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POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - Módulo 4

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Prévia do material em texto

Fonte: https://www.freepik.com/ 
 
Fonte: http://www.cefuria.org.br/2015/10/30/educacao-
popular-trocando-saberes-construindo-sabedoria/ 
 
 
 
 
Módulo 4 
Trabalho – Saúde –Educação 
 
 
1. Justificativa e objetivos 
 
A condição em que as pessoas em situação de rua se encontram 
acaba moldando as interações que a sociedade geral vai 
construir com essas pessoas. É comum perceber o medo e até 
mesmo a repulsa nos rostos de quem passa apressado pelas 
ruas das cidades. 
 
Falta, para a maior parte do senso comum, e até para muitos 
agentes estatais a compreensão de que situação de rua a qual 
muitas pessoas hoje no Brasil são submetidas é condicionada 
por diversos fatores estruturais – ausência de moradia fixa, 
trabalho formal, renda inconstante – e biográficos – a 
desagregação de vínculos familiares, acometimento de 
doenças mentais ou o uso abuso na utilização de álcool ou 
drogas – que podem ocorrer em conjunto ou separadamente. 
 
A situação de extrema vulnerabilidade das pessoas em situação de rua deve ser 
considerada para que lhes seja oferecida a chance de fortalecer sua autonomia individual e 
de um efetivo retorno à vida em comunidade. Nesta perspectiva o acesso aos direitos 
sociais fundamentais de saúde, educação e trabalho constituem vias para o encontro com a 
autonomia e para a saída efetiva das ruas. 
 
Este módulo abordará estes três direitos sociais. Ao conclui-lo, você estará apto a: 
 
 Categorizar algumas das políticas públicas de trabalho, saúde e educação 
oferecidas pelo estado brasileiro para a população em situação de rua. 
 
 
 
2. A situação educacional das pessoas em situação de rua e a 
educação como estratégia emancipadora. 
 
A pesquisa nacional sobre a população 
em situação de rua realizada em 2007 
traz detalhamentos sobre o perfil de 
educação desta população. Na época da 
divulgação da pesquisa foi identificado o 
abismo educacional ao qual estas 
pessoas são submetidas. Segundo a 
pesquisa, das pessoas que estavam nas 
ruas naquela época 15,1% nunca havia 
estudado, 48,4% não havia terminado o 
primeiro grau, 10,3% haviam terminado 
o primeiro grau, 3,8% tinham o segundo 
grau incompleto e 3,2% tinham 
completado o segundo grau, pessoas 
com ensino superior incompleto e 
completo significavam, em ambas as 
categorias, 0,7% dos entrevistados. 
 
 
 
 
 
http://www.freepik.com/
http://www.freepik.com/
 
 
 
 
 
O artigo 6o. da Constituição Federal quando trata dos direitos sociais, aponta a garantia à 
educação como uma das formas de tornar reais os conceitos republicanos que movem o 
país. Seguindo este pensamento a Política Nacional para população em situação de rua 
consolidada no decreto 7.053/2009 aponta a educação como uma de suas ações 
estratégicas para a promoção dos direitos desta população. 
 
Ainda hoje, apesar de o decreto 7.053/2009 determinar que a União, estados, municípios 
e distrito federal devem assegurar à população em situação de rua o acesso amplo, 
simplificado e seguro aos serviços e programas de educação, as políticas direcionadas 
para este segmento da população são escassas. 
 
Um amplo acesso à educação possibilita o desenvolvimento da autonomia dos sujeitos 
fazendo com que ele se perceba como construtor e transformador da realidade em que 
vive. Possibilita ademais, a organização política dos sujeitos na luta por seus direitos. 
 
Paulo Freire, um dos maiores educadores do mundo, estudado dentro e fora do Brasil 
entendia que a real humanização dos sujeitos não pode se concretizar se estes estiverem 
na indigência, mas apenas com liberdade, possibilidade de decisão, de escolha e de 
autonomia. Estes são exatamente os obstáculos estruturais enfrentados pela população 
em situação de rua em relação às tentativas de retorno e continuação de sua 
escolarização. 
 
A superação dessas dificuldades pode se dar de maneira mais rápida e concreta com a 
efetivação do que é proposto pela ideia de educação libertadora e popular, na qual a 
emancipação, libertação e produção de consciências críticas permite a humanização da 
população em situação de rua. No sentido de serem concebidos como sujeitos de direitos 
que merecem não apenas a liberdade para comer, mas liberdade para criar e construir, 
para admirar e se aventurar como diz Paulo Freire. 
 
