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Anestesia local e loco-regional Anestésicos locais: • São substâncias que, em contato com a fibra nervosa, bloqueia, temporariamente, o desenvolvimento e a progressão do impulso nervoso; • Depositadas em um nervo misto anulam todas as modalidades de transmissão, sejam autonômicas, sensitivas ou motoras; ↪ Boa capacidade de penetração; ↪ Atinjam as fibras em concentração mínima eficiente; • Bloqueio em ordem crescente de diâmetro da fibra (reversão é ao contrário); ↪ Aumento da temperatura; ↪ Vasodilatação da pele; ↪ Fibras sensitivas (analgesia) → fibras motoras (paralisia dos membros inferiores) → fibras proprioceptivas (incapacidade de perceber a posição dos membros); ↪ Sequência de bloqueio da sensibilidade: frio, calor, dor, tato e pressão profunda; • Natureza e mecanismo de ação dos anestésicos locais: ↪ São aminas secundárias ou terciárias (bases fracas, praticamente insolúveis em água →utilização dos sais); ↪ Não interferem no potencial de repouso; ↪ Anulam a formação e propagação do potencial de ação, impedindo a entrada de Na+ pela membrana; ▪ Fechamento indireto dos poros: aumento da tensão superficial da membrana ou modificação do arranjo molecular; ▪ Fechamento direto dos poros: obstrução do orifício externo por íons Ca2+ ou do orifício interno na disposição de seus constituintes; • Ações gerais: originadas pela interrupção do fluxo nervoso ou pela droga absorvida na corrente sanguínea; ↪ Sistema nervoso central: sedação e sonolência. Superdosagem = intoxicação; ↪ Aparelho cardiovascular: os anestésicos locais deprimem a excitabilidade, a condutividade e prolongam o período refratário do miocárdio = redução do número de batimentos cardíacos. São drogas antiarrítmicas. ▪ São vasodilatadoras: facilita sua absorção, reduzindo o tempo de analgesia e aumentando a possibilidade de intoxicação. Para evitar esses inconvenientes, contém um vasoconstritor, predominantemente a adrenalina na concentração 1:200.000; ▪ Único com ação vasoconstritor: cocaína. Abandonada por risco de dependência e por ser extremamente tóxico. Usado apenas como anestésico de superfície (mucosas) e como vasoconstritor para diminuir o sangramento em cirurgias plásticas; ↪ Aparelho respiratório: deprimem os strech recepetors (receptores mecânicos dos pulmões), resultando em efeito antitussígeno. Age sobre centros respiratórios bulbares, pontinhos e diencefálicos, sendo que doses pequenas os estimulam e doses maiores os deprimem; ↪ Útero: doses pequenas de lidocaína (xilocaína) presentes no sangue das parturientes durante a anestesia estimulam a contratilidade. Bupivacaína (marciana) não interferem na contratilidade; • Metabolismo: ↪ Ésteres (procaína): metabolismo no fígado e plasma; ↪ Aminas derivadas do ácido-p- aminobenzenzoico (procaína e tetracaína): fígado; ↪ Amidas (lidocaína, bupivacaína, etildocaína): fígado; Tipo de anestésicos locais: • Procaína (novocaína): empregada largamente tanto em anestesias regionais quanto geral; ↪ Vem sendo substituídas pelas amidas; ↪ Quatro vezes menos tóxica que a cocaína; ↪ Dose máxima: 10mg/kg de peso corporal em soluções com adrenalina e 7mg/kg sem adrenalina; TEC CIRÚRGICA ↪ Concentrações: 0,5% (anestesias locais infiltrativa), 1 a 2% (anestesias tronculares e plexulares), 1,5 a 2% (anestesia peridural), 5% (raquianestesia), 0,5% (anestesia regional intravenosa - Bier); ↪ Usada em injeção venosa lenta como analgésicos em queimaduras extensas, como vasodilatador em espasmos vasculares periféricos, como antipruriginosos em dermatites