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IFSC FLORIANÓPOLIS CONTINENTE GESTÃO DE TURISMO TEMPOS SOCIAIS DA HOSPITALIDADE NA OPERAÇÃO HOTELEIRA Ana Carolina Fraga 1 Ana Laura Gonçalves 2 Evelin Vargas 3 Isete Althoff 4 Matheus Quaglia Peixoto 5 Fabíola Martins dos Santos 6 Risolete Maria Hellmann 7 RESUMO: O turismo no mundo cresce cada dia mais, e é nesse parâmetro que é necessário uma boa organização tanto de quem recebe os turistas, como também daqueles que irão se deslocar até o determinado local. Diante disso, o texto busca, através de pesquisa bibliográfica, sites e portais especializados, conceituar hospitalidade e a sua menção em dois eixos, cultural e social. Por sua vez, o serviço de hotelaria, enquadrada na categoria comercial (eixo social), busca-se relacionar os tempos sociais - receber/ hospedar/ alimentar/ entreter - com a operação hoteleira, a fim de obter qualidade no serviço prestado. PALAVRAS-CHAVE: Hospitalidade; Turismo; Comercial; Hotelaria; Tempos sociais. 1 Acadêmica, Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo, IFSC Florianópolis-Continente. E-mail:anafragafs@gmail.com 2 Acadêmica, Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo, IFSC Florianópolis-Continente. E-mail: analaugoncalves2@gmail.com 3 Acadêmica, Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo, IFSC Florianópolis-Continente. E-mail: evelindda25@gmail.com 4 Acadêmica, Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo, IFSC Florianópolis-Continente. E-mail: isete.althoff@gmail.com 5Acadêmico, Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo, IFSC Florianópolis-Continente. E-mail: matheusqp@gmail.com 6 Doutora, Professora dos Cursos Superiores de Tecnologia em Gestão de Turismo e Hotelaria, IFSC Florianópolis-Continente. E-mail: fabiola@ifsc.edu.br 7 Doutora, Professora dos Cursos Superiores de Tecnologia em Gestão de Turismo e Hotelaria, IFSC Florianópolis-Continente. E-mail: risolete.hellmann@ifsc.edu.br 1. INTRODUÇÃO Dentro do universo do Turismo, o conceito e aplicação da hospitalidade vem sendo paulatinamente discutido. Compreende-se hospitalidade como uma complexa relação entre pessoas durante o momento em que ao menos um membro dessa relação, encontra-se fora de seu ambiente domiciliar, e uma outra parte da relação encarregada de proporcionar atividades qualitativas referentes ao bem receber e acomodar o forasteiro. Essa prática de hospitalidade gera um compromisso de reciprocidade entre o anfitrião e o visitante, e é subordinada a regras inseridas em diferentes espaços e tempos sociais. Para Camargo (2004), os tempos da hospitalidade podem ser observados nos atos de receber, hospedar, alimentar e entreter. E os espaços ocupados estão nas esferas sociais, privadas ou comerciais. Essas duas variáveis (espaço e tempo), resultam em 16 domínios, e a partir desses campos, pode-se investigar com maior clareza, quadros específicos da influência da hospitalidade no meio turístico. O presente artigo busca, através de pesquisa bibliográfica em artigos, dissertações, livros e documentos online, perceber as relações da hospitalidade na operação hoteleira, considerando as discussões sobre os contrastes da hospitalidade e a correspondência de seus domínios vinculados e contextualizados em nossa contemporaneidade. A pretensão investigativa está na percepção e nos limites da operação hoteleira dentro do espectro da hospitalidade e nas reflexões observadas desta análise cartesiana. Para tanto, o presente trabalho está subdividido em temáticas que procuram apreciar os conceitos e subcategorias da hospitalidade e colaborar com a classificação da operação hoteleira dentro dessa perspectiva. 