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Memoriais de Defesa em Processo Criminal

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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX VARA JUDICIAL DA COMARCA DE SÃO SEBASTIÃO DO CAÍ - RS.
Processo criminal nº: XX
JARDEL XX, já qualificado nos autos do processo criminal, que lhe move o MINISTÉRIO PÚBLICO, por seu procurador que subscreve, vem à presença de Vossa Excelência apresentar MEMORIAIS, com fulcro no artigo 403, parágrafo 3º, do Código de Processo Penal, pelas razões a seguir aduzidas:
1. SÍNTESE DOS FATOS
 O mérito da denúncia trata-se de suposta prática do delito enquadrado no Art. 121,§ 2º, II e IV c/c Art. 14, II todos do Código Penal. 
Segundo a Denúncia do Ministério Público, o fato ocorreu no dia 10. 02. 2018 na boate “Amor Gaúcho”, em São Sebastião do Caí- RS, lugar em que, o acusado teria supostamente tentado ceifar a vida da vítima por motivo fútil, e ainda utilizado de recurso que dificultou a defesa do ofendido, consta na exordial acusação que o réu desferiu golpes de faca e trocou socos com a vítima. 
Sustentou o Ministério Público que o fato se deu em decorrência de ciúmes, após a descoberta de envolvimento da vítima com a ex-companheira do acusado. Entretanto, salienta-se a oitiva da ex-companheira Maria, a qual negou conhecer a vítima. 
A vítima fora conduzida ao hospital e os prontuários de atendimento acostados aos autos, sem exame pericial de lesões corporais.
O Acusado foi citado e apresentou resposta à acusação.
 Durante o processo, foram ouvidas mais duas testemunhas arroladas pelo réu, as quais referiram no depoimento que este se desentendeu com a vítima uma noite antes do suposto ocorrido, mas que no dia do fato não fora o acusado quem golpeou com faca a vítima. Relatam que o acusado havia deixado o local antes que a vítima fosse alvejada por facadas. 
Além disso, as testemunhas que depuseram no inquérito não foram localizadas e não prestaram depoimentos em juízo. 
Cabe ressaltar, ainda que os Policiais Militares referiram que chegaram depois no local e o réu não estava lá. 
O Ministério Público apresentou memoriais sustentado haver prova da materialidade e indícios suficientes de autoria. 
Sobreveio intimação da Defesa para apresentação dos memoriais, no qual, verificasse a inexistência de prova capaz de imputar ao denunciado a prática do crime constante na denúncia com o que segue:
2. DA ABSOLVIÇÃO NECESSÁRIA
Conforme os autos, percebe-se a ausência de qualquer prova convicta que o denunciado realmente veio a cometer o crime de tentativa de homicídio em que vem a ser acusado, deixando assim apenas duvidas e suposições.
Uma vez, que não há testemunhas fáticas sobre o fato. Não houve o acostamento de exame pericial comprovando as lesões graves configuradas na denúncia.
 Ainda mais, os testemunhos dos policiais que foram até o local do fato são meras suposições de terceiros que disseram estar presente no dia do fato. Portanto, toda a denuncia não merece prosperar
Sendo assim, o denunciado deve ser ABSOLVIDO, com fundamento no art.386, inciso V do Código de Processo Penal, por não haver qualquer prova de que o acusado tenha concorrido ao crime de tentativa contra a vida da vítima.
Se este não for o entendimento, que seja ABSOLVIDO nos termos do art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal, devida inexistência de provas suficientes que ensejem sua condenação
2.1 DA AUSÊNCIA DE PROVAS E AUTORIA 
As supostas provas testemunhais que a acusação detinha do inquérito policial não foram apresentadas no processo. Desse modo a prova judicializada, é completamente estéril e infecunda, no sentido de corroborar com a exordial acusatória, haja vista, que o Titular da Ação, não conseguiu arregimentar uma única voz, isenta e confiável, que depusesse contra o réu, no intuito de incriminá-lo do delito que lhe é graciosamente capitulado. 
Ressalta-se que para haver uma condenação na esfera penal, mister que a autoria e a culpabilidade resultem incontroversas. Contrário senso, a absolvição se impõe por critério de justiça, visto que, o ônus da acusação recai sobre o artífice da peça acusatória. 
