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O comércio Internacional
O comércio internacional cresceu consideravelmente no último século. A integração entre as economias nacionais num sistema global foi um dos desenvolvimentos mais importantes do período. 
Este processo de integração, frequentemente chamado de globalização, originou um notável crescimento no comércio entre países.
Até 1870, a soma das exportações mundiais era menos de 10% da produção total no mundo. Hoje, esse núme0072o é de aproximadamente 25%. Isso mostra que nos últimos cem anos de crescimento econômico, houve um crescimento mais que proporcional no comércio internacional.
O comércio é uma parte fundamental da atividade econômica. Num sistema global, países não somente comercializam produtos finais, mas também insumos intermediários. Isso cria uma rede intrincada de relações que cobre o mundo todo.
Além disso, o comércio gera ganhos de eficiência. Durante a segunda metade do século passado, os dados para países indicam que há correlação entre crescimento econômico e comércio: países com taxas maiores de crescimento do PIB tendem a apresentar maiores taxas de crescimento do comércio enquanto fração do PIB.
Com o tamanho de toda a proporção que o comércio internacional tomou, preocupações e medidas foram tomadas como por exemplo com o meio ambiente, No contexto atual, verifica-se um aumento das políticas de proteção ao meio ambiente, consequência, da crescente preocupação com a natureza. Tal postura ocorre, pois o ambiente encontra-se fragilizado em virtude das tecnologias criadas pelo homem para o seu bem estar, da exploração desenfreada e da destruição da natureza. A nova postura adotada pelos Estados quanto à proteção ambiental atinge alguns domínios de suas relações internacionais e, entre essas, o comércio internacional. Em vista do objetivo primordial desse ramo ser a redução de obstáculos à troca, e a proteção ao meio ambiente requerer para tanto, a adoção de regras restritivas que impedem a livre circulação de produtos.
A proteção ambiental manifestada através da política ambiental adotada por um país poderá repercutir sobre a competitividade das exportações de diferentes países em caso de adoção divergente de padrões ambientais por um país importador. Poderá, assim, representar o chamado ecodumping ou dumping[2] ambiental que ocorre quando os países adotam padrões ambientais menos rigorosos, podendo essa atitude configurar-se como subsídios implícitos a suas exportações, pois, como não haverá a inserção dos custos de degradação ambiental nos produtos, esses tornam-se mais acessíveis que aqueles emanados de países que adotam padrões ambientais mais elevados. Igualmente, uma regulação nacional severa em termos ambientais em um país poderá criar distorções que lhe são desfavoráveis no comércio global em virtude da inserção dos custos dessa proteção nos produtos. Depreende-se daí a necessidade de uma padronização mínima de regulamentação ambiental para evitar os efeitos perniciosos no comércio internacional em virtude da desigualdade entre as legislações nacionais.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) – que resultou da última rodada realizada sob os auspícios do GATT – o Uruguai Round, iniciado em 1986, e concluído Marraqueche no Marrocos, em 1994 – inovou, ao incorporar em seu preâmbulo, o conceito de desenvolvimento sustentável. No preâmbulo da Organização Mundial do Comércio, o disposto referido reafirma os objetivos perseguidos pelo GATT, ou seja, o desmantelamento das barreiras protecionistas e abre, também, espaço para novos temas, dentre eles, o meio ambiente.
Importa-nos referir que a partir da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92) foi reconhecido globalmente que o crescimento econômico, a degradação ambiental e o desenvolvimento humano estão intimamente ligados, sendo desenvolvido, dessa forma, uma série de instrumentos internacionais para proteger o ambiente global e promover um modelo sustentável de globalização. Por conseguinte, ocorre um número crescente de Acordos Ambientais Internacionais – dentre eles, alguns que afetam as trocas comerciais– juntamente com a aceleração da liberalização do comércio.
