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0 1 Ao produzir este Segundo Caderno de Agroecologia de Montanha, esperamos contribuir mais uma vez para conciliar o desenvolvimento rural com a proteção da natureza nas Terras Altas da Mantiqueira. Em nosso Primeiro Caderno, pudemos olhar para os elementos do Agroecossistema de forma integrada, percebendo como eles interagem nos ambientes de montanha. Neste Segundo Caderno, queremos aprofundar a observação de alguns desses elementos do Agroecossistema, entendê-los com mais detalhes e propor alguns procedimentos básicos para obter melhores resultados. Entre os recursos naturais, escolhemos o solo, devido a sua importância para todo o agroecossistema. Aqui ele é apresentado como um elemento vivo. Sua vitalidade obedece a ciclos longos e só quem presta atenção e dedica cuidados ao solo pode conhecer seus segredos. Entre os seres vivos, destacamos como elementos do Agroecossistema as plantas, com o valor inestimável das suas sementes. Selecionadas manualmente por gerações e gerações de agricultores, as sementes guardam qualidades especiais das plantas, como resistência, adaptação e sabor. Mas, seduzidos pelas sementes comerciais, cada vez menos agricultores cultivam e armazenam variedades nativas, as chamadas sementes crioulas. Porém, muito desse patrimônio genético ainda pode ser salvo! Como fazer isso e as vantagens dessa prática é o que mostramos na seção “Sementes Crioulas”, que traz, também, a proposta para um banco de sementes das Terras Altas da Mantiqueira. Acompanhando os temas centrais deste Segundo Caderno, acrescentamos outros assuntos de interesse do homem do campo. Na seção “Saúde que vem da terra”, falamos sobre as ervas medicinais. Queremos aqui registrar o conhecimento que vem dos quintais, das hortas domésticas, procurando saber algo mais sobre essas plantas que, pouco a pouco, estão sendo reconhecidas por órgãos oficiais das áreas de medicina e saúde. As “Ferramentas Agroecológicas”, com suas dicas e soluções eficientes, que agradam a todos por sua simplicidade e baixo custo, estão novamente presentes nesta edição. Para finalizar, apresentamos o relato do 2º Encontro Regional de Agroecologia de Montanha das Terras Altas da Mantiqueira, que aconteceu em outubro de 2008 no vale do Matutu, Aiuruoca, MG. Assim como no Primeiro Caderno, a atual edição foi produzida a partir dos temas e assuntos que ocorreram durante o evento. Esperamos vocês no próximo Encontro! A P R E S E N T A Ç Ã O C A D E R N O S D E A G R O E C O L O G I A D E M O N T A N H A N º 2 E X P E D I E N T E e S U M Á R I O Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02 Elementos do Agroecossistema A vida do solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04 Sementes Crioulas Sementes para uma agricultura sustentável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06 Sementes Crioulas das Terras Altas da Mantiqueira . . . . . . . . . . . . 12 Saúde que vem da terra Ervas dos nossos quintais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Terapêutica Vegetal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 Lista de Registro Simplificado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Ferramentas Agroecológicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 2º Encontro de Agroecologia de Montanha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 EXPEDIENTE Coordenação Editorial: Karla Oddone Ribeiro. Pesquisa e Texto: André Cesar Henriques, Júlio Cesar Silva, Luiz Alberto Lima, Luiz Fernando de Mello Midéa, Mariana Marcon e Rute Misaki. Colaboração: Débora Cristina de Siqueira, Leonardo Cardoso Ivo e Marcelo Sambiase. Agradecimento Especial: Ana Primavesi. Projeto Gráfico e Ilustrações:Telma Cavallieri Victorio. Produção Editorial, Diagramação: Telma Cavallieri Victorio. Revisão de Texto: Marcela Guasque Stinghen. Tiragem: 5.000 exemplares. 0 3 E L E M E N T O S D O A G R O E C O S S I S T E M A 0 5 A BIOESTRUTURA DO SOLO: O solo é a base de todo o Agroecossistema (Caderno 1). Ele relaciona-se diretamente com todos os outros elementos e, para que possa favorecer o ciclo da vida no agroecossistema, precisa estar saudável, fértil. O principal fator para a vitalidade do solo é a sua bioestrutura. A bioestrutura do solo é a sua forma grumosa, estável à água, na camada entre 0 e 20 cm de profundidade. A terra grumosa é o que chamamos de “terra gorda” ou terra fofa. Observando uma floresta nativa e sua terra fofa, podemos observar como um solo com bioestrutura favorece as plantas, mantendo-as sempre verdes e saudáveis, haja chuva ou seca. A pobreza mineral, típica do solo de nossa região, não é uma desvantagem, enquanto sua bioestrutura for boa, o que tam- bém o provam as florestas nativas e a vegetação em solos vir- gens, que muitas vezes são pobres em minerais, mas possuem vegetação exuberante. 1 Extraído e adaptado de Ana Primavesi. Manejo ecológico do solo: a agricultura em regiões tropicais. Editora Nobel, 1984. A NATUREZA FUNCIONA COMO UMA TEIA: MEXENDO EM UM DOS PONTOS, PODE-SE DESTRUIR TODA A TEIA. A ESSA TEIA, CHAMAMOS ECOSSISTEMA. AO SISTEMA QUE PRODUZ ALIMENTOS, CHAMAMOS AGROECOSSISTEMA. 1 A G R O E C O S S I S T E M A D E M O N T A N H A 0 7C A D E R N O S D E A G R O E C O L O G I A D E M O N T A N H A N º 2 OS GRUMOS DA TERRA Os grumos da terra dependem de alguns fatores, mais especialmente: • dos microorganismos (bactérias, fungos, etc) Eles produzem colóides ou “cola orgânica”, que agrega o solo e que precisa ser renovada constantemente. Além de uma melhora na fofice da terra, através dos microorganis- mos e de sua atividade, vários nutrientes minerais que estão inertes no solo são mobilizados e disponibilizados para as plantas. • da matéria orgânica que serve de alimento para esses microorganismos e que consiste em material celulósico, como palha, folhas mortas, pontas de cana-de-açúcar, capim-napier, casca de café, etc. Essa matéria orgânica precisa ser incorporada somente superficialmente, permanecendo grande parte por cima, fora da terra, porque os microorganismos que devem decompô-la precisam de ar. O resultado disso é fácil de observar quando levantamos qualquer moita de palha seca que permanece cobrindo a terra por alguns meses. Ali já podemos encontrar vários bichinhos e minhocas que se favorecem da atividade dos microorganismos na terra sadia. A POROSIDADE Um dos mais importantes benefícios da bioestrutura do solo é a porosidade. A terra grumosa é porosa, permitindo a pronta infiltração de água, de ar e a penetração das raízes. Quanto maior a infil- tração de