 5.1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 20 5.2 RELATO DE CASO............................................................................................... 23 5.3 DISCUSSÃO........................................................................................................... 28 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 33 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 35 9 1. APRESENTAÇÃO O Estágio Supervisionado é uma disciplina obrigatória do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Possui grande relevância para a formação profissional, pois possibilita ao discente a convivência com profissionais de distintas áreas e com diferentes condutas, além de inseri-lo no âmbito do mercado de trabalho. Também oportuniza o convívio e o relacionamento com profissionais médicos veterinários, pacientes e seus proprietários, o que torna o estágio uma experiência enriquecedora para o futuro egresso. O local para a realização do estágio supervisionado, bem como a área de atuação, é definido pelo graduando, auxiliado por seu orientador. O estágio supervisionado foi realizado na área de clínica de pequenos animais, em uma clínica veterinária particular, localizada no município de Porto Seguro – BA. A escolha do estágio na área de clínica de pequenos animais ocorreu em virtude do interesse em adquirir uma maior vivência, angariar maior conhecimento e confiança nesse relevante setor da Medicina Veterinária. Durante o período de 05 de outubro a 08 de dezembro de 2015, carga horária de 360 horas, acompanhou-se procedimentos como: consultas clínicas (anamnese, exame físico e procedimentos terapêuticos); processamento dos exames de laboratoriais (hemogramas, exames bioquímicos, micológico direto, pesquisa de hemoparasitas, citologia); e exames de diagnóstico por imagem (ultrassonografia, radiografia e dermatoscópio para vídeo análise). Foi permitido ao estagiário executar procedimentos de preenchimento de ficha clínica, contenção dos animais, passagem de sonda uretral, administração medicamentosa nos animais internados, cateterização venosa para fluidoterapia, cuidados nutricionais e de higiene dos pacientes. Os procedimentos de coleta de material biológico (sangue, raspados de pele, cerúmen etc) foram ora acompanhados pela estagiária, ora realizados por esta. Objetiva-se, a partir desse relatório, pormenorizar as atividades acompanhadas no decorrer do estágio supervisionado. Destarte, o trabalho dará ênfase a um relato de caso de uma cadela labrador com dirofilariose. A dirofilariose, popularmente conhecida como “verme do coração”, pode acometer diversas espécies de vertebrados, sendo o cão seu principal hospedeiro. O ser humano pode se constituir como hospedeiro acidental da doença e, por isso, ela é tida como uma relevante zoonose (BOCARDO et al., 2009). Serão abordados e discutidos aspectos epidemiológicos, clínicos e de diagnóstico, que possibilitaram a confirmação dessa enfermidade. Será dada ênfase às dificuldades para diagnosticar e estabelecer um tratamento seguro e eficaz para o paciente acometido pela dirofilariose. 10 2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO E DOS SERVIÇOS OFERECIDOS NO LOCAL O estágio foi realizado em uma clínica veterinária particular, localizada no município de Porto Seguro, extremo sul do Estado da Bahia. A clínica presta atendimentos às espécies canina e felina, oferecendo serviços de clínica médica e cirúrgica, patologia clínica e diagnóstico por imagem (raio-x e ultrassom). Dispõe ainda de serviços de banho e tosa. O funcionamento ocorre de segunda à sexta-feirano período de 8 às 18 horas; aos sábados das 8 às 12 horas. Oferece ainda consulta à domicílio, serviços de internamento e plantão 24 horas, todos os dias da semana, incluindo domingos e feriados. O quadro de funcionários que participam da rotina do local é composto por: um médico veterinário responsável pelos atendimentos clínicos e pelos procedimentos cirúrgicos; uma médica veterinária responsável pelos atendimentos clínicos e plantões de emergência; um médico veterinário responsável por atendimentos clínicos domiciliares e exames de ultrassonografia; e uma medica veterinária responsável pelos serviços de patologia clínica. Além desses profissionais, há uma recepcionista, um auxiliar de serviços gerais, uma enfermeira veterinária e duas funcionárias do banho e tosa. A infraestrutura do setor administrativo do centro veterinário é composta pela recepção, onde os proprietários são atendidos por ordem de chegada, para coleta dos dados de identificação do animal. Nesse local também é realizado o pagamento dos procedimentos realizados (Figura 1). Figura 1: Imagem da recepção da clínica veterinária particular, situada no município de Porto Seguro, Bahia. 11 A clínica veterinária possui 2 consultórios para atendimento clínico dos cães e gatos (Figura 2). Nestes locais, são realizados os exames físicos e a coleta de material biológico. Há também um setor de internamento onde animais que necessitam de outros procedimentos, como fluidoterapia ou monitoramento constante, permanecem abrigados (Figura 3). Figura 2: Imagem representativa de um dos consutórios da clínica veterinária particular, situada no município de Porto Seguro, Bahia. Figura 3: Imagem do setor de internamento da clínica veterinária particular, situada no município de Porto Seguro, Bahia. O laboratório de análises clínicas conta com equipamentos como contador automático de células (URIT-3000 Vet Plus®), capaz de analisar 60 amostras em uma hora, com obtenção dos valores de leucócitos totais, números (relativo e absoluto) de linfócitos e monócitos, além de determinar a concentração de hemácias, hemoglobina, volume corpuscular médio e número de plaquetas. O laboratório possui ainda com uma centrífuga de 12 bancada (Coleman® 12 tubos), um aparelho para realização de exames bioquímicos (Bioclin 100®) e um microscópio óptico (Opton TIM®) (Figura 4). Figura 4: Imagem do laboratório de análises clínicas, que compõe a infraestrutura da clínica veterinária particular, situada no município de Porto Seguro, Bahia. Os exames de diagnóstico por imagem são realizados no consultório 2. Esse consultório, além de se destinar ao atendimento clínico, também aloja os equipamentos ultrassonográfico (DP-3300vet Mindray), radiográfico (Raiespi, Mod. R50) e o negatoscópio, aonde as radiografias são visualizadas (Figura 5). Ressalta-se que as paredes desse consultório não são baritadas. Figura 5: Imagem da sala de diagnóstico por imagem, que compõe a infraestrutura da clínica veterinária particular, situada no município de Porto Seguro, Bahia. Destaque para os equipamentos radiográficos (seta vermelha), ultrassonográficos (seta amarela) e negatoscópio (seta azul). O estabelecimento possui ainda, compondo a sua estrutura física, com uma sala de preparo anestésico, um centro cirúrgico, um banheiro, um corredor onde ficam os armários 13 com material de uso diário (seringas, agulhas, soros, equipos, cateteres, etc), uma pequena cozinha e um espaço aberto que funciona como parte da tosa para secagem dos animais e área de secagem da lavanderia. Em média, são atendidos no local de 8 a 10 animais por dia. Além de atender a essa demanda interna, a clínica veterinária também recebe pacientes e material biológico provenientes de outras clínicas da região para realização de exames laboratoriais, radiografias e ultrassonografias. 