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Aula 8 - Anestesicos locais e loco-regionais

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Anestesia local e loco-regional 
Anestésicos locais: 
• São substâncias que, em contato com a fibra 
nervosa, bloqueia, temporariamente, o 
desenvolvimento e a progressão do impulso 
nervoso; 
• Depositadas em um nervo misto anulam 
todas as modalidades de transmissão, sejam 
autonômicas, sensitivas ou motoras; 
↪ Boa capacidade de penetração; 
↪ Atinjam as fibras em concentração 
mínima eficiente; 
• Bloqueio em ordem crescente de diâmetro 
da fibra (reversão é ao contrário); 
↪ Aumento da temperatura; 
↪ Vasodilatação da pele; 
↪ Fibras sensitivas (analgesia) → fibras 
motoras (paralisia dos membros inferiores) 
→ fibras proprioceptivas (incapacidade de 
perceber a posição dos membros); 
↪ Sequência de bloqueio da sensibilidade: 
frio, calor, dor, tato e pressão profunda; 
• Natureza e mecanismo de ação dos 
anestésicos locais: 
↪ São aminas secundárias ou terciárias 
(bases fracas, praticamente insolúveis em 
água →utilização dos sais); 
↪ Não interferem no potencial de repouso; 
↪ Anulam a formação e propagação do 
potencial de ação, impedindo a entrada de 
Na+ pela membrana; 
▪ Fechamento indireto dos poros: 
aumento da tensão superficial da 
membrana ou modificação do arranjo 
molecular; 
▪ Fechamento direto dos poros: 
obstrução do orifício externo por íons 
Ca2+ ou do orifício interno na 
disposição de seus constituintes; 
• Ações gerais: originadas pela interrupção do 
fluxo nervoso ou pela droga absorvida na 
corrente sanguínea; 
↪ Sistema nervoso central: sedação e 
sonolência. Superdosagem = intoxicação; 
↪ Aparelho cardiovascular: os anestésicos 
locais deprimem a excitabilidade, a 
condutividade e prolongam o período 
refratário do miocárdio = redução do 
número de batimentos cardíacos. São 
drogas antiarrítmicas. 
▪ São vasodilatadoras: facilita sua 
absorção, reduzindo o tempo de 
analgesia e aumentando a possibilidade 
de intoxicação. Para evitar esses 
inconvenientes, contém um 
vasoconstritor, predominantemente a 
adrenalina na concentração 1:200.000; 
▪ Único com ação vasoconstritor: cocaína. 
Abandonada por risco de dependência 
e por ser extremamente tóxico. Usado 
apenas como anestésico de superfície 
(mucosas) e como vasoconstritor para 
diminuir o sangramento em cirurgias 
plásticas; 
↪ Aparelho respiratório: deprimem os 
strech recepetors (receptores mecânicos 
dos pulmões), resultando em efeito 
antitussígeno. Age sobre centros 
respiratórios bulbares, pontinhos e 
diencefálicos, sendo que doses pequenas os 
estimulam e doses maiores os deprimem; 
↪ Útero: doses pequenas de lidocaína 
(xilocaína) presentes no sangue das 
parturientes durante a anestesia estimulam a 
contratilidade. Bupivacaína (marciana) não 
interferem na contratilidade; 
• Metabolismo: 
↪ Ésteres (procaína): metabolismo no 
fígado e plasma; 
↪ Aminas derivadas do ácido-p-
aminobenzenzoico (procaína e tetracaína): 
fígado; 
↪ Amidas (lidocaína, bupivacaína, 
etildocaína): fígado; 
 
