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Breve revisão da aula anterior Breve revisão da aula anterior Enzimologia Professor Gilbert de Oliveira e-mail: gilbert@bioqmed.ufrj.br A vida e a energia para a vida Duas condições fundamentais: Autorreplicação Metabolismo Catálise enzimática A queima de açúcares é a principal forma segundo a qual retiramos energia do meio ambiente para vivermos Um saco de açúcar pode permane- cer anos na prateleira do supermercado A prateleira não tem enzimas! Nos animais, a glicose libera sua energia química em segundos Reações catalíticas promovem a oxidação da glicose ao quebrar ligações químicas que armazenam energia Participam das vias bioquímicas Enzimas realizam o controle preciso do metabolismo celular O metabolismo energético é um dos principais temas de estudo da bioquímica Permitem resposta e adaptação a um meio em mudança O que são as enzimas? Proteínas notáveis, altamente especializadas Alto grau de especificidade com substratos Poder catalítico extraordinário Muito maior do que catalisadores sintéticos Aceleram reações químicas Em condições suaves de temperatura e pH São o centro e o objeto de estudo principal da bioquímica Atuando de forma organizada catalisam centenas de reações que degradam as moléculas dos nutrientes e conservam suas energias Doenças ocorrem quando elas não funcionam bem Como os cientistas descobriram as enzimas? Um pouco de história LOUIS PASTEUR 1835: Berzelius, conceito de catálise 1885: fermentação do acúcar por lêvedos, gerando álcool Vitalismo: o mágico élan vital 1896: Edward Buchner consegue fermentar o açúcar num extrato de lêvedo sem vida! Fermentos, portanto, catalisavam reações químicas (açúcar a álcool) – biocatalisadores Enzima vem do grego εν ζυμη, cuja tradução é “no lêvedo” Louis Pasteur 1822-1895 Um pouco de história EMIL FISCHER Hermann Emil Fischer 1852 - 1919 Sacarase Quebra da sacarose em glicose e frutose Produziu diversos análogos de sacarose para testar se a enzima funcionava Determinadas mutações tornavam os análogos resistentes à sacarase Modelo de ação enzimática chave-e-fechadura Um pouco de história EMIL FISCHER Hermann Emil Fischer 1852 - 1919 Enzimas são proteínas? Qual a natureza das enzimas? O químico orgânico alemão Richard Willstätter (1872–1942) – ganhador do Nobel pela estrutura da clorofila – conseguiu separar o componente enzimático de um preparado biológico e não encontrou nenhuma proteína! 1926 (EUA) – J Summer cristaliza a urease e conclui: enzimas são proteínas! Willstater criticou os resultados… James Batcheller Sumner 1887-1955 SIM! Mas como funcionam? Kunitz e Northrop Eletroforese e centrifugação: enzimas estão na fração protéica! Mesmo em quantidades proteícas indetectáveis pelos métodos, as enzimas continuavam tendo atividades Como as milhares de reações catalíticas eram possíveis a uma proteína? John Howard Northrop 1891-1987 POLÍMEROS DE AMINOÁCIDOS? 1902: Emil Fischer (Estrasburgo) e Hofmeister (Berlim), proteínas eram formadas de aminoácidos que, ligados por ligações peptídicas, formavam cadeias polipeptídicas Finalmente, Sanger Frederick Sanger 13 August 1918 1952 Publica a primeira estrutura primária de uma proteína: a Insulina, com 51 aminoácidos O trabalho mostrava também que a estrutura das proteínas poderia ser descrita pela sua sequência de aminoácidos, do N ao C terminal A sequência, entretanto, não ajudava a prever a função da proteína (antes da bioinformática) CONCLUSÃO: HISTÓRIA DA BIOQUÍMICA As enzimas realizam reações catalíticas e transformam moléculas umas nas outras Os organismos biológicos são ricos em enzimas e as enzimas funcionam também fora dos organismos biológicos → biotecnologia! As enzimas são proteínas formadas por polímeros de aminoácidos A multiplicidade de função se dá pela interação tridimensional formada (modelo chave-fechadura) por interações não-covalentes a partir de uma série de aminoácidos ligados covalentemente (ligação peptídica) >gi|386828|gb|AAA59172.1| insulin [Homo sapiens] MALWMRLLPLLALLALWGPDPAAAFVNQHLCGSHLVEALYLVCGERGFFYTPKTR