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Hidráulica e Hidrologia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Eloá Cristina Figueirinha Pelegrino Revisão Textual: Prof.ª Me. Natalia Conti Hidráulica - Condutos Forçados • Introdução; • Regime de Escoamento dos Fluídos em Tubulações; • Número de Reynolds; • Teorema de Bernoulli para Fluídos Reais; • Perdas de Cargas e suas Origens em Condutos Forçados; • Perdas de Cargas Contínuas em Condutos Forçados sob Escoamento Permanente; • Perdas de Cargas Localizadas em Tubulações; • Condutos Equivalentes; • Golpe de Aríete. • Abordar os principios do escoamento em condutos forcados, tendo como principal objetivo entender os parametros envolvidos (numero de Reynolds, velocidade, vazao) e a natureza das perdas de carga ao longo do escoamento. OBJETIVO DE APRENDIZADO Hidráulica - Condutos Forçados Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Hidráulica - Condutos Forçados Introdução Nesta unidade iremos abordar os conceitos de escoamento forçado, que ser- vem de sequência para os conhecimentos de mecânicas dos fluídos ou fenômenos de transportes. Denomina-se condutos forçados, ou condutos sob pressão, todos aqueles que possuem seção fechada, completamente cheios de qualquer que seja o fluído e que trabalhem com uma pressão interna diferente da pressão atmosférica (Peres, 2015). Os condutos forçados podem ser produzidos em diferentes formas, porém a circular é a mais usual. O movimento dos fluídos em condutos forçados pode ser classifica- do como permanente e não permanente para variável tempo; e como uniforme e não uniforme quando a variável é o espaço, conforme descrito abaixo: • Movimento Permanente: é aquele cujas características (força, velocidade e pressão) são funções exclusivas do ponto e independem do tempo. No mo- vimento permanente a vazão é constante ao longo do tempo fixada à seção de escoamento. • Movimento Não Permanente ou Variado: é aquele cujas características (for- ça, velocidade e pressão) variam ao longo do tempo numa determinada seção de escoamento. • Movimento Permanente Uniforme: quando a velocidade média permanece constante ao longo da linha corrente. Neste caso as seções transversais da corrente são iguais. • Movimento Permanente não Uniforme: a velocidade média não é constante ao longo da linha corrente e as seções transversais não são iguais. Pode ser dividido em acelerado, quando a seção de entrada é maior que a de saída, ou retardado, quando a seção de entrada é menor que a de saída. Em síntese temos: Movimento Permanente Variado Uniforme Não-Uniforme Acelerado Retardado Dessa forma, neste material iremos estudar o escoamento dos fluídos líquidos em condutos forçados em regime permanente uniforme. 8 9 Importante! Os fluídos compreendem os líquidos e os gases. Os líquidos caracterizam-se pela constância de seu volume em determinada temperatura, podendo por isso, encher parcialmente um recipiente. Os gases tomando a forma do recipiente que os envolve, ocupam-no totalmente, a pequena densidade e a alta compressibilidade são características importantes destes fluídos. Você Sabia? Regime de Escoamento dos Fluídos em Tubulações O regime de escoamento do fluído é de fundamental conhecimento para se quantificar as perdas de carga, ou seja, perdas de energia, ao longo do desloca- mento do fluído em conduto forçado. A observação dos líquidos em movimento, experimento feito por Osborne Reynolds, nos leva a classificar o escoamento em dois tipos de regimes (Figura 1): • Regime Laminar: a trajetória da partícula é bem definida e não se cruza, na forma de camadas ou lâminas; • Regime Turbulento: as partículas se deslocam desordenadamente. REGIME LAMINAR REGIME TURBULENTO Figura 1 – Classifi cação do regime de escoamento em condutos forçados Quando um fluído está em regime laminar, cada partícula descreve uma trajetó- ria retilínea, com todos os vetores de velocidade posicionados unicamente no senti- do do escoamento. Qualquer tendência à turbulência no escoamento motivada pela ação de forças de inércia acabará sendo amortecida pelas forças viscosas do fluído, que mantém a estabilidade do mesmo. Esse regime é característico de pequenos diâmetros, baixas velocidades de escoamento e de fluídos com elevada viscosidade (exemplo, o óleo). 