generalizados e como antiarrítmicos; ↪ Substituída pela lidocaína (xilocaína) em arritmias cardíacas; ↪ Não indicada para anestesias tópicas = poder penetrante é insignificante; • Tetracaína (pontocaína): ↪ Potência e toxicidade mais elevadas que procaína; ↪ Concentração: 0,15% da dose de 1,4,g/kg; ↪ Dose média para raquianestesia: 10mg; ↪ Dose máxima para raquianestesia: 20mg; ↪ Alta capacidade de penetração em mucosas = ótimo anestésico de superfície (procedimentos endoscópicos, de vias aéreas e para retirada de corpos estranhos dos olhos); ↪ Pequena margem de segurança = vem sendo substituída por lidocaína 4% em anestesias tópicas; ↪ Dose máxima em anestésico de superfície: 40mg; • Lidocaína (xilocaína): ↪ Uso generalizado = baixa toxicidade, curto tempo de latência, grande difusibilidade, intensa atividade bloqueadora e ausência de irritação dos tecidos; ↪ Tratamento das arritmias cardíacas, principalmente arritmias ventriculares pós- infartos. Corrige fibrilação ventricular; ↪ Concentrações usuais: 0,5% (anestesia local infiltrativa), 1 a 2% (anestesias tronculares e plexulares), 1,5 a 2% (anestesia peridural), 5% (raquianestesia), 0,5% (anestesia regional intravenosa – Bier); ↪ Dose máxima permitida: 10mg/kg em solução com adrenalina (concentração 1:200.000) e 7mg/kg em solução simples; • Bupivacaína (marcaína): ↪ Anestésico de escolha quando se deseja um bloqueio de longa duração; ↪ O tempo de latência também é longo; ↪ Anestesia peridural pode perdurar de 2 a 6 horas; ↪ Bloqueio do plexo braquial até 8 horas (média 4 a 5 horas); ↪ Bloqueios tronculares até 12 horas; ↪ Fixa-se avidamente ao sangue materno, impedindo sua passagem pela placenta (afinidade pelas proteínas sanguíneas materna é superior à de outros anestésicos) = importante porque anestésicos locais deprimem o feto → preferência de uso na obstetrícia; ↪ Concentrações usuais: 0,25% (anestesia local infiltrativa), 0,5% (anestesias tronculares e plexulares), 0,5-0,75% (anestesia peridural) – concentração de 0,75% destinada às cirurgias que necessitam de maior relaxamento muscular; ↪ Dose máxima: 2mg/kg; • Etidocaína (duranest): ↪ Efeito duradouro, mas pouco período de latência; ↪ Rapidez na penetração de fibras nervosas = boa analgesia e relaxamento muscular → indicada em cirurgias abdominais; ↪ Liga-se às proteínas plasmáticas maternas com intensidade quase semelhante à bupivacaína = pode ser utilizada na obstetrícia; ↪ Concentrações usuais: 0,25% (anestesia local infiltrativa), 0,5% (anestesias tronculares e plexulares), 1% (anestesia peridural), 0,25 a 0,5% (anestesia regional intravenosa – Bier); Reações tóxicas – prevenção e tratamento: • Anestésicos locais infiltrados nos tecidos são levados à vários órgãos pela circulação sistêmica; • Intoxicação é proporcional à toxicidade da droga e sua concentração no sangue, como também à rapidez com que chega ao SNC; • Hipersensibilidade individual é rara; • Dermatite em profissionais que manipulem as drogas frequentemente; • São depressores do SNC, embora os sintomas iniciais de intoxicação sejam estimulantes; • Depressão das fibras inibitórias pré e pós sinápticas → rigidez muscular e contrações; ↪ Inicialmente em músculos menores (face); ↪ Estendem-se aos grandes músculos (convulsão generalizada); ↪ Estágio mais avançado = paralisia; • Miocárdio = paralisia (agravada pela hipóxia e acidose); • Natureza do anestésico: ordem crescente de toxicidade: Procaína → lidocaína → mepivacaína → bupivacaína → tetracaína → dibucaína; Drogas mais potentes costumam ser mais tóxicas e produzir tempo