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Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Seminário IV REALIZAÇÃO DA DÍVIDA ATIVA: EXECUÇÃO FISCAL E MEDIDA CAUTELAR FISCAL Questões 1. Qual a natureza jurídica da execução fiscal e da medida cautelar fiscal? Identificar o fundamento e os requisitos legais da medida cautelar fiscal, bem como apontar qual o momento oportuno para a sua propositura. (Vide anexos I e II). Tanto a execução fiscal quanto a medida cautelar fiscal tem natureza jurídica de ação exacional. A primeira é disciplinada pela Lei 6.830/80 e utiliza o CPC de forma subsidiária, já a segunda é pela Lei 8.397/92. A execução fiscal tem o cunho de satisfazer o crédito do Fisco quando há uma obrigação tributária constituída e inadimplida por parte do contribuinte, utilizando da referida ação para materializar o conflito entre as partes. A medida cautelar fiscal por sua vez, é ação exacional acautelatória e tem como fundamento garantir a eficácia da decisão na execução fiscal através do bloqueio de bens do devedor, ou seja, evitar que este suprima os bens que possui e continue inadimplente com a Fazenda Pública. A ação cautelar fundamenta-se na instrumentalidade, ou seja, na necessidade de garantir a eficácia do processo de execução através do pagamento da dívida que está sendo discutida, evitando que o contribuinte/devedor comece a dilapidar seu patrimonial como forma de não cumprir a obrigação tributária. Porém, para que tal ação seja proposta, se faz necessário comprovar situações excepcionais conforme previsto no art.2º e 3º da Lei 8.397/92. Entendo que a medida cautelar fiscal poderá ser proposta após o crédito tributário ser constituído e inadimplido ou quando a execução estiver em curso. Isto se dá pois, a partir do momento em que a obrigação tributária passou existir no mundo fenomênico e há o preenchimento dos requisitos gerais para a cautela, quais sejam fumus bonis juris e periculum in mora, o Fisco pode utilizar da medida cautelar para evitar que o devedor, tomando conhecimento de que será/foi demandado, comece a utilizar de maneiras para O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário paralisar ou diminuir seu patrimônio além de que pode se ausentar para não ser encontrado, frustrando o pagamento da dívida. 2. A CDA que instrui a petição inicial do executivo fiscal pode ser retificada quantas vezes bem entender o Fisco? Quais vícios fundamentam sua retificação? Até que momento a CDA pode ser alterada? (Vide anexo III). Não há previsão legal limitando a quantidade de vezes que a CDA pode ser retificada pelo Fisco, ou seja, pode-se levar ao entendimento que o Fisco tem autonomia para alterar a certidão quantas vezes achar necessário. O próprio Código Tributário Nacional traz em seu art.203: Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada. O artigo acima mencionado é claro no sentido de que a nulidade poderá ser sanada até decisão de primeira instância, desde que garantido o Princípio da Ampla Defesa, devolvendo o prazo para o sujeito passivo se manifestar sobre a parte modificada. No mesmo sentido, o art.2º, §8, da Lei 6.830/80 diz: Art.2, § 8º - Até a decisão de primeira instância, a Certidão de Dívida Ativa poderá ser emendada ou substituída, assegurada ao executado a devolução do prazo para embargos. O STJ tem o entendimento sumulado abaixo transcrito: Súmula 392/STJ: “A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução.” Diante o exposto, entendo que a CDA poderá ser retificada até sentença de primeira instância dos embargos à execução, momento em que a pretensão executória se resolve, e, apesar de não haver limites dispostos legalmente, coaduno da ideia de que há limite administrativo e que tal retificação é a maneira mais célere para satisfazer o crédito tributário, evitando a propositura de inúmeras execuções devido erro material ou formal, postergando o Poder de Público de satisfazer seu crédito. O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 3. Considerando as alterações relativas ao processo de execução trazidas pelo CPC/15, pergunta-se: (a) Aplicam-se os arts. 915 e 919 do CPC/15 nos processos de Execução Fiscal? (Vide anexo IV); Entendo que o art. 915 do CPC/15 não será aplicado aos processos de Execução Fiscal, posto que o CPC é norma genérica e atende de forma subsidiária aquilo que lhe couber e, a Execução Fiscal tem lei específica que trata sobre os feitos