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Obesidade-e-pediatria - curso de capacitaçao

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SUMÁRIO 
1 DOENÇAS DESENCADEADAS OU AGRAVADAS PELA OBESIDADE NO 
ADULTO 4 
1.1 Síndrome Metabólica............................................................................ 5 
1.2 Diagnóstico ........................................................................................... 6 
1.3 Tratamento ........................................................................................... 6 
2 DIABETES MELITus TIPO 2 ....................................................................... 7 
2.1 Doença Cardiovascular ........................................................................ 8 
3 Apneia obstrutiva do sono........................................................................... 9 
4 DOENÇAS DO TRATO DIGESTÓRIO ..................................................... 11 
4.1 Doenças da Visícula Biliar .................................................................. 11 
4.2 Pancreatite Aguda .............................................................................. 12 
4.3 Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica ou Esteatose Hepática .. 13 
4.4 Tratamento para esteatose hepática .................................................. 14 
5 NEOPLASIAS ........................................................................................... 15 
5.1 Obesidade No Adulto ......................................................................... 17 
5.2 Etiologia da obesidade ....................................................................... 18 
6 TRATAMENTO DA OBESIDADE ............................................................. 20 
6.1 Tratamento Farmacológico ................................................................. 20 
6.2 Duração Do Tratamento ..................................................................... 20 
6.3 Medicamentos Aprovados No Brasil .................................................. 20 
6.4 O Tratamento Dietético Da Obesidade............................................... 21 
6.5 Dietas balanceadas ............................................................................ 23 
6.6 Dietas de muito baixas calorias .......................................................... 24 
6.7 Substituição de refeições ................................................................... 25 
6.8 Dieta dash .......................................................................................... 26 
 
 
 
6.9 Horários e frequência das refeições ................................................... 26 
6.10 Guia alimentar ................................................................................. 27 
6.11 Atividades físicas mais recomendadas ........................................... 28 
6.12 Caminhada ...................................................................................... 28 
6.13 Corrida ............................................................................................ 29 
6.14 Natação ........................................................................................... 30 
7 OBESIDADE EM PEDIATRIA ................................................................... 31 
7.1 Atividade física para crianças e adolescentes .................................... 33 
7.2 Genética da obesidade....................................................................... 33 
7.3 Diabetes tipo 1 na infância ................................................................. 36 
7.4 Hipertensão arterial na infância .......................................................... 38 
7.5 Tratamento da obesidade infantil ....................................................... 39 
7.6 Tratamento dietético ........................................................................... 40 
7.7 Intervenções terciárias de tratamento ................................................ 40 
7.8 Tratamento medicamentoso ............................................................... 41 
7.9 Sibutramina ........................................................................................ 41 
7.10 Orlistate ........................................................................................... 42 
7.11 Metformina ...................................................................................... 42 
7.12 Octreotida ........................................................................................ 42 
7.13 Hormônio de crescimento recombinante (hGH) .............................. 43 
7.14 Leptina recombinante ...................................................................... 43 
7.15 Cirurgia bariátrica em adolescentes ................................................ 43 
BIBLIOGRAFIAS ............................................................................................ 45 
 
 
 
 
1 DOENÇAS DESENCADEADAS OU AGRAVADAS PELA OBESIDADE NO 
ADULTO 
 
Fonte: www.mdsaude.com 
A obesidade é uma doença cada vez mais comum, cuja prevalência já atinge 
proporções epidêmicas. Uma grande preocupação médica é o risco elevado de 
doenças associadas ao sobrepeso e à obesidade, tais como diabetes, doenças 
cardiovasculares (DCV) e alguns cânceres. 
É importante o conhecimento das comorbidades mais frequentes para permitir 
o diagnóstico precoce e o tratamento destas condições, e para identificar os pacientes 
que podem se beneficiar com a perda de peso. 
Isso permitirá a identificação precoce e avaliação de risco, de forma que as 
intervenções adequadas possam ser realizadas para reduzir a mortalidade associada. 
Vários estudos têm demonstrado que a obesidade está fortemente associada 
a um risco maior de desfechos, sejam cardiovasculares, câncer ou mortalidade. 
No estudo National Health and Nutrition Examination Study III (NHANES III), 
que envolveu mais de 16 mil participantes, a obesidade foi associada a um aumento 
da prevalência de diabetes tipo 2 (DM2), doença da vesícula biliar, doença arterial 
coronariana (DAC), hipertensão arterial sistêmica (HAS), osteoartrose (OA) e de 
 
 
 
dislipidemia. Resultados de outros estudos, entre eles o Survey of Health, Ageing and 
Retirement in Europe (SHARE) e o Swedish Obese Study (SOS), apontam para uma 
forte associação entre obesidade e a prevalência de doenças associadas e queixas 
de saúde física. 
A obesidade é causa de incapacidade funcional, de redução da qualidade de 
vida, redução da expectativa de vida e aumento da mortalidade. Condições crônicas, 
como doença renal, osteoartrose, câncer, DM2, apneia do sono, doença hepática 
gordurosa não alcoólica (DHGNA), HAS e, mais importante, DCV, estão diretamente 
relacionadas com incapacidade funcional e com a obesidade. 
Além disso, muitas dessas comorbidades também estão diretamente 
associadas à DCV. Muitos estudos epidemiológicos têm confirmado que a perda de 
peso leva à melhora dessas doenças, reduzindo os fatores de risco e a mortalidade. 
1.1 Síndrome Metabólica 
A síndrome metabólica caracteriza-se por uma combinação de fatores de risco 
para doença cardiovascular e diabetes melitus tipo 2. Comumente inclui excesso de 
gordura abdominal, resistência à insulina e pelo menos um dos seguintes fatores: altos 
níveis séricos de triglicerídeos, níveis reduzidos de colesterol HDL e hipertensão. 
Causas, complicações, diagnósticos e tratamentos são similares aos da obesidade. 
A síndrome metabólica é um problema sério em países desenvolvidos. A 
síndrome metabólica é muito comum, possivelmente afetando mais de 40% das 
pessoas com mais de 50 anos de idade nos Estados Unidos. Crianças e adolescentes 
podem desenvolvê-la, mas nesses grupos a definição não está bem estabelecida. 
O desenvolvimento da síndrome metabólica depende tanto da distribuição 
quanto da quantidade de gordura. O excesso de gordura abdominal (obesidade 
central), em particular quando resulta em alta razão cintura-quadril (refletindo uma 
razão massa muscular-gordura relativamente baixa), aumenta o risco. A síndrome é 
menos comum entre as pessoas que acumulam gordura no quadril (“emforma de 
pera”) e naquelas que apresentam baixa relação cintura-quadril. 
O excesso de gordura abdominal ocasiona proliferação de ácidos graxos livres 
na veia porta, aumentando a concentração de gordura no fígado. A gordura também 
se acumula nas células musculares. Ocorre resistência à insulina, com 
 
 
 
hiperinsulinemia. O metabolismo da glicose é prejudicado, havendo dislipidemias e 
hipertensão. Os níveis séricos de ácido úrico são elevados e se desenvolve um estado 
protrombótico (com níveis aumentados de fibrinogênio e fator ativador de 
plasminogênio tipo I) e inflamatório. Os pacientes apresentam maior risco para apneia 
obstrutiva do sono. Outros riscos incluem esteatose não alcoólica, doença renal 
crônica, síndrome do ovário policístico, baixo nível de testosterona, disfunção erétil ou 
ambos. 
1.2 Diagnóstico 
 Circunferência da cintura e pressão arterial; 
 Glicose plasmática em jejum e perfil lipídico; 
Triagem é importante. História familiar mais medida da cintura e pressão arterial 
são parte dos cuidados de rotina. Se pacientes com história familiar de diabetes tipo 
2, particularmente aqueles com mais de 40 anos, tiverem medida de circunferência 
maior que o recomendado para raça e sexo, deve-se determinar glicemia de jejum e 
perfil lipídico. 
A síndrome metabólica possui muitas definições diferentes, mas na maioria das 
vezes é diagnosticada na presença de pelo menos três dos seguintes fatores: excesso 
de gordura abdominal, glicose plasmática em jejum aumentada, hipertensão, alto nível 
de triglicerídeos e baixo nível de colesterol HDL. 
1.3 Tratamento 
 Dieta saudável e atividade física 
 Metformina em alguns casos 
 Tratamento de fatores de risco cardiovascular 
Idealmente, a abordagem resulta em perda de peso com base em dieta 
saudável e atividade física regular, incluindo uma combinação de exercícios aeróbicos 
e treino de resistência, reforçados com terapia comportamental. A metformina, um 
sensibilizador de insulina, pode ser útil. Perda de peso de cerca de 7% pode ser 
suficiente para reverter a síndrome; se não, cada característica deve ser controlada 
 
 
 
para que se alcancem os objetivos recomendados. O tratamento medicamentoso é 
bastante eficaz. 
Outros fatores de risco cardiovascular (p. ex., cessação do tabagismo) também 
devem ser abordados. O aumento da atividade física proporciona benefícios 
cardiovasculares mesmo que não haja perda de peso. 
Alimentos que reduzem a gordura abdominal 
 
 
Fonte: 2kxna23d9vnw2aeccke4swn7.wpengine.netdna-cdn.com 
2 DIABETES MELITUS TIPO 21 
A obesidade tem sido apontada como um dos principais fatores de risco para o 
diabetes tipo 2. Estima-se que entre 80 e 90% dos indivíduos acometidos por esta 
doença são obesos e o risco está diretamente associado ao aumento do índice de 
massa corporal. 
A obesidade, principalmente a visceral, é o mais grave fator de risco 
cardiovascular e de distúrbio na homeostase glicoseinsulina. Resultando em várias 
alterações fisiopatológicas como a menor extração de insulina pelo fígado, com 
aumento da produção hepática de glicose e diminuição da captação de glicose pelo 
 