 Tipo de anestésicos locais: 
• Procaína (novocaína): empregada 
largamente tanto em anestesias regionais 
quanto geral; 
↪ Vem sendo substituídas pelas amidas; 
↪ Quatro vezes menos tóxica que a 
cocaína; 
↪ Dose máxima: 10mg/kg de peso corporal 
em soluções com adrenalina e 7mg/kg sem 
adrenalina; 
TEC CIRÚRGICA 
↪ Concentrações: 0,5% (anestesias locais 
infiltrativa), 1 a 2% (anestesias tronculares e 
plexulares), 1,5 a 2% (anestesia peridural), 5% 
(raquianestesia), 0,5% (anestesia regional 
intravenosa - Bier); 
↪ Usada em injeção venosa lenta como 
analgésicos em queimaduras extensas, como 
vasodilatador em espasmos vasculares 
periféricos, como antipruriginosos em 
dermatites generalizados e como 
antiarrítmicos; 
 ↪ Substituída pela lidocaína (xilocaína) em 
arritmias cardíacas; 
↪ Não indicada para anestesias tópicas = 
poder penetrante é insignificante; 
• Tetracaína (pontocaína): 
↪ Potência e toxicidade mais elevadas que 
procaína; 
↪ Concentração: 0,15% da dose de 1,4,g/kg; 
↪ Dose média para raquianestesia: 10mg; 
↪ Dose máxima para raquianestesia: 20mg; 
↪ Alta capacidade de penetração em 
mucosas = ótimo anestésico de superfície 
(procedimentos endoscópicos, de vias 
aéreas e para retirada de corpos estranhos 
dos olhos); 
↪ Pequena margem de segurança = vem 
sendo substituída por lidocaína 4% em 
anestesias tópicas; 
↪ Dose máxima em anestésico de 
superfície: 40mg; 
• Lidocaína (xilocaína): 
↪ Uso generalizado = baixa toxicidade, curto 
tempo de latência, grande difusibilidade, 
intensa atividade bloqueadora e ausência de 
irritação dos tecidos; 
↪ Tratamento das arritmias cardíacas, 
principalmente arritmias ventriculares pós-
infartos. Corrige fibrilação ventricular; 
↪ Concentrações usuais: 0,5% (anestesia 
local infiltrativa), 1 a 2% (anestesias 
tronculares e plexulares), 1,5 a 2% (anestesia 
peridural), 5% (raquianestesia), 0,5% 
(anestesia regional intravenosa – Bier); 
↪ Dose máxima permitida: 10mg/kg em 
solução com adrenalina (concentração 
1:200.000) e 7mg/kg em solução simples; 
• Bupivacaína (marcaína): 
↪ Anestésico de escolha quando se deseja 
um bloqueio de longa duração; 
↪ O tempo de latência também é longo; 
↪ Anestesia peridural pode perdurar de 2 a 
6 horas; 
↪ Bloqueio do plexo braquial até 8 horas 
(média 4 a 5 horas); 
↪ Bloqueios tronculares até 12 horas; 
↪ Fixa-se avidamente ao sangue materno, 
impedindo sua passagem pela placenta 
(afinidade pelas proteínas sanguíneas 
materna é superior à de outros anestésicos) 
= importante porque anestésicos locais 
deprimem o feto → preferência de uso na 
obstetrícia; 
↪ Concentrações usuais: 0,25% (anestesia 
local infiltrativa), 0,5% (anestesias tronculares 
e plexulares), 0,5-0,75% (anestesia peridural) 
– concentração de 0,75% destinada às 
cirurgias que necessitam de maior 
relaxamento muscular; 
↪ Dose máxima: 2mg/kg; 
• Etidocaína (duranest): 
↪ Efeito duradouro, mas pouco período de 
latência; 
↪ Rapidez na penetração de fibras nervosas 
= boa analgesia e relaxamento muscular → 
indicada em cirurgias abdominais; 
↪ Liga-se às proteínas plasmáticas maternas 
com intensidade quase semelhante à 
bupivacaína = pode ser utilizada na 
obstetrícia; 
↪ Concentrações usuais: 0,25% (anestesia 
local infiltrativa), 0,5% (anestesias tronculares 
e plexulares), 1% (anestesia peridural), 0,25 a 
0,5% (anestesia regional intravenosa – Bier); 
 