mais prolongado de analgesia, porém são administradas em concentrações menores; • Absorção: ↪ Sua absorção varia de acordo com a afinidade com cada tecido; ↪ Cérebro, pulmões, fígado e miocárdio absorvem com maior rapidez e intensidade do que tecido muscular e adiposo = maior irrigação sanguínea; ↪ Concentração do anestésico no sangue corresponde à concentração no SNC = fundamental absorção lenta e limitada para facilitar sua eliminação; ↪ Cuidado com anestesias tópicas extensas = mucosas possuem elevada capacidade de absorção e são mais concentradas (geralmente são coloridas para que não sejam aplicadas por engano); ↪ Importância dos vasoconstritores (principalmente adrenalina):destinam-se a retardar sua absorção e, consequentemente, prolongar a analgesia e reduzir a possibilidade de intoxicação; ▪ Soluções muito concentradas de adrenalina provocam intensa vasoconstrição local, provocando o desenvolvimento de lesões isquêmicas; ▪ Contraindicados em uso venoso e bloqueios tronculares dos dedos = risco de necrose isquêmica por vasoconstrição prolongada; • Idade, peso, velocidade de injeção e barreira placentária: ↪ Dose de acordo com idade e peso: ▪ Crianças: variação de seu porte; ▪ Idoso: capacidade de metabolização; ▪ Dosagem por peso deve ser reduzida em grandes obesos e pessoas em mal estado geral; ↪ Anestésicos locais atravessam a barreira placentária e deprimem o feto: ▪ Concentração; ▪ Fixação do anestésico às proteínas sanguíneas materna; • Sintomatologia da intoxicação: ↪ Sonolência, sensação de frio, opressão torácica, distúrbios auditivos, cefaleia e pressão frontal, insensibilidade nos lábios e na língua e disartria, tremores e agitação psicomotora; ↪ Exagerada apreensão e angústia = suspende-se a infiltração e espera-se algum tempo; ↪ Sintomas desprezados: convulsões, depressão com parada circulatória e respiratória; • Reações aos vasoconstritores: ↪ Efeitos indesejáveis da adrenalina: taquicardia, aumento da pressão arterial, palidez, sudorese, angústia e mal-estar; ↪ Contraindicada em portadores de hipertensão arterial grave, hipertireoidismo, cardiopatias graves, arteriosclerose avançada, alterações da circulação encefálica, feocromatina, indivíduos superemotivos e aos hipersensíveis à droga; ↪ Pode desencadear arritmias ventriculares, transformáveis em fibrilação ventricular e assistolia; ↪ Octapressina = outro vasoconstritor; Bloqueio dos dedos das mãos: • Facilmente anestesiados com pequeno volume de anestésico; • Grandes volumes = lesões isquêmicas; • NUNCA usar adrenalina; • 2 a 3 ml de anestésico em ambos os lados da base do dedo, antes da agulha tocar a superfície óssea; • Infiltra-se o subcutâneo da base do dedo em forma de anel (bloqueio dos ramos ventrais e dorsais); • 5 a 10 ml de xilocaína a 1,5% ou marcaína (bupivacaína) a 0,5%; Bloqueio do plexo braquial: • Vias interescalênica, supraclavicular e axilar, ou a combinação das duas primeiras; • Técnica supraclavicular: paciente em decúbito lateral horizontal com a cabeça virada para o lado oposto ao do bloqueio. Membro a ser anestesiado fica levemente em abdução. Introduzir agulha em 1cm acima do meio da clavícula (junto da artéria subclávia entre músculos escalenos anterior e médio). Agulha orientada em direção caudal e medial, em busca da primeira costela. ↪ Se o plexo for tocado: parestesia (sensação de choque), que pode irradiar-se para cotovelo, antebraço e dedos → Nesse momento interrompe-se a progressão da agulha e, se a parestesia chegar em todos os dedos, aplicar todo o anestésico; ↪ Se não chegar nas mãos, injeta 