9 UNIDADE Hidráulica - Condutos Forçados No regime turbulento, além da velocidade no sentido do escoamento, temos também a ação das velocidades transversais, que acarretarão a movimentação tur- bulenta das partículas ao longo do escoamento do fluído. Este é característico de grandes diâmetros, em elevadas velocidades e de fluídos com baixa viscosidade (exemplo, a água). Na grande parte dos casos práticos, como na irrigação ou fornecimento da água em instalações prediais de abastecimento, o regime de escoamento das tubulações é turbulento. Isso porque a água possui viscosidade dinâmica baixa, na ordem de 10-3 N.s.m-2 à temperatura ambiente de 20°C. Número de Reynolds Para que possamos determinar se o regime de escoamento de um fluído é laminar ou turbulento, usamos um número adimensional chamado de número de Reynolds (Re). Este número relaciona as forças de inércia (decorrentes do movimento da massa do fluído) com a viscosidade desse fluído. Sendo descrito pela equação abaixo: V zRe r m × ×D = Em que: • ρ= massa específica (kg/m³); • V= velocidade (m/s); • Δz = dimensão linear característica do conduto; • μ= viscosidade dinâmica do fluído (N.s/m²). Esta equação pode ser aplicada para seção de escoamento circular, sendo que, para este caso, a dimensão linear (Δz) é o próprio diâmetro interno (D) do tubo, ficando a equação de Reynolds descrita por: V DRe r m × × = Ainda, como a viscosidade cinemática (ν) é a viscosidade dinâmica (μ) pela massa específica, podemos escrever a equação de Reynolds por: Re V D= ⋅ n Sendo: • ν= viscosidade cinemática (m²/s); • D= diâmetro (m). 10 11 Assim, quanto maiores os valores de p e V, maior será o valor de Reynolds e sua tendência do regime de escoamento desse conduto ser turbulento. Assim como, quanto maiores os valores de μ e ν, menor será o número de Reynolds, tendo este conduto a tendência de regime laminar. Paracondutos forçados, em seções circulares, a definição do regime de escoa- mento é feita com os seguintes números de Reynolds: • Regime Laminar: Re ≤ 2.000; • Regime Turbulento: Re ≥ 4.000; • Regime de Transição: 2.000 ≤ Re ≤ 4.000. Não é possível determinar qual o tipo de escoamento que ocorrerá na faixa de transição, uma vez que ele pode variar entre os dois regimes de escoamento. Essa situação em hidráulica deve ser evitada, podendo ser feita através da alteração da vazão aplicada ou ainda do diâmetro do conduto. Exemplo: Em uma tubulação de 125 mm de diâmetro escoa água à temperatura de 20°C em velocidade de 2,8 m/s. Determine o regime de escoamento da água nesta tubulação, sendo μ=1,01. 10 -3 N.s/m² e ρ=1.000 kg/m³. ( )3 3 1000 2,8 0,125 346.534 1,01 10 / ² kg m m m sRe N s m- æ ö æ ö÷ ÷ç ç× ×÷ ÷ç ç÷ ÷ç çè ø è ø = = × × Como vimos, Re=346.534 > 4.000, logo o escoamento da água nessa tubulação será com regime turbulento. Importante! A unidade de Newton (N) é equivalente a kg.m/s². Logo, nesta equação de Reynolds teremos: 3 ² ³ ² ² ² ² kg m kg m kgm m s m s m sRe adimensionalkg s m kg s m kg s m s m m s æ ö æ ö ×÷ ÷ç ç× ×÷ ÷ç ç÷ ÷ç çè ø è ø × ×= = = = × × × × × × × Você Sabia? Teorema de Bernoulli para Fluídos Reais O teorema de Bernoulli resulta da aplicação direta do princípio de conservação de energia, e se aplica aos fluídos em movimento permanente. Esse teorema aplica- do a fluídos perfeitos tem sua forma simplificada, uma vez que um fluído perfeito é incompressível e desprovido de viscosidade, o que permite que ele escoe sem atrito nos condutos (Peres, 2015). 11 UNIDADE Hidráulica - Condutos Forçados Importante! O estado de energia de um sistema é uma medida da capacidade de realizar trabalho. No caso dos fluídos, ele só se deslocará no interior de uma tubulação se houver energia para isso. A energia total de um sistema é composta por energia interna, potencial de posição, gravitacional e cinética. No princípio de conservação de energia, temos que a energia total é sempre a mesma, porém ela se transforma ao longo do deslocamento do fluído. Você Sabia? Para os fluídos reais, o atrito interno entre as camadas do fluído ocasionados pela viscosidade é uma das causas da redução da energia na forma de calor, que na hidráulica abordamos como perda de carga (Δh). A equação de Bernoulli, quando aplicada a seções distintas da canalização, fornece a carga total em cada seção, conforme figura 2. Em líquidos reais, para ele se deslocar de uma seção 1 para uma seção 2, o líquido irá consumir energia para vencer as resistências ao escoamento entre as seções 1 e 2. Portanto, carga total em 2 será menor do que em 1, esta diferença é a energia dissipada sob forma de calor. Como a energia calorífica não tem utilidade no escoamento do fluído, diz-se que esta parcela é a perda de carga ou perda de energia. Plano de Referência Energia Total Linha de Carga Linha Piezométroca z1 z2 ∆h P2 Y P1 Y V12 2g V22 2g 1 2 Figura 2 – Representação gráfica do teorema de Bernoulli para fluídos reais Dessa forma, quando o fluído real escoa na tubulação do ponto 1 para o ponto 2, o teorema de Bernoulli passa a ser escrito por: 2 2 1 1 2 2 1 2 1 22 2ag ag P V P Vz z h g gg g - =+ + = + + +D Constante 12 13 Em que: cargas cinéticas (V2/2g), carga piezométrica (P/γ), carga de posi- ção (z) e perda de carga no trecho 1-2 (Δh1-2). A perda de carga varia em função das características do próprio fluído e também dos condutos, como velocidade de escoamento, viscosidade do fluído, rugosidade do conduto e distância percorrida pelo fluído. Importante! É importante notar que cada um dos termos do teorema de Bernoulli pode ser expresso em metros, constituindo o que se denomina de carga: ( ) ( ) ² ² ² 2 ² ² ³ m V s m Carga develocidade cinéticamg s kgf P m m Carga de pressãokgf m z m Carga de posição geométrica g = = - × = = - = - Importante! Exemplo: No esquema a seguir, a água flui do reservatório para o aspersor. O aspersor funciona com pressão de 3 kgf/cm² e vazão (Q) de 5 m³/h. A tubu- lação tem 25 mm de diâmetro. Determine a perda de energia entre os pontos A e B. γágua = 1000 kgf/m. A área da seção circular é: ² 4 DA p ×= , sendo D o diâmetro do tubo em metros. Figura 3 13 UNIDADE Hidráulica - Condutos Forçados ( ) 3 2 30000 ² 30 1000 ³ 5 3600 2,83 / 0,025 4 B B kgf mP mkgf m m h s Q hV m s A p = = = = × Em Bernoulli, temos: 2,83²0 0 50 30 0 2. 