1 Texto adaptado de Fernanda de Almeida Escobar. 
 
 
 
tecido muscular. Esses eventos podem resultar em diferentes graus de intolerância à 
glicose e, nos indivíduos com DM2, irão influenciar o controle glicêmico, refletido por 
maiores níveis de hemoglobina glicosilada (HbA1c). 
A frequência das complicações crônicas do DM do tipo 2 varia de acordo com 
as populações estudadas. Os pacientes com DM do tipo 2 têm uma propensão duas 
a quatro vezes maior de morrer por doença cardíaca em relação a não diabéticos, e 
quatro vezes mais chance de ter doença vascular periférica (DVP) e acidente vascular 
cerebral (AVC). Entre os fatores envolvidos na etiologia das complicações crônicas do 
DM do tipo 2, destacam-se a hiperglicemia, a hipertensão arterial sistêmica, a 
dislipidemia e o tabagismo. 
É provável que esses aumentos na prevalência de diabetes decorram do já 
estabelecido aumento na prevalência de obesidade no Brasil. O elevado número de 
obesos na população, atualmente estudada em ambos os sexos, reforça essa 
hipótese. Além disso, foram observados maior IMC e maior número de obesos dentre 
os indivíduos com algum grau de anormalidade da homeostase glicêmica (diabetes 
ou glicemia de jejum alterada). 
Francischi (2000) relata, em seu trabalho, que, para aumento de 10% no peso 
corporal, há aumento de 2 mg/dl na glicemia em jejum. Considerando a distribuição 
da gordura corporal, a circunferência da cintura maior do que 100cm pode 
isoladamente elevar o risco do desenvolvimento de diabetes em 3,5 vezes, mesmo 
após um controle do IMC. No desenvolvimento de diabetes, o tecido adiposo atua 
aumentando a demanda por insulina e, em pacientes obesos, criando resistência a 
esta, o que ocasiona aumento na glicemia e consequente hiperinsulinemia. Contudo, 
a sensibilidade do tecido adiposo à insulina pode permanecer alta, o que sugere que 
a lipogênese possa estar favorecida. Em alguns casos, essa resistência pode ser 
atribuída à diminuição na concentração de receptores de insulina, ou em falha no 
mecanismo de trânsito celular. 
2.1 Doença Cardiovascular 
As doenças cardiovasculares (DCVs) são doenças que causam distúrbios no 
coração e vasos sanguíneos, responsáveis pela maior taxa de morbidade e 
 
 
 
mortalidade no mundo, sendo que requerem os mais elevados custos de assistência 
social e econômica. 
Devido à grande quantidade de dados epidemiológicos é possível determinar 
os fatores de risco responsáveis pelo desenvolvimento de cardiopatias. Os fatores de 
risco cardiovascular podem ser classificados em dois grupos, os modificáveis e os 
não-modificáveis. Os fatores de risco modificáveis englobam o tabagismo, níveis 
elevados de colesterol, diabetes melitus, sedentarismo, hipertensão arterial, e 
obesidade. Os fatores de risco não-modificáveis incluem a idade, sexo e histórico 
familiar. 
A circunferência da cintura permite avaliar a distribuição central da gordura 
corporal. Atualmente, esta medida tem recebido importante atenção na avaliação do 
risco cardiovascular pelo fato de ser forte preditora da quantidade de gordura visceral, 
a principal responsável pelo aparecimento de alterações metabólicas e de doenças 
cardiovasculares. 
3 APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO 
Apneia obstrutiva do sono compreende episódios de oclusão parcial ou também 
completa das vias respiratórias superiores durante o sono e provoca a cessação da 
respiração (definida como um período de apneia >10 s). Os sintomas envolvem 
inquietude, ronco, despertares recorrentes, cefaleia matinal e sonolência excessiva 
diurna. O diagnóstico baseia-se na história do sono e em polissonografia. O 
tratamento se faz com pressão positiva contínua nas vias respiratórias por via nasal, 
aparelhos orais e, nos casos refratários, cirurgia. O prognóstico é bom com 
tratamento, mas muitos casos não são diagnosticados e não são tratados, resultando 
em hipertensão, insuficiência cardíaca, além de lesão e morte por acidentes 
automobilísticos e outros acidentes, resultantes da sonolência excessiva. 
Em pacientes sob risco, o sono desestabiliza as vias respiratórias superiores, 
acarretando obstrução parcial ou completa da nasofaringe, da orofaringe, ou de 
ambas. Quando diminui a respiração, mas não a interrompe, a condição é 
denominada hipopneia obstrutiva do sono. 
 
 
 
Embora o ronco intenso e perturbador seja relatado por 85% dos pacientes com 
AOS, a maioria dos indivíduos que roncam não tem AOS. Outros sintomas envolvem 
sufocação, respiração entrecortada e resfôlego durante o sono, sono agitado e não 
restaurador, dificuldade para permanecer adormecido. A maioria dos pacientes não 
está ciente desses sintomas (porque ocorrem durante o sono), mas são informados 
por cônjuges,colegas de residência, ou companheiros de quarto. 
Quando acordados, os pacientes podem experimentar sonolência, fadiga e 
dificuldade de concentração. A frequência das queixas relacionadas com o sono e o 
grau de sonolência diurna correlaciona-se grosseiramente com o número de 
despertares noturnos. 
De acordo com a literatura, a distribuição da gordura corporal desempenha um 
importante papel neste distúrbio, sendo a obesidade visceral a mais prejudicial. O 
diagnóstico baseia-se em critérios de sintomas e estudos de sono seguida pelo 
aumento da circunferência do pescoço, há evidências que este distúrbio está 
associado também à resistência à insulina. 
O tratamento deve ser realizado controlando dos fatores de risco, com o uso 
do CPAP ou aparelhos orais. Possivelmente, cirurgia das vias respiratórias para 
transgressão anatômica ou doença intratável se fará necessário. 
O objetivo do tratamento para a AOS é reduzir os episódios de hipóxia e de 
fragmentação do sono. Adapta-se o tratamento ao paciente e ao grau de 
comprometimento. A cura é definida como a resolução dos sintomas, com redução do 
IAH abaixo do limiar, em geral 10/h. 
O tratamento inicial direciona-se aos fatores de risco subjacentes e então à 
AOS propriamente dita. Os tratamentos específicos para a AOS incluem a CPAP, os 
aparelhos orais e a cirurgia das vias respiratórias. 
Estudos utilizando dietas de muito baixo valor calórico (abaixo de 1000 kcal/dia) 
demostraram reduções significativas do peso e melhora na gravidade da apneia 
obstrutiva. 
 
 
 
4 DOENÇAS DO TRATO DIGESTÓRIO 
4.1 Doenças da Visícula Biliar 
As doenças da vesícula biliar, ou colecistopatias, são causas comuns de 
internação, especialmente entre as mulheres. Um estudo inglês que analisou os dados 
de 1,3 milhões de mulheres com idade média de 56 anos, representando 7,8 milhões 
pessoas/ano de seguimento, documentou que as mulheres com IMC maior no início 
do estudo (ajustadas para idade e nível socioeconômico) tinham mais chance de ser 
internadas e passar mais dias no hospital por doenças da vesícula biliar. 
Globalmente, 25% dos dias de hospitalização por doenças da vesícula biliar 
foram atribuídos à obesidade. Em uma avaliação prospectiva do Health Professionals 
Follow-up Study, a associação entre obesidade abdominal e a incidência de litíase 
biliar sintomática foi determinada em uma coorte de 30 mil homens sem litíase prévia 
e que forneceram os dados completos sobre as medidas de cintura e quadril. Homens 
com IMC ≥28,5 kg/m² apresentaram um risco 2,49 vezes maior de desenvolver 
cálculos biliares comparados com homens com IMC normal (< 22,2 kg/m²). 
 
 
Fonte: vivabemavida.com.br 
 
 
 
O estudo sueco Twin Registry Study avaliou os efeitos do excesso de peso e 
obesidade na litíase biliar sintomática em quase 60 mil participantes. Sobrepeso e 
obesidade foram ambos associados a um aumento significativo no risco de litíase biliar 
sintomática (1,86 e 3,38, respectivamente). 
Pesquisas têm mostrado que pessoas obesas podem produzir altos níveis de 
colesterol. Isso ocasiona a produção de bile com mais colesterol do que pode 
dissolver. Quando isso acontece, pode se formar cálculo biliar. Pessoas com 
obesidade também possuem vesícula biliar maior que não se esvazia completamente. 
4.2 Pancreatite Aguda 
A pancreatite aguda está intimamente associada à obesidade e uma série de 
estudos tem mostrado que a obesidade aumenta a gravidade e a mortalidade por 
pancreatite aguda. 
A obesidade é um fator de risco principal para complicações locais, falência de 
órgãos e morte por pancreatite aguda. Em uma metanálise de cinco estudos, incluindo 
um total de 739 pacientes, a obesidade foi identificada como um fator de risco para o 
desenvolvimento de complicações locais e sistêmicas na pancreatite aguda e foi 
também associada ao aumento da mortalidade. 
A obesidade aumenta o risco de pancreatite aguda grave 2,9 vezes. Entre estes 
pacientes obesos, observa-se um risco 2,3 vezes maior de complicações sistêmicas 
e 3,8 vezes maior de complicações locais; além da mortalidade ser 2,1 vezes maior. 
 
 
 
4.3 Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica ou Esteatose Hepática 
 
Fonte: static.tuasaude.com 
A esteato-hepatite não alcoólica é uma síndrome que ocorre em pacientes que 
não são alcoolistas, mas que apresentam uma lesão hepática que é histologicamente 
indistinguível da esteato-hepatite alcoólica. Acontece, na maioria das vezes, em 
pacientes com ao menos um dos seguintes fatores de risco: obesidade, dislipidemia, 
intolerância à glicose. 
A fisiopatologia está relacionada com acúmulo de gordura (esteatose), 
inflamação e fibrose em grau variado. A esteatose é resultado do acúmulo de 
triglicerídeos no fígado. Possíveis mecanismos causadores da esteatose incluem 
redução da síntese de lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL, e aumento na 
síntese hepática de triglicerídeos (possivelmente resultado de redução na oxidação 
de ácidos graxos ou aumento da deposição hepática de ácidos graxos livres). A 
inflamação pode resultar de lesão peroxidativa lipídica às membranas celulares. 
Essas alterações podem estimular as células estreladas hepáticas, levando à fibrose. 
Quando em estágios avançados, a esteato-hepatite não alcoólica pode provocar 
cirrose e hipertensão portal. 
 