3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ACOMPANHADAS PELA ESTAGIÁRIA As atividades desenvolvidas no estágio se iniciavam às 8:00 horas e perduravam até às 18:00 horas, quando se encerravam os atendimentos regulares aos animais. Diversos procedimentos puderam ser acompanhados/executados durante o período de estágio, que ocorreu durante 05 de outubro de 2015 à 08 de dezembro de 2015, seja na clínica médica, na patologia clínica e no diagnóstico por imagem (Tabela 1). Tabela 1: Procedimentos realizados na clínica veterinária particular, situada em Porto Seguro, e que foram acompanhados pela estagiária durante o período de 05 de outubro a 08 de dezembro de 2015. PROCEDIMENTOS/ATIVIDADES OUT NOV DEZ TOTAL Consultas Clínicas 171 120 36 327 Eutanásia 2 1 0 3 Exame Creatinina 42 38 7 87 Exame Uréia 29 25 5 59 Exame Urina 5 3 1 9 Exame de Imagem 19 11 9 39 Hemograma 133 102 23 258 Internamentos 10 4 1 15 Raspado Cutâneo 12 15 3 30 Retornos 171 160 42 373 Sedação 2 3 1 6 Sorologias (4dx®) 21 18 4 43 Soroterapia 132 98 16 246 Vacinas 80 65 9 154 14 Os procedimentos da clínica médica incluíram o acompanhamento de: consultas clínicas e exame físico, coleta de material biológico (sangue, raspados de pele, cerúmen etc), procedimento de enfermagem e condutas terapêuticas. Os procedimentos da patologia clínica incluíram o acompanhamento do processamento de hemogramas, exames bioquímicos, micológico direto, pesquisa de hemoparasitas e de citologia. No diagnóstico por imagem acompanhou-se exames radiográficos, ultrassográficos e dermatoscópio por vídeo análise. Acompanhou-se um grande número de atendimentos na clínica médica. A rotina desses atendimentos consistia na chegada do animal na recepção, onde eram preenchidos os dados de identificação do animal. A mesma era colocada em envelope de papel identificado com o nome, raça e sexo do animal, além do nome e telefone do proprietário. Em seguida, o animal era encaminhado a um dos consultórios, onde a estagiária realizava o preenchimento da ficha clínica, coletando informações sobre o histórico, que pudessem estar ligadas direta ou indiretamente ao diagnóstico do animal. Feito isso, o médico veterinário, responsável pelo caso, realizava o exame físico, que consistia na aferição dos parâmetros: temperatura e pesagem; ausculta cardíaca e respiratória, com medição das frequências; grau de hidratação (sob a responsabilidade do estagiário); palpação abdominal e dos linfonodos; coloração das mucosas; avaliação de pele e pelos, além da inspeção dos ouvidos (a cargo do veterinário, cabendo ao estagiário apenas acompanhar). Após exame físico, eram discutidas as suspeitas de diagnóstico e quais exames complementares que deveriam ser solicitados. Por se tratar de um estabelecimento particular, não era permitido à estagiária realizar o exame físico dos pacientes em consulta. No entanto, todos os procedimentos podiam ser acompanhados e discutidos. Em alguns casos, era permitido à estagiária coletar material para realização de exames complementares (hemograma, raspado cutâneo, etc), além de colocar os animais que necessitavam de internamento no acesso venoso para administração de soro e/ou medicamentos. Foram também acompanhadas consultas pediátricas, que consistiam em instruir os proprietários no que tange ao manejo, vacinação e cuidados necessários aos filhotes de cães e gatos. As vacinações não representavam uma consulta clínica, por esse motivo, apenas eram cobrados os valores das vacinas. O protocolo adotado pela clínica para a imunização de cães filhotes consistia em três doses. A primeira era feita quando o animal possuía 45 dias de vida, 21 dias depois era realizada a segunda dose e 21 dias depois a terceira e última dose, sendo realizado o reforço anual. Em raças que apresentam maior sensibilidade e, consequente, susceptibilidade à 15 determinadas doenças, era realizada também uma quarta dose da vacina. A partir dessas vacinas, pretendia-seque os cães estivessem imunizados contra os seguintes doenças (agentes): Cinomose (mobilivírus da Família Paramyxoviridae), Hepatite (adenovírus canino tipo I, CAV-1 ), Adenovirose (adenovírus canino tipo II, CAV-2 ), vírus da Parainfluenza Canina (CPIV), Parvovirose (Parvovírus canino2, CPV-2a e CPV-2b), Coronavirose (Coronavírus canino, CCoV-II ), além de quatro cepas de Leptospira sp., sendo elas Leptospira canicola, Leptospira icterohaemorrhagiae, Leptospira grippotyphosa e Leptospira pomona . A vacinação contra a traqueobronquite infecciosa canina, também conhecida como tosse dos canis, e a vacina contra giardíase eram disponibilizadas a partir da segunda dose da vacina múltipla, ou seja, quando o animal tinha por volta de dois meses de idade, com reforço após de 21 dias. Tais vacinas não fazem parte do protocolo vacinal recomendando pela clínica, sendo elas apresentadas aos proprietários como opcionais. O esquema de imunização para gatos filhotes era realizado aos 45 dias de idade, sendo aplicada a segunda dose 21 dias depois, com reforço anual. A vacina felina confere proteção contra Rinotraqueíte (herpes vírus felino 1, HVF-1), Calicivirose (calicivírus, FCV) e Panleucopenia felina (parvovírus felino, FPV). A vacinação contra o vírus da raiva era aplicada aos quatro meses de idade, tanto para o cão, como para o gato, tendo reforço anual. Em relação aos atendimentos clínicos, que foram acompanhados durante o estágio, observou-se maior casuística da espécie canina em relação à espécie felina (n=278 e n=49, respectivamente), com maior acometimento de fêmeas, em ambas as espécies (Gráfico 1). Gráfico 1. Número de atendimentos clínicos que foram acompanhados nas espécies canina e felinas, distribuídas segundo o sexo, no estágio supervisionado realizado na clínica veterinária, durante o período de 05 de outubro à 08 de dezembro de 2015. 0 50 100 150 200 Canina Felina 83 15 195 34 Machos Fêmeas 16 Diversas enfermidades puderam ser acompanhadas durante o estágio, com uma casuística de 327 atendimentos clínicos. Em relação aos principais sistemas acometidos, teve- se um maior predomínio de afecções no sistema tegumentar, seguido pelo reprodutivo (Tabela 2). Ressalta-se que em um caso, de um mesmo animal, poderia haver o acometimento de mais de um sistema. Tabela 2. Sistemas mais acometidos por enfermidades, em cães e gatos atendidos na Clínica veterinária de Porto Seguro, no período entre 05 de outubro a 08 de dezembro de 2015 durante estágio supervisionado. Doenças % Casos Tegumentares 30% Reprodutivas 27% Otológicas 16% Infecciosas 9% Oftálmicas 4% Urinárias 3% Digestórias 2% Traumáticas 2% Outras 7% Dentre os casos dermatológicos que acometeram os cães, as dermatopatias de origem parasitárias foram frequentes, sendo o diagnóstico firmado mediante a realização de raspado cutâneo, com posterior visualização dos parasitas Demodex canis e Sarcoptes scabiei. Em felinos, os principais casos foram de sarna Notoedres cati. Como auxílio diagnóstico para as enfermidades dermatológicas e otológicas, o equipamento dermatoscópio para vídeo análise despertou grande interesse. As afecções otológicas representaram 16% dos casos atendidos no centro veterinário, destacando-se um caso de otite externa em um felino da raça persa, com 2 anos de idade, macho. Esse animal foi atendido em virtude de intenso prurido, balançar frequente da cabeça, eritema e espessamento do epitélio do pavilhão auricular externo e conduto auditivo. Diante desses sinais clínicos, foi realizada a vídeo análise por meio de dermatoscópio, sendo observada a presença de grande quantidade do parasita Otodectes cynotis. 