Reações tóxicas – 
prevenção e tratamento: 
 
• Anestésicos locais infiltrados nos tecidos são 
levados à vários órgãos pela circulação 
sistêmica; 
• Intoxicação é proporcional à toxicidade da 
droga e sua concentração no sangue, como 
também à rapidez com que chega ao SNC; 
• Hipersensibilidade individual é rara; 
• Dermatite em profissionais que manipulem 
as drogas frequentemente; 
• São depressores do SNC, embora os 
sintomas iniciais de intoxicação sejam 
estimulantes; 
• Depressão das fibras inibitórias pré e pós 
sinápticas → rigidez muscular e contrações; 
↪ Inicialmente em músculos menores (face); 
↪ Estendem-se aos grandes músculos 
(convulsão generalizada); 
↪ Estágio mais avançado = paralisia; 
• Miocárdio = paralisia (agravada pela hipóxia e 
acidose); 
• Natureza do anestésico: ordem crescente 
de toxicidade: 
Procaína → lidocaína → mepivacaína → 
bupivacaína → tetracaína → dibucaína; 
 
Drogas mais potentes costumam ser mais 
tóxicas e produzir tempo mais prolongado 
de analgesia, porém são administradas em 
concentrações menores; 
 
• Absorção: 
↪ Sua absorção varia de acordo com a 
afinidade com cada tecido; 
↪ Cérebro, pulmões, fígado e miocárdio 
absorvem com maior rapidez e intensidade 
do que tecido muscular e adiposo = maior 
irrigação sanguínea; 
↪ Concentração do anestésico no sangue 
corresponde à concentração no SNC = 
fundamental absorção lenta e limitada para 
facilitar sua eliminação; 
↪ Cuidado com anestesias tópicas extensas 
= mucosas possuem elevada capacidade de 
absorção e são mais concentradas 
(geralmente são coloridas para que não 
sejam aplicadas por engano); 
↪ Importância dos vasoconstritores 
(principalmente adrenalina):destinam-se a 
retardar sua absorção e, 
consequentemente, prolongar a analgesia e 
reduzir a possibilidade de intoxicação; 
▪ Soluções muito concentradas de 
adrenalina provocam intensa 
vasoconstrição local, provocando o 
desenvolvimento de lesões isquêmicas; 
▪ Contraindicados em uso venoso e 
bloqueios tronculares dos dedos = risco 
de necrose isquêmica por 
vasoconstrição prolongada; 
• Idade, peso, velocidade de injeção e barreira 
placentária: 
↪ Dose de acordo com idade e peso: 
▪ Crianças: variação de seu porte; 
▪ Idoso: capacidade de metabolização; 
▪ Dosagem por peso deve ser reduzida 
em grandes obesos e pessoas em mal 
estado geral; 
↪ Anestésicos locais atravessam a barreira 
placentária e deprimem o feto: 
▪ Concentração; 
▪ Fixação do anestésico às proteínas 
sanguíneas materna; 
• Sintomatologia da intoxicação: 
↪ Sonolência, sensação de frio, opressão 
torácica, distúrbios auditivos, cefaleia e 
pressão frontal, insensibilidade nos lábios e na 
língua e disartria, tremores e agitação 
psicomotora; 
↪ Exagerada apreensão e angústia = 
suspende-se a infiltração e espera-se algum 
tempo; 
↪ Sintomas desprezados: convulsões, 
depressão com parada circulatória e 
respiratória; 
• Reações aos vasoconstritores: 
↪ Efeitos indesejáveis da adrenalina: 
taquicardia, aumento da pressão arterial, 
palidez, sudorese, angústia e mal-estar; 
↪ Contraindicada em portadores de 
hipertensão arterial grave, hipertireoidismo, 
cardiopatias graves, arteriosclerose 
avançada, alterações da circulação 
encefálica, feocromatina, indivíduos 
superemotivos e aos hipersensíveis à droga; 
↪ Pode desencadear arritmias ventriculares, 
transformáveis em fibrilação ventricular e 
assistolia; 
↪ Octapressina = outro vasoconstritor; 
 
