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ATIVIDADE AVALIATIVA – A2 CASO INTERDISCIPLINAR: Direito Processual do Trabalho e Direito Internacional Publico \ CASO INTERDISCIPLINAR: Direito Processual do Trabalho e Direito Internacional Publico PROBLEMA PROPOSTO A2 - 1° semestre de 2019 CASO: Em 25 de janeiro de 2019, o rompimento da Barragem do Feijão, em Brumadinho, atingiu os trabalhadores que se encontravam no Local, além de outras pessoas que também estavam naquelas instalações, como visitantes por exemplo, ocorrência que se deu a menos de três anos da tragédia de Mariana, ambas barragens pertencentes à Vale do Rio Doce. A tragédia, que deixou mais de uma centena de mortos, atingindo milhares de pessoas, animais e o meio ambiente de forma geral, trouxe à baila, dentre outras questões, uma alteração que passa a ser de extrema relevância em especial para os empregados atingidos. A reforma trabalhista cometida pela Lei 13.467/17 inseriu na CLT o art. 223 G, parágrafo 1°, limites à indenização por dano extrapatrimonial (moral), que pode chegar, no máximo ao valor de 50 vezes o salário contratual do empregado. Considerando que os danos produzidos aos empregados, além do evento morte para mais de uma centena, envolvem danos físicos, psicológicos e morais. A saúde física e moral de muitos trabalhadores restam muito prejudicadas pela tragédia, e a experiência de Mariana nos atingidos revela o surgimento de doenças como diabetes, pressão alta, casos de AVCs, depressão e tendências suicidas, além da perda das referências de vida, já que muitas dessas pessoas tiveram de deixar a região onde mantinham laços afetivos, de pertencimento. Considerando ainda que, no caso de Brumadinho, é cediço que a Vale construiu o refeitório dos trabalhadores na rota de escoamento da barragem em caso de rompimento, o que revela a faceta que a tragédia na realidade tem conotação criminosa, pelo descaso absoluto com a vida dos trabalhadores, mormente após tão pouco tempo da ocorrência do rompimento da barragem do Fundão em Mariana, o que se tem levantado é a possível ilicitude da norma celetista que limita a indenização por dano moral, além de basear o montante no salário do trabalhador. Isso pode acarretar aberrações jurídicas no sentido em que um trabalhador que sofreu intenso dano moral, mas ganha um salário mínimo, receba valores inferiores a outro trabalhador, que sofreu o mesmo dano moral mas tem salário mais alto. Ou que um visitante que não fosse trabalhador receba da Justiça Comum valores muito mais condizentes com o dano sofrido e o trabalhador, graças à limitação celetista, aufira valores reduzidos, gerando assim diferenças injustificáveis tratando-se de dois seres humanos. Por fim, serve também de referência que o valor educativo da indenização seja irrisório considerando-se o poderio econômico da Vale, afastando assim o caráter pedagógico da indenização. A2 - 1° semestre de 2019 Produto a ser gerado: O grupo deverá propor a medida judicial cabível para o questionamento com efeitos ‘erga omnes’ da constitucionalidade do art. 223 G, parágrafo 1° da CLT. A petição inicial a ser elaborada deverá indicar a pessoa legitimada para sua propositura, o endereçamento ao órgão competente para o seu processamento, bem como a fundamentação de suas razões com as normas de direito interno e de direito internacional pertinentes ao caso em questão. Obs.: A A1 deverá ser feita manualmente no modelo anexado, considerando o número de folhas, e a A2 será impressa, com limite de 20 folhas. No XX.XXX/2019-A2TrabInt/SAJ/PGR Excelentíssimo Senhor Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal [Ação direta de inconstitucionalidade, em face dos incisos I, II, III e IV do § 1º do art. 223-G da Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei n. 5.452/1943), com a redação que lhe foi dada pelo art. 1º da Lei n. 13.467, de 13/7/2017, e modificada pelo art. 1º da Medida Provisória n.808, de 14/11/2017.] O PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, com fundamento nos arts. 102, I, a-p, 103, VI, e 129, IV, da Constituição da República, no art. 46, parágrafo único, I, da Lei Complementar 75, de 20 de maio de 1993 (Lei Orgânica do Ministério Público da União), e na Lei 9.868, 10 de novembro de 1999, propõe AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE, (CF, art.102, I, a), com pedido de medida cautelar (Lei n°9.868/99, art.10), contra o § 1º do art. 223-G da Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei n. 5.452/1943), com a redação que lhe foi dada pelo art. 1º da Lei n. 13.467, de 13/7/2017, e modificada pelo art. 1º da Medida Provisória n.808, de 14/11/2017, nos trechos adiante identificados, a qual define as considerações que o juiz devera apreciar sobre do dano extrapatrimonial. Esta petição se acompanha de cópia do ato impugnado (na forma do art. 3.