17 O ácaro O. cynotis é um agente infeccioso, que constitui-se como fator primário para a otite externa em cães e gatos. Além da presença do agente no ambiente, sua ocorrência pode estar associada a fatores predisponentes como alta umidade e temperaturas elevadas. E o quadro pode ser prolongado e agravado por fatores perpetuantes, como processo inflamatório e infecções bacterianas secundárias (URQUHART et. al., 1996). Portanto, o reconhecimento desses fatores é importante para o sucesso do tratamento. Assim como recomendado pela literatura (ROSYCHUK; LUTTGEN, 2004), a conduta terapêutica inicial para esse caso consistiu na limpeza do canal auditivo externo, com agentes antissépticos, e no tratamento do parasita (fator primário). Após oito dias do início do tratamento, o paciente já não apresentava prurido nem lesões no conduto auditivo, não sendo mais observada a presença do parasita O. cynotis, através do dermatoscópio. Ainda assim, foi recomendada a continuidade do tratamento, até que fossem completados 21 dias, para o devido controle da infecção. Em relação aos outros casos acompanhados no período do estágio, após a realização de exames físicos e complementares, caso fosse identificada alguma alteração na qual o animal necessitasse de observação, o veterinário responsável elucidava a situação ao proprietário e, ao ser autorizado o internamento, o animal era encaminhado para o setor de internamento. O maior fator causador de internamento de animais na clínica foi em decorrência de doenças infecciosas, em que, por inúmeras vezes, os pacientes apresentavam sinais clínicos de diarreia com sangue, vômito, apatia e desidratação, sendo realizados exames para confirmação do quadro infeccioso. A funcionária técnica em veterinária e o veterinário de plantão eram os responsáveis pela administração de medicamentos bem como pelo o monitoramento dos pacientes internados. À estagiária deu-se a oportunidade de monitorar os animais internados através da aferição da temperatura retal, verificar o grau de hidratação, auscultas cardíacas e respiratórias, sempre sob supervisão da técnica ou do veterinário responsável. Era também possibilitado à estagiária proceder com cateterização intravascular, para a manutenção de uma via de infusão para soluções ou medicações. Cabia à estagiária separar os materiais necessários, como: equipo, seringa, cateter, soro fisiológico, álcool e qualquer outro material que por ventura se fizesse útil. O veterinário responsável fazia a contenção do animal e instruía a estagiária quanto ao melhor modo de proceder. Foi possível ainda a preparação e administração de medicamentos por vias endovenosa, intramuscular, oral e subcutânea, além da realização do fornecimento da dieta dos animais internados, sendo tais procedimentos verificados pelo plantonista veterinário responsável. Para muitos casos, o estabelecimento do diagnóstico requeria a coleta de material biológico para realização de exames complementares. Após a coleta, os materiais biológicos 18 eram destinados ao laboratório de análises clínicas. O hemograma era realizado diariamente, sendo este o exame mais realizado na clínica médica de pequenos animais, tendo maior demanda em cães. A leitura da lâmina e a contagem de células específicas (linfócitos, monócitos, eosinófilos, etc) eram realizadas pela patologista clínica responsável e levava cerca de 15 minutos, sendo o acesso aos equipamentos do laboratório restritos à mesma. Coube ao estagiário apenas levar as amostras biológicas até o laboratório e observar como os procedimentos eram realizados. Os exames de imagem eram solicitados quando o veterinário concluía que o mesmo era relevante para a elucidação do caso. Em cerca de 12% das consultas realizadas, eram solicitados algum tipo de exame de imagem. No período de estágio foram realizados 26 exames radiográficos, serviço que não ficava a cargo de um médico veterinário em específico, o veterinário responsável pela consulta era quem solicitava, realizava e revelava as radiografias, e por meio do negatoscópio avaliava a condição do animal e as possíveis alterações decorrentes de traumas ou patologias. Os exames de ultrassonografia,13 no total, eram realizados por um médico veterinário especializado, que emitia os laudos impressos e via email para os proprietários. Durante a realização dos exames por imagem, cabia ao estagiário observar, colaborar com a contenção dos animais e agilizar o processo de secagem das radiografias. Tais exames complementares, em associação com os exames físicos previamente realizados, contribuíam significativamente para a determinação do diagnóstico definitivo, possibilitando ao veterinário relacionar a condição física apresentada pelo animal com as alterações hematológicas. 4. DISCUSSÃO DO RELATÓRIO O estágio supervisionado se mostrou uma experiência relevante e essencial para a finalização da formação discente. O mercado de trabalho está cada vez mais exigente no que tange à profissionais bem capacitados e atualizados. O estágio propiciou a observação de uma gama de procedimentos realizados por profissionais com diferentes modos de conduta. Essa diferença foi percebida desde procedimentos simples, como coleta de material para a realização de urinálise, que variavam entre passar sonda uretral ou realizar cistocentese, guiada por ultrassom; até a escolha de medicamentos, que variavam em sua base farmacológica e na forma de administração, se aplicado diretamente no acesso venoso ou se diluído no soro, para que a administração fosse realizada lentamente e ao longo do dia. 19 Também, verificou-se diferentes formas de proceder diante da presença do proprietário. Alguns veterinários eram mais minuciosos e preocupavam-se mais em detalhar as informações, enquanto outros forneciam apenas informações relevantes, sendo mais concisos. Isto permitiu a reflexão sobre a melhor forma de realizar os procedimentos, levando- se em conta o conhecimento teórico obtido na Universidade, no decorrer do curso, juntamente com a experiência prática do aluno. Os profissionais da Clínica Veterinária permitiam, em algumas situações, que o estudante vivenciasse a rotina, consentindo a execução de alguns procedimentos, tais como: quando o animal era encaminhado para o internamento, era permitido ao estagiário realizar os procedimentos necessários no mesmo, como o cateterismo intravascular e a punção venosa para a coleta de sangue. Os casos clínicos eram discutidos juntamente com o estagiário, o que possibilitava o mesmo emitir opinião própria, sendo o conhecimento exposto respeitado, corroborando com os atendimentos efetuados. Nas situações em que o aluno não possuía conhecimento dos procedimentos a serem realizados, o veterinário oferecia ao mesmo uma breve elucidação do caso em questão, deixando assim um incentivo para que, em ocasiões mais oportunas, o próprio aluno buscasse, por meio de pesquisa, obter maior instrução sobre o assunto. Essa prática possibilitou a compreensão de que, todo profissional, independente do seu âmbito de atuação, deve ser impelido para a constante busca de conhecimento, tendo por escopo chegar às conclusões concretas e discernir sobre sua decisão. A oportunidade da prática clínica oferecida no estágio foi de grande relevância para angariar conhecimento a respeito dos procedimentos e auxiliou significativamente para o discernimento sobre aptidões e sobre a necessidade de aprimorar técnicas, fato este que por muitas vezes era impossibilitado na Instituição de Ensino devido às limitações, tais como carga horária e limite de alunos por disciplina. A conclusão desta etapa acadêmica é de grande importância para a formação profissional, visto que permite ao estudante constatar que a área escolhida na Medicina Veterinária condiz com suas habilidades, o que o incentiva à crescente busca de aprimorar suas técnicas e adquirir cada vez mais conhecimento. Além disso, a prática do estágio e a oportunidade de vivenciar relações com profissionais, estagiários e com os proprietários, possibilitou desenvolver um ponto de vista crítico do campo de atuação no mercado de trabalho que, diferentemente do que ocorre dentro de uma universidade, o aluno pode conviver mais proximamente com profissionais, pacientes 20 e funcionários, sendo a mesma positiva e amigável, acrescentando muito na formação do aluno. Durante essa vivência, pode-se observar o quanto o mercado exige do profissional, não só conhecimentos técnico-científicos, como também percepção psicológica e social para lidar com pacientes, colegas de trabalho e proprietários. Observou-se também quão fundamental é orientar e instruir corretamente os proprietários no que tange ao tratamento prescrito ao paciente, sendo o mesmo por vezes vital para a recuperação e cura do animal. 