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Anestésicos locais e procedimentos básicos de anestesia

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VANESSA TELLES- MEDICINA UFMT 
 
 
Anestésicos locais e procedimentos básicos da anestesia 
(Goffi, cap4) 
• Anestésicos locais= substâncias que, em contato com a fibra nervosa, interrompem transitoriamente o 
desenvolvimento e a progressão o impulso nervoso. Devem possuir boa capacidade de penetração e atingir as fibras em 
concentração mínima eficiente, tendo uma ordem de bloqueio da menor para a maior fibra e regressão da maior pra 
menor. Com isso, a sequência de bloqueio da raquianestesia é: 
1. Fibras simpáticas mielinizadas ou não- gera +temperatura e vasodilatação; 
2. Fibras sensitivas- gera analgesia; 
3. Fibras motoras- causa paralisia dos MMII (local); 
4. Fibras proprioceptivas- gera incapacidade de perceber a posição dos membros. 
• O comprometimento da sensibilidade se processa na seguinte sequência: frio, calor, dor, tato e pressão profunda. 
• Os anestésicos locais são antiarrítmicos e vasodilatadores, o que facilita sua absorção, reduz o tempo de analgesia e 
aumenta a possibilidade de intoxicação, por isso as soluções anestésicas contêm um vasoconstritor como a adrenalina na 
concentração de 1:200.000. O único anestésico local vasoconstritor é a cocaína, que só é usado em superfícies. 
• Os anestésicos locais são aminas secundárias ou terciárias, bases fracas quase insolúveis na água cujos sais, 
particularmente o Cloridrato, empregam-se nas infiltrações. Nos tecidos, sua base é liberada de modo que o anestésico 
se apresenta de 2 formas: (1) Sal hidrossolúvel e ionizável (cátion) e (2) Base não ionizável pouco solúvel em água e + 
solúvel em lipídios. O cátion é mais ativo no bloqueio nervoso e a base se difunde + pelos tecidos. A proporção destas 
formas depende do pKa do anestésico e do pH dos tecidos. 
pH= pKa + [Base] / [BH+] , em [BH+]= concentração do sal. 
 
Membrana dos axônios 
normal 
Membrana dos axônios sob estímulo 
 
Membrana dos axônios com anestésico 
Sendo permeável a 
diversos íons, ela mantém 
um equilíbrio iônico com 
predominância de Na+ no 
exterior (positivo) e K+ no 
interior (negativo), sob 
uma diferença de potencial 
de -90mV (potencial de 
membrana/repouso). 
A membrana permite a penetração 
de íons Na+ que, com carga positiva, 
alteram o potencial de repouso, 
tornando a superfície externa negativa 
em relação à interna e gerando 
despolarização que, em forma de onda 
(potencial de ação), percorre a 
membrana do axônio. Depois, ocorre a 
repolarização, com saída Dos íons K+. 
Os anestésicos não interferem no potencial 
de repouso, mas anulam a 
formação/propagação do potencial de ação ao 
impedir a entrada de Na+ pela membrana. Eles 
podem (1) fechar indiretamente os poros pelos 
quais ocorreria o influxo de Na+, tensionando 
a membrana ou modificando seu arranjo 
molecular; (2) obstruir o orifício externo dos 
poros com íons Ca²+ ou o interno, mudando a 
disposição de seus componentes. 
 
• vias: mucosas (anestesia de contato/superfície); tecidos profundos (anestesia local, troncular, plexular); espaço 
subaracnóideo (raquianestesia); espaço peridural (anestesia peridural); veias (anestesia intravenosa regional). 
• Ações gerais dos anestésicos locais: 
▪ SNC = sedação e sonolência; intoxicação em caso de superdosagem. 
▪ Aparelho cardiovascular = depressão da excitabilidade e condutividade; prolongamento do período refratário do 
miocárdio e redução do nº de batimentos cardíacos; são antiarrítmicos e vasodilatadores, devendo ser associados com 
vasoconstritores. 
▪ Aparelho respiratório = deprimem os Stretch Receptors e gera efeito antitussígeno; agindo sobre os centros 
respiratórios bulbares, pontinhos e diencefálicos, doses pequenas estimulam e doses grandes deprimem a respiração. 
▪ Útero= doses pequenas de lidocaína estimulam a atividade do útero, o que não é provocado pela Bupivacaína. 
▪ Metabolismo = os anestésicos com ésteres (procaína) são metabolizados no fígado e no plasma; as amidas 
(lidocaína e bupivacaína) são destruídas só no fígado. 
• Tipos de anestésicos locais: 
▪ Aminas derivadas do ácido p-aminobenzóico: Procaínas e Tetracaína 
▪ Amidas: Lidocaína, Bupivacaína, Etidocaína. 
▪ Derivado da quinolona: Dibucaína ou Nupercaína. 
 
