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93 Panorama da Aquicultura

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1Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
2 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
3Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006 3
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor
A
Editorial
Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
pós três anos e três meses à frente da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (SEAP), o 
Ministro José Fritsch se despede do cargo neste fi nal de março, ocasião em que passará a se 
dedicar inteiramente à sua campanha para o governo do Estado de Santa Catarina. 
 Em janeiro de 2003, a criação da Secretaria e a nomeação de Fritsch, um nome até então 
desconhecido no universo aqüícola, foram as melhores notícias que circularam entre os aqüicultores, 
tendo sido recebidas e comemoradas com muito entusiasmo por todos nós. Afi nal, uma pasta com 
status de Ministério, passaria a divulgar a desconhecida palavra “Aqüicultura” para um público que 
jamais ouvira isso ou soubera o seu signifi cado. 
À frente da SEAP, a pasta comprometida com o aumento da produção de pescados, o discurso de 
Fritsch se caracterizou pela excessiva cautela no trato dos assuntos relacionados à aqüicultura, diferente-
mente do seu entusiasmo tantas vezes demonstrado na abordagem de temas ligados ao setor pesqueiro. 
Seria porque Fritsch se sensibilizou mais com as fortes pressões da pesca, feitas por assíduos e calejados 
freqüentadores dos principais gabinetes da Esplanada dos Ministérios ou porque o tema vinha de encontro 
aos seus interesses nas urnas catarinenses? O fato é que nesses três últimos anos, fomos bombardeados por 
seguro-desemprego, novas carteiras gratuitas para pescador, pescarias de letras, arrendamentos, pró-frota e 
outras ações que certamente benefi ciaram a categoria dos pescadores, mas que em nada contribuíram para 
aumentar efetivamente as capturas das pescarias marinhas e continentais, que até diminuíram ao longo 
da sua gestão, segundo dados do IBAMA.
Por outro lado, a excessiva cautela na abordagem dos temas aqüícolas levou Fritsch a fazer discursos 
previsíveis, sempre calcados na velha retórica da necessidade de se desenvolver uma aqüicultura sustentável, 
como se isso fosse algo novo para o setor, ou mesmo algo que necessitasse ser lembrado a todo o momento 
aos aqüicultores. Seus discursos, por vezes, se confundiram com puxões de orelhas, constrangendo mais do 
que estimulando o único setor produtivo capaz de aumentar de forma signifi cativa a produção de pescados 
nacional. O que se viu nesses três anos foi uma SEAP pressionada e acuada por ONG’s autodenominadas 
ambientalistas, que o levavam a não se posicionar claramente diante da carência de políticas de estímulo 
à produção de pescados via aqüicultura. 
A grande dúvida agora é quanto ao futuro da SEAP. Na pesca e na aqüicultura pouco se especula 
acerca da substituição de Fritsch e nenhum movimento tem sido visto para que a SEAP se transforme num 
Ministério, uma condição que parece estar atrelada apenas à reeleição do Presidente Lula. É curioso notar 
também que nada está sendo feito para que a condução das políticas aqüícolas volte a ser feita a partir de 
uma diretoria de um outro ministério, a exemplo do que foi o extinto Departamento de Pesca e Aqüicultura 
(DPA) do Ministério da Agricultura. A SEAP não conseguiu sequer, criar um quadro próprio de carreira. Seus 
atuais funcionários são cedidos de outras instituições e isso preocupa, na medida em que podem simples-
mente voltar às suas origens e fi ngirem que a Secretaria nunca existiu.
Seja lá qual for o seu futuro, fi caremos com algumas certezas: a de que a aqüicultura tem que 
se separar da pesca; que faltou um incentivo contundente para o cultivo de pescados no nosso País, 
diferentemente do Chile, como pode ser visto na matéria de capa dessa edição e, que os políticos 
passam e a aqüicultura segue o seu curso...
 A todos, uma boa leitura.
4 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
5Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
Edição 93– janeiro/fevereiro, 2006
Editor Chefe:
Biólogo Jomar Carvalho Filho
jomar@panoramadaaquicultura.com.br
Jornalista Responsável:
Solange Fonseca - MT23.828
Direção Comercial:
Solange Fonseca
publicidade@panoramadaaquicultura.com.br
Colaboradores desta edição:
Adalto Bianchini
Alfredo Olivera
Carlos Wurmann 
Donald V. Lightner
Eduardo Gomes Sanches
Helio Laubenheimer 
Itamar de Paiva Rocha
Luís André Sampaio
Luis Otávio Brito
Marco Antonio Mathias
Philip C. Scott
Raul F. Marinheiro Neto 
Raúl Malvino Madrid
Ricardo Berteaux Robaldo
Thales Passos de Andrade
Waleska Melo Costa 
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores. 
Assinatura:
Fernanda Carvalho Araújo
e Daniela Dell’Armi
assinatura@panoramadaaquicultura.com.br
Para assinatura use o cupom encartado, visite 
www.panoramadaaquicultura.com.br ou envie e-mail.
ASSINANTE - Você pode controlar, a cada edição, quantos 
exemplares ainda fazem parte da sua as si na tu ra. Basta conferir 
o número de créditos des cri to entre parênteses na etiqueta que 
endereça a sua revista.
Números atrasados custam R$ 15,00 cada. Para adquiri-los 
entre em contato com a redação. 
Edições esgotadas: 01, 05, 09, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 20, 21, 22, 24, 25, 
26, 27, 29, 30,33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 44, 45, 59, 61, 62, 63, 
65, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 87, 88
Projeto Gráfi co:
Leandro Aguiar
leandro@panoramadaaquicultura.com.br
Design & Editoração Eletrônica:
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
 Impresso na SRG Gráfi ca & Editora Ltda.
Os editores não respondem quanto a qua li da de dos 
serviços e produtos anunciados. 
A única publicação brasileira dedicada exclusivamente 
aos cultivos de organismos aquáticos
Uma publicação Bimestral da: 
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
Rua Mundo Novo, 822 # 101
22251-020 - Botafogo - RJ
Tel: (21) 2553-1107 / Fax: (21) 2553-3487
www.panoramadaaquicultura.com.br
revista@panoramadaaquicultura.com.br
 
ISSN 1519-1141
Capa: Arte Panorama da Aqüicultura
...Pág 44
...Pág 40
...Pág 40
...Pág 43
Í N D I C E
...Pág 35
...Pág 39
...Pág 43
...Pág 06
...Pág 03
...Pág 14
...Pág 25
...Pág 10
SALMONICULTURA NO CHILE
No Brasil, onde os resultados alcançados pela 
aqüicultura brasileira ainda estão longe de mostrar o seu 
potencial, muitos projetos aqüícolas defi nem estratégias 
que, mesmo parecendo novas, já foram intentadas ou 
comprovadas em outros países, com diferentes graus de 
êxito. Dado o estado atual da carcinicultura brasileira 
e a urgente necessidade de ter sua competitividade 
fortalecida, é interessante observar alguns aspectos do 
vigoroso desenvolvimento chileno no campo dos cultivos aqüícolas, particularmente 
com o salmão, e analisar sua eventual pertinência no caso brasileiro.