5. RELATO DE CASO: DIROFILARIOSE CANINA 5.1. INTRODUÇÃO A dirofilariose tem como agente etiológico o helminto Dirofilaria immitis, e é popularmente conhecida como doença do verme do coração, em referência ao parasitismo que ocorre nesse órgão (SILVA; LANGONI, 2009). Seu ciclo biológico envolve a participação do hospedeiro intermediário, que são espécies de dípteros hematófagos (mosquitos), e do hospedeiro definitivo, que são vertebrados. Diversas espécies de vertebrados podem ser acometidas pela dirofilariose, sendo o cão aquele com maior incidência. O ser humano pode se constituir como hospedeiro acidental da doença e, por isso, ela é tida como zoonose pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desde o ano de 1979 (BARBOSA; ALVES, 2006). Estudos epidemiológicos realizados em diferentes países revelaram que a dirofilariose está distribuída mundialmente, tendo sido registrados casos na África, Europa, Ásia, América do Norte e do Sul (SILVA; LANGONI, 2009). Sua ocorrência é maior em zonas tropicais, subtropicais e zonas temperadas (MCCALL; GUERRERO, 2010). No Brasil, a doença é considerada endêmica, com alta incidência de cães microfilarêmicos (SILVA; LANGONI, 2009). A média nacional de prevalência de infecção é de 10,17% (BARBOSA, 2006). Ao ser examinada apenas a região Nordeste, observa-se uma menor incidência deste parasito, com valores de 0% em Alagoas, 4,3% na Bahia e 9,1% no Ceará (LABARTHE et al., 2003). Na microrregião de Ilhéus-Itabuna, no extremo sul do Estado da Bahia, registrou-se prevalência de 0% nas amostras dos cães analisados (CARLOS et al., 2007). O ciclo biológico da D; immitis se inicia quando o mosquito ingere a microfilária (larva de primeiro estágio – L1), ao se alimentar do sangue de um hospedeiro vertebrado infectado (microfilaremia). No mosquito, o parasita se desenvolve de L1 para L2, atingindo o estágio infectante 21 (L3), após 15 a 30 dias. Ao realizar o repasto sanguíneo, o mosquito infecta um novo hospedeiro vertebrado, inoculando as L3 que migrarão por via subcutânea, até alcançarem a corrente sanguínea. Após 9-12 dias, essas passarão para L4 e, enfim, chegarão ao estágio L5, deslocando-se até as artérias pulmonares e se tornando adultas (NELSON; COUTO, 2010). Neste estágio, ocorre um período pré-patente, com duração de 6 a 8 meses, e que antecede a liberação das microfilárias pelas fêmeas larvíparas. Após esse período, as microfilárias (L1) são liberadas para a circulação sanguínea, caracterizando a microfilaremia, que pode perdurar por até 2 anos (ALMOSNY, 2002) (Figura 6). Mais de 70 espécies de mosquitos dos gêneros Aedes, Anopheles e Culex constituem- se como vetores das microfilárias (AHID; LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, 1999). Os vetores Stegomya (S). aegypti e Culex quinquefasciatus são considerados os principais transmissores da D. immitis na região Nordeste do Brasil (BRITO et al., 2001). Fonte: http://arquivo.fmu.br/prodisc/medvet/cci.pdf Figura 6. Representação esquemática do ciclo biológico da dirofilariose canina 22 Ainda que os vertebrados (cão) estejam parasitados pela D. immitis, nem todos manifestarão os sinais clínicos da doença (SEVIMLI et al.; 2007). Segundo Nelson e Couto (2010) e Labarthe (2009), a maior parte dosanimais não apresenta sinais clínicos, quando a parasitose não se apresenta de forma maciça, ou seja, não são identificadas grandes quantidades de parasitas adultos. Nesses casos, o diagnóstico ocorre acidentalmente, como achado do hemograma de rotina. De acordo com a apresentação clínica/gravidade, a dirofilariose por ser classificada da seguinte forma: • Classe I: a doença se apresenta assintomática, em que as condições físicas gerais do paciente são ótimas/boas e os exames auxiliares de imagem e laboratoriais mostram parâmetros normais. Prognóstico favorável (MATTOS JUNIOR, 2008). • Classe II: a doença pode se manifestar também de forma assintomática, o animal pode apresentar condições gerais boas ou discretas, todavia, com alguns sinais como espessamento das artérias pulmonares, leve aumento da câmara cardíaca direita, além de aumento dos glóbulos brancos e teste antigênico positivo. Prognóstico favorável/reservado (MATTOS JUNIOR, 2008). • Classe III: nesta classe a condição do animal se agrava e ocorre tosse persistente, dispnéia, hemoptise, insuficiência cardíaca congestiva direita, perda de peso e tromboembolismo, podendo este estar relacionado às complicações após tratamento adulticida. Prognóstico desfavorável (MATTOS JUNIOR, 2008). Os parasitas adultos são encontrados geralmente alojados no ventrículo direito do coração e nas artérias pulmonares, e eventualmente na veia cava caudal, na veia hepática e nas veias coronárias (ALMOSNY, 2002; HODGES; RISHNIM, 2008; MATTOS JUNIOR, 2008; PAES-DE-ALMEIDA et al. 2003). Consequentemente, dentre as manifestações clínicas se destaca a insuficiência cardiorrespiratória (BOWMAN; ATKINS, 2009; SEVIMLI et al., 2007). O acúmulo de grande número de helmintos adultos no átrio direito do coração, na válvula tricúspede e veia cava cranial e caudal levam o animal a desenvolver a síndrome da veia cava (ALMOSNY, 2002; MATTOS JUNIOR, 2008), caracterizada por manifestações como fraqueza, anorexia, depressão, tempo de preenchimento capilar aumentado, distensão da veia jugular, dispnéia, hepatoesplenomegalia, hemoglobinemia, colapso e choque. A morte pode ocorrer poucas horas após o aparecimento das manifestações clínicas (ALMOSNY, 2002; URQUHART et al., 1996;). Também foram descritas alterações como epistaxe, coagulação intravascular disseminada (CID), colapso, trombocitopenia e hemoglobinúria podem estar ligadas à doença 23 pulmonar grave e tromboembolismo (URQUHART et al., 1996; ALMOSNY, 2002). Eventualmente, ocorrem migrações aberrantes, sendo mais frequentes nos gatos que nos cães (BUNCH et al., 2001). Tais migrações anormais podem ser para o sistema nervoso central, olhos, artéria femoral, subcutâneas, cavidade peritoneal e outras regiões, causando sinais clínicos referentes a tais sistemas. Além das alterações patológicas causadas pela D. immitis, há mais de três décadas, bactérias do gênero Wolbachia foram identificadas como parte do corpo central das microfilárias D. immitis (BENDAS apud KOZEK, 1967). A ligação de bactérias e filarídeos tornou-se o centro de inúmeros estudos, desde 1995, e atualmente crê-se que essas bactérias exerçam relevante papel no desenvolvimento, reprodução e sobrevivência do parasita D. immitis (KOZEK, 2005). Após a morte dos nematódeos, grandes quantidades de bactérias são liberadas, estimulando o sistema imune do hospedeiro, e colaborando para que mudanças patológicas ocorram (KRAMER et. al., 2004;). Considerando os aspectos mencionados, percebe-se que é de extrema importância o reconhecimento da dirofilariose na população canina, em suas diferentes fases de manifestação clínica. Tal reconhecimento possibilita que o tratamento seja instituído o quanto antes, visando não só evitar as consequências patológicas da infecção pela D. immitis, como também para impedir que a mesma seja transmitida a outros vertebrados. Nesse sentido, os animais assintomáticos merecem especial destaque por serem focos “silenciosos” de transmissão, constituindo como reservatórios das microfiláriais, durante o repasto dos hospedeiros intermediários, e destes para outros vertebrados, como o ser humano (BOCARDO et al., 2001). Portanto, objetiva-se neste trabalho relatar um caso de dirofilariose em uma cadela, cujo o diagnóstico ocorreu de forma acidental. Serão abordados e discutidos aspectos epidemiológicos, clínicos, diagnósticos e terapêuticos, inerentes ao caso. 5.2. RELATO DE CASO No dia 24 de novembro de 2015, foi atendida na Clínica Veterinária particular, um animal da espécie Canis familiares, fêmea, da raça Labrador, com 4 anos de idade e pesando 40 Kg, residente no município de Porto Seguro/Bahia. Na anamnese, a proprietária relatou que havia levado o animal