 
 
4.4 Tratamento para esteatose hepática 
Não existe tratamento específico para esteatose. A fase de esteatose pode ser 
reversível apenas com alterações dos hábitos de vida. 
A perda de peso é possivelmente a medida mais importante. Todavia, deve-se 
limitar a perda de peso ao máximo de 1,5 kg por semana para evitar uma piora do 
quadro. A prática regular de atividade física também ajuda muito, pois diminui o 
colesterol e aumenta o efeito da insulina no organismo. Em doentes com obesidade 
mórbida, a cirurgia bariátrica pode ser uma opção. 
Deve-se controlar o colesterol, o diabetes, e, se possível, trocar medicamentos 
que possam estar colaborando para a esteatose. 
A medida mais eficaz para controlar a esteatose hepática é a perda de peso. 
Estudos mostram que uma redução de apenas 7% no peso corporal pode ser capaz 
de trazer excelentes resultados. Portanto, uma pessoa obesa ou com sobrepeso, que 
pesa ao redor de 80 quilos, precisaria perder cerca de 5 quilos para conseguir 
apresentar regressão do acúmulo de gordura hepática. 
Em geral, sugere-se a prática de atividade física e um controle do consumo de 
calorias de forma que o paciente perca entre 0,5 e 1 kg por semana. Perdas muito 
rápidas de peso, provocadas através de dietas muito rigorosas, podem ter efeito 
contrário, agravando a esteatose. Não é preciso ter pressa. Um emagrecimento lento, 
mas definitivo, é a melhor forma de combater a esteatose. 
A perda de peso, obviamente, só funciona para aqueles indivíduos obesos ou 
com sobrepeso. Pessoas com índice da massa corporal (IMC) normal, ou seja, entre 
20 e 25 kg/m2, não apresentam grande benefícios, pois a causa da sua esteatose não 
é o excesso de gordura corporal. 
A suspensão do consumo de álcool é extremamente necessária para evitar que 
uma esteatose evolua para esteato-hepatite e cirrose hepática. Pessoas com sinais 
de acúmulo de gordura hepática devem evitar por completo as bebidas alcoólicas. 
Pacientes com esteatose hepática apresentam maior risco de doenças 
cardiovasculares, por isso, o controle dos fatores de risco é essencial para diminuir o 
risco de complicações cardíacas. Perda de peso, pratica de atividade física, controle 
dos níveis da pressão arterial, parar de fumar e uso de estatinas (medicamentos para 
controlar o colesterol) são medidas que devem ser instituídas sempre que necessário. 
 
 
 
O uso de medicação para controlar o colesterol não atua diretamente sobre a 
esteatose, mas ajuda a diminuir o risco cardiovascular destes pacientes. Se o paciente 
tem colesterol alto, a presença de esteatose é maisum motivo para o seu controle 
com medicamentos. 
Pacientes com esteatose e, principalmente, esteato-hepatite apresentam 
evolução desfavorável, caso venham a se infectar com qualquer uma das formas de 
hepatite viral. Portanto, para aqueles que ainda não são imunizados, indica-se a 
vacinação contra a hepatite A e a hepatite B. 
A vacinação não tem qualquer efeito sobre a esteatose, ela apenas serve de 
proteção contra adicionais problemas do fígado. 
Se o paciente passa a acumular gordura no fígado como efeito colateral de 
medicamentos, tais como corticoides, estrogênio, tamoxifeno, amiodarona, etc., o 
tratamento deve, sempre que possível, visar a suspensão destas drogas. 
Alimentos que desintoxicam o fígado: 
 
Fonte: www.mundoboaforma.com.br 
5 NEOPLASIAS 
A associação entre obesidade e câncer é confirmada em vários estudos 
prospectivos. A associação mais forte é entre um IMC elevado e o risco de câncer. 
Um grande estudo prospectivo americano, o American Cancer Prevention Study II, 
que envolveu uma coorte de mais de 900 mil indivíduos sem neoplasias em 1982, 
 
 
 
seguidos durante uma média de 16 anos, encontrou uma associação significativa 
entre obesidade e câncer. 
Entre aqueles com um IMC de 40 kg/m², a mortalidade por todas as causas de 
câncer foi 52% maior nos homens e 62% maior em mulheres do que entre aqueles 
com um IMC normal. 
O IMC também foi significativamente associado à maior taxa de morte por 
câncer de esôfago, cólon e reto, fígado, vesícula, pâncreas, rim, linfoma não Hodgkin 
e mieloma múltiplo. 
No estudo britânico Million Women Study, o aumento do IMC foi associado a 
um aumento significativo no risco de dez dos 17 tipos mais comuns de neoplasia. Mais 
de 1,2 milhões de mulheres do Reino Unido, com idade entre 50 a 64 anos, durante 
1996 e 2001, foram recrutadas e seguidas por uma média de 7 anos. 
O aumento do IMC foi associado a um aumento da incidência de câncer em 
qualquer sítio. Um estudo prospectivo avaliou o efeito do IMC e ganho de peso na 
incidência de câncer de próstata e de mortalidade entre 287.700 homens no NIH-
AARP Diet and Health Study. 
Durante um seguimento médio de 5 a 6 anos, o risco relativo de mortalidade 
por câncer de próstata foi de 1,46 e 2,12 para obeso grau 1 e 2, respectivamente. 
 
 
Fonte: www.dicademusculacao.com 
 
 
 
Em outro estudo com 70 mil homens, o risco de câncer de próstata de alto grau 
não metastático e metastático foi aumentado com a obesidade (1,2 e 1,5 vezes, 
respectivamente), e o risco de câncer de alto grau não metastático foi reduzido para 
0,58 com perda de peso superior a 5 kg. 
No Health Professionals Follow-up Study, uma associação significativa entre 
obesidade e câncer de cólon foi observada em homens. Este estudo prospectivo de 
18 anos de duração, com 46.349 homens que estavam livres do câncer no início, 
encontrou um risco multivariado para câncer de cólon aumentado a partir do IMC de 
22,5 kg/m², mas mais elevado (risco de 2,29) a partir do IMC de 30 kg/m². Cerca de 
30% dos casos de câncer de cólon foram atribuídos ao sobrepeso e à obesidade. 
Na Investigação Prospectiva Europeia em Câncer e Nutrição (EPIC), foi 
avaliada a associação entre o risco de câncer de cólon e reto e carcinoma de células 
renais e o peso corporal em mais de 368 mil homens e mulheres livres de neoplasia, 
que foram seguidos por uma média de 6,1 anos. O IMC maior ou igual a 29,4 kg/m² 
foi significativamente associado ao risco de câncer de cólon em homens, mas não nas 
mulheres (risco relativo [RR] = 1,55, p = 0,006). 
O risco relativo para o carcinoma de células renais associado ao aumento do 
IMC em mulheres foi 2,25 (p = 0,009; IMC > 29 kg/m²), mas nenhum aumento 
significativo foi observado para os homens. 
5.1 Obesidade No Adulto 
A prevalência da obesidade vem aumentando entre adultos, tanto nos países 
desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento. A Organização Mundial da 
Saúde (OMS) estima que pelo menos 1 bilhão de pessoas apresente excesso de peso, 
das quais, 300 milhões são obesos. Projeções baseadas em inquéritos nacionais 
realizados nas últimas décadas estimam que a obesidade atinja, em 2025, 40% da 
população nos EUA, 30%, na Inglaterra, e 20%, no Brasil. 
O ambiente moderno é um potente estímulo para a obesidade. A diminuição 
dos níveis de atividade física e o aumento da ingestão calórica são fatores 
determinantes ambientais mais fortes. Há um aumento significativo da prevalência da 
obesidade em diversas populações do mundo, incluindo o Brasil. 
 
 
 
Há três componentes primários no sistema neuroendócrino envolvidos com a 
obesidade: o sistema aferente, que envolve a leptina e outros sinais de saciedade e 
de apetite de curto prazo; a unidade de processamento do sistema nervoso central; e 
o sistema eferente, um complexo de apetite, saciedade, efetores autonômicos e 
termogênicos, que leva ao estoque energético. O balanço energético pode ser 
alterado por aumento do consumo calórico, pela diminuição do gasto energético ou 
por ambos. 
5.2 Etiologia da obesidade 
Durante a consulta de um paciente que apresente sobrepeso ou obesidade, é 
fundamental avaliar as causas que levaram ao excesso de peso, bem como investigar 
possíveis morbidades associadas. A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, 
resultando da interação de genes, ambiente, estilos de vida e fatores emocionais. 
Há três componentes primários no sistema neuroendócrino envolvidos com a 
obesidade: o sistema aferente, que envolve a leptina e outros sinais de saciedade e 
de apetite de curto prazo; a unidade de processamento do sistema nervoso central; e 
o sistema eferente, um complexo de apetite, saciedade, efetores autonômicos e 
termogênicos, que leva ao estoque energético. O balanço energético pode ser 
alterado por aumento do consumo calórico, pela diminuição do gasto energético ou 
por ambos. 
A maior taxa de aumento da obesidade ocorre em populações com maior grau 
de pobreza e menor nível educacional. Pode-se explicar essa associação pela maior 
palatabilidade e pelo baixo custo de alimentos de grande densidade energética, e 
também associado à insegurança alimentar. 
Nas últimas décadas, a população está aumentando o consumo de alimentos 
com alta densidade calórica, alta palatabilidade, baixo poder sacietógeno e de fácil 
absorção e digestão. Estas características favorecem o aumento da ingestão 
alimentar e, portanto, contribuem para o desequilíbrio energético. 
Mudanças sócio comportamentais da população também estão implicadas no 
aumento da ingestão alimentar e, portanto, no aparecimento da obesidade. A 
diminuição do número de refeições realizadas em casa, o aumento compensatório da 
 