9,81 A B h -+ + = + + +D 19,59 A Bh m-D = Neste caso, a perda de carga para deslocar o fluído do ponto A ao ponto B é de 19,59m. Perdas de Cargas e suas Origens em Condutos Forçados De forma geral, a perda de carga descrita no teorema de Bernoulli tem como causa o atrito pelo deslocamento do fluído no interior de um conduto e como re- sultado desta perda de carga, temos a redução da energia potencial do fluído e au- mento da energia calorífica, visto que a energia total do sistema deve se conservar. Essa perda de carga, ou perda de energia, que ocorre no escoamento do fluído em um conduto poder ser classificada em contínua ou localizada. A perda de carga é chamada de contínua quando ocorre ao longo de um conduto retilíneo, estando o escoamento plenamente desenvolvido e estabilizado. Já as perdas de cargas lo- calizadas estão relacionadas às perdas de energia ocasionadas pelas singularidades presentes no conduto, como curvas, reduções, registros, tês e outros. Em qualquer circunstância, a perda de carga significa uma resistência ao fluxo. No regime laminar, a resistência ocorre somente pela viscosidade (atrito interno), pois, junto à parede do conduto forma-se uma película do fluído, com velocidade zero. No regime turbulento, a resistência se dá devido à viscosidade e à inércia; a rugosidade da parede tem efeito marcante na perda de carga, pela turbulência ge- rada, aumentando as forças de inércia (Zanini, 2016). Abordaremos com mais detalhes cada uma das formas de perda de carga e a fórmulas mais usadas para seu cálculo nos itens que seguem. 14 15 Perdas de Cargas Contínuas em Condutos Forçados sob Escoamento Permanente Como vimos, quando um líquido flui de um ponto para outro no interior de uma canalização, parte da energia inicial se dissipa sob forma de calor. Quando se instalam ao longo desta tubulação tubos piezométricos (determinação da pressão interna), obteremos valores de carga diferentes em cada um deles, ao longo da tubulação, essa diferença de carga que se denomina de perda de carga, conforme pode ser visto na Figura 4. Δh P2 Y P1 Y V12 2g V22 2g Figura 4 – Perdas de cargas ao longo da tubulação Fonte: Adaptado de Alexandra Ferreira, 2015 A perda de carga contínua é aquela que ocorre durante o deslocamento do fluído em um conduto retilíneo, uniforme e tamanho suficiente para que o escoamento seja totalmente desenvolvido e estabilizado. Uma vez estabilizado o escoamento na seção do conduto, não se espera que venham a ocorrer mudanças no perfil da velocidade a jusante da seção, desde que se mantenham constantes o diâmetro e a rugosidade relativa do conduto (Peres, 2015). A perda de carga contínua depende das características do fluído, bem como das características geométricas do conduto. Essa resistência ao escoamento dos fluídos pode ser ocasionada por vários fatores, sendo eles: • diretamente proporcional ao comprimento da canalização; • inversamente proporcional à potência de um diâmetro; • diretamente proporcional a uma potência da velocidade; • função da natureza e do estado das paredes dos tubos (rugosidade), no caso de regime turbulento; • independe da posição do conduto e da pressão interna sob o qual o líquido escoa. Existem diversas fórmulas utilizadas para o cálculo das perdas de cargas em condutos forçados, sendo algumas delas: Fórmula de Hagen-Poiseuille, Fórmula 15 UNIDADE Hidráulica - Condutos Forçados de Darcy-Weisbach (Universal), Fórmula de Hazen-Williams, Fórmulade Flamant, Fórmula Fair-Whipple-Hsiao, entre outros. Na escolha da fórmula a ser usada para cada situação, exceto a Fórmula Universal, devem-se levar em conta as condições de contorno para qual cada uma delas foi desenvolvida, bem como a aplicação es- pecífica para o projeto hidráulico no qual a fórmula será utilizada. Por questões práticas, abordaremos neste material as equações mais utilizadas em hidráulica, sendo elas a Fórmula de Darcy-Weisbach (Universal) e a Fórmula de Hazen-Williams. Fórmula de Darcy-Weisbach (Universal) A Fórmula Universal ou de Darcy – Weisbach é válida para qualquer fluído e a qualquer temperatura, sendo também aplicável a qualquer número de Reynolds (regime laminar ou turbulento) e sem restrição de diâmetros, a sua apresentação é: ² 2 L Vh f D g × D = × × × Em que: • Δh - perda de carga, metros; • f - coeficiente de atrito, adimensional; • L - comprimento da tubulação, m; • D - diâmetro da tubulação, m; • V - velocidade média do fluído, m/s; • g - aceleração da gravidade, m/s². O coeficiente f presente nesta equação é um número adimensional e depende do número de Reynolds e da rugosidade relativa (rugosidade absoluta pelo diâmetro, e/D), tendo-se diversas equações para a sua determinação: • Regime Laminar: (equação de Poiseuille - 1840) → 64f Re = ; • Regime Turbulento: existem equações empíricas com condições específicas para sua aplicação, como: Tabela 1 – Equações para cada fator de atrito e suas condições Equação de Karman - Prandtl ( )1 2log 0,8Re ff = -Ö Para tubos lisos Equação de Nikuradse 1 1,74 2log 2 D f e = + Ö Para tubos rugosos: turbulência completa 16 17 Devido à dificuldade para calcular ƒ pelas equações da Tabela 1, surgiram apre- sentações gráficas para a sua determinação. Dentre elas, em 1944, o Diagrama de Moody (Figura 5) é compilação dos resultados de diversas medições do fator de atrito para uma vasta faixa de número de Reynolds e diversos valores de rugosidade relativa (e/D), devendo-se conhecer o valor da rugosidade absoluta do material para a sua utilização (Tabela 2). Tabela 2 – Valores de rugosidade (e*) dos tubos (mm) - Azevedo Netto et al., 1998 Material Tubos Novos Tubos Velhos aço galvanizado 0,15 a 0,20 4,6 aço rebitado 1 a 3 6 aço revestido 0,4 0,5 a 1,2 aço soldado 0,04 a 0,06 2,4 chumbo liso liso cimento-amianto 0,025 cobre ou latão 0,3 a 1 liso concreto bem acabado 0,3 a 1 concreto ordinário 1 a 2 ferro forjado 0,04 a 0,06 2,4 ferro fundido (fºfº) 0,25 a 0,50 3 a 5 fºfº com revestimento asfáltico 0,12 a 2,1 2,1 madeira em aduelas 0,2 a 1 manilhas cerâmicas 0,6 3 vidro liso liso plástico liso liso *para tubos lisos o valor é 0,01 ou menos O diagrama de Moody é um grágico logarítimico, podendo ser usado para obtenção do fator de atrito (ƒ) tanto para o regime turbulento quanto para o regime laminar, e para qualquer tipo de líquido (Peres, 2015). Nele é possível identificar três zonas de interesse, cujas características são: • Região A (esquerda do gráfico), em que temos Re ≤ 2.000 (regime laminar), na qual se dá destaque para a reta f = 64/Re, que facilita a determinação do fator de atrito; • Região B, zona de regime crítico, com 2.000 ≤ Re ≤ 4.000, na qual é impossível prever o tipo de fluxo que ocorrerá, podendo ser tanto laminar quanto turbulento; • Região C, D e E, zonas de regime turbulento, com Re ≥ 4.000, e nelas estão plotadas curvas para diferentes valores de rugosidade relativa (e/D). 17 UNIDADE Hidráulica - Condutos Forçados Figura 5 – Diagrama de Moody Fonte: Mcintyre, 1997 » Nesta zona temos os valores mais baixos de ƒ, sendo esta a curva dos tubos lisos, que neste caso são independentes da rugosidade relativa do conduto. » Acima do gráfico, região E, que corta na diagonal o diagrama, localiza-se a zona de turbulência completa, na qual o fator de atrito é função apenas da rugosidade relativa e independente do número de Re. » Entre essas duas regiões, de tubos lisos e da linha de turbulência completa, se encontra a zona de transição. Nesta, as linhas dos parâmetros e/D são curvas, devendo-se tomar cuidado para a determinação do f de forma correta. Como exemplo temos o valor de f para e/D = 0,002, quando o número de Re = 4.000, temos ƒ= 0,042 (linha azul pontilhada), já para Re = 6.105, ƒ= 0,024 (linha vermelha contínua), conforme pode ser visto na Figura 6. Figura 6 – Obtenção de fator de atrito em diagrama de Moddy para rugosidade relativa de 0,002 Fonte: Adaptado de Mcintyre, 1997 18 19 Algumas características sobre diagrama de Moody devem ser levadas em consideração: • Para determinado número de Re, quanto menor a rugosidade relativa, menor será o fator de atrito; • Para uma dada rugosidade relativa das paredes, o fator de atrito diminui com o aumento do Re, até ser atingida a zona de completa turbulência; • Na zona de completa turbulência, o fator de atrito independe do número de Re; • Este diagrama foi desenvolvido para facilitar a obtenção do fator de atrito, porém sua precisão é pequena na região de transição do regime laminar para o turbulento. Exemplo: Uma tubulação nova de ferro fundido (fofo) conduz água à temperatu- ra de 20°C a uma velocidade média de 3m/s. Se a tubulação tem 365m de compri- mento e 15 cm de diâmetro, encontrar a perda de carga total que ocorre durante o escoamento. Adotar no cálculo: v = 1,01.10-6 m²/s e e = 0,3mm. • Determinação do Regime de escoamento: ( ) × Re -6 3 0, 15 = = 445.545 1, 01 10 Como é maior que 4.000, temos neste caso um regime turbulento. • Determinação do ƒ no Diagrama de Moddy: rugosidade absoluta (tabela 2) é de 0,3mm × e mm D mm -30, 3 = = 2 10 1 = 0 50 , 002 Para este valor de rugosidade relativa e Re = 445.545, ou seja, 4,5.105, dessa forma, analisando a Figura 5, temos que f = 0,024. • Cálculo da perda de carga contínua: ( )365 3 ²² 0,024 26,3 2 0,15 20 / ² m mL Vh f m D g m m s ×× D = × = × = × × × Fórmula de Hazen-Williams As fórmulas práticas ou empíricas são frutos de experimentação e o seu campo de aplicação fica restrito às condições de contorno utilizadas para sua definição. A fórmula de Hazen-Williams resultou da análise estatística de milhares de dados experimentais e seu uso está delimitado para as seguintes condições: • Água em temperatura ambiente (20°C); • Condutos fabricados com qualquer tipo de material, porém com diâmetro in- terno variando de 50mm a 3.500mm; • Regime de escoamento turbulento (Re ≥ 4.000). 