ao atendimento pois este estava apresentando cansaço e tinha tido um episódio convulsivo, todavia, além 24 dessas queixas o animal apresentava-se bem, alimentando e ingerindo água normalmente, não apresentando vômito, diarreia ou qualquer outra alteração. Como informações sobre o manejo do animal, esse convive com outro animal da mesma espécie e raça, que pertence a outro proprietário. O paciente tem acesso à rua sob supervisão e habita local aberto com parte gramada e parte de piso. O calendário vacinal estava atualizado, sendo confirmadas a aplicação das vacinas de viroses e a antirrábica. O proprietário não sabia informar quanto a última everminação realizada. Ao exame físico, observou-se mucosas normocoradas, linfonodos normais, tempo de preenchimento capilar inferior a 3 segundos, boa hidratação e escore corporal. A temperatura era de 39,2ºC, pele e pelos limpos, não sendo verificada a presença de parasitas. Na ausculta pulmonar e cardíaca não foram detectadas alterações. O paciente se mostrou responsivo e ativo ao ambiente e estímulos. Tendo em vista as alterações reportadas pelo histórico da proprietária, procedeu-se com a coleta de amostra de sangue, para a realização de hemograma, cujos resultados encontram-se descritos na Figura 7. *KIRK et al, 1999. Figura 7. Resultado do exame de hemograma, realizado em 24 de novembro de 2015, na cadela labrador, de quatro anos de idade, revelando como alterações leucocitose com linfocitose, trombocitopenia, hiperproteinemia e a presença de microfilárias. Foram constatadas as alterações de leucocitose linfocítica, trombocitopenia e hiperproteinemia. No esfregaço sanguíneo, constatou-se a presença de microfilárias na 25 amostra. Destarte, a amostra de sangue foi centrifugada e usada para a detecção de antígenos de Erlichia canis, Anaplasma phagocytophilum e/ou Anaplasma platys, Dirofilaria immitis e Borrelia burgdorferi, por meio da técnica de ELISA, de acordo com as recomendações do fabricante (SNAP® Test 4DX) (Figura 8), sendo confirmada a positividade da reação. A partir da realização desse teste foi confirmada a positividade da reação do antígeno de Dirofilaria immitis e Ehrlichia canis. Figura 8. Teste rápido de ELISA (SNAP® Test 4DX), realizado em amostra sorológica de cão da raça Labrador, indicando reação positiva à presença de antígenos contra D. immitis (seta amarela) e Erlichia canis (seta vermelha) em 24 de novembro de 2015. Diante desses resultados, foram realizados também exames complementares como dosagem sérica de uréia, creatinina, alanina aminotransferase (ALT) e fosfatase alcalina (FA), cujos valores estavam dentro dos parâmetros de normalidade para a espécie (Figura 9). 26 *KIRK et al, 1999. Figura 9. Resultados do exame bioquímico (ureia, creatinina, alanina aminotransferase e fosfatase alcalina) realizada na amostra sorológica da cadela Labrador, em 25 de novembro de 2015. Foram realizadas radiografias torácicas do animal, nas projeções dorsoventral e laterolateral (Imagem 10A e B). Observou-se aumento do tronco da artéria pulmonar, e aumento do átrio direito, conformeindicado pelas setas. Figura 10. Radiografia torácica de cadela labrador, com diagnóstico de dirofilariose. (A) Projeção Dorsoventral (B) Projeção Lateral. Observa-se pronunciado aumento do tronco da artéria pulmonar e aumento do átrio direito. Três dias após a primeira consulta, o proprietário retornou à clínica para que o animal passasse por exames físicos. Nessa ocasião, a equipe veterinária apresentou os 27 resultados obtidos em todos os exames realizados esclarecendo assim o diagnóstico e tratamento do paciente. O tratamento instituído pelos médicos veterinários consistiu na administração de três ciclos de um antibiótico da classe das tetraciclinas, denominado doxiciclina. Cada ciclo deveria ser realizado durante 21 dias (10 mg/kg/SID/via oral), com intervalo de 3 meses entre um ciclo e outro. No dia 08 de janeiro de 2016 realizou-se novo hemograma (Figura 11). Os resultados evidenciaram leucocitose com linfocitose. Houve leve aumento do número de plaquetas, em relação ao exame anterior, assim como ligeira diminuição das proteínas totais. O hemograma revelou ainda que o animal se encontrava com discreta anisocitose com microcitose, sendo ainda observada a presença de microfilárias no mesmo. Ainda restavam dois ciclos de administração de doxiciclina, para a conclusão do tratamento instituído pelo veterinário responsável. Até o término da confecção desse relato, o cão encontrava-se ativo, apresentando boa condição física e nutricional, assim como no início do tratamento. *KIRK et al, 1999. Figura 11. Resultado do exame de hemograma, realizado em 24 de dezembro de 2015, na cadela labrador, após o término 1º ciclo do tratamento com administração de Doxiciclina, durante 21 dias. Evidencia-se como alterações leucocitose com linfocitose, leve trombocitopenia e a presença de microfilárias. 28 5.3. DISCUSSÃO A dirofilariose é um desafio para os médicos veterinários, visto que a doença é de difícil diagnóstico clínico, pois pode ser assintomática ou apresentar sintomas comuns a outras enfermidades. Descreveu-se, no presente relato, um caso de dirofilariose que acometeu um cão fêmea, Labrador, com 4 anos de idade, residente na cidade de Porto-seguro/Bahia. Comparando com os dados da literatura, cães com idade entre 4 e 8 anos são os mais afetados pela doença (NELSON; COUTO, 2010). Embora não haja predisposição por raça, cães de grande porte são comumente afetados, pois normalmente são mantidos em locais abertos, tais como varandas ou quintais (NELSON; COUTO, 2010). Este fato está de acordo com o manejo adotado para o animal do caso relatado, que vivia no quintal, estando mais suscetível aos mosquitos hematófagos. Em relação ao sexo, há divergências nas informações. Alguns autores afirmam não haver diferença significativa na incidência entre machos e fêmeas (MARTIN; COLLINS, 1985); enquanto outros afirmam que cães do sexo masculino são acometidos duas a quatro vezes mais que as fêmeas (NELSON; COUTO, 2010). No histórico do animal havia o relato de cansaço e convulsão, não havia maiores detalhes acerca desses episódios em relação à data em que os mesmos ocorreram. Clinicamente, o processo parasitário da dirofilariose pode ser assintomático ou caracterizar-se pela presença de fadiga, dispneia ou tosse crônica, podendo o animal manifestar cansaço, mesmo estano em repouso (OLSON et al. , 1982). Quanto ao surgimento súbito de sinais neurológicos, a literatura descreve que sinais como convulsão, cegueira aparente, andar em círculo, midríase e hipersalivação estão muitas vezes associados à migração aberrante dos vermes (BUNCH et al., 2001). O diagnóstico do animal em estudo foi obtido mediante visualização das microfilárias em esfregaço sanguíneo, visualização de movimento no tubo de hematócrito e teste sorológico (ELISA). Foram identificadas a presença de microfilárias através do microscópio, utilizando- se uma gota de sangue fresco para confecção de esfregaço sanguíneo em espesso, corados com Giemsa em lâmina de vidro. As microfilárias não foram contabilizadas pela patologista clínica do centro veterinário, contudo pode-se observar no esfregaço sanguíneo a presença de parasitas em nível moderado, que segundo a literatura podem ser observadas em quantidade variável (URQUHART et. al., 1996). A presença de microfiláras também pode ser verificada por meio de análise do movimento por baixo da buffy coat (capa leucocitária) no tubo de microhematócrito, sendo este um modo eficaz para detecção da D. immitis (ETTINGER; FELDMAN, 2004). Segundo Nelson e Couto (2010) os testes sorológicos, para detecção de 29 antígenos, atualmente disponíveis são altamente sensíveis. As drogas de uso mensal para prevenção da dirofilariose favorecem a ocorrência de infecções ocultas por eliminarem virtualmente as microfilárias circulantes, contudo os testes antigênicos possuem alta sensibilidade