Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ARTES VISUAIS CRÍTICA DE ARTE Amir Brito Cadôr Marilene Ap. de Assis http://unar.info/ead SUMÁRIO UNIDADE 01 01 UNIDADE 02 05 UNIDADE 03 11 UNIDADE 04 16 UNIDADE 05 21 UNIDADE 06 26 UNIDADE 07 31 UNIDADE 08 36 UNIDADE 09 41 UNIDADE 10 46 UNIDADE 11 50 UNIDADE 12 55 UNIDADE 13 59 UNIDADE 14 63 UNIDADE 15 68 UNIDADE 16 73 UNIDADE 17 78 UNIDADE 18 82 UNIDADE 19 87 UNIDADE 20 92 CRITICA DE ARTE Unidade 1 - PERCEPÇÃO VISUAL Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Refletir e aprofundar como se dá o processo de percepção de uma imagem no âmbito da Arte. Uma obra de arte é percebida pela nossa inteligência e pela nossa sensibilidade simultaneamente. A informação transmitida pela obra chega até nós pelos nossos cinco sentidos. No caso das artes visuais, o olhar é o privilegiado, e a maneira como percebemos as imagens será determinada pelo funcionamento do cérebro ao reorganizar e interpretar aquilo que vemos. “O pintor pinta com os olhos, não com as mãos. O que quer que ele veja, se o vir com clareza, será capaz de pintar. O ato da pintura exige, talvez, muito cuidado e esforço, mas não mais agilidade muscular do que o artista necessita para escrever seu próprio nome. O importante é ver com clareza”. Maurice Grosser The Painter's Eye ESTUDANDO E REFLETINDO Fonte: http://conceito.de/percepcao-visual, acesso em 24/07/2015 CONCEITO DE PERCEPÇÃO VISUAL A percepção (do latim perceptĭo) consiste em receber através dos sentidos, das imagens, dos sons, das impressões ou das sensações externas. Trata-se de uma função psíquica que permite ao CRITICA DE ARTE Unidade 1 - PERCEPÇÃO VISUAL Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 2 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” organismo captar, elaborar e interpretar a informação que chega do meio. É importante fazer a diferença entre o estímulo, que pertence ao mundo exterior e produz o primeiro efeito na cadeia do conhecimento, e a percepção, que é um processo psicológico e que pertence ao mundo interior. Pode-se dizer que o estímulo é a energia física, mecânica, térmica, química ou electromagnética que excita ou ativa um receptor sensorial. A percepção visual é toda a sensação interior de conhecimento aparente, resultante de um estímulo ou de uma impressão luminosa registrada pelos olhos (pela visão). Em geral, este ato óptico-físico funciona de modo semelhante em todas as pessoas, já que as diferenças fisiológicas dos órgãos visuais afetam unicamente o resultado da percepção. As principais diferenças prendem-se com a interpretação da informação recebida, devido às dessemelhanças a nível de cultura, educação, inteligência e faixa etária, por exemplo. Neste sentido, as imagens podem “ler-se” ou interpretar-se da mesma forma que um texto literário, pelo que existe na operação de percepção visual a possibilidade de uma aprendizagem para aprofundar o sentido da leitura. BUSCANDO CONHECIMENTO http://www.infoescola.com/psicologia/gestalt/, acesso em 24/07/15 A psicologia se consolidou, ao longo do século XIX, como uma vertente filosófica; neste período ela estudava tão somente o comportamento, as emoções e a percepção. Vigorava então o atomismo – buscava-se compreender o todo através do conhecimento das partes, sendo possível perceber uma imagem apenas por meio dos seus elementos. Em oposição a esse processo, nasceu a Gestalt – termo alemão intraduzível, com um sentido aproximado de figura, forma, aparência. CRITICA DE ARTE Unidade 1 - PERCEPÇÃO VISUAL Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 3 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Por volta de 1870, alguns estudiosos alemães começaram a pesquisar a percepção humana, principalmente a visão. Para alcançar este fim, eles se valiam especialmente de obras de arte, ao tentar compreender como se atingia certos efeitos pictóricos. Estas pesquisas deram origem à Psicologia da Gestalt ou Psicologia da Boa Forma. Seus mais famosos praticantes foram Kurt Koffka, Wolfgang Köhler e Max Werteimer, que desenvolveram as Leis da Gestalt, válidas até os nossos dias. Com seu desenvolvimento teórico, a Gestalt ampliou seu leque de atuação e transformou-se em uma sólida linha filosófica. Esta doutrina traz em si a concepção de que não se pode conhecer o todo através das partes, e sim as partes por meio do conjunto. Este tem suas próprias leis, que coordenam seus elementos. Só assim o cérebro percebe, interpreta e incorpora uma imagem ou uma ideia. Segundo o psicólogo austríaco Christian von Ehrenfels, que em 1890 lançou as sementes das futuras pesquisas sobre a Psicologia da Gestalt, há duas características da forma – as sensíveis, inerentes ao objeto, e a formais, que incluem as nossas impressões sobre a matéria, que se impregna de nossos ideais e de nossas visões de mundo. A união destas sensações gera a percepção. É muito importante nesta teoria a ideia de que o conjunto é mais que a soma dos seus elementos; assim deve-se imaginar que um terceiro fator é gerado nesta síntese. Ao olharmos um grupo de pontos próximos, temos a tendência a enxergar uma linha. Reconhecemos um padrão e captamos a forma como um todo. A este fenômeno chamamos de configuração. Existe uma teoria na área de Psicologia, chamada Gestalt, que estuda a maneira como percebemos a relação entre figura e fundo. Segundo esta teoria, é impossível perceber os elementos de uma imagem isolados, sempre existe uma interação entre o lado interno e o externo, as áreas claras e escuras, os elementos e sua posição no espaço. CRITICA DE ARTE Unidade 1 - PERCEPÇÃO VISUAL Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 4 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Um exemplo conhecido de imagem que alterna nossa percepção entre figura e fundo é uma imagem de dois rostos de perfil, um de frente para o outro, formando, no espaço entre os dois, rostos o contorno de uma taça. Veja que interessante! Esta é uma taça ou dois rostos? É um homem tocando saxofone ou o rosto de uma mulher? Figuras Duplas/ Ilusão de Ótica http://www.carlinhosfuracao.com.br/figurasduplas.html CRITICA DE ARTE Unidade 2 - PERCEPÇÃO VISUAL: RECURSOS Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 5 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Simetria - Característica que pode ser observada em algumas formas geométricas, equações matemáticas ou outros objetos. CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Refletir e aprofundar como se dá o processo de percepção de uma imagem no âmbito da Arte. ESTUDANDO E REFLETINDO O artista holandês, Mauritius Cornelius Escher, tem uma vasta produção, em que ele explora recursos de percepção visual, como simetria, semelhança e continuidade, para criar estruturas impossíveis. Escher: "O Mundo Mágico de Escher", montagem com algumas de suas obras Para estudarmos melhor o funcionamento da percepção visual, vamos analisar as formas de organização dos elementos dentro de uma imagem, segundo a Gestalt, definidos como semelhança, proximidade, continuidade, pregnância e fechamento. Semelhança A semelhança atua como um princípio estrutural, como uma força de atração entre coisas separadas, que percebemos como pertencentes ao mesmo grupo. CRITICA DE ARTE Unidade 2 - PERCEPÇÃO VISUAL: RECURSOS Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 6 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Qualquer aspecto que se considere – forma, tamanho, cor, textura, valor e orientação – pode causar agrupamento por semelhança. Proximidade Alocalização espacial atua como fator de agrupamento. Pela vizinhança ou proximidade, percebemos dois elementos distintos e separados como se fosse parte de um único elemento. Essa tendência de agrupar elementos próximos permitiu que os homens identificassem constelações no céu, e possibilitando, também, a leitura correta de um texto (imagine como élersemespaçoentreaspalavras). Continuidade O princípio da continuidade descreve a preferência pelos contornos contínuos e sem quebra, ao invés de outras combinações mais complexas. O desenho de uma cruz é percebido como duas linhas que se cruzam ao invés de quatro linhas que se tocam. Pregnância Pregnância de forma quer dizer rapidez de leitura e interpretação. Mínimo de complicação, imagens sem detalhes, apenas o essencial para transmitir a mensagem com clareza. As placas de trânsito são bons exemplos de pregnância de forma. CRITICA DE ARTE Unidade 2 - PERCEPÇÃO VISUAL: RECURSOS Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 7 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Fechamento É a tendência que o nosso cérebro tem de completar uma figura que está parcialmente incompleta. Acontece com mais facilidade, quando a forma segue uma ordem estrutural que reconhecemos, quando vemos um padrão familiar. Forma A representação de formas tridimensionais (que possuem altura, largura e profundidade) em uma superfície bidimensional (altura e largura) é um bom ponto de partida, para se pensar o desenho ou pintura como forma. Diante de uma simples cadeira, qual o melhor ponto de vista para representá-la? A vista frontal, de topo, de baixo ou a vista lateral? Pode ser que o marceneiro precise de todas as vistas juntas, para conhecer, em detalhes, o projeto da cadeira, saber a forma do assento, do encosto, das pernas, detectar os ângulos e os encaixes. Mas em um desenho que não seja técnico, como escolher entre tantas vistas possíveis? Toda imagem é fruto de uma escolha: de que forma representar um objeto é tão importante quanto o objeto que será representado. Vale dizer