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GESTÃO HOSPITALAR UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 Iniciamos os estudos desta etapa compreendendo a importância da gestão dos serviços de saúde com qualidade total, que abrange a padronização dos processos, identificando a certificações e prêmios advindos da qualidade. Sequencialmente faremos nossos estudos acerca da seleção e padronização dos medicamentos, que tem por objetivo escolher dentre as medicações disponíveis no mercado aquela que seja a mais eficaz, segura e com a melhor qualidade e os menores custos. Concluímos esta etapa estudando conteúdos relacionados a hotelaria hospitalar, que tem sua origem na mesma lógica de hospedagem atribuída aos hotéis, eis que oferecem ambientes com instrumentos ou utensílios que atendem as necessidades básicas daqueles que necessitam permanecer alojados em unidades prestadoras de serviço de saúde por um determinado período de tempo até sua recuperação ou reabilitação. Saiba mais, leia com atenção e prossiga. Ainda restam mais alguns passos até o fim desta caminhada, até lá! APRESENTAÇÃO Organização Sonia Adriana Weege Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora do EAD Prof.ª Francieli Stano Torres Edição Gráfica e Revisão UNIASSELVI CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 .01 1 INTRODUÇÃO No Tópico 1 desta unidade, você estudou os conceitos da qualidade e sua evolução ao longo dos anos. Além disso, você teve conhecimento das contribuições de alguns pesquisadores que se tornaram os gurus da qualidade, pois contribuíram para melhorar a aplicabilidade do conceito em diversas situações do cotidiano. Dando continuidade ao estudo sobre qualidade, no Tópico 2, veremos como surgiu a Gestão da Qualidade Total (TQM) na área da saúde, qual sua origem, e porque as organizações de saúde estão adaptando seus processos em busca de uma certificação. 2 GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL A qual idade sempre foi um problema a ser administrado pelos gestores. Vimos, no Tópico 1, que inicialmente este problema estava sob a responsabilidade dos departamentos de controle de qualidade de produtos nas indústrias. Com a evolução dos processos, a competitividade do mercado e com usuários cada vez mais exigentes, a visão de qualidade total foi estendida a outros departamentos das organizações dando origem aos sistemas de qualidade. Mas o que quer dizer qualidade total? Chiavenato (2000, p. 433) afirma que a qualidade total tem “como objetivo o acréscimo de valor contínuo [ . . . ] apr imoramento contínuo e gradual , implementado por meio do desenvolvimento ativo e comprometido de todos os membros da organização no que ela faz e na maneira como as coisas são feitas”. QUALIDADE TOTAL NO GERENCIAMENTO DA SAÚDE CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 A origem da qualidade total foi na década de 50, com base na visão japonesa conhecida como CWQC (Company-wide-Quality-Control) e na visão norte-americana chamada TQC (Total Quality Control). Com o passar dos anos ambos os modelos passaram por um processo evolutivo. Enquanto os norte-americanos voltavam suas atenções para a detecção de problemas, os japoneses estavam preocupados com o desenvolvimento de processos eficazes que além de detectar, também, solucionavam os problemas. Todo este processo evolutivo resultou no TQM (Total Quality Manegent), ou seja, na Gestão pela Qualidade Total (MIGUEL, 2005). A Gestão pela qualidade total ou Total Quality Management (TQM) é uma visão da qualidade de forma mais ampla que abrange vários setores econômicos: indústria, serviços e comércio. A TQM é constituída por várias atividades/ações que devem ser adotadas pela empresa para alcançar a melhor qualidade e se tornar competitiva no mercado. Neste sentido, Miguel (2005, p. 53) afirma que a TQM é, um sistema estruturado que visa satisfazer clientes internos e externos, além dos fornecedores, integrando o ambiente de negócios com a melhoria contínua, através de ciclos de desenvolvimento, melhoria e manutenção aliados a uma mudança cultural na organização. Autores como Feigenbaum (1986 apud SLACK et al., 1999) afirmam que a TQM é um sistema eficaz que integra esforços no desenvolvimento, manutenção e melhoria da qualidade, permitindo a redução de custos dos serviços de forma que atendam plenamente à satisfação do consumidor. Um dos primeiros passos para alcançar e manter a qualidade total seja na produção ou na prestação de serviços é a padronização dos processos, ou seja, fazer com que todas as organizações desenvolvam os serviços utilizando os mesmos critérios e normas. Vamos ver como isso ajuda no processo da gestão da qualidade? 