º– parágrafo único da Lei n.º 9.868/1999). 1. OBJETO DA AÇÃO Eis o teor do dispositivo impugnado: § 1o Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido; II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual do ofendido; III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do ofendido; IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do ofendido. No caso sob exame, o que se vê é uma lei posterior à CF de 1988, que está impondo uma tarifação (limitação) ao dano extrapatrimonial decorrente da relação de trabalho, de sorte que, nos termos da nova lei, o Poder Judiciário estará impedido de fixar uma indenização superior à efetivamente devida para reparar o dano ocorrido. I – A lei não pode impor limitação ao Poder Judiciário para a fixação do valor de indenização por dano moral, previsto no inciso XXVIII, do art.7° , da CF, sob pena de limitar o próprio exercício da jurisdição. O primeiro texto dos incisos I a IV do § 1º do art. 899 da CLT contemplava, ainda, uma outra inconstitucionalidade além da tarifação, qual fosse, a da ofensa ao princípio da isonomia, porque a indenização decorrente de um mesmo dano moral (p.ex.: tetraplegia de um servente ou de um diretor de empresa) teria valor diferente em razão do salário de cada ofendido. Já os limites previstos com a redação dada pela MP n. 808 afastaram a violação ao princípio da isonomia, ao fixar percentual sobre uma mesma base de cálculo, pouco importando o valor do salário, quando fixou o “valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social” como base de cálculo, o que implica um aumento significativo do valor das indenizações aos trabalhadores de menor renda. A despeito de a MP n. 808 ter ampliado o direito da indenização aos trabalhadores de menor renda, subsiste a violação ao princípio contido no inciso XXVIII do art. 7º da CF, pois ele garante uma indenização ampla do dano extrapatrimonial decorrente da relação de trabalho: Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; A questão em debate é similar a que esta Corte apreciou, quando declarou a inconstitucionalidade da Lei de Imprensa, no ponto em que ela impunha uma limitação ao Poder Judiciário, por meio de uma tarifação, para a fixação das indenizações por dano moral, decorrentede ofensa a intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas. Neste sentido, no caso da lei de imprensa, chegou a sofrer algumas críticas no julgamento da ADPF n. 130 -- que reputou a não recepção integral da lei, sob o fundamento de que a extinção da tarifação poderia até mesmo prejudicar os jurisdicionados, sob a ótica de que, ao relegar ao juízo da proporcionalidade do órgão julgador, poder-se-ia estar reduzindo a própria garantia dos jurisdicionados -- compreende a Procuradoria Geral da Republica que o caso sob exame estaria merecer no mínimo uma “interpretação conforme à Constituição”, caso não seja a hipótese de declarar a nulidade da própria tarifação. Como podemos ver, impugna a presente ADI norma introduzida na CLT que está restringindo a atuação do Poder Judiciário nos casos de dano moral decorrente de relação de trabalho, ao impedir que o órgão judicante fixe em favor do trabalhador a indenização ampla eventualmente aplicável ao caso. Então, mostra-se possível o ajuizamento da presente ação direta de inconstitucionalidade pela PROCURADORIA GERAL REPUBLICA, já que, quanto ao ponto da lei aqui impugnado, está o mesmo restrito à competência da Justiça Trabalhista. E para que não haja dúvida quanto a legitimação da PROCURADORIA GERAL DA REPUBLICA quanto ao oferecimento da presente ação -- diante da crescente jurisprudência reducionista da competência desse eg. STF. Com efeito, a legitimidade ativa ad causam da autora decorre do art. 103, VI, da Constituição Federal, e do art. 2º, VI, da Lei 9.868/99, que autoriza a propositura da ação direta de inconstitucionalidade por “Procurador-Geral da República”. Aduz ainda, que a Constituição Federal (1988) desempenha um papel central na interpretação da lei, de modo que seus efeitos se espalharam por todo o sistema legal e o intérprete deve ter a lei principal como sua principal fonte de inspiração. Da mesma forma, como Pedro Lenza aponta, o processo