que a escolha do material a ser utilizado pode contribuir para o sucesso ou fracasso da representação. Até mesmo em uma fotografia podemos perceber as escolhas do artista, evidente no tipo de enquadramento, na iluminação e no tempo de exposição. CRITICA DE ARTE Unidade 2 - PERCEPÇÃO VISUAL: RECURSOS Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 8 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Centro Geométrico- Para ser localizado, basta traçar uma linha do canto superior esquerdo até o inferior direito e do canto superior direito ao inferior esquerdo. O cruzamento dessas duas linhas é o centro geométrico. Centro perceptivo é o ponto em que nosso olhar centra-se na imagem. BUSCANDO CONHECIMENTO Composição Como percebemos uma imagem? Os diferentes elementos de uma imagem interagem e nossa percepção capta o resultado dessa interação. Cada um de nós percebe aspectos da imagem de modo diferente, porém, há questões de composição que captamos de modo muito similar. Nossa percepção humana nos aproxima, enquanto nossa história de vida, nosso repertório de imagens nos distancia, individualizando o olhar. Quando falamos em olhar, estamos nos referindo ao movimento visual que executamos, ao lermos uma imagem. Há caminhos do olhar que são comuns a todos nós e os artistas utilizam esse conhecimento em seu repertório, seja de maneira intuitiva, ou não. Por exemplo, percebemos uma imagem da esquerda para a direita e isso não tem a ver com nossa orientação da leitura de textos, pois mesmo povos que têm outra orientação de leitura textual percebem as imagens desse modo. Nosso olhar percorre o plano da imagem, geralmente, da borda esquerda superior desenhando um 's' invertido e direcionando-se, portanto, pela margem esquerda inferior. A imagem abaixo ilustra as áreas de força presentes em um plano bidimensional. Veja que há um centro geométrico e que o centro perceptivo é um pouco acima dele. Observe a orientação de leitura que foi mencionada no parágrafo anterior. Atente, ainda, às forças de peso da base e de leveza junto ao topo. Se invertermos a orientação do retângulo acima, ele manterá sua forma, porém o esquema de percepção será totalmente alterado, ou seja, será alterado o peso visual, o centro perceptivo, a área de entrada e de ação. CRITICA DE ARTE Unidade 2 - PERCEPÇÃO VISUAL: RECURSOS Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 9 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” A apresentação desse esquema tem como objetivo dar ferramentas para a leitura de imagens e para melhor compreensão dos elementos da linguagem visual no plano bidimensional. Uma imagem também pode ser lida, a partir de seus elementos formais, como composição, cores, texturas, técnica e materiais utilizados. É preciso levar em consideração, também, o seu contexto, ou seja, a época em que a obra foi produzida, onde foi feita, como foi realizada, o estilo do autor ou da sua época, quais as convenções que a obra segue, com que convenções ela rompe, a que público se destina. Ao se tratar de uma imagem figurativa, é importante identificar os personagens representados, se reais (nobres, burgueses, do clero, pessoas famosas ou familiares do artista), ou fictícios (pertencem a que narrativa conhecida?). Boa parte da pintura do século XIX era identificada, primeiro, pelo gênero ao qual pertencia: retrato, paisagem, natureza morta, pintura histórica. O título, muitas vezes, servia para indicar a leitura da imagem, com vistas a facilitar o reconhecimento de uma cena de uma narrativa bíblica ou mitológica. CRITICA DE ARTE Unidade 2 - PERCEPÇÃO VISUAL: RECURSOS Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 10 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Na arte contemporânea, cada obra cria o seu contexto e seus códigos de leitura estão na própria obra, mas também podem localizar-se fora dela. Para não fazer uma análise superficial e enganadora, é preciso conhecer as ideias do artista, que obras ele produziu antes, com as obras com quem ele está dialogando, se são obras do passado ou do presente, da arte ou da política, da religião ou da mídia. CRITICA DE ARTE Unidade 3 - LEITURA E ANÁLISE DA OBRA DE ARTE Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 11 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Demonstrar como se faz a leitura e análise de uma obra de arte, quais as etapas da descrição e a metodologia utilizada. Nesta unidade, utilizaremos o conhecimento adquirido na unidade anterior, a respeito de elementos de composição e da linguagem visual para fazer a leitura e análise de obras de arte. BUSCANDO CONHECIMENTO A leitura de uma obra deve iniciar sempre pela descrição da obra. A descrição percorre quatro etapas: 1) Dados referenciais: autor, data, tamanho, localização; 2) Descrição material: técnica utilizada, materiais, formas e cores, configurações e arranjo dos motivos; 3) Interpretação: relação formal com contextos históricos, psicológicos, sociais, etc.; 4) Síntese: a compreensão geral, somando as conclusões das etapas anteriores. 1) Dados referenciais Os dados referenciais fornecem-nos informações importantes a respeito da obra e do artista: - o nome do autor permite pesquisarmos e conhecermos outras obras suas, inserindo, assim, a obra que analisamos dentro do contexto de sua produção; CRITICA DE ARTE Unidade 3 - LEITURA E ANÁLISE DA OBRA DE ARTE Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 12 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” - a data abre caminho para a contextualização dessa obras, na história da arte e, ainda, para sabermosde outras obras do mesmo artista que foram realizadas no mesmo período; - o tamanho nos dá uma ideia de como os elementos formais afetam o espectador, por exemplo, uma imagem que tem representado um cômodo de uma casa e mede 20 x 20 cm, afeta o espectador de maneira diferente, se tiver uma dimensão de 4,0 x 4,0 m. Na imagem maior, o espectador sente-se envolvido pelo espaço representado na obra. Outro exemplo é o trabalho do escultor australiano, Ron Mueck, que executa figuras humanas numa escala muito maior do que o corpo humano, cabeças, crianças gigantes. Vale dizer que a percepção que temos dessas figuras é muito diferente de uma escultura em tamanho natural. - A localização serve para pesquisas mais avançadas, que podem precisar de uma visita ao museu, onde se encontra a obra, para esclarecer dúvidas quanto à fatura, tamanho, suporte. Atualmente, essa informação pode ser útil em uma análise de uma obra pública que dialoga com o espaço ao redor ou no caso de um site specific (uma obra criada para um determinado lugar); 2) Descrição material A descrição material também enriquece a análise. A técnica e o material utilizados podem contribuir muito para uma leitura e análise, pois cada técnica possui uma maneira de construção (etapas, modos de pensar) específica e os diferentes materiais escolhidos pelo artista estão, intimamente, ligados ao que é comunicado pela imagem. As informações sobre a técnica e o material podem ainda ser confrontadas com o contexto histórico enriquecendo a análise. A descrição material é o ponto de partida para a crítica formalista, que analisa os elementos formais da obra de arte. Para se fazer uma boa análise, é preciso reconhecer os meios criados pelos artistas, para obter determinados efeitos, tais como: que CRITICA DE ARTE Unidade 3 - LEITURA E ANÁLISE DA OBRA DE ARTE Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 13 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” recursos de composição podem servir para destacar um personagem importante no meio de um grupo de pessoas? Como foi trabalhado o efeito de claro e escuro? E as cores? Um exemplo de recurso de composição é a representação da forma no espaço bidimensional, que pode acontecer de seis maneiras diferentes, a partir dos quais os artistas podem combinar alguns deles na mesma tela, com vistas a um resultado mais convincente: - planos sobrepostos; - variações de tamanho (quanto mais próximo do observador, maior, quanto mais distante, menor); - posição das figuras no plano do quadro; - perspectiva linear; - perspectiva aérea (perda de definição do contorno, tons mais claros no fundo); - mudança de cor (tonalidade azulada para os objetos mais distantes, cores mais intensas no primeiro plano). Uma das etapas iniciais da crítica de arte é a descrição. Mas será que é suficiente descrever a obra para compreender o seu significado? A historiadora Anne Cauqelin considera que a crítica de arte se torna um exercício difícil, para não dizer improvável: com efeito, a parte propriamente descritiva das críticas encolhe hoje em dia, até desaparecer quando se trata de arte contemporânea. É que, se é relativamente fácil narrar uma intriga (a istoria da Renascença), descrever e designar objetos reconhecíveis (um jarro, um divã, uma mulher, flores, um cachimbo ou a fuga do Egito) e glosar através de interpretações possíveis, é menos fácil, convenhamos, prolongar por mais de duas páginas a descrição de um quadro abstrato ou, pior, de um monocromo, para não falar de instalações cujos suportes são de naturezas diversas e cujo vazio, algumas vezes, constitui a peça principal...Falar-se-á, pois, em torno das obras, e o contexto adquirirá um lugar preponderante nos ensaios críticos: a descrição dará lugar à biografia do artista, à classificação de suas obras neste ou naquele movimento, às explicações dos litígios entre o artista e suas galerias, seus marchands, ou a sociedade em seu conjunto. CAUQUELIN, 2005, p. 135. CRITICA DE ARTE Unidade 3 - LEITURA E ANÁLISE DA OBRA DE ARTE Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 14 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” 3) Interpretação Nesta etapa, deve-se considerar o contexto em que a obra foi produzida. Por exemplo, se é uma encomenda da igreja, a obra deve seguir alguns cânones de representação. O ambiente político, o círculo de amizades do artista, a biografia do artista são elementos que, dependendo da obra, podem ter influência na interpretação. As considerações quanto ao estilo podem facilitar o trabalho do crítico de arte, que um crítico pode reconhecê-los em uma pintura desconhecida. Para ele, os elementos já conhecidos são percebidos em outras pinturas feitas dentro do mesmo estilo. É importante lembrar que É a obra, ela mesma, que indica ao crítico o método de sua abordagem. Não há uma teoria prévia à obra. Cada obra pede uma interpretação diferente. A história de uma obra de arte é a história de seu autor e de sua época, mas é, também, a história das sucessivas leituras que dela foram feitas. MORAIS, 1987, p. 292. Ressalte-se que os critérios de avaliação não podem ser os mesmos para uma pintura renascentista, uma pintura cubista e uma pintura abstrata ou um objeto minimalista. 