19 UNIDADE Hidráulica - Condutos Forçados Importante! A fórmula universal pode ser usada para qualquer situação, porém seu uso demanda o conhecimento de características como rugosidade do material, viscosidade do fluído e obtenção do fator de atrito por meio de equações ou do Diagrama de Moody. A fórmula de Hazen-Williams é uma fórmula empírica, seu cálculo é mais simples e pode ser adotada em diâmetros de 50 a 3.500mm em temperatura ambiente. Em Síntese A fórmula de Hazen–Willians calcula a perda de carga unitária de uma tubula- ção, o que se deve ter um cuidado na sua execução, ao contrário da fórmula de Darcy, que já fornece a perda de carga total ao longo da tubulação. 1,85 1,85 4,8710,643 QJ C D = × × Onde: • J – perda de carga unitária (m/m); • Q – vazão (m³/s); • C – coeficiente que depende do material e do estado de uso (tabela 3); • D – diâmetro da tubulação (m). Tabela 3 – Valores de coeficiente de rugosidade (C) da Fórmula de Hazen-Williams Material C (m0,37 /s) Plástico (polietileno, PVC) 150 Latão, cobre, chumbo, chapas de ferro estanhados–novos, cimento, amianto, mangueiras de tecido revestido de borracha 140 Aço galvanizado (zincado), concreto liso, ferro fundido (fºfº) novo 130 Ferro galvanizado 125 Concreto de acabamento ordinário, aço novo com juntas soldadas ou de acoplamento alumínio com acoplamento rápido, manilha de argila comum para drenos 120 Manilhas de barro vitrificadas para esgoto, aço rebitado novo 110 fºfº com 15 anos de uso, tijolos revestidosde cimento liso 100 fºfº, aço rebitado ou soldado–velhos, mangueira de tecido sem revestimento 90 Tubos corrugados, chapas onduladas ferro e aço corroídos e incrustados 60 Importante! A estimativa de C é altamente subjetiva, o que pode levar a erros de avaliação apreciá- veis. Assim, pode-se admitir que C diminui de 5 a 10 unidades para cada 5 anos de uso de tubulação. Importante! 20 21 Para calcularmos a perda de carga ou energia que está ocorrendo ao longo de toda a tubulação, ou seja, a perda de carga total, basta multiplicar a perda de carga unitária pelo comprimento total da tubulação: h J LD = × Onde: • L – comprimento total da tubulação (m). Importante! A perda de carga dita como unitária (J) é aquela que não leva em consideração o compri- mento total da tubulação para seu cálculo, por isso a unidade de J permanece em m/m, que significam metros de perda de carga para cada metro de tubulação. Importante! Podemos ainda calcular, através da fórmula de Hazen–Willians a vazão e a velo- cidade do fluído através de uma tubulação: 2,63 0,540, 279Q C D J= × × × Onde: Q – vazão (m³/s); 0,63 0,540,355V C D J= × × × Onde: V – velocidade (m/s). Exemplo: Determinar o diâmetro, sabendo que: Q = 42,12 m³/h; L = 100 m; Tubulação de PVC (C = 150); Perda de carga admissível = 2 mca. 1,852 1,852 4,87 1,852 1,852 4,87 2 100 0,02 / 10,643 42,12 36000,02 10,643 150 0,099 99 100 h J L J J m m QJ C D D D m mm D = × = × = = × × = × × = = =comercialD mm 21 UNIDADE Hidráulica - Condutos Forçados Perdas de Cargas Localizadas em Tubulações A perda de carga localizada é aquela causada por acidentes colocados ou exis- tentes ao longo da canalização, tais como as peças especiais. Em tubulações com longo comprimento e poucas peças, a turbulência causada por estas pode ser des- prezível. Porém, em tubulações com muitos acessórios e menor comprimento, este tipo de perda tem uma importância muito grande, como no caso de instalações prediais, ou estações de bombeamento para irrigação. Podem-se desconsiderar as perdas localizadas quando a velocidade da água é pequena (V<1m/s), quando o comprimento é maior que 4000 vezes o diâmetro e quando existem poucas peças no conduto. O cálculo da perda de carga localizada depende de coeficientes experimentais, pois seu tratamento analítico é de grande complexidade. As perdas de cargas lo- calizadas podem ser determinadas utilizando-se o método dos coeficientes ou o método dos comprimentos equivalentes. Importante! Em um projeto, as perdas localizadas devem ser somadas às perdas de carga contínuas. total contínua localizadah h hD =D +D Importante! Métodos dos Coeficientes O método dos coeficientes tem seu uso mais generalizado, pois os valores dos coeficientes utilizados no cálculo das perdas não dependem das características do tubo em questão, apenas do acessório que será usado. As perdas de cargas localizadas podem ser calculadas pela equação abaixo: ² 2.loc Vh K g D =å Em que: • Δh loc = perda de carga localizada devido à singularidade; • K= coeficiente específico de cada singularidade (Tabela 4); • V= velocidade de escoamento (m/s); • g= aceleração da gravidade (m/s²). 