2.1 PADRONIZAÇÃO DOS PROCESSOS Os processos são essenciais para a gestão de qualquer instituição. Qualquer produto resultante do trabalho humano é fruto de um processo. Mas o que é um processo? “Processo é o conjunto de causas que gera um determinado efeito ou [...] um conjunto de meios para se chegar a um determinado fim”. (NOGUEIRA, 2003, p. 33). CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 Por que é importante padronizar esses processos? Quantas vezes você já deparou com a situação de treinar um colaborador novo do seu “jeito”? A padronização é a forma de uniformizar, reduzir riscos, fazer com que cada pessoa se sinta seguro ao realizar uma tarefa. A padronização é o instrumento que garante a manutenção da qualidade (NOGUEIRA, 2003). Na conjuntura econômica atual, a competitividade faz com que as exigências sejam cada vez mais crescentes, as organizações dependem de sua capacidade de incorporação de novas tecnologias de produtos, processos e serviços. Nas instituições de saúde, implantar novas tecnologias tem sido um desafio frente à problemática dos baixos repasses pelos sistemas de saúde pelos serviços prestados. Entretanto, cada vez mais há a necessidade de se inovar e paralelamente minimizar custos. Neste sentido, cada vez mais a padronização tem sido utilizada como meio para se alcançar a redução de custo dos serviços, evitando desperdício e retrabalhos e consequentemente mantendo um padrão de qualidade. Campos (1990) coloca que os padrões permitem ganhos de produtividade, a partir do momento que se consegue comunicar de modo simples o conhecimento técnico e gerencial às pessoas responsáveis pela execução dos processos e/ ou tarefas. Lembre que a descrição dos processos e padrões deve ser simples e objetiva. To d o s i s t e m a d e p a d ro n i z a ç ã o o u p ro t o c o l o n e c e s s i t a d e acompanhamento. É necessário sempre controlar as alterações para que somente as últimas versões estejam disponíveis para uso, para que não ocorra o uso de documentos obsoletos. Assim, é muito importante que no documento conste, o número do protocolo, a data de revisão e o responsável pela alteração e aprovação (Figura a seguir). CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 MODELO DE PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO HOSPITAL PADRÃO S.A PROCEDIMENTO OPERACIONAL Nº: DATA EMISSÃO: TAREFA: MEDIDA TEMPERATURA EXECUTANTE: AUXILIAR DE ENFERMAGEM REVISÃO Nº: DATA DESTA REVISÃO: RESULTADOS ESPERADOS: - Medidas acuradas (índice de erro menor que 1%). - Registro preciso (índice de erro/omissão menor que 1%). PREPARAÇÃO E MATERIAIS NECESSÁRIOS: - Bandeja com termômetro em seu frasco com algodão e álcool iodado, gaze seca, caneta, folha de registro de temperatura, relógio com ponteiro de segundos. PRINCIPAIS ATIVIDADES: 1 - Informar o procedimento ao paciente. 2 - Retirar o termômetro do frasco. 3 - Enxugá-lo com gaze seca. 4 - Observar temperatura indicada e ajustá-la, se necessário, para menor ou igual a 35ºC. 5 - Colocar o termômetro sob a axila do paciente, com o bulbo em contato com a pele. 6 - Marcar três minutos no relógio, iniciando no momento em que o termômetro é colocado em posição. 7 - Decorridos três minutos, retirar o termômetro, fazer a leitura até décimos de grau e regstarna folha própria. 8 - Agitar o termômetro até marcar 35ºC ou menos e recolocá-lo no recipiente. CUIDADOS: - Nunca iniciar o procedimento sem conferir antes a temperatura já marcada no termômetro. - O bulbo deverá ficar sempre em contato com a pele do paciente. - Segurar firmemente o termômetro para agitá-lo, evitando que caia e se quebre. AÇÕES EM CASO DE NÃO CONFORMIDADE: - Qualquer temperatura acima de 38ºC, além de registrada, deverá ser comunicada imediatamente à supervisora. PREPARADO POR: ______________ ______________ ______________ FONTE: Nogueira (2003, p. 66) Caro(a) acadêmico(a)! O documento de padronização também é conhecido como Protocolo ou Procedimento Operacional Padrão – POP. Lousana e Conceição (2007) coloca que os POPs referentes a um processo devem ser documentados. Os procedimentos podem ser apresentados em forma de texto, fluxogramas, tabelas, ou ainda uma combinação destes, de CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 acordo com a necessidade da organização. Porém, a autora salienta que há a necessidade que o POP apresente os seguintes itens: • Título. • Propósito. • Escopo. • Responsabilidade e autoridade. • Descrição de Atividades. • Registro. • Apêndices. • Análise crítica, aprovação e revisão. • Identificação das alterações. Geralmente, para a elaboração de um POP também é uti l izada a ferramenta 4W1H, juntamente com o método PCDA: • Qual (What). • Quem (Who). • Quando (When). • Onde (Where) e. • Como (How). Os 4W são referentes à fase P (planejamento) do PDCA e o 1H corresponde ao D (execução) do PDCA. Mas para complementar o PDCA, precisaremos do C e do A, certo? O “C” corresponderá às condições de verificação se o processo foi realizado corretamente. E, o “A”, corresponde à condição de caso o processo não tenha sido executado corretamente, o que deverá ser feito para corrigir. Como você pôde observar, não existe um modelo padrão a ser seguido para a construção do POP. As instituições elaboram os POPs a partir das suas necessidades. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 2.2 CERTIFICAÇÕES E PRÊMIOS DA QUALIDADE As instituições da área de saúde buscam a certificação da qualidade através da acreditação. De acordo com a Organização Nacional da Saúde (ONA, 2007), a “Acreditação é o procedimento pelo qual um organismo responsável, ou seja, a instituição acreditadora reconhece formalmente que uma empresa tem competência para cumprir as atividades definidas na sua razão social”. Helito (2010) coloca que a acreditação é um método de consenso, racionalização e ordenação das organizações de saúde e que visa principalmente a uma educação continuada de seus profissionais. Você encontrará uma série de certificações do serviço de saúde. Neste tópico vamos conhecer algumas delas. O estudo aprofundado sobre cada uma você estudará na disciplina de Acreditação dos Serviços de Saúde. 