 
 
Veja o vídeo explicativo sobre o que é a educação popular: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Paulo Freire (1921-1997) é tido como mais célebre educador brasileiro, autor de 
diversos livros defendia que o objetivo da educação é ensinar o aluno a "ler o mundo" 
para poder transformá-lo. Para ele a educação pautada por estes objetivos contribui 
para levar as parcelas desfavorecidas da sociedade a entender sua situação de 
oprimidas e agir em favor da própria libertação. O livro mais conhecido de Paulo Freire 
se chama Pedagogia do Oprimido. 
 
 
 
 
Como uma prática educacional voltada para a conquista dos direitos sociais culturais, 
políticos e geradora de possibilidades a educação popular ajuda a compreender a realidade 
vivida pelos grupos ou comunidades e aponta caminhos para a superação dos problemas 
encontrados. A educação popular contribui também com as demais áreas tratadas neste 
módulo no sentido de atuar como uma ferramenta de organização na luta por justiça e 
dignidade das pessoas em situação de rua. 
 
Fato é que as escolas atuais não estão adaptadas para receber este púbico. Uma política 
educacional para a população em situação de rua deve se pautar por ações estratégicas que 
promovam a inclusão nos currículos das questões de igualdade social, gênero, raça, etnia, 
cultura e comunicação discriminatórias, especialmente com relação à população em situação 
de rua. É importante, ainda, pensar maneiras de a educação ser feita em meio aberto, onde 
as pessoas se encontram. 
 
Uma iniciativa pública de oferecimento de educação para as pessoas em situação de rua 
interessante é a Escola Meninos e Meninas do Parque, localizada em Brasília. A escola tem 
como objetivo principal garantir o direito à escolarização de adolescentes, jovens e adultos 
que estão em situação de rua ou acolhidos em instituições da capital federal. Suas ações 
proporcionam a reintegração escolar, considerando as possibilidades e limitações de cada 
um e estimulam a convivência comunitária entre os estudantes através do respeito das 
identidades pessoais e histórias de vida. 
 
Atualmente 16 professores ministram as disciplinas básicas do ensino regular como 
matemática, português e história e também oficinas sobre o corpo e artes em geral. Além 
disto, a escola promove a educação integrada baseada nas temáticas: Direitos Humanos, 
Diversidade, Cidadania e Meio Ambiente. 
 
Em setembro de 2018 haviam 182 estão matriculadas na escola, que funciona de manhã e a 
tarde. Os alunos que são formados lá recebem o diploma de ensino fundamental e são 
encaminhados a outras unidades públicas para continuar cursando o ensino médio. 
 
 
 
 
 
Para conhecer um pouco mais sobre a Escola Meninos e Meninas do Parque assista o vídeo 
abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Trabalho 
 
 
O direito ao trabalho é um direito humano inalienável reconhecido pela Declaração Universal 
em seu artigo 23 que diz: 
 
I. Todo o homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições 
justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 
II. Todo o homem, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual 
trabalho. 
III. Todo o homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que 
lhe assegure, assim como a sua família, uma existência compatível com a dignidade 
humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. 
IV. Todo o homem tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção 
de seus interesses. 
 
A Constituição Federal de 1988, por sua vez, trata do direito ao trabalho individual do seu 
artigo sétimo e até o artigo número onze. Nestesartigos são assegurados a qualquer cidadão 
brasileiro o direito a ter férias remuneradas com um terço a mais, os direitos dos empregados 
domésticos, a licença paternidade, o Fundo de Garantia por tempo de Serviço (FGTS), dentre 
tantos outros avanços legais. 
 
A inclusão do trabalho nestes textos legais tão importantes como são a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988 reforça que o direito ao trabalho é 
um direito social e um direito humano. 
 
O trabalho, de fato, é o principal mecanismo de mediação entre a humanidade e a natureza. 
É através do trabalho que os seres humanos agem objetivamente sobre a natureza para 
construir algo novo que sirva para a manutenção de sua existência. O Trabalho como ação é, 
portanto, sempre a transformação da realidade e das consciências, já que ao construir 
objetivamente uma coisa, qualquer que seja ela, os sujeitos se constroem a si mesmos 
também. 
 
Conforme tem havido o desenvolvimento das formas de produção das coisas o sujeito 
trabalhador (homem ou mulher) que é contratado para produzir algo não mais se vê como 
parte do que é produzido porque não participa mais de todas as etapas e, na maioria das 
vezes sequer consegue adquirir o que produz. Isto é algo bastante visível no Brasil onde as 
relações de trabalho não são totalmente reguladas e a superexploração do trabalhador é uma 
marca histórica. 
 
