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NP1 - PSICANÁLISE

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LIÇÃO UM DE PSICANÁLISE
O nascimento da psicanálise
· O nascimento da psicanálise teve início pautado na hipnose e catarse.
· Breuer pela primeira vez usou esse procedimento com uma jovem histérica (entre 1880 e 1882)
· Freud abandona a concepção organicista da histeria.
· A compreensão da histeria por Breuer é voltada para, hipnose, sugestão, fantasias, catarse, talking cure e elaboração psíquica
· Breuer ao contrário dos médicos que não consideravam a histeria, buscou compreendê-la.
· Havia-se observado que a enferma, em seus estados de ausência, de alteração e confusão da psique, murmurava algumas palavras que pareciam originar-se de outra situação que lhe ocupava o pensamento. 
· O médico, tendo-se informado dessas palavras, punha a moça numa espécie de hipnose e as repetia, para fazer com que relacionasse algo a elas. 
· A enferma procedeu dessa forma, e reproduziu para o médico as criações psíquicas que a dominavam durante as ausências e se haviam denunciado naquelas palavras isoladas. Eram fantasias profundamente tristes, muitas vezes de poética beleza — nós as chamaríamos “devaneios”. 
· Depois de relatar certo número dessas fantasias, ela se achava como que liberada, retornando à vida psíquica normal. Esse bem-estar permanecia durante várias horas, mas no dia seguinte dava lugar a uma nova ausência, que do mesmo modo cessava com a exteriorização de novas fantasias. 
· A própria paciente, que, curiosamente, falava e compreendia apenas o inglês nesse período da doença, deu a esse novo tipo de tratamento o nome de “talking cure” [cura pela fala] [...]” (p. 170)
· Hipnose e catarse: “Logo se verificou, como que por acaso, que mediante essa limpeza psíquica [...] se conseguia fazer desaparecer sintomas patológicos quando a paciente era lembrada, durante a hipnose com exteriorização de afetos, em qual ocasião e em relação com o quê os sintomas haviam aparecido pela primeira vez.” (p. 171) Ou seja, Catarse é um termo de origem filosófica com o significado de limpeza ou purificação pessoal. O termo provém do grego “kátharsis” e é utilizado para designar o estado de libertação psíquica que o ser humano vivencia quando consegue superar algum trauma como medo, opressão ou outra perturbação psíquica.
· Traumas psíquicos: “[...] quase todos os sintomas haviam se originado como resíduos [...] de vivências carregadas de afetos, que, por causa disso, depois denominamos “traumas psíquicos”, e sua peculiaridade se explicava pela relação com a cena traumática que os havia ocasionado. Eles eram, para usar um termo técnico, determinados pelas cenas das quais constituíam resíduos de lembranças, já não precisavam ser vistos como produtos arbitrários ou enigmáticos da neurose.” (p. 171- 172)
O que Freud percebeu a partir da experiência com Breuer: 
· Reminiscências: “[...] podemos formular da seguinte maneira o que até agora sabemos: Nossos histéricos sofrem de reminiscências. Seus sintomas são resíduos e símbolos mnêmicos de certas vivências (traumáticas).” (p. 174) esses monumentos são símbolos mnêmicos, tal como os sintomas histéricos [...]”
· Importante efeito da catarse
· Importância dos estados da consciência - consciente e inconsciente: “[...] paciente exibia variadas disposições psíquicas, estados de ausência, confusão e alteração do caráter, além do estado normal. 
· No estado normal ela nada sabia das cenas patogênicas e da relação entre estas e seus sintomas; esquecera estas cenas ou, de todo modo, rompera a conexão patológica. (CONSCIÊNCIA) 
· Quando era hipnotizada, conseguia-se, após considerável esforço, chamar-lhe de volta à lembrança estas cenas. (INCONSCIENTE)
· Sugestão hipnótica e amnésia: “[...] Nos notórios fenômenos da assim chamada sugestão pós-hipnótica, em que uma ordem dada sob hipnose é depois cumprida no estado normal, temos um ótimo exemplo das influências que o estado consciente pode experimentar daquele que lhe é inconsciente. Breuer adotou a hipótese de que os sintomas histéricos surgiram nesses estados psíquicos especiais, que ele chamou de hipnoides. Excitações que sobrevêm nesses estados hipnoides tornam-se facilmente patogênicas, pois eles não oferecem as condições para um desafogo normal dos processos de excitação. Então nasce do processo de excitação um produto insólito, o sintoma, e este irrompe como um corpo estranho no estado normal, que não tem conhecimento da situação patogênica hipnoide. Onde há um sintoma encontra-se também uma amnésia, uma lacuna na lembrança, e o preenchimento dessa lacuna implica a eliminação das condições que geraram o sintoma.” (p. 177-178) 
· Freud afirma que “[...] a tese dos estados hipnoides de Breuer revelou-se limitadora e supérflua, tendo sido abandonada pela psicanálise de hoje. (p. 178) e aponta “[...] que influências e processo havia a descobrir por trás da barreira dos estados hipnoides postulada por Breuer.” (p. 178)
· A associação livre: é o método terapêutico por excelência da psicanálise. Freud o inventou em substituição ao hipnotismo no tratamento das neuroses. Começou a utilizá-la no tratamento de Elizabeth Von R. que solicitou a Freud que a deixasse associar livremente, sem pressionar a busca de uma lembrança específica.
· A associação livre e os sonhos formam o que Freud chama de via régia para o inconsciente.
· Na associação livre o paciente é orientado a dizer o que lhe vier à cabeça, deixando de dar qualquer orientação consciente a seus pensamentos. É essencial que o paciente se obrigue a informar absolutamente tudo que ocorrer à sua autopercepção, não dando margem a objeções críticas que procurem pôr certas associações de lado, com base no fundamento de que sejam irrelevantes ou inteiramente destituídas de sentido.