 
 
alimentação em redes de fast-food e o aumento do tamanho das porções “normais” 
levam ao aumento do conteúdo calórico de cada refeição. 
O estilo de vida moderno também favorece o ganho de peso por diversos 
fatores que interferem na ingestão alimentar: a necessidade de se realizar refeições 
em curto espaço de tempo atrapalha os mecanismos de saciedade, e atividades de 
lazer podem resultar em alterações comportamentais relacionadas ao hábito alimentar 
em que o sistema de prazer e recompensa (não homeostático) se sobrepõe ao 
sistema regulador homeostático. 
Várias fases da vida, podem influenciar o ganho de peso, como a fase 
intrauterina, o peso de nascimento, a amamentação, a fase de rebote do peso no 
período de aumento do peso que ocorre entre os 5 e 7 anos de idade e a fase puberal. 
Existem indícios de que, a cada parto sucessivo, há aumento de cerca de um quilo 
acima do peso que normalmente aumenta com o incremento da idade. Ganho de peso 
excessivo durante a gestação e falta de perda de peso após o parto são importantes 
preditores de obesidade em longo prazo. 
Um maior ganho de peso após a menopausa está relacionado à idade e ao 
estilo de vida. Em relação à terapia de reposiçãohormonal, vários estudos têm 
demonstrado que, quando comparada ao placebo, não afeta o peso corporal, podendo 
até reduzir a gordura central. Um estudo sobre tabagismo e ganho de peso 
demonstrou que, em média, os indivíduos que abandonam o tabagismo ganham de 
cinco a seis quilogramas. O ganho de peso pode ser atenuado pela terapia com 
bupropiona. O abandono do tabagismo e a perda de peso podem ser mais 
efetivamente alcançados se programas visando a esses dois objetivos forem 
oferecidos concomitantemente. 
O casamento pode influenciar o ganho de peso, principalmente em mulheres. 
As razões podem ser redução no gasto energético e aumento na ingesta calórica por 
alterações nos hábitos sociais. Interromper a prática de esportes e diminuir o gasto 
energético diário são mecanismos influenciadores de ganho de peso, o que pode estar 
ligado ao início da vida profissional e falta de tempo. 
 
 
 
6 TRATAMENTO DA OBESIDADE2 
6.1 Tratamento Farmacológico 
O tratamento da obesidade é complexo e multidisciplinar. Em linhas gerais, o 
tratamento farmacológico é adjuvante das terapias dirigidas com foco na modificação 
dos hábitos de vida relacionados com orientações nutricionais para diminuir o 
consumo de calorias na alimentação e exercícios para aumentar o gasto calórico. 
Deve-se estabelecer o grau de obesidade estando indicado o tratamento 
medicamentoso quando: 
1) IMC maior ou igual a 30 kg/m2; ou 
2) IMC maior ou igual a 25 ou 27 kg/m² na presença de comorbidades 
(dependendo do medicamento); 
3) Falha em perder peso com o tratamento não farmacológico. A história prévia 
de falência com tentativa com dieta com restrição calórica é suficiente. 
6.2 Duração Do Tratamento 
Considera-se sucesso no tratamento da obesidade a habilidade de atingir e 
manter uma perda de peso clinicamente útil, que resulte em efeitos benéficos sobre 
doenças associadas, como diabetes tipo 2, hipertensão e dislipidemia. Uma perda de 
peso de 5% mantida é um critério mínimo de sucesso, pois leva a melhora das 
doenças associadas. O sucesso em longo prazo depende de constante vigilância na 
adequação do nível de atividade física e de controle da ingestão de alimento, além de 
outros fatores, como apoio social, familiar e automonitorização. 
6.3 Medicamentos Aprovados No Brasil 
Existem, atualmente, três medicamentos aprovados para tratamento da 
obesidade no Brasil: sibutramina, orlistate e liraglutida 3,0 mg. 
 
2 Texto adaptado das Diretrizes Brasileiras de Obesidade, 2016. 
 
 
 
Sibutramina: A sibutramina bloqueia a recaptação de noradrenalina (NE) e de 
serotonina (SE) e leva a redução da ingestão alimentar. A sibutramina mostrou-se 
mais eficaz que o placebo em promover perda de peso, embora não existam 
evidências para determinar o perfil do risco-benefício da sibutramina além de dois 
anos de uso. 
Orlistate: O orlistate é um análogo da lipstatina inibidor de lipases 
gastrintestinais (GI) que se liga no sítio ativo da enzima através de ligação covalente, 
fazendo com que cerca de um terço dos triglicérides ingeridos permanecem não 
digeridos e não sejam absorvidos pelo intestino, sendo eliminados nas fezes. 
Liraglutida: 
 A liraglutida é um agonista do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1) que 
compartilha 97% de homologia com o GLP-1 nativo, sendo a meia-vida de circulação 
do GLP-1 aumentada de 1-2 minutos para 13 horas e na dose de 3,0 mg, tem uma 
ação hipotalâmica em neurônios envolvidos no balanço energético, em centros ligados 
a prazer e recompensa e uma ação menor na velocidade de esvaziamento gástrico. 
Fluoxetina e outros inibidores da recaptação de serotonina: 
Alguns inibidores seletivos da recaptação de serotonina (fluoxetina e sertralina), 
usados para tratar depressão, podem proporcionar efeito de perda de peso no curto 
prazo, embora não tenham indicação formal no tratamento de obesidade. A fluoxetina 
demonstrou efeito transitório de perda de peso, presente principalmente nos seis 
primeiros meses de uso, após o qual ocorre recuperação do peso perdido, não sendo 
por isso indicada para tratamento em longo prazo da obesidade 
6.4 O Tratamento Dietético Da Obesidade 
Para o sucesso do tratamento dietético, devem-se manter mudanças na 
alimentação por toda a vida. Dietas muito restritivas, artificiais e rígidas não são 
sustentáveis, embora possam ser usadas por um período limitado de tempo. Um 
planejamento alimentar mais flexível, que objetive reeducação, geralmente obtém 
mais sucesso, devendo considerar, além da quantidade de calorias, as preferências 
alimentares do paciente, o aspecto financeiro, o estilo de vida e o requerimento 
energético para a manutenção da saúde. O contato frequente entre o médico, ou o 
 
 
 
nutricionista e o paciente e o tempo dispendido com o paciente auxiliam muito na 
perda e na manutenção do peso perdido. 
Em longo prazo, o método, a velocidade de perda de peso, o ajuste fisiológico 
e a habilidade de manter as mudanças comportamentais de dieta e atividade física é 
que determinarão o sucesso de qualquer programa de emagrecimento. 
Uma dieta planejada individualmente para criar um déficit de 500 a 1.000 kcal 
deve ser parte integrante de programas de perda de peso objetivando uma diminuição 
de 0,5 a 1 kg por semana, com metas realistas. Dietas com baixas calorias, com 1.000 
a 1.200 kcal por dia, reduzem em média 8% do peso corporal, em três a seis meses, 
com diminuição de gordura abdominal, com perda média de 4% em três a cinco anos. 
Dietas de muito baixas calorias (very-low calorie diets, VLCD), com 400 a 800 kcal por 
dia, produzem perda de peso maior em curto prazo, em comparação às dietas de 
baixas calorias, mas em longo prazo, no período de um ano, a perda de peso é similar. 
Estas, devem ser feitas apenas em ambiente médico adequado e sob rígida 
supervisão. 
Reduzir a quantidade de gordura da dieta, em uma dieta hipocalórica, é uma 
maneira prática de diminuir a ingestão calórica e induzir a perda de peso. Dietas que 
contenham 1.200 a 1.500 kcal por dia para mulheres e 1.500 a 1.800 kcal por dia para 
homens, independentemente da composição de macronutrientes frequentemente 
levam à perda de peso. 
Algumas dietas de emagrecimento são nutricionalmente corretas e 
consistentes com bons hábitos alimentares. Outras se apresentam como dietas 
milagrosas, que encorajam práticas irracionais, algumas vezes perigosas, e passam 
a ser feitas pela população, devido à promoção da mídia, ou porque são praticadas 
por celebridades. Não há nenhuma evidência científica de longo prazo sobre a 
efetividade dessas dietas, sem que se estabeleça um balanço energético negativo. 
Na percepção popular, a velocidade e a quantidade de perda de peso geralmente se 
confundem com o sucesso da dieta. Deve-se medir esse sucesso pela condição de 
se atingir e manter perda de peso clinicamente significativa. 
 
 
 
6.5 Dietas balanceadas 
Caracterizam-se por serem compostas de 20% a 30% de gorduras, 55% a 60% 
de carboidratos e 15% a 20% de proteínas. As dietas populares dessa categoria 
incluem as utilizadas por centros comerciais de perda de peso, como os Vigilantes do 
Peso, Jenny Craig e Nutri-systems, e as dietas da pirâmide alimentar, MyPlate e do 
National Cholesterol Education Program. As dietas balanceadas têm uma longa 
história, baseiam-se tipicamente em princípios científicos e são as que foram mais 
estudadas. Essas dietas são calculadas para promover um déficit de 500 a 1.000 
kcal/dia, com um mínimo de 1.000 a 1.200 kcal/d para as mulheres e 1.200 a 1.400 
kcal/d para os homens (exemplo, 1.000 a 1.500 kcal por dia para mulheres e 1.200 a 
1.800 kcal por dia para homens). 
O objetivo das dietas balanceadas é permitir ao consumidor a escolha de maior 
variedade de alimentos, adequação nutricional, maior aderência, resultando em perda 
de peso pequena, mas sustentada. Diferentes percentuaisvariando entre 10%, 20%, 
30% e 40% das calorias da dieta provenientes de gorduras não influenciaram a perda 
de peso nem a redução no percentual de massa gorda corpórea de mulheres adultas 
e obesas submetidas à restrição calórica e exercícios durante 12 semanas. 
 