AMINAS DERIVADAS DO ÁCIDO P-AMINOBENZÓICO 
 
Procaína (Novocaína) Tetracaína 
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• =P-aminobenzoildietilaminoetanol, éster empregado sob a forma 
de cloridrato p/ anestesia local e geral. 
• Destruída no sangue e fígado pela Colinesterase Sérica ou 
Pseudocolinesterase, liberando ácido p-aminobenzóico (PABA) e 
dietilaminoetanol (DEAE). 
• Dose máxima = 10mg/Kg do peso corporal para soluções com 
adrenalina OU 7mg/Kg para soluções simples. 
• [ ] recomendadas = 0,5% pra anestesia local infiltrativa; 1-2% pra 
anestesias tronculares e plexulares; 1,5-2% pra anestesia peridural; 
5% pra raquianestesia; 0,5% pra anestesia regional intravenosa. 
• Baixo poder de penetração em mucosas 
• Usado como analgésico em queimaduras extensas, vasodilatador 
nos espasmos vasculares periféricos, antipruriginoso em certas 
dermatoses generalizadas e antiarrítmico em injeções venosas lentas a 
0,1-0,4% (1-4g em 1000ml de solução glicosada a 5%). 
=P-butilaminobenzoildimeilaminoetanol, 
é um éster de potência e toxicidade mais 
elevadas. 
• [ ] de 0,15% na dose de 1,4mg/Kg de 
peso em infiltrações. A dose média para 
raquianestesia é de 10mg e a máxima, 
20mg. 
• Ótimo anestésico de superfície (boa 
penetração em mucosas). 
• Dose máxima para adultos= 40mg (ou 
4ml de uma solução a 1%). 
 
 
AMIDAS 
 
Lidocaína (Xilocaína) Bupivacaína (Marcaína) Etidocaína (Duranest) 
• =Cloridrato de Dietilamino-2-6-
acetoxilidida; uso geral pela baixa 
toxicidade, curto tempo de latência, grande 
difusibilidade, intensa atividade 
bloqueadora e ausência de irritação dos 
tecidos. 
• P/ arritmias cardíacas e correção da 
fibrilação ventricular em dose única e 
endovenosa de 10-100mg ou injeção 
contínua de 2-3mg/min. 
• [ ] usuais: 0,5% pra anestesia local 
infiltrativa; 1-2% pra anestesias tronculares 
e plexulares; 1,5-2% pra anestesia 
peridural; 5% pra raquianestesia; 0,5% pra 
anestesia regional intravenosa. 
• Dose máxima= 10mg/Kg de solução 
com adrenalina a 1:200.000 e 7mg/kg da 
solução simples. 
• =Cloridrato de 2-6-
dimetilanilida do ácido I-n-
butil-DL piperidino-2-
carboxílico; possui longa 
duração, tempo de latência 
longo e bom bloqueio de 
plexos. 
• Fixa-se ao sangue materno 
e, por não afetar o feto, é 
+usada em obstetrícia. 
• [ ] usuais= 0,25% para 
anestesia local infiltrativa; 0,5% 
pra anestesias tronculares e 
plexulares; 0,5-0,75% pra 
anestesia peridural 
• Dose máxima= 2mg/kg. 
• =Cloridrato de 2-
Metilpropilamino 2’-6’-
butiroxilidida; possui efeito longo, 
curto tempo de latência, boa 
analgesia e ótimo relaxamento 
muscular (indicada p/cirurgias 
abdominais). 
• Grande afinidade pelo sangue 
materno e pouco risco de 
depressão fetal. 
• [ ] usuais= 0,25% pra anestesias 
locais infiltrativas; 1% pra 
peridural; 0,5% pra tronculares e 
plexulares; 0,25-0,5% pra 
anestesia regional intravenosa. 
 