2. HOSPITALIDADE 2.1 Conceitos e dimensões da Hospitalidade Todos que viajam, que se deslocam para um local que não é o seu diário, necessitam de um bom acolhimento e de um envolvimento maior daqueles que trabalham no setor para com eles. Assim, a hospitalidade, de acordo com Camargo (2004, p. 40), torna-se um investimento alto para a economia moderna e é um tema caro, diante do que as pessoas consomem e gastam nas migrações realizadas. Migrações essas que se intensificam desde meados do século XIX e com a intensificação e desenvolvimento dos transportes, a população se desloca cada vez mais, viajando por prazer. Ou seja, as migrações turísticas são vistas atualmente como a indústria do século XXI (CAMARGO, 2004, p. 39). Segundo Campos (2005, p. 19) a palavra hospitalidade vem do latim, hospitalis Jupiter, que significa, o deus dos viajantes. O mesmo autor cita que de acordo com o autor Burgess (1982) “a hospitalidade está ligada à provisão de conforto psicológico e fisiológico dentro dos níveis definidos de serviço”. Para Plentz (2006, p.1) a “hospitalidade abrange não somente a acomodação, mas também a alimentação, o conforto e o acolhimento, proporcionando ao visitante uma sensação de bem-estar, ou seja, um conjunto complexo que envolve questões físicas e emocionais”. Diante disso, faz-se necessário que os profissionais da área estejam cada vez mais capacitados e orientados, para que o conjunto que se faz uma boa hospitalidade esteja sendo realizada em seus serviços diários para com os hóspedes. Seguindo o mesmo raciocínio, Camargo (2004, p. 52) também menciona que “hospitalidade pode ser definida como o ato humano, exercido em contexto doméstico, público e profissional, de recepcionar, hospedar, alimentar e entreter pessoas temporariamente deslocadas de seu habitat natural”. De acordo com Ministério do Turismo (2010, p. 10), apud Gotman (2001) hospitalidade tem por importância fundamental o ato do acolhimento e a prestação de serviços para aqueles que estão fora. “Hospitalidade é fundamentalmente o ato de acolher e prestar serviços a alguém que por qualquer motivo esteja fora de seu local de domicílio. A hospitalidade é uma relação especializada entre dois protagonistas, aquele que recebe e aquele que é recebido, mas não é só isso”. Para Grinover (2008), apud Quiraria (2016, p.5) a hospitalidade em uma cidade, baseada em medidas geográficas e temporais pode ser avaliada por três dimensões, como a acessibilidade, estabelecendo oportunidades aos usuários urbanos e proporcionando acesso às atividades e serviços, sendo ela física (sistemas de transportes e infraestrutura) e a virtual; legibilidade, aspectos que identificam a cidade, como modernos, históricos, geográficos, culturais, etc., que é uma leitura feita pelos seus habitantes, visual e significativamente; e a identidade, que são conjuntos de fatores, como a história, costumes, etc. que remetem a momentos familiares. Dois pontos que são citados pelos autores estudados são: fator humano e fator profissional. Assim, como cita Camargo (2003, p. 23 ) “hospitalidade, do ponto de vista analítico-operacional, pode ser definida como o ato humano, exercido em contexto doméstico, público ou profissional, de recepcionar, hospedar, alimentar e entreter pessoas temporariamente deslocadas de seu habitat”. Observa-se então que são dois fatores cruciais que denominam a responsabilidade de garantir a boa qualidade da hospitalidade. Indo de acordo, o autor Dencker (2003, p. 15) afirmaque a partir do momento que pensamos em hospitalidade, naturalmente somos obrigados a pensar em dois eixos, o social e o cultural. O eixo cultural avançando as práticas de recepcionar ou receber pessoas; hospedar; alimentar e entreter. Já na questão social, é necessário dimensionar quais os meios físicos-ambientais que a hospitalidade está envolvida. Ou seja, se é doméstica; pública; virtual e comercial. a) Categoria Doméstica aquela que recebe os visitantes em casa e por envolver ritos e significados, envolve uma maior complexidade; b) Pública é a hospedagem que envolve o direito de ir e vir. Tanto para os turistas, quanto para os residentes. Sendo mais voltada para os últimos, referindo-se ao entreter público. Como também para o fato político, da problemática dos migrantes de países mais pobres para os mais ricos; c) Virtual que é interligada às outras três categorias, sendo o receptor da mensagem, o visitante e o emissor, o anfitrião. d) Comercial