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A2 ADI

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ATIVIDADE AVALIATIVA – A2 
 
 
CASO INTERDISCIPLINAR: Direito Processual do Trabalho e 
Direito Internacional Publico 
 
 
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CASO INTERDISCIPLINAR: Direito Processual do Trabalho e Direito Internacional Publico 
 
PROBLEMA PROPOSTO 
A2	-	1°	semestre	de	2019	
CASO:		
Em	25	de	janeiro	de	2019,	o	rompimento	da	Barragem	do	Feijão,	em	Brumadinho,	atingiu	
os	 trabalhadores	 que	 se	 encontravam	 no	 Local,	 além	 de	 outras	 pessoas	 que	 também	 estavam	
naquelas	instalações,	como	visitantes	por	exemplo,	ocorrência	que	se	deu	a	menos	de	três	anos	da	
tragédia	de	Mariana,	ambas	barragens	pertencentes	à	Vale	do	Rio	Doce.		
A	 tragédia,	 que	 deixou	mais	 de	 uma	 centena	 de	mortos,	 atingindo	milhares	 de	 pessoas,	
animais	e	o	meio	ambiente	de	forma	geral,	trouxe	à	baila,	dentre	outras	questões,	uma	alteração	
que	passa	a	ser	de	extrema	relevância	em	especial	para	os	empregados	atingidos.	
	 A	reforma	trabalhista	cometida	pela	Lei	13.467/17	inseriu	na	CLT	o	art.	223	G,	parágrafo	1°,	
limites	à	indenização	por	dano	extrapatrimonial	(moral),	que	pode	chegar,	no	máximo	ao	valor	de	
50	vezes	o	salário	contratual	do	empregado.	
	 Considerando	que	os	danos	produzidos	aos	empregados,	além	do	evento	morte	para	mais	
de	uma	centena,	envolvem	danos	 físicos,	psicológicos	e	morais.	A	saúde	 física	e	moral	de	muitos	
trabalhadores	 restam	muito	prejudicadas	pela	 tragédia,	e	a	experiência	de	Mariana	nos	atingidos	
revela	 o	 surgimento	 de	 doenças	 como	 diabetes,	 pressão	 alta,	 casos	 de	 AVCs,	 depressão	 e	
tendências	suicidas,	além	da	perda	das	referências	de	vida,	 já	que	muitas	dessas	pessoas	tiveram	
de	deixar	a	região	onde	mantinham	laços	afetivos,	de	pertencimento.	
	 Considerando	ainda	que,	no	caso	de	Brumadinho,	é	cediço	que	a	Vale	construiu	o	refeitório	
dos	 trabalhadores	 na	 rota	 de	 escoamento	da	barragem	em	 caso	de	 rompimento,	 o	 que	 revela	 a	
faceta	que	a	tragédia	na	realidade	tem	conotação	criminosa,	pelo	descaso	absoluto	com	a	vida	dos	
trabalhadores,	mormente	 após	 tão	 pouco	 tempo	 da	 ocorrência	 do	 rompimento	 da	 barragem	do	
Fundão	em	Mariana,	o	que	se	tem	levantado	é	a	possível	 ilicitude	da	norma	celetista	que	limita	a	
indenização	por	dano	moral,	além	de	basear	o	montante	no	salário	do	trabalhador.	
	 Isso	 pode	 acarretar	 aberrações	 jurídicas	 no	 sentido	 em	 que	 um	 trabalhador	 que	 sofreu	
intenso	dano	moral,	mas	ganha	um	salário	mínimo,	receba	valores	 inferiores	a	outro	trabalhador,	
que	 sofreu	 o	mesmo	dano	moral	mas	 tem	 salário	mais	 alto.	Ou	 que	 um	 visitante	 que	 não	 fosse	
	
	
	
	
	
	
trabalhador	 receba	 da	 Justiça	 Comum	 valores	 muito	 mais	 condizentes	 com	 o	 dano	 sofrido	 e	 o	
trabalhador,	 graças	 à	 limitação	 celetista,	 aufira	 valores	 reduzidos,	 gerando	 assim	 diferenças	
injustificáveis	tratando-se	de	dois	seres	humanos.	
Por	 fim,	 serve	 também	 de	 referência	 que	 o	 valor	 educativo	 da	 indenização	 seja	 irrisório	
considerando-se	 o	 poderio	 econômico	 da	 Vale,	 afastando	 assim	 o	 caráter	 pedagógico	 da	
indenização.	
	