Bloqueio dos dedos das 
mãos: 
• Facilmente anestesiados com pequeno 
volume de anestésico; 
• Grandes volumes = lesões isquêmicas; 
• NUNCA usar adrenalina; 
• 2 a 3 ml de anestésico em ambos os lados 
da base do dedo, antes da agulha tocar a 
superfície óssea; 
• Infiltra-se o subcutâneo da base do dedo em 
forma de anel (bloqueio dos ramos ventrais 
e dorsais); 
• 5 a 10 ml de xilocaína a 1,5% ou marcaína 
(bupivacaína) a 0,5%; 
 
Bloqueio do plexo braquial: 
 
• Vias interescalênica, supraclavicular e axilar, 
ou a combinação das duas primeiras; 
• Técnica supraclavicular: paciente em 
decúbito lateral horizontal com a cabeça 
virada para o lado oposto ao do bloqueio. 
Membro a ser anestesiado fica levemente 
em abdução. Introduzir agulha em 1cm acima 
do meio da clavícula (junto da artéria 
subclávia entre músculos escalenos anterior 
e médio). Agulha orientada em direção 
caudal e medial, em busca da primeira 
costela. 
↪ Se o plexo for tocado: parestesia 
(sensação de choque), que pode irradiar-se 
para cotovelo, antebraço e dedos → Nesse 
momento interrompe-se a progressão da 
agulha e, se a parestesia chegar em todos 
os dedos, aplicar todo o anestésico; 
↪ Se não chegar nas mãos, injeta 1/3 e 
reintroduz a agulha. Quando ocorrer 
parestesia nos dedos, injetar o restante; 
↪ Não sendo possível o contato direto com 
o plexo, injeta-se o anestésico ligeiramente 
acima da primeira costela, aumentando 
aproximadamente 50% na dose inicial; 
↪ Dosagem: constante (25-30ml). 
↪ Concentração: lidocaína (xilocaína): 1,5 a 
2%. Bupivacaína (marcaína): 0,33 a 0,5%. 
Etidocaína (duranest): 0,5 a 1%; 
↪ Complicações: injeção intravascular 
(veia/artéria subclávia) e pneumotórax; 
↪ Idosos: difícil avaliar a profundidade da 
primeira costela → aumenta risco de 
pneumotórax; 
 
Anestesia intravenosa 
regional: 
 
• Injeção venosa de um anestésico local num 
membro previamente dessangrado e 
mantido isquêmico por um garrote; 
• Paciente sedado com benzodiazepínico 
endovenosamente e manguito na raiz do 
membro. Punciona-se veia no dorso da mão. 
Dessangrar o membro (mantendo-o elevado 
alguns minutos). Insuflar manguito e injetar 
anestésico. Insufla outro manguito abaixo do 
primeiro, após 2 a 5 minutos. Retirar o 
manguito superior. 
• Ao terminar a cirurgia, o manguito é 
esvaziado durante 10 ou 15 segundos e 
insuflado durante 2 a 3 minutos, repetindo 
várias vezes. 
↪ O anestésico retido no leito vascular do 
membro atinja a corrente sanguínea 
lentamente, evitando concentração tóxica e 
permitindo melhor eliminação; 
↪ Concentração: 0,5 a 1% xilocaína 
(lidocaína), 0,15 a 0,25% bupivacapina 
(marcaína), 0,25 a 0,5% duranest; 
 
Anestesias espinhais: 
 