Também em 1992, através das discussões emanadas do Grupo sobre Medidas Ambientais e Comércio Internacional, bem como do Subcomitê sobre o Comércio e Meio Ambiente, ambos subordinados ao comitê preparatório da OMC, chega-se ao acordo de que é necessária a criação de um órgão especializado em matéria ambiental, inserido na nova organização multilateral do comércio que surgia. Em conformidade com o disposto, em 1995, a organização criou o Comitê de Comércio e Meio Ambiente para examinar a inter-relação crescente entre os assuntos sobre comércio internacional e meio ambiente.
O Comitê de Comércio e Meio Ambiente tem o papel de desempenhar as seguintes funções: examinar as relações existentes entre os dispositivos constantes na OMC e as medidas comerciais com objetivos ambientais, a articulação entre os Acordos Multilaterais Ambientais e o Direito da OMC e as políticas ambientais com implicações sobre o comércio internacional.
Evolução do sistema monetário Internacional 
Desde a década de 1970, muito se discutiu sobre a crise do sistema monetário internacional. Hoje, no entanto, provavelmente consolidou-se uma forma de funcionamento da economia que não se pode qualificar como estando em crise. O padrão do período keynesiano pós-Segunda Guerra Mundial dificilmente se repetiria, tendo sido tão excepcional quanto o foi a crise dos anos 1930. Neste sentido, o presente texto analisa o surgimento e a evolução do sistema monetário internacional sob o padrão de Bretton Woods, sua crise, o surgimento do euromercado e a globalização financeira. Discute-se até que ponto esta globalização condiciona as políticas econômicas nacionais, determinando a ineficácia destas últimas se em contradição com aquela, e até que ponto as políticas keynesianas e a institucionalidade da era keynesiana ainda são efetivas. São examinadas também diferentes propostas de reformas, classificadas de acordo com compreensões alternativas. Em conclusão, são analisadas diversas interpretações sobre a evolução recente da economia, com ênfase na questão do sistema monetário internacional, destacando-se as polêmicas sobre as diferenças de desempenho econômico entre os países desenvolvidos.
O sistema de Bretton Woods
 O padrão ouro, teoricamente, determinava regras de criação e circulação monetária em nível nacional e internacional de modo que a emissão de dinheiro seria baseada no estoque de ouro e teria livre conversão nesse metal, enquanto os pagamentos internacionais seriam feitos em ouro, e as taxas de câmbio entre as moedas seriam proporcionais ao seu lastro em ouro. Desta forma, ocorreria um ajuste automático dos desequilíbrios dos balanços de pagamentos, pois seria gerado um fluxo internacional de ouro e uma adaptação da oferta monetária, o que provocaria uma reação dos preços internos e o correspondente ajuste da competitividade internacional do país em desequilíbrio. Na prática, este mecanismo automático nunca funcionou conforme teoricamente previsto, devido às desigualdades estruturais entre os países, às assimetrias do comércio internacional e à rigidez de preços e custos. O que existiu foi um padrão moeda dominante, no caso um padrão libra-ouro, tendo em vista a hegemonia britânica nos campos industrial, financeiro, comercial e político-militar. A Primeira Guerra Mundial levou ao fim do padrão libra-ouro e, posteriormente, não se chegou a um acordo até Bretton Woods, em 1944. A Inglaterra já não podia assumir o papel anterior, dada sua relativa decadência, e os EUA, a nação com mais condições para ocupar este espaço, não o fizeram imediatamente. A economia norte-americana tinha pequena abertura comercial, era tradicionalmente protecionista e seu intenso desenvolvimento absorvia seus capitais, o que limitava sua capacidade de financiamento aos países deficitários. Com a crise dos anos 1930, ampliaram-se as práticas protecionistas e as desvalorizaçõescambiais competitivas. Neste contexto, surgiram várias áreas comerciais e monetárias, sem uma hegemonia clara e sem um acordo internacional. A Conferência de Bretton Woods decidiu a criação de instituições e normas com o intuito de gerir a economia mundial, reduzindo tensões e impulsionando o comércio e o desenvolvimento. Entre as instituições estavam o FMI e o Banco Mundial, e dentre as normas, as taxas