água, tanto menor a perda de solo por escorrimen- to de água. Uma das formas mais freqüentes de destruição dos grumos do solo é o impacto das gotas de chuva no solo exposto, que é capaz de atirar partículas arrancadas entre 1 a 2 metros de distância. EFEITO SPLASH Os sedimentos dos grumos desmanchados entopem os poros da terra e dificultam a infiltração da água. A água começa a escorrer em quantidade e velocidade, carregando solo na enxurrada e expondo o subsolo. É a erosão. Com ela, o solo se adensa e endurece. Os microorganismos não encontram mais condições de vida por falta de ar, umidade e matéria orgânica. UMA EXPERIÊNCIA PRÁTICA. Se água for derramada por cima de grãos de trigo ou arroz, desaparecerá rapidamente, infiltrando-se pelos “poros” ou espaços vazios entre os grãos. Mas, se o trigo for moído em farinha, existirão somente espaços minúsculos entre os grãos. Se água for derramada sobre a farinha, empoçará, penetrará vagarosamente e não a molhará toda. Um solo grumoso é semelhante ao trigo em grão, com muitos macro-poros, em que circula o ar, infiltra-se a água, que se drena por força da própria gravidade, e em que avançam as raízes. Mas, se os grumos se desmancharem, o solo é como a farinha.Faltam-lhe os macro-poros. Os micro-poros predominam e, conseqüentemente, faltará ar, água e a possibilidade de penetração das raízes. CONSERVANDO A VIDA DO SOLO Como fazer para obtermos uma terra tão fértil e saudável como as que encontramos nas florestas e terras virgens? Como criarmos e protegermos os grumos no solo? Para conservarmos a bioestrutura, a grumosidade do solo, é preciso: • a incorporação superficial de restos orgânicos; • a proteção da superfície do solo contra o impacto das chuvas com cobertura morta ou vegetação com pouco espaçamento, como no caso das pastagens bem formadas; • evitar o fogo, que acaba com a matéria orgânica, mata os microorganismos de fome e deixa o solo exposto. As vantagens de um solo com bioestrutura são: a infiltração rápida da água, a circulação de ar e a penetração fácil da raiz. Com essas condições, as plantas conseguem absorver mais nutrientes e oxigênio por suas raízes. As raízes, por sua vez, encontram mais área de crescimento e têm mais condições de absorver nutrientes e umidade. Isso torna as plantas mais saudáveis, resistentes aos riscos e variações climáticas. Por sua vez, elas geram massa verde, que pode ser novamente incorporada ao solo e, assim como nas florestas nativas, o ciclo se estabelece. O efeito do impacto da gota de chuva sobre um grumo de terra. 1.Terra com grumos 2.Terra sem grumos. Nota-se pequenos torrões de solo duro S E M E N T E S C R I O U L A S - I 0 9C A D E R N O S D E A G R O E C O L O G I A D E M O N T A N H A N º 2 As sementes locais ou crioulas são aquelas que foram sele- cionadas por gerações e gerações de agricultores. Além da produtividade, outros fatores influenciaram essa seleção. O sabor é um deles. A durabilidade para armazenar é outro. A melhor adaptação ao solo e ao clima da região também. Cada característica foi fazendo uma variedade ser escolhida aqui e ali. Aí as sementes foram sendo trocadas entre os vizinhos, atravessaram regiões e incorporaram outras características e cruzamentos. São sementes que fazem parte de uma corrente que vem através dos séculos, sendo selecionadas, adaptadas e cultivadas de forma artesanal. Fazem parte da história dos povos e foram responsáveis por alimentar o homem desde o início dos tempos. As sementes são herança comum de todos os povos; são material genético de direito natural da humanidade; não têm e nem podem ter donos. Hoje, está se perdendo grande parte dessa diversidade. Muitas dessas variedades estão desaparecendo e se extinguin- do. Com o modelo capitalista de “modernização” da agricul- tura, a diversidade está drasticamente reduzida e o agricultor tornando-se cada vez mais dependente da aquisição dos culti- vares impostos pelos pacotes tecnológicos. Cultivar sementes rústicas nos permite tornar a agricultura mais sustentável e com mais qualidade biológica. A auto- suficiência da propriedade rural é uma base econômica que nos permite continuar no campo. Com terra boa e boas sementes, podemos estabele- cer essa base e contribuir para conservar o patrimônio genético da natureza. Foto: SXC VANTAGENS DAS SEMENTES CRIOULAS As sementes crioulas são aquelas cultivadas pelos nossos avós, que foram sendo selecionadas e adaptadas ao longo de muitos anos. As principais vantagens das sementes crioulas são: • Auto-suficiência e redução de gastos para o produtor, pois não é preciso comprar sementes todos os anos e porque são sementes mais adaptadas, que não precisam de insumos industriais (fertilizantes e agrotóxicos); • Maior resistência a plantas invasoras, pragas e doenças, pois são plantas mais adaptadas às nossas condições de solo e de clima; • Sua seleção, artesanal, é dirigida às necessidades de subsistência rural, oferecendo boa produtividade, maior durabilidade de armazenamento e sabor especial. • Trazem em si um melhoramento de longo prazo e guardam características especiais e únicas. Constituem-se em um verdadeiro patrimônio genético de variedades vegetais cultivadas pela humanidade, que pode ser repassado às gerações futuras ou perdido para sempre. A QUEM INTERESSA A AGRICULTURA CONVENCIONAL? Chamamos de agricultura convencional aquela forma de fazer a agricultura baseada no uso de pacotes tecnológicos, ou seja, fertilizantes, agrotóxicos e sementes convencionais. Vestida com uma roupagem de “progresso e aumento da produção de alimentos”, essa forma de fazer agricultura, em verdade, interessa mesmo às empresas produtoras de insumos. As sementes comerciais ou híbridas fazem parte desses pacotes tecnológicos. São criadas em laboratórios a partir de espécies naturais, selecionando-se as qualidades mais desejáveis nas plantas para a agricultura convencional, ou seja, para o cultivo mecanizado, o plantio em grande escala, a maior produtividade por área plantada, e, especialmente, a dependência dos fertilizantes químicos e a maior resistência aos herbicidas e aos pesticidas usados para as doenças que as grandes monoculturas atraem. Além disso, para alcançar todas essas qualidades em uma só variedade, é preciso tantos cruzamentos de tipos de plantas, que a semente perde a capacidade de se reproduzir novamente. Portanto, a maior parte das sementes encontradas no comércio são híbridas, ou seja, se quisermos plantar nos outros anos com a mesma produtividade, é preciso comprar sementes novamente. Dessa forma, o produtor tem de