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Crítica Feminista

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Crítica Feminista 
Profa. Conceição Flores
Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha.)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.
Hilda Hilst 
Objetivos: 
Conhecer a origem da crítica feminista.
Compreender o que é crítica feminista.
Crítica Feminista
Assume um papel questionador da prática acadêmica patriarcal.
“Trata-se de um modo de ler a literatura confessadamente empenhado, voltado para a desconstrução do caráter discriminatório das ideologias de gênero, construídas ao longo do tempo pela cultura.” (ZOLIN, 2005, p 182). 
O foco é a pesquisa sobre obras escritas por mulheres ou personagens femininas escritas por homens.
Na Inglaterra:
Em 1792 a inglesa Mary Wollstonecraft publica Vindication of the rights of woman. Ela afirma que:
“O entendimento do sexo feminino tem sido tão distorcido por essa homenagem ilusória que as mulheres civilizadas de nosso século, com raras exceções, anseiam apenas inspirar amor, quando deveriam nutrir uma ambição mais nobre e exigir respeito por suas capacidades e virtudes. “(WOLLSTONECRAFT , 2016, p. 25) 
No Brasil: 
Em 1832, Nísia Floresta Brasileira Augusta elabora uma tradução livre do livro inglês e publica Direito das mulheres, injustiça dos homens. 
“Se cada homem, em particular, fosse obrigado a declarar o que sente a respeito de nosso sexo, encontraríamos todos de acordo em dizer que nós nascemos para seu uso, que não somos próprias senão para procriar e nutrir nossos filhos na infância, reger uma casa, servir, obedecer e aprazer aos nossos amos, isto é, a eles homens.” (1989, p. 35) 
Na Inglaterra:
Em 1929, Virginia Woolf publica Um teto todo seu. 
Ela escreve:
“Creiam-me – e passei uns bons dez anos observando umas trezentas e vinte escolas primárias -, podemos tagarelar sobre a democracia, mas, na verdade, uma criança pobre na Inglaterra tem pouco mais esperança do que tinha o filho de um escravo ateniense de emancipar-se até a liberdade intelectual de que nascem os grandes textos. [...] É isso aí. A liberdade intelectual depende de coisas materiais. A poesia depende da liberdade intelectual. E as mulheres sempre foram pobres, não apenas nos últimos duzentos anos, mas desde o começo dos tempos.” (1985, p. 140-141)
Na França:
Em 1949, Simone de Beauvoir publica O segundo sexo. 
“Ninguém nasce mulher, torna-se mulher.
[...] o corpo da mulher é um dos elementos essenciais da situação que ela ocupa neste mundo. Mas não é ele tampouco que basta para a definir. Ele só tem realidade vivida enquanto assumido pela consciência através das ações e no seio de uma sociedade; a biologia não basta para fornecer uma resposta à pergunta que nos preocupa: por que a mulher é o Outro? Trata-se de saber como a natureza foi nela revista através da história; trata-se de saber o que a humanidade fez da fêmea humana” (BEAUVOIR, 2009, p. 9, 70).
Referências: 
FLORESTA, Nísia. Direitos das mulheres e injustiça dos homens. São Paulo: Cortez, 1989.
WOOLF, Virginia. Um teto todo seu.  Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
WOLLSTONECRAFT, Mary. Reivindicação dos direitos da mulher. Trad. de Ivania Pocinho Motta. São Paulo: Boitempo, 2016.

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