2.2.1 CQH O Programa de Controle da Qualidade Hospitalar – CQH foi criado pela Associação Paulista de Medicina (APM) e pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP). O CHQ tem por objetivo contribuir para a melhoria contínua da qualidade dos hospitais. O selo (Figura a seguir) é concedido aos hospitais após os mesmos passarem por um processo de avaliação e o cumprimento das normas e critérios estabelecidos pelo programa. SELO DE QUALIDADE – PROGRAMA CQH FONTE: Disponível em: <www.cqh.org.br>. Acesso em: 6 ago. 2013. De acordo com a CQH, cerca de 10 hospitais do Estado de São Paulo, já receberam o selo de certificação. Além dos critérios, o Programa do CQH tem embutido os seguintes valores: CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 • Ética : a participação no CQH requer das instituições integridade e honestidade moral e intelectual. • Autonomia técnica: possuem autonomia técnica para serem conduzidos, independentemente de obrigações que contrariem os princípios definidos em seus documentos básicos: Missão, Valores, Visão, Estatuto e Metodologia de Trabalho. • Simplicidade: as regras estabelecidas são bastante simples, por isso são adequadas à realidade dos hospitais brasileiros. • Voluntariado: a participação dos hospitais é voluntária, pois entendem que a busca pela melhoria da qualidade é uma responsabilidade da instituição com seus clientes. • Confidencialidade: todos os dados coletados e analisados são confidenciais de cada hospital. • Enfoque educativo: estimula o processo educativo nas instituições. 2.2.2 Organização Nacional de Acreditação – ONA A Organização Nacional de Acreditação – ONA é uma organização não governamental de direito privado sem fins lucrativos e de interesse coletivo (ONA, 2007). Sua área de atuação é nacional, sendo representada por instituições credenciadas para avaliar e certificar as instituições de saúde. O objetivo geral da ONA está em promover a implementação de um processo permanente de avaliação e de certificação da qualidade dos serviços de saúde. SELO DE CERTIFICAÇÃO DA ONA FONTE: Disponível em: <www.ona.org.br>. Acesso em: 6 ago. 2013. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 A ONA oferece as instituições dois tipos de certificação: • ACREDITAÇÃO: destinado às Organizações Prestadoras de Serviços para a Saúde, aos Serviços Odontológicos e aos Programas da Saúde e Prevenção de Riscos. • SELO DE QUALIFICAÇÃO ONA: destinado aos serviços para a saúde. O processo de certificação inicia com a seleção de uma Instituição Acreditadora Credenciada para realizar a avaliação para a certificação. O segundo passo é a organização de saúde atender aos requisitos de elegibilidade estabelecidos nas Normas Orientadoras e se conclui com o agendamento da visita de avaliação na instituição. 2.2.3 ISO – International Organization for Standartization A International Organization for Standartization – ISO é uma organização internacional que tem aceitação universal na definição de modelo para o estabelecimento de Sistemas de Gestão da Qualidade. Embora seja conhecida pela “Gestão da Qualidade”, a norma ISO 9001/2000 também contribui na melhoria na produtividade, custos e clima organizacional dentro das empresas. A ISO 9000 está presente em diversos tipos de empresas, de indústrias até os prestadores de serviços em geral como escolas, hospitais, escritórios de advocacias, clínicas e outros (NBR ISO 9000, 2007). Assim como as demais certificações, a ISO conta com instituições parceiras, caracterizadas como “organismos certificadores”. Essas instituições são responsáveis por fornecer a certificação ISO 9001 a partir do processo de auditoria externa. O sistema de gestão da qualidade da ISO 9000 é focado nos princípios da: • organização focada no cliente; • liderança; • envolvimento de pessoas; • enfoque sistêmico para gerenciamento; • melhoria contínua; CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 • tomada de decisões baseadas em fatos e, • relacionamento com o fornecedor. A norma ISO 9000 se divide em: • introdução; • objetivo; • referência normativa; • termos e definições; • sistema de gestão da qualidade; • responsabilidade da direção; • gestão de recursos; realização do produto e/ou serviço; • medição; • análise e, • melhoria. O certificado emitido tem validade por quatro anos, porém, semestralmente ou anualmente são realizadas auditorias de manutenção. 2.3.4 Joint Comission Joint Comission International – JCI – A missão da JCI é melhorar a qualidade da assistência à saúde na comunidade internacional, fornecendo serviços de acreditação. In ic ia lmente , a acred i tação l imi tava-se apenas aos hosp i ta i s , posteriormente, passou a oferecer novas modalidades de acreditação, abrangendo outros tipos de serviços na área da saúde como: Manual de Padrões Internacionais para o Cuidado Contínuo; Manual de Padrões Internacionais para o Fornecedor do Transporte Médico;Manual de Padrões Internacionais para Laboratórios de Análises Clínicas. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 .02 1 INTRODUÇÃO A seleção de medicamentos é um processo dinâmico, contínuo, multidisciplinar e participativo. O objetivo da seleção é escolher, entre todas as opções de medicamentos do mercado, quais serão necessários na prática diária hospitalar, seguindo critérios de eficácia, segurança, qualidade e custo. Neste tópico i remos estudar como deve ser fe i ta a seleção de medicamentos e quais rotinas relacionadas contribuem para uma seleção correta, segura e com qualidade. 