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ì Enzimologia Clínica Universidade do Extremo Sul Catarinense Disciplina Bioquímica III Prof. Hugo Galvane Zapelini ì São substâncias orgânicas, de natureza proteica e produzidas nas células vivas. Catalisam diferentes reações químicas acelerando-as, e não são consumidas no processo E + S [ES] P + E Estrutura v Todas possuem estrutura 1ª, 2ª, 3ª; • A maioria possui estrutura 4ª (associação de subunidades); • Algumas apresentam 2 ou mais subunidades; • As subunidades podem ser cópias (CK-MM) ou distintas (CK-MB); • A alteração da estrutura acompanha-se de perda de atividade -Desnaturação (reversível ou Irreversível). Conceitos vIsoenzimas: enzima de um determinado grupo de enzimas que catalisam a mesma reação, mas que apresentam diferentes estruturas moleculares (geneticamente diferentes – codificadas por genes distintos) e são caracterizadas por diversas propriedades físicas, bioquímicas e imunológicas. Essas variantes podem ocorrer dentro de um mesmo órgão ou célula; v Isoforma: forma enzimática molecular que foi modificada pós- traducionalmente (glicosilação, macroenzimas) Ex. fosfatase alcalina óssea, hepática e renal: mesmo gene, açúcares diferentes ligados. Conceitos v Sítio ativo: local onde ocorre a reação; v Sítio alostérico: local de controle das enzimas (moduladores da conformação ideal do sítio ativo); v Substrato: reagente da reação catalisada; v Produto: substância produzida após reação ser catalisada; v Cofatores: moléculas fundamentais para a atividade da enzima; • Cofatores inorgânicos (íons inorgânicos, metais); • Cofatores orgânicos - coenzimas Ex. Nicotinamida adenina dinucleotídeo reduzido (NADH); Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato reduzido. Sítio ativo Enzima Substrato Sítio ativo ì v As enzimas não são usualmente quantificadas em termos de massa (mg/dL) pois quimicamente são proteínas e estão em concentrações muito pequenas em relação à todas as demais proteínas; Soro As enzimas são predominantemente intracelulares e normalmente estão presentes em quantidades baixas no plasma. Medindo as mudanças nas []s dessas enzimas em doenças, é possível inferir a localização e a natureza das mudanças patológicas nos tecidos do corpo. Revisando Cinética Enzimática vFatores que influenciam na ação enzimática; (Fatores que determinam a velocidade das reações catalisadas por enzimas); • Concentração enzimática; • Concentração do substrato; • Temperatura; • pH; • Ativadores e inibidores. Medida da Atividade Enzimática vAumento na concentração de um dos produtos; vDiminuição na concentração de um dos substratos; vAlteração na concentração de uma coenzima. vMétodos disponíveis: • Cinética direta; A velocidade da reação é seguida continuamente ou através da medida de vários pontos em função do tempo; • Cinética indireta ou tempo fixo; A reação é iniciada e incubada em uma temperatura constante por um período de tempo fixado. A reação é então interrompida pela adição de um ácido, ou base, ou outra substância que inativa a enzima, e o produto ou substrato é medido; Colorimétrico. Medida da Atividade Enzimática Enzimas séricas na doença v As enzimas podem ser classificadas em dois grupos: • Função definida no sangue – enzimas da coagulação; • Aparecem no sangue incidentalmente – medida importante para diagnóstico; • Danos no tecido de origem, ou proliferação de células, de onde essas enzimas surgem levarão a um aumento na atividade delas no plasma. Classificação de enzimas do plasma v Enzimas específicas do plasma - Ex: fatores de coagulação; v Enzimas secretadas - Ex: amilase; v Enzimas intracelulares. v Especificidade diagnóstica relativa: • Localização tecidual da enzima (enzimas que estão presentes em vários tecidos); • Atividade aumentada em mais de uma patologia; • Atividade residual dependente de vários fatores; v Sensibilidade relativa: • Alteração da função do órgão sem que haja alteração da atividade enzimática no soro (enzimas que não aumentam a atividade na fase assintomática); • Atividade