REAEDLQVGQVELGGGPGAGSLQPLALEGSLQKRGIVEQCCTSICSLYQLENYCN Toda enzima é proteína?! Não!, há alguns RNAs que funcionam enquanto enzimas também Componente químico adicional necessário para a função Cofator: íons inorgânicos Coenzima: moléculas orgânicas complexas Se liga muito firmemente: grupo prostético Enzima completa: holoenzima Parte protéica: apoenzima ou apoproteína Nomenclaturase das enzimas Normalmente se adiciona o sufixo ase ao nome do substrato ou à atividade realizada Urease – hidrolisa a uréia DNA-polimerase – polimeriza DNA Pepsina – pepsis vem do grego (digestão) Reação enzimática Reação se dá em fases: Enzima aumenta a velocidade das reações Os catalisadores aumentam a velocidade das reações por que diminuem a energia de ativação Equilíbrio químico As enzimas realizam, muitas vezes, as reações nos dois sentidos A concentração de substratos e produtos é o que define a velocidade das reações Poder catalítico das enzimas vem da energia livre liberada na formação de ligações fracas quando da interação enzima-substrato Interações fracas entre ES são otimizadas no estado de transição Bastonase Estabiliza o substrato Pauling (1946): Enzima deve ser complementar ao Estado de transição (ET), não ao substrato ET não é forma estável Interações fracas entre a enzima e o substrato propulsionam a catálise enzimática Necessidade de múltiplas interações fracas! Isso explica porque algumas proteínas são tão grandes Especificidade enzimática Deriva da formação de múltiplas interações fracas entre a enzima e a molécula do substrato específico Redução da entropia pela ligação Dessolvatação do substrato Ajuste induzido, proteína também muda de conformação Cinética enzimática Experimentos de mutagênese sítio-dirigida permitem que os pesquisadores investiguem o papel de cada aminoácido na função protéica A concentração do substrato [S] influi na velocidade das reações catalisadas por enzimas Velocidade máxima é a velocidade de catálise enzimática quando todos os sítios ativos estão ocupados com substratos. Constante de Michaelis Km = [S] correspondente a ½ Vmax; Cinética enzimática Km Preferência pelo substrato Cinética enzimática Km Afinidade pelo substrato Inibição REVERSÍVEL Inibição competitiva Inibidor compete pela ligação ao sítio ativo. Geralmente inibidor tem estrutura similar ao substrato. Se liga a enzima, e não ao complexo ES. Reação REVERSÍVEL, logo aumento de substrato diminui a inibição, simplesmente por competição entre eles. QUEM TEM MAIS GANHA. Inibição REVERSÍVEL Inibição competitiva Inibidor compete pela ligação ao sítio ativo. Geralmente inibidor tem estrutura similar ao substrato. Inibição REVERSÍVEL Inibição Incompetitiva Inibidor liga em um sítio distinto do sítio ativo, e ao contrário da inibição competitiva, ele se liga somente ao complexo ES Inibição REVERSÍVEL Inibição Incompetitiva Inibidor liga em um sítio distinto do sítio ativo, e ao contrário da inibição competitiva, ele se liga somente ao complexo ES Inibição REVERSÍVEL Inibição Não competitiva Inibidor liga em um sítio distinto do sítio ativo. Ele se liga tanto à enzima como ao complexo ES Inibição REVERSÍVEL Inibição Não competitiva Inibidor liga em um sítio distinto do sítio ativo. Ele se liga tanto à enzima como ao complexo ES Resumo Non competitive Inibição IRREVERSÍVEL: ligam-se covalentemente com ou destroem o grupo funcional da enzima que é essencial para atividade ou então forma uma associação não covalente estável. A atividade enzimática depende do pH Enzimas possuem um pH (ou faixa de pH) ótimo na qual a atividade catalítica é máxima. Porquê? Valendo 0,25 pts 2 motivos. A hexocinase Sofre um ajusteinduzido quando ligada ao substrato Fosforila um resíduo de glicose Primeiro passo da via glicolítica Adição de Xilose “engana” a enzima e faz com que ela fosforile a água A lisozima Agente antibacteriano natural encontrado nas lágrimas e clara de ovo Peptideoglicano da parede de bactérias é seu substrato Constituinte da parede microbiana que protege da lise osmótica Enzima rompe ligação glicosídica Monômero com 129 aa’s