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Citação no Processo Civil

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{ CAPÍTULO 17 
Citacão 
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Sumário· 1. Generalidades- 2. A citação como "pressuposto processual"- 3. 
Comparecimento espontâneo do citando - 4. Pessoa lida de da citação- 5. Local 
da citação - 6. Impedimento legal para a citaç?o - 7. Efeitos da citação- 8. A 
citação e a interrupção da prescrição pelo despacho citatório- 9. Modalidades: 
9.1. Citação pelo correio; 9.2. Citação por ofioal de justiça; 9.3. Citação por 
mandado com hora certa; 9.4. Citação pelo escrivão ou chefe de secretaria; 9.5. 
Citação por edital; 9.6. Citação por meio eletrônico. 
1. GENERALIDADES 
A citação é o ato processual de comunicação pelo qual se convoca o 
réu (inclusive o executado) e interessado para integrar o processo [art. 
238, CPC). 
Este ato tem dupla função: a) in ius vaca tio, convocar o sujeito a juízo; 
b) edictio actionis, cientificar-lhe do teor da demanda formulada. 
2. A CITAÇÃO COMO "PRESSUPOSTO PROCESSUAL" 
A citação não é pressuposto de existêncía do processo. 1 
A citação é uma condição de eficácia do processo em relação ao réu 
[art. 312, CPC) e, além disso, requisito de validade dos atos processuais 
que lhe seguirem [art. 239, CPC). A sentença, por exemplo, proferida em 
processo em que não houve citação, é ato defeituoso, cuja nulidade pode 
ser decretada a qualquer tempo,2 mesmo após o prazo da ação rescisória 
(art. 525, § 1º, I, e art. 535, I, CPC)- trata-se também de vício "transres-
cisório", na eloquente expressão de José Maria Tesheiner.3 Não se pode 
confundir nulidade que se decreta a qualquer tempo, como é o caso, com 
inexistência jurídica.4 
1. Em sentido contrário, apenas para exemplificar: A L VIM, José Manoel Arruda. Manual de Direito Processual 
Civil. a• ed. São Paulo: RT, 2003, v. 1, p. S49-550; WAMBIER. Teresa Arruda Alvim. Nulidades do processo 
e da sentença. 4a ed. São Paulo: RT, 1998, p. 39. 
2. MOREIRA, José Carlos Barbosa. Comentórios ao Código de Processo Civil. 11 • ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2003, v. 5, p. 107-108, especialmente a nota 107; MIRANDA, Francisco Cavalcanti Pontes de. Comentários 
ao Código de Processo Civil. 2a ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002, t. 11, p. 81-86. 
3. TESHEINER, José Maria. Pressupostos processuais e nulidades no processo civil, cit., p. 283. 
4. " ... a sentença de que se ocupa este ensaio existe, mas é nula. t ato processual levado a cabo onde, 
quando, como e por quem devia ser praticado, dentro de uma estrutura processual constituída (ainda 
que irregularmente), portanto, existente, mas contaminado de vício que lhe é originalmente externo: 
684 CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL •Vol. 1 - Fredie Didier Jr. 
Se já há processo antes da citação - que, a propósito, dá-se em seu 
bojo -, não se pode considerar como pressuposto de existência fato que 
está, na linha do tempo, em momento posterior à existência daquilo que 
se pretende condicionar. "A citação não é pressuposto processual, porque 
o momento em que deve ser realizada é posterior à formação deste". 5 Não 
é por acaso que o art. 238 do CPC conceitua a citação como ato que con-
voca alguém para integrar a relação jurídica processual que, obviamente, 
preexiste à convocação. 
Se houver litisconsórcio necessário unitário passivo, a falta de citação 
de qualquer dos réus torna a sentença, que é ineficaz em relação a qualquer 
deles, passível de nulificação ~qualquer tempo, por provocação, também, 
de qualquer deles. Se o caso é de litisconsórcio necessário simples, a sen-
tença é válida e eficaz em relação àqueles que participaram do feito, mas 
nula e ineficaz em relação àquele que não foi citado, isso "porque 'a sen-
tença, no caso, tem um conteúdo específico em relação a ele e somente em 
relação a ele".6 Nesse último caso, somente o litisconsorte preterido teria 
legitimação para pretender o reconhecimento da ineficácia ou a decretação 
da nulidade da sentença.' 
Ademais, sentença proferida sem a citação do réu, mas a favor dele, 
não é inválida nem ineficaz, tendo em vista a absoluta ausência de preju-
ízo. É o que ocorre com os casos de indeferimento da petição inicial e de 
improcedência liminar do pedido (art. 239,fine, CPC), 
3. COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO DO CITANDO 
O citando pode comparecer espontaneamente ao processo e alegar 
somente a inexistência ou a invalidade da citação. A partir da data do com-
parecimento espontâneo, flui o prazo para a apresentação da contestação 
ou dos embargos à execução (art. 239, § 1 º, CPC), 
Rejeitada a alegação de nulidade, o réu será considerado revel, caso 
se trate de processo de conhecimento; se se tratar de execução, o processo 
o processo mesmo que a gerou é radicalmente nulo, pois a citação é requisito de sua validade (CPC, 
art. 214)': {FABRiCIO, Adroaldo Furtado. "Réu revel não citado, querela nulfitatis e ação rescisória" In: 
Ensaios de direito processual. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 254, com amplas referências bibliográ-
ficas). O art. 214 do CPC-1973 corresponde ao art. 239, do CPC 
S. DINAMARCO, Cândido. Instituições de Direito Processual Civil, cit., v. 11, p. 504. 
6. JOBIM, Nelson. "A sentença e a preterição de litisconsorte necessário': Revista da AJURIS. Porto Alegre: 
AJURIS, 1983, n. 28, p. 41. 