Razão pela qual deve ser aplicado o princípio do in dubio pro reo, intuído de analisar quem é o detentor do ônus probatório, nos termos do CPP. Paulo Rangel (2013, p.27) afirma que, em virtude do artigo 5º, LVII, da CF (que preconiza que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória), do princípio da ampla defesa e do sistema acusatório, o ônus da prova é do Ministério Público. Deste modo, não é o réu que tem que provar sua defesa, mas sim o Ministério Público a sua acusação. O que no caso em tela não se configurou efetiva.
Ademais, o Direito Penal não opera com conjecturas ou probabilidades. Sem certeza total e plena da autoria e da culpabilidade, não podendo o Juízo criminal proferir uma condenação incerta. 
Nesse mesmo sentido seguem as jurisprudências, 
EMENTA: APELAÇÃO CRIME. TENTATIVA DE HOMICÍDIO. IMPRONÚNCIA. IRRESIGNAÇÃO MINISTERIAL. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA. MANUTENÇÃO DA DECISÃO HOSTILIZADA. Nos termos do art. 413 do CPP, além da comprovação da materialidade do fato, exige-se para a pronúncia a demonstração de indícios suficientes de autoria. In casu, inexistindo testemunha ocular do delito e ausente o mínimo de lastro probatório apto a embasar a tese acusatória de que o réu foi o autor ou tenha participado do fato delituoso que resultou na tentativa de homicídio descrita na denúncia, impõe-se a manutenção da decisão singular que o impronunciou, nos termos do art. 414 do CPP. Atente-se ao disposto no parágrafo único do mesmo dispositivo legal, o qual permite que enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia se houver prova nova. RECURSO DESPROVIDO. (Apelação Crime Nº 70079874848, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rosaura Marques Borba, Julgado em 31/01/2019).(TJ-RS - ACR: 70079874848 RS, Relator: Rosaura Marques Borba, Data de Julgamento: 31/01/2019, Segunda Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 15/02/2019)
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. PROCESSO PENAL. HOMICIDIO QUALIFICADO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. INEXISTÊNCIA DE INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA DELITIVA POR PARTE DO ACUSADO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA DE IMPRONÚNCIA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. A pronúncia é uma decisão interlocutória mista, não terminativa, por meio da qual o Juiz, convencido da existência material do fato criminoso e da existência de indícios suficientes de que o réu foi seu autor ou partícipe, encaminha o processo para julgamento perante o Tribunal do Júri, cujo balizamento encontra-se previsto no artigo 413 do Código de Processo Penal 2. Para a pronúncia, há de se ter como certa a existência do crime e provável a autoria imputada ao acusado. Quando os indícios de autoria levam apenas à possibilidade, a impronúncia se impõe. 3. Não constando dos autos indícios suficientes da autoria ou participação delitiva, se mostra acertada a sentença de impronúncia. 4. Recurso conhecido e improvido.(TJ-PI - APR: 00271392920148180140 PI, Relator: Des. Sebastião Ribeiro Martins, Data de Julgamento: 24/05/2017, 2ª Câmara Especializada Criminal)
PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. TENTATIVA DE HOMICÍDIO. IMPRONÚNCIA. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. ALEGAÇÃO DE LEGÍTIMA DEFESA. AUSÊNCIA DE PROVAS. DESCLASSIFICAÇÃO PARA LESÃO CORPORAL. IMPOSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI. 1) A pronúncia, por se tratar de um Juízo de suspeita, encerra mero juízo de admissibilidade da denúncia, visando submeter o acusado a julgamento pelo Tribunal do Júri. 2) Para que o réu seja impronunciado, o Magistrado tem que estar convencido da inexistência da materialidade ou de indícios da autoria ou participação, consoante expressa o art. 414 do Código de Processo Penal. 3) Estando ausente os requisitos elencados no art. 415 do Código de Processo Penal, não há que se falar em absolvição sumária. 4) Não havendo provas contundentes nos autos da excludente de ilicitude de legítima defesa, mantém-se a sentença que pronunciou o réu. 5) Compete ao Conselho de Sentença,Juízo natural, apreciar e decidir sobre a desclassificação do delito em que o réu foi pronunciado. 6) Recurso desprovido.(TJ-AP - RSE: 00312978120118030001 AP, Relator: Desembargador DÔGLAS EVANGELISTA RAMOS, Data de Julgamento: 18/09/2012, Tribunal)
 
Como já mencionado as testemunhas que depuseram no inquérito policial não corroboraram no processo judicial, dessa forma, como cediço, as declarações tomadas de maneira inquisitorial, durante a apuração preliminar, não servem de elemento probatório posterior. Devem ser renovadas, sob o crivo do contraditório.