1/3 e reintroduz a agulha. Quando ocorrer parestesia nos dedos, injetar o restante; ↪ Não sendo possível o contato direto com o plexo, injeta-se o anestésico ligeiramente acima da primeira costela, aumentando aproximadamente 50% na dose inicial; ↪ Dosagem: constante (25-30ml). ↪ Concentração: lidocaína (xilocaína): 1,5 a 2%. Bupivacaína (marcaína): 0,33 a 0,5%. Etidocaína (duranest): 0,5 a 1%; ↪ Complicações: injeção intravascular (veia/artéria subclávia) e pneumotórax; ↪ Idosos: difícil avaliar a profundidade da primeira costela → aumenta risco de pneumotórax; Anestesia intravenosa regional: • Injeção venosa de um anestésico local num membro previamente dessangrado e mantido isquêmico por um garrote; • Paciente sedado com benzodiazepínico endovenosamente e manguito na raiz do membro. Punciona-se veia no dorso da mão. Dessangrar o membro (mantendo-o elevado alguns minutos). Insuflar manguito e injetar anestésico. Insufla outro manguito abaixo do primeiro, após 2 a 5 minutos. Retirar o manguito superior. • Ao terminar a cirurgia, o manguito é esvaziado durante 10 ou 15 segundos e insuflado durante 2 a 3 minutos, repetindo várias vezes. ↪ O anestésico retido no leito vascular do membro atinja a corrente sanguínea lentamente, evitando concentração tóxica e permitindo melhor eliminação; ↪ Concentração: 0,5 a 1% xilocaína (lidocaína), 0,15 a 0,25% bupivacapina (marcaína), 0,25 a 0,5% duranest; Anestesias espinhais: • Raquianestesia: ↪ Bloqueio de raízes nervosas e seus gânglios, dentro do estojo subaracnóideo; ↪ Anestésico local penetra na medula e bloqueia o influxo nervoso; ↪ Técnica: paciente deitado (decúbito lateral, cabeça apoiada por um travesseiro. Coluna fletida, sem torção e membros inferiores fletidos ao máximo) ou sentado (corpo e pescoço fletido, cotovelo sobre os joelhos e pés apoiados em um banco); ↪ Punção: agulha de raquianestesia introduzida perpendicularmente ou levemente inclinada, acompanhando a direção das apófises espinhosas, num ponto médio entre duas apófises lombares. ▪ Atravessa a pele, o tecido celular subcutâneo, o ligamento supraespinhoso, o ligamento interespinhoso, o ligamento amarelo e a dura-máter. Nesse momento percebe- se a perfuração de um tecido resistente e a retirada do mandril revela o escoamento do líquor; ↪ Anestésicos: soluções hiperbaras (mais densas que o líquor), isobaras (igualdade de densidade) e hipobaras (menos densas); ▪ Para todos os anestésicos a dose é proporcional ao tamanho da coluna; ▪ Provocaína (novocaína): solução a 5%. Dose média de 5 a 10mg. Dose máxima: 200mg. Em parturientes: reduzir em 30% a dose. Duração da analgesia: 60 min; ▪ Lidocaína (xilocaína): solução a 5% em glicose a 7,5%. Cada ampola de 2ml contém 100mg da droga (50mg/ml). Dose média: 50mg a 150mg. Dose máxima: 200mg. Duração da analgesia: 60 a 90 min; ▪ Tetracaína (pontocaína): anestésico potente, proporcional bloqueio nervoso intenso e duradouro (aprox.. 2h30min). Tempo de latência/início de ação também longo (5 a 10min) – preparar solução no momento do uso. Adição de adrenalina prolonga tempo da analgesia em 40%. ↪ Dispersão do anestésico no líquor: a diferença de densidade é o fator mais importante na dispersão no espaço subaracnóideo. Outros fatores: difusibilidade, velocidade da injeção e altura da punção. ▪ Como o anestésico é mais denso, terminada a injeção, coloca-se o paciente em proclive e pesquisa-se a instalação e progressão da analgesia. ▪ Quando atinge o limite compatível com a cirurgia, reverte-se a posição da mesa de aclive, a fim de interromper a progressão do