Editorial
Notícias & Negócios
Notícias & Negócios on line
Salmonicultura chilena: lições para o cultivo do camarão no Brasil 
Enfermidades da carcinicultura brasileira: métodos de diagnóstico e prevenção
Importância da fertilização em viveiros de camarão marinho
Carta do prof. do Instituto de Biociências da USP, Eurico Cabral de Oliveira
Lançamento Editorial: Engenharia para Aqüicultura
Lista dos encarregados pelo Licenciamento Ambiental está no site da Panorama
Importação de larvas de ostras se assemelha a uma ópera bufa
Pesquisador Brasileiro concorre a presidência da WAS
Boas perspectivas para o cultivo de garoupa, meros e badejos no Brasil
Reprodução do linguado
A Doença do Caranguejo Letárgico 
LAQUASIG viabiliza o cultivo de camarões ornamentais marinhos 
Calendário Aqüícola
...Pág 52
...Pág 41
...Pág 59
...Pág 66
6 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
AQUIVEST NA FENACAM – A Rodada In-
ternacional de Negócios Aquivest 2006 
Tecnologias e Benefi ciamentos Aplicados 
às Culturas de Pescados, promovida pela 
Federação das Indústrias do Estado do Rio 
Grande do Norte, com apoio da Codevasf, 
acontecerá durante a FENACAM – Feira 
Nacional do Camarão, e tem como objetivo 
reunir empresários europeus e brasileirosem 
um seminário técnico e rodada de negócios, 
visando a abertura de novos mercados para 
os produtos do setor aqüicola brasileiro, em 
particular da carcinicultura e piscicultura. A 
Rodada de Negócios Aquivest conta com a 
colaboração das federações de indústrias do 
Ceará, Pernambuco, Pará e Santa Catarina, 
além do Promo Bahia, da própria CODEVASF, 
e de organizações da Espanha, Itália e 
França, que estarão enviando empresários 
interessados em oferecer e adquirir produ-
tos da aqüicultura e da pesca, insumos e 
tecnologias para o setor. A agenda de reu-
niões de cada participante é elaborada com 
antecipação, de acordo com o seu perfi l e as 
suas expectativas de negócios. Caso sejam 
necessários, serviços de tradução são ofere-
cidos gratuitamente. Podem participar dos 
encontros os pequenos e médios produtores 
e empresários do setor de aqüicultura que 
buscam novos mercados e/ou equipamentos 
e tecnologia de produção, processamento 
e embalagem. Interessados em participar 
das rodadas de negócios organizadas no 
âmbito do Programa Al-Invest devem en-
trar em contato com a Codevasf. Não há 
taxa de inscrição. Participarão dos eventos 
importadores, exportadores, fornecedores de 
serviços, insumos e tecnologia. A Rodada de 
Negócios acontecerá de 23 e 24 de março, no 
Centro de Convenções de Natal, Rio Grande 
do Norte. Mais informações, pelo site www.
codevasf.gov.br/menu/eurocentro - e-mail: 
eurocentro@codevasf.gov.br 
BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO - A Rações 
Fri-Ribe S/A, que atua há 34 anos no ramo de 
nutrição animal, sempre com o compromisso 
de produzir produtos com qualidade, con-
quistou recentemente o certifi cado de Boas 
Práticas de Fabricação – BPF, um método 
de controle aplicado e evoluído ao longo do 
tempo envolvendo todas as etapas produ-
tivas, desde a aprovação dos fornecedores 
de matérias primas, até a distribuição dos 
produtos acabados. A rastreabilidade total 
foi fundamental para a conquista do BPF, 
que atende a legislação atual do Ministério 
da Agricultura e Abastecimento, sendo 
auditada pela Fundação Carlos Alberto Van-
zolini e certifi cado pelo Sindirações, Anfal 
e Asbram. A Rações Fri-Ribe S/A foi uma 
das primeiras empresas de nutrição animal 
do Brasil a conquistar o certifi cada de Boas 
Praticas de Fabricação. 
 
AUDITORIA DE PESCADOS - No início de 
junho, processadoras brasileiras de pescado 
e derivados, que exportam para a comunida-
de européia, serão visitadas por auditores. 
Antes da chegada da missão européia, 
técnicos do MAPA verifi carão, nos Estados, 
o cumprimento das regras exigidas junto às 
indústrias processadoras. Dúvidas podem ser 
esclarecidas pelo DIPES-DIPOA/MMA pelos 
telefones: 61 3218-2775 e 3218-2778.
UM FILME JÁ VISTO – Foi noticiado recente-
mente que quase mil agricultores familiares 
de Pernambuco serão benefi ciados com a ins-
talação de um laboratório para produção de 
alevinos de tilápias no açude Entremontes, na 
região do Araripe. O projeto é uma parceria do 
governo federal e o Banco do Nordeste, com 
o objetivo de promover a inclusão social. Os 
pequenos agricultores receberão apoio fi nan-
ceiro para produzir tilápia e contarão com a 
assistência de pesquisadores da Universidade 
Federal Rural de Pernambuco. Cuidados devem 
ser tomados para que não haja a repetição 
de fi lmes semelhantes já vistos em outras 
oportunidades, com o enredo baseado na 
distribuição de alevinos produzidos por la-
boratórios do governo, que passam também 
a ser utilizados por políticos para atender 
interesses eleitoreiros. A iniciativa privada, 
que investe do próprio bolso e assume todos 
os riscos montando seus laboratórios de ale-
vinos, sempre fi ca fragilizada em decorrência 
dessas novas “concorrências”. 
PIRARUCU - O Pirarucu chegou às prateleiras 
dos supermercados de Fortaleza, através das 
lojas do Pão de Açúcar e Extra. De carne bran-
ca, nobre e bastante apreciada pela culinária 
japonesa, o pirarucu comumente ofertado 
em mantas salgadas, está sendo apresentado 
congelado, em cortes de lombo e fi lé ao preço 
de R$ 19,80 o quilo, e em cubos, a R$ 16,45 o 
7Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
quilo. O consumo do peixe vem crescendo no 
País, a partir do "Programa Caras do Brasil", 
que é desenvolvido pelo Grupo Pão de Açúcar, 
com a fi nalidade de introduzir nos seus super-
mercados todo tipo de produto que defenda o 
meio ambiente e a responsabilidade social. O 
peixe é fornecido pelo Frigorífi co Frigopesca, 
localizado no município de Manacapuru, que 
dá suporte à produção de 200 famílias de pisci-
cultores de Fonte Boa e Manacapuru. Com esse 
acordo a carne do pirarucu, passa a ser o mais 
novo produto a conquistar o mercado nacional, 
com a marca 'Amazônia', por meio das ações 
de desenvolvimento sustentável do "Programa 
Zona Franca Verde". O produto é considerado 
diferenciado, já que seu manejo envolve pro-
cessos de organização social e qualifi cação 
profi ssional. O governo do Amazonas incentiva 
a produção do peixe e ajuda na comercializa-
ção entre produtores e o mercado. O contrato 
comercial estabelecido com o Grupo Pão de 
Açúcar, é o primeiro grande negócio fi rmado 
e possui cláusulas que obrigam o frigorífi co a 
pagar preços justos aos pescadores que traba-
lham com o manejo. O programa renderá cerca 
de R$ 350 mil, que irão diretamente para as 
populações envolvidas no manejo do pirarucu. 
A parceria difunde também as características 
nutricionais do peixe.
PEIXE E CÉREBRO – Uma dupla de pesquisado-
res canadenses encontrou uma correlação entre 
o consumo de peixe e o avanço da inteligência 
humana. O fi siologista Stephen Cunnane, da 
Universidade de Sherbrooke e sua colega Ka-
thy Stewart, do Museu Canadense de História 
Natural em Ottawa, têm concentrado suas 
pesquisas na evolução humana. Seus estudos 
podem ajudar a entender o surpreendente cres-
cimento do volume cerebral dos hominídeos, 
os ancestrais da humanidade moderna. Até 
2,5 milhões de anos, o cérebro do hominídeo 
nunca ultrapassava os 600 cm3; porém 500 
mil anos depois, o valor já se aproximava 
dos 1.000 cm3, cerca de 80% da média atual 
do Homo sapiens. Essa expansão cerebral só 
aconteceu porque os primeiros membros do 
gênero Homo aprenderam a armazenar gordura 
por meio de uma fonte alimentar altamente 
nutritiva e fácil de capturar. A aposta deles 
recai sobre peixes, moluscos e afi ns, que 
contêm substâncias gordurosas como o DHA 
e nutrientes como o iodo, essenciais para o 
desenvolvimento do cérebro. Em sítios arque-
ológicos distribuídos ao longo da rede de rios 
e lagos que recobriam o Grande Vale do Rift, 
na África Oriental, foi encontrada uma grande 
quantidade de ossos de bagre africano, com 
marcas de mordida ou ferramentas.