• O uso do anestésico local implica conhecer: 
▪ Natureza da droga: propriedades, limitações e toxicidade; As drogas mais potentes são 
mais tóxicas e analgésicas por mais tempos, devendo ser adm em menor concentração. 
▪ Concentração e Volume das soluções; 
▪ Grau de absorção nos tecidos: a fixação dos anestésicos nos tecidos depende da sua 
avidez e da vascularização dos tecidos. Cérebro, pulmões, fígado e miocárdio absorvem mais 
rápido que os tecidos muscular e adiposo. A concentração no sangue corresponde à 
concentração no SNC e deve haver uma absorção lenta e limitada para facilitar a sua 
eliminação e evitar intoxicação. Nesse sentido, vasoconstritores como a adrenalina são 
importantes nas soluções de anestésicos locais para retardar a sua absorção, prolongar a 
analgesia e reduzir o risco de intoxicar numa [] ótimade 1:200.000, mas são contraindicadas em 
uso venoso e bloqueios tronculares dos dedos por risco de necrose isquêmica. 
▪ Velocidade de injeção: regulada cuidadosamente nas injeções venosas. 
▪ Condições do paciente e gravidez: o cálculo da dose é feito de acordo com a idade e o peso corporal para 
crianças e idosos; a dosagem por quilo de peso corporal serve como orientação geral. Os anestésicos locais 
atravessam a placenta por difusão passiva e a maioria deprime o feto; a massa da droga que o afeta depende da 
concentração no sangue materno e da sua avidez pelas proteínas plasmáticas. 
• Reações tóxicas: os anestésicos locais são levados a diversos órgãos pela corrente sanguínea; a intoxicação é 
proporcional à: (1) toxicidade da droga utilizada, (2) sua concentração no sangue e (3) a rapidez com que se acumula no 
SNC. Pode haver raras reações de hipersensibilidade e reações alérgicas com dermatoses de contato. A reação orgânica 
Ordem de 
toxicidade 
+ 
Dibucaína 
Tetracaína 
Bupivacaína 
Mepivacaína 
Lidocaína 
Procaína 
 
- 
 
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frente a uma intoxicação origina-se da depressão das fibras inibitórias pré e pós-sinápticas, provocando rigidez muscular 
e contrações, que se iniciam nos músculos menores, e se estendem aos grandes músculos sob forma de convulsões 
generalizadas até um estágio mais avançado de paralisia. Pode também ocorrer depressão do miocárdio, hipóxia e 
acidose. 
• Os sintomas da superdosagem vão desde um leve mal-estar até convulsões e morte. Após a adm do anestésico, deve-
se observar o enfermo para suspender a injeção logo que os primeiros sinais de intoxicação surgirem. Podem ser 
observadas reações diversas como sonolência, sensação de frio, opressão torácica, distúrbios auditivos, cefaleia, 
insensibilidade nos lábios e língua, disartria, tremores, agitação motora (começa com contração dos músculos da face) e 
mudança comportamental. Se algum destes sintomas aparecerem, deve-se suspender a infiltração e esperar; se 
desaparecerem, continuar a anestesia com cuidado. 
• Também pode haver reações aos vasoconstritores usados nas soluções: aumento da pressão arterial, taquicardia, 
palidez, sudorese, angústia e mal-estar, arritmias ventriculares; por isso, são contraindicados para cardiopatas, 
hipertensos e pessoas hipersensíveis. 
• Conduta para administração de anestésicos locais, prevenção de intoxicações e tratamento: 
 