A2	-	1°	semestre	de	2019	
	
Produto	a	ser	gerado:	
	
O	grupo	deverá	propor	a	medida	judicial	cabível	para	o	questionamento	com	efeitos	‘erga	omnes’	
da	constitucionalidade	do	art.	223	G,	parágrafo	1°	da	CLT.		A	petição	inicial	a	ser	elaborada	deverá	
indicar	a	pessoa	 legitimada	para	 sua	propositura,	o	endereçamento	ao	órgão	competente	para	o	
seu	processamento,	bem	como	a	fundamentação	de	suas	razões	com	as	normas	de	direito	interno	
e	de	direito	internacional	pertinentes	ao	caso	em	questão.	
	
	
Obs.:	A	A1	deverá	ser	feita	manualmente	no	modelo	anexado,	considerando	o	número	de	folhas,	e	
a	A2	será	impressa,	com	limite	de	20	folhas.	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
No XX.XXX/2019-A2TrabInt/SAJ/PGR 
	
Excelentíssimo Senhor Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal 
 
[Ação direta de inconstitucionalidade, em face 
dos incisos I, II, III e IV do § 1º do art. 223-G 
da Consolidação das Leis do Trabalho 
(Decreto-Lei n. 5.452/1943), com a redação 
que lhe foi dada pelo art. 1º da Lei n. 13.467, 
de 13/7/2017, e modificada pelo art. 1º da 
Medida Provisória n.808, de 14/11/2017.] 
 
 
O PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, com fundamento nos arts. 
102, I, a-p, 103, VI, e 129, IV, da Constituição da República, no art. 46, parágrafo 
único, I, da Lei Complementar 75, de 20 de maio de 1993 (Lei Orgânica do 
Ministério Público da União), e na Lei 9.868, 10 de novembro de 1999, propõe 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE, 
(CF, art.102, I, a), 
 
com pedido de medida cautelar (Lei n°9.868/99, art.10), contra o § 1º do 
art. 223-G da Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei n. 5.452/1943), 
com a redação que lhe foi dada pelo art. 1º da Lei n. 13.467, de 13/7/2017, e 
modificada pelo art. 1º da Medida Provisória n.808, de 14/11/2017, nos trechos 
adiante identificados, a qual define as considerações que o juiz devera apreciar 
sobre do dano extrapatrimonial. 
 
Esta petição se acompanha de cópia do ato impugnado (na forma do art. 3.º– 
parágrafo único da Lei n.º 9.868/1999). 
 
	
	
	
	
	
	
1. OBJETO DA AÇÃO 
Eis o teor do dispositivo impugnado: 
§ 1o Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser paga, a 
cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: 
I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido; 
II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual do 
ofendido; 
III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do 
ofendido; 
IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual 
do ofendido. 
 
No caso sob exame, o que se vê é uma lei posterior à CF de 1988, que está 
impondo uma tarifação (limitação) ao dano extrapatrimonial decorrente da relação 
de trabalho, de sorte que, nos termos da nova lei, o Poder Judiciário estará 
impedido de fixar uma indenização superior à efetivamente devida para reparar o 
dano ocorrido. 
I – A lei não pode impor limitação ao Poder Judiciário 
para a fixação do valor de indenização por dano moral, 
previsto no inciso XXVIII, do art.7° , da CF, sob pena de 
limitar o próprio exercício da jurisdição. 
 