DENÚNCIA - Exportadores de camarão estão 
protestando contra as novas exigências do 
governo para liberar o produto para expor-
tação. O Ministério da Agricultura, que já 
exige Certifi cado Sanitário de Trânsito Interno, 
emitido na origem, ou Certifi cado Sanitário 
Internacional, quando os containeres são la-
crados para exportação via marítima ou aérea, 
e em carretas frigorífi cas, nas exportações via 
terrestre, está agora obrigando os empresários 
a abrirem seus containeres no porto. Além 
de pôr em risco a qualidade do produto, o 
exportador ainda é obrigado a pagar mais por 
esse serviço. Inadequadamente os containe-
res são abertos em câmaras frigorífi cas com 
temperatura de 5 graus positivos, quando 
a temperatura adequada é de -20 graus. 
Falta também uma higienização correta 
para manuseio da carga, fato que poderá ser 
questionado posteriormente pelo importador, 
trazendo prejuízos para o exportador. Por essa 
manobra, executada no Porto do Pecém, foi 
cobrada a quantia de R$ 1,5 mil. 
 TECNOLOGIA DE PESCADOS - O Instituto de 
Pesca vai promover, de 6 a 8 de junho, o II 
Simpósio de Controle do Pescado, que será 
realizado no Centro de Convenções da Costa 
da Mata Atlântica, no Parque Bitaru, em São 
Vicente. O tema central é Segurança Alimentar, 
e envolvedesde a rastreabilidade na cadeia 
produtiva do pescado até a manipulação e 
processamento. Como reunião técnico-cien-
tífica envolvendo especialistas da cadeia 
produtiva do pescado, o II SIMCOPE conta 
com a presença de especialistas do Brasil e do 
exterior e busca consolidar-se como um foro 
reconhecidamente qualifi cado para a discussão 
dos problemas e perspectivas para esse setor. 
Na oportunidade acontecerá também o I 
Encontro de Tecnólogos de Pescado, reunindo 
os profi ssionais que cumprem um papel espe-
cializado, necessário ao bom desempenho da 
cadeia produtiva do pescado. Mais informações 
podem ser obtidas no site http://www.pesca.
sp.gov.br/2simcope.shtml
REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL – Repre-
sentantes da Associação de Piscicultores 
das Águas Públicas - ANPAP, da Associa-
ção de Aqüicultores de Monte Aprazível 
- AQUAMAR, da Associação dos Amigos 
8 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
do Lago Três Irmãos – AALTI e da As-
sociação dos Pescadores Profissionais 
de Buritama e Região – AAPBR junto a 
pesquisadores do Instituto de Pesca e 
da Agência Paulista de Tecnologia dos 
Agronegócios do Médio Paranapanema 
– APTA, reuniram-se em São Paulo – SP, 
com o objetivo de discutir a necessi-
dade de agilização do licenciamento 
ambiental, destinado a projetos de 
aqüicultura em tanques-rede, em águas 
de domínio da União. Na ocasião, en-
tre outras recomendações, foi feito à 
Secretaria Estadual do Meio Ambiente 
– SEMA, um alerta sobre a urgência da 
definição dos procedimentos relativos 
ao licenciamento ambiental, bem como 
sobre a necessidade de investimentos em 
pesquisas. De acordo com dados do Sis-
tema de Informações das Autorizações 
de Uso de Águas de Domínio da União 
para fins de Aqüicultura (SINAU-SEAP), 
cerca de 40 processos de regularização 
de projetos de cultivo em tanques-rede 
do Estado de São Paulo deram entrada 
na Secretaria Especial de Aqüicultura e 
Pesca (SEAP). Desse total, 28 processos 
encontram-se na SEAP de São Paulo 
aguardando o necessário licenciamento 
ambiental. 
ESCAMA FORTE – A Escama Forte Pisci-
cultura, que há cinco anos se dedica à 
produção de peixes de água doce, está de 
telefone e endereço novos. A empresa, 
que se caracteriza por ter a sua produção 
em tanques-rede totalmente rastreada 
e desenvolvida com responsabilidade 
social e respeito ao meio ambiente, 
também presta serviços de consultoria e 
comercializa o Fish Control, um software 
de gerenciamento aqüícola desenvolvido 
para a rotina de controles da atividade. 
Anote o novos contatos da Escama Forte 
Piscicultura – Sítio Tambiú - Zacarias 
– SP, Fone (18) 3694-7266 – email: es-
camaforte@escamaforte.com.br
VINHO PROLONGA VIDA DE PEIXES – Uma 
notícia curiosa foi divulgada recentemente 
e agradou, não somente os amantes do 
vinho, mas também os piscicultores. De 
acordo com pesquisadores italianos, um 
composto chamado resveratrol presente 
no vinho tinto, tem o poder de prolongar 
a vida dos peixes. A pesquisa, publicada na 
última edição da revista Current Biology, é 
a primeira a mostrar o efeito do composto 
em um ser vivo mais complexo. As proprie-
dades do composto encontrado nas cascas 
das uvas, já haviam sido comprovadas com 
células de levedura, moscas de frutas e mi-
nhocas. Para seres humanos, são crescentes 
as evidências de que o vinho tinto, tomado 
em quantidades moderadas pode benefi ciar 
a saúde, reduzindo problemas cardíacos 
e atuando como um anti-oxidante. Para 
as pesquisas foi utilizada uma espécie de 
peixe do leste da África que tem uma ex-
pectativa de vida média de nove semanas. 
Depois de alimentados com suplementos 
de resveratrol, os peixes jovens viveram 
até 50% mais e os peixes mais velhos 
permaneceram em boas condições físicas. 
Os pesquisadores se impressionaram com a 
condição atlética dos peixes tratados com 
resveratrol em comparação com os peixes 
do grupo de controle. 
WSSV NO MÉXICO – O desastre causado 
pelo vírus da Mancha Branca no sul de 
Sonora, no México, está ameaçando deixar 
nas ruas e sem alternativas de trabalho, 
mais de 3.500 famílias. O impacto da crise 
é estimado em mais de 67 milhões de dó-
lares em perdas para a aqüicultura no sul 
do Estado e atingiu tanto o setor público 
como o privado. Com isso os produtores 
dessa região não possuem condições para 
seguir com os cultivos no ano de 2006. Esta 
é a mais grave crise que a carcinicultura 
mexicana enfrenta.
LACC – A atual diretoria do Capítulo Latino 
Americano (LAC) aprovou, com o referendo 
da Diretoria da WAS, a mudança de nome 
e agora passa a se chamar Capítulo Latino 
Americano e Caribenho (LACC). O LACC 
organizou para o Congresso Mundial de 
Aqüicultura (AQUA 2006) que acontecerá 
entre os dias 09 e 13 de maio em Floren-
ça, na Itália, uma sessão especial sobre a 
Aqüicultura na América Latina e no Caribe, 
que irá abordar temas como a criação de 
camarões de água doce e marinhos, peixes 
marinhos e tilápia na América Latina e no 
Caribe, pesquisas prioritárias para o Brasil, 
dentre outros. Já confi rmaram a presença 
nesta sessão os brasileiros Eric Routledge, 
Luis André Sampaio, Wagner C Valenti, 
Rodrigo Roubach, Sérgio Zimmerman e 
Ricardo C. Martino. 