7. JOBIM, Nelson. NA sentença e a preterição de litisconsorte necessácio~ cit., p. 42. 
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Cap. 17 · CITAÇÃO 685 
terá seguimento (art. 239, § 2º, CPC). Esse dispositivo aplica-se ao caso em 
que o réu apenas alega a inexistência ou nulidade da citação. 
Pode o réu, ainda, comparecer ao processo alegando a invalidade ou 
inexistência de citação e, ao mesmo tempo, oferecer a defesa: 
a) com peilido de novo prazo, tendo em vista a decretação da nuli-
da le da citação e a necessidade de dispor de um prazo útil para produzir 
a defesa: nesse caso, reconhecida a inexistência ou nulidade de citação, 
aplica-se o§ 1º do art 239 do CPC; 
b) sem pedido de novo prazo de defesa: o juiz, mesmo reconhecendo 
o defeito da citação, considera suprida a falha pelo comparecimento do 
réu e a apresentação da defesa. 
4. PESSOALIDADE DA CITAÇÃO 
A citação será pessoal: deve ser feita na pessoa do citando. Essa é a 
regra. Poderá ser feita na pessoa do representante legal do citando, como 
no caso da citação de incapaz, ou de seu procurador, com poder especial 
para isso (art. 242, CPC. cjc com o art. 105, caput, CPC). Os presentantes 
também podem receber a citação; é o que acontece com órgão da pessoa 
jurídica, que a presenta -sobre apresentação, ver o capítulo sobre pres-
supostos processuais. 
Há um caso de presunção legal de representação voluntária: "o loca-
dor, que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou 
na localidade onde estiver situado o imóvel procurador com poderes para 
receber citação, será citado na pessoa do administrador do imóvel encar-
regado do recebimento dos aluguéis, que será considerado habilitado para 
representar o locador em juízo" (art. 242, § 2º, CPC). 
Na ausência do citando, "a citação será feita na pessoa de seu man-
datário, administrador, preposto ou gerente, quando a ação se originar de 
atos por eles praticados" (art. 242, § 1º, CPC). 
Se pessoa jurídica for a citanda, "será válida a entrega do mandado 
a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração, ou, ainda, 
a funcionário responsável pelo recebimento de correspondências" (art. 
248, § 2º, CPC). 
Entendeu o STJ que, se for o único endereço fornecido por pessoa 
jurídica, a caixa postal é válida para citação judicial pelo correio, 
em ação em que se discute relação de consumo (3ª T., REsp. n. 
981.887-RS, rei Mina. Nancy Andrighi, j. em 23.03.2010). Ponderou 
686 CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL· Vol. 1 ~ Fredie Didier Jr. 
a ministra relatora que "a ré não informa, em suas correspondências 
aos clientes, o seu endereço, disponibilizando apenas telefones das 
centrais de atendimento e a caixa postal para a qual foi remetido o 
AR, provavelmente para dificultar o recebimento de citações e tor-
nar: inválidas as realizadas em outrosendereços". E arrematou: "se 
o endereço da caixa postal é suficiente para eventuais reclamações 
do consumidor para a comunicação de fatos importantes para ele, 
seria contraditório pensar que não o seja para resolver questões que 
tragam, em contrapartida, transtornos à fornecedora de bens em 
serviços". Concluiu que, com fundamento no princípio da boa-fé, a 
citação, no caso, era válida. A decisão é correta e evita, com isso, a 
prática de venire contra factum proprium pela empresa ré: se, em 
suas relações com seu cliente, o endereço fornecido por ela é uma 
caixa postal. não lhe é permitido arguir que esse mesmo endereço 
não é adequado para a comunicação processual. 
A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e 
de suas respectivas autarquias e fundações de direito público será realizada 
perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação 
judicial [art. 242, § 3º, CPC}. O objetivo é impedir que a citação de entes 
públicos seja feita na pessoa de qualquer funcionário público: a citação 
será feita perante o advogado público, a quem a lei outorga esse poder 
especial de receber citação. 
"Nos condomínios edilícios ou loteamentos com controle de acesso, 
será válida a entrega do mandado feita a funcionário da portaria responsá-
vel pelo recebimento de correspondência, que, entretanto, poderá recusar o 
recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o destinatário 
da correspondência está ausente" (art. 248, § 4º, CPC}. 
Quando o citando estiver impossibilitado de receber a citação, o juiz, 
após observar o procedimento dos§§ 1º a 3º do art. 245, nomeará curador 
especial, para receber a citação e apresentar a defesa (art. 245, §§ 4º e 
5º, CPC}. A curatela especial é função institucional da Defensoria Pública, 
conforme visto no capítulo sobre os pressupostos processuais. 
5, LOCAL DA CITAÇÃO 
A citação poderá ser feita em qualquer lugar em que se encontre o 
citando (art. 243 do CPC}. O militar, em serviço ativo, só será citado na 
unidade em que estiver servindo, se não for conhecida a sua residência 
ou nela não for encontrado [art. 243, parágrafo único, CPC}. 
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Cap. 17 • CITAÇÃO 687 
6. IMPEDIMENTO LEGAL PARA A CITAÇÃO 
Salvo se para evitar perecimento de direito, não se fará citação: a) a 
quem estiver participando de ato de culto religioso; b) ao cônjuge. compa-
nheiro ou a qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha 
reta ou na linha colateral em segundo grau. no dia do falecimento e nos 
sete dias seguintes; c) aos noivos, nos três primeiros dias seguintes ao 
casamento; d) aos doentes. enquanto grave o seu estado [art. 244, CPC). 
Superado o impedimento, a citação far-se·á normalmente. A restrição le-
gal se refere apenas à pessoa do citando. de modo que. se ele dispuser de 
procurador com poder especial, poderá ser citado.8 
Não é impedimento à realização da citação a existência de greve no 
Poder judiciário. já decidiu o STJ que. nesses casos, "compete ao advogado 
constituído pela parte acompanhar o movimento grevista, cientificando-
-se do início da contagem dos prazos processuais.". (STJ, 3ª T., REsp n. 