sendo essa mais destinada à hotelaria e restauração, surge diante do turismo moderno Ressalta-se por Camargo (2004, p.44) que, quanto a hospitalidade pública quanto comercial são nutridas pela hospitalidade doméstica. A virtual, por sua vez, presente cada vez mais na hospitalidade em todos os setores, como por exemplo, sites na internet de empresas, de cidades, de órgãos públicos, de indivíduos, etc., 2.1.1 A hospitalidade comercial Além de sua relevância no acolhimento e prestações de serviços, a hospitalidade é um importante fator econômico mundial, como aponta Dencker e Bueno (2003, p. 10) “o órgão máximo do turismo nacional, a Embratur, contabiliza ganhos e perdas, tanto em termos financeiros – sobretudo da balança entre dólares gastos por turistas que viajem e que chegam (mas sempre viajantes) – como os postos de trabalho abertos, ainda que estes sejam, na sua maioria, sabidamente precários, além de mal remunerados (mas sempre no campo da economia)”. A hospitalidade comercial se baseia na troca entre partes. Quanto mais o empregado estiver satisfeito com o serviço prestado, melhor será sua relação com a empresa e o cliente, colaborando para que as experiências ofertadas sejam as melhores possíveis. Segundo Abreu (2003, p. 30), a hospitalidade comercial é: A forma como uma organização se estrutura e se comunica para prestar a hospitalidade de hoje em dia (hospitalidade comercial) ou qualquer outro tipo de serviço será decisiva na caracterização do seu atendimento e qualidade dos serviços prestados, pois a estrutura e a comunicação darão a identidade, o perfil, a personalidade e a cultura da organização, o que se refletirá diretamente na imagem que o cliente abstrairá dela. Segundo Dencker e Bueno (2003, p. 142), hospitalidade pode ser também qualificada como acolhida comercial, desde que estejamos de acordo com as definições. A utilização comercial do termo indica, em todo caso, como a hospitalidade permanece uma marca, uma perspectiva e um horizonte para uma interação bem-sucedida entre os homens, quer sejam clientes, amigos ou simples estrangeiros com a mão estendida. Hospitalidade e hotelaria são dois termos que se complementam devido sua relação comercial, já que, segundo pesquisa feita pelo Ministério do Turismo em 2018, um dos setores com maior potencial econômico no turismo é a hotelaria, contribuindo com o crescimento da economia por meio de ofertas de emprego direto. Para Beni (2002, p 196), o hotel é uma empresa de prestação de serviços e diferencia-se completamente de outros estabelecimentos industriais ou comerciais. [...] O produto hoteleiro é estático. O consumidor deve ir até ele. [...] A empresa hoteleira, quando comparada a outros tipos de empresa, é menos propensa à automação, pois o tratamento pessoal, calor humano, fazem parte da essência da prestação dos serviços hoteleiros. Ela emprega pessoas para cobrir praticamente todas as atividades em todos os setores. Um exemplo sobre a importância do mercado hoteleiro para a economia brasileira é de acordo com dados do Estudo sobre os impactos da Cadeia Hoteleira na Economia do Brasil, encomendado pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb) e realizado pela FGV, as atividades do setor de alojamento representam a quarta maior geradora de empregos na economia brasileira. Assim, um aumento de R$ 1 milhão na demanda de serviços hoteleiros gera cerca de 25 empregos. Estes valores só são menores quando comparados com as atividades educacionais, de vigilância e segurança e de administração pública. Considerando o impacto da operação hoteleira na economia de um país, deve-se estar atento para que haja investimento adequado na capacitação dos envolvidos no atendimento ao turista, e na qualidade dos serviços prestados na hospitalidade comercial, pois vai atuar diretamente na geração de emprego e renda, e consequentemente no desenvolvimento econômico do país. 2.2 Hospitalidade Oferecida X Percebida na Hotelaria Os turistas, ao chegarem em determinado local, podem ou não ter um bom acolhimento, tudo depende