Como diz na música “um sorriso negro” lindamente cantada pela sambista Dona Ivone Lara 
“negro sem emprego fica sem sossego”. De verdade qualquer pessoa sem trabalho/emprego 
perde o referencial de organização prática da vida, é o trabalho, e o dinheiro obtido dele, que 
possibilita aos sujeitos satisfazerem suas necessidades mais básicas, como alimentação, se 
vestir, acessar a saúde, acessar a educação, acessar o lazer, dentre tantas outras coisas. 
 
 
 
 
 
Para conhecer mais sobre educação popular leia o Caderno de Formação – 
Educação popular e direitos humanos do Instituto Paulo Freire. Disponível em: 
https://www.paulofreire.org/images/pdfs/livros/Cadernos_Formacao_Educacao_Pop
ular.pdf 
https://www.paulofreire.org/images/pdfs/livros/Cadernos_Formacao_Educacao_Popular.pdf
https://www.paulofreire.org/images/pdfs/livros/Cadernos_Formacao_Educacao_Popular.pdf
 
Fonte: http://www.sbcs.org.br/sbcs-nrl/wp-content/uploads 
/2016/11/Dra.-Marcia-Marques-Waste-management-in-
Brazil....pdf 
 
 
 
 
 
As sucessivas crises econômicas pelas quais o Brasil passou em todo século XX e agora 
neste início do século XXI ampliaram a exclusão e os impedimentos de as pessoas chegarem 
ao mercado de trabalho formal. Como parte de um sistema impiedoso, conforme 
desemprego, trabalho precário e as relações de trabalho opressivas aumentam com essas 
crises, identicamente os índices de pobreza e de vulnerabilidade da classe trabalhadora se 
elevam e, consequentemente, há uma expansão da população em situação de rua. 
 
A existência da população em 
situação de rua torna visíveis as 
desigualdades sociais criadas pelo 
modo econômico no qual estamos 
vivendo. A principal pesquisa 
nacional sobre a população em 
situação de rua realizada pelo 
Ministério do Desenvolvimento 
Social e Combate à Fome (MDS) 
em 2007 revelou a extrema pobreza 
da população em situação de rua 
brasileira, composta em sua maioria por 
homens negros que mesmo estando 
em idade economicamente ativa não 
conseguem ocupar postos formais de 
trabalho. 
 
Segundo a pesquisa 47,7% desta população nunca teve anotação na carteira de trabalho ou 
fazia muito tempo que estava sem nenhum vínculo empregatício. Estes trabalhadores, 
apesar da precariedade de sua formação e contrapondo o senso comum preconceituoso que 
os identifica como preguiçosos e pedintes exercem atividades no dia-a-dia exercer das ruas 
que lhe garantem uma renda mínima diária, na época da pesquisa cerca de 52,6% dos 
entrevistados atuavam em atividades informais, sendo 27, 5% como catadores de materiais 
recicláveis, 14,1% como guardadores de carro, 6,3% atuando em atividades de limpeza e 
3,1% como carregadores. 
 
Conforme estes dados uma parte considerável dos trabalhadores e trabalhadores que estão 
em situação de rua, 27,5%, atua na coleta de materiais recicláveis. Estes trabalhadores 
recebem assessoramento do Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da 
População em Situação de Rua e dos Catadores de Materiais Recicláveis (CNDDH) na 
defesa e garantia de seus direitos, enfrentamento às violações, sistematização de dados, 
produção de conhecimento e formação. 
 
Alguns já se organizam no Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis 
(MNCR) e têm trabalhado princípios de auto-gestão e organização dos catadores através da 
onde a participação de todos é estimulada para construir a luta de seus direitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para saber mais sobre as influências da escravidão na formação do mundo do 
trabalho no Brasil leia a tese de Alexandre de Freitas Barbosa “A formação do 
mercado de trabalho no Brasil: da escravidão ao assalariamento.” Disponível em: 
http://bdtd.ibict.br/vufind/Record/CAMP_29e2fec4ca6bc76e1c5873caaee32758 
http://bdtd.ibict.br/vufind/Record/CAMP_29e2fec4ca6bc76e1c5873caaee32758
 
 
 
 
 
Incluir a população em situação de rua no mundo do trabalho é um dos desafios colocados 
pela Política Nacional. Com este objetivo a Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou, em 
2018, uma lei que reserva o percentual de cinco por cento do total de vagas de trabalho 
disponibilizadas a partir das contratações de serviços e obras públicas municipais para que 
estas vagas sejam destinadas especificamente para pessoas em situação de rua que 
estejam sendo assistidas por políticas da Secretaria Municipal de Assistência Social e 
Direitos Humanos daquela cidade. 
 
