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Obrigações naturais

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Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul
Micaélly Kenne Paczkowski
OBRIGAÇÕES NATURAIS
Avaliação A1
Porto Alegre - RS
2020
1 - INTRODUÇÃO
Neste trabalho, pretende-se mostrar uma análise completa sobre as Obrigações Naturais, mostrar um pequeno comparativo em relação às Obrigações Naturais e as Obrigações Cíveis, alencar bem suas diferenças, trazer doutrinas sobre o assunto e demais informações que sejam relevantes sobre este tema. 
De forma preliminar, trago neste pequeno artigo um primeiro conceito para que se tenha noção do que será tratado no restante do trabalho.
1.1 Conceito
Obrigação, em modo geral, é uma relação jurídica obrigacional entre credor e devedor, sendo o primeiro o titular do direito de crédito e o segundo o encarregado do dever de prestar. 
A obrigação natural e a obrigação civil são muito parecidas, pois ambas tratam de uma relação de débito e crédito entre credor e devedor. A diferença mesmo está no fato de que a obrigação natural não é provida de exigibilidade jurídica. Contudo, quando adimplida, a obrigação natural retorna ao mundo jurídico, pois o credor tem direito de reter o pagamento espontâneo feito pelo devedor.
Em outras palavras, de acordo com o conceito de Andrea Torrente, obrigação natural é a relação não jurídica que adquire eficácia jurídica através do seu adimplemento.
2 - DESENVOLVIMENTO
Como dito no tópico 1.1 deste pequeno artigo, a obrigação é uma relação jurídica entre credor e devedor, caracterizada pelo débito e pela responsabilidade. Acontece que, em se tratando de Obrigações Naturais, existe débito, porém carece de responsabilidade. Em razão deste fato, as obrigações naturais são também conhecidas por “obrigações incompletas”, já que realmente não apresenta uma das características que a tornaria completa. A exigibilidade jurídica. 
Apesar de juridicamente inexigível, a obrigação natural resulta em uma consequência jurídica chamada soluti retentio, que nada mais é que a retenção de pagamento. Isto é, não podes cobrá-lo, mas caso receba o pagamento, poderá o credor retê-lo. 
Sobre as obrigações naturais, afirma o doutrinador Carlos Roberto Gonçalves que:
“(…) é relação de fato sui generis, porque, mediante certas condições, como o pagamento espontâneo por parte do devedor, vem a ser atraída para a órbita jurídica, porém, para um único efeito, a soluti retentio. (…)” (GONÇALVES, 2011.)
Neste ponto de vista, inúmeras teorias foram criadas na tentativa de dar uma explicação à natureza jurídica desse tipo de obrigação. No geral, há muitas ligações com os deveres morais e até a própria consciência. Segundo o autor Caio Mário da Silva Pereira, ela é “mais do que um dever moral, e menos do que uma obrigação civil (...)”. 
Esse gênero de obrigação não tem garantia jurídica de seu cumprimento e, se não cumprida, nada pode ser feito para que aconteça o pagamento, pois se trata de puro dever moral. Venosa diz o seguinte: 
“(…) a juridicidade da obrigação natural só surge no momento de seu cumprimento. Antes do cumprimento, a obrigação natural encontra-se dormente, como mero dever moral. No momento de ápice, que é o cumprimento, é que ressalta a face jurídica da obrigação. (…)” (VENOSA, 2005.)
Ainda falando de deveres morais, o devedor que voluntariamente cumpre uma obrigação inexigível e alega desconhecimento da inexigibilidade, se mantém a irrepetibilidade do ato, como podemos ver na jurisprudência retirada do site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do sul e colacionada a baixo:
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. AÇÃO DE COBRANÇA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. IPTU. RESSARCIMENTO. DESCABIMENTO. DÍVIDA PRESCRITA. OBRIGAÇÃO NATURAL. Inviável acolher pleito de ressarcimento de imposto pago pelos autores, cuja responsabilidade era da ré, na medida em que essa dívida foi paga depois de operada a prescrição. A dívida prescrita, por se constituir em obrigação natural, é inexigível, não havendo, por isso, direito de ressarcimento por seu pagamento indevido, ainda que inequívoca a responsabilidade do real devedor. Inteligência do art. 882 do Código Civil. DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO DO NOME DOS PROMITENTES COMPRADORES EM DÍVIDA ATIVA. CULPA DA PROMITENTE VENDEDORA EVIDENCIADA. DEVER DE INDENIZAR CONFIGURADO. Evidenciado que o nome dos autores foi inscrito indevidamente em dívida ativa por débito tributário que deveria ter sido solvido pela ré, quando ainda não prescrita a dívida, a qual descumpriu com a obrigação contratual de quitar todos os impostos pendentes sobre o imóvel prometido vender, impositivo reconhecer o dever de indenizar. Abalo moral sobejamente demonstrado pela prova carreada. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. UNÂNIME.(Apelação Cível, Nº 70018695411, Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Pedro Celso Dal Pra.