do quão preparado está o destino escolhido. Evidenciado no artigo Dalpiaz, et al (p. 2) e empregado por Beni (2001) “o “bem receber” está ligado diretamente com a preparação do destino turístico para o recebimento do turista e a preparação de um destino turístico envolve todo o Sistema de Turismo”. Segundo o mesmo autor, os componentes desse sistema são identificados nas Relações Ambientais, na Organização Estrutural e nas Ações Operacionais. Como os subsistemas ecológico, econômico, social e cultural, da superestrutura, da infra-estrutura, do mercado, da oferta, da demanda, de produção, de distribuição e de consumo. Diante disso, o “bem receber” está relacionado na qualidade que os bens e serviços são oferecidos pelo turismo do local. Fator determinante a fim de identificar o mau ou bom atendimento ao turista. Para que seja ofertada uma boa qualidade de serviços hospitaleiros em um local, tem que ser melhorada e avaliada conforme a experiência do cliente. Conforme Getty e Thompson, 1994, apud Almeida e Freitas (2012, p. 82) a experiência da estadia do cliente fará com que ele consiga avaliar sua satisfação quanto a sua hospedagem. Assim, será muito mais propício que o mesmo recomende o local a outros. Há estudos que mostram alguns fatores que levam à satisfação dos clientes, para que o mesmo retorne ao hotel e o recomende. Fatores esses como o A&B (alimentos e bebidas), recepção, governança e manutenção (ALMEIDA E FREITAS, 2012 p. 82). Porém como o próprio autor ressalta, citado por Heide e Gronhaug (2009) a satisfação do cliente não é resultado somente de uma ótima estrutura, mas também e principalmente de um bom atendimento, com um lugar hospitaleiro e receptivo. Segundo Armstrong, (1997), apud Almeidas e Freitas (2012, p. 82) mensurar qualidade de serviço e, ainda mais, mensurar a mesma no setor de hospedagem é um grande desafio para os pesquisadores. Diante disso são realizados inúmeros trabalhos, para que se consigaobter um resultado mais próspero, por exemplo, por meio de percepção do hóspede, sendo essa uma característica qualitativa, pois busca definir sua satisfação. Para isso, existem diversos modelos que podem avaliar a qualidade de um meio de hospedagem, porém são bastantes discutidos e não há um consenso entre eles para que se possa achar um modelo ideal (ALMEIDA E FREITAS, 2012, p. 36). Não somente mensurar a qualidade daquele que recebe, mas também àquele que é recebido. Como Camargo (2004, p. 42) cita que “A noção de “hospitalidade” (qualidade, condição de hospitalidade), criada pelos ingleses, pode trazer luz à compreensão da questão subjacente a ambos os problemas”. Como o autor deu exemplo aos migrantes e turistas que vão ao local e fazem mal uso daquilo que os recebe. Cenas familiares e grotescas, expressão usada por ele, diante da poluição das praias e sítios turísticos produzidas pelos próprios turistas. Em troca, recebem como resposta uma antipatia dos anfitriões para com seus hóspedes. Diante disso, o respeito por ambas as partes deve ser mútuo e estabelecidos critérios para desenvolver uma boa hospitalidade para todos envolvidos. Conforme cita Gomes e Magalhães (2013, p. 3) “o turismo deve trazer satisfação a todos os interessados (população local, turistas e empresas de turismo) desde que não esteja ligado a inconveniências, sobretudo nos níveis cultural, ecológico e social”. É necessário a organização de todas as partes envolvidas no turismo, a fim de se obter máxima qualidade nos serviços e produtos oferecidos, e daqueles que recebem, por sua vez, serem bons hóspedes para o determinado local, contribuindo com respeito a todos, com o meio ambiente e com questões culturais da região. 