comprar sementes todos os anos, junto com todo o pacote tecnológico, ficando à mercê das empresas produtoras. NA POLÍTICA Até agosto de 2003, a legislação em vigor no Brasil criminalizava o uso das sementes crioulas. Graças à pressão exercida por grupos de pequenos(as) agricultores(as), movimentos sociais e associações, a demanda pelo reconhecimento desse tipo de semente e a possibilidade de sua comercialização foi incluída na Lei no 10.711/03, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas (SNSM). Conheça a lei completa no site: http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta 1 2 3 5 S E M E N T E S C R I O U L A S 1 1C A D E R N O S D E A G R O E C O L O G I A D E M O N T A N H A N º 2 4 Nome Popular Local de procedência Abóbora Menina Matutu Abobrinha Matutu Alface Figueira Almeirão Figueira Arroz Canai Figueira Bardana Argentina Cabaça Purunga São Lourenço Fava Branca Itamonte Favinha Baependi Feijão Azuki São Lourenço e Passa Quatro Feijão Branco Baependi Feijão Carioquinha Passa Quatro Feijão de Corda Itamonte Quiabo Itamonte Feijão Guandu Furnas de Cima Feijão Fava para Adubação Verde Passa Quatro Feijão Trepa-Toco ou Marumbé São Thomé das Letras e Serra Negra Feijão Vermelho Furnas de Cima Milho indígena caboclo São Thomé das Letras Milho Cunha Matutu Milho Pérola Figueira Milho Roxo Caboclo Serra Negra Milho Saracura Figueira Mucurana Passa Quatro Repolho Louco de Verão Figueira Santa Bárbara São Thomé das Letras Sorga do Sudão Figueira Trigo Biodinâmico Demétria Ypê Amarelo Passa Quatro Outras sementes trocadas: Batata Orgânica, Cabaça de Cuia, Cácia (árvore), Cácia Mimosa, Feijão Cipó, Feijão Preto, Funcho, Guapuruvu, Jalo, Maracujá Doce, Milho Boliviano, Milho Resistente do Ismael, Robínea da América do Norte, Ypê Roxo. 5Abaixo apresentamos a lista de sementes trocadas entre os participantes do Encontro, com seus respectivos locais de procedência. Fotos: Luiz Midéa BANCO DE SEMENTES Os bancos de sementes podem ter vários objetivos. Na região brasileira do semi-árido, desde os anos 70 os agricultores familiares vêm armazenando sementes em bancos comunitários para poderem resistir aos longos períodos de estiagem. Na região sul, esses bancos servem para resgate e valorização desse patrimônio genético que vem se perdendo. No Segundo Encontro de Agroecologia de Montanha, diversas pessoas levaram sementes para trocas. Percebemos que esse é um patrimônio das Terras Altas ameaçado de extinção e que precisa ser revalorizado e preservado, para podermos pensar em alternativas realmente sustentáveispara continuarmos no campo. O MILHO NA AGRICULTURA FAMILIAR O milho é uma das mais importantes plantas das Américas e um dos principais cereais produzidos em todo o mundo. A agricultura familiar é responsável pela metade da produção brasileira desse vegetal. O milho enobrece a tradicional culinária mineira, contribuindo de forma significativa na manutenção das famílias rurais, principalmente por ser a mais importante fonte nutricional oferecida às suas criações, além de gerar subprodutos que são empregados como matéria prima na confecção de utensílios e artesanatos. As sementes de milho crioulas são variedades locais cultivadas ao longo dos séculos pelas comunidades indígenas e, posteriormente, pelos agricultores familiares, responsáveis por esse longo período de seleção, cruzamentos e conservação desses valiosos recursos vegetais. Muitos dos agricultores familiares das Terras Altas da Mantiqueira ainda preservam o secular hábito de cultivar sementes de milho crioulas. Um dos mais notáveis é o “colecionador de sementes” Ismael, que há décadas seleciona as inúmeras variedades de milho crioulas para serem cultivadas e utilizadas na sua alimentação. As variedades de milho crioulas são um dos mais importantes patrimônios genéticos mundiais, pois mantêm milhares de agricultores familiares e povos indígenas, representando um alicerce à soberania nacional e à nossa segurança alimentar. H I S T Ó R I A D E L A V R A D O R - 2 1 3C A D E R N O S D E A G R O E C O L O G I A D E M O N T A N H A N º 2 S E M E N T E S C R I O U L A S - 2 MILHO CUNHA Local onde é encontrado hoje: Matutu e Cangalha (Aiuruoca) Informante: Damião Ribeiro da Cruz Entrevista e Fotos: Luiz Midéa Damião Ribeiro da Cruz, o Dono, mora no Matutu e, desde os 10 anos, já ajudava seu pai nas lavouras de milho, sempre com sementes crioulas. Dono ganhou sementes de milho Cunha de um amigo do bairro vizinho do Cangalha, e, desde então, só planta dele. Ele ensina: “já plantei o milho Amarelão, mas esse, o Cunha, eu aprovei mais. Gosto porque ele é puro, dá espiga grande, demora para carunchar; e gosto muito de usar o sabugo e a palha dele para adubo ao redor do pé das plantas. É um milho alto, dá bastante rama para silagem. Demora uns 8 meses até o ponto de quebrar ele do pé. Se for um lugarzinho mais frio, demora mais um pouco. O híbrido dá mais rápido, mas agüenta menos, caruncha logo. Eu planto o milho na terra pura, ele vai bem. Na primeira capina, vou capinando geral e deixo o capim espalhado com a terra, apodrecendo. Na segunda capina, junto esse esterco de capim misturado com terra no pé do milho. Não depende de muita chuva, vai que é uma beleza. Para conservar, é bom esperar ele ficar bem seco para colher. Quando chega esse ponto, as espigas maiores começam a tombar”. FEIJÃO SERRA AZUL Local onde é encontrado hoje: Cangalha (Aiuruoca) Informante: Daniel Ribeiro Entrevista e Fotos: Mariana Marcon Feijão da vargem roxa. Dá cipó, o que significa que as covas devem ter um maior espaçamento que as covas dos outros feijões. O feijão serra azul da vargem vermelha é o mais forte e dá fácil. O da vargem branca é “carunchador”. FEIJÃO BRANCO Local onde é encontrado hoje: Baependi Pesquisa: : Luiz Alberto Lima e Mariana Marcon Foi um feijão que veio do interior de São Paulo há aproximadamente 8 anos. Adaptou-se muito bem à região das Terras Altas da Mantiqueira. Produzido por um agricultor de Baependi, é um feijão grande, “farturento” e rico em proteínas. Estamos buscando levantar as variedades crioulas da nossa região e assim começar um banco de sementes. A idéia surgiu durante a troca de sementes ocorrida durante o Segundo Encontro de Agroecologia, no Matutu. Na ocasião, pudemos coletar e trocar muitas variedades interessantes. Depois saímos a campo para “assuntar” e pesquisar um pouco sobre outras variedades que ainda são lembradas pelos habitantes da região e descobrimos que há muito a se resgatar e preservar por aqui. Capim Gordura em floração, uma pastagem adaptada à Serra da