cambiais fixas e o mecanismo para alterá-las, em casos extremos. A experiência das duas guerras mundiais e do período entre guerras levou a um consenso sobre a necessidade destes acordos, apesar de não sobre a forma que assumiram. Bretton Woods significou, em princípio, um meio termo entre uma visão não unilateralista e a admissão de que os EUA eram a potência dominante. Esta foi uma situação específica, em que os países europeus estavam enfraquecidos, além de que, logo após, surgiu a guerra fria. No entanto, os poderes econômico, político e militar dos EUA impuseram o dólar como a moeda internacional. Para que isto se sustentasse, era necessário que este país assumisse a responsabilidade de prover a liquidez internacional adequada e garantisse a confiança com uma baixa taxa de inflação interna, além de assumir o risco do sistema, como emprestador internacional de última instância. Além disso, era preciso que a potência hegemônica garantisse taxas de câmbio relativamente estáveis, assegurasse uma coordenação internacional de políticas macroeconômicas, proporcionasse empréstimos anticíclicos e mantivesse seu mercado relativamente aberto pelo menos para determinados bens (Kindleberger, 1986, cap. 14). No final da Segunda Guerra, os EUA estavam em posição de assumir parte considerável destas responsabilidades, conseguindo enfrentar as tradicionais posições isolacionistas internas. Por outro lado, nenhum país estava em condições de questionar esta posição. Uma interpretação específica sobre esta questão destaca a necessidade de uma nação hegemônica ditar as “regras do jogo” e assumir as responsabilidades decorrentes, de forma a estabilizar o sistema monetário internacional. Segundo esta visão, quando o poder está dividido, como no período entre guerras, a tendência seria o protecionismo exacerbado e baixas taxas de crescimento (Eichengreen, 1990, cap. 11). Esta posição destaca a importância da política sobre o funcionamento da economia, mas não deixa de ser uma defesa de um poder unilateral e uma visão cética em relação à possibilidade de acordos consensuados. Um problema que Bretton Woods enfrentou foi o de como garantir a liquidez internacional em dólares. Considerando-se que a Europa estava sem condições de realizar exportações substanciais para os EUA, não existia este mecanismo de geração de liquidez. A solução encontrada foi a criação do BIRD (Banco Mundial), que forneceria empréstimos para a reconstrução da Europa, garantindo a confiança e a segurança que os emprestadores privados não possuíam. Desta forma, seriam transferidos dólares para países europeus, os quais poderiam usá-los para realizar importações dos EUA. No entanto, estas transferências de recursos sempre foram insuficientes. O Banco Mundial e o FMI não contavam com o apoio da direita política no Congresso dos EUA e dos banqueiros de Wall Street. De fato, foi a guerra fria que acabou gerando outra alternativa de transferência de recursos para a Europa, sem as restrições políticas impostas às instituições de Bretton Woods: o Plano Marshall. A partir daí, os EUA, diretamente, forneceriam empréstimos bilaterais e doações para a reconstrução européia. Uma terceira fonte de dólares para a Europa foi a instalação de bases militares, cuja construção e pagamentos aos soldados eram feitos em dólares. Por fim, a instalação de empresas dos EUA na Europa também carreava dólares. Beneficiadas pelo Banco Mundial e pelo Plano Marshall, estas empresas transformaram-se nas modernas multinacionais. Os acordos de Bretton Woods determinaram a existência de taxas fixas de câmbio, com base no ouro. Alterações nas taxas só poderiam ocorrer em caso de mudanças estruturais em uma economia. Desta forma, a taxa de câmbio seria alterada por acordo e não através de iniciativa individual de um país. As taxas também possuíam uma flexibilidade de até 1% para adaptarem-se ao mercado livre de moedas, que, em tese, seria afetado basicamente pelo saldo comercial de cada país. Tendo isto em vista, os bancos centrais de cada país interviriam, em caso de necessidade, para garantir a estabilidade na faixa de 1%. Se as intervenções dos bancos centrais não fossem suficientes, recorria-se ao FMI. Este órgão foi criado com o papel de possibilitar a estabilização das taxas de câmbio, estimulando, desta