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Escola Cética um paradoxo aparente

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ESCOLA CÉTICA: UM PARADOXO APARENTE
 Gabriel de Jesus Barbosa(
Resumo 
Tendo como ponto de partida o capítulo terceiro das hipotiposes pirrônicas, sobre as nomenclaturas da Escola Cética, em que, especificamente, Sexto Empírico diz que a Escola Cética é chamada de inquiridora, ao passo que ela é, também, chamada de aporética. Haja vista que inquirir é investigar sempre e ser aporética é estar em aporia, isto é, sem saída ou com dificuldade de prosseguir numa investigação. Ora, como esta escola pode ser chamada, ao mesmo tempo, de inquiridora e aporética? A partir do que aqui foi expresso, o que se propõe, neste presente artigo, é analisar como Sexto Empírico lida com essas questões, aparentemente paradoxais. Para isso, será preciso compreender a sequência de argumentos do ceticismo pirrônico, até chegar ao que se conhece por ataraxía.
Palavras chave:
Aporética, aporia, ataraxía ceticismo, inquiridora, investigação, Sexto.
Abstract
Taking as its starting point the third chapter of the Pyrrhonic hypotypes, on the nomenclatures of the Skeptical School, in which, specifically, the Sixth Empiric says that the Skeptical School is called the inquirer, while it is also called the aporetic. It is seen that inquiring is always investigating and being aporetic is to be in aporia, that is, with no way out or with difficulty to pursue an investigation. Now, how can this school be called both inquiring and aporetic? From what has been expressed here, what is proposed in this article is to analyze how the Sixth Empiric deals with these seemingly paradoxical questions. To do this, one must understand the sequence of arguments of Pyrrhonic skepticism, until one arrives at what is known as ataraxia.
Keywords:
Aporética, aporia, ataraxía skepticism, inquiring, investigation, Sixth.
Introdução
Tendo como ponto de partida o capítulo terceiro das hipotiposes pirrônicas, sobre as nomenclaturas da Escola Cética, em que, especificamente, Sexto Empírico diz que a Escola Cética é chamada de inquiridora, ao passo que ela é, também, chamada de aporética. Haja vista que inquirir é investigar sempre e ser aporética é estar em aporia, isto é, sem saída ou com dificuldade de prosseguir numa investigação. Ora, como esta escola pode ser chamada, ao mesmo tempo, de inquiridora e aporética? A partir do que aqui foi expresso, o que se propõe, neste presente artigo, é analisar como Sexto Empírico lida com essas questões, aparentemente paradoxais. Para isso, será preciso compreender a sequência de argumentos do ceticismo pirrônico, até chegar ao que se conhece por ataraxía.
Como fora dito, o capítulo terceiro das hipotiposes pirrônicas é tomado, aqui, apenas como ponto de partida, mas é preciso acrescentar que este presente trabalho não se reduzirá a este capítulo, já que a possível solução da problemática, em questão, não é apresentada no mesmo. No entanto, ao que parece, Sexto Empírico, mesmo que implícita ou indiretamente, responde a esta questão. Ao ler os capítulos iniciais, com o cuidado necessário, não é difícil compreender a distinção que ele faz entre o ceticismo e as "outras filosofias" (HP I, 1), até porque, ele faz isto explicitamente. Porém, quando ele destaca o que se chama de Escola Cética, parece haver uma aparente contradição ou, no mínimo, um paradoxo aparente. Ora, a questão a ser discorrida, aqui, é como a Escola Cética pode ser chamada, ao mesmo tempo, de inquiridora e aporética. 
Nada obstante, ao se fazer uma breve pesquisa sobre o que se entende por inquirir, se chega ao que se entende por investigar sempre, em que a noção aqui é a de zetesis mesmo, aquela que busca sempre, que não se exaustiva em investigar. A problemática é (ratificando): se a Escola Cética é chamada de inquiridora, isto é, zetética, como ela pode ser chamada, também, de aporética. Haja vista que, o que se entende por aporia é a dificuldade de prosseguir em uma investigação (filosófica), por falta de recursos ou por se chegar num ponto sem saída. No primeiro capítulo, ele (Sexto) ainda se expressa diferenciando o ceticismo das outras filosofias quando se fala sobre a busca pela verdade: 
Aqueles que pensam ter encontrado são os chamados dogmáticos, em sentido estrito: por exemplo, os seguidores de Aristóteles e de Epicuro, os estoicos, entre outros. Clitômaco, Carneardes e outros acadêmicos são partidários do inapreensível. Os que continuam procurando são os céticos.
 Dada esta declaração, reforça ainda mais este paradoxo aparente, o que leva alguns a pensar haver um discurso contraditório sobre a Escola Cética ou que a mesma é contraditória. Malgrado, é preciso prosseguir na leitura do texto de Sexto, a fim de não tirar, destas partes iniciais, conclusões precipitadas, já que uma leitura apenas dos três primeiros capítulos pode levar alguns leitores a concluir que, sim, há uma contradição na Escola Cética. Mas, não é uma leitura superficial que se pretende aqui, o que força avançar nos capítulos posteriores para compreender a resposta cética para tal questão.