1.153.218/SP, Rei. Min. Nancy Andrighi, j. em 24.08.2010, publicado no 
Dje de 03.09.2010, publicado no informativo 444 do STJ). 
7. EFEITOS DA CITAÇÃO 
Antes de citado, o sujeito indicado como réu é tão-somente parte na 
demanda. Um dos efeitos da citação é justamente o de completar a relação 
jurídica processual. Vale dizer: não tem ela, a citação, o condão de propor-
cionar a formação do processo. O processo já existe desde o momento em 
que foi ajuizada a ação, aliás, como já visto. 
A citação válida gera efeitos de ordem processual e material. A citação: 
a) estende os efeitos da litispendência para o réu; b) em razão disso, para 
o réu a coisa ou o direito discutido passa a ser litigioso; c) impede modi-
ficação da demanda, pelo autor, sem o consentimento do réu; d) constitui 
em mora o de devedor. 
Um efeito processual da citação é a indução de litispendência para o 
réu. Litispendência é palavra que assume dois significados: a) pendência 
da causa, o percorrer criativo desta existência;9 b) "Pressuposto proces-
sual" negativo, que obsta a repropositura de demanda ainda pendente de 
análise. O art. 240 do CPC cuida da litispendência no primeiro sentido. 
Cumpre advertir que a litispendência só é induzida com a citação em 
8. MONIZ DE ARAGÃO, Egas Dirceu. Comentários ao Código de Processo Cívil. 10• ed. Rio cb Janeiro: 
Forense, 2004, p. 191. 
9. OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro. Alienação da coisa litigiosa. 2• ed. Rio de Janeiro: Forense, 1986, p. 97. 
688 CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL· V oi. 1 - Fredie Didier Jr. 
relação ao réu; para o autor; litispendência já existe a partir da proposi-
tura da demanda (art. 312 do CPC): "Por isto, para o demandante e com a 
propositura da ação que se estabelece a litispendência e, pois, para ele, é 
esse o marco inicial da litigiosidade". 10 Por isso, segundo lição de Antônio 
Dall:Agno!, "a litispendência não parece ser efeito da citação válida (salvo 
quanto à pessoa do réu), mas da propositura da ação",11 já que, comple-
tamos, desde que proposta a ação, a demanda já foi deduzida e, pois, não 
vode ser reproduzida. 
Ademais, citação tem por efeito tornar litigiosa a coisa ou o direito 
objeto da demanda. 
Controverte-se, na doutrina, se a litigiosidade é efeito da citação ou da 
litispendência. ':A litigiosidade não é efeito da citação, mas da litispendên-
cia. A citação é apenas o marco inicial, e o caráter litigioso da coisa é post 
e não propter cítationem "Y "É evidente, portanto, que a litigiosidade não 
decorre nem da propositura da demanda, nem da citação, mas exatamente 
do fluir da demanda, da litispendência, em suma, perdurando, em razão 
disso, para além daqueles marcos, que são apenas determinantes do seu 
início".U Consequentemente, para o autor a coisa torna-se litigiosa desde 
a propositura da demanda e, para o réu, com a citação. 
Dessa forma, sobrevindo a citação válida, para o réu a coisa torna-se 
litigiosa, embora já o fosse para o autor. A litigiosidade da coisa repercute 
processualmente: a alienação da coisa ou do direito, já então litigioso, é fato 
jurídico que se subsome à hipótese do art. 109 do CPC, que lhe imputa uma 
série de consequências jurídicas processuais- sobre o tema, ver capítulo 
próprio, neste volume do Curso. É por isso que não cabe, por exemplo, à 
parte ré, que cedeu o direito objeto do processo, alegar, após a alienação, 
a sua ilegitimidade passiva ad causam. 
Há algumas questões específicas em derredor do tema. 
a] Trata-se de efeito material ou processual da citação? Para Theodoro 
)r. e Nelson Nery )r., trata-se de efeito de ordem processual. A resposta 
não é tão simples. Resolve a questão Carlos Alberto Alvaro de Oliveira: 
"Discute-se, em doutrina, se a litigiosidade, como efeito da litispendência, 
10. OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro. Alienação do coisa litigiosa. 2" ed., ôt., p. 102. 
11. Comentârios ao Código de Processo Civil. São Paulo: RT, 2000, v. 2, p. 507. O autor ainda prossegue: 
~A ação já pende, linearmente, entre o autor e o juiz antes da citação. Com essa, desde que válida, 
angularizando-se a relação processual, o efeito -já existente - atinge a pessoa do réu (rectius, do 
citado)" (Ob. cit., p. 507-508). 
12. TORNAGHI, Hélio. Comentários ao Código de Processo Civil, cit., p. 156. 
13. OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro. Alienação da coisa litigioso. 23 ed. R~o de Janeiro: Forense, 1986, p. 97. 
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produz efeitos materiais ou apenas processuais. Na verdade, a litigiosidade 
compartilha das duas ordens de efeitos; há efeito material porque age para 
fora do processo e a eficácia da sentença em relação ao adquirente é um 
dos exemplos mais evidentes (art. 42, § 3°); processual porque interfere no 
processo mesmo, dai, v. g., a não alteração de legitimidade das partes (art.42, caput), a possibilid,·de de substituição (art. 42, § 1°) ou de inserção do 
adquirente no processo (art. 42, § 2°)"14. 
b) E se feita a citação por juízo incompetente? O art. 240, CPC, resolve 
a questão, de modo expresso: a citação, ainda que ordenada por juizo in-
competente, torna litigiosa a coisa para o réu. 
c] E se houver litisconsórcio passivo?"A citação de cada um dos litiscon-
sortes irá determinando o marco iniciat sem que, para isso, seja necessário 
o chamamento ao processo de todos". O art. 231, § 1º, CPC, refere-se apenas 
ao prazo para a resposta".15 
A citação produz, também, um efeito preclusivo: impede o autor de 
alterar o pedido ou a causa de pedir, ou aditar a demanda, sem o consen-
timento do réu (art. 329, I, CPC). 