para diagnóstico da dirofilariose. O teste usado no relato, o SNAP test (IDEXX Laboratories) detecta antígeno circulante do trato reprodutivo da fêmea e, segundo o fabricante, apresenta uma boa sensibilidade (em torno de 99,2%), sendo capaz de detectar até mesmo 1 ou 2 fêmeas de D. immitis. A desvantagem do SNAP test é a não identificação de parasitas machos e, assim como a maioria dos testes, não detecta infecções com menos de 5 meses. Um grande número de animais infectados pode não apresentar a microfilaremia em virtude da infecção estar no período de pré-patência, que baseia-se em nematoides unissex ou quando ocorre a destruição dos parasitas por meio de fármacos (BOWMAN, 2009). A literatura cita ainda que o diagnóstico da dirofilariose pode ser feito por meio de testes moleculares e através do teste de Knott, sendo o teste de Knott modificado o teste de maior sensibilidade (SILVA; LANGONI 2009), todavia o laboratório de análises clínicas da clínica veterinária não realizou o mesmo, que segundo a patologista clínica, no período em que se realizou o estágio, a instituição não dispunha desse serviço. Entretanto, no presente caso, a observação das microfilárias no esfregaço sanguíneo e a positividade no teste sorológico já confirma o diagnóstico de dirofilariose. A literatura mostra que apesar de o esfregaço sanguíneo direto ser um teste de triagem, o mesmo não é recomendado como teste de rotina, visto que para sua detecção é necessário que o animal esteja infectado com uma grande quantidade de larvas (AHS, 2007), o que nos leva a pensar que o animal em estudo pode se encontrar em um quadro grave de dirofilariose. No primeiro hemograma realizado no dia 24 de novembro de 2015 foram observadas leucocitose com linfocitose e hiperproteinemia como alterações hematológicas. Alterações como leucocitose e linfocitose ocorrem em decorrência ao quadro inflamatório causado por infecções (ROGERS, 2011), tal resposta imunitária pode resultar em trombocitopenia imunomediada, sendo este mecanismo não esclarecido pela literatura, no entanto, considera-se que a indução ou alteração de antígenos do hospedeiro possam causar essa resposta (DAY, 1999). Outros autores relatam que a trombocitopenia aparece em decorrência do consumo plaquetário através do sistema arterial pulmonar (NELSON; COUTO, 2010). No paciente estudado, observou-se a ocorrência de trombocitopenia nos hemogramas realizados nos dias 24 de novembro e 24 de dezembro de 2015, Atkins (2010) trata da mesma como alteração comum em casos crônicos da enfermidade. Essa alteração também pode estar associada à erliquiose, visto que o animal obteve resultado positivo para a Erlichia canis, onde a alteração 30 encontrada de forma recorrente nos hemogramas de animais acometidos pela erliquiose é a trombocitopenia (ALMOSNY, 2002). De acordo com estudos realizados, a infecção por D. immitis causa glomerulopatia em cerca de 43% dos animais acometidos pela doença, sendo esta patologiarenal associada aos achados de hiperproteinemia em animais positivos para dirofilariose (AIKAWA et. al., 1981). Quanto à observação de hemácias em rouleaux, estas são decorrentes ao aumento da concentração de proteínas no sangue (HENDRIX, 2002), como se sabe que havia hiperproteinemia, tal alteração pode ser explicada por este achado. Os exames bioquímicos foram realizados para avaliar se ocorreram alterações hepáticas e/ou renal, no entanto, foi verificado que não houveram alterações. A literatura relata que a grande maioria dos cães infectados por dirofilárias apresentam parâmetros das enzimas hepáticas normais ou apenas com leve alteração (ETTINGER; FELDMAN, 2004). Exames de imagem também são de grande auxílio, sendo que a radiografia proporciona o meio mais efetivo para avaliação da gravidade da enfermidade cardiopulmonar decorrente da infecção pela D. immitis, são considerados quase que patognomônicos os sintomas de dilatação das artérias pulmonares, em particular a parte caudal dos lobos diafragmáticos (AHS- Current Canine Guidelines, 2014). O raio-x de tórax é o exame que proporciona maior número de dados no que tange à gravidade da doença (CALVERT; RAWLINGS, 2002), e foi por meio deste recurso que foi possível visualizar que a artéria pulmonar do paciente estudado apresentava-se dilatatada. Tal fato acontece em virtude da presença do parasita nos ramos arteriais pulmonares, resultando em uma reação granulomatosa (THEIS, 2005). Alho et. al., (2014) destacam que a dirofilariose canina é uma doença de progressão crônica, que afeta inicialmente as artérias e posteriormente o parênquima pulmonar e o coração. Entre 21 e 30 dias depois da chegada dos parasitas em estágio adulto, sucedem proliferações vilosas da camada íntima, essas são as responsáveis pela diminuição da complacência e do diâmetro da luz dos vasos. Essas modificações acabam por levar a um dano adicional no endotélio, formando assim lesões proliferativas. As alterações patológicas vasculares começam poucos dias depois das jovens dirofilárias terem entrado nas artérias pulmonares (NELSON & COUTO, 2010). A presença de tais parasitas que habitam no fluxo da saída pulmonar impedem a entrada de sangue para os pulmões, o que pode explicar o cansaço do animal estudado. Através da avaliação radiográfica é possível observar que em decorrência da proliferação das vilosidades, conforme descrito na literatura, ocorre dilatação da artéria pulmonar, resultando em aparência tortuosa (ETTINGER; FELDMAN, 2004). 31 Cães acometidos pela dirofilariose examinados pelo ecocardiograma podem apresentar dilatação ventricular direita, hipertrofia de parede no ventrículo direito, átrio direito e artérias pulmonares (TILLEY, 2008) todavia, visto que a clínica veterinária não possuía equipamentos específicos para avaliação cardíaca (ecocardiograma/eletrocardiograma) pode-se observar alterações no tamanho da artéria pulmonar e do átrio direito através da radiografia realizada. Apesar de não ser confirmada uma enfermidade cardíaca decorrente da presença do parasita devido à impossibilidade de realização dos exames, as alterações encontradas colaboraram com o diagnóstico de dirofilariose. Tendo em vista o possível comprometimento cardíaco, faz-se necessária que haja uma minuciosa avaliação acerca do quadro do paciente, visto que sem o tratamento adequado a situação tende a agravar-se, colocando o bem-estar e a vida do mesmo em risco. Quanto ao animal contactante, a proprietária informou que ela não era a responsável pelo mesmo, mas que ao ser levado à outra clínica veterinária, foram realizados exames de sangue e sorológico no mesmo, que não apresentou nenhuma alteração. É aconselhado a realização de exames para antígenos de parasitas adultos como principal teste de triagem para detecção da dirofilariose em cães. As provas de antígeno que existem atualmente são precisas, pois os kits comerciais de testes disponíveis se embasam em análises imunológicas para detecção de antígenos circulantes no trato reprodutivo da fêmea adulta do parasita. Visto que o animal acometido é portador e transmissor em potencial da doença, faz-se necessária a realização de um novo teste sorológico no animal contactante, pois a eficácia de tais testes na detecção da D. immitis só pode ser confirmada depois de 7 meses de infecção, sendo este o tempo necessário para que o ciclo biológico do parasita se complete no hospedeiro e, dessa forma, as fêmeas entrem na fase de reprodução (NELSON; COUTO, 2010). Assim como no animal estudado, na maior parte dos casos em que é verificada a presença da D. immitis os animais são identificados como positivos por meio de achado laboratorial acidental em hemograma de rotina, visto que a grande maioria dos animais acometidos pela dirofilariose se mostram assintomáticos. No caso de cães que vivem em áreas endêmicas da D. immitis, faz-se necessária a realização de exames anuais, com o intuito de detectar microfilárias (ETTINGER; FELDMAN, 