 
Fonte: www.natue.com.br 
 
 
 
6.6 Dietas de muito baixas calorias 
As dietas de muito baixas calorias, usualmente, proveem 400 a 800 kcal por dia 
e devem conter 0,8 a 1 g por quilo do peso ideal por dia de proteínas de boa qualidade 
e quantidades diárias recomendadas de minerais, vitaminas e ácidos graxos 
essenciais. São utilizadas como única fonte de nutrição durante quatro a 16 semanas 
e, em geral, são efetivas para pacientes que não obtiveram sucesso com outros 
tratamentos ou que tenham comorbidades, sendo necessária intensa supervisão. 
Podem ser pré-preparadas na forma de refeições líquidas vendidas em farmácias ou 
também elaboradas de comidas normais, que contenham quantidade adequada de 
proteínas, vitaminas e sais minerais. 
Essas dietas produzem maior perda de peso na fase inicial, quando 
comparadas a outras formas de restrição energética, com redução de 9 a 26 kg em 
quatro a 20 semanas. Mas, apesar dessa grande perda de peso na fase inicial, 
estudos randomizados mostram, em um a dois anos, as mesmas perdas das dietas 
convencionais, com nenhuma perda ou redução de até 4 kg. O resultado pode ser 
melhorado em um a dois anos, se à dieta de muito baixas calorias se adicionar 
terapêutica com drogas ou modificação comportamental (perda de peso de 11,8 kg, 
variando de 9,2 a 14,2 kg, ou 11%). As dietas de muito baixas calorias são úteis para 
induzir rápida perda de peso e motivar o paciente muito obeso, mas devem ser 
seguidas por outro tratamento para manter a perda de peso. 
As dietas de muito baixas calorias são contraindicadas em pacientes com 
doença cardíaca instável, insuficiência cardíaca grave, doença cerebrovascular, 
insuficiência renal aguda e crônica, doença hepática grave ou em fase terminal, 
transtorno psiquiátrico que possa interferir com sua compreensão e execução; os 
efeitos colaterais podem incluir fadiga ou fraqueza, tonturas, constipação, pele seca, 
perda de cabelo, alterações menstruais e intolerância ao frio, e os efeitos secundários 
mais graves são desenvolvimento de gota e cálculos biliares. 
 
 
 
6.7 Substituição de refeições 
 
Fonte: perdendobarriga.com.br 
Alguns estudos recentes avaliaram o efeito da substituição de refeições com 
acompanhamento médico regular na perda de peso com refeições preparadas ou 
suplementos alimentares, como shakes, sopas e barras de cereais. Durante o período 
de tratamento de um a cinco anos, a média de perda de peso foi de seis quilos, com 
redução variando de 3 a 9,5 kg, equivalente a 6,2%. Essa perda de peso associou-se 
à melhora na circunferência abdominal, glicemia, hemoglobina glicosilada, 
insulinemia, trigliceridemia, colesterolemia, nível da pressão arterial e qualidade de 
vida. Em outro estudo com acompanhamento médico regular, com quatro anos de 
duração, seu uso demonstrou resultados positivos no tratamento da obesidade, 
sugerindo que, associada à dieta hipocalórica, pode auxiliar no controle e manutenção 
da perda de peso. 
O Estudo Look Ahead avaliou o de substituição parcial de refeições em 5 mil 
pessoas com diabetes tipo 2, durante 12 anos uso em 16 centros nos Estados Unidos 
como intervenção estilo de vida intensivo comparando com recomendações dietéticas 
usuais. Com 12 meses de intervenção, a intervenção intensiva teve um consumo 
significativamente menor de gordura e colesterol e maior ingestão de fibras do que os 
participantes de cuidado usual em educação em diabetes, além de consumir mais 
porções por dia de frutas, vegetais, leite, iogurte e queijo; e menos porções por dia de 
gorduras, óleos e doces. Essas mudanças relacionas com uma melhor qualidade de 
dieta foram mais frequentes nos participantes que consumiam dois ou mais substitutos 
 
 
 
de refeição por dia do que nos que substituíam menos de uma refeição por dia. O 
estudo incluiu atividade física regular e contato frequente com os profissionais de 
saúde e mostrou efeitos benéficos significativos na HbA1c, lipídios e pressão arterial. 
O estudo mostrou que 39,3% dos 825 participantes que receberam uma intervenção 
de estilo de vida (que consiste numa redução de energia da dieta e prescrição de 
atividade física, e uma intervenção cognitivo-comportamental) que perderam pelo 
menos 10% do seu peso corporal no ano 1 mantiveram pelo menos 10% de perda no 
fim do ano 8, e 25,8% mantiveram 5% a 10% de perda de peso. 
6.8 Dieta dash 
A dieta DASH (de dietary approach to stop hypertension) é um padrão alimentar 
que foi desenvolvido para reduzir a hipertensão em indivíduos com pressão moderada 
a alta, que incentiva o consumo de frutas, legumes, cereais integrais, nozes, legumes, 
sementes, lácteos com baixo teor de gordura e carnes magras e limita o sal, bebidas 
com cafeína e alcoólicas. Um limite diário de energia não é um componente da dieta 
DASH original, mas é comum ocorrer perda de peso. A dieta DASH combinado com 
a perda de peso significativamente aumenta reduções na pressão arterial superior à 
alcançada pela perda de peso por si só. 
6.9 Horários e frequência das refeições 
Potencialmente consumir mais calorias no início do dia, em vez de no final do 
dia, pode ajudar a controlar o peso. O mecanismo de ação pelo qual o momento da 
alimentação pode ajudar a controlar o peso é por influência no ritmo circadiano. 
Há apenas um ECR conduzido que examinou o tempo de ingestão de energia 
e a perda de peso em mulheres com sobrepeso e obesidade com síndrome metabólica 
por 12 semanas. O grupo que consumiu a maior parte das calorias no início do dia 
perdeu mais peso (quase 9 kg vs. cerca de 3,5 kg). Apesar disso, os ECR (três, todos 
de curta duração, de até 16 semanas) que avaliaram a influência consumo de café da 
manhã na perda de peso, não demonstram maior perda de peso com o consumo de 
café da manhã. O benefício parece ser o de consumir a maior parte das calorias pela 
manhã, e não simplesmente tomar ou não tomar café da manhã. Omitir alimentos no 
 
 
 
período da manhã e comer excessivamente à noite foi chamado de autofagia 
circadiana. 
6.10 Guia alimentar 
Recentemente, o Ministério da Saúde apresentou o Guia para a elaboração de 
refeições saudáveis em eventos, orientações e recomendações objetivando tornar 
coffee breaks, almoços, brunchs, lanches, dentre outros, espaços mais saudáveis e 
com este material facilitar a transformação de ambientes institucionais em espaços 
promotores de alimentação mais adequada e saudável, em especial nos espaços 
urbanos, ambientes de trabalho, ambiente escolar e serviço de saúde, tomadas em 
conjunto com as demais ações de incentivo à atividade física e práticas corporais e 
mudanças estruturais nos espaços urbanos e institucionais que promovem mobilidade 
urbana e acesso a espaços públicos de lazer, ações estratégicas para prevenção e 
controle das DCNT e seus fatores de risco, e consequentemente, colaborar com a 
redução do sobrepeso e obesidade. 
O guia afirma que ter acesso a uma alimentação adequada e saudável não é 
algo fácil de ser alcançado, pois não se limita à responsabilidade de cada indivíduo 
fazer escolhas alimentares mais adequadas, e que diversos fatores de natureza física, 
econômica, política, cultural ou social podem influenciar o padrão de alimentação das 
pessoas. Prossegue afirmando que os órgãos públicos e demais instituições 
responsáveis pelo fornecimento da alimentação em eventos podem contribuir para a 
promoção de ambientes saudáveis, ofertando alimentos que colaborem positivamente 
para a saúde da população, valorizem a cultura alimentar local e derivem de práticas 
produtivas ambientalmente sustentáveis. 
O guia segue sugestões do Guia Alimentar para aPopulação Brasileira de 
2014, sugerindo que alimentos in natura sejam preferidos dando prioridade aos de 
origem vegetal, os processados sejam usados em quantidade pequena como 
ingredientes usados na preparação ou acompanhamento dos alimentos in natura e os 
ultraprocessados sejam evitados ou minimamente consumidos. Óleo, açúcar e sal 
devem ser usados moderadamente, para temperar e preparar os alimentos. Açúcar 
em demasia, particularmente na forma de bebidas adoçadas consumidas em exagero 
 
 
 
deve ser evitado, e a substituição por edulcorantes não calóricos pode ser válida para 
reduzir o consumo de calorias da dieta. 
6.11 Atividades físicas mais recomendadas 
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a prática de atividade física regular 
reduz o risco de mortes prematuras, doenças do coração, acidente vascular cerebral, 
câncer de cólon e mama e diabetes tipo II. Atua na prevenção ou redução da 
hipertensão arterial, previne o ganho de peso (diminuindo o risco de obesidade), 
auxilia na prevenção ou redução da osteoporose, promove bem-estar, reduz o 
estresse, a ansiedade e a depressão. Especialmente em crianças e jovens, a atividade 
física interage positivamente com as estratégias para adoção de uma dieta saudável, 
desestimula o uso do tabaco, do álcool, das drogas, reduz a violência e promove a 
integração social. 
Quanto à intensidade, excluindo a caminhada, a atividade física pode ser 
moderada ou vigorosa, sendo assim definida: 
• moderada – é aquela que precisa de algum esforço físico, faz o indivíduo 
respirar um pouco mais forte do que o normal, e o coração bater um pouco mais 
rápido; 
• vigorosa – é aquela que precisa de um grande esforço físico, faz o indivíduo 
respirar muito mais forte do que o normal, e o coração bater muito mais rápido. 
6.12 Caminhada 
A caminhada melhora o nível do condicionamento físico e ajuda na função 
cardiovascular e na perda de peso. Fortalece os músculos das pernas e dos glúteos. 
Também reduz a pressão sanguínea, os níveis de colesterol no sangue e o risco de 
doenças cardíacas, osteoporose, diabetes e estresse. 
Segundo a diretora da Confederação Brasileira de Esportes Não Competitivos 
– Anda Brasil, Ana Beatriz Cordeiro, o ideal é caminhar pelo menos três vezes por 
semana, respeitando o próprio ritmo. Se não houver regularidade, o indivíduo corre o 
risco de criar mecanismos compensatórios: querer fazer atividades físicas excessivas 
para um único dia, causando ainda mais estresse ao corpo. 
 