A citação válida também produz efeito no âmbito do direito material. 
De acordo com o art. 240 do CPC e o art. 405 do Código Civil, a ci-
tação, mesmo que ordenada por juízo incompetente, constitui em mora o 
devedor, ressalvadas as hipóteses dos arts. 397 e 398 do Código Civil'6 A 
constituição em mora, pela citação, se dá no caso de cobrança de dívidas 
negociais sem termo certo para pagamento, em relação às quais o devedor 
não tenha sido constituído em mora pela prática de outro ato anterior -
interpelação, p. ex. 
Mora é o retardamento ou imperfeito cumprimento da obrigação. 
Mora so!vendi ou do devedor: configura-se quando o inadimplemento 
da obrigação se dá por parte deste. 
Mora ex re: mora em razão de fato previsto em lei. Ocorre quando 
há inadimplemento de obrigação positiva (dar e fazer) e líquida 
(valor certo), que tenha data fixada para o seu cumprimento. O 
14. OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro. Alienação da coisa litigiosa. cit., p. 98. O art. 42, citado pelo autor. é 
do CPC-1973 e corresponde ao atual art. 109, inclusive em relação aos parágrafos citados. 
15. OLIVEIRA. Car!os Alberto Alvaro. Alienação da coisa litigiosa, cit., p. 104. 
16. Nos casos em que a dívida perseguida é Hquida e tem termo certo, constitui-se em mora o devedor 
desde o momento em que a dívida se venceu {art. 397, caput, do Código Civil); quando não tem 
termo certo, constitui-se o devedor em mora pela interpelação judicial ou extrajudicial (art. 397, p. 
único, do Código Civil). Nos casos de prãtica de ato ilícito, a mora se constitui desde a data do evento 
(art. 398 do Código Civil). Assim, a mora de que ora se trata refere-se aos casos em que, inexistindo 
termo certo, o devedor não foi constituído em mora por meio de interpelação. 
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690 CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL• V oi. 1 - Fredie Didier Jr. 
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descumprimento acarreta automaticamente a mora, sem necessida-
de de qualquer providência do credor (o dia do vencimento interpela 
o homem, art. 397, Código Civil}. Ocorre também quando se tratar de 
obrigação negativa, desde o dia em que executar o ato de que se devia 
abster (a;·t 390, Código Civil). Por último, haverá mora ex re quando 
da prátic.i de ato ilícito, desde o momento em que foi praticado (art. 
398 do Código Civil) 17• 
Mora ex persona: ocorre quando a obrigação não tiver data fixada para 
o seu cumprimento, dependendo de providência do credor. Aqui, o 
devedor só se incorrerá em mora pela notificação, interpelação ou 
protesto (art. 397, par: ún., Código Civil). 
8. A CITAÇÃO E A INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO PELO DESPACHO 
CITATÓRIO 
O pronunciamento judicial que ordena a citação, ainda que proferido 
por juízo incompetente, interrompe a prescrição. Não é a citação que a 
interrompe, mas o ato que a ordena. A data da interrupção, porém, será 
a da propositura da ação [art. 240, § 1º, CPC). Embora a interrupção da 
prescrição pelo despacho citatório, a lei determina a retroação da data em 
que o prazo prescricional se reputa interrompido: a data da propositura 
da ação [art. 312, CPC). 
O CPC atual adota regra idêntica à do Código Civil (art 202, 1), re-
solvendo CJ divergência que havia ao tempo do código anterior, que 
atribuía à citação o efeito de interromper a prescrição. 
É preciso advertir que não é qualquer despacho liminar que interrompe 
a prescrição. É necessário que o julgador tenha feito um juízo positivo, ainda 
que precário, da admissibilidade da causa [verificação da existência dos pres-
supostos processuais), convocando o réu ao processo. Despacho que deter-
mina a emenda da petição inicial, por exemplo, não interrompe a prescrição, 
tampouco a sentença que indeferiu a petição inicial. Eventual extinção do 
processo sem resolução do mérito, após a citação, não impede que se con-
sidere interrompida a prescrição - deverá o autor lembrar; no entanto, que 
a prescrição somente se interrompe uma vez [art. 202, caput, Código Civil). 
Além disso, conforme prevê o próprio texto do inciso I do art. 202 do 
Código Civil, a citação deve ser feita no prazo que determinar a lei processual. 
O § 2º do art. 240 do CPC determina que incumbe ao autor adotar, em dez 
dias, as providências necessárias para viabilizar a citação; se não o fizer, a 
17. Enunciado n. 54 da súmula da jurisprudência predominante do STJ: "Os juros moratórios fluem a 
partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual:' 
Cap. 17 · CITAÇÃO 691 
prescrição não se reputará interrompida na data da propositura; somente se 
considerará interrompida quando a citação realizar-se. O ônus de promover 
a citação consiste, basicamente, e!n: juntar cópia da petição inicial para ser 
encaminhada ao réu (no caso de processo em autos de papel; art. 248, caput, 
do CPC), adiantar as despesas com a citação e indicar o endereço do réu18• 
O § 3º do art. 240 do CPC consagra antigo entendimento jurispru-
dencial (enunciado n. 106 da súmula do STJ): a parte autora não será 
prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário. 
A propositura da demanda obsta a consumação da decadência, desde 
que promovida a citação no prazo de dez dias, conforme o § 2º do art. 