4) Síntese A síntese é a conclusão a que se chegou, depois de analisar a obra, sob diferentes aspectos: algumas hipóteses de interpretação podem ser contestadas neste momento, quando comparamos os elementos formais com outros dados a respeito da obra. CRITICA DE ARTE Unidade 3 - LEITURA E ANÁLISE DA OBRA DE ARTE Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 15 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” BUSCANDO CONHECIMENTO Segue abaixo um exemplo de leitura de uma obra de arte. Observe com atenção, pois esta é uma prática importante para ser utilizada em sala de aula, pois instiga, cada vez mais, o nosso olhar diante da imagem como também do aluno. http://www.abbeville.com/interiors.asp?ISBN=0896593312&CaptionNumber=02 Nesta pintura de Roy Lichtenstein, feita em 1965, Grande Pintura nº 6, a ação do artista é o tema. A pintura é numerada e, por isso, deduzimos que faz parte de uma série. Sobre um fundo cinza, destacam-se quatro áreas de cor sobrepostas: a primeira é amarela, a segunda é branca, a terceira é verde e a quarta é vermelha, todas com uma linha de contorno grossa em preto. A área em vermelho é a que mais se destaca, por estar acima das outras cores, por ocupar o centro da tela, e porque é a única área de cor que vai de uma extremidade a outra. Não são pinceladas de verdade, mas um desenho que imita uma pincelada. As linhas paralelas, que indicam o rastro deixado pelo pincel, garantem a sensação de movimento. Existe até uma área em vermelho, imitando pingos de tinta que caem do pincel, uma referência à técnica de Jackson Pollock. O artista zomba de um tipo de pintura que foi considerada a legítima pintura norte-americana, o expressionismo abstrato surgido na década de 1950. podemos gostar ou não da piada, uma vez percebida, mas é claro que devemos possuir algum conhecimento de seus antecedentes – da tradição do artista e contra a qual está reagindo – se quisermos entender realmente sua obra. WOODFORD, p. 75. CRITICA DE ARTE Unidade 4 - Linguagem Visual: Luz e Cor Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 16 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Dando continuidade a unidade anterior, conheceremos os elementos e princípios que articulam a linguagem visual: luz e cor. ESTUDANDO E REFLETINDO Podemos identificar o elemento da linguagem visual, luz, a partir dos contrastes de claro/escuro. Vale ressaltar que esse contraste pode aparecer independentemente de haver um foco de luz.Em outras palavras, há determinadas cores que, independentemente, de receberem um foco de luz externo, por si só emanam luzes. Os contrastes de claro/escuro contribuem para a apreensão de uma ilusão de volume na representação, através das áreas de vibração/pulsação dos contrastes, eles imprimem um movimento visual que se desdobra no espaço da imagem através dessas diferentes gradações. No elemento luz, também ocorre um ritmo, a partir das pulsações de claro e escuro e esse ritmo constitui uma profundidade. Lembre que com o ponto, com a linha e com a superfície também temos ritmos, porém eles não contribuem para criar a ilusão de profundidade como ocorre com a luz. E para a cor, partimos dos dois sistemas: o subtrativo e o aditivo. No sistema subtrativo, a cor como pigmento. No sistema aditivo, a cor como luz. O estudo das cores como luz e como pigmento, as primárias e secundárias, sua complementariedade e as dimensões da cor (o matiz, o valor e a saturação) são CRITICA DE ARTE Unidade 4 - Linguagem Visual: Luz e Cor Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 17 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” importantes numa leitura e análise de uma imagem. Mas há ainda um terceiro modo de estudarmos a cor: como as relações de cor constituem o espaço da imagem. E por tratar das relações entre elementos e da constituição do espaço da imagem essa terceira abordagem é ainda mais importante para a leitura de imagens. De acordo com as relações colorísticas, a mesma cor pode definir o espaço de maneiras diferentes: relação entre valores: linearilidade/ritmo. Veja o exemplo abaixo de leitura de uma obra de arte. Fonte: http://estoriasdahistoria12.blogspot.com.br/2013/07/analise-da-obra-impressao- nascer-do-sol.html, acesso em 10/09/15. ““Análise da obra:” Impressão, nascer do sol”, de Claude Monet Impression, soleil levant, em português, Impressão, nascer do sol, é a mais célebre e importante obra de Claude Monet. É um óleo sobre tela, datado de 1872 (mas provavelmente realizado em 1873), que representa o nascer da manhã no porto de Havre, com uma névoa cerrada sobre o estaleiro e os barcos e as chaminés ao fundo da composição. O título da obra acaba por denominar o grupo dos pintores impressionistas. O termo impressionismo surgiu quando foi feita uma crítica a esta tela pelo pintor e escritor Louis Leroy: "Impressão, nascer do Sol” – eu bem o sabia! Pensava eu, justamente, se estou impressionado é porque há lá uma impressão. E que liberdade, que suavidade de pincel! Um papel de parede é mais elaborado que esta cena marinha." A expressão foi usada originalmente de forma pejorativa, mas Monet e os seus colegas adotaram a designação de Impressionistas. Em Impressão, nascer do sol, Monet interessa-se pela luz e os seus efeitos na natureza, pinta as coisas como as vê, e não como as imagina ou pressente, e privilegia a rapidez e espontaneidade do traço, em detrimento da precisão do contorno. As cores complementares – tonalidades de azul e laranja são privilegiadas por Monet. Para os impressionistas, as cores influenciam-se mutuamente, e tons complementares dispostos lado a CRITICA DE ARTE Unidade 4 - Linguagem Visual: Luz e Cor Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 18 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” lado têm um maior realce. As pinceladas não apresentam contornos definidos, as formas são mais sugeridas do que representadas. Em “Impressão – Nascer do Sol”, as pinceladas são rápidas, pois a luz muda depressa e a referência visual perde-se. Os impressionistas, como Monet, evitam pintar de memória. Apesar da névoa encontramos representados, elementos do porto, como guindastes e navios. Os reflexos mostram o movimento das águas, que estão crispadas. A composição de “Impressão – Nascer do Sol”, plana e bidimensional, é influenciada pela arte japonesa. A obra encontra-se no Museu Marmottan-Monet em Paris depois de ter sido roubada em 1985 e recuperada em 1990. BUSCANDO CONHECIMENTO Fonte: http://mut-arte.blogspot.com.br/p/teorias-da-arte.html, acesso em 09/09/15. Tipos de Leitura: Uma leitura gestáltica de uma imagem procura considerar elementos da linguagem visual como linha, plano, relevo, textura, volume, cor, luz, dimensão, escala, proporção etc. Tais elementos são considerados em separado e no todo da forma quanto ao equilíbrio, movimento, ritmo, repetição. Pode-se observar, também, o modo como tais elementos estruturam o espaço e as formas e o que esta organização expressa visualmente. Uma leitura semiótica enfocaria signos, símbolos e sinais presentes na imagem. A análise abordaria os sistemas de símbolos e o alto de signos construídos pelo sujeito como um texto visual em remissão a outros textos visuais, uma imagem em relação a diferentes autores e épocas. Esta relação intertextual é um modo de criar, de inventar, de construir imagens que citam outras imagens. CRITICA DE ARTE Unidade 4 - Linguagem Visual: Luz e Cor Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 19 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Uma leitura iconográfica procuraria estudar conteúdo temático, significado das obras de arte como algo distinto de sua forma. O tratamento dado aos temas poderia se apreciado em diversos artistas e épocas. Já uma leitura estética da imagem consideraria a expressividade, o que há de "eterno" e de transitório, de circunstancial de uma época no objeto a ser analisado. Por meio de cor, luz, formas, destaca-se a disposição destas formas no espaço e o modo como os elementos se relacionam. A leitura estética procura saborear a imagem de modo cognitiva e sensível. ...Julgamento: Decidir acerca da qualidade de uma imagem é o foco de estágio do julgamento. Nem tudo que se vê atinge as pessoas do mesmo modo: alguns trabalhos têm um significado especial, outros parecem de má qualidade, certas imagens, para