 
 
Na caminhada, o organismo libera a endorfina, substância que proporciona 
sensação de bem-estar, reduzindo as tensões do dia a dia. A substância também 
auxilia na neutralização dos radicais livres, um dos responsáveis pelo processo de 
envelhecimento do organismo. No entanto, é importante que a pessoa crie hábitos 
saudáveis, alimente-se antes e fixe horários para praticá-la. 
O adepto da caminhada pode alterar a intensidade dos passos, aumentando a 
velocidade, o percurso (subidas e descidas) ou a distância percorrida. O caminhante 
também deve monitorar a frequência cardíaca para compreender melhor como o 
corpo responde às diferentes intensidades de exercícios e, assim, realizar uma 
atividade segura e eficiente. 
A caminhada rápida pode queimar até 400 calorias em 1 hora, o que significa 
que a pessoa pode perder até 0,5 kg por semana somente com este exercício. Quando 
além da caminhada é associada uma dieta hipocalórica é possível perder até 8 kg por 
mês. 
6.13 Corrida 
Em relação à composição corporal e aptidão física, a modalidade utiliza mais a 
gordura como fonte energética e, assim, auxilia na diminuição de peso. Melhora a 
ansiedade e tensão, a qualidade do sono, a capacidade cardiovascular e pulmonar, 
os níveis de colesterol, a força dos membros inferiores, a redução da osteoporose e 
diminuição da pressão sanguínea. 
A corrida movimenta praticamente todos os músculos do corpo humano, mas 
os mais exigidos estão localizados nos membros inferiores. As pernas – onde está 
localizada a musculatura mais importante – garantem a impulsão e sustentação no 
momento da corrida. Já os músculos do tórax são responsáveis pelo equilíbrio do 
corpo, enquanto as fibras dos braços ajudam também a dar estabilidade e facilitar o 
impulso. 
Antes de iniciar a corrida, faz-se necessário checar a saúde com avaliações 
médica e física a fim de detectar se existem contraindicações para a prática deste 
exercício. 
Um tênis de qualidade é essencial para envolver o pé e protegê-lo do impacto, 
mas também para aperfeiçoar os resultados do atleta, que poderá correr mais rápido 
 
 
 
e, consequentemente, em maior tempo, sem ter que se preocupar com eventuais 
ferimentos. Cada tênis de corrida é desenhado para um tipo específico de corredor. 
Quando for escolher um calçado, leve em conta a frequência do seu treinamento e o 
nível de desempenho. Por isso, um tênis deve ser confortável, de modo que não fique 
muito justo nos dedos. 
A duração de uma corrida vai depender do nível de aptidão do corredor. Para 
iniciantes, o ideal é a corrida de resistência, uma vez que ela estimula o avanço 
gradual, sem que haja esforço físico excessivo. Por exemplo: se o praticante anda por 
três minutos, os outros dois devem ser correndo. “À medida que o indivíduo for se 
tornando mais forte, ele será capaz de correr mais depressa e manter o ritmo de 
corrida por mais tempo, com menor esforço”, ensinou ele. 
O ideal é correr de duas a três vezes na semana, com duração entre 20 a 60 
minutos, o que acaba sendo muito pouco para corredores de nível moderado para 
cima, pois os efeitos de uma sessão se perdem até que a próxima seja realizada, ao 
passo que treinar muitas vezes na semana não permite que o organismo se recupere 
entre uma sessão e outra. Um indivíduo cansado sobre a esteira ou correndo na rua 
sempre vai render menos. 
6.14 Natação 
A natação é uma ótima maneira de aumentar a força e tônus muscular, 
especialmente se comparada aos demais exercícios aeróbicos. Quando um atleta 
está correndo em uma pista, ele se move através do ar, enquanto um nadador enfrenta 
a resistência oferecida pela água, que conta com densidade cerca de 12% maior que 
a referente ao ar. 
Ao contrário das máquinas de exercícios em academias, as quais tendem a 
isolar os exercícios a uma parte do corpo por vez, a natação desafia todo o corpo 
simultaneamente através de uma ampla gama de movimentos que ajudam as 
articulações e ligamentos a se soltarem e se tornarem mais flexíveis. 
Para obter melhor os benefícios da natação com flexibilidade, recomenda-se 
ainda fazer alongamentos suaves antes e após os treinos. Esse melhor controle sobre 
o corpo ainda favorece o aprimoramento avançado de equilíbrio por um maior período 
de tempo. 
 
 
 
Atualmente, a natação é reconhecida como um dos exercícios que mais 
queimam de calorias, o que pode ser uma excelente alternativa para aqueles que 
desejam manter o peso sob controle. 
A quantidade de calorias queimadas depende não só da intensidade em que 
você se exercita, mas também de sua própria fisiologia. De modo geral, é dito que a 
cada 10 minutos de natação, nadando de peito, pode-se queimar até 60 calorias, 
enquanto nadando de costas elimina-se até 80 calorias. 
Pesquisadores da Universidade da Carolina do Sul acompanharam testes e 
vivência de homens com idade de 20 a 90 anos, durante 30 anos, e puderam descobrir 
que aqueles que praticavam natação contavam com taxa de mortalidade 50% inferior 
se comparados às demais pessoas fisicamente ativas ou àqueles que mantinham um 
estilo de vida sedentário. Vale ressaltar que pesquisas semelhantes foram realizadas 
com mulheres, e os resultados foram semelhantes. 
7 OBESIDADE EM PEDIATRIA3 
O estilo de vida, os fatores nutricionais, as escolhas dos alimentos, quantidades 
e frequência com que são ingeridos mostraram-se determinantes no atual quadro da 
obesidade infantil.De acordo com estudos, ocorreu estagnação de redução do 
consumo de leguminosas, verduras, legumes, frutas e sucos naturais e ascensão do 
consumo excessivo de açúcar refinado e refrigerante. 
A alimentação inadequada é um fator determinante, uma vez que há a 
substituição de refeições balanceadas por lanches rápidos, sem valores nutricionais 
adequados. Afirma ainda que o nível da prática de atividade física menor do que o 
recomendado para uma boa saúde e a obesidade está diretamente ligado à condição 
obesa da criança. 
Em um estudo transversal com crianças de dois a seis anos com prevalência 
de 34,4% apresentando sobrepeso e obesidade, realizado em São Paulo, o consumo 
de frutas estava de acordo com a recomendação. Por outro lado, consumiam porções 
 
3 Texto adaptado do Conselho Federal de Enfermagem. 
 
 
 
menores que as recomendadas de pães e cereais, verduras e legumes. Estes 
ingeriam 50% acima do sugerido de leites e lácteos. 
Os meios de comunicação, em especial a televisão, mostram-se ainda como 
grande vilã no tocante à obesidade infantil. Os comerciais de TV influenciam o 
comportamento alimentar infantil e o hábito de assistir TV está diretamente 
relacionado a pedidos, compras e consumo de alimentos anunciados e que esses 
alimentos veiculados possuem elevados índices de gorduras, óleos, açúcar e sal, o 
que não está de acordo com as recomendações de uma dieta saudável e balanceada. 
Os alimentos consumidos com maior frequência em frente à TV são os biscoitos, 
refrigerantes, salgadinhos, pipoca e pães. 
 
 
Fonte: batatafritapode.files.wordpress.com 
A disponibilidade da tecnologia, aliada ao aumento da insegurança e a 
progressiva redução nos espaços livres nos centros urbanos, reduzem as 
oportunidades de lazer, aumentando a prática de jogar videogames e o uso dos 
computadores, diminuindo a prática de atividades fisicamente ativas. As crianças 
passam horas em frente a aparelhos de televisão e videogames, aumentando o 
sedentarismo e inatividade física. 
 
 
 
7.1 Atividade física para crianças e adolescentes 
Como diz o conhecimento popular, a movimentação adequada é benéfica ao 
corpo. Os exercícios físicos ajudam, não somente, no aprimoramento do corpo, na 
circulação, respiração e na musculatura, mas melhora também o humor, a qualidade 
do sono e a sensação de bem-estar. 
Um maior nível de atividade física para a criança e adolescente significa 
melhorar o perfil lipídico e metabólico, reduzindo, assim, a obesidade. Uma criança 
ativa tem mais probabilidade de se tornar um adulto ativo. Partindo do ponto de vista 
da saúde pública e medicina preventiva, a promoção de atividade física na infância e 
adolescência passa por estabelecer uma base sólida para a diminuição do 
sedentarismo na fase adulta, trazendo assim uma melhor qualidade de vida aos 
praticantes. 
Deve-se lembrar de que a atividade deve ser divertida para a criança, a fim de 
que ela mantenha o interesse por, pelo menos, de 30 a 40 minutos diários. Não é 
recomendável a prática atividades de alto impacto, pois aumentam o risco de lesões 
e condições de desconforto, como por exemplo: calor, pouca ventilação, roupa 
inadequada para prática esportiva. 
Um bom planejamento de atividades físicas deve ser montado para cuidar da 
enfermidade. Podem-se introduzir exercícios de movimentação constante, aeróbicos 
e de resistência como caminhada, sobretudo no início da prática. O ciclismo e a 
natação também são boas opções por trabalharem e desenvolverem muito bem o 
sistema cardiorrespiratório, promovendo melhor qualidade de vida para o público alvo. 
7.2 Genética da obesidade 
A obesidade é uma das manifestações descritas em 24 doenças mendelianas, 
como, por exemplo, a síndrome de Prader-Willi, e em nove tipos de doenças 
monogênicas não mendelianas. 
A obesidade comum, no entanto, tem herança poligênica. Nem todos os 
indivíduos ganham a mesma quantidade de peso quando expostos a dietas 
hipercalóricas. Um estudo realizado com 12 pares de gêmeos monozigóticos 
submetidos a dieta hipercalórica (acréscimo de 1.000 kcal/dia) mostrou grande 
 