O primeiro texto dos incisos I a IV do § 1º do art. 899 da CLT contemplava, 
ainda, uma outra inconstitucionalidade além da tarifação, qual fosse, a da ofensa 
ao princípio da isonomia, porque a indenização decorrente de um mesmo dano 
moral (p.ex.: tetraplegia de um servente ou de um diretor de empresa) teria valor 
diferente em razão do salário de cada ofendido. Já os limites previstos com a 
redação dada pela MP n. 808 afastaram a violação ao princípio da isonomia, ao 
fixar percentual sobre uma mesma base de cálculo, pouco importando o valor do 
salário, quando fixou o “valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de 
Previdência Social” como base de cálculo, o que implica um aumento significativo 
do valor das indenizações aos trabalhadores de menor renda. 
	
	
	
	
	
	
A despeito de a MP n. 808 ter ampliado o direito da indenização aos 
trabalhadores de menor renda, subsiste a violação ao princípio contido no inciso 
XXVIII do art. 7º da CF, pois ele garante uma indenização ampla do dano 
extrapatrimonial decorrente da relação de trabalho: 
Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que 
visem à melhoria de sua condição social: (...) XXVIII - seguro contra 
acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização 
a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; 
 
A questão em debate é similar a que esta Corte apreciou, quando declarou a 
inconstitucionalidade da Lei de Imprensa, no ponto em que ela impunha uma 
limitação ao Poder Judiciário, por meio de uma tarifação, para a fixação das 
indenizações por dano moral, decorrentede ofensa a intimidade, vida privada, 
honra e imagem das pessoas. 
 
Neste sentido, no caso da lei de imprensa, chegou a sofrer algumas críticas 
no julgamento da ADPF n. 130 -- que reputou a não recepção integral da lei, sob o 
fundamento de que a extinção da tarifação poderia até mesmo prejudicar os 
jurisdicionados, sob a ótica de que, ao relegar ao juízo da proporcionalidade do 
órgão julgador, poder-se-ia estar reduzindo a própria garantia dos jurisdicionados 
-- compreende a Procuradoria Geral da Republica que o caso sob exame estaria 
merecer no mínimo uma “interpretação conforme à Constituição”, caso não seja a 
hipótese de declarar a nulidade da própria tarifação. 
Como podemos ver, impugna a presente ADI norma introduzida na CLT que está 
restringindo a atuação do Poder Judiciário nos casos de dano moral decorrente de 
relação de trabalho, ao impedir que o órgão judicante fixe em favor do trabalhador 
a indenização ampla eventualmente aplicável ao caso. 
 
	
	
	
	
	
	
Então, mostra-se possível o ajuizamento da presente ação direta de 
inconstitucionalidade pela PROCURADORIA GERAL REPUBLICA, já que, quanto 
ao ponto da lei aqui impugnado, está o mesmo restrito à competência da Justiça 
Trabalhista. 
E para que não haja dúvida quanto a legitimação da PROCURADORIA 
GERAL DA REPUBLICA quanto ao oferecimento da presente ação -- diante da 
crescente jurisprudência reducionista da competência desse eg. STF. 
Com efeito, a legitimidade ativa ad causam da autora decorre do art. 103, VI, 
da Constituição Federal, e do art. 2º, VI, da Lei 9.868/99, que autoriza a propositura 
da ação direta de inconstitucionalidade por “Procurador-Geral da República”. 
Aduz ainda, que a Constituição Federal (1988) desempenha um papel 
central na interpretação da lei, de modo que seus efeitos se espalharam por todo 
o sistema legal e o intérprete deve ter a lei principal como sua principal fonte de 
inspiração. 
 
Da mesma forma, como Pedro Lenza aponta, o processo de criação de leis 
é "o legislador constitutivo original criou mecanismos para controlar atos 
normativos, verificando sua adequação aos preceitos previstos na" lei maior 
"(sic..) (LENZA,) 
 
E aqui é discutível que § 1º do art. 223-G da Consolidação das Leis do 
Trabalho viola frontalmente numerosas disposições constitucionais, 
demonstrando o absurdo do legislador ignorando nossa "lei maior", inserindo o 
artigo descrevia acima através da lei 13467/2017. 
 