sujeita à ação de inibidores ou à desnaturação; Limitações da Enzimologia Clínica v Soluções: escolher um grupo de enzimas associadas (enzimas-guia), determinação de isoenzimas, realizar análises seriadas, conhecer o perfil de aumento de cada enzima em cada situação fisiopatológica, Calcular índices para casos específicos (AST/ALT). ì Transaminases - fígado, pulmão, músculo; Fosfatase alcalina - fígado, ossos; Fosfatase ácida – próstata; Gama GT - fígado, vísceras; LDH - fígado, músculo, pulmão; Amilase - pâncreas, parótidas; Lipase – pâncreas; Creatina cinase - músculo, coração, cérebro; v A seleção de qual enzima medir no soro com propósito prognóstico ou diagnóstico depende de vários fatores: • Distribuição das enzimas entre os vários tecidos; • Conhecimento da localização intracelular. ì • Amilase; • Lipase. Amilase v A alfa-amilase é uma hidrolase que catalisa a hidrólise de ligações 1,4-alfa- glicosídicas dos polissacarídeos; v É uma molécula pequena (54 a 62 KDa), podendo ser encontrada fisiologicamente na urina; v A amilase está presente em vários órgãos e tecidos; • A maior concentração está presente nas glândulas salivares e no pâncreas; • A Amilase salivar inicia a digestão do amido enquanto ainda está na boca e no esôfago; • No pâncreas é produzida pelas células acinares e então secretada no trato intestinal por meio do ducto pancreático; • São isoenzimas; v A atividade de amilase presente no soro normal tem origem pancreática e da glândula salivar. Amilase v Significado Clínico: • A atividade no sangue é fisiologicamente baixa e constante; • A atividade no sangue aumenta muito na pancreatite aguda e na inflamação da glândula salivar; • Na pancreatite aguda aumenta 5-8 horas depois do início da pancreatite aguda e retornam ao normal 12 a 72 horas depois pois são rapidamente eliminadas pelos rins, aparecendo na urina por 5-7 dias. • Especificidade para pancreatite de 20-60% pois está aumentada em várias outras doenças; • A amilase pancreática representa 40-50% da amilase total sérica. Valores de referência para a amilase Soro 28 a 100 U/L Urina 1 a 17 U/L v Níveis aumentados de amilase: 1. Pancreatite aguda (5-10x LSR (soro e urina)); 2. Pancreatite crônica (reagudização); 3. Doença biliar (4x); 4. Obstrução intestinal; 5. Apendicite (2-3x); 6. Peritonite (2-3x); 7. Trauma abdominal (5x); 8. Drogas; 9. Macroamilasemia (2-8x); 10. Carcinoma de Pâncreas (50x); 11. Caxumba; 12. Parotidite; 13. Síndrome de Sjögren; Amilase Desordens das glândulas salivares. Macroamilasemia v Macroamilasemia: agregação da amilase sérica com imunoglobulinas IgG ou IgA – complexo molecular grande e pesado que não é eliminado pelos rins. A enzima permanece no sangue. Não aparece na urina; • Benigna; • Não apresenta sintomas; • Não necessita de tratamento, mas que pode atrapalhar o diagnóstico de pancreatite. Lipase v É uma glicoproteína de cadeia única com um peso molecular de 48 kDa; v Hidrolisa triglicerídeos na presença de sais biliares; v A maior parte da lipase encontrada no soro é derivado do pâncreas, mas alguma parte também é secretada pelas mucosas gástrica e intestinal; v A concentração de lipase no pâncreas é de cerca de 9000 vezes maior do que em qualquer outro tecido. Lipase v Significado Clínico: • A dosagem de lipase no soro é usada para diagnosticar pancreatite aguda; • A sensibilidade clínica é de 80% a 100%; • A lipase é mais específica que a amilase para o diagnóstico de pancreatites; • É filtrada e reabsorvida pelo rim, não aparece atividade na urina durante a doença pancreática; • Na pancreatite aguda aumenta em 4-8 horas após início da pancreatite aguda, com pico em 24 h e retorna 8-14 dias depois; • As concentrações frequentemente permanecem elevadas por mais tempo do que aquelas de amilase; • Elevações de 2 a 50x o normal. Valores de referência para a lipase Adultos <38 U/L Lipase v Significado Clínico:Outras condições: • Intoxicação alcoólica; • Processos biliares (colelitíase e colecistite); • Processos inflamatórios abdominais que comprometam secundariamente o