Similarmente há um projeto de lei que cria cota de contratação para pessoas em situação de 
rua tramitando no Senado Federal, este projeto foi aprovado na Comissão de Assuntos 
Sociais do Senado (CAS) em 2018 e segue sendo analisado pelos senadores. 
 
 
Economia solidária 
 
A precarização das relações e condições de trabalho eleva sobremaneira os níveis de 
pobreza. Muitas são as alternativas de organização dos trabalhadores empobrecidos para se 
contrapor a este sistema excludente e criar alternativas de trabalho e renda, dentre elas 
 
destaca-se a economia solidária, modo de pensar o sistema econômico através de 
possibilidades mais humanas onde as pessoas e o cuidados com suas vidas são os eixos 
que dão centralidade. 
 
Na economia solidária o trabalho deixa de ser um modo de opressão para se tornar fator de 
agregação das relações entre os diversos sujeitos que dele participam. 
 
As cooperativas de economia solidária se apresentam como uma resposta interessante ao 
problema do desemprego e à exclusão social. Ao afirmar um modelo de desenvolvimento 
sustentável apoiado na dinamização de redes participativas, a economia solidária empresta 
um conteúdo transformador à inserção local das práticas econômicas solidárias. As 
experiências de autogestão promovem sistemas amplos de reciprocidade e contribuem para 
a consolidação da autonomia dos sujeitos e construção de vínculos que podem contribuir 
para uma saída efetiva das ruas. 
 
Alguns empreendimentos econômicos solidários vêm sendo desenvolvidos com pessoas e 
situação de rua e apresentam bons resultados por ter seu enfoque na integração desta 
população com a realização de atividades de formação e fomento a redes de comercialização 
e crédito solidários, não somente prezando a renda, como também um resgate da dignidade 
destas pessoas. Estes empreendimentos são constituídos principalmente por cooperativas 
populares (como as de catadores de materiais recicláveis) e associações de pequenos 
produtores. 
 
 
 
 
Dentre os princípios da economia solidária alguns merecem destaque: 
 
Autogestão: todos os integrantes são responsáveis pelo processo administrativo do 
coletivo. Nahora de tomada decisões são realizadas reuniões ou assembleias para que 
cada membro se manifeste para que coletivamente se decida o melhor. 
Autonomia: o grupo deve ser capaz de tomar suas próprias decisões, evitando qualquer 
influência externa. 
Solidariedade: as relações pessoas do grupo devem ser sustentadas pela 
solidariedade, informando, dividindo o que se sabe e o que se tem, tendo compaixão e 
cuidado com os outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cooperação: a cooperação guia o processo do trabalho individual para o trabalho 
coletivo, fazendo com que cada pessoa contribua com a outra. 
Respeito à natureza: conduzindo ações que reflitam e pensem o processo produtivo e 
do trabalho respeitando o meio ambiente. 
Comércio Justo: comércio justo é uma prática de comercialização voltada para os 
valores de justiça social e solidariedade. Os preços dos produtos são definidos a partir do 
valor da matéria prima e do trabalho empregado. 
Consumo consciente: o grupo deve adquirir somente o que precisar, sem criar 
excedentes. As relações com empresas que agridam a natureza vão contra um dos 
princípios da economia solidária. 
Valorização social do trabalho humano: todo trabalho é digno e não deve existir uma 
valorização/reconhecimento a mais por diferenças de tarefas de trabalho. 
Valorização da diversidade: reconhecimento do papel fundamental da mulher e do 
feminino e valorização da diversidade, sem discriminação de crença, cor, orientação 
sexual e qualquer tipo de deficiência. 
 
 
 
Os empreendimentos econômicos solidários podem ter ou não um registro legal de 
existência. Possuem as mais diversas características, são desde cooperativas, associações, 
empresas com autogestão, até redes de prestação de serviços e grupos produtivos dos quais 
participam trabalhadores das zonas urbanas ou rurais das cidades que dividem entre si as 
tarefas de gestão. 
 