Nesse sentido, busca-se indagar a constitucionalidade da lei que fora 
superada pela vontade de sua maioria, que, promulgou a referida Lei. 
 
 
DA INCOSTITUCIONALIDADE DA LEI 
	
	
	
	
	
	
Essa eg. Corte firmou jurisprudência no sentido de que o dano decorrente da 
ofensa praticada pela imprensa não poderia ficar limitado, para fins da concessão 
da indenização, a valores previamente fixados em lei. 
Senão vejamos os precedentes que declararam a não recepção das normas 
de tarifação da indenização: 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. CIVIL. DANO MORAL: OFENSA 
PRATICADA PELA IMPRENSA. INDENIZAÇÃO: TARIFAÇÃO. Lei 
5.250/67 - Lei de Imprensa, art. 52: NÃO-RECEPÇÃO PELA CF/88, artigo 
5º, incisos V e X. RE INTERPOSTO COM FUNDAMENTO NAS ALÍNEAS 
a e b. I. - O acórdão recorrido decidiu que o art. 52 da Lei 5.250, de 1967 - 
Lei de Imprensa - não foi recebido pela CF/88. RE interposto com base 
nas alíneas a e b (CF, art. 102, III, a e b). Não conhecimento do RE com 
base na alínea b, por isso que o acórdão não declarou a 
inconstitucionalidade do art. 52 da Lei 5.250/67. É que não há falar em 
inconstitucionalidade superveniente. Tem-se, em tal caso, a aplicação da 
conhecida doutrina de Kelsen: as normas infraconstitucionais anteriores à 
Constituição, com esta incompatíveis, não são por ela recebidas. Noutras 
palavras, ocorre derrogação, pela Constituição nova, de normas 
infraconstitucionais com esta incompatíveis. II. - A Constituição de 1988 
emprestou à reparação decorrente do dano moral tratamento especial - 
C.F., art. 5º, V e X - desejando que a indenização decorrente desse dano 
fosse a mais ampla. Posta a questão nesses termos, não seria possível 
sujeitá-la aos limites estreitos da lei de imprensa. Se o fizéssemos, 
estaríamos interpretando a Constituição no rumo da lei ordinária, quando é 
de sabença comum que as leis devem ser interpretadas no rumo da 
Constituição. III. - Não-recepção, pela CF/88, do art. 52 da Lei 5.250/67 - 
Lei de Imprensa. IV. - Precedentes do STF relativamente ao art. 56 da Lei 
5.250/67: RE 348.827/RJ e 420.784/SP, Velloso, 2ª Turma, 1º.6.2004. V. - 
RE conhecido - alínea a -, mas improvido. RE - alínea b - não conhecido. 
(RE 396386, Relator: Min. Carlos Velloso, 2ª Ta., DJ 13-08-2004) 
 
Como se pode ver, a compreensão dessa Corte é no sentido de que a 
garantia da indenização prevista nos incisos V e X do art. 5º, por ser de uma 
indenização ampla, não poderia previamente ser “tarifada” ou limitada pela lei, 
dada à possibilidade de ser necessária a concessão de indenização superior à 
fixada como limite. 
A despeito desse entendimento em face da Lei de Imprensa, resolveu o 
Poder Legislativo, na recente reforma da lei trabalhista, impor uma limitação ou 
tarifação para os danos extrapatrimoniais decorrentes de relação de trabalho. 
Veja-se inicialmente o que restou disciplinado no Titulo II-A, da CLT, especialmente 
nos artigos 223-A a 223-G pela Lei n. 13.467, de 13/7/2017: 
	
	
	
	
	