2.3 Os tempos sociais da hospitalidade humana no contexto da operação hoteleira Diante do eixo social, comercial, aqui definida, esta é a mais designada ao setor da hotelaria e restauração, criada diante do surgimento do turismo moderno. (DENCKER, 2003, p. 15) Dentro dessa categoria é necessário mensurar o eixo cultural, ou seja, como a hospitalidade em um hotel se apresenta na prestação de serviço. Segundo Campos (2005, p. 19) hotelaria é uma palavra de origem latina, que de acordo com Belchior e Poyares (1987), “deriva como hospitalis, do latim hospitium, que servia para designar o lugar onde pessoas, durante as viagens, conseguiam, em caráter temporário, instalações para se alimentar e descansar”. Castelli (2001) conceitua o empreendimento hoteleiro como um espaço que oferece alojamento por meio de pagamento. Beni (2002) analisa a hotelaria como uma prestadora de serviços, em que o hóspede tem que deslocar-se para o hotel para consumir um serviço, e descreve também a importância do departamento de seleção e contratação dentro da atividade hoteleira. Com base nestes conceitos é viável analisar que o setor hoteleiro é uma forma de prestação de serviços, em que o cliente necessariamente tem que estar no local para consumir o serviço oferecido, tendo como fator mais relevante os recursos humanos, pois é neste que está a qualidade do atendimento e o bem-estar do hóspede. Como afirma Camargo (2004), para a hospitalidade ser exercida de maneira satisfatória, em um empreendimento hoteleiro são desenvolvidas quatro maneiras: receber, hospedar, alimentar, entreter. No receber entra o hospitaleiro doméstico e comercial, onde este segue à risca padrões e leis para a satisfação do hóspede. O serviço de hospedagem requer abrigo e segurança, que são realizados a partir da remuneração dos serviços. Na parte do alimentar, é necessário a contratação de chefes de cozinha para o alimento ter uma qualidade superior e, assim, possuir mais credibilidade diante dos concorrentes. O entreter se destina a momentos agradáveis e inesquecíveis com bastante destaque para o lazer . Para relacionar os tempos sociais da hospitalidade humana com a operação hoteleira, foi construído um quadro a partir dos conceitos dos vários autores citados no artigo : Operação Hoteleira Tempos Sociais da Hospitalidade Humana Hospedar Receber Alimentar Entreter Reservas Apresentação e informações sobre a estrutura de acomodação do hotel; Apresentação da política de comercialização do hotel; horários de check in e check out; tarifas e regime de diária; Apresentação e informações sobre os serviços de alimentação; infraestrutura de restaurantes e bares; Informações sobre a infraestrutura de lazer ; programação de lazer; Recepção segurança,confo rto,iluminação adequada,decor ação; check in e check out , assistência e orientação de toda a permanência do hóspede no hotel; áreas de lazer,piscina, academia ,brinquedoteca,s alão de jogos; Governança serviço de quarto; limpeza, ordem e arrumação de cada setor do hotel; serviço de mini-bar; Alimentos e Bebidas garçom no serviço de quarto; restaurantes; bares Na parte de recepcionar os hóspedes, Castelli (2001 p.33) tem a seguinte compreensão: A recepção é responsável pela primeira impressão que o hóspede tem do hotel, pois é a porta de entrada, de convivência e de saída do hotel. Nesse sentido, o hall da recepção deve oferecer ao hóspede uma atmosfera agradável quanto a dimensões, decoração, equipamentos e apresentação do pessoal que ali trabalha. Além disso, o ambiente da recepção, iluminação, aeração, e boa visão dos letreiros informativos. Na visão do autor, o ato de recepcionar os hóspedes requer muito planejamento em todos setores envolvidos, pois gera avaliações dos clientes desde o primeiro contato até o dia de sua partida. Segundo Barbosa (2007 p.75), “o setor de hospedagem é responsável pela recepção, reservas,governança, portaria, atendimento ao hóspede, segurança, comunicações, além de ser responsável pela parte financeira […].”