 
9Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
A PROVA D’ÁGUA- A Alfakit é a primeira 
empresa brasileira a desenvolver um oxí-
metro à prova d’água. Saiu na frente com o 
lançamento do seu Oxímetro Microproces-
sado AT 150, um equipamento super leve, 
que cabe na palma da mão. Um produto 
prático e de alta qualidade. A Alfakit é 
uma empresa catarinense que desenvolve 
também kits e equipamentos para análise 
de água e solo para a aqüicultura nacio-
nal, e está prometendo para breve novos 
lançamentos www.alfakit.com.br
PITU - Um estudo desenvolvido pelo bió-
logo Edson Pereira, aluno de mestrado da 
Universidade Federal Rural de Pernambuco 
(UFRPE), pode ajudar no repovoamento do 
pitu (Macrobrachium carcinus) com base 
na introdução de uma dieta alimentar 
adequada para o processo de larvicultu-
ra. O estudo foi realizado na Estação do 
Instituto de Pesquisa Agropecuária de 
Pernambuco (IPA), onde foram testados 
quatro tipos de rações em um período de 
seis meses, obtendo-se 48% de sobrevi-
vência das larvas. Segundo Edson Pereira, 
o resultado alcançado por pesquisadores 
em experimentos anteriores foi de, no 
máximo, 10%. O projeto de mestrado foi 
fi nanciado pela Pitú, indústria pernam-
bucana produtora de cachaça, que tem o 
crustáceo como sua marca.
REDUÇÃO DO ICMS PARA TILÁPIA – O 
governo do Estado da Bahia publicou 
em janeiro, no Diário Ofi cial do Estado, 
a redução do ICMS de 17% para 1,7% 
nas operações internas e externas com 
a tilápia beneficiada, proveniente de 
cultivos. Em 2005, a produção de tilápias 
cultivadas em tanques-rede no Baixo do 
São Francisco, foi estimada em 1,4 mil 
toneladas e, deste total, 91,5% foram 
produzidas no Estado da Bahia. A região 
de Paulo Afonso conta hoje com cerca de 
100 produtores e 1,6 mil tanques-rede. 
A maior parte da produção segue para 
o mercado norte-americano através de 
empresas exportadoras. 
ALERTA IMPORTANTE – O diretor do 
Centro Nacional de Aqüicultura em Águas 
Quentes, do Estado do Mississipi (EUA), 
Craig Tucker, durante sua palestra no Fish 
Farming Trade Show em Greenville, no Mis-
sissipi, intitulada “Minimizando o Impacto 
Ambiental no Cultivo do Catfi sh”, alertou 
que o mesmo que ocorreu com a imagem 
do camarão marinho proveniente de fazen-
das de cultivo, pode vir a acontecer com o 
catfi sh, ou seja, a associação do produto 
ao estigma de ser uma forma de aqüicul-
tura que não é ambientalmente amigável. 
Para Tucker, este estigma pode ser aplicado 
ao catfi sh norte-americano de forma muito 
rápida e fácil. Para ele, existem várias 
razões para que os produtores norte-ame-
ricanos fi quem atentos a este tema, e por 
isso, devem se preocupar principalmente 
com alguns pontos bastante visados pelos 
“ambientalistas”, como: a poluição; o uso 
da farinha de peixe na ração; impactos dos 
animais queescapam dos cultivos; propa-
gação de doenças; uso da água, conversão 
de habitats; uso de drogas e produtos 
químicos; controle de predadores e, uso 
de energia. Considerando que o cultivo 
do catfi sh é tido como uma das formas de 
aqüicultura mais ambientalmente amigá-
veis, bem como a força dessa indústria nos 
EUA em termos de mercado consumidor, 
e levando em conta a tendência real do 
consumidor moderno de preferir cada vez 
mais o consumo de produtos certifi cados, 
esse alerta deve ser visto com bastante 
atenção e aproveitado por todo o setor 
de aqüicultura brasileira. 
10 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
Para fazer parte gratuitamente da 
Lista Panorama-L vá ao site 
www.panoramadaaquicultura.com.br
 clique em Lista de Discussão 
e siga as instruções.
De: Luis Nakanishi
nakanishi@terra.com.br 
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Aquariofi lia - doença
Gostaria de contatos (e-mail) de pessoas que 
possam dar uma dica sobre formas de tratamen-
to de Ictio (doença dos pontos brancos) em 
peixes ornamentais. Das informações que tenho, 
este parasita se manifesta preferencialmente 
em temperatura baixas, mas minha situação é 
de temperatura da água entre 26 e 28ºC.
De: Ricardo Ribeiro 
rpribeiro@uem.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Aquariofi lia - doença
Luís, se possível tente aumentar a temperatura 
para 31 graus, é a forma mais efi ciente.
De: Santiago Hamilton 
shamilha7@docd3.ub.edu
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Aquariofi lia - doença
Os parasitas que provocam a doença dos "pon-
tos brancos", são: Ichthyophthirius multifi liis, 
se seus peixes forem de água doce; e, Crypto-
caryon irritans - se eles forem de água salgada. 
Esta parasitose indica problemas de qualidade 
de água, alimetação inadequada, e/ou oscila-
ções de temperatura. Se o volume de aquários 
e peixes que você tiver for reduzido, um dos 
tratamentos indicados é o uso de formalina 
comercial numa solução de 1:4000 (1ml de 
formol para 4l de água), banho de uma hora, 
por três vezes, com intervalo de três dias entre 
cada aplicação. (informações retiradas do livro 
"Doenças de Peixes: Profi laxia, Diagnóstico e 
tratamento" do Gilberto Pavanelli, Jorge Eiras 
e Ricardo Takemoto). De qualquer forma, você 
terá que identifi car/combater o problema que 
iniciou a infestação.
De: Vitor Porto
vporto@prontonet.com.br 
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Aquariofi lia - doença
O aumento da temperatura é um bom trata-
mento, mas vou falar o que eu geralmente 
faço neste caso: 1- Transfi ra seus peixes para 
um recipiente hospital e faça o tratamento 
com sal e aumento gradual da temperatura; 
2- Faça uma desinfecção do recipiente onde se 
encontravam os peixes (com água sanitária), 
esfregue bem todos as partes de seu aquário, 
se for o caso, preste atenção nos pequenos 
poros ou buracos, geralmente na emenda de 
silicone, pois os cistos fi cam lá. Se você não 
fi zer isso, o ictio sempre voltará em situações 
oportunas, como estresse; 3-Lave bastante 
para tirar o excesso de cloro; 4- transfi ra 
novamente os peixes. 
De: Thiago Trombeta 
thiago_trombeta@yahoo.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Aquariofi lia - doença
O ictio ocorre muito quando há uma mudança 
brusca na temperatura, como por exemplo 
de um dia para o outro e principalmente em 
regiões de grandes altitudes. Tente manter 
a temperatura há 32ºC por algum tempo, e 
diminua a quantidade de ração ofertada.
De: Manuel Vazquez Vidal Junior 
mvidal@uenf.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Aquariofi lia - doença
O sal é excelente para controlar o ictio e a 
elevação da temperatura para 30ºC. No caso do 
sal aqui na UENF temos usado em banhos com 
8 a 15 partes por mil, dependendo da espécie 
(em geral 8). Esses banhos não excedem cinco 
minutos. Esse parasita é oportunista e, por 
experiência própria e acompanhando produto-
res, vemos que ele se manifesta mais quando 
ocorre elevação da amônia. Alguns produtores 
usam permanganato de potássio, mas seu efei-
to não é satisfatório. Já os banhos de longa 
duração em azul de metileno após qualquer 
manejo, se mostraram bons profi láticos.
De: Bruno jacomel 
bruno_jacomel@yahoo.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Abalone
Andei estudando sobre uma espécie de mo-
lusco muito interessante, o abalone, e fi quei 
interessado em saber se no Brasil existe algu-
ma espécie similar? Se não, o que eu também 
acredito, gostaria de saber qual a possibilidade 
de se trazer espécies exóticas pra dentro do 
território? Como anda a lei para isso? Usando 
sistema fechado, pra começo de pesquisa.
De: Ricardo Tsukamoto 
bioconsu@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Abalone
Não existe abalone nativo da América do Sul. 
No Chile, a estação experimental de Coquimbo, 
implantada pelos japoneses há duas décadas, 
faz pesquisas com o abalone trazido do Japão. 