 
• Tipos de anestesias locais + gerais: 
▪ Bloqueio dos dedos das mãos = Injetar 2-3ml do anestésico em ambos os lados da base do dedo (na região 
subcutânea antes do osso) e, em seguida, infiltra-se o subcutâneo da base do dedo em “anel” para bloquear os ramos 
dorsais e ventrais. Usa-se 5-10 ml de Xilocaína (1,5%) ou Marcaína (0,5%); usar pequeno volume de anestésico e; 
não utilizar soluções com adrenalina, pois podem gerar vasoconstrição prolongada e necrose. 
▪ Bloqueio do plexo braquial = vias interescalênica, axilar e supraclavicular, a qual é a + clássica e bloqueia o 
plexo braquial em sua passagem sobre a 1ª costela, atingindo suas 03 subdivisões. Os principais pontos de reparo são 
a clavícula, a 1ª costela, Artéria Subclávia, Veia jugular e o músculo Escaleno Anterior. 
❖ Técnica: paciente em decúbito dorsal com cabeça voltada 
para o lado contrário ao do bloqueio e o membro a ser 
anestesiado em ligeira abdução. Após a assepsia da região, 
marca-se um ponto 1cm acima do meio da clavícula, o qual 
deve situar-se lateralmente e junto da A. Subclávia, entre os 
músculos Escaleno Anterior e Médio. No ponto marcado, 
introduz-se uma agulha 40/70 ou 40/8 de bisel curto, 
encaixado na seringa, orientada em direção caudal e medial, 
em busca da primeira costela. Se o plexo for tocado, o 
paciente acusará parestesias que podem irradiar-se para 
cotovelo, antebraço e dedos. Nesse momento, deve-se parar a 
progressão da agulha e, se a sensação de choque atingir todos 
os dedos, injetar o anestésico. Mas se as parestesias não 
atingirem a mão, injeta-se um terço da solução, retira-se 
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ligeiramente a agulha, a qual será reintroduzida em várias direções a procura de parestesias nos dedos, quando 
será injetado o restante do anestésico. 
❖ Adulto hígido com volume de 25-30ml e varia-se a concentração conforme a natureza do anestésico: 1,5-2% 
para Lidocaínas; 0,33-0,5% para Bupivacaína; 0,5-1% para Etidocaína. 
❖ Complicações: injeção intravascular (evitada ao aspirar com o êmbolo antes de injetar), perfuração da pleura 
e pneumotórax (precaução é o uso de agulha fina e não introduzir além de 2,5cm). 
▪ Anestesia Intravenosa Regional = injeção venosa de um anestésico local num membro previamente 
dessangrado e mantido isquêmico por um garrote; destinada a intervenções curtas. 
❖ Técnica: seda-se o doente com benzodiazepínico endovenoso (Dienpax 5-10mg); coloca-se um manguito 
pneumático, de preferência com dupla câmara, na raiz do braço ou antebraço, e punciona-se uma veia no dorso da 
mão com uma agulha tipo butterfly nº 23 ou 25, fixando-a com esparadrapo. Assim, dessangra-se o membro, 
mantendo-o elevado alguns minutos ou enrolando uma faixa plástica. Insufla-se a câmara superior, se for um 
manguito de dupla câmara, ou um manguito de aparelho de pressão sem vazamento. Injeta-se 20-50ml de solução 
anestésica e a concentração depende do tipo do anestésico (0,5-1% para Xilocaína; 0,15-0,25% para Marcaína e 
0,25-0,5% para Duranest). Depois de 2-5 minutos, insufla-se a câmara inferior (p/ manguito de dupla câmara) ou 
insufla-se outro manguito de aparelho de pressão abaixo do primeiro. Em seguida, conforme o tipo de 
garroteamento usado, esvazia-se a câmara superior ou esvazia-se e retira-se o manguito superior de maneira que o 
garroteamento inferior situa-se em zona anestesiada. Terminada a cirurgia, o manguito é esvaziado durante 10-15 
segundos e insuflado por 2-3 minutos, o que deve ser repetido para que o anestésico caia lentamente na corrente 
sanguínea. 
❖ Complicações: alterações de sensibilidade, paresias, paralisias de membros. 
• Anestesias Espinhais: 
▪ Raquianestesia =analgesia de fácil execução pelo bloqueio de raízes nervosas e seus gânglios, dentro do estojo 