 
 
Para concluir este tópico assista ao vídeo sobre o encontro dos coletivos de trabalho e 
economia solidária com população em situação de rua que ocorreu no Rio Grande do Sul: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. Saúde 
 
Viver no cotidiano das ruas expõe as pessoas a diversas condições que aumentam a 
vulnerabilidade e expõem riscos à sua saúde. Situações constantes de invisibilidade social, 
impedimento de acesso às políticas públicas, preconceito, violências, privação de sono, 
estado constante de alerta, alimentação precária e pouca disponibilidade de água potável, 
geram agravamentos à sua saúde difíceis de serem resolvidos. 
 
 
 
 
A negação ou mau de atendimento para população em situação de rua nos serviços 
de saúde é algo combatido pelo Ministério da Saúde que dentre tantos documentos, 
na Portaria no. 940/2011 dispensa aos ciganos, nômades e pessoas em situação de 
rua a exigência de apresentar o endereço do domicílio permanente para aquisição do 
Cartão SUS. 
 
 
 
 
Apesar de o atendimento nas unidades de saúde ser um direito das pessoas em situação de 
rua muitas se recusam a ir até estes locais por já terem passado ou saberem da ocorrência 
de negação de atendimento, mau atendimento e impedimento de que entrem por causa da 
forma como estão vestidos ou por sua condição de higiene. A pesquisa nacional de 2007, já 
citada aqui, revelou que 18,4% das pessoas em situação de rua ouvidas já haviam passado 
por alguma experiência como estas. 
 
 
 
 
A Pesquisa também apontou que 29,7% tinham algum problema de saúde, tais como: 
hipertensão 10,1%, problemas psiquiátricos ou mentais 6,1%, HIV/AIDS 5,1%, e 
comprometimentos na visão ou cegueira 4,6%. Muitas pessoas, aproximadamente 19%, 
fazem uso regular de remédios que obtém em centros de saúde e postos locais. 
 
Quando precisam de algum atendimento 43,8% procuram em primeiro lugar as emergências 
dos hospitais e 27,4% procuram o posto de saúde de atendimento básico. 
Em relação a higiene os locais que as pessoas em situação de rua mais utilizam para tomar 
banho são a rua 32,6%, os albergues ou abrigos 31,4%, banheiros públicos 14,2% e a casa 
de parentes ou amigos 5,2%. Para fazer suas necessidades fisiológicas 32,5% usam a rua, 
25,2 os albergues ou abrigos, 21,3% banheiros públicos, 9,4% estabelecimentos comerciais 
e cerca de 3% a casa de parentes ou amigos. 
 
Um grave problema de saúde que tem atingido a população em situação de rua no Brasil é a 
tuberculose. Algumas pesquisas realizadas no Distrito Federal e nas cidades do Rio de 
Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, demonstraram que a taxa de incidência de tuberculose 
entre as pessoas que estão em situação de rua fica entre 1.576 casos por 100 mil habitantes 
a 2.750/100 mil. Um número muito maior se comparados aos casos verificados na população 
geral, onde a taxa é de 38 ocorrências a cada 100 mil habitantes. Isso significa que a 
incidência de casos de tuberculose na população em situação de rua pode ser até 70 vezes 
maior em relação que a média de ocorrência nacional. 
 
O Ministério da Saúde possui uma política específica para o atendimento da população em 
situação de rua expressa na Resolução n° 2, de 27 de fevereiro de 2013 que apresenta o 
Plano Operativo para Implementação de Ações em Saúde da População em Situação de 
Rua. 
 
A resolução organiza uma série de diretrizes e estratégias para o enfrentamento 
desigualdades no acesso à saúde pela população em situação de rua no contexto do 
Sistema Único de Saúde (SUS). Para garantir o acesso da população em situação de rua às 
ações e aos serviços de saúde a resolução entende que é preciso reduzir os riscos à saúde 
que decorrem dos processos de trabalho executados pelas pessoas na rua (como o devido 
armazenamento de materiais recicláveis que muitas das vezes causam ferimentos ou 
contaminações) e das suas condições de vida em geral. Para isto as estratégias para 
promoção da saúde definidas se organizam em cinco eixos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.jacarei.sp.gov.br/consultorio-na-rua-leva-
cuidados-de-saude-populacao-em-situacao-de-rua/ 
 
 
 
 
 
 
 
1. Inclusão da PSR no escopo das redes de atenção à saúde 
Para isso é necessário a implantação de Consultórios na Rua; melhoria na capacitação 
das equipes que fazem atendimentos de urgência e emergência; bem como a garantia 
de acesso à atenção domiciliar nos lugares onde as pessoas em situação de rua 
recebem acolhimento institucional. 
 