240 do CPC. É que, de acordo com o § 4' do art. 240 do CPC, aplica-se à 
decadência o regramento da interrupção do prazo prescricional. 
Fala-se que a propositura da demanda obsta, e não interrompe, o 
prazo decadenciaL É que, em regra, prazo decadencial não se inter-
rompe19. Nada impede, porém, que por razões de política legislativa, 
o legislador atribua a um fato jurídico o efeito de interromper o prazo 
decadencial, embora isso não seja comum. 
9. MODAUDADES 
9.1. Citação pelo correio 
É a regra geral, ressalvados os casos de citação por meio eletrônico 
(art. 246, §§ 1 ºe 2º, CPC); não depende de requerimento da parte. É espécie 
de citação real, na medida em que depende da entrega da correspondência 
ao citando. 
A citação postal pode realizar-se em qualquer comarca do país, inde-
pendentemente de carta precatória (art. 247, caput, CPC). 
Há casos, porém, em que é inadmissível (art. 247 do CPC): a) ação 
de estado, como a ação de interdição, ressalvadas as ações de família20; h J 
18. PASSOS, José Joaquim Calmon de. Inovações no Código de Processo Civif. Rio de Janeiro: Forense, 1995, 
p, 104. 
19. NA decadência só se aplica a direitos potestativos, que são direitos sem pretensão, e, portanto, insusceptíveis 
de violação. Assim sendo, somente quando, para o exercício do direito potestativo, é preciso usar de ação 
judicial, é que se vai a Juízo (para, por exemplo, exercer direito de anular negócio jurídico). Ora, o simoles 
ajuizamento da ação, que é instrumento do -exercício desse direito potestatlvo, significa que a parte está 
exercendo o seu direito. Por isso, e não porque haja interrupção ou suspensão do prazo de decadência, 
é que esse direito não mais decai: o exercício afasta a decadência, pois esta só ocorre se o direito não é 
exercidd: {ALVES, José Carlos Moreira. A Parte geral do Projeto de Código Civil, cit~ p. 157.) 
20. O inciso l do art. 247 proíbe a citação postal em ações de estado, mas contém uma ressalva:Nobservado 
o disposto no art. 695, § 3°': O art. 695 do CPC cuida das ações de famifia; o parágrafo, da necessi·dade de citação pessoal em ações de família. Sucede que a citação pessoal é a regra em qualquer 
692 CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL· V oi. 1 - Fredie Oidíer Jr. 
quando o citando for incapaz;21 c) quando o citando for pessoa jurídica de 
direito público; d) quando o citando residir em local não atendido pela en-
trega domiciliar de correspondência; e) quando o autor, justificadamente, 
requerer de outra forma. 
São requisitos da correspondência: 
a) estar acompanhada de cópia da petição inicial (art. 248, caput, CPC); 
b) estar acompanhada de cópia do despacho do juiz (art. 248, caput, CPC); 
c) conter as informações discriminadas no art. 250 do CPC (art. 248, 
§ 3º, CPC): os nomes do autor e do citando, e seus respectivos domicílios 
ou residências; o fim da citação, com todas as especificações constantes 
da petição inicial, bem como a menção do prazo para contestar, sob pena 
de revelia, ou para embargar a execução; a aplicação de sanção para o 
caso de descumprimento da ordem, se houver; se for o caso, a intimação 
do citando para comparecer, acompanhado de advogado ou de defensor 
público, à audiência de conciliação ou de mediação, com a menção do dia, 
da hora e do lugar do comparecimento; a cópia da decisão que deferir 
tutela antecipada; a assinatura do escrivão ou do chefe de secretaria e a 
declaração de que o subscreve por ordem do juiz. 
d) a carta há de ser registrada (art. 248, § 1º, CPC): consagrou-se an-
tigo entendimento jurisprudencial (enunciado n. 429 da súmula do STJ). 
A entrega da correspondência deve ser feita, em regra, como se disse, 
diretamente ao citando, exigindo-lhe que assine o recibo. As exceções foram 
examinadas em item precedente. 
"Em caso de recusa de recebimento ou de assinatura do recibo: re-
puta-se frust::ada a dillgência, já que o carteiro não tem fé pública, 
restando ao autor a requerer por mandado, cobrando ao réu as custas 
da diligência fracassada".22 
A citação postal é ato complexo. Ela se aperfeiçoa com a juntada aos 
autos do aviso de recebimento, data a partir da qual começa a fluir o prazo 
para a resposta (art. 231, I, CPC). 
caso; não há especificidade alguma na ação de família, no particular. A ressalva do inciso I do art. 
247 somente faz sentido se compreendida como uma exceção: nas açóes de família de estado, cabe 
citação postal. 
21. Incapaz, no caso, tanto é o civilmente incapaz, como aquele que não tem condições de compreender 
adequadamente o conteúdo da correspondência escrita - analfabeto, deficiente visual etc. Nesse sentido, 
MARINON!, Luiz Guilherme; MITID!ERO, Daniel. Código de Processo Civil comentado. São Paulo: RT, 2008, p. 
226; TARTUCE, Fernanda. Igualdade e vulnerabilidade no processo civil. Rio de Janeiro: Fort!nse, 2012, p. 293. 
22. MON!Z DE ARAGÃO, Egas Dirceu. Comentários ao Código de Processo Civil. 1Qa ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2004, v. ll. p. 221. 
Cap. 17 • CITAÇÂO 693 
9.2. Citação por oficial de justiça 
A outra modalidade de citação é a feita por oficial de justiça, também 
chamada de citação por mandado. O mandado é a documentação do ato 
do juiz pelo escrivão ou chefe de secretaria, que o assina. 
Cabe a citação por mandado quando se proíbe [art. 24 7 do CPC) ou 
se frustra a citação postal [art. 249, CPC). 