Porém, acho que não há uma perspectiva para 
larga escala, pois lá não existem algas naturais 
que servissem como alimento para o abalone. 
Também não há fundos rochosos para as algas 
se desenvolverem e os abalones poderem ser 
criados ao natural (sea farming) como se faz 
no Japão. Como alternativa para o Chile, há 
várias décadas os japoneses importam um 
molusco nativo, conhecido como "loco". Já no 
Brasil, seria impossível criar o abalone, uma 
vez que ele requer águas muito frias, que não 
ocorrem por aqui.
De: Luis Poersch 
lpoersch@mikrus.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Abalone
Atualizando as informações repassadas ao 
Bruno, posso dizer que o Chile produz comer-
cialmente abalones. Tanto a Universidade Ca-
tólica do Norte (Coquimbo) como a Fundação 
Chile. Inicialmente trabalhavam com o abalone 
japonês, mas agora estão produzindo em larga 
escala o abalone "americano", com a diferença 
de que a engorda é feita em tanques de fi bra 
ou plástico. Acredito que por uma questão 
legal, já que as condições no ambiente são 
propícias ao seu desenvolvimento. O cultivo da 
espécie nativa "loco" ainda é um sonho para os 
chilenos. O problema está no desenvolvimento 
larval, que apresenta taxa de mortalidade 
extremamente alta. No Brasil, fora a questão 
legal de introdução do gênero, acredito que 
a região de Cabo Frio seria a ideal para o de-
senvolvimento dos abalones (dependendo da 
espécie a ser trazida), já que lá a temperatura 
11Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
é mais fria e constante ao longo de todo o ano. 
Esta condição se tornaria necessária, pois o 
tempo de cultivo nos tanques até o ponto de 
abate, é relativamente longo. Por outro lado, 
o preço de mercado deve valer a pena!
De: Paulo Afonso 
pafonso@infonet.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Energia para piscicultura
Sou um médio piscicultor e sabendo do 
direito de consumir energia com tarifa 
reduzida (Instrução Normativa n° 207, de 
09 de janeiro de 2006 - ANEEL), procurei a 
concessionária em meu Estado, a Energipe, 
para implantar o novo sistema. Na minha 
piscicultura, produzo alevinos, engordo e pro-
cesso o nosso peixe. Vejam o que a Energipe 
me respondeu: a) Tenho que mandar fazer um 
projeto elétrico detalhado; b) a minha casa 
e a casa do caseiro não serão benefi ciadas; 
c) a unidade de processamento também não; 
d) o laboratório de alevinagem, igualmente. 
Que absurdo!! Pergunto aos colegas: é assim 
mesmo? Será que o Governo mandou que 
fi zessem dessa forma? 
De: Carlos A S Suleiman 
suleiman@jupiter.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto Re: Energia para piscicultura
Aqui comigo foi a mesma coisa, fui atrás do 
desconto e me disseram que como sou con-
sumidor de baixa tensão eu teria que passar 
para alta tensão, mediante projeto, troca de 
transformadores, contratação de demanda de 
energia mínima, etc... Quer dizer, uma buro-
cracia danada pra poder fazer uso da energia 
no horário noturno, coisa que eu já sabia, e 
ter um desconto que seria possível depois de 
muita matemática. Bem, eu acho que se é 
pra dar desconto pra quem produz,devia ser 
desconto sobre o que já se usa e não conforme 
adaptações onerosas e burocráticas. Mas essa 
é só a minha opinião.
De: Robert Krasnow 
robertkrasnow@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto Re: Energia para piscicultura 
Como tudo isto vai terminar eu não sei, mas 
posso lhes assegurar que nenhuma distribui-
dora de energia vai ceder facilmente algum 
benefício ao consumidor em detrimento da 
sua arrecadação. Eles somente aceitarão algum 
benefício para o consumidor se forem forçados, 
de uma forma ou outra. Em tempos passados, 
referente o desconto "tarifa verde" para ir-
rigação, a nossa distribuidora exigiu de um 
irrigante que colocasse um segundo medidor 
em separado para a única lâmpada (!!!) que 
proporcionava a iluminação das moto-bombas 
utilizadas para irrigação (possibilitando a sua 
ativação com segurança). Argumentaram que a 
lâmpada não se enquadrava na legislação que 
cede o desconto. Ou seja, depois de alguns 
lutarem por um bom tempo para conseguir 
este benefício (quem conhece a história, 
sabe que não foi fácil!), agora vamos ter que 
lutar para sua real implementação. A bola 
está conosco.
De: Edson Falcão 
efalcao@webone.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto Re: Energia para piscicultura 
Desde 1992 temos por aqui efetivado o 
subsidio da energia. Primeiro para irrigação 
e depois para aqüicultura, é fato. Tem todo 
um ordenamento em função do tamanho do 
módulo rural, e seu benefício vai até 100ha. 
O benefi ciário requer, a Emater faz o laudo e 
envia para a concessionária, que faz avaliação 
de carga e cadastro do medidor, enviando o 
processo para SDR, onde o benefício fi nalmen-
te é concedido, e isso vai 20 dias.
De: Jorge Nicolau 
jorgengoncalves@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto Re: Energia para piscicultura 
A EMATER fez o laudo, mas estou esperando 
há dois anos a resposta da CEPISA. Não 
é assim tão simples e eu só conheço um 
carcinicultor que conseguiu o benefício, 
através de mandado de segurança.
De: Christopher Denmark 
cbdenmark@hotmail.com
Para: shrimp@yahoogroups.com
Assunto: Evergreen
Alguém tem informação a respeito de um pro-
duto chamado “Evergreen”? Ele é usado como 
uma alternativa ambientalmente amigável para 
o uso do metabissulfi to de sódio utilizado na 
prevenção da melanose.
De: Srini
srinipapl@vsnl.net
Para: shrimp@yahoogroups.com
Assunto: Re: Evergreen
Este produto está disponível na Índia. É basi-
camente um vinagre de madeira, processado 
por meio de destilação a seco. Estudos têm 
demonstrado que o produto reduz a melanose, 
não considerando a sua atuação como desin-
fetante para uso antes do processamento de 
peixes e camarões. Visto que é um produto 
biodegradável, e uma fonte orgânica, não 
possui efeitos colaterais.
De: Dominique Gautier 
dgautier@aquastareu.com
Para: shrimp@yahoogroups.com
Assunto: Re: Evergreen
Informações à respeito de um estudo inte-
ressante sobre esse tema, foi recentemente 
apresentado no Seafi sh: www.seafi sh.org/
whatsnew/detail.asp?p=ca&id=1239
12 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
De: Vijayan KK 
vijayankk@gmail.com
Para: shrimp@yahoogroups.com
Assunto: White Spot
Freqüentemente escutamos dos produtores 
a respeito da relação com a salinidade e a 
temperatura da água de cultivo. Um dos meus 
estudantes de doutorado trabalhou o perfi l de 
virulência do WSSV proveniente das fazendas 
na Índia e interessou-se pelo papel da salini-
dade e da temperatura sobre a virulência do 
WSSV. Coletamos informações de campo e con-
duzimos estudos de laboratório com diferentes 
tratamentos de salinidade e de temperatura. 