pâncreas, pela formação de edema ou hipóxia. ì • Aminotransferases (AST, ALT); • Gama glutamil transferase (GGT); • Fosfatase alcalina (ALP). Aminotransferases v Grupo de enzimas que catalisam a interconversão de aminoácidos a 2-oxiácidos pela transferência de grupos amino. Aminotransferases v Estão amplamente distribuídas pelo corpo; • AST é encontrada principalmente no coração, no fígado, no musculo esquelético e no rim; • ALT é encontrada principalmente no fígado e no rim; v A ALT é exclusivamente citoplasmática; v A AST é encontrada tanto na mitocôndria quanto no citoplasma. Aminotransferases v Significado Clínico: v A doença hepática é a causa mais importante de aumento de atividade de transaminase no soro; • Na maioria dos tipos de doenças hepáticas, a atividade de ALT é maior do que a de AST; v Na hepatite viral e em outras formas de doenças hepáticas associadas com necrose hepática aguda, as concentrações séricas de AST e ALT estão elevadas mesmo antes que os sinais clínicos e os sintomas da doença apareçam; v As atividades de ambas as enzimas podem alcançar valores tão altos quanto 100x. Os valores de pico de atividade ocorrem entre o 7° e o 12° dia. As atividades diminuem gradativamente, chegando as atividades normais pela 3° ou 4° semana. Aminotransferases v Significado Clínico: v A persistência de ALT aumentada por mais de 6 meses após um episódio de hepatite aguda é usada para diagnosticar hepatite crônica; v Lesão hepática induzida por Paracetamol o pico de aminotransferases é 85x maior; v Na cirrose os valores variam do limite superior a 4 ou 5xmaior; v Elevações de 2 a 5 vezes ocorrem em carcinomas primários ou metastáticos do fígado - com a AST sendo maior que a ALT; v Elevações leves a moderados com a administração de medicamentos: opioides, antibióticos, AINES etc. Aminotransferases v Significado Clínico: • Embora as atividades séricas de AST e ALT se tornem elevadas sempre em um processo patológico que afeta a integridade da célula hepática, a ALT é a enzima mais especifica para o fígado; • As elevações séricas da atividade da ALT são raramente observadas em outras patologias; • As elevações séricas da atividade da ALT persistem por mais tempo do que aquelas da atividade da AST; • Após IAM AST está aumentada no soro; • AST também está aumentada na distrofia muscular progressiva. Valores de referência (U/L) AST (TGO) 5 a 34 ALT (TGP) 6 a 37 v Significado Clínico: • Elevada na maioria das doenças hepáticas; • Utilidade clínica é limitada devido pouca especificidade; • Como indicador de abuso de álcool: Elevação da GGT sem outras evidências de dano hepático em até 70% dos casos; Níveis permanecem elevados até 3-4 semanas de abstinência; Basta uma única recaída para aparecer nova elevação; • Fármacos que induzem ao aumento da atividade da enzima: Fenitoína, fenobarbital, rifampicina (tratamento de tuberculose). GGT Valores de referência (U/L) Homens 5 a 38 Mulheres 8 a 55 Fosfatase Alcalina v Hidrólise alcalina de vários substratos; v Está presente na maioria dos órgãos e está especificamente associada a membranas e superfícies celulares localizadas na mucosa do intestino delgado e nos túbulos contorcidos proximais do rim, no osso (osteoblastos), no fígado e na placenta; v Elevações de fosfatase alcalina (FAL) sérica se originam do fígado e do osso. Dosagens séricas são de particular interesse na investigação da doença hepática e na doença óssea associada a atividade osteoblástica aumentada. v Significado Clínico: • Doenças hepatobiliares; • Doenças ósseas: D. de Paget (osteíte deformante) 10-25x; Osteomalácia ou raquitismo (deficiência de vitamina D) 2-4x; Hiperparatireoidismo ; Doença óssea metastática. • Outras condições (fisiológicas): 3 trimestre gravidez; Infância, puberdade 3-4x maior que no adulto; Recuperação de fraturas. Fosfatase Alcalina Valores de referência (U/L) Homens 53 a 128 Mulheres 42 a 98 ì • Creatinocinase (CK); • Lactato desidrogenase (LDH). Lactato Desidrogenase - LDH v Catalisa a oxidação do lactato a piruvato; v Tem um peso molecular