Mantiqueira. S E M E N T E S C R I O U L A S - 2 C A D E R N O S D E A G R O E C O L O G I A D E M O N T A N H A N º 2 MILHO BRANCO (CATETO) Local onde é encontrado hoje: Ribeirão (Pouso Alto) Informantes: Sr. Eurico Soares Fonseca e Sra. Maria de Lourdes Rodrigues Fonseca Entrevista e Fotos: Júlio César Silva Com o nome popular de "cateto", devido ao formato da espiga (semelhante a um focinho de porco), o milho branco é cultivado há pelo menos 60 (sessenta anos) no bairro do Ribeirão em Pouso Alto. Tem como característica principal a qualidade de se prestar a vários usos: alimentação de pequenos animais, como galinhas e porcos; alimentação humana, sendo usado, neste caso, na fabricação de bolos, angus, fubá e farinha. Milho de ciclo longo, plantado em covas no início de setembro, usa-se 5 sementes/cova, sendo colhido manualmente a partir de maio. Armazenado em casca nos pequenos paióis da comunidade. Seu fubá é famoso, sendo vendido no Vale do Paraíba paulista, principalmente em Cruzeiro. Destaca-se a deliciosa farinha de milho branco, fabricada artesanalmente nos monjolos d’água da comunidade do Ribeirão. Já a palha, é usada na confecção de artesanato, especialmente cestarias e enfeites feitos pelos artesãos da Ribeirarte (Associação dos empreendedores rurais do bairro Ribeirão). FEIJÃO TREPA TOCO OU MARUMBÉ Local onde é encontrado hoje: São Thomé das Letras e Serra Negra (Itamonte) Informantes: Ismael e Leo Pesquisa: Luiz Alberto Lima e Mariana Marcon. Feijão que se planta na mesma cova do milho. O feijão trepa no milho. Daí a expressão trepa-toco. Ambos são colhidos depois de 6 meses. Segundo os antigos, esse feijão tem mais de 100 anos de tradição de cultivo na região e atualmente quase não se encontra mais nas nossas roças. MILHO AMARELÃO Local onde é encontrado hoje: Quatro Óleos (Aiuruoca), Serra Negra (Itamonte) Informante: Ismael Entrevista e Fotos: Mariana Marcon e Luiz Alberto Lima Muito cultivado pelos antigos como alimento, atualmente é mais usado como silagem, por ser de grande porte e já quase não se encontrar mais na região. Sua semente, por conter uma parede muito resistente, é muito durável no paiol. Segundo os antigos, essa é uma semente que deveria voltar a ser cultivada, já que produz um milho muito “farturento”. MILHO PÉROLA Local onde é encontrado hoje: Quatro Óleos (Aiuruoca), Serra Negra (Itamonte) Informante: Ismael Entrevista e Fotos: Mariana Marcon e Luiz Alberto Lima O Milho Pérola foi muito cultivado pelos antigos da região e, por conter grande quantidade de amido, tem as paredes mais finas, o que o torna um milho “carunchador”, pouco resistente no paiol, porém muito nutritivo. ARMAZENAMENTO DE SEMENTES CRIOULAS Para conservar as sementes por um longo período de tempo, usa-se colocar as sementes em garrafas pets ou de vidro, misturadas com cinza ou areia. Dessa maneira, as sementes não pegam caruncho e há quem as tenha guardadas por muitos anos. Também se usa armazenar as sementes a vácuo. Coloca-se um pedaço de vela acesa dentro da garrafa e tampa-se a mesma, produzin- do assim um vácuo que conserva as sementes por muitos anos. PROCURA-SE Nas nossas conversas ficamos sabendo de algumas espécies que eram muito utilizadas na nossa região e que hoje estão desaparecidas. A partir dessas informações, estamos procurando localizar essas e outras sementes, para fazerem parte do banco de sementes local. As sementes citadas foram: Abóbora Argila, Feijão Pardinho, Feijão Serra Roxa, Milho Espinhudo, Milho Amarelão, Feijão Bico de Ouro, Milho Beira Mar, Feijão Penca e Feijão Marumbé. Conhecendo essas ou outras sementes crioulas que são plantadas na nossa região, por favor, entre em contato com a Fundação Matutu ou com o escritório da EMATER de seu município. As sementes crioulas são patrimônio de todos nós e a base para a nossa permanência no campo. 1 5 S A Ú D EQ U E V E M D A T E R R A 1 7C A D E R N O S D E A G R O E C O L O G I A D E M O N T A N H A N º 2 O conhecimento das plantas medicinais é tradicional, ou seja, é um conhecimento de várias gerações que vai passando de pais para filhos. São plantas que nascem no nosso quintal e só quem conhece, reconhece. Nosso objetivo nesta seção é apresentar algumas dessas plantas que são parte do conhecimento tradicional das pessoas da nossa região. Por Rute Kimi Misaki 1 1. SETE-SANGRIA-DA-SERRA (Mikania smilacina). No Sul de Minas, há uma planta muito aromática chamada Sete-Sangria-da-Serra (Mikania smilacina). Ela é usada há bastante tempo pelo povo da terra para tratar a hipertensão, mas ainda não tinha sido identificada pelos cientistas. Graças à colaboração dos senhores Mateus Bernardo da Silva e Luís Paulino dos Santos, em conjunto com a Profª Drª Maria de Fátima Carvalho Alcântara, da Universidade Federal de Minas Gerais, foi possível identificá-la. 2. QUEBRA-PEDRA (Phyllanthus niruri L.). A planta Quebra-Pedra, utilizada para expelir as pedras dos rins, é muito conhecida na região. Seu nome já indica para que serve. Diurética, anti-bacteriana, hipoglicemiante, anti-espasmódica, hepatoprotetora, anti-cancerígena, ativa contra o vírus da hepatite B, dissolve os cálculos renais. Ela reduz a produção da matéria prima para a formação de pedras, impedindo a fixação de ácido úrico com o oxalato de cálcio. Relaxa a musculatura dos canais urinários, alargando os dutos para a passagem da pedra. Usada e conhecida por todo o país, consagrada com suas propriedades cientificamente estudadas, é de grande benefício para a nossa gente. Mateus Bernardo da Silva, seu Mateus, como é conheci- do na região, tem 69 anos. Casado com Dona América Ferreira da Silva, é pai de sete filhos. Residente no Vale do Matutu, herdou o conhecimento das plantas medicinais do seu avô curador e benzedor Zeca Bernardo. Seu Mateus costuma tomar o chá de Sete-Sangria-da-Serra para regular a sua pressão arterial, para o sangue e o coração. Para inchaço nas pernas, colesterol, coração e fígado, toma Hissopo. Aconselha que, ao tomar o chá quente, não se deve tomar ou comer nada frio. 1 Rute Misaki é produtora rural. Seu Jardim de Ervas fica no Vale do Matutu, a aproximadamente 1300m de altitude. Origem: Europa. Indicações: Diurética, fortificante do estômago, relaxamento dos ureteres, tratamento de cistite e cálculos renais. Parte usada: Toda a planta. Contra-indicação: Gestantes. Dosagem: Adulto – chá por infusão, 2 colheres de sopa para 1 litro d’água. Tomar 1 xícara 3 a 4 vezes ao dia. S A Ú D E Q U E V E M D A T E R R A 1 9C A D E R N O S D E A G R O E C O L O G I A D E M O N T A N H A N º 2 Maria Olária da