· Em seu Estudo Autobiográfico, Freud (1925) lembra-nos que devemos ter em mente que a associação livre não é realmente livre. O paciente permanece sob a influência da situação analítica, muito embora não esteja dirigindo suas atividades mentais para um assunto específico: nada lhe ocorrerá que não tenha alguma referência com essa situação. Sua resistência contra a reprodução do material reprimido será agora expressa de duas maneiras.
· Em primeiro lugar, será revelada por objeções críticas; e foi para lidar com tais objeções que a regra fundamental da psicanálise foi criada. Mas se o paciente observar essa regra e assim superar suas reservas, a resistência encontrará outro meio de expressão. Tal regra a disporá de tal forma que o próprio material reprimido jamais ocorrerá ao paciente, mas somente algo que se aproxima dele de maneira alusiva; e quanto maior a resistência, mais remota da ideia real, da qual o analista se acha à procura.
· O analista, que escuta serenamente, mas sem qualquer esforço constrangido, à torrente de associações e que, pela sua experiência, possui uma ideia geral do que esperar, pode fazer uso do material trazido à luz pelo paciente de acordo com duas possibilidades. Se a resistência for leve, ele será capaz, pelas alusões do paciente, de inferir o próprio material inconsciente; se a resistência for mais forte, ele será capaz de reconhecer seu caráter a partir das associações, quando parecerem tornar-se mais remotas do tópico em mão, e o explicará ao paciente. A descoberta da resistência, contudo constitui o primeiro passo no sentido de superá-la.
· A associação livre oferece inúmeras vantagens: expõe o paciente à menor dose possível de compulsão, jamais permitindo que se perca contato com a situação corrente real; e garante em grande medida que nenhum fator da estrutura da neurose seja desprezado e que nada seja introduzido nela pelas expectativas do analista.
· Deixa-se ao paciente, em todos os pontos essenciais, que determine o curso da análise e o arranjo do material; qualquer manuseio sistemático de sintomas ou complexos específicos torna-se desse modo impossível.
· Em completo contraste com o que aconteceu com o hipnotismo e com o método de incitação, o material inter-relacionado aparece em diferentes tempos e em pontos diferentes no tratamento. Deve, teoricamente, sempre serpossível ter uma associação, contanto que não se estabeleçam quaisquer condições quanto ao seu caráter.
· Com a ajuda do método de associação livre e da arte correlata de interpretação, tornou-se possível provar que os sonhos têm um significado, e que é possível descobri-lo. A estrutura dos sonhos não pode ser vista como absurda ou confusa; é um produto psíquico inteiramente válido; e o sonho manifesto não passa de uma tradução distorcida, abreviada e mal compreendida, e na sua maior parte uma tradução em imagens. Esses pensamentos oníricos latentes encerravam o significado do sonho, enquanto seu conteúdo manifesto era simplesmente um simulacro, uma fachada, que poderia servir como ponto de partida para as associações, mas não para a interpretação
· “A associação livre é uma maneira de fazer surgir o desejo nas representações. Essa operação é uma tarefa do analisante. A associação livre foi o dispositivo descoberto por Freud que consiste no desenrolar das cadeias significantes do sujeito, sustentado pelo amor de saber dirigido ao analista: a transferência. Desenrolar este que permite desatar os nós do recalque do sintoma, cabendo, por sua vez, ao analista a direção da análise apontada para a construção da fantasia fundamental no intuito de fazer o sujeito atravessá-la, ou seja, ir para além desta. Se a fantasia é uma resposta do sujeito ao enigma do sexo que representa o desejo do Outro, atravessá-la é experimentar o estado de desolação absoluta ou de desamparo - Hilflosigkeit, ou seja, a mais completa solidão e a inexistência do Outro – S(A/).” (Jorge A. Pimenta Filho Carta Acf)
· A associação livre como regra fundamental da psicanálise, constitui um convite a que o sujeito da experiência tome distância da coerência, como condição de poder bem dizer da verdade do sintoma que o invade. Assim a psicanálise valoriza mais o incoerente que o coerente do sintoma e o consultório do analista é o lugar de se desfazer desses laços da coerência do sintoma para na linha de um novo laço – transferencial, o sujeito, enlaçado não ao analista, mas a esse lugar do desenlaçamento, buscar dar conta de seu sintoma e elabora-lo. 
LIÇÃO DOIS DE PSICANÁLISE
A descoberta do inconsciente
· O grande Charcot: Charcot começava em Paris as investigações sobre os doentes histéricos da Salpêtrière, que resultariam numa nova compreensão da enfermidade.[...] quando [...] Breuer e eu publicamos a comunicação preliminar sobre o mecanismo psíquico dos fenômenos histéricos, baseada no tratamento catártico da primeira paciente de Breuer, estávamos inteiramente fascinados pelas pesquisas de Charcot. Tomando as vivências patogênicas de nossos enfermos como traumas psíquicos, nós as equiparamos aos traumas físicos que influenciavam as paralisias histéricas, na constatação de Charcot; e a tese dos estados hipnoides, de Breuer, não é outra coisa senão um reflexo do fato de Charcot haver reproduzido artificialmente aquelas paralisias traumáticas.” (p. 179)
· Pierre Janet: A histeria é, segundo ele, uma forma de alteração degenerativa do sistema nervoso que se manifesta por uma fraqueza congênita [na capacidade] de síntese psíquica. Os histéricos seriam, desde o princípio, incapazes de juntar numa unidade os múltiplos processos psíquicos, daí sua tendência à dissociação psíquica.” (p. 179) 
· Ponto de vista de Freud: “Depois, quando prossegui por conta própria as pesquisas iniciadas por Breuer, logo cheguei a outro ponto de vista sobre a gênese da dissociação histérica (cisão da consciência). Era inevitável que aparecesse uma divergência assim, decisiva para tudo o que viria, pois eu não partia de experiências de laboratório, como Janet, e sim de empenhos terapêuticos.” (p. 180) “
· O tratamento catártico, tal como Breuer o havia empregado, pressupunha que se pusesse o doente em hipnose profunda, pois somente em estado hipnótico achava ele o conhecimento dos nexos patogênicos, que lhe escapava no estado normal. Mas logo vim a desgostar da hipnose [...] resolvi abandonar a hipnose e tornar independente dela o tratamento catártico. Como não podia alterar à vontade o estado psíquico da maioria de meus doentes, propus-me trabalhar com seu estado normal.” (p. 180).