	
“TÍTULO II – A DO DANO EXTRAPATRIMONIAL Art. 223 – A . Aplicam-se 
à reparação de danos de natureza extrapatrimonial decorrentes da relação 
de trabalho apenas os dispositivos deste Título. Art. 223 – B. Causa dano 
de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral 
ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares 
exclusivas do direito à reparação. Art. 223 – C. A honra, a imagem, a 
intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o 
lazer e a integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à 
pessoa física. Art. 223 – D. A imagem, a marca, o nome, o segredo 
empresarial e o sigilo da correspondência são bens juridicamente 
tutelados inerentes à pessoa jurídica. Art. 223 – E. São responsáveis pelo 
dano extrapatrimonial todos os que tenham colaborado para a ofensa ao 
bem jurídico tutelado, na proporção da ação ou da omissão. Art. 223 – F. 
A reparação por danos extrapatrimoniais pode ser pedida 
cumulativamente com a indenização por danos materiais decorrentes do 
mesmo ato lesivo. § 1o Se houver cumulação de pedidos, o juízo, ao 
proferir a decisão, discriminará os valores das indenizações a título de 
danos patrimoniais e das reparações por danos de natureza 
extrapatrimonial. § 2o A composição das perdas e danos, assim 
compreendidos os lucros cessantes e os danos emergentes, não interfere 
na avaliação dos danos extrapatrimoniais. 
 
Se de um lado a referência ao salário do ofendido poderia ser considerado 
proporcional para a correta fixação da indenização, de outro poderia ser 
considerado contrário ao princípio da isonomia, porque, como dito anteriormente, a 
indenização decorrente de um mesmo dano moral (p.ex.: tetraplegia de um 
servente ou de um diretor de empresa) teria valor diferente em razão do salário de 
cada ofendido. 
Apesar de essa alteração legislativa ter sido veiculada em recentíssima lei 
(Lei n. 13.467, de 13/7/2017), foi a mesma objeto de alteração pela Medida 
Provisória n. 808, que modificou o texto dos artigos 223-C e 223-G, passando a 
fixar no último, como parâmetro, não mais o salário do ofendido, mas sim o valor do 
limite máximo dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social: 
“Art. 223-C. A etnia, a idade, a nacionalidade, a honra, a imagem, a 
intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, o gênero, a orientação 
sexual, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens juridicamente 
tutelados inerentes à pessoa natural.” (NR) “Art. 223-G. (...) § 1º . Ao julgar 
procedenteo pedido, o juízo fixará a reparação a ser paga, a cada um dos 
ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: I - 
para ofensa de natureza leve - até três vezes o valor do limite máximo dos 
benefícios do Regime Geral de Previdência Social; II - para ofensa de 
natureza média - até cinco vezes o valor do limite máximo dos benefícios 
do Regime Geral de Previdência Social; III - para ofensa de natureza 
grave - até vinte vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime 
Geral de Previdência Social; ou IV - para ofensa de natureza gravíssima - 
até cinquenta vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime 
Geral de Previdência Social. (...). § 3º. Na reincidência de quaisquer das 
	
	
	
	
	
	
partes, o juízo poderá elevar ao dobro o valor da indenização. § 4º Para 
fins do disposto no § 3º, a reincidência ocorrerá se ofensa idêntica ocorrer 
no prazo de até dois anos, contado do trânsito em julgado da decisão 
condenatória. § 5º Os parâmetros estabelecidos no § 1º não se aplicam 
aos danos extrapatrimoniais decorrentes de morte.” 
 
A alteração levada a efeito pela MP n. 808, não apenas afastou a 
possibilidade de ocorrer a violação ao princípio da isonomia -- ao fixar percentual 
sobre uma mesma base de cálculo pouco importando o valor do salário -- como 
melhorou a situação dos trabalhadores de menor renda, ao estabelecer uma 
tarifação que toma por referência valor que pode ser superior em mais de 5 vezes o 
salário mínimo de um trabalhador (valor do limite máximo dos benefícios do 
Regime Geral de Previdência Social é de R$ 5.531,31, em face de um salário 
mínimo de R$ 998,00) 
De qualquer sorte, ainda que a nova base de cálculo imposta pela MP n. 808 
seja melhor para os trabalhadores de menor renda, ainda assim deve ser tida como 
inconstitucional na parte que toca à limitação. Não é que os valores fixados estejam 
contrariando a jurisprudência. Não. Basta ver os acórdãos seguintes, colhidos 
aleatoriamente na jurisprudência do TST. 
Portanto, pode ser que esses parâmetros se mostrem justos e adequados 
em maior ou menor percentual dos casos ocorridos e/ou submetidos ao Poder 
Judiciário, mas não há como negar que a lei não poderia impor a limitação que 
estabeleceu. 
Assim como os incisos V e X do art. 5º, da CF, contemplam hipótese de 
indenização ampla, para aqueles que têm a intimidade, a vida privada, a honra e a 
imagem violadas pela imprensa, também o inciso XXVIII do art. 7º contempla 
indenização ampla para a hipótese de ocorrer dano extrapatrimonial decorrente de 
relação de trabalho ao empregado: 
“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social: (...) XXVIII - seguro contra 
acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização 
a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.” 
 