Silva, 74 anos, é viúva. Residente no Vale do Matutu, Dona Lica, como é conhecida na região, conta que aprendeu sobre as plantas medicinais com a sua avó Maria Ferreira e sua mãe Maria da Conceição Ferreira. Dona Lica possui, na sua horta, várias ervas: Mil-Folhas, Hortelã, Poejo, Arnica, Funcho, Chapéu-de-Couro, Hissopo, Boldo, Melissa, Alfazema; que gentilmente colhe para a sua família. Ela conhece várias ervas do campo: Genciana, Tomba, Paratudo, Sete-Sangria, Velame, Curraleira e Quebra-Pedra. Costuma tomar chá de Carqueja para o colesterol, estômago e fígado; Hissopo para inchaço, mal-estar no peito e pressão alta. 7. CARQUEJA (Bacharis trimera). Origem: Brasil. Indicações: Tônico estomacal, diurético, estimulante do fígado, tratamento de reumatismo, anemias, diabetes, obesidade e má digestão. Parte usada: Ramos Contra-indicação: Gestantes. Dosagem: Adulto – chá por infusão, 2 colheres de sopa para 1 litro d’água. Tomar 1 xícara 2 a 3 vezes ao dia, antes das refeições. 6. TANCHAGEM (Plantago major). Origem: Europa. Indicações: Expectorante, adstringente, depurativa, bactericida, tônica, anti-inflamatória, tratamento de amigdalite, faringite, gengivite e estomatite. Parte usada: Toda a planta. Contra-indicação: Gestantes. Dosagem: Adulto – chá por infusão, 2 colheres de sopa para 1 litro d’água. Tomar 1 xícara 3 a 4 vezes ao dia. Tintura - 30 gotas, 3 vezes ao dia. 3. HISSOPO (Leonurus sibiricus L.). Origem: China, Sibéria e Japão. Planta naturalizada em todo o território brasileiro. Indicações: Amarga e diurética, estimulante da circulação, hipotensor e depurativo. Parte usada: Caule, folhas e flores. Contra-indicação: Gestantes, mães amamentando. Dosagem: Adulto – chá por infusão, 2 colheres de sopa para 1 litro de água. Tomar 1 xícara 3 a 4 vezes ao dia. 4. DENTE-DE-LEÃO (Taraxacum officinale). Origem: Europa. Indicações: Tônico, bom para o colesterol e ácido úrico, diurético, depurativo, estimula a secreção do suco gástrico, estimula o funcionamento do fígado e da vesícula, anti-reumático e hipoglicemiante. Parte usada: Folhas e raízes Contra-indicação: Náuseas, vômitos, gestantes, obstrução do duto biliar. Dosagem: Chá por infusão, 2 colheres de sopa para 1 litro d’água, 3 a 4 vezes ao dia, antes das refeições. Tintura – 30 gotas antes das refeições, 3 vezes ao dia. 5. CAPEBA (Pothomorphe umbellata). Origem: América. Indicações: Digestivo, anti-térmico, diurético, tônico, regula a menstruação. Parte usada: Folhas e raízes. Contra-indicação: Gestantes. Dosagem: Adulto – chá por infusão, 2 colheres de sopa para 1 litro d’água. Tomar 1 xícara, 3 a 4 vezes ao dia, após as refeições. Fotos: Sidney Raeder e Rute Kimy Misaki S A Ú D E Q U E V E M D A T E R R A S A Ú D E Q U E V E M D A T E R R A C A D E R N O S D E A G R O E C O L O G I A D E M O N T A N H A N º 2 CRENÇAS E LENDAS ALECRIM (Rosmarinus officinalis): As lendas nos contam que as flores do Alecrim eram brancas e ficaram azuis quando Nossa Senhora descansou com o menino Jesus à sua sombra, na viagem de fuga para o Egito. Também se diz que um pé de alecrim nunca terá altura superior à de Cristo quando adulto; e que foi com um de seus ramos floridos que um jovem príncipe tentou e conseguiu despertar a Bela Adormecida de seu sono de cem anos. Os sicilianos ensinam para as suas crianças que as fadas meninas gostam de se transformar em serpentes e brincar à sombra dos alecrins cheirosos. Muitos povos têm a certeza de que a planta só floresce no jardim de homem justo e piedoso. ACREDITA-SE QUE A PLANTA CRESCE COM VIGOR ONDE A FORÇA FEMININA É PREDOMINANTE. Acredita-se, desde tempos muito antigos, que o alecrim estimula a memória. Por isso, os estudantes gregos tinham o hábito de entrelaçar ramos em seus cabelos quando estudavam para os exames. O alecrim é também considerado símbolo de amizade, porque as pessoas que o usam sempre se lembram dos amigos. Nos casamentos, era usado nas grinaldas das noivas para dar sorte; nos enterros, para dar paz ao morto; e, nas igrejas e hospitais, queimado como incenso para santificar e purificar o ambiente. (Fonte: Rosy L. Bornhausen, As Ervas do Sítio, Ed. Bei Comunicação, 1998.) 2 1 CUIDADO NO USO DAS PLANTAS MEDICINAIS Tenha a certeza da identificação da planta quando estiver colhendo. Colete em lugares limpos, fora da beira da estrada e de lugares poluídos. Observe a água de irrigação. Quando adquirir planta seca, observar a sua coloração, que deve ter aspecto saudável, sem a presença de mofos e corpos estranhos. Respeite a dosagem para ter bons resultados. Não utilize plantas medicinais durante os três primeiros meses de gravidez. DEFINIÇÕES Plantas medicinais: são plantas usadas tradicionalmente com fins terapêuticos. Fitoterapia: é a terapia que utiliza plantas medicinais sem o emprego de substâncias ativas isoladas. Droga vegetal: é a planta medicinal ou suas partes após processo de coleta, estabilização e secagem, podendo ser ínte- gra, rasurada, triturada ou pulverizada. Derivados de drogas vegetais (ou princípio ativo): é o produto de extração de matéria prima vegetal. São os princípios ativos isolados que serão usados para fabricação de medicamentos. Fitoterápicos: são medicamentos obtidosexclusivamente de derivados de drogas vegetais. Foto: Luiz Midea REGISTROS E POLÍTICAS As plantas medicinais são de uso caseiro e tradicional e não precisam de registro ou cadastro. Entretanto, para sua comercialização, as embalagens não podem ter alegação terapêutica. Os fitoterápicos só podem ser produzidos por farmácias credenciadas e precisam ser registrados pela Associação Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em 2004, foi publicada a Lista de Registro Simplificado de Fitoterápicos (resolução nº 89/04), uma lista de 33 plantas medi- cinais cujos princípios ativos foram identificados e aprovados pela Vigilância Sanitária. Em 2006 (decreto 5813, de 23/06/2006), foi publicada a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Dentre seus objetivos específicos, tem-se: “Promover o uso sustentável da biodiver- sidade e a repartição dos benefícios decorrentes do acesso aos recursos genéticos de plantas medicinais e ao conhecimento tradicional associado”. Para saber mais, visite o site: www.anvisa.gov.br A utilização dos recursos terapêuticos dos vegetais e seu estudo são tão antigos quanto a própria humanidade. As plantas medicinais eram usadas como medicamentos para tratar diversas enfermidades. Tradicionalmente, o seu conhecimento era passado oralmente para as sucessivas gerações, marcando, assim, um passo importante na história da