forma, o desenvolvimento do comércio internacional. O FMI, em caso de necessidade, forneceria empréstimos em dólares para que as reservas de um país fossem aumentadas, fortalecendo sua moeda. Se isto não fosse suficiente, o FMI poderia exigir mudanças (as “condicionalidades”) na economia do país. Por fim, se, mesmo assim, a taxa não se estabilizasse, consultas internacionais via FMI poderiam alterar oficialmente a taxa de câmbio. Esta flexibilidade existia para todos os países menos para os EUA. A taxa de US$ 35,00 por onça de ouro não poderia ser alterada, pois, caso contrário, a confiança na moeda-base internacional seria afetada. Isto não poderia ocorrer porque os outros países acumulariam dólares como reservas e para transações. A garantia de que a cotação do dólar em ouro permaneceria fixa era dada pela promessa dos EUA de trocar por ouro todo dólar devolvido. Portanto, o único preço efetivamente fixado em ouro em Bretton Woods foi o do dólar, sendo as outras moedas, na prática, cotadas em dólares. No final da Segunda Guerra Mundial, os estoques de ouro dos EUA eram muito grandes, o que garantiu seu apoio a este sistema e sua estabilidade na sua primeira fase. Os acordos de Bretton Woods tentaram recuperar as vantagens do padrão ouro, minimizando os sacrifícios impostos por este padrão, o que poderia ocorrer com a atuação do FMI. Desta forma, desequilíbrios de balanço de pagamentos poderiam ser corrigidos via empréstimos do FMI, sem a ocorrência de recessão econômica. No entanto, esta solução poderia funcionar somente para pequenos desequilíbrios. Nos primeiros anos (aproximadamente até 1960), o padrão de Bretton Woods foi amplamente benéfico para a economia dos EUA. A transferência de dólares para a Europa permitiu compras de bens e serviços dos EUA, gerando saldos comerciais favoráveis e baixo desemprego, quase sem inflação. As empresas multinacionais aumentaram o poderio econômico dos EUA, e sua capacidade bélica cresceu muito com a instalação de bases militares por todo o mundo. Portanto, houve uma conjugação de hegemonia econômica, militar e política, que pode ser chamada de Pax Americana. 
O sistema de Bretton Woods entrou em crise não devido a seus defeitos mas, ao contrário, devido a seu sucesso (Belluzzo, 1995). Durante os anos 1960 foram sentidos os sintomas que prenunciavam seu desmoronamento, mas a política adotada foi a de administrar as crises, sem chegar-se a um acordo que solucionasse os problemas. Os investimentos externos, a ajuda financeira a outros países e os gastos militares no exterior afetavam negativamente o balanço de pagamentos dos EUA, o que era compensado pelo saldo positivo da balança comercial. No entanto, desde o final dos anos 1950, este último saldo reduzira-se, pois se completava a reconstrução da Europa e do Japão, que construíram uma estrutura industrial nova, com alta produtividade, podendo agora competir com os EUA. 
A OMC – Organização Mundial do Comercio 
Iniciou suas atividades em 1º de janeiro de 1995 e desde então tem atuado como a principal instância para administrar o sistema multilateral de comércio. A organização tem por objetivo estabelecer um marco institucional comum para regular as relações comerciais entre os diversos Membros que a compõem, estabelecer um mecanismo de solução pacífica das controvérsias comerciais, tendocomo base os acordos comerciais atualmente em vigor, e criar um ambiente que permita a negociação de novos acordos comerciais entre os Membros. Atualmente, a OMC conta com 164 Membros, sendo o Brasil um dos Membros fundadores. A sede da OMC está localizada em Genebra (Suíça) e as três línguas oficiais da organização são o inglês, o francês e o espanhol.
As origens da OMC remontam à assinatura do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), em 1947, mecanismo que foi responsável, entre os anos de 1948 a 1994, pela criação e gerenciamento das regras do sistema multilateral de comércio. No âmbito do GATT, foram realizadas oito rodadas de negociações comerciais, que tiveram por objetivo promover a progressiva redução de tarifas e outras barreiras ao comércio. A oitava rodada, conhecida como Rodada Uruguai, culminou com a criação da OMC e de um novo conjunto de acordos multilaterais que formaram o corpo normativo da nova Organização.