2.1 Algumas características
O doutrinador já citado neste artigo, Carlos Roberto Gonçalves, levanta três características principais sobre as obrigações naturais, sendo elas:
Inexigibilidade de cumprimento, que nada mais é que a ausência do direito do credor de exigir o cumprimento da obrigação natural; 
Inadmissibilidade de repetição em caso de pagamento voluntário, ou seja, não poderá repetir o que se pagou;
Inexistência do dever de prestar, isto é, o pagamento tem que ser feito de forma voluntária, visto que é dada a inexistência da obrigatoriedade da prestação de obrigação natural. 
2.2 Jogos e apostas
Em relação à dívida de jogos e apostas, no artigo 814 do Código Civil, temos expressamente claro sua inexigibilidade jurídica ao dizer que não é exigido o pagamento. No parágrafo 2° deste mesmo artigo, temos como exceção os jogos legalmente permitidos. Nota-se então, que uma dívida emitida em Jockey Club, por exemplo, é plenamente exigível judicialmente, pelo fato desta atividade ser regulamentada por lei. 
Como exemplo, trago uma jurisprudência retirada do site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e colacionada a baixo:
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE TÍTULO CUMULADA COM SUSTAÇÃO DE PROTESTO. CHEQUE PROTESTADO. DÍVIDA ADVINDA DE CORRIDA DE CAVALO. JOGO LÍCITO. DÍVIDA EXIGÍVEL. Trata-se de recurso de apelação interposto contra a sentença de procedência de ação declaratória de nulidade de título cumulada com sustação de protesto. Consoante a exordial, informa o autor o apontamento a protesto pelo réu de cheque, acerca do qual pugna pela declaração da nulidade, eis que advindo da prática de jogo de azar, consubstanciada em aposta em corrida de cavalos. A alegação suscitada pela parte autora relativa à inexigibilidade do valor representado pela cártula em razão de ser decorrente de jogo de azar não merece guarida, não apenas porque a corrida de cavalos é lícita e legalmente autorizada, mas também pela própria natureza do título ora vergastado, que, por constituir-se num título de crédito autônomo e abstrato, independe da análise da sua causa debendi. A atividade turfística está prevista na Lei n. 7.291/84 e regulamentada pelo Decreto n. 96.993/88, que dispõe, entre outras providências, que a realização de corridas de cavalo, com exploração de apostas, é permitida no Brasil. Ônus sucumbenciais invertidos. APELAÇÃO PROVIDA.(Apelação Cível, Nº 70058895228, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sylvio José Costa da Silva Tavares, Julgado em: 25-08-2016)
3 - CONCLUSÃO 
Conforme demonstrado ao longo deste trabalho, a Obrigação Natural é uma obrigação de extrema importância, visto que não goza de exigibilidade jurídica, e por isso leva em consideração a moral e ética de cada um, conforme doutrinadores citados no decorrer deste artigo. 
Por este mesmo motivo, é dita como forma de “construção de bom convívio entre as pessoas”, já que necessita de um ato um tanto quanto pessoal para ser realizado, como o pagamento de uma dívida que já prescreveu. Pois como vimos, a obrigação natural não pode ser exigida em juízo, a não ser quando acontece o soluti retentio, que foi explica no tópico 2 deste artigo. Por nãopoder ser cobrada em juízo, vira apenas um dever moral, e nada mais. 
Deste modo, conforme exposto neste artigo, juntamente com toda contribuição doutrinária e jurisprudencial, pode se compreender que esta forma de obrigação é de suma importância, tanto para o Direito quanto para as pessoas, pois mostra o verdadeiro impacto que a obrigação natural tem com seu cumprimento, que revela toda uma coletividade, eis que se cumpra com aquilo que é devido, de forma justa. 
4 – BIBLIOGRAFIA
TARTUCE, Flávio. Direito Civil – Vol. 02 – Obrigações e Responsabilidade Civil (2014). Disponível para download [pdf] em: https://www.academia.edu/11233973/Fl%C3%A1vio_Tartuce_-_Direito_Civil_-_Vol._02_-_Obriga%C3%A7%C3%B5es_e_Responsabilidade_Civil_2014_
Apontamentos acerca das obrigações naturais, Âmbito Jurídico, 2015. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/apontamentos-acerca-das-obrigacoes-naturais/. Acesso em: 09 de abril de 2020.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Esquematizado - Direito civil 1: parte geral, obrigações, contratos. [Minha Biblioteca].
As obrigações naturais no Código Civil de 2002, Âmbito Jurídico, 2008. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/as-obrigacoes-naturais-no-codigo-civil-de-2002/. Acesso em: 11 de abril de 2020.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil - Obrigações e Responsabilidade Civil - Vol. 2. [Minha Biblioteca].
Obrigações Naturais e Suas Características, Trilhante. Disponível em: https://www.trilhante.com.br/curso/direito-das-obrigacoes-1/aula/obrigacoes-naturais-e-suas-caracteristicas-1. Acesso em: 11 de abril de 2020.
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