medicina. Por Rute Kimi Misaki Fotos: Magali Rodrigues C A D E R N O S D E A G R O E C O L O G I A D E M O N T A N H A N º 2 2 3 S A Ú D E Q U E V E M D A T E R R A Alho (Allium sativum L.) Babosa (Aloe vera) Equinácea (Echinacea purpurea) Calêndula (Calendula officinalis L.) Camomila (Matricaria recutita L.) Guaco (Mikania glomerata Sprengl.) Bulbo Folhas Caule e Folhas Flores Flores secas Folhas Tintura, óleo, extrato seco Creme e gel Extratos Tintura e extrato Tinturas, extratos Extrato e tintura Ajuda no tratamento de hiperlipidemia (colesterol alto) e hipertensão arterial leve Tratamento de queimaduras por calor (1o e 2o graus) Previne e ajuda no tratamento de resfri- ados e infecções nos tratos respiratório e urinário Cicatrizante e anti-inflamatório Ajuda a combater a insônia leve; pode ser usado em compressas para inflamações; bom para digestão; antiespasmódico (usado para prevenir a ocorrência de espasmos no estômago, intestino ou bexiga). Expectorante, broncodilatador Oral Uso tópico Oral Uso tópico Oral e tópico; tintura (apenas tópico) Oral VIA DE NOME PARTE USADA FORMAS DE USO INDICAÇÃO ADMINISTRAÇÃO FOTO Fotos: SXC, Sidney Raeder e Rute Kimy Misaki} (Resolução no 89, de 16/03/2004) A lista de simplificados indica plantas com comprovada segurança e eficácia. Abaixo, selecionamos algumas plantas dessa lista que são mais utilizadas na nossa região. Para ter acesso à versão completa da lista, acesse http://www.anvisa.gov.br/e-legis/ C A D E R N O S D E A G R O E C O L O G I A D E M O N T A N H A N º 2 2 5 F E R R A M E N T A S A G R O E C O L Ó G I C A S 2. ARAUCÁRIA - Araucaria angustifolia. Nos fragmentos das florestas, germina uma alternativa para a conservação de um dos cenários mais característicos e ameaçados de extinção do país. Reconhecidas pela sua imponente beleza e importância na diversidade biológica, as Florestas com Araucárias formam um bioma que só existe no Brasil. Além de ter importância científica, social, estética e econômica; a fauna silvestre é fundamental para a sustentabilidade dos ecossistemas. A sobrevivência de numerosas espécies depende da Araucária, já que o nosso inverno coincide com o período de estiagem, período em que os alimentos nas florestas são escassos. A araucária, além disso, é fundamental na natureza, pois serve de abrigo a animais silvestres, melhora as condições ambientais, protege o solo da erosão e das cheias. 2.1. Controle de doenças de peixes com folhas de Araucaria angustifolia (Pinheiro Brasileiro, Pinheiro-do- Paraná, Pinheiro do Pinhão). Preparo e Tratamento: Encher sacos com folhas verdes de araucária. Colocar uma pedra no saco (para afundar na água). Amarrar uma corda na boca do saco e jogá-lo com as folhas nas águas dos peixes, principalmente nos períodos de entrada do inverno. 3. CITRONELA DE JAVA - Cympopogun nardus. A Citronela de Java é uma gramínea originária da Índia. As suas folhas são ricas em substâncias, como o citronelal e o geraniol, e exalam um perfume bastante agradável, que muito lembra o do eucalipto, de forte efeito repelente, principalmente contra moscas, mosquitos e borrachudos. 3.1. Controle de pragas com Citronela A Citronela de Java é umas das melhores alternativas naturais de controle de insetos e pragas. Para isso, basta plantá-la nos locais desejados para obter o seu efeito repelente. A citronela deve ser cultivada em locais ensolarados, para que os seus odores se espalhem e espantem os insetos. A citronela tem, ainda, ação larvicida e acaricida (contra ácaros). A essência de citronela pode ser utilizada em perfumes, velas, repelentes, desinfetantes, aromaterapia e armazenagem de alimentos. Atenção: O uso das folhas e do óleo de citronela diretamente sobre a pele pode provocar graves irritações. 4. GUACO - Mikania glomerata. O guaco é uma planta medicinal da família Compositae, muito utilizada nos tratamentos de bronquites, gripes, infecções na garganta, rouquidão, tosse, etc. Tem as suas propriedades medicinais comprovadas (veja a seção “Saúde que vem da terra”). 4.1. Antiofídico natural com Guaco Há séculos, o guaco é utilizado pelos índios brasileiros como poderoso antídoto natural antiofídico, controlando os sintomas de ataques de animais peçonhentos. Este atributo do guaco faz com que a planta também seja popularmente conhecida como a “Erva das Serpentes” ou “Erva de Cobra”. Existe a tradição de plantar o guaco para afugentar as cobras. Para bloquear os efeitos dos venenos de cobras e de outros animais peçonhentos, as folhas de guaco são esmagadas e aplicadas, em forma de cataplasma, sobre as picadas dos animais. 1. SISTEMAS QUEBRA-VENTOS Os ventos provocam grandes prejuízos na agropecuária, fáceis de serem percebidos: qual produtor nunca teve uma “quebra” no leite após a chegada dos ventos frios? O QUE É O QUEBRA-VENTO? O quebra-vento é um sistema natural que serve para atenuar o padrão de velocidade e turbulência dos ventos, gerando melhores condições ambientais e protegendo as culturas e as criações, além de proporcionar a diversificação da atividade. Por esses motivos, o quebra-vento é um dos principais investimentos a serem implantados nas propriedades rurais. QUAIS AS VANTAGENS? Uma das principais vantagens do quebra-vento é a economia de água, promovida pela redução da evapotranspiração das culturas. Além disso, o sistema diminui a ocorrência de quebra nos galhos, folhas, flores e frutos, que causam ferimentos e são as portas de entrada das doenças. Um sistema quebra-vento pode duplicar a produtividade agrícola em condições climáticas normais e quintuplicar nos períodos mais críticos (secas). As árvores utilizadas para os quebra-ventos vão arborizar as pastagens. Durante grande parte dos dias de verão, o ambiente é considerado “estressante”, gerando desconforto aos animais. O quebra-vento, além da barreira natural, ainda serve como abrigo para os pássaros predadores das pragas agropecuárias. COMO FAZER? O quebra-vento pode ser feito com a permanência e/ou o plantio seqüencial de árvores, no sentido perpendicular aos ventos predominantes. As árvores utilizadas no sistema quebra-vento devem, de preferência, ser nativas do bioma, ter crescimento rápido, ter porte ereto, ser flexíveis, resistentes ao vento, apresentar folhas perenes e sistema radicular pouco competitivo, e também pouco vulnerável ao ataque de pragas e doenças. O ideal seriam espécies que reunissem todas essas características desejáveis, adaptáveis às condições do clima e do solo local. IDENTIFICARQUAIS OS PRINCIPAIS DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS NOSSOS PRODUTORES E BUSCAR NA NATUREZA DO COTIDIANO RURAL AS ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS PARA SUPERAR ESSES OBSTÁCULOS. ESSE É UM DOS PRINCIPAIS OBJETIVOS DAS “FERRAMENTAS AGROECOLÓGICAS”, CONTRIBUINDO COMO VERDADEIROS INSTRUMENTOS RUMO AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA NOSSA AGROPECUÁRIA. Por André César Henriques 1 F E R R A M E N T A S A G R O E C O L Ó G I C A S Foto: Luiz Midéa 1André Henriques é técnico da EMATER-MG, escritório de Caxambu. OFICINAS DO SEGUNDO ENCONTRO 1. ERVAS MEDICINAIS Ministrante: Rute Misaki Realizada no Jardim de Plantas Medicinais do Matutu, esta oficina demonstrou o cultivo agroecológico de ervas em canteiros circulares. 