. Para o pesquisador, este setor abrange várias características que devem ser seguidas à risca para o empreendimento obter mais êxito na hospedagem do seu hóspede. O alimentar da hospitalidade, agregado com o setor de alimentos e bebidas da hotelaria é definido por Barbosa (2007 p.31) “a parte de alimentos e bebidas é dividida em cozinha, fornecimento de refeições, banquetes, restaurantes, serviços de quarto, frigobar, salões, bares e copas”. Para a autora Paula (2004), além dessas características da área de alimentação, destacadas acima, é indispensável que esses serviços sejam utilizados em todas as esferas da hospitalidade. Com a área do entretenimento se mantendo cada vez mais em expansão, e se reinventando para conseguir atingir um maior número de hóspedes satisfeitos, o pesquisador Dalpiaz (2010 p.08) afirma “Dentro do turismo é um dos segmentos que mais cresce. Hoje, este setor vai além da recreação e equipes de lazer. É uma atividade que reúne altíssima tecnologia, métodos de gestão, planejamento específico, criatividade, entre outros”. É necessário que se tenha hospitalidade em todos os quesitos do modelo da hotelaria contemporânea, pois de nada adianta um setor hoteleiro ter alto padrão de decoração e instalação em seu espaço físico, se o turistanão se sentir bem acolhido e sentir que o outro lado não está disposto a recepcioná-lo. Como menciona Lokwood e Medlick (2003, p. 225): “[...] consumidores exigirão maiores garantias de qualidade, segurança e bem-estar. Buscarão experiências mais intangíveis que estão de acordo com o seu saldo bancário e capacidades físicas. Deve ser compreendido que existem lugares que os bons modos são diferentes, dependendo da cultura do local, mas, de modo geral, a hospitalidade se encontra na forma do atendimento com educação, a recepção e o acolhimento ao indivíduo. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a análise e revisão bibliográfica de vários autores envolvidos na produção de conhecimento da área do Turismo, vêm reforçando o debate sobre a complexidade do significado da hospitalidade e seus múltiplos domínios, que estão sempre em constante evolução. A partir da história e desenvolvimento da hospitalidade, percebe-se que desde tempos muito antigos até os tempos atuais, esta definição foi lapidada para ser aplicada em vários tipos de empreendimentos. Relacionar os tempos sociais da hospitalidade humana formulada por Camargo (2002 e 2005) com a operação hoteleira é um ponto crucial para fomentar e direcionar os empreendedores para alcançar um maior sucesso no campo da hotelaria. A hospitalidade na área hoteleira está inserida nesse contexto. Ela pode ser percebida com características tanto da hospitalidade comercial, quanto da hospitalidade privada. As trocas humanas nas relações de hospitalidade no empreendimento hoteleiro apresentam sentido de dádiva, onde a reciprocidade esperada garante o aspecto abstrato, intangível, informal, íntimo e descontraído entre o hóspede e o anfitrião. A hospitalidade tem caráter emocional vinculado à experiência. Essas trocas, dependem da empatia e percepção social das partes na relação, onde os ganhos vão além da explícita gratificação monetária e cingem o valor da experimentação. Sob outra perspectiva, a sistematização e a formatação inerente, da relação comercial, visando o lucro, impõem a otimização e regras que garantem o “bem-receber”, respeito e a percepção de “preço justo”, para os envolvidos, cliente e receptor. O caráter comercial, estabelece os domínios da hospitalidade, cria os limites do contrato social determinado. Dessa forma, para estabelecer o eixo dos tempos sociais da hospitalidade com a atividade hoteleira se destaca os modos mais intangíveis sobre as estruturas do empreendimento para transmitir ao hóspede o máximo de sensação de acolhimento, simpatia e conforto, para assim, chegar ao ápice desta relação com uma maior satisfação e fidelidade dos clientes mais a otimização profissional das relações de hospitalidade no escopo da gratificação idealizada. Ainda, é preciso ressaltar que este trabalho, não é conclusivo, mas que tem a intenção de ampliar o debate referente à temática da hospitalidade e suas aplicações. 4 REFERÊNCIAS ABREU, Vladimir Amâncio de. A máquina da hospitalidade. In: DENCKER, Ada de Freitas Maneti; BUENO, Marielys Siqueira (Orgs.). Hospitalidade: cenários e oportunidades. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. 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