O art. 24 7, !I!, CPC, proíbe a citação postal quando o citando for pessoa 
jurídica de direito público. 
São requisitos do mandado [art. 250, CPC); '1- os nomes do autor e do 
citando e seus respectivos domicílios ou residências; li- a finalidade da ci-
tação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como 
a menção do prazo para contestar, sob pena de revelia, ou para embargar 
a execução; !I!- a aplicação de sanção para o caso de descumprimento da 
ordem, se houver; IV- se for o caso, a intimação do citando para compa-
recer, acompanhado de advogado ou de defensor público, à audiência de 
conciliação ou de mediação, com a menção do dia, da hora e do lugar do 
comparecimento; V- a cópia da petição inicial, do despacho ou da decisão 
que deferir tutela provisória; VI -a assinatura do escrivão ou·do chefe de 
secretaria e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz.". 
São formalidades que devem ser observadas na citação por oficial 
de justiça, sob pena de invalidade [art. 251, CPC): a)leitura do mandado 
pelo oficial; b) entrega da contrafé; c) certidão de recebimento ou recusa 
da contrafé; d) obtenção da nota de ciente ou certidão de que o réu não 
a apôs no mandado. 
Citação em comarcas vizinhas ou pertencentes à mesma região me-
tropolitana23 O CPC mitigou o princípio da territorialidade da jurisdição. 
Permite-se que o oficial de justiça de uma comarca dirija-se a comarca 
contígua [fronteiriça ), de fácil comunicação, ou da mesma região metropo-
litana para realizar a citação, intimação e notificação [art. 255, CPC)- além 
de atos executivos, como a penhora. 
A citação por oficial de justiça é um ato complexo; aperfeiçoa-se com 
a juntada aos autos do mandado, a partir de quando começa a fluir o prazo 
para a -resposta [art. 231, 11, CPC). 
23. Região metropolitana é uma aglomeração urbana que configura uma metrópole (Art. 2o, VIl, Lei 
n. 13.089/2015). Metrópole é o espaço urbano com continuidade territorial que, em razão de sua 
população e relevância política e socioeconômica, tem influência nacional ou sobre uma região que 
configure, no mínimo, a área de influência de uma capital regional, conforme os critérios adotados 
pela Fundação Instituto Brasileiro de 6eografia e-Estatística- IBGE (Art. 2°, V, Lei n. 13.089/2015). 
694 CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL·VoL 1 - Fredie Didier Jr. 
9.3. Citação por mandado com hora certa 
Há uma modalidade especial de citação por oficial de justiça. É uma 
espécie de citação ficta, pois a lei, por ficção, considera que o citando foi 
cientificado. 
Ela esti regulada nos arts. 252·254 do CPC. 
Para que se admita a citação com hora certa, é preciso que se pre~ 
encham alguns pressupostos: a) procura do citando, sem êxito, por duas 
vezes, em dias distintos (aplicação analógica do§ 1Q do art. 830 do CPC), 
em seu domicílio ou residência; b) deve haver suspeita de ocultação (art. 
252, caput, CPC]. O oficial certificará o preenchimento dos pressupostos 
no mandado. 
Preenchidos os pressupostos, o oficial de justiça deve observar o 
seguinte procedimento: 
a) intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vi-
zinho, que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação na hora 
que determinar - o terceiro há de ser pessoa capaz, de nada valendo a 
intimação se se tratar de criança ou interdito (art. 252, caput, CPC); 
b) nos condomínios edilícios ou loteamentos com controle de acesso, 
será válida a intimação feita na pessoa do funcionário da portaria respon-
sável pelo recebimento de correspondência (art. 252, par. ún., CPC); 
c) se, durante o procedimento, a suspeita desaparecer, a citação deve 
ser feita normalmente; 
d) no dia e na hora designados, o oficial M justiça, in•dependentemente 
de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a 
fim de realizar a diligência (art. 253, caput, CPC); 
e) se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará 
informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o 
citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias 
(art. 253, § 1 º, CPC); 
f) a citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da fa-
mília ou o vizinho, que houver sido intimado, esteja ausente, ou se, embora 
presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a receber o mandado 
(art. 253, § 2Q, CPC); 
g) da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com 
qualquer pessoa da família ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o 
nome (art. 253, § 3Q, CPC); 
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Cap. 17 · CITAÇÃO 695 
h) o oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que 
será nomeado curador especial se houver revelia (art. 253, § 4º, cjc art. 
72, 11,CPC). 
Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará 
ao réu, executado ou interessado, no prazo de dez dias, contado da data 
da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência 
eletrônica, dando-lhe de tudo ciência (art. 254, CPC). Muito embora abri· 
gatória, essa comunicação não integra os atos de solenidade da citação. 
Na citação por hora certa, a remessa pelo escrivão da carta, telegrama 
ou radiograma dando ciência ao réu da citação é requisito obrigatório 
e, se não efetuada, acarreta a nulidade da citação. Não obstante, o 
prazo para. a contestação começa a correr da juntada aos autos do 
mandado de citação, e não da juntada do aviso de recebimento da 
correspondência a que se refere o art. 254 do CPC.:H No entanto, se, 
por equívoco, nesta comunicação houver advertência de que o prazo 
para contestação começará a correr da data da juntada do aviso de 
recebimento respectivo, e não em conformidade com essa orientação, 
haverá de ser protegida a situação de confiança a que foi induzido 
o réu por um ato estatal: o prazo de contestação será o da juntada 
do aviso de recebimento da correspondência do art. 254 do CPC, 
e não o da juntada do mandado de citação. Trata-se de aplicação 
do princípio da boa-fé processual. A propósito, STJ, 3ª T., REsp. n. 
746.524/SC, rei. Mina. Nancy Andrighi, j. em 03.03.2009, publicado 
no Dje de 16.03.2009. 