subaracnóideo. O anestésico também penetra na medula, onde interrompe o influxo nervoso. 
❖ Técnica: paciente sentado na mesa cirúrgica com o pescoço fletido, os cotovelos sobre os joelhos e os pés 
apoiados num banco OU em decúbito lateral com cabeça apoiada num travesseiro, coluna fletida sem torção e os 
MMII também fletidos ao máximo como se levasse os joelhos até o mento. Uma agulha de raquianestesia é 
introduzida em 90º ou ligeiramente inclinada, acompanhando a direção das apófises espinhosas, num ponto médio 
entre 2 apófises lombares, atravessando pele, tecido celular subcutâneo, o ligamento supra-espinhoso, o ligamento 
interespinhoso, o ligamento amarelo e a dura-máter. Nesse processo, percebe-se a perfuração de um tecido 
resistente e, na retirada da agulha, o vazamento de líquor que comprova a penetração no espaço subaracnóideo. Já 
que a anestesia é + densa que o LCR, quando a injeção terminar deve-se posicionar o paciente em decúbito dorsal 
com proclive e pesquisa-se, com uma pinça ou agulha, a instalação/progressão da analgesia; quando ela atinge o 
limite compatível com a operação, posiciona-se o paciente em aclive para interromper a progressão do anestésico 
no liquor e evitar a paralisia dos N.n. intercostais e frênicos. Após 10minutos, o paciente pode ser colocado em 
qualquer posição porque o anestésico já estará fixado no tecido nervoso local. Deve-se também vigiar o paciente 
sempre. 
❖ Para analgesia exclusiva do períneo (“raqui na sela”), procede-se à punção raquidiana no enfermo sentado, 
injetando lentamente 1/3 da dose habitual e mantendo-o nessa posição cerca de cinco minutos. A indicação da 
altura da anestesia obedece à distribuição metamérica dos nervos espinhais: 
a. L1 = púbis; 
b. T12= espinhas ilíacas; 
c. T10= cicatriz umbilical; 
d. T6 = apêndice xifoide; 
e. T4 = mamilos. 
❖ As soluções anestésicas usadas são classificadas em: Hiperbaras (+densas do que o LCR e +usadas), Isobaras 
(mesma densidade do LCR) e Hipobaras (menos densas que o LCR). Pode ser usada Procaína (solução a 5%; 
densidade a 1015/16; dose de 50-150mg que deve ser proporcional ao comprimento da coluna e deve ser reduzida 
de 30% nas parturientes; analgesia por 60 minutos), Lidocaína (solução a 5% com glicose 7,5%; densidade de 
1030/35; dose média de 50-150mg; analgesia de 60-90 minutos), Tetracaína (bloqueio nervoso por 2horas e 
30minutos e tempo de latência de 5-10minutos; solução preparada no momento do uso ao dissolver 10mg em 1ml 
de solução fisiológica de NaCl e acrescentando 2ml da solução de glicose a 10%, para torna-la hiperbara; pode ser 
adicionada 0,1-0,2ml de adrenalina a 1:1000 para prolongar o tempo de anestesia. 
❖ A dispersão do anestésico no LCR depende principalmente da diferença entre a densidade da solução 
anestésica e a do líquor, sendo secundários os fatores de difusabilidade, velocidade da injeção e altura da punção. 
O volume só influencia se for excessivo e a pressão do LCR não influi, podendo haver bloqueios excessivos nas 
parturientes pela redução do espaço subaracnóideo gerada pela hipertensão e dilatação do plexo venoso vertebral 
já que o útero comprime a veia cava. 
❖ EFEITOS: originados do bloqueio da condução nervosa no espaço subaracnóideo, que atinge 1º as fibras 
autonômicas (menor calibre e maior superfície por unidade de volume). Ocorre: 
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a. Bloqueio Autonômico- supressão do influxo simpático, que ocorre por fibras que emergem da coluna 
entre T2 e L1-L2, associado a dilatação dos vasos periféricos, queda da PA e, logo, bradicardia, reflexos 
de vasoconstrição vicariante, estagnação do sangue na periferia, +diferença arteriovenosa de oxigênio e 
elevação da temperatura cutânea. Pode ser necessária adm de atropina contra bradicardia e, pra tratar a 