2 USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS Uti l izar os medicamentos de forma rac ional é garant i r que os medicamentos essenciais estarão disponíveis para uso, com qualidade e quantidade suficientes, garantindo assim o tratamento mais adequado com o menor custo possível. O processo que envolve a seleção de medicamentos é fundamental para garantir o uso racional deles. É necessário que haja uma comissão intitulada como Comissão de Farmácia e Terapêutica, no hospital, para estabelecer as diretrizes acerca da seleção e uso racional de medicamentos, assim como a adoção de políticas e procedimentos efetivos relacionados a esse tema, na prática diária do hospital. O uso não racional de medicamentos é um dos principais problemas nos hospitais. O resultado do uso não racional pode ser o aparecimento de reações adversas a medicamentos (RAM), erros no uso de medicamentos, e ainda, pode contribuir para desenvolvimento e propagação da resistência bacteriana quando se utiliza antimicrobianos de maneira incorreta. SELEÇÃO E PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 3 OBJETIVOS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS Selecionar os medicamentos que irão compor a lista de itens padronizados no hospital é o passo inicial para uma adequada organização da farmácia hospitalar. A seleção é um processo dinâmico, contínuo, mult idiscipl inar e participativo, e deve garantir que se tenham os medicamentos necessários para utilização nos pacientes atendidos, sem excesso ou falta de itens. A seleção também favorece o processo de aquisição, armazenamento, controle de estoque e distribuição adequados. Como principais objetivos da seleção de medicamentos, Gomes e Reis (2000) descrevem: • Disponibilizar os medicamentos em tempo favorável, sem afetar a qualidade da assistência prestada, ou seja, a garantia de que se terá o medicamento adequado no momento correto. • Melhorar a qualidade do uso de medicamentos com melhor relação risco- benefício, de acordo com as evidências científicas disponíveis. • Evitar e reduzir erros de medicação por redução do arsenal terapêutico disponível. • Diminuir os custos, evitando que ocorra duplicidade terapêutica, dessa forma evita-se que sejam padronizados mais medicamentos do que o necessário. • Servir como suporte para um sistema de dispensação eficiente. Arsenal terapêutico: medicamentos padronizados e disponíveis no hospital. Duplicidade terapêutica: medicamentos com o mesmo princípio ativo/ação. É muito importante estabelecer critérios baseados na eficácia, segurança, qualidade e custo dos medicamentos, para realização de uma seleção adequada. Para isto, a Comissão de Farmácia e Terapêutica é um órgão que serve como instrumento para promover o uso racional e contribui para tratar os problemas de seleção, aquisição, distribuição, custos e utilização de medicamentos. Na seleção de medicamentos é aconselhável observar as seguintes etapas, conforme descrevem Ferracini e Borges (2010): 1. Conscientização da equipe de saúde por meio de reuniões, boletins informativos e outras estratégias educativas. 2. Formação da Comissão de Farmácia e Terapêutica. 3. Levantamento do perfil farmacológico do hospital. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 4. Análise do nível assistencial e da infraestrutura de tratamento existentes no hospital. 5. Análise do padrão de utilização de medicamentos. 6. Definição dos critérios de seleção adotados. 7. Seleção dos medicamentos, com desenvolvimento de formulários e métodos a serem empregados. 8. Edição e divulgação do formulário farmacêutico. 9. Atualização anual do formulário farmacêutico. Nos hospitais, a política de uso racional de medicamentos deve ser implementada pela Comissão de Farmácia e Terapêutica, que é um órgão assessor de caráter multidisciplinar e dinâmico ao processo de seleção de medicamentos. 4 COMISSÃO DE FARMÁCIA E TERAPÊUTICA (CFT) A Comissão de Farmácia e Terapêutica pode ser conhecida como Comissão de Medicamentos e Terapêutica, Comissão de Farmacoterapia, Comissão de Padronização de Medicamentos ou Comissão de Uso Racional de Medicamentos. Há a variação da nomenclatura pelos hospitais, mas o importante é que as ações são abrangentes e voltadas para o uso racional de medicamentos (NOVAES, 2009). Na Figura 14 você pode observar as principais responsabilidades da CFT RESPONSABILIDADES DA CFT FONTE: A autora Estabelecer normas para utilização de medicamentos Padronizar, promover e avaliar o uso seguro e racional de medicamentos Elaborar guia farmacoterapêutico Divulgar informações sobre medicamentos Realizar estudo de utilização de medicamentos Contribuir com a Farmacovigilância e Farmácia Clínica CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 A pr imeira responsabi l idade da CFT, descr i ta na F igura 14, é o estabelecimento de normas para utilização de medicamentos. Isto abrange os processos de inclusão e exclusão de medicamentos na padronização do hospital, assim como estabelecer em que casos podem ser utilizados medicamentos não padronizados e como é este fluxo de aquisição. Devem ser estabelecidas também normas referentes ao uso de amostras de medicamentos, medicamentos importados, medicamentos de alto custo e antimicrobianos de