2004). Esta é uma relevante informação que deve ser transmitida à proprietária do animal, visto que o animal vive em uma área litorânea, com clima úmido, temperatura alta e com grande presença de mata o que contribui para a presença de mosquitos transmissores da dirofilariose (CIRIO, 2005). Os veterinários da clínica relataram que este não foi o primeiro caso de diagnóstico de dirofilariose na 32 instituição, e que na região de Trancoso (distrito de Porto Seguro) frequentemente são diagnosticados, pela veterinária do distrito, animais com dirofilariose. A coordenação da vigilância sanitária e epidemiológica do município já foi comunicada quanto à incidência da zoonose na região, porém, até o momento não foi tomada nenhuma providência. Os proprietários de animais com diagnóstico de dirofilariose confirmado, não receberam nenhuma visita por parte dos órgãos públicos de saúde. Em virtude da quantidade de casos relatados pelos profissionais veterinários da região, é de grande relevância a realização de um levantamento epidemiológico em Porto Seguro e seus distritos, com intuito não só da identificação de animais positivos como também para diminuir/evitar a transmissão tanto para animais como para o homem. No caso relatado, o animal possuía 4 anos de idade, sendo esta compatível com a faixa etária de maior acometimento da doença, visto que a presença do filarídeo é mais freqüente em animais a partir de dois anos (MARTIN; COLLINS 1985). O tratamento de infecções por D. immitis geralmente inclui três fases diferentes, onde na primeira elimina-se os parasitas adultos, na segunda elimina-se as microfilárias da circulação e por fim, na terceira as fêmeas do parasita são esterilizadas através de antibioticoterapia (LABARTHE; ALVES; SERRÃO, 2002). A destruição dos vermes adultos pode ser realizada através da administração de hidrocloridrato de melarsomina (Immiticide®), intramuscular profunda, porém esse medicamento não é comercializado no Brasil. Uma alternativa é usar a ivermectina associada ou não ao pamoato de pirantel, mensalmente e por via oral, durante pelo menos 12 meses consecutivos. Tal tratamento apresenta grande eficácia contra vermes em estágios larvais pré-cardíacos e jovens adultos (tempo inferior a 7 meses de infecção) (MCCALL et. al., 1998; AHS, 2005), porém para obtenção de resultados eficazes também no tratamento adulticida, faz-se necessário o uso mensal e contínuo da ivermectina por dois anos ou mais (MCCALL et. al., 2004; NELSON et. al., 2005). O efeito dos antibióticos tem ganhado notável consideração por parte de estudiosos, tendo em vista que bactérias do gênero Wolbachia participam não só das reações negativas que acontecem nos hospedeiros como também são responsáveis por manter as funções básicas de algumas espécies de nematoides, dentre elas a D. immitis (CASIRAGHI et. al., 2002). A doxicilina possui meia vida maislonga, podendo o tratamento ser realizado com intervalos de 24 horas, excelente penetração no sistema nervoso central e sua eliminação é por via não biliar com baixa porcentagem renal, fazendo dessa a droga de escolha até mesmo para pacientes azotêmicos (PLUMB, 2002). Diante da relevância das bactérias do gênero Wolbachia para a manutenção das funções vitais de nematódeos como D. immitis 33 (CASIRAGHI et. al., 2002), visto que a mesma interage com o organismo do animal acometido no decorrer das infecções caninas e participa não só do desenvolvimento da doença, bem como atua na regulação da resposta imune do hospedeiro, o veterinário responsável pelo caso optou pela administração de doxiciclina. Quando a bactéria é combatida, isto afeta não só a fecundidade como também a sobrevivência das microfilárias. Porém, faz-se necessário nesse ponto inferir que tal antibiótico é eficaz contra bactérias e parasitas em estágio larval, assim, a utilização isolada da doxiciclina não garante grande chance de cura, uma vez que o animal precisa também de terapia contra parasitas adultos. Bendas et. al., (2008) analisaram o resultado da utilização do antibiótico doxiciclina no tratamento de microfilaremia de cães naturalmente infectados por D. immitis, o estudo revelou que o último dia de cada ciclo de antibiótico a contagem das microfilárias demonstrava ser mais baixa, mostrando assim que este medicamento possui efeito lento, porém se mostrou eficaz não só na redução do número de microfilárias como também evita a transmissão destes parasitas a outros animais. Após o primeiro ciclo de doxiciclina do animal estudado, pode-se observar a presença de microfilárias, porém não se pode informar se a quantidade das mesmas diminuiu, visto que não foi realizada a contagem durante análise laboratorial. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária permitiu vivenciar a rotina de importantes instituições veterinárias, exercer na prática o conhecimento teórico recebido durante as aulas, possibilitou também novas experiências e aprendizado visto que houve a oportunidade de conviver com diferentes profissionais e vivenciar os diferentes casos que a rotina da área escolhida nos proporciona, sendo esta a área da clínica médica de pequenos animais. Este representou um importante meio de aprendizado de novas técnicas de abordagem clínica, terapêutica e diagnóstica, o que nos torna melhor capacitados para o mercado de trabalho. Após concluir o estágio curricular supervisionado nossa faculdade perceptiva nos mostra a relevância desse momento em nos tornar aptos para enfrentar uma nova etapa repleta de incertezas e dificuldades, fatores esses que nos estimulam à constante busca pelo conhecimento que precisa ser atualizado a todo momento. O raciocínio clínico demanda conhecimento prévio para que haja subsídio às dúvidas e principalmente, para melhor compreensão das condutas adotadas na rotina. No 34 decorrer da graduação objetivou-se melhor e maior aproveitamento das oportunidades que apareceram. O estágio foi relevante, não só por possibilitar ao aluno angariar maior conhecimento, como também permitiu que os percalços fossem superados e as habilidades aprimoradas. Posto isso, o relato de caso estudado e vivenciado possibilitou que fosse discernido que o fator de maior relevância na luta contra a dirofilariose canina é tomar medidas profiláticas, visto que ao contrário do tratamento, a prevenção se mostra simples e eficaz. Para tal, é necessário que a classe médica veterinária se empenhe em fornecer informações sobre esta zoonose à população, visto que a educação em saúde somada à pesquisa aprofundada atua como atividade importante para prevenção da dirofilariose. Deve-se ressaltar também a importância dos exames de rotina, visto que o mesmo possibilitou diagnosticar a doença, mesmo o animal não manifestando sinais clínicos. Se não for tratada a tempo a dirofilariose pode tornar-se fatal. Destarte, em regiões onde a dirofilariose é diagnosticada com frequência faz-se necessário o acompanhamento preventivo de todos os cães, sendo a prevenção a forma mais segura para proteger não só os cães, como também o homem. 35 REFERÊNCIAS AHID, S.M.M.; LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, R. Mosquitos vetores potenciais de dirofilariose canina na Região Nordeste do Brasil. Rev. Saúde Públ., 33:560-565, 1999. AIKAWA, C.R. ABRAMOWSKY, K.G. Powers Dirofilariasis. IV. Glomerulonephropathy induced by Dirofilaria immitis infection Am. J. Trop. Med. Hyg., 30, p. 84–91, 1981. ALHO, A. M., BELO, S., MEIRELES, J.; MADEIRA DE CARVALHO, L. Dirofilariose Canina e Felina, uma Parasitose em Evolução (II) – Fisiopatologia, Diagnóstico e Terapêutica. Clinica Animal, 25, 26 – 32, 2014. ALMOSNY, N. R. P. Hemoparasitoses em pequenos animais domésticos e como zoonoses. 1. ed. Rio de Janeiro: L.F. Livros de Veterinária Ltda. p.112-126, 2002. AMERICAN HEARTWORM SOCIETY. Current canine guidelines. Disponível em: <http:// www.heartwormsociety.org/veterinary-resources/canineguidelines.html> Acesso em: 07 de Jan. de 2015 ATKINS, C. Heartworm disease in dogs: an update. In: World small animal veterinary congress wsava. 