anestésico no líquor e evitar a paralisia dos nervos intercostais e, mesmo, dos frênicos; ▪ Após 5 a 10 min o paciente poderá ser colocado em qualquer posição, pois o anestésico estará fixado no tecido nervoso. ▪ Vigia-se respiração e pressão arterial; ▪ Analgesia exclusiva do períneo (“raqui em sela”): paciente sentado, 1/3 da dose usual e mantendo-o nessa posição por 5 minutos; ▪ Altura da anestesia: distribuição metamérica dos nervos espinais: L1 Púbis T12 Espinhais ilíacas T10 Cicatriz umbilical T6 Apêndice xifoide T4 Mamilos ↪ Efeitos da raquianestesia: ▪ Bloqueio autonômico: supressão do influxo simpático (fibras que emergem da coluna entre T2 e L1 - L2). Dilatação arteriolar, venular e capilar = sangue se acumula nas periferias e diminui o retorno venoso ao átrio direito = queda PA = bradicardia e redução do rendimento cardíaco, do trabalho e do consumo do miocárdio (regiões não atingidas pelo bloqueio simpático podem exibir vasoconstrição vicariante reflexa, via pressorreceptores, a fim de contrabalancear a queda na PA). Quando o bloqueio atinge T2, paralisa nervos cardioaceleradores e ativa nervos vagos = bradicardia acentuada = administração endovenosa de atropina; ▪ Tratamento da hipotensão arterial: colocar o paciente em proclive (facilitar o retorno venoso e melhoraro rendimento cardíaco). Administrar volume líquido endovenosamente e drogas adrenérgicas (efedrina, veritol e araminol – intramuscular – contraindicados para parturientes) para diminuir o leito vascular; ▪ Aparelho respiratório: paralisia dos músculos intercostais (sem hipoventilação, porque o diafragma amplia compensatoriamente suas incursões). Se ocorre paralisia dos nervos frênicos → parada respiratória. Apneia (normalmente por isquemia bulbar): oxigenar o paciente e colocá-lo em proclive e administrar líquidos e drogas para elevar PA. Apneia por paralisia dos nervos intercostais e frênicos: só melhora com reversão da anestesia; ▪ Aparelhos gástrico: náuseas e vômitos (estímulo vagal – bloqueio do sistema simpático); ▪ Aparelho urinário: diminuição da diurese (queda da PA e não resultado do bloqueio simpático). ↪ Complicações da raquianestesia: ▪ Dores lombares; ▪ Cefaleia: - Hipotensão liquórica extravasamento do LCR para o espaço peridural, com pressão negativa, pelo orifício da agulha quando em posição vertical ou se há elevação do pescoço → desloca o encéfalo caudalmente e estira formações sensíveis como o seios venosos, vasos durais e encefálicos → dor fraca ou ausente quando deitado – dor em posição ereta na região occipital, frontal e orbital. Pode irradiar para a nuca e ter rigidez. - Hipertensão liquórica (muito rara): aumento da produção de líquor ou da deficiência de sua absorção. Pode ocorrer quando há infecção ou irritação meníngea. Dor localiza-se preferencialmente na fronte, mas pode abranger todo o crânio e não se modifica com a movimentação da cabeça; ▪ Síndrome da cauda equina: comprometimento das raízes nervosas e pode incluir paresias, paralisia, distúrbios esfínctericos e paraplegia; ▪ Traumatismos da raíz e da medula: injeção de anestésico no interior da raíz nervosa (paresias, parestesias e paralisia) ou perfuração da medula e injeção de anestésico – RARA (colapso circulatório, inconsciência e morte. Se sobreviver, mielite transversa); ▪ Aracnoidite reversa: congestão seguida de espessamento da aracnoide, com formação posterior de aderências, cuja retração compromete a função das raízes, o fluxo do LCR e o suprimento de sangue à medula; ▪ Meningites: sépticas ou assépticas; ▪ Paralisia do VI par