A OMC herdou do GATT um conjunto de princípios que fundamentam a regulamentação multilateral do comércio, dentre os quais se destacam:
· o da nação-mais-favorecida, segundo o qual um membro da OMC deve estender a todos os seus parceiros comerciais qualquer concessão, benefício ou privilégio concedido a outro membro;
· o do tratamento nacional, pelo qual um produto ou serviço importado deve receber o mesmo tratamento que o produto ou serviço similar quando entra no território do membro importador;
· o da consolidação dos compromissos, de acordo com o qual um membro deve conferir aos demais tratamento não menos favorável que aquele estabelecido na sua lista de compromissos; e
· o da transparência, por meio do qual os membros devem dar publicidade às leis, regulamentos e decisões de aplicação geral relacionados a comércio internacional, de modo que possam ser amplamente conhecidas por seus destinatários.
A OMC é composta por diversos órgãos, sendo os principais:
· a Conferência Ministerial, instância máxima da organização composta pelos ministros das Relações Exteriores ou de Comércio Exterior dos membros;
· o Conselho Geral, órgão composto pelos representantes permanentes dos membros em Genebra, que ora se reúne como Órgão de Solução de Controvérsias (OSC) e ora como Órgão de Revisão de Política Comercial;
· o Conselho para o Comércio de Bens;
· o Conselho para o Comércio de Serviços;
· o Conselho para os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio;
· os diversos Comitês, entre eles os Comitês de Acesso a Mercados, Agrícola e de Subsídios, entre outros; e
· o Secretariado, que tem por função apoiar as atividades da organização e é composto por cerca de 700 funcionários, chefiados pelo Diretor-Geral da OMC, cargo ocupado atualmente pelo embaixador Roberto Azevêdo.
Até o presente momento, já foram realizadas onze Conferências Ministeriais da OMC, sendo elas: Singapura (1996); Genebra (1998); Seattle (1999); Doha (2001); Cancun (2003); Hong Kong (2005); Genebra (2009 e 2011); Bali (2013), Nairóbi (2015) e Buenos Aires (2017).
Especialmente relevante, entre estas, foi a Conferência Ministerial de Doha, que estabeleceu o mandato para o lançamento da Rodada de Doha, primeira rodada negociadora realizada no âmbito da OMC, cujas negociações seguem em curso.
Tratados de Blocos Comerciais 
São acordos Intergovernamentais criado com a finalidade de facilitar o comércio entre os países membros. Adotam redução ou isenção de impostos ou de tarifas alfandegárias e buscam soluções em comum para problemas comerciais. Um fato observado na criação de alguns blocos é o aumento de desemprego em alguns setores produtivos, e isto, quase sempre, está relacionado a uma economia fragilizada internamente por déficit nas contas internas. São um exemplo de acordos o Mercosul, Nafta, Alca, EU e etc.
A questão dos padrões trabalhistas no comércio internacional
O tema condições de trabalho e comércio não é novo e já constava da Carta de Havana assinada em 1948. O assunto tem se convertido em um ponto polêmico nos últimos anos. Existe no cenário mundial uma pressão crescente para a introdução de alguns pontos básicos dos direitos dos trabalhadores nos acordos de comércio internacional.
Atualmente, os países já desenvolvidos afirmam ser injusta a competição entre produtos produzidos em países desenvolvidos e aqueles importados de nações que remuneram mal seus trabalhadores e não lhes  asseguram garantias laborais mínimas.
Por outro lado, nos países em desenvolvimento é amplamente difundida a ideia de que as motivações por trás da busca de padrões trabalhistas não são nada além de protecionismo disfarçado da parte dos países desenvolvidos. Os países em desenvolvimento encaram os diferentes padrões trabalhistas como fonte legítima de vantagens ou desvantagens comparativas e que, por essa razão, não devem ser combatidos. As divergências entre essas duas posições têm aumentado e, atualmente, o debate sobre os padrões trabalhistas adquiriu especial destaque na agenda internacional.