uso restrito. A CFT delibera, além dos itens que farão parte do arsenal terapêutico, a padronização da forma de utilizar os medicamentos, realizando ações para promover o uso seguro e racional de medicamentos. A CFT também avalia como é a utilização dos medicamentos, com o objetivo de promover medidas e intervenções para aprimorar a utilização destes em todos os processos que envolvem o medicamento, como, por exemplo, prescrição, identificação, fracionamento, dispensação, preparo e administração. A coordenação da elaboração do guia farmacoterapêutico é de responsabilidade da CFT, em conjunto com a equipe de farmacêuticos do hospital. O guia é um “livro de bolso” que contém a relação atualizada de medicamentos selecionados para uso no hospital, com informações essenciais sobre os medicamentos, normas e rotinas estabelecidas sobre a utilização de medicamentos, critérios de inclusão e exclusão de medicamentos, bem como diretrizes para utilização de medicamentos equivalentes terapêuticos, ou seja, com ação equivalente. O guia deve ser conciso, completo e de fácil consulta. É recomendado que o guia seja revisado a cada ano e, além da versão impressa, pode-se ter uma versão na intranet no hospital, por exemplo. A atuação do farmacêutico, sugerindo ao médico substituição terapêutica ou farmacêutica e, também, a prescrição de medicamentos que estão no guia, reforça a importância da prescrição de itens padronizados, reduzindo custos. O Quadro 4 descreve a definição de alternativas e tipos de substituições farmacêuticas, de acordo com Gomes e Reis (2000). CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 DEFINIÇÃO DE ALTERNATIVAS E TIPOS DE SUBSTITUIÇÃO DE MEDICAMENTOS FONTE: Adaptado de Gomes e Reis (2000) Alternativa farmacêutica • Medicamentos que contêm o mesmo fármaco/princípio ativo, a mesma dosagem e diferem em relação à forma farmacêutica ou via de administração. Exemplo: dipirona injetável por dipirona via oral. Alternativa terapêutica • Medicamentos que contêm o mesmo fármaco/princípio ativo, masque pertencem à mesma classe famacológica, apresentam o mesmo efeito quando utilizados em doses equivalente. Exemplo: omeprazol por pantoprazol. Conceito de fármacos/princípios ativos: substância quimicamente caracterizada, cuja ação farmacológica é conhecida e responsável total ou parcialmente pelos efeitos terapêuticos do medicamento. FONTE: Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/glossario/ glossario_p.htm>. Acesso em: 21 out. 2013. A CFT tem a função, também, de divulgar as informações relacionadas a estudos clínicos dos medicamentos, assim como elaborar boletins periódicos com as informações e os medicamentos que forem julgados como importantes para a equipe de saúde do hospital. Outra contribuição da CFT é a realização da avaliação da utilização dos medicamentos, para identificar problemas potenciais, como os erros de medicação e reações adversas, contribuindo, dessa forma, com as práticas de farmacovigilância e farmácia clínica. 5 CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS A seleção de medicamentos é influenciada por vários fatores, como o perfil de doenças, infraestrutura e a experiência da equipe disponível. Gomes e Reis (2000) citam como critérios para seleção: CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 • A conformidade do registro do medicamento na ANVISA. Além de avaliar o registro do medicamento, é necessário também verificar as documentações de licença e a autorização de funcionamento, certificado de responsabilidade técnica referente ao fabricante e distribuidor, ou seja, estabelecer os critérios para qualificação de fornecedores. • Analisar a frequência e quantidades utilizadas dos medicamentos, levando em consideração o tipo de pacientes atendidos no hospital. • Analisar a utilização do produto de acordo com as indicações de tratamento estabelecidas pelo fabricante e, também, analisar a eficácia e segurança utilizando-se como base os estudos clínicos dos medicamentos. • Formas de apresentação (quantidade de produto por embalagem) e necessidades especiais (refrigeração, fracionamento, tempo de validade). • Princípio ativo identificado conforme Denominação Comum Brasileira (DCB), Denominação Comum Internacional (DCI), além de informações, na Classificação Anatômica Terapêutica (ATC) e Dose Diária Definida (DDD). • Avaliar doses e formas farmacêuticas com o objetivo de dar preferência para aquelas que promovem comodidade de administração. • Evitar a padronização de medicamentos em associação, ou seja, com mais de um princípio ativo. • Número de indicações terapêuticas aprovadas. • Número e tipos de contraindicações. Descrever os efeitos secundários mais significativos (por frequência ou gravidade) e sua incidência. • Considerar a segurança em pacientes com características especiais, como: grávidas, crianças e idosos. • Avaliar as notificações de suspeita de reação adversa. • Identificar as possíveis vias de administração. • Fazer uma análise farmacoeconômica, que é avaliar o custo efetividade ou custo benefício com menor custo de aquisição, armazenamento, distribuição e controle do medicamento. Devem-se utilizar os métodos e critérios estabelecidos para realizar estes tipos de análise. • Realizar a estimativa do impacto econômico anual de incluir o medicamento no guia farmacoterapêutico. É fundamental que a CFT monitore os processos de prescrição e os estudos de utilização de medicamentos, bem como a análise do consumo dos medicamentos, sendo assim um trabalho contínuo que tem como objetivo principal o uso seguro e racional de medicamentos. Quando se identifica a necessidade de inclusão de item na padronização ou a utilização pontual de um medicamento não padronizado, deve ser realizada uma solicitação formal, por parte do requisitante, para que a CFT e/ ou equipe de farmacêuticos avalie e dê o parecer final. É recomendado que se utilizem formulários padrões para preenchimento, pelo requisitante, dos dados necessários para posterior avaliação. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 6 SOLICITAÇÕES DE INCLUSÃO DE MEDICAMENTOS NA PADRONIZAÇÃO A solicitação de novos medicamentos na padronização do hospital deve ser documentada com as informações detalhadas pelo médico ou farmacêutico solicitante. Essa solicitação de padronização deve ser encaminhada à CFT com a documentação necessária sobre o medicamento, para que seja feita a avaliação e se emita o parecer final. De acordo com Gomes e Reis (2000), as principais questões que devem ser avaliadas na proposta de inclusão de medicamento no guia farmacoterapêutico são: 1) Nome genérico. 2) Nome comercial. 3) Fabricante. 4) Composição (princípios ativos). 5) Apresentação. 6) Ação farmacológica principal. 7) Uso terapêutico que justifica sua inclusão. 8) Citação dos medicamentos incluídos no guia que podem estimar-se como similares. 9) Razões clínicas para que o medicamento proposto seja padronizado. 10) Informação se é possível substituir alguns dos medicamentos incluídos atualmente no guia ou se há medicamentos que podem ser excluídos. 11) Citação do médico ou equipe solicitante. 12) Data e assinatura. O farmacêutico e demais membros da CFT devem analisar a solicitação do fármaco conforme os critérios já descritos acima e devem emitir um parecer final: inclusão ou não no guia farmacoterapêutico. É importante lembrar que quando inserir um novo medicamento, o ideal é avaliar a exclusão de outro, a fim de evitar o crescimento inadequado da padronização. A Figura 15 demonstra um exemplo de formulário de solicitação de inclusão ou exclusão de medicamento na padronização, formulário este que deve ser adotado na íntegra ou com adaptações nos hospitais. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 FORMULÁRIO DE SOLICITAÇÃO DE REVISÃO DA PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS FONTE: Gomes, M. J. V. M.; Reis, A. M. M. (2000) Solicitação de Revisão da Padronização de Medicamentos 2.2 Nome do Fármaco: ___________________________________________________ 2.3 Nome(s) Comercial(is): _________________________________________________ 2.4 Fabricante(s): _______________________ 2.5 Forma(s) farmacêutica(s) e concentração(ões) a incluir ou excluir: -Comprimido -Cápsula -Injetável -Xarope -Elixir -Solução Oral -Creme -Pomada -Supositório -Outros 5. Indicações Terapêuticas Principais: __________________________________________ Outras Indicações: ______________________________________________________ 6. Classe(s) Terapêutica(s): ________________________________________________ 7. Esquema terapêutico recomendado: _______________ _______________ Pediatria Adultos Duração do tratamento: __________________________________________________ 8. Justificativa da escolha em relação a outro substituto incluído na padronização: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 9. Qual(is) medicamento(s) padronizado(s) será(ão) excluídos(s) com a inclusão proposta: ______________________________________________________________________ 10. Efeitos observados: Benefícios: _______________________________________________________ Reações adversas: ___________________________________________________ 11. Relacionar as contra-indicações, advertências e toxicidade associadas ao uso ou abuso do medicamento: ___________________________________________________________________ 12. Citar e enviar cópias de no mínimo três ensaios clínicos randomizados, controlados por medicamentos padrões ou placebo publicados em revistas científicas reconhecidas internacionalmente, que demonstrem a eficácia e a efetividade do fármaco cuja inclusão está sendo solicitada ou referências bibliográficas de livros-texto. No caso de exclusão, devem ficar igualmente bemfundamentadas a ineficácia ou a toxicidade do medicamento a ser retirado. 1- ______________________________________________________________________ Autor principal, título de artigo, revista, ano, vol., página. 2- ______________________________________________________________________ Autor principal, título de artigo, revista, ano, vol., página. 3- ______________________________________________________________________ Autor principal, título de artigo, revista, ano, vol., página. OBS.: Em caso de exclusão preencher somente os itens 1,2,3,4,11,12. Solicitante: _________________________________________ Data: ____/____/____ Chefe do serviço ou Unid. de Internação:_________________ Data: ____/____/____ EXCLUSÃOINCLUSÃO 7 SOLICITAÇÕES DE UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS NÃO PADRONIZADOS Em situações específicas pode surgir a necessidade de prescrição de medicamentos não pertencentes à lista de itens padronizados, como, por exemplo: CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 1. Pacientes com patologias raras. 