de criação de leis é "o legislador constitutivo original criou mecanismos para controlar atos normativos, verificando sua adequação aos preceitos previstos na" lei maior "(sic..) (LENZA,) E aqui é discutível que § 1º do art. 223-G da Consolidação das Leis do Trabalho viola frontalmente numerosas disposições constitucionais, demonstrando o absurdo do legislador ignorando nossa "lei maior", inserindo o artigo descrevia acima através da lei 13467/2017. Nesse sentido, busca-se indagar a constitucionalidade da lei que fora superada pela vontade de sua maioria, que, promulgou a referida Lei. DA INCOSTITUCIONALIDADE DA LEI Essa eg. Corte firmou jurisprudência no sentido de que o dano decorrente da ofensa praticada pela imprensa não poderia ficar limitado, para fins da concessão da indenização, a valores previamente fixados em lei. Senão vejamos os precedentes que declararam a não recepção das normas de tarifação da indenização: EMENTA: CONSTITUCIONAL. CIVIL. DANO MORAL: OFENSA PRATICADA PELA IMPRENSA. INDENIZAÇÃO: TARIFAÇÃO. Lei 5.250/67 - Lei de Imprensa, art. 52: NÃO-RECEPÇÃO PELA CF/88, artigo 5º, incisos V e X. RE INTERPOSTO COM FUNDAMENTO NAS ALÍNEAS a e b. I. - O acórdão recorrido decidiu que o art. 52 da Lei 5.250, de 1967 - Lei de Imprensa - não foi recebido pela CF/88. RE interposto com base nas alíneas a e b (CF, art. 102, III, a e b). Não conhecimento do RE com base na alínea b, por isso que o acórdão não declarou a inconstitucionalidade do art. 52 da Lei 5.250/67. É que não há falar em inconstitucionalidade superveniente. Tem-se, em tal caso, a aplicação da conhecida doutrina de Kelsen: as normas infraconstitucionais anteriores à Constituição, com esta incompatíveis, não são por ela recebidas. Noutras palavras, ocorre derrogação, pela Constituição nova, de normas infraconstitucionais com esta incompatíveis. II. - A Constituição de 1988 emprestou à reparação decorrente do dano moral tratamento especial - C.F., art. 5º, V e X - desejando que a indenização decorrente desse dano fosse a mais ampla. Posta a questão nesses termos, não seria possível sujeitá-la aos limites estreitos da lei de imprensa. Se o fizéssemos, estaríamos interpretando a Constituição no rumo da lei ordinária, quando é de sabença comum que as leis devem ser interpretadas no rumo da Constituição. III. - Não-recepção, pela CF/88, do art. 52 da Lei 5.250/67 - Lei de Imprensa. IV. - Precedentes do STF relativamente ao art. 56 da Lei 5.250/67: RE 348.827/RJ e 420.784/SP, Velloso, 2ª Turma, 1º.6.2004. V. - RE conhecido - alínea a -, mas improvido. RE - alínea b - não conhecido. (RE 396386, Relator: Min. Carlos Velloso, 2ª Ta., DJ 13-08-2004) Como se pode ver, a compreensão dessa Corte é no sentido de que a garantia da indenização prevista nos incisos V e X do art. 5º, por ser de uma indenização ampla, não poderia previamente ser “tarifada” ou limitada pela lei, dada à possibilidade de ser necessária a concessão de indenização superior à fixada como limite. A despeito desse entendimento em face da Lei de Imprensa, resolveu o Poder Legislativo, na recente reforma da lei trabalhista, impor uma limitação ou tarifação para os danos extrapatrimoniais decorrentes de relação de trabalho. Veja-se inicialmente o que restou disciplinado no Titulo II-A, da CLT, especialmente nos artigos 223-A a 223-G pela Lei n. 13.467, de 13/7/2017: “TÍTULO II – A DO DANO EXTRAPATRIMONIAL Art. 223 – A . Aplicam-se à reparação de danos de natureza extrapatrimonial decorrentes da relação de trabalho apenas os dispositivos deste Título. Art. 223 – B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação. Art. 223 – C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa física. Art. 223 – D. A imagem, a marca, o nome, o segredo empresarial e o sigilo da correspondência são bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa jurídica. Art. 223 – E. São responsáveis pelo dano extrapatrimonial todos os que tenham colaborado para a ofensa ao bem jurídico tutelado, na proporção da ação ou da omissão. Art. 223 – F. A reparação por danos extrapatrimoniais pode ser pedida cumulativamente com a indenização por danos materiais decorrentes do mesmo ato lesivo. § 1o Se houver cumulação de pedidos, o juízo, ao proferir a decisão, discriminará os valores das indenizações a título de danos patrimoniais e das reparações por danos de natureza extrapatrimonial. § 2o A composição das perdas e danos, assim compreendidos os lucros cessantes e os danos emergentes, não interfere na avaliação dos danos extrapatrimoniais. Se