	
	
	
	
	
	
O próprio texto da norma afirma que eventual seguro contra acidentes, por mais 
amplo que possa ser, não pode excluir a indenização que o empregador estará 
obrigado a pagar, quando incorrer em dolo ou culpa. 
Conforme demonstrado, a inconstitucionalidade da tarifação contida nos 
incisos I a IV, do § 1º do art. 223-G da CLT, com a redação que lhe foi dada pelo 
art. 1º da Lei n. 13.467, de 13/7/2017, e também pela MP 808, justifica a 
suspensão imediata, porque a subsistência dos limites previstos propiciará um caos 
na Justiça do Trabalho decorrente da atuação individual de juízes de 1º grau e das 
Cortes Trabalhistas para proclamar, incidentalmente, a inconstitucionalidade da 
limitação, acarretando uma grave insegurança jurídica aos jurisdicionados. 
 Inegável, assim, o periculum in mora a justificar a observância do rito do 
artigo 10 da Lei n. 9.868/99, para o fim de ser apreciado o pedido de medida 
cautelar, visando a suspender o dispositivo impugnado. 
De fato, a inconstitucionalidade do artigo em outros lugares é tão eloquente 
que, tomando as palavras de Min. Aires Brito, é uma inconstitucionalidade latente 
(veja aqui). 
 
Explique-se. 
“ O sistema legal do país teve longa elementos necessários que o julgamento não 
é guiada por questões antiéticas antes de seu próprio juiz como para julgar, o juiz 
deve considerar o quadro probatório, que é a mais relevante, busca na lei, os 
seguintes princípios : precedentes, incluindo os vinculantes e a jurisprudência de 
sua fonte interpretativa.” 
 
É o que a doutrina chama de crença auto-motivada, sendo um direito 
fundamental da própria sociedade, inserido no Artigo 93, IX, do documento CF/88. 
 
José Miguel Media, comentando o assunto, afirma que "esse assunto é de 
suma importância, não apenas pela estrutura do sistema normativo, mas também 
pela complexidade do modo como os problemas sociais surgem, o que constitui 
um problema, em termos de fatos, é a evidência ". (sic ...) 
	
	
	
	
	
	
 
Mais tarde, o advogado advertiu que "a Constituição Brasileira e o direito 
processual deixam muito claro, mesmo com extrema força, a escolha da 
justificativa racional das decisões judiciais" (artigo 93, IX, CF / 1988; 11 do CPC / 
2015) ". (Sic ...) 
Ele insiste que a liberdade de crença do juiz não deve ser confundida com 
discrição, ao passo que um juiz, como dito acima, deve basear suas decisões no 
arcabouço legal existente na lei. 
 
Além disso, o artigo 489 do NCPC exige que o raciocínio seja exaustivo, 
em particular obrigando o magistrado a correlacionar conceitos indeterminados 
com casos concretos. 
 
O único parágrafo do artigo 223 G da CLT, ao impor critérios objetivos, é 
contrário ao direito fundamental da empresa de dispor de uma sentença baseada 
em fatos e provas, pois compromete seriamente o direito do juiz para tomar uma 
decisão informada. acordo com fatos e evidências 
 
Também deve ser mencionado que a própria CLT possui regras legais 
relativas à liberdade dos juízes decidirem com base no raciocínio racional, na 
forma do art. 765. 
 