executivos, inclusive prazos. O art.915 traz o prazo de 15 dias para oferecimento de Embargos, a LEF por sua vez, fala em 30 dias. Sendo assim, havendo conflito de normas, a especial sobressai a geral. Já referente ao art. 919 do mesmo código, acredito que pode sim ser aplicado à Execução Fiscal, devido a LEF, lei que trata sobre tal instituto, é omissa quanto à suspensão de embargos à execução. (b) Na execução fiscal, ao executado ainda persiste o direito de, no prazo de 5 dias da sua citação, “garantir a execução”? Justifique sua resposta. Tomando como premissa a questão anterior, havendo antinomia de leis, a especial irá prevalecer. Portanto, mesmo que o CPC em seu art. 916, abaixo transcrito, traz o parcelamento nas execuções, a Lei 6.830/80 não prevê tal opção. Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelasmensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês. Sendo assim, com intuito de manter minha argumentação até aqui empreendida, acredito que, mesmo com o advento do CPC/15, ainda persiste o direito de que o executado, no prazo de 5 dias da sua citação,poderá garantir o feito executivo. 4. Com relação ao instrumento constritivo do patrimônio do contribuinte-devedor previsto no art. 185-A do CTN (conhecido como penhora “on-line”). Pergunta-se: (i) Qual sua natureza jurídica? Trata-se de espécie de penhora ou de medida cautelar? (ii) A decretação da indisponibilidade a que se refere o art. 185-A do CTN é fato jurídico suficiente à abertura de prazo para apresentação de embargos? (iii) Quais seus pressupostos e limites legais? É necessária demonstração por parte da Fazenda de que inexistem outros bens capazes de garantir a dívida? Ou aplica-se o art. 854 do CPC/15? (Vide anexo V e VI). O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário (i) A natureza jurídica do instrumento constritivo de patrimônio chamando penhora “on-line” tem natureza de ato executivo portanto típico do processo de execução. Mesmo que assumiu uma nomenclatura diferente, continua sendo espécie penhora, pois trata-se de um ato de constrição financeira, a diferença é que é realizada através de um sistema tecnológico que facilitou a ação do Poder Judiciário. (ii) Acredito que não, posto que a Lei de Execução Fiscal em seu art.16 traz: Art. 16 - O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados: I - do depósito; II - da juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia; III - da intimação da penhora. Sendo assim, a decretação de indisponibilidade não é fator suficiente para abertura de prazo que autoriza a apresentação de Embargos, este prazo somente irá fluir quando houver transferência de valores para conta judicial, observando o dispositivo informado acima. A indisponibilidade serve como medida acautelatória a fim de cumprir ordem judicial. (iii) Conforme o art. 185-A do CTN, os pressupostos e limites legais são: Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. Portanto, após citado, se o devedor tributário não pagar e não oferecer bens à penhora, fica autorizado a penhora de bens do mesmo, observação a disposição do art. 11 da LEF, e o Estado poderá realizar penhora de dinheiro primeiramente, para satisfazer seu crédito. Acredito que o art.854 do CPC/15 poderá ser aplicado mesmo que a Fazenda não tenho comprovado que já tentou outros meios para encontrar bens suficientes para garantia a dívida, atendendo o princípio de celeridade. O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 5. Na execução fiscal o devedor-executado é citado para pagar ou indicar bem(ns) à penhora em cinco dias. Na hipótese de oferecimento de seguro-garantia, terá o devedor-executado que acrescentar 30% do valor do débito executado ao seguro para que essa modalidade de garantia seja aceita? Considere em sua resposta o teor do art. 7º, II da Lei n. 6.830/80 e o § 2º do art. 835 do CPC/15. Tomando como premissa o que foi dito no decorrer do seminário, acredito que o devedor-executado não terá que acrescentar 30% do valor do débito ao seguro para que essa modalidade de garantia seja aceita, pois trata-se de condição imposta pelo CPC de 2015 que é aplicado de forma subsidiária, conforme art.1º da Lei 6.830/80, in verbis: Art. 1º - A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil. Sendo assim, conforme descrito no art.7, II, da LEF, o despacho do juiz importa em ordem para penhora se a dívida não for paga ou garantida de acordo as hipóteses previstas. 