hipotensão arterial, colocar o paciente em proclive ou uso das simpatomiméticas Efedrina, Veritol e 
Araminol ou injeção de 1000-1500ml de solução glicofisiológica ou Ringer-lactato com 5% de glicose; 
b. Bloqueio sensitivo e motor- 
c. Aparelho respiratório- os Mm. intercostais podem paralisar a medida que o bloqueio raquídico sobe e 
pode atingir os nervos frênicos gerando apneia até parada respiratória; trata-se com oxigênio e proclive. 
d. Aparelho GI- náuseas e vômitos devido ao estímulo vagal. 
e. Aparelho urinário- reduz diurese devido a hipotensão arterial. 
❖ COMPLICAÇÕES: 
a. Dores lombares devido ao traumatismo do periósteo e dos ligamentos ou pelo relaxamento muscular 
com estiramento ligamentar; 
b. Cefaleia pós-raquianestesia por hipotensão (punção com agulha grossa gera escoamento do líquor) ou 
hipertensão (dificuldade de absorção do líquor ou + produção) liquórica; caracterizada por ser fraca ou 
ausente no indivíduo deitado e agravada ao levantar e na posição ereta, localizar-se + nas regiões 
occipital, frontal e orbital, podendo irradiar para nuca e ombros; Prevenida com uso de agulha fina na 
punção e recomendando que o paciente permaneça em decúbito por 24h; Tratada com repouso e, em 
casos mais graves, com analgésicos ou injeção de 20-40ml de solução fisiológica de NaCl no espaço 
peridural. 
c. Síndrome da Cauda Equina- comprometimento das raízes nervosas devido a soluções muito 
concentradas, natureza do anestésico, substâncias neurolíticas ou detergentes usados na lavagem do 
material, gerando paresias, paralisia, distúrbios esfinctéricos e paraplegia. 
d. Traumatismos das raízes e da medula por penetração da agulha, provocando uma sensação grande de 
choque que irradia para os MMII. 
e. Aracnoidite Adesiva- lesões iniciadas por congestão até 
espessamento da aracnoide e formação de aderências e 
comprometimento do fluxo de LCR causados por contaminação 
das soluções anestésicas por anti-sépticos e detergentes. 
f. Meningites sépticas (contaminação do liquor por germens 
patogênicos, gerando cefaleia, rigidez da nuca, afasia, hemiplegia 
e paralisia dos nervos cranianos, podendo deixar sequelas) ou 
assépticas (origem virótica ou química que gera irritação 
meníngea, cefaleia, rigidez da nuca, fotofobia). 
g. Paralisia do VI par craniano- mais vulnerável pelo seu longo 
percurso na base do crânio, o que predispões estiramento e pode 
gerar visão turva, diplopia. 
▪ Anestesia Peridural = anestésico local no espaço peridural (estende-se do 
forame occipital até o hiato sacral, possui orifícios de conjugação e pressão 
negativa que tem influência da pressão negativa pleural e da flexão da coluna) 
e distribui-se metamericamente, dependendo do comprimento da coluna, da 
idade, da dose injetada e das condições do paciente. Exige punção da coluna 
torácica ou cervical porque os elementos sólidos do espaço peridural dificultam a progressão do anestésico. 
❖ Trata-se de uma associação de raquianestesia com anestesia troncular, sendo que o anestésico, a partir do 
espaço peridural, atravessa os buracos de conjugação e penetra nos troncos nervosos, produzindo anestesia 
troncular. Parte desse anestésico atinge o espaço subaracnóideo por via retrógrada, caminhando pelos espaços 
subperineurais e, no espaço subaracnóideo, a mistura do anestésico com o liquor banhando as raízes nervosas e 
a medula origina a raquianestesia. 
❖ Método da perda da resistência: Com paciente sentado ou em decúbito lateral, introduz-se uma agulha Tuohy 
17 ou 18 no centro do espaço interespinhoso, obedecendo a orientação das apófises espinhosas (horizontal na 
coluna cervical, ligeiramente inclinada na coluna lombar e mais inclinada na torácica) até encontrar resistência 
do ligamento interespinhoso. Retira-se o mandril da agulha e adapta-se uma seringa de 5cm³ com solução 