de um lado a referência ao salário do ofendido poderia ser considerado proporcional para a correta fixação da indenização, de outro poderia ser considerado contrário ao princípio da isonomia, porque, como dito anteriormente, a indenização decorrente de um mesmo dano moral (p.ex.: tetraplegia de um servente ou de um diretor de empresa) teria valor diferente em razão do salário de cada ofendido. Apesar de essa alteração legislativa ter sido veiculada em recentíssima lei (Lei n. 13.467, de 13/7/2017), foi a mesma objeto de alteração pela Medida Provisória n. 808, que modificou o texto dos artigos 223-C e 223-G, passando a fixar no último, como parâmetro, não mais o salário do ofendido, mas sim o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social: “Art. 223-C. A etnia, a idade, a nacionalidade, a honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, o gênero, a orientação sexual, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa natural.” (NR) “Art. 223-G. (...) § 1º . Ao julgar procedenteo pedido, o juízo fixará a reparação a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: I - para ofensa de natureza leve - até três vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social; II - para ofensa de natureza média - até cinco vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social; III - para ofensa de natureza grave - até vinte vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social; ou IV - para ofensa de natureza gravíssima - até cinquenta vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. (...). § 3º. Na reincidência de quaisquer das partes, o juízo poderá elevar ao dobro o valor da indenização. § 4º Para fins do disposto no § 3º, a reincidência ocorrerá se ofensa idêntica ocorrer no prazo de até dois anos, contado do trânsito em julgado da decisão condenatória. § 5º Os parâmetros estabelecidos no § 1º não se aplicam aos danos extrapatrimoniais decorrentes de morte.” A alteração levada a efeito pela MP n. 808, não apenas afastou a possibilidade de ocorrer a violação ao princípio da isonomia -- ao fixar percentual sobre uma mesma base de cálculo pouco importando o valor do salário -- como melhorou a situação dos trabalhadores de menor renda, ao estabelecer uma tarifação que toma por referência valor que pode ser superior em mais de 5 vezes o salário mínimo de um trabalhador (valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social é de R$ 5.531,31, em face de um salário mínimo de R$ 998,00) De qualquer sorte, ainda que a nova base de cálculo imposta pela MP n. 808 seja melhor para os trabalhadores de menor renda, ainda assim deve ser tida como inconstitucional na parte que toca à limitação. Não é que os valores fixados estejam contrariando a jurisprudência. Não. Basta ver os acórdãos seguintes, colhidos aleatoriamente na jurisprudência do TST. Portanto, pode ser que esses parâmetros se mostrem justos e adequados em maior ou menor percentual dos casos ocorridos e/ou submetidos ao Poder Judiciário, mas não há como negar que a lei não poderia impor a limitação que estabeleceu. Assim como os incisos V e X do art. 5º, da CF, contemplam hipótese de indenização ampla, para aqueles que têm a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem violadas pela imprensa, também o inciso XXVIII do art. 7º contempla indenização ampla para a hipótese de ocorrer dano extrapatrimonial decorrente de relação de trabalho ao empregado: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.” O próprio texto da norma afirma que eventual seguro contra acidentes, por mais amplo que possa ser, não pode excluir a indenização que o empregador estará obrigado a pagar, quando incorrer em dolo ou culpa. Conforme demonstrado, a inconstitucionalidade da tarifação contida nos incisos I a IV, do § 1º do art. 223-G da CLT, com a redação que lhe foi dada pelo art. 1º da Lei n. 13.467, de 13/7/2017, e também pela MP 808, justifica a suspensão imediata, porque a subsistência dos limites previstos propiciará um caos na Justiça do Trabalho decorrente da atuação individual de juízes de 1º grau e das Cortes Trabalhistas para proclamar, incidentalmente, a inconstitucionalidade da limitação, acarretando uma grave insegurança jurídica aos jurisdicionados. Inegável, assim, o periculum in mora a justificar a observância do rito do artigo 10 da Lei n. 9.868/99, para o fim de ser apreciado o pedido de medida cautelar, visando a suspender o dispositivo impugnado. De fato, a inconstitucionalidade do artigo em outros lugares é tão eloquente que, tomando