6. Qual o termo inicial para consideração da fraude à execução fiscal? Há alguma divergência entre o art. 185 do CTN e o art. 792 do CPC/15? (Vide anexo VII). Antes de Fevereiro de 2005, o termo inicial para consideração da fraude à execução fiscal era a propositura da Execução Fiscal, ou seja, se o devedor-executado começasse a alienar seus bens após distribuída a referida ação, era considerado fraude. Porém, com o advento da Lei Complementar nº 118/05, passou-se a considerar o termo inicial a partir do momento em que o crédito foi inscrito em dívida ativa, não importando quando a Execução foi proposta. Além disso, acredito que não haver divergência entre os artigos 185 do CTN e 792 do CPC de 2015 posto que o instituto tratado pelo CTN não previu termo inicial para o caso de haver desconsideração da personalidade jurídica, portanto torna-se necessária a utilização do CPC de forma subsidiária. 7. A Fazenda Nacional ajuizou, no ano de 2016, execução fiscal contra a empresa XPTO, requerendo, na petição inicial, o redirecionamento fiscal para seu sócio Luis Antônio, com lastro no art. 135, III, do CTN, tendo por fundamento fático o encerramento irregular da sociedade. Considerando a vigência do novo Código de Processo Civil, pergunta-se: a) é necessário, no caso relatado, a instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica (IDPJ)? Sendo negativa ou positiva a resposta, justifique? Se for negativa em que hipóteses o IDPJ seria cabível? Entendo que, no caso relatado, não é necessária a instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, pois o próprio art.135, III, do CTN trata sobre a responsabilidade pelos créditos tributários resultantes de atos praticados com excessode poderes etc e não sobre o incidente supramencionado. O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário Além disso, diferente do entendimento dos tribunais, acredito que o simples fato de ter havido o encerramento irregular da sociedade não enseja ligação com os créditos constituídos. Contudo, em virtude da inexistência do instituto no Código Tributário Nacional, entendo que o Código Civil poderá ser usado de forma subsidiária, ou seja, o incidente discutido poderá ser cabível nos casos em que houver abuso de personalidade caracterizado pelo desvio de finalidade ou confusão patrimonial, conforme art. 50 do CC, in verbis: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) b) uma vez instaurado o IDPJ, a defesa apresentada pelo sócio ou pessoa jurídica que se pretende atribuir responsabilidade pela obrigação tributária pode versar sobre o mérito da cobrança (inexigibilidade do crédito tributário), ou apenas sobre a ilegitimidade de sua responsabilização patrimonial pela dívida objeto da execução fiscal? Entendo que a defesa apresentada pelo sócio ou pessoa jurídica pode versar somente sobre a ilegitimidade de sua responsabilização patrimonial, tendo em vista que ainda não é parte do processo de execução, ele estará se defendendo de uma ação incidental, que tramita dentro do processo que estará em curso, cuja decisão interlocutória poderá ou não trazer um terceiro para se tornar réu. Após decidida a incidental e o sócio ou pessoa jurídica fazendo parte do processo, poderá “discutir” sobre o mérito da cobrança, inexigibilidade do crédito tributário. 8. Em sua opinião, para que a execução fiscal seja proposta já com o sócio no pólo passivo (seu nome consta na certidão de dívida ativa) é necessário que participado do processo administrativo para apuração de sua responsabilidade? Justifique sua resposta indicando o dispositivo normativo processual (CPC/2015 ou lei de execução fiscal) que confirma ou infirma a legitimidade passiva do sócio na execução fiscal. Na minha opinião havendo provas que comprovem o dolo ou a fraude pelo sócio antes do ajuizamento da execução fiscal, o sócio pode compor o pólo passivo da ação e poderá ser responsabilizado, conforme exposto pelo Código de Processo Civil de 2015, em seus artigos 133 e seguintes, ficando a cargo do juiz definir se abrirá ou não incidente. Além do mais, o sócio somente poderá participar de processo administrativo para apuração de sua responsabilidade, se houver autorização judicial prévia para tanto. Já a Lei de Execução Fiscal não trata especificamente sobre tal incidente. O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
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