• Raquianestesia: 
↪ Bloqueio de raízes nervosas e seus 
gânglios, dentro do estojo subaracnóideo; 
↪ Anestésico local penetra na medula e 
bloqueia o influxo nervoso; 
↪ Técnica: paciente deitado (decúbito 
lateral, cabeça apoiada por um travesseiro. 
Coluna fletida, sem torção e membros 
inferiores fletidos ao máximo) ou sentado 
(corpo e pescoço fletido, cotovelo sobre os 
joelhos e pés apoiados em um banco); 
↪ Punção: agulha de raquianestesia 
introduzida perpendicularmente ou 
levemente inclinada, acompanhando a 
direção das apófises espinhosas, num ponto 
médio entre duas apófises lombares. 
▪ Atravessa a pele, o tecido celular 
subcutâneo, o ligamento 
supraespinhoso, o ligamento 
interespinhoso, o ligamento amarelo e a 
dura-máter. Nesse momento percebe-
se a perfuração de um tecido 
resistente e a retirada do mandril revela 
o escoamento do líquor; 
↪ Anestésicos: soluções hiperbaras (mais 
densas que o líquor), isobaras (igualdade de 
densidade) e hipobaras (menos densas); 
▪ Para todos os anestésicos a dose é 
proporcional ao tamanho da coluna; 
▪ Provocaína (novocaína): solução a 5%. 
Dose média de 5 a 10mg. Dose máxima: 
200mg. Em parturientes: reduzir em 
30% a dose. Duração da analgesia: 60 
min; 
▪ Lidocaína (xilocaína): solução a 5% em 
glicose a 7,5%. Cada ampola de 2ml 
contém 100mg da droga (50mg/ml). 
Dose média: 50mg a 150mg. Dose 
máxima: 200mg. Duração da analgesia: 
60 a 90 min; 
▪ Tetracaína (pontocaína): anestésico 
potente, proporcional bloqueio nervoso 
intenso e duradouro (aprox.. 2h30min). 
Tempo de latência/início de ação 
também longo (5 a 10min) – preparar 
solução no momento do uso. Adição de 
adrenalina prolonga tempo da analgesia 
em 40%. 
↪ Dispersão do anestésico no líquor: a 
diferença de densidade é o fator mais 
importante na dispersão no espaço 
subaracnóideo. Outros fatores: difusibilidade, 
velocidade da injeção e altura da punção. 
▪ Como o anestésico é mais denso, 
terminada a injeção, coloca-se o 
paciente em proclive e pesquisa-se a 
instalação e progressão da analgesia. 
▪ Quando atinge o limite compatível com 
a cirurgia, reverte-se a posição da mesa 
de aclive, a fim de interromper a 
progressão do anestésico no líquor e 
evitar a paralisia dos nervos intercostais 
e, mesmo, dos frênicos; 
▪ Após 5 a 10 min o paciente poderá ser 
colocado em qualquer posição, pois o 
anestésico estará fixado no tecido 
nervoso. 
▪ Vigia-se respiração e pressão arterial; 
▪ Analgesia exclusiva do períneo (“raqui 
em sela”): paciente sentado, 1/3 da dose 
usual e mantendo-o nessa posição por 
5 minutos; 
▪ Altura da anestesia: distribuição 
metamérica dos nervos espinais: 
 