22 23 Tabela 4 – Valores de K para cálculo de perdas de carga localizadas pela fórmula hf = KV2/2g Peça K Ampliação gradual 0,30* Bocais 2,75 Cotovelo 90º (curva de raio curto) 0,90 Cotovelo 45º 0,40 Crivo 0,75 Curva 90º 0,40 Curva 45º 0,20 Curva 22º30’ 0,50 Entrada normal de canalização 0,10 Junção 0,40 Medidor Venturi 2,50** Redução gradual 0,15 Saída de canalização 1,00 te, passagem direta 0,60 te, saída lateral 1,30 Válvula de gaveta aberta 0,20 Válvula borboleta aberta 0,30 Válvula-de-pé 1,75 Válvula de retenção 2,50 Válvula globo aberta 10,0 *com base na velocidade da menor seção **com base na velocidade da canalização Fonte: Mott (1994), Lencastre (1983), Azevedo Netto et al (1998) Métodos do Comprimento Equivalente Na prática, as tubulações não são constituídas exclusivamente de tubos retilíneos e de mesmo diâmetro. Como já vimos, incluem peças especiais e conexões que, pela forma e disposição aumentam a turbulência, provocam atrito e causam o cho- que das partículas, dando origem às perdas de carga. Além disso, apresentam-se nas canalizações outras singularidades como: válvulas, registros, medidores, entre outros, que também são responsáveis por perdas desta natureza. Principais causas das perdas de carga localizadas (Figura 7): • Alargamento da seção; • Estreitamento da seção; • Entrada de canalização; • Saída de canalização; • Aumento gradual de seção; • Redução gradual de seção; • Curvas e peças. 23 UNIDADE Hidráulica - Condutos Forçados Figura 7 – Acessórios que podem ser associados a uma tubulação Fonte: Getty Images Pelo método dos comprimentos equivalentes, fazemos a comparação da perda de carga que ocorre em uma peça especial, imagina-se que esta perda seria oriunda de um atrito ao longo de uma canalização retilínea que irá causar a mesma perda de energia. Assim, este método consiste em adicionar ao trecho retilíneo real da cana- lização, um trecho retilíneo fictício, totalizando um comprimento virtual maior que o real em função dos tipos de peças instaladas ao longo da canalização (Figura 8). Este comprimento virtual ou equivalente é o que deve ser usado na fórmula de perda de carga contínua total. ( ) ( ) 5 ² 8 ² ou 2 ² eq eqL L V f L L Qh f h D g D gp + × × × + × D = D = × × × × • hf – perda de carga (m); • L – comprimento da canalização (m); • V – velocidade de escoamento do fluído (m/s); • D – diâmetro da canalização (m); • g – aceleração da gravidade (m/s2); • Q – vazão (m3/s). • Leq – somatório dos comprimentos equivalentes a cada peça instalada na tubulação (m). 24 25 11 m 4 m 15 m Figura 8 – Aplicação do comprimento equivalente (fi ctício) a uma tubulação Tabela 5 – Comprimento equivalente de canalização (metro) para cálculo de perda de carga localizada Fonte: Mcintyre, 1997 Exemplo: Uma estação de bombeamento eleva 0,040m³/s de água para um re- servatório de acumulação, o que é feito por meio de uma tubulação de recalque cons- tituída de 2.000m de tubos novos de ferro fundido de 200 mm de diâmetro interno. Determinar e comparar as perdas de carga contínua e localizadas, sabendo-se que no sistema de bombeamento estão instaladas as peças descritas na tabela a seguir. 25 UNIDADE Hidráulica - Condutos Forçados Tabela 6 Tubulação de sucção Tubulação de Recalque Peça Quantidade Peça Quantidade Válvula de pé com crivo 1 Registro de gaveta 1 Curva de 90° 1 Válvula de retenção 1 Registro de gaveta 1 Curva de 90° 2 - Curva de 45° 3 - Saída para reservatório 1 A tubulação de sucção é aquela que antecede o sistema de bombeamento, através da qual a água é sugada para ser encaminhada a um local onde existe uma situação desfavorável, como por exemplo, uma caixa d’água localizada em uma cota muito elevada. A tubulação de recalque é aquela situada após o sistema de bombeamento. Essas definições serão vistas com mais detalhes posteriormente. Ex pl or Para perda de carga contínua utilizando a equação de Hazen-Williams, em que podemos obter o valor de C para o material de ferro fundido novo (tabela 3), temos C=130, assim temos: 1,852 1,852 4,871 0,0410,643 0,0085 / 130 0,20 0,0085 2000 17,0 tubo tubo tubo J m m mh J L m m m = × = × D = × = × = a) Perdas localizadas pelo método dos coeficientes Determinação da velocidade: ( ) 0,040 ³ / 1, 273 / 0, 20 ² 4 Q m sV m s mA p = = = × Tabela 7 Peça Quantidade K unitário K total Válvula de pé com crivo 1 2,5 2,5 Curva de 90° 3 0,4 1,2 Registro de gaveta 2 0,2 0,4 Válvula de retenção 1 2,5 2,5 Curva de 45° 3 0,2 0,6 Saída para reservatório 1 1,0 1,0 Soma dos k= 8,2 ² 1, 273² 8, 2. 