· “Consistia na tarefa de saber do próprio doente algo que se ignorava e que também ele não sabia [...] Então me veio à lembrança um experimento muito curioso e instrutivo que eu havia presenciado quando estava com Bernheim, em Nancy.[...]” (p. 181) 
Bernheim e as experiências com o sonambulismo hipnótico: “[...] Quando ele lhes perguntava sobre aquelas vivências, inicialmente [os pacientes] afirmavam nada saber; mas, quando não desistia, insistindo e assegurando que sabiam, então as lembranças esquecidas retornavam sempre.” (p. 181, grifos meus).
· “Assim também fiz com meus pacientes. Quando chegava com eles a um ponto em que diziam nada saber mais, eu lhes assegurava que sabiam, sim, que deviam apenas dizê-lo, e ousava afirmar que teriam a lembrança correta no momento em que eu pusesse a mão sobre sua testa. Dessa maneira consegui, sem recorrer à hipnose, saber dos doentes tudo o que era preciso para estabelecer o nexo entre as cenas patogênicas esquecidas e os sintomas por elas deixados. Mas era um procedimento laborioso, e mesmo extenuante a longo prazo, que não se prestava para uma técnica definitiva.” (p. 181).
· Resistência: “Mas não o abandonei [o procedimento] sem que tirasse conclusões decisivas do que ali percebera. Eu vira confirmado o fato de que as lembranças esquecidas não se achavam perdidas. Estavam em poder do doente e prontas para emergir em associação com o que ainda sabia, mas alguma força as impedia de se tornarem conscientes, obrigava-as a permanecer inconscientes. Vimos como resistência do paciente a força que mantinha o estado patológico.” (p. 181).
· Repressão: [...] Para a recuperação do doente, mostrava-se necessário afastar essas resistências [...] As mesmas forças que naquele momento se opunham, na qualidade de resistência, a que o material esquecido se tornasse consciente, deviam ter provocado esse esquecimento e empurrado as vivências patogênicas em questão para fora da consciência. Chamei repressão a este processo que supunha, e o considerei demonstrado pela inegável existência da resistência.” (p. 182) . 
· “Em todas aquelas vivências havia aflorado um desejo que se achava em agudo contraste com os demais desejos do indivíduo, que se mostrava inconciliável com as exigências éticas e estéticas da personalidade. Ocorrera um breve conflito e, no final dessa luta interior, a ideia que aparecia ante a consciência como portadora daquele desejo incompatível sucumbiu à repressão, sendo impelida para fora da consciência e esquecida, junto com as lembranças a ela relacionadas. O motivo da repressão, portanto, era a incompatibilidade entre a ideia em questão e o Eu do paciente; as forças repressivas eram as reivindicações éticas etc. do indivíduo. A aceitação do desejo inconciliável ou o prosseguimento do conflito teriam gerado intenso desprazer; esse desprazer foi evitado pela repressão, que, dessa maneira, revelou-se como um dos dispositivos de proteção da personalidade psíquica.” (p. 182)
· Formação de sintomas: “O que extraímos de mais valioso da observação de Breuer foram os esclarecimentos sobre o vínculo entre os sintomas e as vivências patogênicas ou traumas psíquicos, e agora não podemos deixar de avaliar essas percepções a partir da teoria da repressão.[...]” (p. 184).