alguns, poderiam ser revistas, outras merecem ser comentadas e outras ainda podem ser esquecidas. Uma das questões mais importante da crítica de arte é decidir se uma imagem merecedora de atenção. Considerar bom trabalho é dizer que "ele tem o poder de satisfazer muitos observadores por um longo tempo". Esta decisão, acerca da excelência de uma obra ou de uma imagem, em geral é confiada às autoridades, as quais nem sempre concordam entre si. Para julgar a excelência de um trabalho é importante conhecer os fundamentos que críticos experientes expõem a respeito de certas imagens. "As razões para julgar a excelência ou a pobreza de um trabalho tem que estar baseadas numa filosofia da arte, não em autoridades pessoais". fonte: http://www.revistaliteraria.com.br/criticadearte.htm, acesso em 27/07/15, às 11h46min A produção artística não é uma ciência, e nem está baseada em critérios objetivos, no entanto, a análise de uma obra pode ser considerada como tal, porque segue uma metodologia específica. CRITICA DE ARTE Unidade 4 - Linguagem Visual: Luz e Cor Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 20 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Existem críticos que analisam em função de seus gostos pessoais, mas para analisar tecnicamente uma obra, é preciso, além dos conhecimentos consistentes sobre História da Arte, estar isento. Questionamentos que podem facilitar o entendimento de uma obra de arte ∑ Quem é o artista que pintou? ∑ Quando a obra foi feita? ∑ Há fatos históricos? ∑ Qual era o cenário? ∑ Quais as influências recebidas pelo artista? Há uma crítica contundente sobre o trabalho dos críticos de arte: principalmente quanto à arte contemporânea, que não possui distinção clara entre os objetos de arte dos objetos funcionais. Há casos de faxineiras demitidas por terem jogado fora alguma “obra de arte” pensando que era lixo. A críticadeve focar apenas o objeto de arte, e nunca se dirigir ao autor da obra. Tampouco deve alimentar discussões. A análise deve ser somente uma referência para o público, uma opinião profissional. A crítica profissional não procura defeitos nem deseja diminuir a grandeza alheia. CRITICA DE ARTE Unidade 5 - A Crítica da Arte em Diferentes Épocas Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 21 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Aplicar a teoria e crítica da arte em diferentes movimentos artísticos. ESTUDANDO E REFLETINDO A modernidade é marcada pelo aparecimento de diferentes movimentos artísticos nas primeiras décadas do século XX. Alguns destes movimentos se sucederam em um curto intervalo, outros foram simultâneos. Os grupos reuniam escritores, poetas, pintores, escultores, coreógrafos e compositores. Com frequência, os mesmos valores, ou em alguns casos, a mesma teoria era aplicada indistintamente a obras literárias e obras de artes visuais. Em alguns casos, os próprios artistas escreveram manifestos, teorias e declarações a respeito de suas obras, divulgados em jornais ou revistas especializadas. A teoria pode preceder as obras, ou ser posterior a elas. Entre os exemplos aqui mostrados, a única exceção é o cubismo, cuja teoria aparece nas pinturas. A expressão “cubista” aparece pela primeira de forma pejorativa, em uma crítica publicada no jornal a respeito de uma exposição de Georges Braque. Pablo Picasso e Georges Braque evitaram fazer declarações a respeito dos trabalhos e podemos acompanhar o pensamento visual que se desenvolve de uma obra a outra: das inscrições pintadas, até o surgimento da técnica de colagem, com inscrições impressas e coladas na tela. CRITICA DE ARTE Unidade 5 - A Crítica da Arte em Diferentes Épocas Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 22 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” BUSCANDO CONHECIMENTO Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3178/critica-de-arte, acesso em 01/09/2015. Definição: em sentido preciso, a noção de crítica de arte diz respeito a análises e juízos de valor emitidos sobre as obras de arte que, no limite, reconhecem e definem os produtos artísticos como tais. Envolve interpretação, julgamento, avaliação e gosto. A crítica de arte nesse sentido específico surge no século XVIII, num ambiente caracterizado pelos salões literários e artísticos, acompanhando as exposições periódicas, o surgimento de um público e o desenvolvimento da imprensa. Os escritos de Denis Diderot (1713-1784) exemplificam o feitio da crítica de arte especializada, que se firma em formulações teórico-filosóficas, mas traz a marca do comentário feito no calor da hora sobre a produção que se apresenta aos olhos do espectador. Nesse momento, observam-se as primeiras tentativas de distinguir mais nitidamente crítica de arte e história da arte, que aparecem como domínios distintos: o historiador voltado para a arte do passado e o crítico comprometido com a análise da produção do seu tempo. A despeito desse esforço em marcar diferenças, as dificuldades em estabelecer limites claros entre os dois campos se mantêm até hoje. Embora distintos, os campos da história e da crítica de arte encontram-se imbricados; afinal o juízo crítico é sempre histórico, na medida em que dialoga com o tempo, e a reconstituição histórica, inseparável dos pontos de vista que impõem escolhas e princípios. As meditações sobre o belo, no domínio da estética, alimentam as formulações da crítica e da história da arte. Num entendimento mais geral, escritos que se ocupam da arte e dos artistas são incluídos na categoria crítica de arte, como é possível observar nos dicionários e enciclopédias dedicados às artes visuais. A história da arte compreende a história da crítica, dos estudos e tratados que emitem diretrizes teóricas, históricas e críticas sobre os produtos artísticos. Os primeiros escritos sobre arte remetem à antiguidade grega. CRITICA DE ARTE Unidade 5 - A Crítica da Arte em Diferentes Épocas Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 23 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Biografias de artistas (como as escritas por Duride di Samo, século IV A.C.), tratados técnicos sobre escultura e pintura, de Senocrate di Sicione e Antigono di Caristo, século III A.C., aos quais se junta, na época romana, o tratado de arquitetura de Vitrúvio, De Architectura, e "guias" artísticos (como o escrito por Pausaniam, século II A.C.) estão entre os primeiros textos dedicados à arte. Nesse contexto, o pensamento estético de Platão e Aristóteles levanta problemas fundamentais sobre o fazer artístico: a questão da fantasia (ou imaginação criadora), do prazer estético, do belo e da imitação da natureza (mimesis). O período medieval não oferece uma teoria da arte ou crítica de arte sistemática, dominam as meditações de ordem teológica, as formulações técnicas e os repertórios iconográficos, com a indicação de exemplos a seres copiados. Na Itália florentina do século XIV, as condições econômico-sociais renovadas se exprimem em um ambiente artístico mais rico e em escritos sobre arte original. Filippo Villani escreve um livro em homenagem a sua Florença natal, 1381-1382, em que destaca a vida de artistas da Antiguidade. Cenino Cennini (ca.1370-ca.1440), com descrições detalhadas da pintura a têmpera e do afresco, abre possibilidades para análises do material artístico. A época renascentista traz interpretações científicas da natureza, apoiadas na matemática e na geometria. Leon Battista Alberti (1404-1472) e Leonardo da Vinci (1452-1519) são os principais teóricos do período, notáveis pelas tentativas de conferir fundamento teórico e base científica às obras. Também se esboçam histórias da arte construídas pelo filão da vida de artista, como Comentários, de Lorenzo Ghiberti (ca.1381-1455), e As Vidas dos mais Excelentes Pintores, Escultores e Arquitetos, de Giorgio Vasari (1511-1574), que se tornam modelares para a produção de Andréa Palladio (1508-1580). O surgimento das academias de arte coincide com a crise dos ideais renascentistas expressas no maneirismo - teorizado por Giovanni Pietro Bellori (1613- 1696) e Luigi Lanzi (1732-1810) - e marca uma mudança radical no status do artista, personificada por Michelangelo Buonarroti (1475-1564). Não mais artesãos das guildas e corporações, os artistas são considerados a partir de então teóricos e intelectuais, o que CRITICA DE ARTE Unidade 5 - A Crítica da Arte em Diferentes Épocas Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 24 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” altera o caráter dos escritos sobre arte. As novas instituições têm papel fundamental no controle da atividade artística e na fixação de padrões de gosto Na academia francesa, fundada em 1648, observa-se uma associação mais nítida entre o órgão e uma doutrina particular, com base no classicismo e na obra do pintor francês Nicolas Poussin (1594- 1665). Controvérsias têm lugar no interior das academias, por exemplo, aquela que envolve Roger de Piles (1635-1709), admirador de Rubens (1577-1640), contra os defensores de Poussin. Nos séculos XVIII, apogeu das academias, e XIX, os teóricos do neoclassicismo Anton Raphael Mengs (1728-1779) e, sobretudo, Joachim Johann Winckelmann (1717- 1768) rompem definitivamente com o modelo fornecido pela "vida de artista", apoiando suas interpretações em testemunhos históricos e no esforço de compreensão da linguagem artística propriamente dita. Tanto o clássico quanto o romântico são teorizados entre a metade do século XVIII e meados do século XIX. O contexto em que as novas idéias se enraízam é praticamente o mesmo: as contradições