Se a certidão do oficial de justiça não explicita os dias e os horários 
em que realiza as diligências de procura do réu, também acarretará 
.a nulidade da citação por hora certa. Precedentes citados: REsp n. 
280.215-SP, DJ 13/8/2001, e REsp n. 473.080-Rj, Dj 24(3/2003. REsp 
n. 468.249-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. em 5.8.2003. 
Havendo revelia, o magistrado deverá proceder à nomeação de cura-
dor especial ao réu (art. 72, 11, CPC). 
9.4. Citação pelo escrivão ou chefe de secretaria 
Se o citando comparecer em cartório, o escrivão ou chefe de secretaria 
pode fazer a citação (art. 152, 11, e art. 246, Ill, CPC). Trata-se de regra que 
simplifica sobremaneira o procedimento citatório. 
O prazo para a resposta, neste caso, começa a fluir da data da citação 
(art. 231, 111, CPC). 
24. Nesse sentido: STJ, 3" T., REsp n. 1.291.808, Rei. João Otávio de Noronha, notícia publicada em 08 de 
julho de 2013. 
o 
696 CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL ·Vol. 1 - Fredie Oidier Jr. 
9.5. Citação por edital 
A citação pode ser feita por edital. Também é hipótese de citação 
ficta. Se houver revelia, também há de nomear-se curador especial para 
promover a defesa do revel (art. 72, li, CPC). 
A citação por edital é admissível: a) quando desconhecido ou incerto 
o réu; b) quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se en-
contrar; c) nos casos expressos em lei (art. 256, CPC). 
O réu é desconhecido quando não se sabe quem deve ser citado. Um 
bom exemplo, muito comum: o autor é devedor de laudêmio e de foro, mas 
não sabe quem é o senhorio. Há réu, que é certo (o credor da obrigação), 
mas ele é desconhecido. 
O réu é incerto, quando não se sabe sequer se haverá réu. São os casos, 
muito comuns, da ação de usucapião de imóvel e da ação de recuperação 
ou substituição de título ao portador (art. 259, l e li, CPC). 
O local de citação é ignorado, quando não se tem qualquer informa-
ção sobre o local onde se encontra o citando. O local de citação é incerto, 
quando, embora se saiba em que território se possa encontrar o citando, 
não se tem o endereço. O local de citação é inacessível, quando, embora 
conhecido, não se possa lá realizar a citação, em razão de guerra, epidemia, 
calamidade pública etc. 
A lei estabelece uma presunção legal absoluta de desconhecimento 
ou incerteza do local da citação/ quando "infrutíferas as tentativas de sua 
localização, inclusive mediante requisição pelo juízo de informações sobre 
seu endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de concessionárias de 
serviços públicos" (art. 256, § 3º, CPC). 
No caso de local inacessível, "a notícia de sua citação será divulgada 
também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão" (art. 
256, § 2°, CPC). Além do edital, a lei exige a comunicação por emissora 
de radiodifusão, no caso de local inacessível; assim, a validade da citação 
pressupõe essa dupla tentativa de comunicação. 
A lei estabelece uma presunção legal absoluta de inacessibilidade: 
"considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país quere-
cusar o cumprimento de carta rogatória" (art. 256, § 1 º, CPC). 
A lei exige citação na ação de usucapião de imóvel, nas ações de recupe-
ração e substituição de título ao portador e em qualquer outra ação em que 
seja necessária, por determinação legal, a provocação, para participação 
no processo, de interessados incertos ou descon.hecidos (art. 259, CPC). 
I 
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Cap. 17 • CITAÇÃO 697 
São requisitos do edital (art. 257, CPC): l-a afirmação do autor ou a 
certidão do oficial informando a presença das circunstâncias autorizado-
ras; li -a publicação do edital na rede mundial de computadores, no sítio 
do respectivo tribunal e na plataforma de editais do Conselho Nacional 
de justiça, que deve ser certificada nos autos; li! - a determinação, pelo 
juiz, do prazo, que variará entre vil:. te e sessenta dias, fluindo da data da 
publicação única, ou, havendo mais de uma, da primeira; IV- a advertência 
d2 que será nomeado curador especial em caso de revelia. 
O juiz poderá determinar que a publicação do edital seja feita também 
em jornal local de ampla circulação ou por outros meios, considerando as 
peculiaridades da comarca, da seção ou da subseção judiciárias (art. 257, 
par. ún., CPC). 
A parte que requerer, dolosamente, a citação por edital, fazendo afir-
mação falsa quanto ao preenchimento dos pressupostos para a sua reali-
zação, incorrerá em multa de cinco vezes o salário-mínimo, que reverterá 
em benefício do citando (art. 258, CPC). 
O prazo para apresentar resposta, quando houver citação por edital, 
começa a fluir no dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz 
(art. 231, IV, CPC). 
9.6. Citação por meio eletrônico 
A Lei n. 11.419/2006 criou e regulamentou o processo em autos ele-
trônicos. No processo em autos eletrônicos, o Poder Judiciário vale-se de 
sistemas eletrônicos de processamento de ações judiciais por meio de 
autos total ou parcialmente digitais, utilizando, preferencialmente, a rede 
mundial de computadores e acesso por meio de redes internas e externas. 
No processo em autos eletrônicos, todas as citações, inclusive da Fa-
zenda Pública, serão feitas por meio eletrônico, na forma dessa Lei (art. 
9° da Lei n. 11.419/2006). 
Mas somente é possível haver citação eletrônica se a íntegra dos autos 
estiver disponível para o citando (art. 6º, Lei n. 11.419/2006). 
Se a citação viabilizar o acesso do demandado à íntegra do "processo" 
("autos eletrônicos"), será considerada corno vista pessoal do interessado 
para todos os efeitos legais (art. 9°, § 19, Lei n. 11.419/2006). 