as palavras de Min. Aires Brito, é uma inconstitucionalidade latente (veja aqui). Explique-se. “ O sistema legal do país teve longa elementos necessários que o julgamento não é guiada por questões antiéticas antes de seu próprio juiz como para julgar, o juiz deve considerar o quadro probatório, que é a mais relevante, busca na lei, os seguintes princípios : precedentes, incluindo os vinculantes e a jurisprudência de sua fonte interpretativa.” É o que a doutrina chama de crença auto-motivada, sendo um direito fundamental da própria sociedade, inserido no Artigo 93, IX, do documento CF/88. José Miguel Media, comentando o assunto, afirma que "esse assunto é de suma importância, não apenas pela estrutura do sistema normativo, mas também pela complexidade do modo como os problemas sociais surgem, o que constitui um problema, em termos de fatos, é a evidência ". (sic ...) Mais tarde, o advogado advertiu que "a Constituição Brasileira e o direito processual deixam muito claro, mesmo com extrema força, a escolha da justificativa racional das decisões judiciais" (artigo 93, IX, CF / 1988; 11 do CPC / 2015) ". (Sic ...) Ele insiste que a liberdade de crença do juiz não deve ser confundida com discrição, ao passo que um juiz, como dito acima, deve basear suas decisões no arcabouço legal existente na lei. Além disso, o artigo 489 do NCPC exige que o raciocínio seja exaustivo, em particular obrigando o magistrado a correlacionar conceitos indeterminados com casos concretos. O único parágrafo do artigo 223 G da CLT, ao impor critérios objetivos, é contrário ao direito fundamental da empresa de dispor de uma sentença baseada em fatos e provas, pois compromete seriamente o direito do juiz para tomar uma decisão informada. acordo com fatos e evidências Também deve ser mencionado que a própria CLT possui regras legais relativas à liberdade dos juízes decidirem com base no raciocínio racional, na forma do art. 765. Desta forma, o relator do TST declarou que Na mesma linha, declaro incidentalmente inconstitucionais os §§ 1º, 2º, 3º e 4º do art. 223-G, CLT, introduzidos pela lei... Trabalhista), por força da aplicação do princípio da irretroatividade das leis - artigos -5º, XXXVI, da CF e 6º da Lei 13.467. Tendo em vista que a sentença é Contraditória, na medida em que enquadra a Reclamante em todos os aspectos do item II da Súmula 378 do TST, porque a doença foi constata após a resilição, em sentença, mas a sentença se refere a percepção de benefício previdenciário em período anterior à resilição contratual. (Processo n. 0011808-47.2017.5.15.0039 - RO - 28/02/2019 do TST-15) Além disso, o Artigo 223 G, parágrafo único, viola outras disposições constitucionais, como o princípio da separação de poderes (Artigo 2 da CF / 88) e garantias constitucionais garantindo a imparcialidade dos juízes e sua equidistância. Sabemos que a lei não é uma ciência exata e que posições conflitantes fazem parte da proporção. Com base nesse postulado, há posições contrárias à tese da inconstitucionalidade, como se expressa em outro lugar. Portanto, dada a incerteza jurídica que orientará os casos concretos em que são consideradas as discussões sobre os prejuízos não apoláveis, outra solução legal deve ser buscada em relação à aplicação do parágrafo único do artigo 223 G da CLT. O respeito pelas regras faz parte de uma sociedade organizada e, no entanto, não seria correto removê-las apenas por serem injustas. A este respeito, a capacidade de defesa não se confunde com a inconstitucionalidade, porque é a incompatibilidade de atos normativos com a Constituição, porque é a possibilidade, em termos concretos, de superar a imposição de uma regra que embora não contenha qualquer defeito, promoverá a instabilidade legal da jurisdição. Assim, como no exemplo dos dois obreiros Pedro e João, o juiz do trabalho pode exceder os parâmetros introduzidosno parágrafo único do artigo 223 G da CLT, porque as ofensas de natureza muito grave não serão tratadas como iguais. caminho. Enquanto isso, para poder usar o conceito de viabilidade, deve-se assegurar que não exista uma lacuna legal real entre as regras de conduta e a própria sociedade organizada. Somos inspirados pela valiosa lição do professor Humberto Ávila, que propõe alguns parâmetros a serem seguidos pelos juízes. Entre eles, pode-se dizer que, para derrotar a regra, é importante que isso não prejudique a essência moral da regra ultrapassada. Afinal, se você está procurando segurança jurídica, parece bastante contraditório não aplicar uma