2. Intolerância aos efeitos colaterais do medicamento que está sendo utilizado. 3. Pacientes que já util izavam o medicamento antes da internação e a substituição terapêutica não é recomendada. O fluxo do processo de utilização de medicamento não padronizado deve ocorrer conforme ilustrado da Figura 16: FLUXO DE SOLICITAÇÃO DE MEDICAMENTO NÃO PADRONIZADO FONTE: A autora Identificação da necessidade de utilização de medicamento não padronizado Médico prescritor preenche o formulário de solicitação de não padronizado e encaminha para a farmácia Farmacêutico avalia a solicitação Providencia a compra Sugere para o médico a substituição e nova prescrição É possível a substituição? Não Sim O cr i tér io para autor ização de ut i l ização de medicamento não padronizado deve ser rígido, no sentido de evitar aquisições desnecessárias, mas, também, maleável no sentindo de buscar o que é melhor para o paciente. O farmacêutico que fizer a análise deve considerar estes dois aspectos. A Figura 17 demonstra um exemplo de formulário de solicitação/ justificativa de medicamento não padronizado ou padronizado de uso restrito, que requer uma justificativa para liberação de uso. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 SOLICITAÇÃO DE MEDICAMENTO NÃO PADRONIZADO E PADRONIZADO DE USO RESTRITO FONTE: Gomes, M. J. V. M.; Reis, A. M. M. (2000) 8 TERMO DE RESPONSABILIDADE DE MEDICAMENTO PRÓPRIO No processo de prescrição e administração de medicamentos é necessário que haja políticas orientando quanto ao uso de medicamentos trazidos pelos pacientes. É de responsabilidade do hospital todo processo de utilização de medicamentos, sejam fornecidos pelo hospital, sejam trazidos pelos pacientes. Dessa forma, a farmácia hospitalar deve ter uma rotina de verificação destes itens pelo farmacêutico (BORGES; FERRACINI, 2010). A avaliação realizada pelo farmacêutico deve validar as informações obtidas com o paciente ou acompanhante e as condições adequadas de conservação e uso, além de colaborar para a prescrição dos medicamentos, garantindo sua rastreabilidade, evitando assim a automedicação ou erros de medicação. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 É proposto que se faça um termo de responsabilidade/compromisso aprovado pela diretoria médica do hospital, assim como pela área jurídica. O objetivo do termo é que o paciente e/ou acompanhante se responsabilize pela procedência do medicamento. A Figura 18 é um exemplo de termo de responsabilidade de medicamento próprio, modelo este que pode ser adotado nos hospitais. TERMO DE RESPONSABILIDADE DE MEDICAMENTOS DO PACIENTE FONTE: Acervo da autora CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 .03 1 INTRODUÇÃO Neste tópico vamos estudar sobre a implantação da hotelaria hospitalar nas instituições hospitalares. As instituições de saúde sempre voltaram sua atenção para o atendimento médico e para a tecnologia que envolve novos equipamentos no tratamento das doenças. Além disso, há alguns aspectos que também são importantes e fazem parte do tratamento do paciente como: organização, atendimento adequado, com respeito e cortesia. Lembrem-se sempre de que estes pacientes, quando chegam às instituições de saúde em busca de ajuda, eles vêm acompanhados de vários sentimentos e com expectativas. O cliente de saúde pensa de acordo com sua situação-problema, busca objetivos, de ter um corpo perfeito, ou de resolver seu problema de saúde, ou ainda de ver como um parente ou familiar está. Infelizmente, podemos dizer que atualmente ao procurar atendimento nas unidades de saúde, o cliente passa por uma verdadeira via crucis para obter um serviço e isso ocorre porque as pessoas muitas vezes não sabem repassar as informações de forma correta. E, de acordo com Spiller et. al. (2006), esse comportamento é o motivo que faz com que as instituições percam clientes. 2 CONCEITOS E PRINCÍPIOS DO SERVIÇO DE HOTELARIA HOSPITALAR A hotelaria hospitalar teve suas origens baseadas na hotelaria clássica, ou seja, no processo de hospedagens em hotéis. HOTELARIA HOSPITALAR: UM NOVO CONCEITO NAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 É possível perceber a semelhança entre hospitais e hotéis principalmente se excluirmos o fator tratamento, pois sem ele ficam visíveis os vários setores comuns que são fundamentais tanto em hospitais quanto em hotéis e suas funções que se assemelham nos respectivos meios de hospedagem. Já a diferença entre os dois é a finalidade para a qual são procurados. Referindo-se à diferença entre hotel e hospital, Godoi (2008, p. 31) define o hotel como um “empreendimento que comercializa a hospedagem de pessoas em trânsito ou não, com a oferta de serviços parciais ou completos que atendam às necessidades do viajante”, e os hospitais como sendo “um empreendimento que comercializa serviços de saúde, sua manutenção, seu resgate ou oferta de tratamento e a cura de doenças.” FONTE: Disponível em: <http://twixar.me/9P51>. Acesso em: 21 set. 2015. Para Caste l l i (1992) , hote l é um estabelecimento comercia l de hospedagem, que oferece aposentos mobiliados, com banheiros privativos, para ocupação iminente ou temporária, oferecendo serviços completos de alimentação, além dos demais serviços, inerentes à atividade hoteleira. Enquanto o papel dos hotéis está em oferecer hospedagem àqueles que se encontram em outra cidade que não a de sua residência, seja qual for sua motivação, desde que haja somente a