ensejadas pela Revolução Industrial e RevoluçãoFrancesa. O romantismo é sistematizado histórica e criticamente pelo grupo reunido com os irmãos Schlegel na Alemanha, a partir de 1797, ao qual se ligam Novalis, Tieck, Schelling e outros. A filosofia de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) está na base das formulações românticas alemãs e tem forte impacto no pré-romantismo do sturm und drang [tempestade e ímpeto]. O século XIX assiste à expansão das exposições de arte e à ampliação do campo de atuação do crítico. Vale lembrar que os pintores, estão envolvidos no debate crítico com suas obras e escritos, por exemplo, Eugène Delacroix (1798-1863) e suas considerações sobre o romântico, e Gustave Courbet (1819-1877), responsável pelo estabelecimento de um padrão de arte realista. A partir daí, os literatos passam a ocupar papel de ponta nas discussões sobre arte em geral, entre eles Stendhal (1783- 1842), os irmãos Edmond Goncourt (1822-1896) e Jules Goncourt (1830-1870) e Émile Zola (1840-1902), o crítico do impressionismo. Mesmo nos movimentos de vanguarda dos primeiros decênios do século XX, escritores e poetas mantêm suas posições de CRITICA DE ARTE Unidade 5 - A Crítica da Arte em Diferentes Épocas Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 25 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” críticos de arte atuantes - Apollinaire (1880-1918), cujas formulações são fundamentais para o cubismo, e André Breton, escritor e teórico do surrealismo. A crítica de Charles Baudelaire (1821-1867), em especial seu célebre ensaio O Pintor da Vida Moderna, sobre Constantin Guys (1805-1892), mostra-se fundamental para a definição de arte moderna e da própria ideia de modernidade. O moderno declara Baudelaire, não se define pelo tempo presente - nem toda a arte do período moderno é moderna -, mas por uma nova atitude e consciência da modernidade. Acompanhar a história da crítica de arte no século XX obriga à consideração detida de diversas perspectivas teórico-metodológicas, que informam tanto a crítica propriamente dita quanto a história da arte, assim como o levantamento da crítica mais militante, veiculada pelos jornais e revistas especializadas. No Brasil, o surgimento da crítica de arte liga-se à criação da Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), no Rio de Janeiro, em 1826, que inaugura o ensino artístico formal no país. Seu primeiro representante é o pintor, crítico e historiador de arte Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879), que a dirige entre 1854 a 1857. Porto-Alegre confere importância destacada à pintura de paisagem que deveria, segundo ele, sair da cópia de estampas e dos quadros da pinacoteca e voltar-se para o registro da natureza nacional, no entanto ele defende o estabelecimento de uma tradição de pintura histórica brasileira. CRITICA DE ARTE Unidade 6 - Teoria e Crítica no Movimento Estético Artístico: Cubismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 26 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Aplicar a teoria e crítica da arte nos movimentos artístico: Cubismo. ESTUDANDO E REFLETINDO O cubismo teve sua origem histórica na obra de Cézanne, como conhecemos anteriormente. Como vimos, para ele a pintura deveria tratar as formas imutáveis da natureza, como cones, esferas, cubos e cilindros. Os cubistas foram mais longe: representavam os objetos como se estivessem abertos, com todos os seus no plano frontal em relação ao observador. Essa decomposição dos objetos significou o abandono da intenção de representá-los em perspectiva e em três dimensões: altura, largura e profundidade. É caracterizado por uma pintura disciplinada e geométrica, com formas simplificadas e com o predomínio de tons de ocre, branco, preto e cinza. As primeiras pinturas de Picasso e Braque eram, propositalmente, muito parecidas e nenhum dos dois assinava, de modo a aumentar a confusão em torno da autoria. Os primeiros quadros cubistas eram chamados de cubismo analítico, pois havia uma preocupação com a decomposição da forma em seus diversos aspectos. Com a introdução da colagem, surge o cubismo sintético, assim chamado, porque reduzia as formas ao mínimo de elementos necessários. Ao invés de imitar a textura de um objeto, os artistas colaram direto na tela um pedaço de papel impresso com a textura desejada: podia ser um papel de parede, a primeira página do jornal, um rótulo de vinho ou uma partitura musical. CRITICA DE ARTE Unidade 6 - Teoria e Crítica no Movimento Estético Artístico: Cubismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 27 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Georges Braque. The Emigrant, 1911- 1912. http://www.chess- theory.com/ctcprd03039_pratique_echecs_reflex ions_debs_arts.php Picasso. Pipe, Glass, Bottle of Vieux Marc, 1914. http://www.guggenheim- venice.it/inglese/collections/artist i/dettagli/pop_up_opera2.php?id _opera=274&page Observe atentamente as pinturas de Braque e Picasso. O contorno das figuras é interrompido, de modo a não fazer distinção entre o espaço ao redor e o espaço interior. O espaço pictórico fica assim valorizado, a superfície da tela, como um todo, ganha destaque. A negação do espaço ilusionista criado pela perspectiva é conseguida pelo uso de pontos de vista simultâneos. CRITICA DE ARTE Unidade 6 - Teoria e Crítica no Movimento Estético Artístico: Cubismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 28 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” O crítico Louis Vauxcelles, trata a realidade plástica anunciada nas composições de Braque como uma realidade construída com "cubos", no jornal Gil Blas, 1908, o que batiza a nova corrente. Cubos, volumes e planos geométricos entrecortados reconstroem formas que se apresentam, simultaneamente, em vários ângulos nas telas. O espaço do quadro, sempre plano como já observamos acima, rejeita distinções entre forma e fundo ou qualquer noção de profundidade, ou seja, o abandono daquela ideia de perspectiva que temos; altura, largura e profundidade representada num plano que é bidimensional. BUSCANDO CONHECIMENTO Fonte: http://www.mundoeducacao.com/historiageral/a-leitura-obra-guernica-picasso- para-estudo-historia.htm, acesso em 03/09/15. Guernica (1937) – Pablo Picasso O pintor espanhol Pablo Picasso nasceu em Málaga, Espanha. No contexto da obra Guernica, a Espanha sofria com os horrores da Guerra Civil Espanhola e com da ditadura franquista. No dia 26 de Abril de 1937 a pequena aldeia de Guernica, com pouco mais de sete mil habitantes, foi atacada por toneladas de bombas incendiárias pelas forças nacionalistas que apoiavam o General Francisco Franco. O General atacou CRITICA DE ARTE Unidade 6 - Teoria e Crítica no Movimento Estético Artístico: Cubismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 29 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Guernica cruelmente, com o único intuito de promover a barbárie, pois aquela região da Espanha era desprovida de possíveis estratégias de guerra, tanto do lado dos republicanos quanto do exército franquista. Esse ataque foi considerado um dos piores da História, o símbolo da barbárie. Pablo Picasso, ao saber das atrocidades ocorridas nesta cidade, revoltado, pintou o quadro Guernica em pouco tempo. A obra foi para Picasso uma forma de protesto contra a guerra civil espanhola e a ditadura franquista. O desejo do artista era despertar nas pessoas que apreciariam a pintura o repudio à guerra. A obra permaneceu muito tempo em Paris, Picasso pediu que o quadro só retornasse à Espanha quando o país novamente fosse uma democracia. Hoje Guernica encontra-se no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madri. O pintor foi um dos precursores do Cubismo, pintou a obra Guernica trintaanos após sua primeira obra Cubista, Les demoiselles d’Avingnon. Guernica é considerada uma pintura cubista, é possível notar na obra as características do cubismo ao apresentar as figuras de forma desarmoniosa, subjetivas. A obra de arte para um artista moderno como Picasso cumpre sempre uma função social. Ao observarmos a tela nos deparamos com figuras que expressam aflição, dor, insegurança, sofrimento, como a mulher com a criança no colo e o cavalo. As cores usadas pelo pintor em tons cinza e nas cores preta e branca nos remetem à morte, ao horror, ao desumano, à guerra e à destruição. Os aspectos simbólicos da obra expressados pelas figuras do touro, da flor, da mão que segura uma espécie de lamparina são fortes e passíveis de várias interpretações. São figuras que no conjunto da obra nos dão a ideia da luta, da violência acontecida no vilarejo e ao mesmo tempo representam o recomeço, a esperança de um povo inocente que se viu massacrado pela ambição de outros. Fonte: http://www.ateliearterestauracao.com.br/arte-e-politica-analise-da-obra- guernica-de-pablo-picasso/, acesso em 03/09/15. CRITICA DE ARTE Unidade 6 - Teoria e Crítica no Movimento Estético Artístico: Cubismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 30 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” ...A crítica concluiu corretamente, que, muito tempo depois da exposição fechar as portas, o quadro passaria a ter vida própria e que a luta entre o estilo romântico e o clássico no quadro refletiam o tema violento. Como grande intelectual, Picasso também incomoda a ciência enviando através da obra o seguinte recado ao outros artistas da época:- “não traia a cultura, não renegue sua vocação humanista para pôr-se a serviço de um poder infame, não pensem que chegarão a um acordo com a tecnologia