Desta forma, o relator do TST declarou que 
Na mesma linha, declaro incidentalmente inconstitucionais os §§ 1º, 2º, 3º 
e 4º do art. 223-G, CLT, introduzidos pela lei... Trabalhista), por força da 
aplicação do princípio da irretroatividade das leis - artigos -5º, XXXVI, da 
CF e 6º da Lei 13.467. 
Tendo em vista que a sentença é Contraditória, na medida em que 
enquadra a Reclamante em todos os aspectos do item II da Súmula 378 
do TST, porque a doença foi constata após a resilição, em sentença, mas 
a sentença se refere a percepção de benefício previdenciário em período 
anterior à resilição contratual. (Processo n. 0011808-47.2017.5.15.0039 - 
RO - 28/02/2019 do TST-15) 
 
 
	
	
	
	
	
	
Além disso, o Artigo 223 G, parágrafo único, viola outras disposições 
constitucionais, como o princípio da separação de poderes (Artigo 2 da CF / 88) e 
garantias constitucionais garantindo a imparcialidade dos juízes e sua 
equidistância. 
Sabemos que a lei não é uma ciência exata e que posições conflitantes 
fazem parte da proporção. Com base nesse postulado, há posições contrárias à 
tese da inconstitucionalidade, como se expressa em outro lugar. Portanto, dada a 
incerteza jurídica que orientará os casos concretos em que são consideradas as 
discussões sobre os prejuízos não apoláveis, outra solução legal deve ser 
buscada em relação à aplicação do parágrafo único do artigo 223 G da CLT. O 
respeito pelas regras faz parte de uma sociedade organizada e, no entanto, não 
seria correto removê-las apenas por serem injustas. 
 
A este respeito, a capacidade de defesa não se confunde com a 
inconstitucionalidade, porque é a incompatibilidade de atos normativos com a 
Constituição, porque é a possibilidade, em termos concretos, de superar a 
imposição de uma regra que embora não contenha qualquer defeito, promoverá a 
instabilidade legal da jurisdição. 
 
Assim, como no exemplo dos dois obreiros Pedro e João, o juiz do trabalho 
pode exceder os parâmetros introduzidosno parágrafo único do artigo 223 G da 
CLT, porque as ofensas de natureza muito grave não serão tratadas como iguais. 
caminho. 
Enquanto isso, para poder usar o conceito de viabilidade, deve-se 
assegurar que não exista uma lacuna legal real entre as regras de conduta e a 
própria sociedade organizada. 
 
Somos inspirados pela valiosa lição do professor Humberto Ávila, que 
propõe alguns parâmetros a serem seguidos pelos juízes. Entre eles, pode-se 
dizer que, para derrotar a regra, é importante que isso não prejudique a essência 
moral da regra ultrapassada. 
 
	
	
	
	
	
	
Afinal, se você está procurando segurança jurídica, parece bastante 
contraditório não aplicar uma regra sem defeito. 
 
Neste diapasão, é precisamente para que não haja quebra no sistema 
normativo, é essencial ir além da regra, que o juiz obtenha justificativas 
agradáveis. Mais do que isso, a justificativa não deve ser genérica, mas pontual, 
e deve justificá-la para que não se torne um verdadeiro ato arbitrário. 
Não obstante, o raciocínio deve ser coerente, pois, embora o tribunal tenha 
um sistema jurídico muito denso, sua fonte de inspiração para superar a regra 
deve ser o caso concreto. 
 