Nesse embate, a resistência da OMC em estabelecer uma conexão real entre temas comerciais e padrões trabalhistas permanece extremamente forte, tal como ficou claro durante a I Reunião Ministerial da OMC realizada em Cingapura. Na Reunião Ministerial de Cingapura (1996), EUA e Noruega propuseram a criação de um grupo de trabalho para discutir padrões laborais, o que foi amplamente rejeitado pelos países em desenvolvimento.
No fim, prevaleceu a vontade dos Estados em desenvolvimento e os Estados-Membros da OMC concordaram em delegar o assunto à OIT, reiterando a legitimidade desta para lidar com assuntos de natureza social e trabalhista.
Na declaração produzida ao final do encontro, os Estados-membros ali reunidos reiteraram que os assuntos trabalhistas deveriam continuar sendo discutidos, prioritariamente, no âmbito da OIT. 
Portanto, para os países em desenvolvimento, padrões trabalhistas são uma forma de protecionismo, já que pretendem erodir a vantagem comparativa dos seus custos de trabalho. Ainda, que a melhor forma de proteger os trabalhadores seria a liberalização do comércio e o desenvolvimento.
Os países em desenvolvimento não duvidam da importância da temática social e trabalhista, mas afirmam que há nelas um grande potencial para o protecionismo abusivo. O desafio reside em como conciliar essas preocupações trabalhistas legítimas com a liberação do comércio.
Não existe mecanismo de sanção, como na OMC, uma vez que se baseia na pressão política internacional contra os membros que desrespeitam as convenções aprovadas.
Os países em desenvolvimento fazem coro para rejeitar a vinculação de padrões trabalhistas à OMC.  Eles questionam a razão de países como os EUA, que não ratificaram muitas das convenções da OIT  e cujos 131 trabalhadores  apresentam  baixo  grau  de  sindicalização  estão tão interessados  em  empregar  sanções  comerciais  como  arma  para  garantir padrões trabalhistas.
Apenas para se ter ideia, das oito convenções sobre direitos humanos fundamentais da  OIT, apenas  duas  foram  ratificadas pelos  EUA,  a  saber: Convenção  n.º  105  (Abolição  do  trabalho  forçado)  e Convenção  n.º  182  (Abolição  do  trabalho  infantil)
A preocupação dos países em desenvolvimento é a de que, para eles, a vinculação de padrões trabalhistas a acordos comerciais nada mais é do que protecionismo disfarçado de preocupação humanitária.
A grande questão que se coloca diante de toda a discussão de se introduzir, ou não, o tema padrões trabalhistas dentro da OMC poderia ser resumida em dois pontos. Primeiro, seria o de avaliar os custos e benefícios de se sobrecarregar todo o sistema de solução de controvérsias da OMC e transformá-lo em um tribunal de cunho mais político e social do que comercial. Não se pode desprezar o grau de complexidade já introduzido na OMC com a negociação de acordos sobre propriedade intelectual e serviços, além de outros acordos em negociação como investimentos, concorrência e compras governamentais. Segundo, seria analisar as vantagens de se transformar a OMC na “guardiã”de temas não diretamente relacionados ao comércio, como meio ambiente e padrões trabalhistas.
Por fim, importa mencionar a chamada “cláusula social”, que seria uma cláusula inserta em tratados de comércio internacional que objetiva assegurar sanções comerciais aos países que não respeitarem padrões trabalhistas mínimos nos processos de produção de bens destinados à exportação. Não é adotada pela OMC até o presente. A adoção dessa cláusula permitiria à OMC impor restrições comerciais aos países que pratiquem o dumping social. Trata-se, em resumo, de um isolamento antidumping com finalidade punitivo-pedagógica.
Por sua vez, o “selo social” foi uma forma sugerida por Michael Hansenne, diretor geral da OIT de 1989 a 1997, para identificar, por parte dos consumidores, mercadorias produzidas de acordo com padrões mínimos da legislação internacional trabalhista. No caso de o selo não ser aprovado, a mercadoria poderia até mesmo ser recusada pelas alfândegas. Contudo, como a OIT não tem poderes coercitivos sobre seus membros, a medida também não se concretizou.

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