De qual modo o cético investiga
 É interessante, ainda, dizer que o que diz respeito às "nomenclaturas do ceticismo" está incluso no que Sexto Empírico chama de maneira geral de expor a filosofia cética e é nesta que se expõe os conceitos e características próprios desta filosofia (HP I, 2). Se ele afirma tal coisa, logo, ele não pode em seguida dar conceitos contraditórios ou contrários sobre a mesma coisa, até porque é desta falha que se sobressai a filosofia cética, no que se conhece por equipolência. Por isso que a problemática que aqui está sendo levantada é pertinente, embora não pareça haver uma preocupação do autor das hipotiposes pirrônicas em esclarecer, explicitamente, tal questão, o que induz os seus leitores a investigar no próprio texto uma possível resposta. 
Não obstante, ter-se-á de compreender, como fora dito anteriormente, a sequência dos argumentos céticos apresentada por Sexto. Numa breve análise já é possível entender em que sentido o cético se utiliza da investigação. A conduta cética ao investigar não é como a de um dogmático, pois, enquanto o dogmático tenta afirmar ou negar a natureza das coisas, o cético apenas investiga os argumentos que são levantados acerca dessas coisas ou levanta esses argumentos e os põe em oposição, sendo que, para isso, ele se utiliza do critério chamado de equipolência. De acordo com esse critério, argumentos contrários, mas de igual força, são equiparados. 
Percebe-se o início de uma possível resposta ao que, aqui, se pretende responder, uma vez que o início e o modo de investigação cética já apontam para um fim específico que é, ao opor argumentos de igual força, não podendo afirmar ou negar algo sobre eles, já que são ambos dignos de credibilidade, chega-se ao que se chama de suspensão (do juízo) que antecede a ataraxía (tranquilidade). Ao investigar, portanto, o cético se utiliza da zetesis de um modo específico, que é atingir a tranquilidade. É perceptível que toda a sequência da conduta cética aponta para a ataraxía. Porém, ainda não é a resposta mais precisa à questão, aqui, abordada.
Conclusão
O caminho para se chegar a tranquilidade é nítido e serve como base para uma resposta mais precisa sobre a problemática. Isto, porque ao atingir a tranquilidade, se atinge sobre algo específico. O que quer isto dizer? Que quando o cético investiga, não é sobre todas coisas (não evidentes) que investiga, mas sobre alguma coisa especificamente. O que quer, ainda isto, dizer? Que quando o cético chega à tranquilidade e não investiga mais, porque esteve numa situação aporética, isto é, sem saída, em que suspende o juízo, é sobre este algo específico que ele suspende o juízo e deixa de investigar. 
Assim sendo, quando o cético se encontra numa situação de aporia, é sobre esta coisa que está em aporia, e sobre esta que suspende o juízo, como diria, Danilo Marcondes, “que a noção de suspensão do juízo supõe uma determinada acepção de juízo, isto é, daquilo que se suspende”
, o quenão retira da Escola Cética o direito de ser chamada de inquiridora, pois a mesma continua a investigar sobre outras opiniões filosóficas ou sobre a mesma opinião quando surge algum outro discurso sobre o mesmo objeto, por exemplo. 
Disto, é possível inferir, que a problemática é, apenas, aparente, já que o cético não suspende o juízo, simplesmente, mas o suspende sobre algo não evidente, que já fora, por ele, investigado. E sobre tal coisa, foram levantados argumentos de igual peso ou força, tendo o cético que, não podendo fazer qualquer tipo de asserção, suspender o juízo sobre tal coisa. A partir da suspensão
, então, alcançar a tranquilidade. Claro que sempre que o cético fizer uma investigação, é esse fim que espera, mas isto não quer dizer que ele não investigue mais, se surgir algum outro argumento com força, embora, no final de uma investigação ele suspenda o juízo.
Referências
EMPIRICO, Sexto. Hipotiposes Pirrônicas Livro I (tradução de Danilo Marcondes). O que nos faz pensar, 1997, 9.12: 115-122.
MARCONDES, Danilo. A 'felicidade' do discurso cético: o problema da auto-refutação do ceticismo. O que nos faz pensar, [S.l.], v. 6, n. 08, p. 131-144, nov. 1994. ISSN 0104-6675. Disponível em: <http://oquenosfazpensar.fil.puc-rio.br/index.php/oqnfp/article/view/77>. Acesso em: 01 feb. 2018.
	MARCONDES, Danilo. Sexto Empírico: Hipotiposes Pirrônicas. 1997.
( Graduando do curso de Licenciatura em Filosofia pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH), da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
� (HP I, 1).
� (MARCONDES, 1994)
� epoché

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