L1 Púbis 
T12 Espinhais ilíacas 
T10 Cicatriz umbilical 
T6 Apêndice xifoide 
T4 Mamilos 
↪ Efeitos da raquianestesia: 
▪ Bloqueio autonômico: supressão do 
influxo simpático (fibras que emergem 
da coluna entre T2 e L1 - L2). Dilatação 
arteriolar, venular e capilar = sangue se 
acumula nas periferias e diminui o 
retorno venoso ao átrio direito = queda 
PA = bradicardia e redução do 
rendimento cardíaco, do trabalho e do 
consumo do miocárdio (regiões não 
atingidas pelo bloqueio simpático 
podem exibir vasoconstrição vicariante 
reflexa, via pressorreceptores, a fim de 
contrabalancear a queda na PA). 
Quando o bloqueio atinge T2, paralisa 
nervos cardioaceleradores e ativa 
nervos vagos = bradicardia acentuada = 
administração endovenosa de atropina; 
▪ Tratamento da hipotensão arterial: 
colocar o paciente em proclive (facilitar 
o retorno venoso e melhoraro 
rendimento cardíaco). Administrar 
volume líquido endovenosamente e 
drogas adrenérgicas (efedrina, veritol e 
araminol – intramuscular – 
contraindicados para parturientes) para 
diminuir o leito vascular; 
▪ Aparelho respiratório: paralisia dos 
músculos intercostais (sem 
hipoventilação, porque o diafragma 
amplia compensatoriamente suas 
incursões). Se ocorre paralisia dos 
nervos frênicos → parada respiratória. 
Apneia (normalmente por isquemia 
bulbar): oxigenar o paciente e colocá-lo 
em proclive e administrar líquidos e 
drogas para elevar PA. Apneia por 
paralisia dos nervos intercostais e 
frênicos: só melhora com reversão da 
anestesia; 
▪ Aparelhos gástrico: náuseas e vômitos 
(estímulo vagal – bloqueio do sistema 
simpático); 
▪ Aparelho urinário: diminuição da diurese 
(queda da PA e não resultado do 
bloqueio simpático). 
 ↪ Complicações da raquianestesia: 
▪ Dores lombares; 
▪ Cefaleia: 
- Hipotensão liquórica extravasamento 
do LCR para o espaço peridural, com 
pressão negativa, pelo orifício da agulha 
quando em posição vertical ou se há 
elevação do pescoço → desloca o 
encéfalo caudalmente e estira 
formações sensíveis como o seios 
venosos, vasos durais e encefálicos → 
dor fraca ou ausente quando deitado – 
dor em posição ereta na região 
occipital, frontal e orbital. Pode irradiar 
para a nuca e ter rigidez. 
- Hipertensão liquórica (muito rara): 
aumento da produção de líquor ou da 
deficiência de sua absorção. Pode 
ocorrer quando há infecção ou irritação 
meníngea. Dor localiza-se 
preferencialmente na fronte, mas pode 
abranger todo o crânio e não se 
modifica com a movimentação da 
cabeça; 
▪ Síndrome da cauda equina: 
comprometimento das raízes nervosas 
e pode incluir paresias, paralisia, 
distúrbios esfínctericos e paraplegia; 
▪ Traumatismos da raíz e da medula: 
injeção de anestésico no interior da raíz 
nervosa (paresias, parestesias e 
paralisia) ou perfuração da medula e 
injeção de anestésico – RARA (colapso 
circulatório, inconsciência e morte. Se 
sobreviver, mielite transversa); 
▪ Aracnoidite reversa: congestão seguida 
de espessamento da aracnoide, com 
formação posterior de aderências, cuja 
retração compromete a função das 
raízes, o fluxo do LCR e o suprimento 
de sangue à medula; 
▪ Meningites: sépticas ou assépticas; 
▪ Paralisia do VI par craniano (abducente) 
 
• Anestesia peridural: 
 
 
 
 
 