36., 2005. Mexico City. Proceedings... Mexico City: World Small Animal Veterinary Association, 2005. BARBOSA, C. L.; ALVES, L. C. Dirofilariose canina: Situação Atual no Brasil. Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária (Brasília), v. XII, p. 57-62, 2006. BENDAS, A. J. R. The Use of Doxycycline in Microfilaremic Dirofilaria immitis (Leidy, 1856) Naturally Infected Dogs. Journal of applied research in veterinary medicine, v. 6, n. 1, p. 55-59, 2008. BOCARDO, M.; HAMZÉ, A. L.; PACHECO, A. M. Dirofilariose na medicina veterinária. Anais do XII simpósio de ciências aplicadas da FAEF. Garça, v. 1, 321- 325 p. 2009. BOWMAN D.D. & ATKINS C.E. Heartworm biology, treatment, and control. Vet. Cli n. Small Anim., 39:1127-1158, 2009. BRITO, A.C.; VILA-NOVA, M.C.;ROCHA, D.A.M.; COSTA, L.G.; PINHEIRO DE ALMEIDA, W.A.; VIANA, L.S.; LOPES Jr., R.R.; FONTES, G. MAURICIO DA ROCHA, E.M.; REGIS, L. Prevalência da Filariose canina causada por Dirofilaria immitis e Dipetalomena reconditum em Maceió, Alagoas, Brasil. Cad. saúde pública, v. 17(6), p. 1497- 1504, 2001. BUNCH, S. E. et al., In: NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, segunda edição, 2001. CALVERT, C. A.; RAWLINGS, C. A. Dirofilariose Canina in: GOODWIIN, J. K.; TILLER, L. P. Manual de cardiologia para cães e gatos. Rio de Janeiro: Guanabara, ed. 3, 203 – 220 p., 2002. http://www.heartwormsociety.org/veterinary-resources/canineguidelines.html 36 CARLOS, R. S. A., Neta ESM, Spagnol FH, Oliveira LLS, Brito RLL, et al. Frequência de anticorpos anti-erhlichia canis, borrelia burgdorferi e antígenos de Dirofilaria immitis em cães na microrregião Ilhéus-Itabuna, Bahia, Brasil. Rev. Bras. Parasitol. Vet, 16 (3): 117-120, 2007. CASIRAGHI, M.; McCALL, J. W.; SIMONCINI, L.; KRAMER, L.H.; SACCHI, L.; GENCHI, C.; WERREN, J.H.; BANDI, C. Tetracycline treatment and sex ratio distortion : a role for Wolbachia in the moulting of filarial nematodes. Intern J Parasitol. V. 32, p. 1457 – 1468, 2002. CIRIO, S.M. Epidemiologia e clínica de cães portadores de dirofilariose em espaços urbanos de município do litoral do Paraná e aspectos da histologia de Culex quin- quefasciatus (Say, 1823) (Diptera, Culicidae). Tese, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 155p. 2005. DAY, M. J. In: Clinical Immunology of the dog and cat. Day MJ, editor. London: Manson Publishing Ltd. The basis of imune-mediated disease; p:61-65; 1999. ETTINGER, S.; FELDMAN, E. Textbook of veterinary internal medicine. Volume 2. 6th ed. Saunders Elsevier, p. 1118-1144, 2004. HENDRIX, C. M. ProcedimentosLaboratoriais para Técnicos Veterinários. 4° edição – São Paulo: Editora Roca, p. 556, 2002. HODGES S. & RISHNIM M. Intraarticular Dirofilaria immitis microfilariae in two dogs. Vet. Parasitol., 152:167-170, 2008. KOZEK, W.J. The ultrastructure of the microfilaria of Dirofilaria immitis. M.S. thesis, Tulane University, v.142, 1967. KOZEK, W.J. What is new in the Wolbachia/Dirofilaria interaction? Veterinary Parasitology v.133, p.127-132, 2005. KRAMER, L.; SIMON, F.; MARTARINO, M.; BAXXOCCHI, C. Wolbachia endosymbiont and the immunopathogenesis of filarial disease. In: MCCALL, J.W.; GUERRERO, J.; GENCHI, C.; KRAMER, L. (Eds.). Recent advances in heartworm disease. (Symposium). Vet. Parasitol. v.125, p.127-130, 2004. LABARTHE, N.V.; ALVES, L.C.; SERRÃO, M.L. Dirofilariose em pequenos animais domésticos e como zoonose. In: ALMOSNY, N.R.P. Hemoparasitoses em pequenos animais domésticos e como zoonoses, Rio de Janeiro: LF Livros, p. 111-135, 2002. LABARTHE, N.; PEREIRA, M.C.; BARBARINI, O; McKEE, W.; COIMBRA, C.A.; HOSKINS, J. Serologic prevelence of Dirofilaria immitis, Ehrlichia canis, and Borrelia burgdorferi infections in Brazil. Veterinary Therapeutics, v. 4, n. 1, p. 67-75, 2003. LABARTHE, N. V. As filárias estão de volta. Prepare-se! Revista Nosso Clínico, São Paulo, ano 12, n. 68, p. 52, mar./abr. 2009 37 MC CALL J.W.; GUERRERO, J. Diagnosis, prevention and management of heartworm (Dirofilaria immitis) infection in dogs. Guidelines for Canine Heartworm Disease. American Heartworm Society.p. 1-14, 2010. MAR P.H., YANG I.C., CHANG G.N. & FEI A.C. Specific polymerase chain reaction for differential diagnosis of Dirofilaria immitis and Dipetalonema reconditum using primers derived from internal transcribed spacer region 2 (ITS2). Vet. Parasitol., 106:243-252, 2002. MARTIN, T.E.; COLLINS, G.H. Prevalence of Dirofilaria immitis and Dipetalonema reconditum in greyhounds. Aust. Vet. J., v.62, n.5, p.159-162, 1985. MATTOS JÚNIOR, D. G. Manual de helmintoses comuns em cães. 2. ed., Rio de Janeiro: L.F. Livros, p. 66-81, 2008. McCall, J.W.; RYAN, W. G.; ROBERTS, R.E.; DZIMIANASKI, M.T. In Proceedings of the heartworm symposium’98. p. 209-215, Tampa, Florida, 1998. McCall J.W., Guerrero J., Genchi C., Kramer L., Bazzocchi C., Simon F., Martarino M. & Soc A.H. Recent advances in heartworm disease. Veterinary Parasitology.125:105-130, 2004. McCall J.W., Genchi C., Kramer L.H., Guerrero J. & Venco L. Heartworm disease in animals and humans. Adv. Parasitol., 66:193-285, 2008. McLAREN, D.A.; WORMS, M.J.; LAURENCE, B.R., SIMPSON, M.G. Microrganisms in filarial larvae (Nematoda). Trans. R. Soc. Trop. Med. Hyg. v.69, p.509-514, 1975. NELSON, C.T., McCall J.W., RUBIN, S.B., BUZHARDT, L.F., DOIRON, D.W., GRAHAM, W., LONGHOFER, S.L., GUERRERO, J., ROBERTSON-PLOCH, C. & PAUL, A. Guidelines for the diagnosis, prevention and management of heartworm (Dirofilaria immitis) infection in cats. 2005. NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina interna de pequenos animais. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. OLSON N., SCOUT J. & ROBINSON N. Central blood volumen and the lung extravascular termal volumen in dogs with dirofilariasis. Am. J. Vet. Res. 43: 1019-1022; 1982. OMS (Organización Mundial de la Salud). Zoonosis parasitarias. Informe Técnico, 637:105- 106, 1979 PAES-DE-ALMEIDA E.C., FERREIRA A.M.R., LABARTHE N.V., Caldas M.R.L. & McCall J.W. Kidney ultrastructural lesions in dogs experimentally infected with Dirofilaria immitis (Leidy, 1856). Vet. Parasitol., 113:157-168, 2003. PASCA S.A., ACATRINEI D., OPREAN O.Z. & LAZAR M. Vascular, hepatic and renal lesions by Dirofilaria immitis invasion in dogs. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., 64:841-846, 2012. 38 PLUMB, D.C.: Plumb's Veterinary drug handbook. 4th ed., Pocket edition. Editora Ames (Iowa), Iowa State Press, 2002. ROGERS, KARA, ed. (2011), Blood: Physiology and Circulation, Chicago: Brittanica Educational Publishing, p.198-199, ISBN 978-1-61530-250-5, retrieved 12 November 201. ROSYCHUK, R.A.W.; LUTTGEN, P. Doenças dos ouvidos. In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Tratado de medicina interna veterinária. 5. ed. 2. vol. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 1048-1053, 2004. SEVIMLI F.K., KOZAN E., BÜLBÜL A., BIRDANE F.M., KÖSE M. & SEVIMLI A. Dirofilaria immitis infection in dogs: unusually located and unusual findings. Parasitol. Res., 101:1487- 1494, 2007. SILVA R.C. & LANGONI H. Dirofilariose. Zoonose emergente negligenciada. Cienc. Rur., 39:1614-1623, 2009. TAYLOR, M.J.; HOERAUF, A. Wolbachia bacteria of filarial nematodes. Parasitol Today. v.15, p.437-442, 1999. THEIS, J.H. Public health aspects of dirofilariasis in the United States. Veterinary Parasitology, v.133, p.157-180, 2005. TILLEY, L.P.; GOODWIN, J.K. Manual of canine and feline cardiology. Pennsylvania: W.B Saunders Company, p.215-233, 2001. TILLEY, L.P.; SMITH, Jr; FRANCIS, W. K. Consulta veterinária em 5 minutos: espécie canina e felina. 3. ed. São Paulo: Manole Ltda., p.380-381, 2008. URQUHART, G. M.; ARMOUR, J.; DUNCAN, J. L.; DUNN, A. M.; JENNINGS, F. W. Parasitologia Veterinária, 2ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 77-79, 1996.
Compartilhar