· Retoma a analogia para explicar a formação de sintomas: “Considerem que o incidente não terminou necessariamente com a exclusão do indivíduo incômodo e o posicionamento dos vigias ante a porta. Pode muito bem ter ocorrido que o sujeito, irritado e ainda mais desconsiderado, prosseguisse nos dando trabalho. É certo que já não estava entre nós, que nos livramos de sua presença [...] mas em determinado sentido a repressão malogrou, pois ele passou a apresentar lá fora seu intolerável espetáculo, e seus gritos e golpes na porta inibiam minha palestra mais ainda que ocomportamento grosseiro de antes. Em tal situação, ficaríamos contentes se, digamos, nosso estimado presidente, o dr. Stanley Hall, se dispusesse a assumir o papel de mediador e pacificador. Ele sairia para falar com o intratável sujeito e retornaria com a proposta de que o deixássemos entrar novamente, garantindo que o homem se comportaria melhor. Fiados na autoridade do dr. Hall, concordaríamos em suspender a repressão e haveria novamente paz e sossego. Esta não seria uma descrição inadequada da tarefa que toca ao médico na terapia psicanalítica das neuroses.” (p. 184-185)
· “[...] chegamos à conclusão de que neles [doentes histéricos e outros neuróticos] fracassou a repressão da ideia a que se liga o desejo insuportável. É certo que a impeliram para fora da consciência e da lembrança e aparentemente se pouparam uma enorme soma de desprazer, mas no inconsciente o desejo reprimido continua a existir, espreita por uma oportunidade de ser ativado, e então consegue enviar à consciência uma formação substitutiva para o que foi reprimido, deformada e tornada irreconhecível, à qual logo se ligam os mesmos sentimentos de desprazer dos quais o indivíduo se acreditava poupado mediante a repressão. Tal formação substitutiva da ideia reprimida — o sintoma — é imune a ataques subsequentes por parte do Eu defensivo, e no lugar do breve conflito surge um sofrimento interminável. No sintoma se constata, junto aos indícios da deformação, um resíduo de semelhança indireta com a ideia reprimida originalmente; as vias pelas quais a formação substitutiva se realizou podem ser descobertas durante o tratamento psicanalítico do doente, e para a cura é necessário que o sintoma seja reconduzido pelas mesmas vias até a ideia reprimida.[...]” (p. 185)
· 
QUARTA LIÇÃO DE PSICANÁLISE
A teoria da sexualidade
· O que Freud apurou sobre os complexos patogênicos e desejos reprimidos dos neuróticos:
· Etiologia sexual: “[...] a pesquisa psicanalítica descobre que os sintomas patológicos dos doentes são ligados a impressões de sua vida amorosa [...]” (p. 199) – ligados a componentes instintuais [pulsionais]* eróticos “[....] importância decisiva da etiologia sexual [...]” (p. 200
· Etiologia sexual infantil: O completo esclarecimento e cura de um caso não se detém nas vivências da época em que o paciente adoeceu, mas retrocede até a puberdade e a primeira infância pois nelas estão os determinantes para o adoecimento posterior
· Os desejos (sexuais) reprimidos da infância emprestam força para a formação dos sintomas
· “[...] A criança tem seus instintos e atividades sexuais desde o início, vem com eles ao mundo, e deles procede, mediante um desenvolvimento significativo e pleno de etapas, aquilo que se chama a sexualidade normal do adulto.[...]” (p. 201) – fase oral, fase anal, fase fálica, período de latência, fase genital*
· Exemplo: análise de um garoto de cinco anos que sofria de angústia (O pequeno Hans) - primeiros estágios da vida amorosa infantil.
· Amnésia infantil: Por que as pessoas preferem não saber sobre a vida sexual das crianças?: “[...] Elas esqueceram sua própria atividade sexual infantil, sob a pressão da educação para a vida em sociedade, e não desejam ser lembradas do que foi reprimido. [...] (p. 203)
· Sexualidade infantil: auto-erotismo 
· O instinto sexual da criança pode ser decomposto em muitos elementos que se originam de fontes diversas. É ainda independente da função de procriação. 
· Volta-se para a obtenção de prazer a partir de certos locais do corpo (zonas erógenas) suscetíveis à estímulos, como: a boca, o ânus, a uretra, também a pele e outras superfícies sensoriais (além dos genitais) 
· Zonas erógenas são locais no corpo de obtenção de prazer. 
· Autoerotismo - a satisfação é encontrada no próprio corpo, prescinde neste momento de um objeto exterior. 
· Mamar, chupar o dedo são exemplos de satisfação autoerótica a partir de uma zona erógena. A excitação masturbatória dos genitais também é outra satisfação desse período de vida e pode se conservar em alguns indivíduos. 
· Além dessas atividades autoeróticas, manifestam-se na criança componentes instintuais [pulsionais] da libido que se apoiam em outra pessoa como objeto. São instintos [pulsões] que aparecem como ativos e passivos: o prazer em causar dor (sadismo) e sua contraparte passiva (masoquismo), o prazer em olhar e ser olhado. 
· Outras atividades sexuais da criança entram no âmbito da escolha de objeto, onde o principal elemento é outra pessoa, mas a diferença sexual ainda não tem papel decisivo.
· Destinos da pulsão e evolução da libido: A vida sexual da criança vai sendo organizada em duas direções (que no fim da puberdade já terá seu caráter sexual definitivo): 
· 1) Os diversos instintos [pulsões] ficam subordinados à zona genital e a satisfação deles mantém a importância apenas para preparar e favorecer o ato sexual propriamente dito. 
· 2) A escolha de objeto deixa pra trás o autoerotismo de modo que os componentes do instinto sexual passam a procurar satisfação na pessoa amada. 
· Mas nem todos os componentes pulsionais são admitidos em definitivo na vida sexual. Ainda na puberdade, repressões se realizam a partir da educação e produzem forças psíquicas como o pudor, o nojo, a moral, que zelam por essas repressões como vigias. Na puberdade, quando surge a necessidade sexual, as resistências funcionam como diques que impõem o fluxo pelas vias chamadas normais e tornam impossível reavivar as pulsões reprimidas. Exemplo: impulsos relacionados a excrementos e também a fixação nas pessoas da primitiva escolha de objeto são alvo de grande repressão. 
· O desenvolvimento da função sexual não se dá sem problemas em todo indivíduo: “[...] Ele não se dá sem problemas em todo indivíduo, pode deixar anormalidades ou predisposições para um adoecimento posterior pelo caminho da involução (regressão)[...]” (p. 205) 
· Pode acontecer que: 
· nem todos os instintos [pulsões] parciais se submetam ao domínio da zona genital; 
· um instinto [pulsão] que tenha continuado independente pode produzir uma perversão que substitui a meta sexual normal por uma própria;
· o autoerotismo não é inteiramente superado; 
· pode se manter a equivalência original dos dois sexos como objeto sexual, e disso resultará uma inclinação para a atividade homossexual na vida adulta.