2. Promoção e Vigilância em Saúde 
Neste eixo entende-se que o controle e redução da incidência de tuberculose, DST/aids 
devem ser intensificados mediante o estímulo a busca ativa e aos tratamentos para 
controle de doenças infecciosas. Acesso dessa população às vacinas disponíveis no 
SUS é requisito importante para o sucesso destas iniciativas. 
 
3. Educação Permanente em Saúde na abordagem da Saúde da PSR 
As ações definidas neste eixo preveem a capacitação e sensibilização dos profissionais 
de saúde para um melhor atendimento da população em situação de rua e a elaboração 
de material que informe a população em situação de rua sobre o SUS e as redes de 
atenção à saúde. 
 
4. Fortalecimento da Participação e do Controle Social 
Aqui valoriza-se a formação e sensibilização das lideranças do movimento social da 
população em situação de rua para que possam, junto com os gestores públicos, 
articular e fomentar a capacitação de conselheiros de saúde sobre a temática saúde 
desta população, como parte disto aponta a importância de se instituir um comitê técnico 
de saúde da população em situação de rua ou organismo técnico parecido nas instâncias 
estaduais e municipais de saúde. 
 
5. Monitoramento e avaliação das ações de saúde para a PSR 
O foco deste eixo é o monitoramento e avaliação das ações pactuadas, tendo sempre 
como prioridade as metas elencadas nos diversos planos estaduais e municipais de 
saúde. 
 
 
 
 
 
Consultório na rua 
 
Uma importante estratégia de 
atenção em saúde oferecida para as 
pessoas em situação de rua é o 
consultório na rua. Composto por 
uma equipe multiprofissional,sua 
função é ampliar o acesso da 
população em situação de rua aos 
serviços de saúde por meio de 
atendimento itinerante e, quando 
necessário, em parceria com as 
equipes das Unidades Básicas de 
Saúde (UBS) presentes nos 
territórios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Segundo Portaria Nº 122, de 2011 que define as diretrizes de organização e funcionamento 
das Equipes de Consultório na Rua. As equipes dos consultórios na rua integram o 
componente de atenção básica da Rede de Atenção Psicossocial e desenvolvem ações de 
Atenção Básica, devendo seguir os fundamentos e as diretrizes definidos na Política Nacional 
de Atenção Básica para lidar com os diferentes problemas e necessidades de saúde da 
população em situação de rua. 
 
Dentre suas atribuições estão: a busca ativa e o cuidado aos usuários de álcool, crack e 
outras drogas. O desempenho de atividades in loco (na rua), de forma itinerante, 
desenvolvendo ações compartilhadas e integradas às Unidades Básicas de Saúde (UBS) e, 
quando necessário, também com as equipes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), 
dos serviços de Urgência e Emergência e de outros pontos de atenção, de acordo com a 
necessidade do usuário. 
 
 
O vídeo a seguir apresenta mais sobre a estratégia do consultório na rua: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ainda sobre o consultório na rua é importante destacar que ele é uma estratégia específica 
que faz parte de um todo que é o SUS. Não a única forma possível para atendimento da 
população em situação de rua. Assim como qualquer cidadão brasileiro a responsabilidade 
pela atenção à saúde da população em situação de rua é algo que faz parte das ações de 
todo e qualquer profissional do SUS, mesmo que ele não seja membro de uma equipe de 
consultório na rua. Ou seja, o atendimento à população em situação de rua não pode ser 
negado ou repassado para uma equipe de consultório na rua, caso alguém procure 
atendimento e alguma unidade de saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para saber mais a respeito da política de consultórios na rua acesse: 
http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_consultorio_rua.php 
http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_consultorio_rua.php
 
Encerramos este q módulo. A seguir, você deverá realizar uma 
avaliação de aprendizagem! 
 
 
 
5. Guarde na memória! 
 
 Neste módulo você aprendeu a respeito de três importantes direitos sociais e 
humanos, trabalho, saúde e educação. 
 Ainda nesse módulo, você recebeu informações gerais sobre as características de 
cada um deles e sobre a situação da população em situação de rua diante deles. 
 Por fim ficou conhecendo algumas das políticas públicas de trabalho, saúde e 
educação oferecidas pelo estado brasileiro para a população em situação de rua. 
 
 
 
6. Referências Bibliográficas 
 
ALMEIDA, S. F. D. O retorno da população em situação de rua à educação escolar: entre 
dificuldades e possibilidades. São Carlos: Especialização em Educação de Jovens e Adultos 
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