Experimentos com salinidade variando entre 1 
e 45 ppt não mostraram nenhuma variação na 
virulência do WSSV. Nossos dados de campo 
também sugerem que a defl agração da en-
fermidade ocorreu em todos os tratamentos, 
variando desde 1 ppt (quase água doce) até 60 
ppt (países do Golfo). É interessante notar que 
a temperatura mostrou uma infl uência clara 
na virulência. Temperaturas baixas mostraram 
maior virulência, e provavelmente o WSSV 
prefere baixas temperaturas para a multipli-
cação viral. Nas regiões tropicais, quando a 
temperatura cai para menos de 28oC, a en-
fermidade mostrou um surgimento repentino 
e os nossos dados de laboratório corroboram 
esse fato. Em nossos experimentos, quando a 
temperatura foi mantida acima de 30oC e 32oC, 
a virulência do WSSV chegou a diminuir e os 
animais expostos a essas condições puderam 
sobreviver melhor e por períodos maiores, 
quando comparado aos animais controle, 
mantidos em 28oC. No entanto, existe 
uma visão de que em climas temperados 
as coisas possam ocorrer de forma oposta, 
ou seja, em temperaturas mais elevadas 
a virulência será maior e em condições 
de temperaturas baixas a virulência seja 
menor. Não sei se alguém tem alguma 
evidência que confi rme isso. Geralmente, 
os produtores na Índia também observam 
que quando a temperatura da água está 
acima de 30oC, a defl agração da Síndrome 
da Mancha Branca é considerada baixa, 
enquanto que quando a temperatura cai 
para menos de 28oC, freqüentemente devido 
a chuvas repentinas ou em dias nublados, 
então a incidência da defl agração da WSSV 
e as mortalidades aumentam.
De: Saji Chacko 
chacko.saji@gmail.com
Para: shrimp@yahoogroups.com
Assunto: Re: White Spot
Minha experiência na India (Gujarat), nos úl-
timos 10 anos, mostra que as defl agrações do 
WSSV se dão em salinidades variando desde 5 
a 52 ppt. Tenho notado que o agente causador, 
normalmente são as fl utuações na temperatura 
e os dias nublados.
De: Eric De Muylder
Para: shrimp@yahoogroups.com
Assunto: Re: White Spot
Não sou um especialista, mas tenho escutado 
que o WSSV não ocorre acima de uma determi-
nada temperatura (creio que acima de 35oC), 
e não acima de uma determinada salinidade. 
O White Spot se defl agrou na província de 
Bushehr, no Irã, no ano passado, quando as 
temperaturas ainda eram moderadas, mas a 
salinidade muito provavelmente estava acima 
de 40 – 45 ppt. Infelizmente quase todos os 
produtores interromperam os cultivos.
De: Laurence Evans
ecotao@yahoo.com
Para: shrimp@yahoogroups.com
Assunto: Re: White Spot
Uma fazenda na Arábia Saudita atualmente 
também se encontra enfrentando o WSSV e as 
salinidades são maiores que 42 ppt.
De: Carlos A S Suleiman
suleiman@jupiter.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: PH, Dureza e Alcalinidade
Apesar de estar usando calcário dolomítico 
nas proporções adequadas não consigo ele-
var a alcalinidade e a dureza para os níveis 
ideais, o pH até que se mantém em 6,5. 
Estou pensando em usar aquele pozinho 
utilizado em construção, que é cal com 
elevadas quantidades de magnésio, minha 
pergunta é: é o ideal pra ser usado? Não 
tem perigo de ser agressivo pras larvas 
(ainda faltam cinco dias para a soltura)? 
Tem algo melhor para se usar?
De: Luis Vinatea 
vinatea@mbox1.ufsc.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto Re: PH, Dureza e Alcalinidade
Tanto o calcário calcítico quanto o dolomí-
tico fi cam insolúveis a partir de 40 mg/L 
de alcalinidade. Essa pode ser a resposta 
do porquê sua alcalinidade custa a subir. O 
pozinho a que você faz referência deve ser 
o hidróxido de cálcio Ca(OH)2, que pode, 
sim, ser usado para elevar a alcalinidade 
e a dureza. Porém, existe o risco de elevar 
demais o pH e, com isso, tornar mais tóxica 
a amônia presente na água. O sulfato de 
cálcio poderia ser usado para elevar a dure-
za da água e o bicarbonato de sódio NaHCO3 
para elevar a alcalinidade, pois são mais 
solúveis que os calcários. Porém, se após 
alguns dias a alcalinidade da água cair, e 
se esta queda não é devido à renovação da 
água, é provável que você esteja com o seu 
solo ácido, o qual deve estar seqüestrando 
íons bicarbonato para neutralizar os pró-
tons liberados pelas reações próprias do 
ferro e do alumínio.
13Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
De: Alvaro Graeff
agraeff@epagri.rct-sc.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto Re: PH, Dureza e Alcalinidade
Trocando emmiúdos, quais os produtos comer-
ciais e em que situação usá-los. Quando minha 
água tem 20 mg/L de alcalinidade e dureza e 
necessito aumentar para 60.
De: Luis Vinatea 
vinatea@mbox1.ufsc.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto Re: PH, Dureza e Alcalinidade
Se sua água tem 20 mg/L de alcalinidade e 
dureza, você mata dois coelhos de uma tacada 
só usando carbonato de cálcio, porém, a sua 
alcalinidade e dureza irá aumentar só até 40 
mg/L. Os 20 mg/L restantes (para chegar em 
60 mg/L) terá que ser aumentado por meio 
de bicarbonato ou calcário de elevada solu-
bilidade (que é bem caro e não sei se existe 
no Brasil). A maioria dos peixes de água doce 
vão se contentar com 40 mg/L de alcalinida-
de e dureza, mas, é claro, seu pH vai oscilar 
muito de dia e de noite, devido ao fraco poder 
tampão da água. Neste caso, fi que de olho no 
fi toplâncton e nunca permita transparências 
menores de 40 cm. Os produtos comerciais e 
as situações em que podem ser usados são: 
CaCO3 (carbonato de cálcio) para corrigir pH 
do solo e aumentar alcalinidade e dureza 
simultaneamente (até o limite de 40 mg/L); 
CaMg(CO3)2 (dolomita) idem; CaSO4 (sulfato 
de cálcio) para aumentar só a dureza e não 
a alcalinidade (até o limite de 40 mg/L); 
NaHCO3 (bicarbonato de sódio) para aumentar 
a alcalinidade e não a dureza (para aumentar 
a alcalinidade acima de 40 mg/L); Ca(OH)2 
(hidróxido de cálcio) para aumentar a alca-
linidade da água e neutralizar ácidos fortes, 
precipitar fi toplâncton (+ de 50 kg/ha) e fazer 
desinfecção da água e do solo; CaO idem, 
mas é melhor não usar este produto pela sua 
elevada periculosidade.
De: Alvaro Graeff
agraeff@epagri.rct-sc.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto Re: PH, Dureza e Alcalinidade
Com certeza outros como eu, aproveita-
rão estas suas informações. O calcário de 
grande solubilidade chama-se FILLER com 
prnt de mais de 90% e a um custo a mais 
do que calcários comuns de 35% (em nossa 
região/Santa Catarina).
De: Sérgio Alberto Almeida 
salbertoalmeida@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Contato Univ. Est de Londrina
Alguém teria o contato do Dep.Medicina 
Veterinária da UEL em Londrina-PR? Preciso 
de uma análise confi rmativa microbiológica 
em tilápias cultivadas em tanques-rede. A 
suspeita é de infecção por bactérias e a mor-
talidade vem aumentando dia após dia.
De: Fábio Sussel 
sussel@aptaregional.sp.gov.br
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Re: Contato UEL
O telefone do Laboratório de Microbiologia 
da UEL é (43) 3372-4259. Pode falar também 
com o Prof. Júlio Hermann, que não só te en-
caminhará para pessoa certa neste laboratório, 
mas também poderá te dar algum parecer a 
respeito do problema com seus peixes, já que 
ele é pesquisador em aqüicultura. Prof. Júlio: 
(43) 3327-1920, (43) 9118-2146, e-mail: 
leonhard@uel.br.
14 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
Por: 
Carlos Wurmann G.
Engenheiro Civil, M.Sc. Economista, Director Ejecutivo AWARD Ltda., 
Consultor Internacional em Aqüicultura e Pesca 
Membro do Comitê Executivo do International Institute of Fisheries Economics and Trade
Membro do Comitê de Aqüicultura e Pesca do FONDEF. Comissão Nacional Científi ca e 
Tecnológica – Chile
e-mail: carwur@award.tie.cl
Raúl Malvino Madrid
Engenheiro de Alimentos. Dr. em Tecnologia de Alimentos. 