Neste sentido explica Aury Lopes Jr: “O inquérito policial somente pode gerar o que anteriormente classificamos como atos de investigação e essa limitação de eficácia está justificada pela forma mediante a qual são praticados, em uma estrutura tipicamente inquisitiva, representada pelo segredo, a forma escrita e a ausência ou excessiva limitação do contraditório. Destarte, por não observar os incisos LIII, LIV, LV e LVI do art. 5o e o inciso IX do art. 93, da nossa Constituição, bem como o art. 8o da CADH, o inquérito policial jamais poderá gerar elementos de convicção valoráveis na sentença para justificar uma condenação.” E ainda, “para que o juiz declare a existência da responsabilidade criminal e imponha sanção penal a uma determinada pessoa, é necessário que adquira a certeza de que foi cometido um ilícito penal e que seja ela a autoria”. 
 Assim, a falta de prova produzida nos autos, não agasalha de forma segura e induvidosa a prática do crime de tentativa de homicídio qualificado contra a vítima. Sendo assim, na dúvida é preferível a IMPRONÚNCIA do acusado como ato de mais salutar justiça, visto que tal posicionamento é manifestação de um imperativo da justiça.
 Portanto, admitir inexistir provas suficientes para a pronúncia do denunciado na prática do crime supra mencionado, razão pela qual roga no ato por sua impronúncia.
3. DA INEXISTÊNCIA DE QUALIFICADORAS
A acusação é equivocada também, porque não bastasse acusar o réu de tentativa de homicídio ainda qualificou o caso como sendo por motivo fútil e utilização de recurso que dificultou a defesa da vítima. 
Sendo assim, a alegação do crime ter sido provocado por ciúmes não merece prosperar, uma vez que, Maria (ex companheira) do acusado em oitiva declarou que não conhecia a vítima, descaracterizando, portanto, a possibilidade da motivação delituosa ter sido a narrada pelo acusador. 
Do mesmo modo, merece descabimento a qualificadora referente à utilização de recurso que dificultou a defesa da vítima nada mais equivocado, porque se conforme a acusação houve troca de golpes entre a vítima e o acusado, não se pode alegar que a pessoa evolvida numa luta tenha dificuldade de se defender quando esta mesma ataca, configurando mútuas agressões, ainda que por hipótese neste caso. Além disso, como pode ser imputado ao acusado tais qualificadoras e ao mesmo tempo manifestar que houve luta entre as partes se a própria vítima depôs que não viu quem o feriu. Trata-se, dessa forma, de grande incoerência acusatória. 
Portanto, se não há sequer a convicção de autoria criminal não há o que se falar em qualificadoras. Razão pela qual se roga pelo afastamento das qualificadoras imputadas ao acusado.
4. PEDIDOS
I. Ante ao exposto, considerando os fatos supra, com base nos arts. art. 414 e 415, do Digesto Processual Penal, REQUER-SE a Vossa Excelência a ABSOLVIÇÂO SUMÁRIA E A IMPRONÚNCIA do acusado, dando-se por IMPROCEDENTE os termos narrados na Denúncia, em razão da inexistência de suporte probatório mínimo a indicar a autoria do crime;
II. A exclusão das qualificadoras dispostas no art. 121,§ 2º, II e IV. 
III. Caso não seja esse o vosso entendimento, considerando a insuficiência de provas e o princípio do  in dúbio pro reo, a defesa requer a V.Exa.,  a DESCLASSIFICAÇÃO do crime imputado ao acusado na Denúncia para o do tipo penal previsto no art.129 do CPB. 
Nestes termos, pede e espera deferimento.
São Sebastião do Caí, 27 de maio de 2020.
OAB XX

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