regra sem defeito. Neste diapasão, é precisamente para que não haja quebra no sistema normativo, é essencial ir além da regra, que o juiz obtenha justificativas agradáveis. Mais do que isso, a justificativa não deve ser genérica, mas pontual, e deve justificá-la para que não se torne um verdadeiro ato arbitrário. Não obstante, o raciocínio deve ser coerente, pois, embora o tribunal tenha um sistema jurídico muito denso, sua fonte de inspiração para superar a regra deve ser o caso concreto. Dada a gravidade dos dois casos, mas necessitando de soluções diferenciadas, o juiz pode sobrepor-se às determinações contidas no paragrafo único do artigo 223 G da CLT, desta vez tratando de forma desigual casos similares. Ainda, o legislador quis dizer, ou impor, que o julgador não poderá sair do aludido titulo, em nenhuma hipótese, para decidir uma causa, quando não encontrar ali os elementos legais que o subsidiem no julgamento. Ressalta, que isto fere diretamente o principio da inafastabilidade da jurisdição. Dever-se-a, então, dar solução inadequada, sabidamente inconveniente ao caso concreto para não transbordar os limites do Titulo II-A da CLT, com a redação que lhe deu a Lei 13.467/17. Ainda cabe mencionar, que tal fato extrapola as regras do direito, os princípios constitucionais da dignidade da pessoa e proteção da vida, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, nada disso poderá ser invocado no julgamento de causas afetas a dano moral na seara trabalhista. Isto remete a crer, que o dano moral na seara trabalhista é, e será, menos lesivo do que nos demais, caso este não tiver sua inconstitucionalidade pacificada. O cidadão que em uma relação de emprego, será tratado diferentemente, daquele que tem de receber tutela menos abrangente, esse tratamento dissimil não se compatibiliza com a ordem constitucional. Por último, mas não menos importante, deve-se ressaltar que a tese da imprecisão ainda não é amplamente utilizada no Brasil, o que indica que, em sua aplicação, é imperativo prestar muita atenção. Ainda, que ressaltar, que tal alteração da lei, deixa assentada a sem razão da norma que termina por dar guarida a discriminação de classe, valorando a intimidade e o sentimento de cada um a partir do seu estrato social: os ricos e bem posicionados sofrem mais do que os pobres, ou tem um acréscimo de dignidade que eles, pobres, não têm, ou são mais sensíveis. DO PEDIDO DE LIMINAR E DE PROCEDENCIA DA ACAO Conforme demonstrado, a inconstitucionalidade da tarifação contida nos incisos I a IV, do § 1º do art. 223-G da CLT, com a redação que lhe foi dada pelo art. 1º da Lei n. 13.467, de 13/7/2017, e também pela MP 808, justifica a suspensão imediata, porque a subsistência dos limites previstos propiciará um caos na Justiça do Trabalho decorrente da atuação individual de juízes de 1º grau e das Cortes Trabalhistas para proclamar, incidentalmente, a inconstitucionalidade da limitação, acarretando uma grave insegurança jurídica aos jurisdicionados. Inegável, assim, o periculum in mora a justificar a observância do rito do artigo 10 da Lei n. 9.868/99, para o fim de ser apreciado o pedido de medida cautelar, visando a suspender o dispositivo impugnado. Requer o autor, por essas razões, a concessão da medida cautelar, nos termos do § 3º do art. 10, da Lei n. 9.868/99, até mesmo por meio de decisão singular “ad referendum” do Plenário, para suspender a eficácia da tarifação contida nos incisos I a IV, do § 1º do art. 223-G da CLT, com a redação que lhe foi dada pelo art. 1º da Lei n. 13.467, de 13/7/2017, e também pela MP 808, para o fim de ser dada interpretação conforme à Constituição de sorte a permitir que os órgãos jurisdicionais fixem, eventualmente, indenizações superiores aos limites previstos, por decisão fundamentada. Ao final, após serem ouvidos o (a) Presidente da República, (b) o Congresso Nacional, (c) a AGU e o (d) PGR, requer o autor que esse eg. STF julgue procedente o pedido de declaração de inconstitucionalidade da tarifação contida nos incisos I a IV, do § 1º do art. 223-G da CLT, com a redação que lhe foi dada pelo art. 1º da Lei n. 13.467, de 13/7/2017, e também pela MP 808, para o fim de ser dada interpretação conforme à Constituição de sorte a permitir que os órgãos jurisdicionais fixem, eventualmente, indenizações superiores aos limites previstos, por decisão fundamentada. Nestes termos, Pede deferimento. Brasília (DF), abril de 2019. XXXX Procurador-Geral da República
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