0,67 2 2 9,81 1 7,0 0,67 17,67 loc total Vh K m g h m D =å = = × × D = + = 26 27 b) Perdas localizadas pelo método dos comprimentos equivalentes Tabela 8 Peça QuantidadeL equiv. L total Válvula de pé com crivo 1 52,0 52,0 Curva de 90° 3 2,4 7,2 Registro de gaveta 2 1,4 2,8 Válvula de retenção 1 16,0 16,0 Curva de 45° 3 1,5 4,5 Saída para reservatório 1 6,0 6,0 Soma dos k= 88,5m 0,0085 88,5 0,75 1 7,0 0,75 17,75 tubo tubo total mh J L m m m h m D = × = × = D = + = Os dois métodos usados na estimativa das perdas localizadas obtiveram valores de perda de carga muito próximos, o que demonstra a eficiência de ambos para o cálculo das perdas localizadas. De forma geral quanto às perdas de carga, uma regra que pode ser empregada consiste em desconsiderar as perdas localizadas no caso de trechos retilíneos de tubulação (L) entre acessórios ser igual ou maior que 1000 vezes seu diâmetro (D), ou seja, quando ocorrer L ≥ 1000.D . Ainda em tubulações muito longas, as perdas localizadas podem ser desconside- radas em virtude das perdas contínuas terem maiores magnitudes. Condutos Equivalentes Quando dois ou mais condutos hidráulicos são considerados equivalentes signifi- ca que eles fornecem a mesma vazão para uma mesma perda de carga. A grande vantagem em se adotar os condutos equivalentes é poder substituir um sistema complexo por um mais simples ou por um único. Importante! Estudamos até agora as tubulações, considerando que elas, transportam o fluído de um ponto a outro com uma vazão constante, ou seja, a vazão na extremidade de jusante (depois) é igual à da extremidade de montante (antes), o diâmetro constante e a tubu- lação única, o que chamamos de tubulações “simples”. Porém, na prática, a maioria das tubulações muda de diâmetro, existem linhas paralelas e os tubos interligam mais de dois pontos extremos, esses são conhecidos como tubulações complexas. Importante! 27 UNIDADE Hidráulica - Condutos Forçados Outro uso para os condutos equivalentes é em caso em que se obtêm no di- mensionamento de diâmetros valores diferentes dos encontrados comercialmente, como por exemplo, diâmetro de 135 mm, comercialmente temos o diâmetro de 125 mm (vazão diferente da desejada ou perda de carga será maior) e o de 150 mm (vazão maior que a de projeto ou perda de carga será menor). Nesse caso, uma boa solução técnica e econômica é fazer uma associação em série, ou seja, colocar um trecho do conduto com o diâmetro comercial imediatamente superior, e um trecho com o diâmetro comercial imediatamente inferior, de tal forma que este conduto misto seja equivalente ao projetado. Pode-se ter uma gama de condutos equivalentes, porém serão apresentados neste material os condutos equivalentes em série e em paralelo. Condutos em Série Neste tipo de situação, o sistema é contínuo e não apresenta ramificações, a vazão transportada é a mesma em todos os trechos de diâmetros diferentes (Figura 9), e a perda de carga é igual à soma das perdas parciais. L 1 D1,V1 D2,V2 L 2 L eq Δh P2 Y P1 Y V12 2g V22 2g Figura 9 – Conduto misto composto por 2 diâmetros, em que D é o diâmetro, L é o comprimento e V a velocidade Dessa forma, temos: Leq L1 L heq h1 h2 Qeq Q1 Q2 = + D =D +D = = Em que Leq é o comprimento equivalente do conduto. 28 29 Pela regra de Dupuit para condutos em série, temos: ∆h k L V D m n = · · Fórmula genérica de perda de carga Aplicando esta equação à situação da perda de carga equivalente ser a soma da perda de carga no trecho com diâmetro 1 e a perda de carga no trecho com diâmetro 2, temos que: 2 2 2 1 2 1 2m n m n m n Leq L L Deq D D+ + + = + O valor usado de m (expoente de velocidade) e n (expoente de diâmetro) na equação acima varia conforme a equação usada para determinação da perda de carga, conforme tabela abaixo: Tabela 9 – Valores do expoente de velocidade (m) e de diâmetro (n) para cada Item Hazen- Williams Universal m 1,852 2 n 1,167 1 2m+n 4,87 5 Δh 1,85 1,85 4,8710,643 QJ C D = × × ² 2 L Vh f D g × D = × × × Exemplo: Com base no esquema da figura abaixo, considere todos os trechos da tubulação de mesmo material. Desprezando as perdas localizadas nas mudan- ças de diâmetro, e usando a equação de Hazen-Williams, pede-se: a) Comprimento equivalente de uma rede de diâmetro único de 40 cm; b) Diâmetro equivalente para uma canalização de 3600m de comprimento. D = 50 cm D = 40 cm D = 30 cm L = 1800 m L = 1200 m L = 600 m Figura 10 Solução: a) Para o diâmetro de 0,4m, temos: 4,87 4,87 4,87 4,87 4,87 4,87 4,87 4,87 1 2 3 1 2 3 1800 1200 600 0,4 0,5 0,4 0,3 4242,77 Leq L L L Deq D D D Leq Leq m = + + = + + = 29 UNIDADE Hidráulica - Condutos Forçados b) Para o comprimento total de 3600m, o diâmetro equivalente será: 4,87 4,87 4,87 4,87 3600 1800 1200 600 0,5 0,4 0,3 0,3867 Deq Deq m = + + = Condutos em Paralelo Condutos em paralelo são aqueles que têm as extremidades comuns, ou seja, a pressão no início de todos é a mesma. Também a pressão no final é comum a todos os condutos. Além disso, em um sistema paralelo equivalente, a vazão total é distribuída de forma proporcional ao diâmetro de cada ramal, desde que os tubos sejam de mesmo material e a mesma rugosidade para uma perda de carga comum. Observa-se pela Figura 11 que no ponto A, a vazão total Q se bifurca nas va- zões Q1, Q2 e Q3. Na extremidade final, ponto B, estas vazões