industrial, esperando redimi-la com finalidade social.” CRITICA DE ARTE Unidade 7 - Teoria e Crítica no Movimento Estético Artístico: Futurismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 31 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Aplicar a teoria e crítica da arte no movimento artístico: Futurismo. ESTUDANDO E REFLETINDO (Fonte: http://www.historiadaarte.com.br/linha/futurismo.html., acesso em 01/09/15). Futurismo: O primeiro manifesto foi publicado no Le Fígaro de Paris, em 22/02/1909, e nele, o poeta italiano Marinetti, dizendo que "o esplendor do mundo enriqueceu-se com uma nova beleza: a beleza da velocidade. Um automóvel de carreira é mais belo que a Vitória de Samotrácia". O segundo manifesto, de 1910, resultou do encontro do poeta com os pintores Carlo Carra, Russolo, Severini, Boccioni e Giacomo Balla. Os futuristas saúdam a era moderna, aderindo entusiasticamente à máquina. Para Balla, "é mais belo um ferro elétrico que uma escultura". Para os futuristas, os objetos não se esgotam no contorno aparente e seus aspectos se interpenetram continuamente a um só tempo, ou vários tempos num só espaço. O grupo pretendia fortalecer a sociedade italiana através de uma pregação patriótica que incluía a aceitação e exaltação da tecnologia. O futurismo é a concretização desta pesquisa no espaço bidimensional. Procura- se neste estilo expressar o movimento real, registrando a velocidade descrita pelas figuras em movimento no espaço. O artista futurista não está interessado em pintar um automóvel, mas captar a forma plástica a velocidade descrita por ele no espaço. Os artistas elogiavam as máquinas e o dinamismo da vida nas grandes cidades – o automóvel estava ganhando as ruas, substituindo as charretes e carroças, e o avião CRITICA DE ARTE Unidade 7 - Teoria e Crítica no Movimento Estético Artístico: Futurismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 32 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” ainda era uma novidade. Participaram do grupo os pintores Carlo Carrá, Giacomo Balla, Umberto Boccioni, entre outros. Giacomo Balla. Dinamismo de um cachorro com coleira, 1912 http://www.univie.ac.at/cga/art/modern.html Umberto Boccioni. Formas únicas de continuidade no espaço, 1913 http://www.tate.org.uk/servlet/ViewWork?cgrou pid=999999961&workid=1208&searchid=10614 &tabview=image Observe atentamente a pintura de Giacomo Balla e a escultura de Umberto Boccioni. No futurismo, os pintores procuraram registrar a velocidade e inventaram, para isso, um recurso que seria muito comum depois nas histórias em quadrinhos – as linhas paralelas que indicam o movimento. Olhe para as patas do cachorro, além de linhas paralelas, existe a repetição das formas para nos passar a ilusão de velocidade e sensação de movimento. Ainda neste movimento, nas composições, existe o predomínio de linhas diagonais, que dão a sensação de dinamismo. Veja que a escultura Boccioni. Ele nos deslumbra com seu registro do movimento numa arte por definição imóvel em formas únicas de continuidade no espaço. Perceba que ela está posicionada na diagonal e a sobreposição das muitas formas sobreposta, demarcando CRITICA DE ARTE Unidade 7 - Teoria e Crítica no Movimento Estético Artístico: Futurismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 33 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” o movimento na diagonal, o formato do rosto e o polimento do bronze nos passam a ideia de um ser que não é do nosso tempo. Poderíamos até dizer que nos dia de hoje continua sendo uma escultura futurista. BUSCANDO CONHECIMENTO Fonte: http://www.unioeste.br/travessias/DOSSIE/QUATRO%20ARTISTAS%20E%20SEUS%20PO SICIONAMENTOS.pdf , acesso em 03/09/15. Embora iniciado por Marinetti como um movimento literário, as ideias futuristas expandiram-se a outras áreas, no ano seguinte cinco artistas plásticos lançaram o “Manifesto dos pintores Futuristas” e logo em seguida em seguida lançaram a “Pintura Futurista: manifesto técnico”, os artistas eram Umberto Boccioni (1881-1916), Gino Severini (1883-1966), Carlo Carrá (1881-1966), Luigi Russolo (1885-1947) e Giacomo Balla (1871 – 1958). O princípio unificador das proposições desses artistas era a paixão pela velocidade, pelo poder, pelas novas máquinas e o desejo de transmitir nas obras o dinamismo da cidade moderna e industrial. Do “Manifesto futurista: manifesto técnico” de onze de abril de 1910, destacamos o seguinte trecho: Tudo se move, tudo corre, tudo se volta rapidamente. Uma figura nunca se encontra estável diante de nós, mas aparece e desaparece incessantemente. Pela persistência da imagem na retina, as coisas em movimento se multiplicam, se deformam, sucedendo-se, como vibrações, no espaço que percorrem. Assim um cavalo a correr não tem quatro pernas, mas vinte, e seus movimentos são triangulares. (CHIPP, 1996, p.295). CRITICA DE ARTE Unidade 7 - Teoria e Crítica no Movimento Estético Artístico: Futurismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 34 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Giacomo Balla. Il Mani del Violista, óleo sobre tela 52X75 cm, 1912. Giacomo Balla aplica essas ideias em seu quadro intitulado Le mani del Violista (Ritmo de um violinista,1912), são representações sequenciais que almejam a decomposição do movimento, neste trabalho Balla revela a influência dos estudos fotográficos de locomoção humana e locomoção animal realizados em 1872 por Eadweard Muybridge (1830 – 1904). Portanto para Giacomo Balla e outros futuristas a máquina é vista como índice de velocidade, como índice de um dinamismo adorável; aguçados por esta percepção, passam a perceber tudo em constante movimentação e almejaram traduzir essa sensação de dinamismo em suas obras. Fonte: http://www.pco.org.br/caderno-cultural/giacomo-balla-e-o-futurismo-a- revolucao-e-a-contrarrevolucao-na-pintura-italiana/eoje,o.html , acesso em03/09/15. Em outra tela de 1912, Balla conseguiu melhores resultados também a partir das ideias que lhe deram as fotografias de Marey. Era Moça Correndo em uma Varanda, onde a garota é apresentada em uma composição plana executada segundo as técnicas pontilhistas. Sua imagem, fragmentada como um mosaico se expande por todo o plano da tela, onde elas se interpenetram e dão uma maior unidade formal e uma mais clara sensação de movimento. A tela não possui um ponto central, nela a CRITICA DE ARTE Unidade 7 - Teoria e Crítica no Movimento Estético Artístico: Futurismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 35 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” figura aparece como uma mera impressão, um rastro de uma pessoa que já não está ali, e onde sua imagem se funde com a do portão de grade que aparece ao fundo. Outro trabalho significativo deste ano é a Lâmpada – Estudo de Luz. Executada também a partir do pontilhismo, a intenção de Balla repousara aí inteiramente na tentativa de captar a luminosidade da lâmpada de um poste de rua. Não a incidência da luz nos objetos, como foi tradicionalmente feita pelos impressionistas e pós- impressionistas, mas a irradiação luminosa da lâmpada no espaço. Utilizando os preceitos do divisionismo de tons, ele procura representar todas as variações da luz elétrica em seu movimento iridescente até sua dissipação no escuro na noite, com seus brancos, amarelos, laranjas, azuis, verdes, vermelhos, roxos etc; relegando para um segundo plano a luz da lua, que aparece mergulhada e ofuscada pela luminosidade grandiosa da lâmpada que cresce a partir do centro da tela. Este é também um manifesto estético futurista, deixando aí bastante clara sua crença no poder da técnica humana sobre a natureza, o poder da eletricidade que subjuga tanto o escuro da noite quanto de sua única luz natural, agora frágil e impotente, da lua e dos astros. CRITICA DE ARTE Unidade 8 - Teoria e Crítica, Movimento: Construtivismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 36 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Aplicar a teoria e crítica da arte no movimento: Construtivismo. ESTUDANDO E REFLETINDO Para o construtivismo, a pintura e a escultura são pensadas como construções e não como representações, guardando proximidade com a arquitetura em termos de materiais, procedimentos e objetivos. O termo construtivismo liga-se diretamente ao movimento de vanguarda russa e a um artigo do crítico N. Punin, de 1913, sobre os relevos tridimensionais de Vladimir Evgrafovic Tatlin (1885 - 1953). A consideração das especificidades do construtivismo russo não deve apagar os elos com outros movimentos de caráter construtivo na arte, que ocorrem no primeiro decênio do século XX, por exemplo, o grupo de artistas expressionistas reunidos em torno de Wasilli Kandinsky (1866 - 1914) no Der Blaue Reiter [O Cavaleiro Azul], em 1911, na Alemanha; o De Stijl [O Estilo], criado em 1917, que agrupa Piet Mondrian (1872 - 1944), Theo van Doesburg (1883 - 1931) e outros artistas holandeses ao redor das pesquisas abstratas; e o suprematismo, fundado em 1915 por Kazimir Malevich (1878 - 1935), também na Rússia. Isso sem esquecer os pressupostos construtivos que se fazem presentes, de diferentes modos, no cubismo, no dadaísmo e no futurismo italiano. Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3780/construtivismo, acesso em 10/08/15. O quadro construtivista é conhecido pelas formas simples, pela economia dos meios e pelas áreas uniformes de cores puras. Existe uma ordem racional que tira partido da geometria como estrutura de composição. O dinamismo é obtido pelo uso de linhas diagonais, e a assimetria é uma forma de evitar a monotonia. CRITICA DE ARTE Unidade 8 - Teoria e Crítica, Movimento: Construtivismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 37 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Para os construtivistas, a pesquisa deveria centrar-se em novas formas, quer dizer novos significados. Uma de suas premissas é a fusão de forma e conteúdo, que pode ser observada na arquitetura racional e nos objetos do cotidiano, que devem ser belos e funcionais. Neste sentido, não existe diferença entre arte aplicada e belas artes. O construtivismo buscava a socialização da arte e, para atingir este objetivo, os artistas eram também projetistas. Por exemplo, Vladimir Tatlin (1885-1953) ensinou fabricação em madeira e metal, desenhou roupas para operários, fez cenários para o teatro, interessou-se pelo cinema e fez experimentos com planadores. Alexander Rodchenko (1891-1956) trabalhou com tipografia, fez ilustrações para revistas, além de projetos de cartazes e mobiliários. El Lissitzky (1890-1941) ocupou-se com arquitetura e projetos de interiores, mobiliário, ilustração e projetos de revistas. El Lissitzky. Beat the Whites with the Red Wedge, 1919. http://www.artinthepicture.com/paintings/El_ Lissitzky/Beat-the-Whites-with-the-Red- Wedge/ Rodchenko, cartaz de 1924 http://www.creativereview.co.uk/cr- blog/2008/august/constructivism-the-ism- that-just-keeps-givin CRITICA DE ARTE Unidade 8 - Teoria e Crítica, Movimento: Construtivismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 38 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” BUSCANDO CONHECIMENTO Fonte: https://comunicacaoeartes20122.wordpress.com/2013/01/25/o-construtivismo/, acesso em 03/09/15. O Construtivismo brasileiro tem suas raízes na década de 1950. De fato, em 1949, se situam as primeiras atividades de artistas como Waldemar Cordeiro (pesquisas com linhas horizontais e verticais), bem como os experimentos iniciais de Abraham Palatnick com a luz e a cor; de Mary Vieira com volumes; de Geraldo de Barros com “fotoformas”. Waldemar Cordeiro Em 1952 formula e assina o Manifesto Ruptura em parceria com Geraldo de Barros, Luis Sacilotto, entre outros, que tinha por fim a defesa de novos princípios para a prática artística, teorizando suas ideias. Emprega a proposta de arte industrial, inspirado nos ideais construtivos, e defende a integração do artista com a indústria. “Movimento” Geraldo de Barros: Sofrendo influências do movimento construtivista e da arte concreta, muda sua visão de representação da realidade e lhe aplica novas regras. Suas fotoformas representam uma nova era no processo de fotografia no Brasil, dá a ela novas possibilidades, onde esta deixa o campo da mera representação e passa a ser considerada uma nova linguagem artística. Explora ao máximo todas as possibilidades de manipulação do negativo. CRITICA DE ARTE Unidade 8 - Teoria e Crítica, Movimento: Construtivismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 39 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” “Fotoforma Pampulha” Amilcar Castro, 1920-2002. Sua matéria prima é chapa de aço e ferro, ele trabalha em suas obras com expressão e forma. É considerado pelos críticos e historiadores da arte um dos escultores construtivos mais representativos da arte brasileira contemporânea. “Escultura na usp” Lygia Clark estendeu a cor até à moldura, anulando-a ou até mesmo trazendo-a para dentro do quadro, criando obras como Superfícies Modulares e os Contra-Relevos. No período de 1960 a 1964 surgiram seus Bichos: esculturas articuladas manipuladas pelo público. Com eles Lygia indicava sua busca: a participação do espectador em seu trabalho, por meio de objetos sensoriais. CRITICA DE ARTE Unidade 8 - Teoria e Crítica, Movimento: Construtivismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 40 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” “O Bicho” CRITICA DE ARTE Unidade9 - Teoria e Crítica, Movimento: Expressionismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 41 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Aplicar a teoria e crítica da arte no movimento: Expressionismo. ESTUDANDO E REFLETINDO O expressionismo abstrato é considerado a arte moderna americana por excelência. Hoje sabemos que a rápida aceitação que esse estilo de pintura teve na sociedade americana foi consequência do apoio do governo, que utilizou a arte abstrata para mostrar como seu regime apoiava a liberdade de expressão em oposição aos governos comunistas e suas revoluções culturais repressoras. Para o artista expressionista, a obra é mais do que a organização de elementos e cores, na superfície pictórica, a obra é sua expressão pessoal. A aparência externa, no caso das paisagens, é uma forma de mostrar o interior, a personalidade do artista. Os retratos são, muitas vezes, retratos psicológicos que mostram o estado de alma do pintor ou do retratado, e o sentimento mais comum no período era a angústia diante dos desastres da guerra. As pinturas se destacam pelas cores intensas, com fortes contrastes, e também pelo uso de cores complementares. Muitas vezes, a pincelada é aparente, enfatizando as linhas de composição, demonstrando espontaneidade. Outra característica é o uso não-natural da cor (cavalo azul, céu laranja), ou a cor emocional, a cor usada para criar um determinado estado de espírito no espectador. Os artistas se interessaram por formas consideradas primitivas ou não condicionadas (arte das crianças, dos lunáticos, dos povos não-europeus). Revitalizaram a xilogravura, técnica de reprodução de imagens, a partir de uma matriz de madeira, que estava quase em desuso. Faziam parte do grupo, “A ponte”, os artistas Oskar Kokoschka, Paula Modersohn-Becker, Ernst Ludwig Kirchner, Karl Schmidt-Rottluff. CRITICA DE ARTE Unidade 9 - Teoria e Crítica, Movimento: Expressionismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 42 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Kandinsky, Paul Klee, Auguste Macke, Alexej Jawlensky e Gabriele Münter eram do grupo “Cavaleiro Azul”, de Munique. Emil Nolde. O Profeta, 1912 (http://www.harpers.org/archive/2008/03/hbc -90002636 Franz Marc. Raposa (raposa preta e azul), 1911. (http://www.e-flux.com/shows/view/6553 Caro aluno observe a xilogravura de Emil Nolde, O Profeta, e perceba que uso de ferramentas de corte (facas e goivas) contribui para o traço forte e incisivo, linhas de contorno grossas e o aspecto rude destas imagens, porque ao utilizarmos estes materiais não temos total controle da ferramenta como normalmente temos com o lápis ao desenharmos. Mas era com estes resultados que as goivas e facas proporcionam, ferramentas da gravura, que o artista expressionista consegue passar sentimentos de tristeza, solidão, desespero, agonia e outros. CRITICA DE ARTE Unidade 9 - Teoria e Crítica, Movimento: Expressionismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 43 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” BUSCANDO CONHECIMENTO Fonte: https://artesvisuaiscentro.files.wordpress.com/2010/05/apostilaav9a.pdf , acesso em 10/09/15. O Expressionismo já indica, com seu próprio nome, a principal razão de sua existência: expressar os sentimentos e visões de mundo dos seus artistas. Representado principalmente por Munch, Kirchener, Dufy, Kokoschka, o Expressionismo já fora anunciado pelo pintor pós-impressionista Van Gogh, seu grande precursor. Os artistas expressionistas estavam inconformados com a aparência vulgar e convencional do mundo visível e com o modo descritivo com que a arte acadêmica representava este mundo. Passam então a distorcer as formas naturais para expressar suas emoções, seus sentimentos particulares e sua visão sobre o mundo. Para isso fazem uso de cores fortes, de traços e linhas marcados e vibrantes, que resultam em uma dramaticidade e expressividade extremas. O expressionismo manifestou-se também no cinema alemão e russo do início do século. Assim como na pintura, os filmes expressionistas (o cinema ainda era em preto e branco nesta época) rompem também com o realismo das formas, através de imagens que fazem uso do exagero expressivo, imagens plenas de dramaticidade e teatralidade. Aí também os temas são soturnos e densos. Veja o exemplo abaixo de leitura de uma obra de arte. Fonte: http://ulbra-to.br/encena/2013/01/27/Angustia-e-desespero-existencial-O-Grito- de-Edvard-Munch, acesso em 010/09/15. O Grito, de 1893, é uma das obras mais importante do movimento expressionista. Ele expressou o seu inferno interior e o mal-estar que a loucura representava em seu cotidiano. O quadro representa uma pessoa num momento de CRITICA DE ARTE Unidade 9 - Teoria e Crítica, Movimento: Expressionismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 44 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” profunda angústia e desespero existencial. O cenário de fundo é a doca de Oslofjord, em Oslo, ao pôr do sol. O Grito, 1893, óleo sobre tela, 91 x 73 cm A tela apresenta uma figura humana com linhas sinuosas, que nos dá a dimensão exata do desespero de um sujeito que se contorce sob o efeito de sua dor, de suas emoções. As linhas sinuosas também estão presentes no céu, na água. A linha diagonal da ponte direciona o olhar do espectador para a boca da figura que se abre num grito perturbador. A sensação é de querer extravasar a nossa dor junto com esse sujeito que sofre que sente que se desespera. Gritamos com ele. O que espantou os críticos alemães do fim do século XIX foi que o pintor norueguês não pintava o que via, mas “exprimia o que atormentava sua alma”. O próprio Munch