craniano (abducente) • Anestesia peridural: ↪ Distribuição metamérica do anestésico; ▪ Número de metâmeros depende da: dose injetada, comprimento da coluna, idade e condições do enfermo; ↪ Espaço epidural possui orifícios por onde saem os troncos nervosos e se escoam os líquidos injetados; ↪ Conteúdo do espaço epidural: tecido conjuntivo, tecido gorduroso, vasos e nervos; ↪ Pressão negativa do espaço peridural: ▪ Durante a punção, a agulha produz um abaulamento na dura máter, criando uma zona de vácuo e, consequentemente, uma pressão negativa; ▪ A pressão negativa pleural se estende ao espaço peridural; ▪ A flexão da coluna alonga o espaço peridural e desenvolve uma pressão negativa; ▪ Pressão negativa pleural transmite-se ao espaço peridural pelos buracos de conjugação, o mesmo acontecendo com a pressão positiva abdominal (pressão negativa na região torácica e positiva na região lombar, assim a pressão negativa na região lombar seria criada pela agulha); ↪ Punção e identificação do espaço epidural: ▪ Difere da raquidiana que a anestesia pode ser aplicada na coluna lombar e se desloca pelo líquor → os bloqueios peridurais altos exigem a punção da coluna torácica e mesmo da coluna cervical, porque os elementos sólidos do espaço epidural dificultam a progressão do anestésico; ▪ Paciente sentado ou em decúbito lateral, introduz-se uma agulha no centro do espaço espinhoso, obedecendo à orientação das apófises espinhosas, horizontal na coluna cervical, levemente inclinada na coluna lombar e mais inclinada na coluna torácica, até encontrar a resistência (pequena) do ligamento interespinhoso. Retira-se agulha e introduz seringa com solução de NaCl, água destilada ou ar; ▪ Com um movimento coordenado e lento, impele-se a agulha com os dedos da mão esquerda, enquanto a mão direita empurra o êmbolo. ▪ Ao chegar no ligamento amarelo, o êmbolo da seringa para apesar da pressão; ▪ Quando ocorre um deslocamento brusco do êmbolo, indica que chegou no espaço peridural (quando emprega água destilada provoca dor, indicando que a punção foi correta); ▪ Se refluir liquor = perfurou a dura máter; ▪ Quando se necessita de analgesia mais duradoura, introduz-se no espaço peridural um cateter através da agulha de Tuohy, fixado no dorso do paciente; ↪ Dispersão no espaço epidural: ▪ Longitudinalmente: deslocamento em direção cefálica, ocupando um número de metâmeros de acordo com o volume injetado e a capacidade do espaço peridural do paciente; ▪ Transversalmente: atravessam os buracos de conjugação, alojando-se nos espaços paravertebrais; ↪ Dosagem: ▪ Volume da solução fixado entre 15 e 30ml – volume médio estabelecido pela prática: 20ml; ▪ Concentração: procaína (novocaína) e lidocaína (xilocaína): 1,5 a 2%, bupivacaína (marcaína) 0,25 a 0,5%, etidocaína (duranest) 0,5 a 1%. ▪ Parturientes e pacientes idosos (principalmente com arteriosclerose): os anestésicos locais movimentam-se exageradamente pelo espaço peridural, ocasionando bloqueios muito extensos. Volume deve ser pequeno, não excedendo 15ml; ▪ Anestesia peridural contínua: começa com dose habitual e é diminuída nas injeções subsequentes; ▪ Xilocaína: 60 minutos de anestesia; ▪ Bupivacaína: 3 a 4 horas de anestesia; ▪ Presença de adrenalina 1:200.000 aumenta o tempo em 40%; ↪ Mecanismo de ação: ▪ Anestesia peridural = associação de raquianestesia e anestesia troncular; ▪ O anestésico que a partir do espaço peridural atravessa os espaços de conjugação, penetra nos troncos nervosos e produz uma anestesia troncular; ▪ Parte do anestésico dirige-se ao espaço subaracnóideo (atravessa a dura-máter) por via retrógrada, caminhando pelos espaços subperineurais. No espaço subaracnóideo mistura-se com o liquor e banha as raízes nervosas e a medula, formando uma raquianestesia; ↪ Efeitos da anestesia peridural: ▪ Bloqueio do sistema nervoso simpático: dilatação arteriolar com diminuição da resistência periférica. Diminuição da resistência pré-capilar e aumento do fluxo capilar. Veias dilatam-se, ampliando sua capacidade e estagnando sangue na periferia, o que reduz o retorno venoso, o trabalho do miocárdio e os batimentos cardíacos. (hipotensão arterial menos intensa que da raquianestesia – grande proporção de fibras simpáticas escapa do bloqueio = vasoconstrição vicariante); ▪ Circulação coronariana: queda acentuada da pressão arterial (PA até 40-50mmHg = sem manifestações) e da frequência cardíaca exige tratamento imediato = rendimento cardíaco e perfusão coronariana diminuem a ponto de manifestarem sintomas de isquemia, com risco de assistolia; ▪ Perfusão do neuroeixo: eixo cerebroespinhal bem oxigenado = PA>50mmHg. Grande hipotensão pode causar estados confusionais ou até lesões cerebrais isquêmicas; ▪ Fígado: perfusão hepática diminui quando PA é inferior a 60-70mmHg; ▪ Aparelho urinário: a agressão cirúrgica causa retenção de sódio e água. A peridural não influi na retenção de água, mas previne a retenção de sódio. O bloqueio dos nervos sacrais causa distensão e obstrução funcional da bexiga = enchimento em cirurgias prolongadas; ▪ Efeitos metabólicos: impede elevação da glicemia, liberação da adrenalina e noradrenalina durante a cirurgia. Pode exibir tremores durante a injeção de anestésico frio no espaço peridural ou pela perda de calor através da vasodilatação ou pela transfusão de sangue e da injeção venosa de líquidos frios; ▪ Respiratório: mesmo com bloqueio dos nervos intercostais, não deprime a respiração porque o comprometimentoé incompleto e o diafragma compensa uma possível deficiência dorsal. Não há alterações de equilíbrio ácido-base; ↪ Acidentes e complicações: ▪ Perfuração da dura-máter com injeção do anestésico: ocorrerá raquianestesia total, com apneia, queda brusca da pressão arterial e, eventualmente, parada cardíaca; ▪ Intoxicação anestésica: convulsões e depressão cardiorrespiratória; ▪ Troca de soluções; ▪ Complicações e sequelas neurológicas: acima de L1 (limite da medula) = inclinação das apófises espinhosas, pequena espessura do espaço peridural torácico e longo curso da agulha = predisposição para lesões medulares. Hematoma no espaço peridural (pacientes com alteração na coagulação sanguínea ou que tomem anticoagulante). Método contínuo = progressão do cateter pode provocar rotura das veias peridurais. Síndrome da artéria espinhal anterior: debilidade motora dos membros inferiores (isquemia da medula = hipotensão arterial + hipertensão venosa → dificulta gravemente a circulação capilar); • Anestesia epidural sacra (caudal): ↪ Tal como a peridural, também é um bloqueio extradural, que de diferencia pela via de acesso; ↪ Executada exclusivamente através do hiato sacro; ↪ Mais frequente nas crianças (osso sacro é menos curvo que no adulto = palpação do hiato sacro é mais fácil e a solução anestésica se difunde livremente ao longo do canal sacro, do espaço peridural lombar e, mesmo, torácico) → Cirurgias de membros inferiores e abdome; ↪ Nos adultos: para cirurgias abdominais seria necessária dose elevada de anestésico e não geraria relaxamento muscular suficiente → restrito às cirurgias perineais;
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