· O objeto da pulsão é variável
· Predisposição às neuroses: A predisposição às neuroses está relacionada ao desenvolvimento sexual prejudicado. As neuroses são o negativo das perversões: “[...] nelas podem ser demonstrados os mesmos componentes instintuais [pulsionais] que nas perversões, como portadores dos complexos e formadores de sintomas, mas atuando a partir do inconsciente. Experimentaram uma repressão, portanto; mas puderam, apesar dela, firmar-se no inconsciente. [...]” (p. 206)
· Uma manifestação intensa dos instintos [pulsões], em idade tenra, leva a uma fixação parcial que representará um ponto de fragilidade na função sexual: “[...] Se o exercício da função sexual normal encontra obstáculos na vida adulta, a repressão da época de desenvolvimento é rompida justamente nos locais em que houve as fixações infantis.” (p. 206)
· Ou seja, há regressões a fases anteriores porque há pontos de fixação, seja oral, anal, fálico
· Complexo de Édipo – escolha de objeto primitiva da criança: O complexo de Édipo é a representação inconsciente pela qual se exprime o desejo sexual ou amoroso da criança pelo genitor do sexo oposto e sua hostilidade para com o genitor do mesmo sexo. Essa representação pode se inverter e exprimir o amor pelo genitor do mesmo sexo e o ódio pelo do sexo oposto.
· O complexo de Édipo está ligado à fase fálica da sexualidade infantil e surge quando o menino (por volta dos 2 ou 3 anos) começa a sentir sensações prazerosas e, apaixonado pela mãe, quer possuí-la, colocando-se como rival do pai, antes admirado. Uma posição inversa é adotada: ternura em relação ao pai e hostilidade em relação à mãe. Há, ao mesmo tempo, o complexo de Édipo e um complexo de Édipo invertido; estasduas posições - positiva e negativa - no contato com os pais são complementares e constituem o Édipo completo.
· Pulsão: conceito que demarca a relação entre o psíquico e o somático. O que está em pauta é a pulsão sexual, que difere do instinto, ou seja, não se reduz às simples atividades sexuais que são repertoriadas com seus objetivos e seus objetos, mas é um impulso do qual a libido constitui a energia.
· “Da infância à puberdade, a pulsão sexual não existe como tal, mas assume a forma de um conjunto de pulsões parciais [...] O caráter sexual das pulsões parciais, cuja soma constitui a base da sexualidade infantil, define-se, num primeiro momento, por um processo de apoio em outras atividades somáticas, ligadas a determinadas zonas do corpo [...]” (ROUDINESCO; PLON, 1998, p. 629) 
· Em “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, Freud nomeia a criança como perverso - polimorfa porque experimenta prazer com zonas erógenas distintas e não há como objetivo o ato sexual muito menos a reprodução. Porém, ao contrário do perverso, a sexualidade infantil não tem uma centralização, ela se distribui em várias zonas erógenas.
· De acordo com Laplanche e Pontalis ( ), as fases do desenvolvimento psicossexual podem ser assim definidas a partir das observações de Freud: 
· FASE ORAL – Primeira fase da evolução libidinal. É o momento em que o prazer sexual se dá, predominantemente, pela excitação da zona bucal e lábios, estando associado à alimentação. Neste momento precoce do desenvolvimento o bebê só espera a satisfação de suas necessidades, que asseguram a sobrevivência, assim quando tem fome ou sede busca a satisfação e à medida que esta necessidade é satisfeita, a pulsão a ela associada acaba por ser reduzida, com isto vivencia e sente prazer, o que restitui ao organismo o retorno ao seu estado de equilíbrio.
· O objeto da fase oral é o seio ou seu substituto, não só enquanto alimentação, nem como elemento anatômico, mas como objeto que permitirá as várias vivências e sensações de aconchego que envolve o acalento do colo materno.
· Nesta fase se dá a formação do ego, a princípio o bebê não percebe nem sente-se como separado do exterior, a não satisfação imediata da necessidade, conjugada à espera pelo alimento, a faz sentir-se como separado do ambiente e, neste espaço se dá o início da formação do ego, que ocorrerá durante o primeiro ano de vida.
· FASE SÁDICO-ANAL – Por volta dos 12 meses de vida inicia-se a fase anal, que durará até os 36 e, apesar desta região anal estar em funcionamento desde o início da vida, será somente mediante o amadurecimento neurofisiológico aliado às demandas do ambiente, que incidirão para que musculatura voluntária torne-se o centro dos investimentos libidinais.
· Assim, as crianças começam a desenvolver o controle muscular ligado aos esfíncteres – anal/defecação e uretral/controle urinário, em complementaridade às preocupações dos pais acerca do estabelecimento dos hábitos de higiene. Nesta fase, retenção ou expulsão tornam-se fontes de prazer, já que região anal é a zona erógena. O aprendizado da higiene e a consequente necessidade de controle esfincteriano são possíveis, pois o ego está caminhando à sua formação, permitindo à criança ser capaz de adiar a satisfação das pulsões. 
· O objeto desta fase ainda é a mãe, contudo numa perspectiva de objeto total. 
· Vemos aqui afirmar-se o sadomasoquismo em relação com o desenvolvimento do domínio da musculatura. 
· FASE FÁLICA – É o momento em que o prazer sexual se dá pela curiosidade e manipulação dos genitais. A obtenção de prazer se dá pela manipulação, masturbação infantil. 
· Embora a criança tenha este interesse pelos genitais, ainda não se trata da verdadeira genitalidade, seu sentido é ambíguo, pois a criança ainda não sabe discriminar sobre a diferença sexual anatômica e considera que todos os seres são dotados de pênis – homens e mulheres. Após o período de negação das diferenças entre os sexos, meninos e meninas terão que conviver com o produto deste reconhecimento, cada um a sua maneira.
· A sexualidade, até aqui, é auto-erótica, mas começa a ser investida nos pais, porquanto o desejo libidinoso dos filhos é dirigido para o genitor do sexo oposto, resultando numa verdadeira batalha que estruturará o psiquismo do ser humano. 