Mecanismo específico de ação enzimática ainda é controverso “mesmo uma infinidade de experimentos não pode provar que algo esteja certo, mas um único experimento pode provar que está errado”. Albert Einstein Medicamentos Muitos inibidores de enzimas são usados para tratar doenças; desde as dores de cabeça até a AIDS Penicilina (Alexander Fleming, 1928) Peptideoglicano: polímero de açúcares e D-aa’s da parede bacteriana Penicilina interfere na síntese do peptideoglicano ao mimetizar um segmento D-Ala-D-Ala Inibem reação de transpeptidase Inibidores irreversíveis Os Beta-lactâmicos Penicilina: degradada no ambiente do estômago Penicilina V: estável em meio ácido pode ser administrada em via oral Amoxilina: ampla faixa de ação; antibiótico β-lactâmico + prescrito O ataque da Ser à porção amida do anel leva a um produto acil-enzima que é praticamente irreversível Transpeptidase inativa! Bloqueia síntese da parede bacteriana Rompe-se devido à pressão osmótica As Beta-lactamases Enzimas que quebram o anel beta-lactâmico das penicilinas Disseminaram-se em bactérias submetidas à pressão seletiva O mau uso dos antibióticos Guerra contra as bactérias Acido clavulânico: inativa irreversivelmente as Beta-lactamases Clavulin: amoxilina + ácido clavulânico Foram encontradas bactérias resistentes ao ácido clavulânico... Desenvolvimento e descoberta de novos antibióticos é uma indústria em crescimento AZT (azidotimidina) Mimetiza um nucleotídeo de timina Azida no lugar de hidroxila Prejudica a ação da transcriptase reversa Atrasa o desenvolvimento dos vírus, ainda que, aos poucos o vírus se torne resistente Transcriptase reversa mutante passa a não reconhecer mais o AZT Outros tratamentos Inibidores de protease Impedem a protease do HIV de clivar as proteínas produzindo componentes maduros Inibidores de integrase Impedem o vírus de integrar seu DNA no genoma do hospedeiro Inibidores de fusão Interferem nas proteínas gp120 e gp41 ou bloqueiam receptores celulares de ligação ao HIV Coquetel anti-AIDS dificulta a adaptação do vírus a várias frentes moleculares de ataque, diminui comprovadamente o número de vírus no sangue Enzimas regulatórias Possui atividade catalítica aumentada ou diminuída em resposta a certos sinais Ajustes na velocidade da via metabólica permite que as células se adaptem a condições em variação Tipos mais comuns Enzimas alostéricas (ligações reversíveis a compostos) Modificações covalentes Ativadas por remoção de segmentos peptídicos (irreversível) Subunidade regulatória é normalmente diferente da subunidade catalítica Enzimas alostéricas Homotrópicas: o ativador é o próprio substrato (hemoglobina) Heterotrópicas: outro ativador Enzimas alostéricas Mais de um sítio regulatório Cada um específico para um regulador Aspartato-transcarbamoilase 12 cadeias polipeptídicas Azul: catalíticas Vermelho/Amarelo: regulatórias Enzimas alostéricas são reguladoras ... de vias bioquímicas Normalmente são o primeiro passo da via “economiza” a execução das outras reações Único passo de regulação da via Inibição por retroalimentação: São inibidas pelo produto do último passo Inibição alostérica heterotrópica Regulação por modificações covalentes 500 tipos diferentes Modificações pós-traducionais covalentes já foram descritos Proteínas inteiras podem ser adicionados como a ubiquitina e a sumo Ubiquitinilação marca proteína para degradação Sumoilação é encontrada em proteínas nucleares Mudanças substanciais afetam de forma significativa a função da enzima Fosforilação é a mudança mais comum Podem haver vários sítios fosforiláveis Conclusões A atividade das vias metabólicas é regulada pelo controle da atividade de certas enzimas O conhecimento do mecanismo de ação das enzimas permite desenvolver medicamentos que inibam essa ação A inibição de uma enzima pode ser reversível, competitiva Os principais mecanismos de catálise são: ácido-básica, covalente e por íons metálicos As enzimas são catalisadores eficazes, aumentando a velocidade de ocorrência de uma reação
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