de 134 kDa e é composta de quatro cadeias polipeptídicas de dois tipos H (cardíaca) e M (muscular); v Enzima citoplasmática; v Encontrada em praticamente todos os tecidos do corpo; v As maiores atividades são encontradas nos seguintes tecidos: Cérebro, coração, músculo esquelético, eritrócitos, leucócitos, pulmões, rins, fígado e plaquetas; v As concentrações nos tecidos são 500x maior do que aquela do soro. v Isoenzimas: • Consistem em um tetrâmero formado pelas diferentes combinações entre as duas subunidades existentes: H (cardíaca) e M (muscular); • LDH1 (HHHH) e LDH2 (HHHM): Predominam no músculo cardíaco e nos eritrócitos; atividade moderada no cérebro; Aumentam a atividade: IAM, Anemia megaloblástica e Distrofia muscular; • LDH-3 (HHMM): Predomina no cérebro, rins, pulmões, leucócitos, plaquetas e baço; (Nestes tecidos não há predomínio de nenhuma isoenzima em especial); Aumenta a atividade: Leucemias e Mononucleose; • LDH-4 (HMMM) e LDH-5 (MMMM): Predominam no músculo esquelético e fígado; Aumentam a atividade: hepatite viral e tóxica, Distrofias musculares, Cirrose ou icterícia obstrutiva, Trauma muscular ou hipóxia (depende da extensão). Lactato Desidrogenase - LDH Lactato Desidrogenase -LDH v Significado Clínico: Devido sua ampla distribuição em todos os tecidos, elevações séricas de LDH ocorrem em várias condições clínicas; • Aumento da atividade LD total (acentuado maior que 10 x): • IAM; • Tumores metastáticos (Fígado, pulmão); 70%dos pacientes commetástase hepática; 20 - 60%de outras metástases; • Leucemia; • Distrofia muscular progressiva (Duchenne); • Trauma muscular, grandes cirurgias, choque isquêmico; • Anemia megaloblástica; Resultante de deficiência de folato ou Vitamina B12, causa quebra de célula precursora de eritrócitos na medula óssea (eritropoiese ineficaz), resultando na liberação de grandes quantidades de isoenzimas LD1 e LD2 (aumento de até 50x). Lactato Desidrogenase -LDH v Significado Clínico: Devido sua ampla distribuição em todos os tecidos, elevações séricas de LDH ocorrem em várias condições clínicas; • Aumento da atividade LD total (leve a moderado, até 5 x): • ICC; • Miocardites; • Hepatites; • Cirrose hepática; • Colestases; • Todas as demais condições dos slides anteriores (quando a doença se encontra em estágios diferenciados ou na doença menos agressiva). Creatinocinase - CK v É uma enzima dimérica (duas subunidades) (82 kDa) que catalisa a fosforilação reversível da Creatina pelo ATP; • Reação catalisada: Creatina + ATP creatina-P + ADP • A fosfocreatina é o maior componente fosforilado do músculo (superior ao ATP). Quando o músculo se contrai o ATP é consumido, formando ADP e a CK catalisa a refosforilação do ADP em ATP, utilizando a fosfocreatina (como reserva de fosforilação). Creatina cinase - CK vFontes teciduais: • Citoplasmática e mitocondrial. • Elevada atividade específica no músculo esquelético e cardíaco (50.000 e 10.000 U); • Atividade específica moderada no cérebro (5.000 U); • Atividades menos expressivas no aparelho digestivo, urinário e pulmões. Creatina cinase - CK v Isoenzimas: • É um dímero composto de 2 subunidades; • B e/ou M; • Existem 3 isoenzimas: CK1 ou BB: cérebro, intestino, pulmão, útero, etc; CK2 ouMB: coração (20%); CK3 ouMM: músculo esquelético, coração. Citosol Creatina cinase - CK v Significado Clínico: • Distrofia muscular progressiva (principalmente Duchenne); • Hipertermia ou hiperpirexia maligna (rara complicação anestésica que provoca aumento exacerbado do metabolismo muscular); • Trauma muscular; • Rabdomiólise (destruição muscular grave); • IAM : variável de acordo com a extensão da área afetada; • Miocardite; • Hipotireoidismo. Aumento maior que 10x Creatinacinase - CK v Significado Clínico: • IAM silencioso ou de pequena extensão; • AVC ou outras doenças cérebro vasculares; • Distrofias musculares; • As demais condições do slide anterior (quando em estágios diferenciados da doença ou na doença menos agressiva). Aumento moderado até 5x
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