· Fase de organização infantil da libido que vem depois das fases oral e anal e se caracteriza por uma unificação das pulsões parciais sob o primado dos órgãos genitais; mas, o que já não será o caso na organização genital pubertária, a criança, de sexo masculino ou feminino, só conhece nesta fase um único órgão genital, o órgão masculino, e a oposição dos sexos é equivalente à oposição fálico-castrado. 
· A fase fálica corresponde ao momento culminante e ao declínio do complexo de Édipo; o complexo de castração é aqui predominante.
· PERÍODO DE LATÊNCIA – Depois da turbulência decorrente da renúncia produto do complexo de Édipo e com um superego já formado, a criança entra num período de acalmamento e diminuição da atividade sexual. Esta etapa inicia-se por volta dos 5/6 anos e estende-se até à puberdade.
· Pela impossibilidade de efetivar se intento da satisfação das pulsões sexuais, a criança renuncia ao seu desejo incestuoso e volta-se para objetos não pertencentes à sua estrutura familiar primária. Há uma repressão das pulsões sexuais e sua energia é canalizada para atividades e interesses sociais.
· Nesta fase são erigidos sentimentos contentores da sexualidade, entre eles a vergonha, o pudor, o nojo, a repugnância. Período que vai do declínio da sexualidade infantil (aos cinco ou seis anos) até o início da puberdade, e que marca uma pausa na evolução da sexualidade.
· Segundo a teoria psicanalítica, o período de latência tem origem no declínio do complexo de Édipo; corresponde a uma intensificação do recalque – que tem como efeito uma amnésia que cobre os primeiros anos -, a uma transformação dos investimentos de objetos em identificações com os pais e a um desenvolvimento das sublimações.
· FASE (ou ORGANIZAÇÃO) GENITAL – Para Freud, na adolescência, é reativada toda sexualidade adormecida durante o período de latência; o reaparecimento dos impulsos sexuais reprimidos os dirige para o sexo oposto, numa perspectiva de sexualidade adulta e madura. Neste estágio o adolescente reativa seu Édipo e desencadeia-se uma maior independência e autonomia dos adolescentes em relação aos pais idealizados da infância, redundando em escolhas sexuais fora do mundo familiar e num processo de adaptação às exigências socioculturais. 
· Este modo de conceber a sexualidade e a vida psíquica amplia a noção de sexualidade, até então vista pelos sexólogos, reduzida ao sentido genital. A libido, ligada que está à pulsão sexual, inscreve-se como componente central de um Eros enfim reencontrado, simultaneamente desejo, sublimação e sexualidade em todas as suas formas humanas. 
· “Freud fez da libido o móbil de um escândalo, que apareceria, a partir de 1910, nas múltiplas resistências à psicanálise em todos os países, sendo ela sempre e por toda parte qualificada de doutrina pansexualista: “germânica” demais aos olhos franceses, “latina” demais para os escandinavos, “judaica” demais para os nazistas e “burguesa” demais, enfim, para o comunismo, ou seja, sempre “sexual” em demasia” (Roudinesco, 1998). 
O DECLÍNIO DO COMPLEXO DE ÉDIPO
· O complexo de Édipo é a representação inconsciente pela qual se exprime o desejo sexual ou amoroso da criança pelo genitor do sexo oposto e sua hostilidade para com o genitor do mesmo sexo. Essa representação pode se inverter e exprimir o amor pelo genitor do mesmo sexo e o ódio pelo do sexo oposto.
· O complexo de Édipo está ligado à fase fálica da sexualidade infantil e surge quando o menino (por volta dos 2 ou 3 anos) começa a sentir sensações prazerosas e, apaixonado pela mãe, quer possuí-la, colocando-se como rival do pai, antes admirado. Uma posição inversa é adotada: ternura em relação ao pai e hostilidade em relação à mãe. Há, ao mesmo tempo, o complexo de Édipoe um complexo de Édipo invertido; estas duas posições - positiva e negativa - no contato com os pais são complementares e constituem o Édipo completo.
· Será, por volta dos cinco anos, com o complexo de castração que, no menino, o complexo desaparecerá: o menino reconhece a partir de então na figura paterna o obstáculo à realização de seus desejos, abandona o investimento na mãe e passa para uma identificação com o pai, que lhe permitirá, na vida adulta, uma outra escolha de objeto e novas identificações: ele se desliga da mãe (desaparecimento do complexo de Édipo) para escolher seu próprio objeto de amor. Seu declínio marca a entrada num período chamado de latência, e sua resolução após a puberdade concretiza-se num novo tipo de escolha de objeto. 
· A tese da tese da libido única, de essência masculina, está ligada ao complexo de Édipo. O menino sai do Édipo através da angústia de castração, por seu lado, a menina ingressa nele pela descoberta da castração e pela inveja do pênis e, nela, o complexo se manifesta pelo desejo de ter um filho do pai. A dessimetria se apresenta no tocante ao fato de a menina desligar-se de um objeto do mesmo sexo (a mãe) por outro de sexo diferente (o pai). Não há um paralelismo exato entre o Édipo masculino e seu homólogo feminino, mas encontramos uma simetria: nos dois sexos a mãe é o primeiro objeto de amor, o elemento comum e primeiro.
O EGO E O ID
· O Ego e o Id é uma obra particularmente importante porque nela Freud apresenta uma síntese das hipóteses levantadas sobre o primeiro modelo de divisão do psiquismo em inconsciente, pré-consciente e consciente – conhecido como “primeira tópica”. 
· Essa divisão topográfica do psiquismo já não é suficiente para dar conta do funcionamento psíquico, e que é preciso ampliá-lo. 
· Freud introduz uma nova divisão do psiquismo em três instâncias, o ego, o id e o superego, modelo conhecido como “segunda tópica”. 