2. COMBATE NATURAL DE PRAGAS Ministrante: André Henriques Identificamos as principais pragas e doenças que assolam a nossa agropecuária, apresentamos técnicas eficientes, simples, seguras, naturais e de reduzido custo econômico e operacional para os produtores. 3. MONITORAMENTO DE VISITAÇÃO TURÍSTICA Ministrantes: Marinilsa Costa Favaro e Edson Spini Logato A oficina baseou-se na conscientização e na atenção para a responsabilidade do monitor ambiental como agente colabo- rador da sustentabilidade. 4. CONSTRUÇÃO DE ESTUFA Ministrantes: Débora Cristina de Siqueira e Wanderley Bustamante 5. DANÇAS DA PAZ Ministrantes: Laerte Willmann Uma oficina que lembrou a função natural de cantar e dançar em roda, que ocorre em todos os povos nativos e em todas as culturas próximas da terra. 6. RODA SOBRE EXPERIÊNCIAS AGROECOLÓGICAS E TROCA DE SEMENTES Ministrantes: Ismael (São Thomé das Letras), Léo (Serra Negra), Guilherme (Matutu) e Prof. Vicente (UFLA) Sentamos no gramado do Casarão para falar de experiências de vida, princípios filosóficos da agroecologia e do estabelecimento de novas relações com a natureza. 2 7C A D E R N O S D E A G R O E C O L O G I A D E M O N T A N H A N º 2 No primeiro Encontro, o objetivo era reconhecer e identificar experiências e práticas agroecológicas na região, propondo o conceito de Agroecologia de Montanha. Em sua segunda edição, o Encontro esteve orientado para aprofundar conhecimentos e realizar práticas. PRIMEIRO DIA: Em 2008, o Encontro serviu para o lançamento do Programa Estadual de Agroecologia da EMATER-MG, com a apresentação do Programa pelo Eng. Agrônomo Francisco Tinoco. Ainda no primeiro dia, foram apresentadas duas palestras: a primeira sobre Conservação do Solo, com o consultor e produtor orgânico Marcelo Sambiase e a segunda sobre Associativismo e Mobilização Rural, com Frei Honório, baseada na sua bem sucedida experiência na cidade de Mantenópolis, no Espírito Santo. Após essas palestras, a EMBRAPA apresentou o Projeto Saberes, que está desenvolvendo na região, para resgate do etnoconhecimento local. À noite, após o jantar, aconteceu uma celebração cultural, com apresentações teatrais da Companhia Matutu, contação de piadas pelo Felipe, da comunidade do Engenho (Alagoa); e uma folia, com os excelentes músicos do bairro dos Pedros (Aiuruoca). SEGUNDO DIA: Na manhã do segundo dia, os participantes se dividiram em grupos para a participação em oficinas. Os assuntos das oficinas foram elaborados de acordo com os temas levantados no primeiro encontro. À tarde, após o almoço, representantes do Banco do Brasil apresentaram a linha de financiamento PRONAF - Agroecologia. Em seguida, mais algumas experiências foram apresentadas: produção de farinha de pinhão, com Léo, da Serra Negra (Itamonte) e cultivo de oliveiras, com Cláudio Ferreira, do Instituto Alma da Terra (Baependi). Finalizando, o Projeto Comunidades da Serra do Papagaio, da Fundação Matutu, foi apresentado por Luiz Midéa, com especial enfoque na atual criação do Consórcio de Ecodesenvolvimento Regional da Serra do Papagaio. Uma Dança da Paz com todos os participantes encerrou o evento. Na despedida das comitivas (“Até o ano que vem!”) era possível perceber que o Encontro está se tornando um acontecimento no calendário das Terras Altas da Mantiqueira. A cada ano, o significado do Encontro Regional de Agroecologia das Terras Altas da Mantiqueira ganha força. O evento busca contribuir para o surgimento de um novo olhar para as formas de proteger a natureza da nossa região, promovendo a interação entre a população rural, o manejo ecológico dos recursos naturais, a qualificação do produtor rural e a prática de alternativas econômicas sustentáveis. Ao invés de impor fiscalização e leis ambientais ao produtor rural, muitas vezes com efeitos sociais traumáticos e alto custo ao governo, a agroecologia propõe uma outra estratégia ambiental, com mais ênfase no ecodesenvolvimento rural e na parceria com a população local, através dos manejos adequados. Participe dessa idéia! O II ENCONTRO REGIONAL DE AGROECOLOGIA DE MONTANHA DAS TERRAS ALTAS DA MANTIQUEIRA ACONTECEU NOS DIAS 9 E 10 DE OUTUBRO DE 2008 E CONTOU COM A PARTICIPAÇÃO DE APROXIMADAMENTE 230 PESSOAS DURANTE OS DOIS DIAS DO EVENTO. A proposta do Encontro é divulgar a Agroecologia de Montanha, oferecendo técnicas, mobilizando conhecimentos locais e favorecendo o intercâmbio e a troca entre os produtores rurais da região. O Programa Estadual de Agroecologia O Programa Estadual de Agroecologia está em fase final de elaboração e será encaminhado em breve ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Essa ação da EMATER-MG pretende institucionalizar a agroecologia como política pública no Estado de Minas Gerais e o núcleo EMATER das Terras Altas da Mantiqueira passa a ser um importante pólo para iniciar as ações do Programa. Um Banco de Sementes para as Terras Altas da Mantiqueira: Um dos resultados mais interessantes desse 2º Encontro foi a troca de sementes crioulas entre os participantes. Queremos que isso seja o início de um dos bancos de sementes das Terras Altas da Mantiqueira, valorizando um patrimônio genético e tradicional da nossa região. Informações sobre essa iniciativa e outras experiências e projetos apresentados durante o Encontro podem ser encontradas no site www.serradopapagaio.org.br O E N C O N T R O Comitiva de Itanhandu C A D E R N O S D E A G R O E C O L O G I A D E M O N T A N H A N º 2 E X P O S I T O R E S D O E N C O N T R O ( o r d e m a l f a b é t i c a d e e x p o s i t o r e s ) : PARTICIPANTES DO ENCONTRO Alcemar Costa de Laia, Alex Pereira dos Santos, Alexandre Maciel Moreira, Alice Michaelis de Souza Campos, Analia Saldisuri, Ananias Noronha, Anderson Alberto Marçal, André da Silva Mendes, André Guerra de Melo França, André Luiz Rezende Araújo, André Pereira Resende, Andréia Noronha, Andresa