 
↪ Distribuição metamérica do anestésico; 
▪ Número de metâmeros depende da: 
dose injetada, comprimento da coluna, 
idade e condições do enfermo; 
↪ Espaço epidural possui orifícios por onde 
saem os troncos nervosos e se escoam os 
líquidos injetados; 
↪ Conteúdo do espaço epidural: tecido 
conjuntivo, tecido gorduroso, vasos e 
nervos; 
↪ Pressão negativa do espaço peridural: 
▪ Durante a punção, a agulha produz um 
abaulamento na dura máter, criando 
uma zona de vácuo e, 
consequentemente, uma pressão 
negativa; 
▪ A pressão negativa pleural se estende 
ao espaço peridural; 
▪ A flexão da coluna alonga o espaço 
peridural e desenvolve uma pressão 
negativa; 
▪ Pressão negativa pleural transmite-se 
ao espaço peridural pelos buracos de 
conjugação, o mesmo acontecendo 
com a pressão positiva abdominal 
(pressão negativa na região torácica e 
positiva na região lombar, assim a 
pressão negativa na região lombar seria 
criada pela agulha); 
↪ Punção e identificação do espaço 
epidural: 
▪ Difere da raquidiana que a anestesia 
pode ser aplicada na coluna lombar e se 
desloca pelo líquor → os bloqueios 
peridurais altos exigem a punção da 
coluna torácica e mesmo da coluna 
cervical, porque os elementos sólidos 
do espaço epidural dificultam a 
progressão do anestésico; 
▪ Paciente sentado ou em decúbito 
lateral, introduz-se uma agulha no 
centro do espaço espinhoso, 
obedecendo à orientação das apófises 
espinhosas, horizontal na coluna cervical, 
levemente inclinada na coluna lombar e 
mais inclinada na coluna torácica, até 
encontrar a resistência (pequena) do 
ligamento interespinhoso. Retira-se 
agulha e introduz seringa com solução 
de NaCl, água destilada ou ar; 
▪ Com um movimento coordenado e 
lento, impele-se a agulha com os dedos 
da mão esquerda, enquanto a mão 
direita empurra o êmbolo. 
▪ Ao chegar no ligamento amarelo, o 
êmbolo da seringa para apesar da 
pressão; 
▪ Quando ocorre um deslocamento 
brusco do êmbolo, indica que chegou 
no espaço peridural (quando emprega 
água destilada provoca dor, indicando 
que a punção foi correta); 
▪ Se refluir liquor = perfurou a dura 
máter; 
▪ Quando se necessita de analgesia mais 
duradoura, introduz-se no espaço 
peridural um cateter através da agulha 
de Tuohy, fixado no dorso do paciente; 
↪ Dispersão no espaço epidural: 
▪ Longitudinalmente: deslocamento em 
direção cefálica, ocupando um número 
de metâmeros de acordo com o 
volume injetado e a capacidade do 
espaço peridural do paciente; 
▪ Transversalmente: atravessam os 
buracos de conjugação, alojando-se nos 
espaços paravertebrais; 
↪ Dosagem: 
▪ Volume da solução fixado entre 15 e 
30ml – volume médio estabelecido pela 
prática: 20ml; 
▪ Concentração: procaína (novocaína) e 
lidocaína (xilocaína): 1,5 a 2%, 
bupivacaína (marcaína) 0,25 a 0,5%, 
etidocaína (duranest) 0,5 a 1%. 
▪ Parturientes e pacientes idosos 
(principalmente com arteriosclerose): os 
anestésicos locais movimentam-se 
exageradamente pelo espaço peridural, 
ocasionando bloqueios muito extensos. 
Volume deve ser pequeno, não 
excedendo 15ml; 
▪ Anestesia peridural contínua: começa 
com dose habitual e é diminuída nas 
injeções subsequentes; 
▪ Xilocaína: 60 minutos de anestesia; 
▪ Bupivacaína: 3 a 4 horas de anestesia; 
▪ Presença de adrenalina 1:200.000 
aumenta o tempo em 40%; 
↪ Mecanismo de ação: 
▪ Anestesia peridural = associação de 
raquianestesia e anestesia troncular; 
▪ O anestésico que a partir do espaço 
peridural atravessa os espaços de 
conjugação, penetra nos troncos 
nervosos e produz uma anestesia 
troncular; 
▪ Parte do anestésico dirige-se ao espaço 
subaracnóideo (atravessa a dura-máter) 
por via retrógrada, caminhando pelos 
espaços subperineurais. No espaço 
subaracnóideo mistura-se com o liquor 
e banha as raízes nervosas e a medula, 
formando uma raquianestesia; 
↪ Efeitos da anestesia peridural: 
▪ Bloqueio do sistema nervoso simpático: 
dilatação arteriolar com diminuição da 
resistência periférica. Diminuição da 
resistência pré-capilar e aumento do 
fluxo capilar. Veias dilatam-se, ampliando 
sua capacidade e estagnando sangue na 
periferia, o que reduz o retorno venoso, 
o trabalho do miocárdio e os batimentos 
cardíacos. (hipotensão arterial menos 
intensa que da raquianestesia – grande 
proporção de fibras simpáticas escapa 
do bloqueio = vasoconstrição 
vicariante); 
▪ Circulação coronariana: queda 
acentuada da pressão arterial (PA até 
40-50mmHg = sem manifestações) e 
da frequência cardíaca exige 
tratamento imediato = rendimento 
cardíaco e perfusão coronariana 
diminuem a ponto de manifestarem 
sintomas de isquemia, com risco de 
assistolia; 
▪ Perfusão do neuroeixo: eixo 
cerebroespinhal bem oxigenado = 
PA>50mmHg. Grande hipotensão pode 
causar estados confusionais ou até 
lesões cerebrais isquêmicas; 
▪ Fígado: perfusão hepática diminui 
quando PA é inferior a 60-70mmHg; 
▪ Aparelho urinário: a agressão cirúrgica 
causa retenção de sódio e água. A 
peridural não influi na retenção de água, 
mas previne a retenção de sódio. O 
bloqueio dos nervos sacrais causa 
distensão e obstrução funcional da 
bexiga = enchimento em cirurgias 
prolongadas; 
▪ Efeitos metabólicos: impede elevação 
da glicemia, liberação da adrenalina e 
noradrenalina durante a cirurgia. Pode 
exibir tremores durante a injeção de 
anestésico frio no espaço peridural ou 
pela perda de calor através da 
vasodilatação ou pela transfusão de 
sangue e da injeção venosa de líquidos 
frios; 
▪ Respiratório: mesmo com bloqueio dos 
nervos intercostais, não deprime a 
respiração porque o 
comprometimentoé incompleto e o 
diafragma compensa uma possível 
deficiência dorsal. Não há alterações de 
equilíbrio ácido-base; 
 