· Esses modelos não são excludentes, pelo contrário, são complementares. 
· Freud define que o ego, o id e o superego possuem a dualidade de ser ao mesmo tempo consciente e inconsciente. 
· Em 1923, Freud apresenta o ego como uma “instância de regulação” de fenômenos psíquicos, que deve buscar permanentemente um equilíbrio entre as exigências do Id (reserva de pulsões) e do Superego (instância crítica).
· As tensões conflituosas inconscientes que se produzem entre o ego, o id e o superego, cujas exigências são contraditórias, tem uma influência duradoura sobre a formação da personalidade: está ultima é a resultante de forças respectivas presentes de seu equilíbrio dinâmico. 
· Se, em termos de primeira tópica, o objetivo da análise é tornar consciente o que é inconsciente, em termos de segunda tópica esse objetivo será o seguinte: “lá onde estava o Id, deve advir o Ego.”
· Freud começa a acreditar que a personalidade de um indivíduo e seu caráter resultam de uma sequência de processos de identificação. 
Por uma noção de um Ego
· Pode-se abordar noção de inconsciente de dois pontos de vistas, o descritivo e o dinâmico. Do ponto de vista descritivo, isso significa que existem representações que ainda não estão presentes na consciência masque poderão estar: pode-se dizer que elas são “inconscientes” enquanto permanecem em estado latente. 
· Do ponto de vista dinâmico, existem representações que são “inconscientes” porque foram reprimidas: estas ultimas não podem tornar-se conscientes porque existem forças que se opõem a isso, que chamamos de resistências, e a técnica psicanalítica é um meio de torna-las conscientes. 
· Portanto, podem-se distinguir dois tipos de inconsciente: um inconsciente latente, que é inconsciente de um ponto de vista descritivo e corresponde ao pré-consciente, e um inconsciente propriamente dito, chamado também de inconsciente dinâmico, do qual se ocupa a psicanálise. 
· No inicio, Freud considerava que a noção de “ego” abrangia unicamente o que é consciente. Mas logo percebeu que o ego manifestava igualmente resistências que lhe eram próprias à tomada de consciência do reprimido. Isso o levou a pensar que uma parte do era também era inconsciente, no sentido dinâmico, e que esse reprimido exigia um trabalho psicanalítico para torna-lo consciente. 
CASO DORA
· O relato da cura psicanalítica de Dora tem um interesse particular, porque nele Freud descreve a descoberta da transferência. 
· Freud percebe de imediato que uma resistência ligada a tranferencia se manisfestara involuntáriamente. 
· A transferência, destinada a ser maior obstáculo à psicanálise, torna-se seu mais poderoso auxiliar sempre que se consegue desvendá-la e traduzir seu sentido para o doente. 
· Freud 20 anos anos percebeu que a interrupção dessa cura não se devia a unicamente à tranferencia paterna de Dora, mas também à tranferência materna, isto é, a persistência de uma forte atração homossexual da moça pela mãe. 
· Freud se Lana à análise detalhada de uma problemática neurótica de Dora e relaciona as interpretações que lhe são transmitidas simultaneamente. 
· Na época da cura de Dora, as interpretações de Freud visavam essencilamente a reconstituir a cadeia de acontecimentos que tinha levado ao aparecimento dos sintomas, baseando-se nas associações, nos sonhos e nas lembranças de infância fornecidas pela paciente. 
· Procedendo assim, Freud procura tornar consciente as cadeias inconscientes que subentendem a formação dos sintomas. Mas mergulhado na busca das lembras de Dora na sua reconstrução, ele não percebeu as resistências subterrâneas que suas “explicações” despertavam em sua paciente. 
· Então se deu conta de que não bastava comunicar a Dora representações reconstruídas, mas era preciso comunicar igualmente efetos vividos na relação presente com ele, 
· Assim, foi com a maior surpresa que Freud viu Dora interromper as sessões depois de apenas três meses de tratamento. Utilizando as anotações que tinha guardado, ele começa a escrever o relato dessa cura, e encontra no material clinico das sessões vários prenúncios da interrupção. 
· Por exemplo, a partir do cheiro de fumaça que apareceu nos sonhos de Dora, ele percebeu que o pai de Dora, Sr. K e ele próprio eram fumantes inveterados, e tira a seguinte conclusão, relacionando-a a posteriori à transferência que lhe escapara. 
· Freud percebe que Dora pode ter desenvolvido uma relação de transferência com ele, dado que também é fumante, e chega a pensar que um dia, durante a sessão, sem dúvida ela pode ter desejado que ele a beijasse. 
· É como se Dora tivesse sentido em seu inconsciente não apenas emoções amorosas e eróticas perturbadoras em relação a Freud, parecidas com as que sentira em relação a Sr. K., mas também um desejo de se vingar de seu sedutor. 
TRANSFERÊNICIA – RESISTÊNCIA E MOLA PARA CURA
· A primeira vista, parece ser uma grande desvantagem metodológica da Psicanálise o fato que nela a transferência – até então a força mais poderosa do processo – transforma-se no meio mais forte de resistência.
· Esse problema, em que perguntamos por que na Psicanálise a transferência aparece como obstáculo, precisa ser analisado mais atentamente. 
· As forças que causaram a regressão da libido irão se levantar como “resistências” contra o trabalho, para conservar esse novo estado. 
· A análise tem de lutar contra as resistências de ambas as fontes. A resistência acompanha o tratamento a cada passo; cada ocorrência, cada ato do analisando precisa prestar contas à resistência e coloca-se como um acordo entre as forças que objetivam a cura e aqueles mencionado que a se opõem. 