voltam a se somar, voltando-se novamente à vazão Q, portanto: finalQ Q1 Q2 Q3= + + Cada tubo em paralelo está sujeito à mesma perda de carga, uma vez que a Energia total no ponto A é única, o mesmo acontece no ponto B, independente das três tubulações. finalh h1 h2 h3D =D =D =D ΔhPAγ PB γ Q3, D3 e L3 Q2, D2 e L2 Q1, D1 e L1 A B L eq Figura 11 – Condutos em paralelo Para equação de vazão: 1/m2m nh DQ C L +æ öD × ÷ç ÷=ç ÷ç ÷ç ×è ø eqQ Q1 Q2 Q3= + + Para tubulação de mesmo material e como a perda é a mesma em todos os trechos, temos: 30 31 1 11 1 2 22 2 31 2 1 2 3 m n m nm n m nm mm m eq eq D DD D L L L L + ++ +æ ö æ öæ ö æ ö÷ç ÷÷ ÷ çç ç÷ ÷ç ÷ ÷= + +çç ç÷ ÷÷ ÷ç çç ç÷ ÷ ÷ ÷ç ç ç÷ç è ø è ø è øè ø Ainda, caso haja o mesmo comprimento para todos os trechos, podemos sim- plificar a equação em: ( ) ( ) ( ) ( ) 1 1 1 1 2m n 2m n 2m n 2m nm m m m eq 1 2 3D D D D + + + += + + Os valores de m e n são os mesmos adotados em condutos em série (tabela 9). A aplicação prática deste tipo de conduto está na expansão de uma área ou de um projeto hidráulico, por exemplo, assim, basta projetar o conduto para atender ao projeto global que deverá ficar em paralelo ao existente. Exemplo: Para o abastecimento de um projeto de irrigação, foi instalada uma adutora constituída de tubos de ferro fundido de 250 mm de diâmetro que for- necia uma vazão de 75 L/s de água. Depois, com o aumento da área irrigada do projeto, foi instalada uma segunda adutora para 35 L/s de capacidade, utilizando tubos do mesmo material do anterior e de diâmetro de 175 mm. No momento, há necessidade de se dispor de uma vazão de 150 L/s, o que poderia ser conseguido com a inclusão de uma terceira adutora de 200 mm de diâmetro, não fosse o caso das condições locais requisitarem a adoção de um diâmetro único. Determinar este diâmetro único equivalente. Utilizar a fórmula universal. Solução: ( )2m n 2 2 1 5 1 1 0,5 2m + = + = = = Substituindo os valores na equação abaixo, temos: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 1 1 1 1 2m n 2m n 2m n 2m nm m m m eq 1 2 3 1 1 1 1 5 5 5 52 2 2 2 eq 1 2 3 D D D D D D D D + + + += + + = + + ( ) ( ) ( ) ( ) 1 1 1 1 5 5 5 52 2 2 2 eqD 250 175 200 1.959.028= + + = ( ) 2 51.959.028 328,7 D mm= = Assim, temos que o diâmetro interno equivalente da adutora de ferro fundido é 328,7 mm. Ainda deve ser feita uma pesquisa entre os diâmetros comerciais exis- tentes, de forma a atender os requisitos de projeto. 31 UNIDADE Hidráulica - Condutos Forçados Golpe de Aríete Golpe de aríete é o choque violento produzido sobre as paredes de um conduto forçado quando o movimento do líquido é modificado bruscamente. Na prática, é a sobrepressão que as canalizações recebem quando se fecha um registroou válvula. Neste texto nos deteremos na determinação do golpe de aríete, principalmente no que diz respeito a estações de recalque, onde a principal causa do golpe de aríe- te é a falta de energia durante o funcionamento do sistema de recalque. Com a falta de energia, a água que estava sendo bombeada tende a voltar pela tubulação e, se a bomba não possuir um sistema de prevenção, poderão ocorrer danos ao sistema. Importante! Mecanismo do fenômeno: A força em que a água estava, agitada no interior de uma canalização, converte-se em trabalho, no caso de um fechamento ou interrupção brusca do escoamento, determinan- do nas paredes da tubulação pressões superiores à carga inicial. Importante! O golpe tende a provocar uma deformação nas paredes das tubulações e a onda de pressão que ocorre tende a voltar e a sair em direção ao reservatório, no caso de uma adutora. 4 3 2 1 h Registro Figura 12 – Golpe de aríete Registro V V=0 D 4 3 2 1 Onda de pressão Figura 13 – Onda de pressão nas paredes da tubulação 32 33 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Engenharia Civil http://bit.ly/2FW8hkE Livros Exercícios de Hidráulica Básica PORTO, R. M. Exercícios de hidráulica básica. São Carlos: EESC-USP, 2007. 105p. Vídeos ENGENHARIA Hidráulica 01 - Perda de Carga Linear - Bernoulli - Hazen Williams - Condutos Forçados https://youtu.be/luwM-3utFi4 ENGENHARIA Hidráulica 03 - Condutos (Tubos ou Tubulações) Equivalentes em Série - Perda de Carga https://youtu.be/RX_gS-CtYGc Leitura MIT cria robot capaz de inspecionar condutas de redes de distribuição de água pelo interior http://bit.ly/2Vr6o4I 33 UNIDADE Hidráulica - Condutos Forçados Referências AZEVEDO NETTO, J. M., et al. Manual de Hidráulica. Ed. Edgard Blucher Ltda, 8ª Edição, São Paulo, 1998. LENCASTRE, A. Hidráulica Geral. Edição Luso-Brasileira da HIDRO-PROJECTO, Lisboa, 1983. MACINTYRE, A. J. Bombas e Instalações de Bombeamento. 2 ed. Rev. Rio de Janeiro: LTC, 1997. MOTT, R. L. Applied fluid mechanics. 4a ed. New York, 1994. PERES, J. G. Hidráulica Agrícola. 1ª ed, São Carlos: UFSCar, 2015. PORTO, R. M. Hidráulica Básica. 4ed. São Carlos: EESC-USP, 2006. ZANINI (2016) - Hidráulica - teoria e exercícios - Unesp 2016. 34
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