revelou que pintava os traços e as cores que afetavam o seu olhar CRITICA DE ARTE Unidade 9 - Teoria e Crítica, Movimento: Expressionismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 45 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” interior. Ele pintava de memória sem nada acrescentar, sem os pormenores que já não via à sua frente. Talvez seja essa a razão da simplicidade das suas telas, do seu óbvio vazio. Ele pintava as impressões da sua infância, trazia as cores de um dia esquecido. CRITICA DE ARTE Unidade 10 - Teoria e Crítica, Movimento: Dadaísmo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 46 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Aplicar a teoria e crítica da arte no movimento: Dadaísmo ESTUDANDO E REFLETINDO O Dadaísmo foi um contra movimento fundado por um grupo de artistas estrangeiros, refugiados da Primeira Guerra Mundial, na neutra Zurich (Suíça), em 1916. Alguns autores consideram o surrealismo como uma sequência do dadaísmo, para outros, entretanto, é entendido como um movimento completamente novo. Esse movimento artístico e literário, que se baseava na associação livre de ideias, como forma a libertar o subconsciente do realismo, surgiu em Paris na década de 1920, no período entre as duas guerras, mais ou menos ao mesmo tempo em que apareciam outros movimentos modernistas, como o expressionismo, o dadaísmo, o cubismo. Desde o início, Dadá é um movimento internacional: Tristan Tzara e Marcel Janco eram romenos, Hugo Ball, Hans Richter e Huelsenbeck eram alemães, Picabia e Duchamp, franceses, Man Ray norte-americano. A colagem é uma descoberta dadaísta, uma maneira de incorporar o acaso na produção de obras de arte. Outra invenção do grupo é a fotomontagem, em que se destaca o trabalho de Hannah Höch, John Heartfield e Raoul Hausmann. CRITICA DE ARTE Unidade 10 - Teoria e Crítica, Movimento: Dadaísmo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 47 CENTRO UNIVERSITÁRIODE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Francis Picabia. Parada amorosa, 1917 (http://www.artinthepicture.com/paintings/Franc is_Picabia/Parade-amoureuse/ John Heartfield. Não passarão, 1936 (http://shuperlocodesign.wordpress.com/2008/1 0/04/d-a-d-a-i-s-m-o-john-heartfield-max- grosz-man-ray/ Caro aluno perceba, nas imagens acima, que o objetivo do grupo era destruir a noção de obra de arte, confundir os críticos, chocar a burguesia e, com isto, criticar os costumes da sociedade que conduziram inevitavelmente à guerra. Não existe um estilo dadá, mas é antes uma atitude dos membros do grupo, uma tentativa de acabar com as fronteiras entre arte e vida. Picabia dizia, ironicamente, “sempre que a arte aparece, a vida desaparece”. Enquanto Hugo Ball e Hans Arp buscavam uma nova arte, Tzara e Picabia procuravam a destruição da arte pela zombaria. Enfim, a palavra dadá não tem sentido e os artistas ligados ao dadá se esmeravam em construir objetos desprovidos de significado, o que os aproxima muitas vezes do surrealismo. BUSCANDO CONHECIMENTO Fonte: http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2012/02/06/909627/conheca- critico-arte-raoul-hausmann.html%0A , aceso em 04/09/15. CRITICA DE ARTE Unidade 10 - Teoria e Crítica, Movimento: Dadaísmo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 48 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” O Dadaísmo, em Berlim, associou-se aos movimentos dos trabalhadores e suas batalhas políticas. Ideologicamente alinhado com a esquerda, Rauol Hausmann começou a criar fotomontagens satíricas em 1918, como forma de protesto contra a sociedade burguesa. Ele usava materiais do cotidiano, como fotografias, recortes de jornal e uma tipografia extrema. Em O Crítico de Arte, Hausmann satirizou os jornalistas, cujas críticas de arte podiam ser compradas com dinheiro; como sugerido com a colocação de um pedaço de cédula atrás do pescoço do crítico. Os olhos rabiscados do jornalista simbolizam a escuridão de sua visão. Isto significa que o julgamento do crítico de arte, assim como o de qualquer instituição é ineficiente. A boca e os olhos do personagem principal estão cobertos por desenhos infantis, os olhos estão vendados e sua língua se enrola em direção à dama da sociedade. Além disso, a bochecha do homem está avermelhada, indicando que o julgamento do crítico está prejudicado por bebida. Raoul Hausmann faz uma autorreferência na obra. A renúncia do kaiser Wilhelm, em 1918, levou as classes políticas a manobrarem para conseguir o poder da Alemanha. Os dadaístas ridicularizaram essa ambição. O autorreferencial Hausmann inclui o seu próprio cartão de visitas, que o descrevia como "Presidente do SOL, da Lua e da Pequena Terra (superfície interna)". O último aspecto que chama atenção na obra é a silhueta de um homem repleta de notícias impressas em jornal. Nela, está a palavra "merz", em negrito. Hausmann faz uma alusão ao pintor Kurt Schwitters e suas colagens "Merz". O artista teve sua entrada rejeitada no Clube Dadaísta de Berlim porque pintava paisagens - algo burguês. CRITICA DE ARTE Unidade 10 - Teoria e Crítica, Movimento: Dadaísmo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 49 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Ficha Técnica - O Crítico de Arte: Autor: Raoul Hausmann Onde ver: Tate Collection, Londres, Reino Unido Ano: 1919 Técnica: Litografia e fotocolagem em papel Tamanho: 32cm x 25,5cm Movimento: Dadaísmo CRITICA DE ARTE Unidade 11 - Teoria e Crítica, Movimento: Surrealismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 50 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Aplicar a teoria e crítica da arte no movimento: Surrealismo. ESTUDANDO E REFLETINDO Foi o escritor André Breton(1896-1966) o primeiro a utilizar o termo, ao publicar o "Manifesto Surrealista", em 1924. Os artistas deste movimento acreditavam que a arte deveria se libertar das exigências da lógica e da razão e ir além da consciência do dia- a-dia para poder expressar o inconsciente, a imaginação e os sonhos. Nos termos de Breton, autor do manifesto, trata-se de "resolver a contradição até agora vigente entre sonho e realidade pela criação de uma realidade absoluta, uma supra-realidade”. Baseavam-se também nos estudos de Sigmund Freud (1856-1939), considerado o pai da psicanálise. Em sua obra mais conhecida, "A Interpretação dos Sonhos", Freud descreve o funcionamento do inconsciente e a forma como ele aflora nos sonhos. Por outro lado, a relação entre o surrealismo e a psicanálise é de fundamental importância, os surrealistas não tinham intenção de interpretar os sonhos, somente a exteriorização do mesmo na forma de arte, enquanto a psicanálise tentava decifrar as manifestações do inconsciente pela razão, com o fim de curar o paciente de seus delírios. O surrealismo herdou, entretanto, muitas características do dadá, especialmente a crítica à sociedade burguesa e o ataque às formas tradicionais de arte. Como o movimento dadá, o surrealismo apresenta-se como crítica cultural mais ampla, que interpela não somente as artes, mas modelos culturais, passados e presentes. Na contestação radical de valores que essa arte empreende, faz uso de variados canais de expressão: revistas, manifestos, exposições e outros, mobilizam diferentes modalidades artísticas como escultura, literatura, pintura, fotografia, artes gráficas e cinema. CRITICA DE ARTE Unidade 11 - Teoria e Crítica, Movimento: Surrealismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 51 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” No surrealismo, não existe um estilo visual coerente, mas uma preocupação dominante com o significado está presente em todas as obras. Influenciados pelas teorias de Freud, sobre o inconsciente, os escritores André Breton e Philipe Soupault, inventaram a escrita automática, ou seja, a livre associação de ideias, como forma de evitar o controle e a autocensura, as restrições da moral e da religião. Joan Miró. Interior holandês I, 1928 (http://www.artinthepicture.com/paintings/Joan _Miro/Dutch-Interior-I/ Man Ray. Presente, 1921. (http://www.tate.org.uk/tateetc/issue12/unholyt rinity.htm Os surrealistas inventam o objeto simbólico. Dado que a funcionalidade do objeto racionalmente projetado é o símbolo da eficiência operativa da sociedade industrial, CRITICA DE ARTE Unidade 11 - Teoria e Crítica, Movimento: Surrealismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 52 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” os objetos surrealistas não valem pelo que manifestam, mas pelo que implicam ou escondem: não uma racionalidade, que se considera abstrata, mas as motivações ocultas dos sonhos, as inconfessadas implicações eróticas... a intenção inconsciente de iludir, desmistificar, ridicularizar tudo aquilo que tem um sentido ou uma função na vida consciente. ARGAN, 1988, p. 66. Esse procedimento de associação de ideias díspares tem como resultado imagens absurdas e se tornaria muito comum na poesia, na pintura e em todas as manifestações da arte surrealista. BUSCANDO CONHECIMENTO Veja abaixo uma obra de Salvador Dali e também sua análise. Salvador Dali: A Persistência da Memória (1931), Nova Iorque, Moma. CRITICA DE ARTE Unidade 11 - Teoria e Crítica, Movimento: Surrealismo Amir Brito Cadôr Marilene Aparecida de Assis 53 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Subliminar é a mensagem localizada abaixo do limiar. Por exemplo, quando uma atriz dde novela vai às compras e chega em casa com pacote do Boticário, estamos dianet de uma propaganda subliminar. Estes relógios podem conter
Compartilhar