· Se algo da matéria do complexo (o conteúdo do complexo) for adequado para ser transferido à pessoa do médico, então se da essa transferência, resultando na ideia seguinte e anunciando-se através de sinais de uma resistência, por exemplo, com uma interrupção. 
· Tal processo repete-se inúmeras vezes no decorrer de uma análise. Sempre que nos aproximamos de um complexo patogênico, a porção do complexo capaz de transferência é empurrada para a consciência e defendida com a maior insistência. 
· Após asuperação desta, a dos outros elementos do complexo apresenta poucas dificuldades. Quanto mais tempo durar um tratamento analítico e quanto mais claramente o paciente reconhecer que apenas distorções do material patogênico não oferecem proteção contra o descortinamento, com mais coerência ele se utilizará daquele tipo de distorção que aparentemente lhe oferece as maiores vantagens: a distorção através da transferência. Essas relações seguem na direção de uma situação em que finalmente todos os conflitos precisam ser resolvidos no terreno da transferência. 
· No entanto, uma consideração mais profunda mostra que essa aparente vantagem não pode levar a solução do problema. 
· A transferência para o médico, portanto, poderia servir também para aliviar o peso da confissão, e não entenderíamos por que ela a dificulta. 
· Precisamos tomar a decisão de separar uma transferência “positiva” de uma “negativa”. A transfencia de sentimentos carinhosos daquela de sentimentos hostis.
· Assim, a tranferencia positiva subdivide-se ainda naquela de sentimentos simpáticos ou carinhosos, capazes de chegar à consciência, e naquela que segue pela via inconsciente. 
· A transferência positiva por via inconsciente remontam regularmente a fontes eróticas, de modo que temos de chegar à conclusão de que todas as nossas relações emotivas utilizáveis ao longo da vida, como simpatia, amizade, confiança e assemelhados, têm associação genética com a sexualidade e se desenvolveram pelo enfraquecimento da meta sexual a partir de desejos puramente sexuais, por mais que eles se aparentem como puros e não sexuais por nossa autopercepção consciente. 
· A psicanálise nos mostra que as pessoas de quem apenas gostamos ou que admiramos em nossa realidade ainda podem continuar sendo objetos sexuais em nosso inconsciente. 
· A solução desse enigma é, portanto, que a transferência para o médico só se mostra propicia à resistência durante o tratamento enquanto ela for transferência negativa ou positiva de moções eróticas recalcadas. 
· Se “suspendermos” a transferência tornando-a consciente, desprenderemos da pessoa do médico apenas esses dois componentes do ato emotivo; o outro componente, capaz de chegar à consciência e não repulsivo, permanece, sendo portador do sucesso da Psicanálise.
· Nesse sentido, admitimos que os resultados da Psicanálise se dão com base em sugestão. O sugestionamento de uma pessoa por meio dos fenômenos de transferência que nela são possíveis. 
· A psicanálise cuida da autonomia final do paciente, na media em que utilizamos a sugestão para fazê-lo desempenhar um trabalho psíquico que tem como resultado necessário uma melhora duradoura de sua situação psiquica. 
· A transferência negativa se encontra ao lado da transferência carinhosa, muitas vezes voltada, ao mesmo tempo, para a mesma pessoa, situação para a qual Bleuler cunhou a boca expressão “ambivalência“. 
PSICOLOGIA DE GRUPO
· Freud aplica sua teoria da libido demonstrando que apenas uma ligação afetiva – o amor – tem condições de superar ao mesmo tempo os narcisismos individuais e o ódio que separa uns do outros. 
· É a força dessa ligação libidinal que unes os indivíduos ao líder do grupo e em menor medida, é também o amor que liga os indivíduos entre eles. 
· Mas essa ligação libidinal não é o amor sexual evoluído, e sim uma forma primitiva de amor – que tem o nome de identificação – a identificação é a forma mais elementar de ligação afetiva com o objeto. 
· Consequentemente, é a identificação do individuo com o líder e a identificação dos indivíduos entre eles que criam a coesão de um grupo, e a perda dessa ligação afetiva é a causa de sua dissolução. 
· A ligação com o líder também é uma ligação fundada na idealização, de modo que o individuo atraído por esse ideal, vê sua personalidade prestes a se esfarelar, a ponto de que o “ideal de ego” representado pelo líder do grupo assume o lugar do “ego” de cada individuo. 
· No grupo observa-se igualmente que o individuo pode sacrificar com muita facilidade seu interesse pessoal ao interesse coletivo e torna-se sugestionável como o hipnotizado nas mãos de seu hipnotizador. 
· Em massa produz-se uma regressão, de forma que o individuo adota um comportamento semelhante ao de um primitivo ou de uma criança. O individuo em um grupo pode ser vitima de suas pulsões, e tornar-se bárbaro. 
· Indivíduos sempre que reunidos, tem a necessidade de um chefe onde torna-se dócil e submisso. 
O papel determinante dos afetos
· McDougall destaca duas condições determinantes para que o grupo se constitua: de um lado, os indivíduos isolados devem ter alguma coisa em comum, um interesse em comum, uma mesma orientação em seus sentimentos; de outro lado, devem demonstrar uma certa aptidão a se influenciarem reciprocamente. 
· Ainda segundo McDougall, a organização de um grupo se caracteriza igualmente pelo esfacelamento de sua personalidade individual em proveito da massa: trata-se de dotar o grupo das mesmas propriedades que eram características do individuo e que se desvanecem nele com a formação do grupo.
· Como observa Freud, ao se organizar, o grupo se dotaria dos atributos do individuo. 
A força do amor 
· Segundo Freud, pode-se atribuir ao amor a força que mantém a coesão de um grupo e faz com que o individuo isolado abandone sua singularidade e se deixe sugestionar pelos outros, essencialmente “por amor a eles”.

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