anestésica, solução fisiológica de NaCl, água destilada ou ar, injentando o conteúdo da seringa. A resistência 
aumenta quando a agulha atinge o ligamento amarelo, mas, a medida que a agulha avança lentamente, essa 
resistência desaparece indicando que o espaço peridural foi atingido. Então, retira-se a seringa e verifica-se se 
não reflui liquor, pois a duramater não pode ser perfurada e, com isso, injeta-se 2ml de solução anestésica para 
verificar, após alguns minutos, se há efeitos de raquianestesia. Com a confirmação, procede-se à injeção lenta 
do anestésico. 
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❖ Método pelo sinal da gota: baseia-se na pressão negativa do espaço peridural para punções torácicas, 
introduz-se a agulha até o ligamento interespinhoso e, retirado o mandril, coloca-se uma gota pendente do 
próprio anestésico na embocadura da agulha. Continua-se a introdução lenta e firme da agulha, observando o 
comportamento da gota, até que a gota seja aspirada quando atinge-se o espaço peridural. Daí, interrompe o 
movimento da agulha e injetar lentamente o anestésico. Quando necessitar de analgesia duradoura, introduzir 
um cateter através da agulha de Tuohy. 
❖ As soluções anestésicas sofrem dispersão longitudinal (sentido cefálico) e transversal (p/ espaços 
paravertebrais). Na dosagem, fixa-se o volume da solução entre 15-30ml, variando para Procaína e Lidocaína 
(1,5-2%), Bupivacaína (0,25-0,5%) e Etidocaína (0,5-1%). 
❖ EFEITOS: bloqueio do SNsimpático (dilatação arteriolar, -resistência periférica, +fluxo capilar, bradicardia e 
hipotensão arterial); alterações na circulação coronariana com sinais de isquemia e tensões sistólicas de 60-
70mmhg; redução da perfusão do Neuroeixo com quedas moderadas da pressão; redução da perfusão hepática; 
retenção de Na+ e H2O, obstrução funcional da bexiga; efeitos metabólicos como elevação da glicemia; reações 
térmicas como tremores; pequenas alterações respiratórias. 
❖ COMPLICAÇÕES: perfuração da Dura-máter, intoxicação anestésica, troca de soluções, lesões medulares, 
hematoma peridural,dores lombares, paresias e paralisias, Síndrome da Artéria Espinhal Anterior. 
▪ Anestesia Epidural Sacra (Caudal) = bloqueio extradural com punção através do hiato sacral; se difunde pelo 
espaço epidural lombar e torácico, sendo +frequente em crianças. 
❖ Técnica: Para identificar o canal sacral, basta a sensação de ligamento perfurado, a progressão livre da 
agulha e injeção fácil do anestésico. Na anestesia caudal infantil, adormece-se a criança com 5 a 8mg/kg de 
ketamina pela via muscular ou uma dose endovenosa de barbiturato; depois, colocá-la em decúbito lateral com 
os MMII fletidos e vias aéreas desobstruídas; fazer a anti-sepsia da pele da região sacra e, com o dedo indicador 
esquerdo, palpar uma depressão entre os cornos do sacro e o cóccix, a qual corresponde ao hiato sacral recoberto 
pelo ligamento Sacrococcígeo posterior; com uma agulha 7 ou 8 por 30-40 de bisel curto, inclinada 45º, perfurar 
a pele e o ligamento, aumentando a inclinação e continuando a introduzi-la 2-5cm de acordo com a idade da 
criança, sendo que, antes de injetar a solução anestésica, aspira-se para confirmar se não foi penetrado o fundo 
do saco dural ou um vaso. Na anestesia caudal do adulto, pode ser usado um diazepínico para sedar o paciente, 
utilizando a mesma técnica e agulha de +- 10cm. 
❖ No adulto, a dose é de 15-20ml de solução de lidocaína a 2% ou bupivacaína a 0,5%. Na criança, deve-se 
levar em conta a altura da analgesia em função da idade, do peso e do desenvolvimento da criança. 
❖ COMPLICAÇÕES: perfuração do saco dural, alterações passageiras da motricidade com raras sequelas.

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