Quando, por motivo técnico, for inviável o uso do meio eletrônico para 
a realização da citação, esse ato processual poderá ser praticado segundo 
as regras gerais para o procedimento documentado em autos de papel, 
698 CURSO DE DIREITO PROCESSUAL C!VIL • Vol. 1 - Fredie Didier Jr. 
digitalizando-se o documento, que deverá ser posteriormente destruído 
(art. 99 , § 29, Lei n. 11.419/2006). 
Considera-se "transmissão eletrônica toda forma de comunicação a 
distância com a utilização de I!edes de comunicação, preferencialmente 
a rede mundial de computadores" (art. 1º, li, da Lei n. 11.419/2006]. A 
prática de atos processuais em geral por meio eletrônico será admitida 
mediante uso de assinatura eletrônica, na forma do art. 1 ºdessa Lei, sendo 
obrigatório o credenciamento prévio no Poder Judiciário, conforme disci-
plinado pelos órgãos respectivos (art. 2º da Lei n. 11.419 /2006). 
A citação por meio eletrônico é, para o CPC, o meiopreferencial de 
citação de pessoas jurídicas privadas- ressalvadas as microempresas e as 
empresas de pequeno porte (art. 246, § 1º, CPC)~ e públicas (art. 246, § 
2º, CPC). Todas as empresas estatais estão abrangidas pela regra: empresas 
públicas e sociedades de economia mista. 
Todas essas pessoas jurídicas estão obrigadas a manter cadastro junto 
aos sistemas de processo em autos eletrônicos (art. 246, § 1 º,CPC]. 
Convém reproduzir duas regras de transição previstas no final do CPC. 
Art. 1.050. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, suas 
respectivas entidades da administração indireta, o Ministério Público, 
a Defensoria Pública e a Advocacia Pública, no prazo de 30 (trinta) 
dias a contar da data da entrada em vigor deste Código, deverão se 
cadastrar perante a administração do tribunal no qual atuem para 
cumprimento do disposto nos arts. 246, § 2º, e 270, parágrafo único. 
Art. 1.051. As empresas públicas e privadas devem cumprira disposto 
no art. 246, § 12, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data de 
inscrição do ato constitutivo da pessoa jurídica, perante o juízo onde 
tenham sede ou filial. 
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às microempresas 
e às empresas de pequeno porte. 
O art. 1.051 do CPC parece dirigir-se somente às novas pessoas 
jurídicas empresárias, tanto que o prazo para fazer o cadastro pe-
rante o tribunal é contado da data da inscrição do ato constitutivo 
da sociedade. 
Isso, porém, não faz sentido: a) haveria um tratamento desigual 
em relação às milhares de pessoas jurídicas constituídas antes da 
vigência do Código, que estariam livres do cumprimento do dever de 
cadastro; b) o propósito do Código, de dar preferência às comunica-
ções eletrônicas, não seria alcançado, pois sociedades empresárias 
litigantes habituais não seriam atingidas pela regra; c) haveria um 
tratamento desigual, em fã.vor das pessoas jurídicas empresárias 
constituídas antes do novo Código, também em relação aos entes 
públicos, que, nos termos do art 1.050, têm de cumprir esse dever. 
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Cap.17 • CITAÇÃO 
Para dar conformidade constitucional aos textos normativos dos arts. 
1.050 e 1.051, a melhor interpretação é a seguinte: a) as pessoas 
jurídicas empresárias constituídas antes do novo Código deverão, no 
prazodetrintadias contados a partir da vigência do CPC, providenciar 
o cadastro perante os tribunais em que atuam (aplicação analógica do 
art. 1.050, CPC); b] as pessoas jurídicas empresárias constituídas após 
o novo Código deverão, no prazo de trinta dias contados da inscrição 
do respectivo ato constitutivo, providenciar o cadastro perante os 
tribunais em que atuam (art. 1.051, CPC). 
699 
A citação eletrônica deve observar as exigências do art. Sº da Lei n. 
11.419/2006: a) a deve ser feita em portal próprio, acessível pelos cadastra-
dos no sistema, dispensada a publicação no órgão oficial (art. 5º, caput); b) 
considerar-se realizada no dia em que o citando efetivara consulta eletrônica 
ao teor da intimação, certificando-se nos autos a sua realização (art. 5º, § 1 º); 
c J na hipótese anterior, nos casos em que a consulta se dê em dia não útil, a 
citação será considerada como realizada no primeiro dia útil seguinte; d) a 
consulta deverá ser feita em até dez días corridos contados da data do envio 
ria citação, sob pena de considerar-se a citação automaticamente realizada 
na data do término desse prazo- há, aqui, uma presunção legal de citação; 
não é uma ficção, pois a comunicação pode ter acontecido. 
Feita a citação eletrônica, o prazo de resposta começa a fluir no dia 
útil seguinte à consulta ou ao término do prazo para que a consulta se dê 
(art. 231, V, CPC). 
Somente os cadastrados no sistema poderão ser citados eletronica-
mente. Por isso que o CPC, conforme visto acima, impôs o dever de as 
pessoas jurídicas procederem ao cadastro perante os tribunais, ressalvadas 
as microempresas e as empresas de pequeno porte. 
Em caráter informativo, poderá ser efetivada remessa de correspon-
dência eletrônica, comunicando o envio da citação e o início automático 
do prazo processual àqueles que manifestarem interesse por esse serviço 
(art. 5º, § 4º, Lei n. 11.419/2006). 
Nos casos urgentes em que a citação feita desta forma possa causar 
prejuízo a quaisquer das partes ou nos casos em que for evidenciada qual-
quer tentativa de burla ao sistema, o ato processual deverá ser realizado 
por outro meio que atinja a sua finalidade, conforme determinado pelo 
juiz (art. 5º, § 5º, Lei n. 11.419/2006). 
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