necessidade de um local para se abrigar por uma ou mais noites, o papel dos hospitais está em tratar àqueles que por diversos motivos necessitam de atendimento médico. FONTE: Disponível em: <http://twixar.me/9P51>. Acesso em: 21 set. 2015. A hotelaria hospitalar é a introdução de ferramentas e estratégias que visem melhorar o atendimento ofertado ao paciente, familiares e colaboradores levando em consideração aspectos físicos e emocional de cada pessoa. Vamos pensar! É bom sermos bem atendidos quando chegamos a um local? Ou ainda, é motivador trabalhar em um local organizado? Bem, isso é o que proporciona a hotelaria hospitalar. De acordo com Taraboulsi (2009), a hotelaria hospitalar é um serviço adaptado ao meio hospitalar, que humaniza as condutas e os ambientes e procura inserir todos os envolvidos com vínculos de respeito, atenção, presteza e sorriso. No entanto, de todo o montante de hospitais que temos no Brasil, muitos ainda não conseguiram implementar este conceito às suas atividades diárias. “A hotelaria hospitalar é uma mudança na essência do atendimento em hospitais com a introdução de novos serviços e processos nas atividades diárias de atendimento ao cliente de saúde, e não mais tratando as pessoas como um paciente”. (TARABOULSI, 2004, p.18). CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 Spiller et al. (2004)colocam que numa instituição hospitalar os clientes passam por um ciclo de serviços. E cada uma das etapas formam uma cadeia contínua de eventos, ou seja, trata-se de vários processos que no final se fundem em único processo. O CICLO DE SERVIÇOS NUM HOSPITAL FONTE: Adaptado de Spiller et al. (2004) 1. Entrar no estacionamento 2. Entrar no Hospital 3. Ser atendido 4. Assinar Documentos 5. Triagem 6. Consulta Médica 7. Exames Clínicos 8. Análise dos Exames 9. Medicação 10. Orientação 11. Alta Médica Zanovello e Guimarães (2007) colocam que no Brasil, a hotelaria hospitalar vem se desenvolvendo e os hospitais passam a ter entre os seus princípios a prevenção, a cura, o atendimento à saúde da comunidade, a função acolher, bem como, também prezam por oferecer conforto e bem-estar e para isso agregam às estruturas existentes serviços e novos ambientes que se comparam à estrutura de um hotel. A hotelaria hospitalar acabou se tornando uma tendência irreversível em qualquer instituição de saúde, pois não se trata mais de uma opção da empresa, mas de uma exigência do público que frequenta hospitais e que começa a se acostumar com os serviços de hotelaria existente (BOERGER, 2003). Você conhece a Sociedade Brasileira de Hotelaria Hospitalar? Para saber mais sobre esta organização acesse o site: <http://www.hotelariahospitalar.com. br>. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 2.1 PRINCÍPIOS DA HOTELARIA HOSPITALAR NO ATENDIMENTO AO CLIENTE As doenças deste século levam as pessoas a um processo de internação prolongado e por isso, o estado físico e emocional dos pacientes passou a ser o foco de atenção dos gestores hospitalares. Para tanto, estão deixando de lado a imagem clássica de hospital, e vêm transformando os ambientes hospitalares em lugares mais agradáveis, afinal, as pessoas não procuram hospitais por opções. (TARABOULSI, 2004). Assim, os princípios da hotelaria hospitalar são pautados em: • Excelência no atendimento. • Qualidade. • Humanismo. Mas, lembre-se de que excelência de atendimento não significa a estruturação de um espaço luxuoso, e sim, um local confortável, com serviço de qualidade, que se inicia com a incorporação de serviços oriundos da hotelaria clássica, porém, sempre respeitando as normas e a legislação aplicada às instituições de saúde, bem como, respeitando as especificidades de cada instituição. Dias et al . (2006) coloca que, o cl iente dos hospitais , durante o atendimento, gostaria de ser visto como único, embora sabemos como é a realidade das instituições de saúde brasileiras. Os momentos em que o cliente permanece no hospital, geralmente, são carregados de angústias, dor e sofrimento, por isso é necessário permitir que este se sinta seguro e que o conceito antigo de hospital passe por mudanças e transformações. O cliente espera ser tratado com dignidade e justiça, esperando dos profissionais de saúde uma postura ética e respeitosa, ou seja, que o tratem da mesma forma como gostariam de ser tratados. Assim, compreender as necessidades e expectativas do cliente de saúde é o primeiro passo (GUZELA, 2014). Neste sentido, segundo Zanovello e Guimarães (2007, p. 10), os clientes esperam no atendimento que lhes é prestado: • Confiança: a habilidade de executar o serviço prometido de modo seguro e preciso. • Responsabilidade: a vontade de ajudar e prestar serviço sem demora. • Segurança: o conhecimento dos funcionários aliados à simpatia e sua habilidade para inspirar credibilidade e confiança. • Empatia: cuidado, atenção individualizada dedicada aos clientes. • Tangíveis: aparência das instalações físicas, equipamentos, pessoais e materiais impressos. (grifo nosso). CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 2 Atualmente, tanto na rede privada como pública de hospitais, esse tipo de serviço é imprescindível, uma vez que os pacientes e/ou clientes de saúde buscam esse tipo de atendimento como complemento no tratamento de saúde no momento em que estes buscam a ajuda médico-hospitalar.
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