 
 
variação de ganho de peso entre os indivíduos, porém os membros do par ganharam 
peso de forma semelhante. Outra forma de estudá-la é comparando pares de gêmeos 
que foram criados em ambientes distintos, um com seus pais biológicos e outro com 
pais adotivos. Nessas condições, houve associação positiva entre o índice de massa 
corporal dos adotados com o índice de seus pais biológicos, e não com o de seus pais 
adotivos, para qualquer classificação de massa corporal, inclusive a obesidade, 
sugerindo que a genética é a influência determinante. Em gêmeos mono e dizigóticos 
estudados aos 7 anos de idade, fatores genéticos desempenharam papel decisivo na 
origem da obesidade, mais importante do que a nutrição intrauterina e as influências 
ambientais alimentares. O risco de obesidade quando nenhum dos pais é obeso é de 
9%, enquanto, quando um dos genitores é obeso, eleva-se a 50%, atingindo 80% 
quando ambos são obesos. Os padrões alimentares de gêmeos com mais de 50 anos 
de idade também se devem em parte à influência genética, que justifica até 40% da 
variação desses padrões. 
O efeito do ambiente no ganho de peso de indivíduos geneticamente 
susceptíveis também já foi bastante estudado. É clássico o estudo com os Índios 
Pima, oriundos do norte do México e do sul do Arizona (EUA). A partir da primeira 
metade do século XX, com a incorporação de um estilo de vida ocidentalizado 
proporcionado pela doação de cestas de alimentos pelo governo (dieta muito rica em 
gordura e sedentarismo), houve uma crescente epidemia de obesidade e diabetes 
nessa população, que hoje afeta mais de 80% dos Pima do Arizona. Em contrapartida, 
os índios etnicamente semelhantes que vivem no México, com a mesma carga 
genética, porém isolados do “ambiente obesogênico”, têm uma incidência muito 
menor destas doenças. Exemplos semelhantes existem em relação aos esquimós de 
etnia inuite e em indígenas Xavantes do Mato Grosso residentes em território muito 
próximo de centros urbanos. 
Clinicamente, é possível identificar alguns fatores indicadores de influências 
genéticas na obesidade, como o início precoce e marcante da obesidade na infância 
ou adolescência. O risco de desenvolvimento de obesidade é maior na presença de 
história familiar de obesidade mórbida, com IMC ≥ 40 kg/m2, ou com níveis mais 
moderados de obesidade, IMC. 
Existem ainda efeitos genéticos que ocorrem intraútero e que podem persistir 
por gerações. Algumas influências sobre a obesidade podem ocorrer no útero ou até 
 
 
 
mesmo duas gerações passadas quando os oócitos são formados na avó. Estes 
podem ocorrer através da epigenética (por exemplo, a metilação do DNA). Assim, o 
aumento na obesidade que vemos hoje pode muito bem ser devido, em parte, às 
mudanças ambientais que afetaram as gerações anteriores. A obesidade, que 
começou a aumentar, pelo menos, um século atrás, pode perpetuar o seu próprio 
avanço através de uma retroalimentação positiva fetalmente conduzida. 
Especificamente, a obesidade materna e o diabetes resultante dessa obesidade 
durante a gestação podem promover as mesmas condições nas gerações seguintes. 
Estudos em animais apoiam a teoria e o efeito pode persistir por até três gerações. 
Nos seres humanos, o peso ao nascer se correlaciona positivamente com o IMC 
adulto. No entanto, salvo variações extremas, esta associação parece refletir as 
influências genéticas comuns em peso ao nascer e IMC adulto. No entanto, pode 
haver efeitos intrauterinos sobre o IMC adulto que não são manifestados em alto peso 
ao nascer, já que o baixo peso ao nascer e o rápido crescimento (catch-up) que muitas 
vezes se segue, pode ser um fator de risco para a obesidade adulta. Assim, é possível 
que os extremos de desequilíbrio de energia no útero (superalimentaçãoe baixo peso 
de nascimento) possam contribuir para a obesidade. Podemos agora estar vendo os 
efeitos transgeracionais obesogênicos das mudanças ambientais iniciadas uma ou 
mais gerações atrás. 
As mulheres que se submeteram a cirurgia bariátrica anterior têm uma maior 
taxa de nascimento prematuro ou de recém-nascidos pequenos para a gestacional. É 
razoável que o obstetra rastreie estas gestações para o desenvolvimento de restrição 
de crescimento intrauterino. Não é totalmente claro se isso aumenta o risco para o 
feto ou se tem consequências a longo prazo para a sua saúde na idade adulta, mas 
alguns estudos sugerem que a cirurgia bariátrica materna aumenta o risco de doenças 
metabólicas na prole. Ratas com obesidade induzida por dieta submetidas a 
gastrectomia vertical (ou cirurgia sham) geraram filhotes que nasceram menores e 
mais leves do que os filhotes de ratas controle. Além disso, quando mantidos em uma 
dieta rica em gordura, após a puberdade, estes filhos adultos tiveram uma maior 
propensão para desenvolver intolerância à glicose, hipercolesterolemia, esteatose 
hepática, e sobrepeso ou obesidade do que os filhotes de ratas que foram submetidos 
a cirurgia sem controle. Muitos fatores do ambiente materno podem resultar na 
restrição do crescimento intrauterino, incluindo calorias ou desnutrição de 
 
 
 
macronutrientes, má absorção, anemia, perda de células produtoras de grelina 
maternas (um regulador do crescimento e do desenvolvimento intrauterino, agindo 
sobre os receptores GHS na placenta e nos descendentes), sugerindo assim que a 
cirurgia bariátrica materna possa aumentar o risco de obesidade, síndrome metabólica 
e diabetes na geração seguinte. 
7.3 Diabetes tipo 1 na infância4 
Atualmente o DM1 é responsável por 90% dos casos de diabetes na infância, 
no entanto apenas 50% dos casos são diagnosticados antes dos 15 anos. Dados 
epidemiológicos, publicados no “Atlas de Diabetes 2013” da Federação Internacional 
de Diabetes (International Diabetes Federation – IDF) estimam uma prevalência de 
cerca de 500 mil crianças menores de 15 anos com DM1 no mundo. Entre os países 
com maior número de casos novos por ano estão Estados Unidos (13 mil), Índia 
(10.900) e Brasil (5 mil) (Patterson et al., 2014). 
A infância e a adolescência são fases em que ocorre intenso desenvolvimento 
físico e psicológico dos indivíduos, assim como transformações biopsicossociais. A 
criança e/ou adolescente, além de lidarem com os aspectos próprios desses 
momentos, ao se defrontarem com uma doença crônica, como DM1, precisam 
enfrentar as demandas oriundas da doença e do tratamento, e com isso podem 
desenvolver desordens emocionais, como culpa, raiva, medo, angústia, depressão e 
apatia. Estas desordens, por sua vez, podem refletir no comportamento das crianças 
e adolescentes no ambiente escolar e familiar, bem como resultarem em uma maior 
dificuldade de adesão ao tratamento. 
Um dos objetivos do tratamento do DM1 é a possibilidade de prevenção das 
complicações agudas e crônicas, haja vista o seu comprometimento na qualidade de 
vida de seus portadores. Nesse contexto, a ciência tem evidenciado que a terapia 
nutricional é fundamental na prevenção, tratamento e gerenciamento do DM1, tendo 
como objetivo proporcionar o bom estado nutricional, a saúde fisiológica e qualidade 
de vida do indivíduo, bem como prevenir e tratar complicações no curto e longo prazo 
e comorbidades associadas. 
 
4 Texto adaptado de Renata Labrocini Bertin e colaboradores. 
 
 
 
Para De Mello (2006), a condição financeira tem repercussões na qualidade do 
tratamento. Em uma pesquisa realizada por Peres, Franco e Santos (2006), os 
aspectos financeiros foram considerados um dos itens que dificultavam o seguimento 
da dieta por portadores de diabetes. A boa condição financeira foi vista como um 
facilitador e um estímulo para seguir a alimentação recomendada. Resultados 
semelhantes foram encontrados por Fragoso et al. (2010) ao observarem que a baixa 
renda familiar dificultava a oferta de uma dieta correta a adolescentes portadores de 
DM1. 
Em estudo realizado por Souza (2005) é possível observar que a renda é um 
fator determinante no consumo desses produtos, os quais esses são geralmente mais 
caros do que os tradicionais, e muitos consumidores não têm renda suficiente para 
adquiri-los esses produtos com frequência. Para alguns participantes, os produtos diet 
e light tem um alto custo, sendo necessário comparar preços e escolher o mais barato. 
A diferenciação no sabor dos produtos dietéticos em comparação com os 
naturais foi destacada como um fator que desestimula os consumidores na compra 
dos produtos. 
 
 
Fonte: www.reporter-ro.com.br 
A doença acarreta mudanças significativas na relação que o paciente diabético 
estabelece com seu próprio corpo e com o mundo que o cerca, e isso se traduz 
 
 
 
principalmente no aspecto alimentar. Na terapêutica do diabetes é fundamental 
cumprir a dieta. O ato de comer, porém, é complexo e não remete apenas à ingestão 
de nutrientes, mas também a uma gama de emoções e sentimentos, além de valores 
culturais, o que torna árduo o cumprimento das recomendações. 
A alimentação não deve aprisionar a criança e/ou adolescente, e a família deve 
estar preparada para os dias de festa, educada para realizar teste de glicemia capilar 
antes e depois da comemoração e para evitar ou corrigir possíveis hiperglicemias, 
com uso de insulina de ação rápida. De acordo com os autores, as crianças e os 
adolescentes não devem ser afastados da sociedade e devem participar de eventos 
sociais, como festas de aniversário de amigos e colegas, sem colocar em risco sua 
saúde. 
Desta maneira, ressalta-se que os profissionais da saúde devem buscar 
constantemente o conhecimento para que possam assistir o paciente diabético, e 
especialmente o profissional nutricionista deve criar estratégias que estimulem esta 
população na busca de uma alimentação adequada e saborosa, proporcionando a 
manutenção e promoção da saúde, assim como uma melhora na qualidade de vida 
desses indivíduos. 
7.4 Hipertensão arterial na infância 
A ocorrência da Hipertensão Arterial primária vem aumentando entre crianças 
e, em 10 anos, passou de 1% para 4,5%. Estudos nacionais mostram que a 
prevalência de PA alterada em crianças varia de 3,6 a 15,8%. Nas últimas décadas a 
atenção para esse tema na pediatria tem aumentado e, atualmente, a verificação da 
PA se tornou parte do protocolo de exame físico a partir do terceiro ano de vida, sendo 
crescente o número de estudos na área que vem aprimorando as normas para sua 
avaliação. 
O excesso de peso, avaliado comumente pelo Índice de Massa Corpórea (IMC), 
é um importante preditor da PA elevada em crianças. O risco de PA elevada pode 
aumentar mais que o dobro a cada unidade aumentada de z-score de IMC. Assim, a 
classificação adequada do estado nutricional em crianças é um instrumento de alerta 
para o risco de hipertensão. 
 