Dada a gravidade dos dois casos, mas necessitando de soluções 
diferenciadas, o juiz pode sobrepor-se às determinações contidas no paragrafo 
único do artigo 223 G da CLT, desta vez tratando de forma desigual casos 
similares. 
 Ainda, o legislador quis dizer, ou impor, que o julgador não poderá sair do 
aludido titulo, em nenhuma hipótese, para decidir uma causa, quando não 
encontrar ali os elementos legais que o subsidiem no julgamento. Ressalta, que 
isto fere diretamente o principio da inafastabilidade da jurisdição. 
 Dever-se-a, então, dar solução inadequada, sabidamente inconveniente ao 
caso concreto para não transbordar os limites do Titulo II-A da CLT, com a 
redação que lhe deu a Lei 13.467/17. 
 Ainda cabe mencionar, que tal fato extrapola as regras do direito, os 
princípios constitucionais da dignidade da pessoa e proteção da vida, os valores 
sociais do trabalho e da livre iniciativa, nada disso poderá ser invocado no 
julgamento de causas afetas a dano moral na seara trabalhista. Isto remete a 
crer, que o dano moral na seara trabalhista é, e será, menos lesivo do que nos 
demais, caso este não tiver sua inconstitucionalidade pacificada. 
 O cidadão que em uma relação de emprego, será tratado diferentemente, 
daquele que tem de receber tutela menos abrangente, esse tratamento dissimil 
não se compatibiliza com a ordem constitucional. 
 
	
	
	
	
	
	
Por último, mas não menos importante, deve-se ressaltar que a tese da 
imprecisão ainda não é amplamente utilizada no Brasil, o que indica que, em sua 
aplicação, é imperativo prestar muita atenção. 
Ainda, que ressaltar, que tal alteração da lei, deixa assentada a sem razão 
da norma que termina por dar guarida a discriminação de classe, valorando a 
intimidade e o sentimento de cada um a partir do seu estrato social: os ricos e 
bem posicionados sofrem mais do que os pobres, ou tem um acréscimo de 
dignidade que eles, pobres, não têm, ou são mais sensíveis. 
 
DO PEDIDO DE LIMINAR E DE PROCEDENCIA DA ACAO 
 
Conforme demonstrado, a inconstitucionalidade da tarifação contida nos 
incisos I a IV, do § 1º do art. 223-G da CLT, com a redação que lhe foi dada pelo 
art. 1º da Lei n. 13.467, de 13/7/2017, e também pela MP 808, justifica a 
suspensão imediata, porque a subsistência dos limites previstos propiciará um caos 
na Justiça do Trabalho decorrente da atuação individual de juízes de 1º grau e das 
Cortes Trabalhistas para proclamar, incidentalmente, a inconstitucionalidade da 
limitação, acarretando uma grave insegurança jurídica aos jurisdicionados. 
 Inegável, assim, o periculum in mora a justificar a observância do rito do 
artigo 10 da Lei n. 9.868/99, para o fim de ser apreciado o pedido de medida 
cautelar, visando a suspender o dispositivo impugnado. 
Requer o autor, por essas razões, a concessão da medida cautelar, nos 
termos do § 3º do art. 10, da Lei n. 9.868/99, até mesmo por meio de decisão 
singular “ad referendum” do Plenário, para suspender a eficácia da tarifação 
contida nos incisos I a IV, do § 1º do art. 223-G da CLT, com a redação que lhe foi 
dada pelo art. 1º da Lei n. 13.467, de 13/7/2017, e também pela MP 808, para o fim 
de ser dada interpretação conforme à Constituição de sorte a permitir que os 
órgãos jurisdicionais fixem, eventualmente, indenizações superiores aos limites 
previstos, por decisão fundamentada. 
Ao final, após serem ouvidos o (a) Presidente da República, (b) o Congresso 
Nacional, (c) a AGU e o (d) PGR, requer o autor que esse eg. STF julgue 
	
	
	
	
	
	
procedente o pedido de declaração de inconstitucionalidade da tarifação contida 
nos incisos I a IV, do § 1º do art. 223-G da CLT, com a redação que lhe foi dada 
pelo art. 1º da Lei n. 13.467, de 13/7/2017, e também pela MP 808, para o fim de 
ser dada interpretação conforme à Constituição de sorte a permitir que os órgãos 
jurisdicionais fixem, eventualmente, indenizações superiores aos limites previstos, 
por decisão fundamentada. 
 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento. 
 
Brasília (DF), abril de 2019. 
	
	
XXXX 
Procurador-Geral da República

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