Maria Campos da Cunha, Ângela Maria dos Santos, Angélica Floreano da Conceição, Antonio Domingues de Souza, Arnaldo Costa de Oliveira, Arnaldo Costa Júnior, Aurora Vitória R. Pedemonte, Austílio Felipe Vieira Neto, Autiéres Donizete de Faria, Bárbara Sayuri Mativi, Beatriz Aparecida, Beatriz Moreno Pegorin, Benedito de Paula, Brasil Maia, Bruna Cândida Maciel, Carla Ribeiro de Castro, Carla Siqueira Ferreira, Carlos Alessandro Silva, Carlos Pila, Carmem Cristiani S. Fonseca, Cassiel Siqueira Maciel, Cassimiro Soares, Celina Aparecida da Silva, Celso Martinez, Cesar Leão, Clarismundo Benfica do Nascimento, Cleber Maciel de Andrade, Cristiane Maciel, Cristino Reis da Silva, Daiane Flores de Lima, Daniela Soares de Souza, Débora Pomilio, Devadassi Hermogenes, Edalmo Alves Trindade, Eden Correa da Silva, Edmundo Noronha, Edson Spini Logato, Eduardo Alves Carneiro, Eduardo José de Barros Mendes, Eliana Moraes, Eliane Soares, Eliomar Alves Carneiro, Enéias da Silva Rodrigues, Enio Souza Diniz, Eva Mendes, Everton Mesquita Inácio, Fabiane Barbosa da Silva, Fabiano da Silva Lopes, Felipe Maciel da Silva, Fernando Cougo Mendonça, Fernando Tinoco Cassimiro França, Francisco José Neto, Frei Onório José de Siqueira, Gayatri das Delavy, Giliane Aparecida da Silva, Gladstone Braga Trindade, Grasiele Aparecida da Silva, Grasiele CristinaF. Gonçalves, Grasielly Diniz Castro, Graziele Carneiro, Guilherme de Melo França, Guilherme Fonseca de Luca, Gustavo de Sene, Gustavo Geraldo da Silva Rocha, Gustavo Rodrigues Totti, Helivânia Diniz Siqueira, Hercílio Gonçalves da Silva, Irene Rodrigues Cordeiro, Isaias Gonçalves da Silva, Isaura Noronha, Janaina Braga Trindade, Jayananda Fonseca Donadio, João Américo Inácio, João Bosco Batista, João Lopes da Silva, João Vitor Garcia Diniz, José Custódio Pinto Costa, José Henrique Miguel, José Maria dos Santos Júnior, José Mauro da Silva, José Roberto da Silva, Juciana Soares, Júlio César da Silva, Karin Meneses, Karina Almeida Barbosa, Karla Oddone Ribeiro, Kênia Cristina Barbosa Silva, Larissa Fernandes, Lazarina Maria Gonçalves, Lázaro Antônio da Silva, Lea Maria Siqueira, Leandro Mendonça Laureano, Lenon César Rezende, Leonara Miranda Oliveira, Leonardo Zaven Kurdjian, Leonel de Souza Maciel Castro, Libbys Marylins Collins, Lilian Aparecida Teixeira Cabral de Laia, Lucas Agostini Monteiro, Lucas Henrique Pinto, Luci Fontes Lafloufa, Luciano Siqueira da Silva, Luiz César Pereira da Silva, Luiz Fernando de Mello Midea, Luiz Guilherme Ferreira da Silva, Maria Clara Duarte Barbosa Machado, Madeleine Pirat dos Santos, Magali Rodrigues, Maike Torres Pinto, Manno de Andrade França, Marcelo Diniz Leite, Marcelo Sambiase, Marcéu Correa da Silva, Márcio Antônio Ferreira, Marco Antonio Canestri, Marco Antônio da Assunção, Marco Aurélio Martins Corrêa, Marcos Paulo Mativi, Maria Rosa do Espírito Santo, Maria Elisa Nervante, Mariah Mendes, Mariana de Mendonça Pires Trigo, Mariana Marcon, Marina Pereira Junqueira, Marinilsa Costa Favaro, Matheus Pezzo Bustamante, Maurício de Faria, Maurício Noronha, Maynara Lemos Abreu Silva, Meirilene Luana Castro, Michele Aparecida dos Santos, Miguel Angel Diaz, Miguel Arcanjo Ribeiro, Mipam Uderzo, Murilo Fonseca Bortolozi, Naiara Santos Raeder, Neide Martins Siqueira, Nina Michaelis, Odemildo Carlos Ribeiro, Pâmela Diniz de Toledo, Patrícia Maciel Amaral, Paulo Teixeira Diniz Silva, Pedro Felipe Junqueira Carvalho, Rafael Augusto de Assis, Rafael de Souza Silva, Rafael Rodrigues da Silva, Rafael Rodrigues Pedemonte, Rainu Sebastião Santos Diaz, Raíssa de Castro Fonseca, Raphael da Silva Rocha, Ravi H. L. Barroso, Regina Alvares Guerra, Regina Dalva Ribeiro Torres, Renan da Cunha Peres, Rickson Junes Sluss, Rinaldo Augusto Orlandi, Robervan Ferreira Leite, Rodrigo Renan C. Mendes, Roland Leo Mencke, Ronan Carrarini Alves Lopes, Roseni Maia da Silva, Rute Kimy Misaki, Samuel Midan, Sérgio Mendes da Fonseca Júnior, Silvana de Castro Souza, Simone Diniz Siqueira, Simone Isabel de Arantes Ferreira, Sophia Arreguy Campos Sluss, Sulamyt Uderzo, Susiane Amélia de Castro, Suzana Fonseca Diniz, Tais de Castro Maciel, Tatiana Medeiros Curatola, Taylane Siqueira Guedes, Tertuliano do Espírito Santo, Thamyres da Silva Ventura, Vanise Passos Maciel, Viviane Ribeiro Mendes, Walkíria dos Santos Pessoa, Walter Leandro Carvalho Pezzo, Welinton Pereira Silva, Weliton Carvalho Pereira, Wilian Gomes Vilela, Willian Clemente, Willian Fernandes de Souza, Xairon Minti Raeder, Zanon Cobra. Terras Altas da Mantiqueira As Terras Altas da Mantiqueira são um território especial da Serra da Mantiqueira, que abrange os municípios de Aiuruoca, Alagoa, Baependi, Itamonte, Itanhandu, Passa Quatro, Pouso Alto e São Sebastião do Rio Verde. Aqui estão as maiores altitudes do sudeste brasileiro, como a Pedra da Mina (2798 m), o Pico das Agulhas Negras (2792 m), o Pico da Sussuarana (2350 m) e as nascentes de alguns dos seus principais rios, como o Rio Grande e o Rio Paraíba do Sul. Por sua importância ecológica, as Terras Altas da Mantiqueira foram declaradas Zona Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica pela UNESCO. Um mosaico de unidades de conservação composto pelo Parque Nacional de Itatiaia, a Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra da Mantiqueira, a Floresta Nacional (FLONA) de Passa Quatro e o Parque Estadual da Serra do Papagaio confirmam a importância ambiental da região. Atualmente, existe um esforço conjunto das comunidades locais, de várias organizações da sociedade civil e do governo em conciliar a continuidade de atividades produtivas com a conservação dos seus preciosos recursos naturais, especialmente as águas e florestas. Esse esforço se traduz na criação de um circuito turístico, no fomento da agroecologia e do artesanato; e no fortalecimento da gestão participativa do território. Fundação Matutu A Fundação Matutu é uma organização criada em 1995 por uma comunidade ecológica que habita a Serra do Papagaio, nas Terras Altas da Mantiqueira, há 20 anos. Seu objetivo é contribuir para a proteção dos ecossistemas naturais da região e apoiar o ecodesenvolvimento das comunidades locais. A experiência local da Fundação resultou no Programa de Desenvolvimento Sustentável da Serra do Papagaio, um conjunto de iniciativas socioambientais e projetos participativos voltados para o surgimento de uma relação saudável e produtiva dos grupos humanos para com a natureza. Para conhecer mais sobre esse Programa, visite o site: www.serradopapagaio.org.br.
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