 
 
Sobrepeso e obesidade na infância são distúrbios epidêmicos mundiais e 
sabidamente associados a risco cardiovascular e metabólico. Dessa forma, a 
classificação nutricional em crianças constitui importante recurso de triagem, tanto na 
prática clínica quanto em pesquisas epidemiológicas, para a identificação de 
indivíduos sob risco de uma série de comorbidades, tais como a hipertensão arterial 
sistêmica. 
7.5 Tratamento da obesidade infantil 
As estratégias de tratamento da obesidade e do sobrepeso infantil são pouco 
documentadas, comparando-se com os trabalhos existentes sobre adultos. Apesar de 
não haver tratamento considerado padrão, pela inconclusividade derivada de 
problemas metodológicos frequentemente encontrados nos trabalhos disponíveis, as 
recomendações atuais para o manejo clínico do excesso de peso em crianças e 
adolescentes baseiam-se no controle deganho ponderal e das comorbidades 
eventualmente encontradas. 
O tratamento convencional fundamenta-se na redução da ingestão calórica, 
aumento do gasto energético, modificação comportamental e envolvimento familiar no 
processo de mudança. O tratamento se dá em longo prazo e sugerem-se visitas 
frequentes. 
Em crianças e adolescentes com Z-IMC acima de +2 sugere-se que a perda de 
peso deva ser gradual (por exemplo, 0,5 kg por mês), mas em crianças e adolescentes 
com Z-IMC acima de +3, a perda de peso pode ser maior, mas não deve exceder 1 
kg por semana. Se não houver melhora no status do IMC em 3 a 6 meses, deve-se 
planejar um balanço energético negativo através de uma dieta ainda mais estruturada 
e atividade física, com maior envolvimento de toda a família para melhorar o ambiente 
da casa, visitas clínicas frequentes semanais nas primeiras 8 a 12 semanas com 
equipe multidisciplinar (de preferência incluindo além do endocrinologista, um 
psicólogo, um nutricionista e um fisiologista do exercício ou educador físico). 
 
 
 
 
Fonte:www.claudiamadeirapereira.com 
7.6 Tratamento dietético 
O tratamento dietético deve focar-se na adequação da ingestão calórica e no 
suprimento das necessidades nutricionais para a idade. A proporção calórica dos 
macronutrientes deve seguir a recomendação das diretrizes nacionais e internacionais 
de alimentação saudável. Do total de calorias da dieta, 15% devem provir de 
proteínas, 50% a 55%, dos carboidratos e 30%, das gorduras. 
O National Cholesterol Education Program norte-americano propõe que, para 
o tratamento de dislipidemias em adultos, a dieta alcance 35% do valor calórico total 
sob a forma de gorduras, sendo menos de 7% de ácido graxo saturado, mais de 10% 
de poli-insaturado e mais de 20% de monoinsaturado. 
7.7 Intervenções terciárias de tratamento 
Podem-se utilizar outras estratégias, tais como dietas de maior restrição 
calórica, tratamento medicamentoso ou cirurgia bariátrica, no tratamento da 
obesidade em adolescentes, quando esta se apresentar em graus mais graves e se 
associar a comorbidades importantes. O tratamento clínico é baseado em 
modificações do estilo de vida e pode incluir o uso de medicamentos. 
 
 
 
Uma intervenção terciária de tratamento deve ser usada apenas de forma 
limitada na população pediátrica, para adolescentes severamente obesos incapazes 
de diminuir a adiposidade e reduzir seus riscos de morbidade, suficientemente 
maduros para entender os possíveis riscos associados. Essa intervenção pode 
considerar um protocolo de substituição de refeições com dieta de muito baixas 
calorias, medicação antiobesidade e, em último caso, cirurgia bariátrica. Os riscos e 
benefícios dessas condutas devem ser cuidadosamente avaliados, caso a caso, até 
que se obtenha maior nível de evidência. Só se deve considerar tais alternativas no 
tratamento de crianças e adolescentes que não responderam ao tratamento 
convencional e apresentam graves comorbidades associadas ao excesso de peso. 
7.8 Tratamento medicamentoso 
Os medicamentos utilizados no controle da obesidade foram desenvolvidos 
para serem utilizados em conjunto com modificações de estilo de vida (hábitos 
alimentares e prática de atividade física) e não isoladamente. 
Da mesma forma que em pacientes adultos, alguns ECR, duplo-cegos e 
controlados em longo prazo, também já foram realizados em crianças e adolescentes 
com sibutramina, orlistate e metformina, por até um ano de duração. 
7.9 Sibutramina 
Uma metanálise avaliou as publicações de intervenção comportamental e 
medicamentosa em crianças e adolescentes com objetivo de perda de peso, foram 
incluídos apenas trabalhos randomizados e publicados até 2006. Foram incluídos seis 
estudos totalizando 550 crianças e adolescentes de 11 a 18 anos com sibutramina 
levando a uma redução de 2,4 kg/m2 na média do IMC. Em crianças e adolescentes 
o resultado é exposto de acordo como mudança de IMC ao invés de mudança no peso 
em quilos, porque nesta fase do desenvolvimento, o IMC varia não apenas de acordo 
com a mudança no peso, mas também de acordo com o aumento na estatura. 
 
 
 
7.10 Orlistate 
O tratamento com orlistate é aprovado a partir dos 12 anos com obesidade não 
responsiva a mudança de estilo de vida, e as vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) 
devem sempre ser suplementadas em dose habituais de reposição, durante todo o 
tratamento com orlistate. 
Durante o tratamento, devem ser monitorados ativamente em todas as 
consultas os seguintes efeitos colaterais: presença de alteração intestinal com 
esteatorreia, escape fecal, dor abdominal (uma vez que se o paciente estiver aderente 
à dieta este efeito colateral não estará presente), hipovitaminose D (periodicamente 
através da dosagem da vitamina D3 sérica ou colecalciferol sérico). Orlistate é 
contraindicado aos pacientes que tenham distúrbios de absorção intestinal (doença 
celíaca, doença de Crohn), intolerância alimentar ou outros tipos de doença 
inflamatória intestinal. 
7.11 Metformina 
Em crianças e adolescentes a metformina também sido proposta no tratamento 
da obesidade infantil. Uma revisão sistemática de ECR duplo-cegos de duração 
superior a 6 meses em crianças e adolescentes não diabéticos de 6 a 19 anos onde 
a metformina foi utilizada em doses de 1.000 a 2.000 mg/dia para redução do peso e 
da resistência à insulina concluiu que o uso da metformina levou redução média de 
IMC de 1,15 kg/m2 em relação ao placebo, redução da insulinemia de jejum média de 
5 UI/ml (em 78% dos participantes) e diminuição do HOMA-IR em 1,3. 
7.12 Octreotida 
É um análogo da somatostatina que se liga principalmente ao receptor tipo 5. 
É utilizado principalmente no tratamento combinado de tumores hipersecretores de 
GH (acromegalia e gigantismo). Os pacientes com obesidade de causa hipotalâmica 
parecem apresentar algum benefício. Nestes pacientes, uma característica é a 
pequena resposta ao tratamento com medicamentos tradicionais de combate à 
obesidade como sibutramina. 
 
 
 
7.13 Hormônio de crescimento recombinante (hGH) 
O hGH é utilizado principalmente no tratamento da baixa estatura e déficit 
hormonal. Os casos descritos onde o hGH pode ser utilizado como tratamento 
adjuvante no controle da obesidade, como nos pacientes com síndrome de Prader-
Willi. Estudos realizados nestes pacientes concluem que apesar da mudança de IMC 
não ser significativa, ocorre redução de massa gordurosa e melhora do crescimento 
nos pacientes que utilizam terapia com GH por pelo menos quatro anos de tratamento 
com a dose de GH de 0,033 mg/kg (0,1 UI/kg) em aplicações subcutâneas diárias. 
7.14 Leptina recombinante 
Leptina é um hormônio produzido pelos adipócitos que em situações 
fisiológicas atua em receptores no centro de saciedade induzindo diminuição do 
consumo alimentar. Pode ser de utilidade na presença de deficiência de sua produção. 
O tratamento com leptina recombinante só é efetivo nos raros casos de deficiência da 
leptina, descritos normalmente em famílias de origem paquistanesa. Nos casos de 
obesidade poligênica (maior parte) o tratamento com leptina recombinante não exerce 
efeito sobre o peso. 
7.15 Cirurgia bariátrica em adolescentes 
 
Fonte: s.glbimg.com 
 
 
 
A Sociedade Americana de Cirurgia Pediátrica sugere que o adolescente 
elegível para cirurgia bariátrica deve ter comprometimento da saúde pela magnitude 
da obesidade, ter falhado após seis meses de tratamento conservador, e ainda, ter 
plena capacidade de decisão e garantia do envolvimento familiar. 
No Brasil, recentemente, o limite inferior de indicação em relação à faixa etária 
em nosso país foi reduzido de 18 para 16 anos desde que o Z-IMC seja igual ou 
superior a +4, a placa de crescimento epifisária esteja fechada, e haja uma 
concordância entre o responsável legal e a equipe multidisciplinar. Abaixo de 16 anos 
de idade, a cirurgia só pode

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