↪ Acidentes e complicações: 
▪ Perfuração da dura-máter com injeção 
do anestésico: ocorrerá raquianestesia 
total, com apneia, queda brusca da 
pressão arterial e, eventualmente, 
parada cardíaca; 
▪ Intoxicação anestésica: convulsões e 
depressão cardiorrespiratória; 
▪ Troca de soluções; 
▪ Complicações e sequelas neurológicas: 
acima de L1 (limite da medula) = 
inclinação das apófises espinhosas, 
pequena espessura do espaço peridural 
torácico e longo curso da agulha = 
predisposição para lesões medulares. 
Hematoma no espaço peridural 
(pacientes com alteração na 
coagulação sanguínea ou que tomem 
anticoagulante). Método contínuo = 
progressão do cateter pode provocar 
rotura das veias peridurais. Síndrome da 
artéria espinhal anterior: debilidade 
motora dos membros inferiores 
(isquemia da medula = hipotensão 
arterial + hipertensão venosa → 
dificulta gravemente a circulação 
capilar); 
• Anestesia epidural sacra (caudal): 
↪ Tal como a peridural, também é um 
bloqueio extradural, que de diferencia pela 
via de acesso; 
↪ Executada exclusivamente através do 
hiato sacro; 
↪ Mais frequente nas crianças (osso sacro é 
menos curvo que no adulto = palpação do 
hiato sacro é mais fácil e a solução 
anestésica se difunde livremente ao longo do 
canal sacro, do espaço peridural lombar e, 
mesmo, torácico) → Cirurgias de membros 
inferiores e abdome; 
↪ Nos adultos: para cirurgias abdominais 
seria necessária dose elevada de anestésico 
e não geraria relaxamento muscular 
suficiente → restrito às cirurgias perineais;

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