IBAMA-CE/LABOMAR-UFC
e-mail: raul@labomar.ufc.br
Não há dúvida de que o Brasil é uma nação destinada 
a ser um importante país no setor da aqüicultura, tão 
ou mais importante do que o é na agropecuária: líder 
mundial em vários segmentos produtivos. Os resulta-
dos da aqüicultura brasileira estão longe de mostrar o 
seu potencial, e são na verdade, uma simples amostra 
do que este país continental é capaz de realizar. Em 
muitos projetos aquícola, no entanto, a busca por sis-
temas de desenvolvimento adequados às circunstâncias 
locais faz com que os produtores, técnicos e políticos 
tratem de defi nir estratégias que, parecendo novas, já 
foram tentadas ou comprovadas em outras latitudes, 
com diferentes graus de êxito. Dado o estado atual da 
carcinicultura brasileira e a urgente necessidade de 
ter sua competitividade global fortalecida, nos parece 
interessante comentar alguns aspectos do vigoroso de-
senvolvimento chileno no campo dos cultivos aqüícolas, 
particularmente com o salmão, e analisar sua eventual 
pertinência ao caso do Brasil.
Da mesma forma que o Brasil, o Chile é um país que conta com um extenso litoral e com uma variedade de climas e 
de temperatura das águas. No caso do Brasil, destaca-se o fato 
de ser o país possuidor de enormes corpos de água doce com 
temperaturas adequadas para a aqüicultura, característica esta 
que supera, com sobras, o potencial dos rios chilenos nas suas 
áreas mais accessíveis. Assim, a aqüicultura chilena desenvolve 
sua estratégia sobre a base de produtos cultivados no mar, como 
moluscos, algas e, especialmente, peixes diádromos como o sal-
mão e a truta, enquanto que o Brasil centra sua produção aquática 
em peixes de água doce e, em menor proporção, em mexilhões e 
ostras nos seus mares do Sul. Só mais recentemente o Brasil tem 
direcionado sua grande energia ao êxito do cultivo do camarão 
do Pacífi co Litopenaeus vannamei em ambientes estuarinos. 
Os resultados da produção de camarão marinho em 
viveiros são os mais auspiciosos da aqüicultura nacional 
até a presente data, tendo-se desenvolvido, neste setor, a 
primeira produção aqüícola brasileira com categoria e qua-
lidade internacionais. 
Lições de um modelo vigoroso e sua possível aplicação 
na indústria do cultivo do camarão no Brasil
15Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
O caminho do desenvolvimento da carcinicultura brasileira, 
entretanto, não tem sido fácil. Após o fracasso comercial dos cultivos 
experimentais com espécies asiáticas e dos intensivos esforços de 
mais de uma década com espécies nativas (1986/1995), somente com 
a introdução do camarão do Pacífi co – espécie já cultivada com êxito 
no Equador e Panamá – foi possível conquistar resultados positivos, 
que a partir de 1996 permitiram o começo exitoso do desenvolvimen-
to da indústria camaroneira do Brasil e sua expansão para chegar ao 
nível em que se encontra a atividade neste momento. 
Em ambos os países, a razão que impulsiona os cultivos 
aquícolas é muito clara: os mercados internacionais continuam 
demandando peixes, crustáceos e moluscos de forma crescente, 
enquanto a pesca extrativa não é capaz de satisfazer essas demandas. 
Essa disparidade, segundo as previsões, continuará acentuando-se 
nas próximas décadas. De fato, espe-
ra-se que entre os anos 2000 e 2030 
a demanda mundial por produtos 
pesqueiros comestíveis cresça em 60 
milhões de toneladas, ou seja, ao ritmo 
de cerca de 2 milhões de toneladas 
anuais, cujo suprimento deverá ser 
realizado principalmente por meio da 
produção derivada da aqüicultura.
Atualmente a aqüicultura 
mundial está concentrada em um nú-
mero limitado de países e de espécies, 
situação esta que permite realçar a 
presença brasileira e a chilena nessa 
atividade produtiva. As 11 nações 
que geraram os maiores valores nos 
cultivos aquícolas entre 2001-2003 (o 
Chile como o sexto e Brasil, décimo 
primeiro) representam 88% do volu-
me total e 82% do valor da aqüicultura 
mundial. A China, por si só, no refe-
rido triênio, foi responsável por 69% 
das despescas aqüícolas mundiais 
e por 51% de seu valor. Também, as 10 principais espécies mais 
cultivadas – entre elas o salmão e o camarão – representam 56% do 
volume e 52% do valor da produção total.
O Brasil e o Chile enfrentam uma situação especialmente 
promissora, já que os dois países foram capazes de superar barrei-
ras de produção na aqüicultura que a grande maioria das nações 
ainda não conseguiu. Assinala-se como exemplo o fato de que entre 
2001-2003 a grande maioria dos países produtores (105 dos 170), 
individualmente, gerou menos de 10 milhões de dólares anuais. Além 
dos níveis de produção e produtividade alcançados emrelação aos 
cultivos marinhos e estuarinos, o Chile concentra sua produção 
basicamente em salmonídeos e o Brasil em camarões, as duas 
espécies que fi guram entre aquelas de maior produção e deman-
da no cenário mundial. 
Foto: Revista Panorama da AQÜICULTURA Foto: Revista AQUA Chile
16 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
O desenvolvimento dos cultivos de salmão no Chile e de 
camarão no Brasil depende não somente do potencial de condi-
ções naturais insuperáveis para esses fi ns, mas também, de cada 
um desses países estarem participando da produção de espécies 
de elevado valor unitário, com demandas bem estabelecidas em 
praticamente todos os mercados dos países industrializados.
Certamente que o alto preço de ambos os produtos, 
com demanda internacional crescente, tem atraído mui-
tos países competidores, com aumentos consideráveis e 
consistentes de produção e oferta em escala mundial, cuja 
conseqüência é o declínio acentuado dos preços. Igualmente, 
na medida em que o conhecimento tecnológico avança, os 
produtores se sentem atraídos para trabalhar com densida-
des cada vez maiores na busca de melhores rendimentos 
econômicos, o que, infelizmente, tem redundado no apare-
cimento de doenças e mortalidades preocupantes, situação 
que neste momento, para o caso do salmão, já é controlável 
no Chile.
No cenário atual do mercado, os preços do salmão 
e do camarão continuarão declinando nos próximos anos, 
embora provavelmente de maneira muito menos pronuncia-
da do que o registrado nos anos recentes. Esse fato impõe 
respostas precisas e certeiras dos países produtores que de-
sejam continuar expandindo os seus cultivos e que queiram 
manter sistemas sustentáveis a médio e longo prazo. Outra 
preocupação ocorre com as temidas doenças, que devem ser 
pronta e eficientemente prevenidas e, evitadas com medidas 
profiláticas e de ordenamento territorial. 
Sobre essas preocupações, bem como às relativas aos 
aspectos de tecnologia, de investimentos, de meio ambiente, de 
organização, de participação do Estado, etc., o Brasil e o Chile 
têm opções estratégicas, das quais dependerá o êxito dos aqüi-
cultores nacionais, algumas das quais serão aqui analisadas.
Por certo que a grande vantagem do Brasil em rela-
ção ao Chile está representada pelo seu enorme mercado 
interno, já que no caso chileno, com a demanda local para 
a produção aqüícola extremamente limitada pelo número 
reduzido da população consumidora, a produção deve des-
tinar-se basicamente às exportações. As maiores vantagens 
do Chile com relação ao Brasil parecem estar nos níveis de 
organização da indústria chilena, com uma presença mais 
bem estabelecida em seus principais países compradores, 
especialmente com produtos de maior valor agregado, e um 
amplo reconhecimento da atividade aqüícola e de seu impacto 
na economia nacional, por parte dos políticos, empresários 
e da comunidade nacional, fatores que facilitam o trabalho 
atual e favorecem a implantação de novos empreendimen-
tos e planos para o futuro. Em ambos os países, por certo, 
as oportunidades comerciais de exportação são atrativas e, 
embora por motivos distintos, a aqüicultura tem em ambos 
o potencial de adquirir uma dimensão considerável e uma 
categoria de nível mundial.
17Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
As Estruturas Produtivas
Chile
Atualmente, o Chile tem uma indústria de classe mun-
dial que cultiva salmão e truta e que, embora esteja atrás da 
Noruega em termos de volume de produção, é a primeira do 
planeta quanto ao atributo de efi ciência econômica. A indústria 
chilena trabalha com três fundamentos básicos para possibilitar 
a sustentabilidade a médio e longo prazo: 1) o país dispõe de 
uma base produtiva com cultivos massivos de cerca de 600 
mil toneladas anuais; 2) essas produções são conseguidas com 
os menores custos médios em nível mundial e, 3) destaca-se 
a excepcional capacidade que o Chile desenvolveu de comer-
cializar seus produtos nos principais países importadores de 
produtos pesqueiros do mundo, como os Estados Unidos e o 
Japão, nos quais é o primeiro fornecedor de salmão e trutas. Na 
União Européia, a cada ano o Chile consegue captar porções 
crescentes do mercado, apesar da competição da Noruega, 
Escócia, Irlanda, etc.. 
Na indústria chilena do salmão caracteriza-se, entre 
outros aspectos relevantes, a presença da grande empresa de ca-
pitais nacionais e estrangeiros (Noruega, Países Baixos, Estados 
Unidos, Canadá, etc.), considerada a mais efi ciente do mundo do 
ponto de vista de manejo econômico. As empresas chilenas são 
de dimensões consideráveis e mostram uma capacidade média 
que fi ca entre 20 e 30 mil toneladas anuais por unidade, cifra 
esta que tende a crescer. Esses níveis de produção por empresa 
são 100 vezes superiores às cifras médias, com as quais foi 
iniciada a indústria nos anos 80. 
O cultivo está altamente tecnifi cado, o país dispõe de uma 
indústria de serviços conexos extremamente bem desenvolvida e 
sofi sticada, e os níveis de qualidade da produção são excelentes. 
Trabalha-se com uma altíssima proporção de produtos com alto 
valor agregado (fi lés defumados, salgados, etc.), de qualidade 
sanitária impecável, e embalados de maneira a serem ofereci-
dos diretamente aos consumidores fi nais das grandes cadeias 
de supermercados, restaurantes e outros tipos de clientes em 
diversas partes do mundo. 
Junto à produção massiva de diversos itens (praticamente 
commodities), com a qual o país aproveita de maneira efi ciente 
suas vantagens competitivas na produção primária e na elabo-
ração de produtos, inclui-se um esforço especial e crescente 
para atender mercados mais seletivos e em menor escala pela 
via de produtos orgânicos, produtos funcionais (mais rico que 
o normal em vitaminas, em ácidos graxos poliinsaturados e 
em outros elementos), produtos especiais para grupos étnicos 
(comunidades de origem asiática) ou religiosos (alimentos 
kossher). Esse setor produtivo, além de crescer constantemen-
te, reinveste sistematicamente em melhorias tecnológicas, em 
capacitação de pessoal, em superaração de seus níveis de gestão 
e na comercialização de seus produtos.
O Chile tem visto crescer sua enorme indústria, apesar 
das reduções de preços ao longo do tempo, da existência de 
inúmeras e variadas difi culdades administrativas, da falta de 
legislação adequada em certas áreas e das crescentes pressões 
ambientalistas, parte importante das quais parece ser exagerada. 
Pode-se afi rmar que o êxito da indústria chilena está radicado 
na determinação do setor empresarial em realizar um trabalho 
dedicado para a obtenção de um produto diferenciado pela 
qualidade, no excelente nível de organização associativa, na 
incorporação permanentemente de tecnologias e no melhora-
mento da gestão em todos os níveis.
Brasil
Pode-se dizer que o cultivo do camarão é a iniciativa 
mais auspiciosa da aqüicultura brasileira. Em sua relativa curta 
história, já conseguiu a maior produtividade do mundo (6.084 
kg/ha/ano em 2003), superando em volume a produção dos 
países tradicionais do hemisfério ocidental (Equador, Hondu-
Foto: Revista Panorama da AQÜICULTURA
Foto: Revista AQUA Chile
18 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
ras, Panamá e México), se revelando como o setor de maior 
desenvolvimento da indústria aqüícola nacional. 
Já em 2003, o setor implantava um modelo exigente de 
cultivos intensivos, com densidades superiores a 40 pl/m2, que 
permitia produzir camarões com peso médio de 12 gramas, três 
vezes ao ano. Aproveitavam-se assim, as condições climáticas 
favoráveis do país, principalmente da Região Nordeste, onde 
se concentravam 91% dos produtores nacionais em uma área 
instalada de 14.824 ha, com uma produção total, no referido 
ano, de 90.100 toneladas. Setenta e cinco por cento dos produ-
tores eram considerados pequenos, com até 10 ha de viveiros, 
sendo responsáveis por 17,4% da produção com 18,8% da área 
total implantada. No outro extremo,só 50 produtores eram 
classifi cados como grandes, com área de cultivo superior a 50 
ha cada, responsáveis por 55,3% da produção e 53,3% da área 
implantada.
Ainda em 2003, a indústria do camarão dispunha de 36 
laboratórios de pós-larvas, 17 fábricas de rações e 42 centros de 
processamento para o mercado, além de uma série de empresas 
complementares. Na maior parte dos casos, as unidades produ-
tivas de cultivo eram de propriedade de empresários brasileiros 
e, em geral, a indústria apresentava pouca integração vertical. 
Uma parte importante dos investimentos foi realizada com re-
cursos próprios, muitas vezes provenientes dos lucros obtidos 
no início das atividades aqüícolas.
Da produção de camarão cultivado em 2003, 77,7% se 
destinou ao mercado externo com produtos de pouquíssimo 
valor agregado. Do total exportado, 35% foram enviados aos 
Estados Unidos (camarão sem cabeça) e 62% aos países euro-
peus (camarão inteiro). As exportações geraram naquele ano 
US$ 226,0 milhões. Assim, em pouco tempo, concentrada no 
Nordeste, a indústria do camarão cultivado se posicionava em 
segundo lugar entre as exportações do setor primário da Região. 
Do ponto de vista social, também se evidenciava a importância 
da carcinicultura na zona costeira como empregadora de mão-
de-obra local, gerando mais empregos por hectare do que as 
atividades agrícolas irrigadas do Nordeste.
Entre os anos 2000 a 2003, a indústria do cultivo do camarão 
mostrou uma impressionante trajetória de crescimento, apesar das 
reduções de preços nos mercados internacionais, que se compen-
savam com as contínuas desvalorizações da moeda nacional em 
relação ao dólar. As reduções médias dos preços das importações 
americanas de camarão das classifi cações 41/50, 51/60, 61/70 e > 70 
(unidades por kg), foram -25,9%, -19,9% e -11,9%, respectivamente 
para os biênios 2000-2001, 2001-2002 e 2002-2003. Entretanto, a 
não recuperação dos preços internacionais, a mudança da situação 
cambiária com a valorização do real, o processo de dumping movi-
do pelos pescadores americanos e, o surgimento e disseminação do 
Vírus da Mionecrose Infecciosa no Nordeste, contribuíram para a 
súbita perda de dinâmica da indústria camaroneira brasileira, com 
a apreciável diminuição da produção nos anos de 2004 e 2005, 
em 15,8% e 27,9%, respectivamente, em comparação com o nível 
alcançado em 2003. Das 90.000 toneladas produzidas nesse ano, 
que colocaram o Brasil como líder do Hemisfério Ocidental, a pro-
19Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
dução brasileira de camarão cultivado, afetada em seu desempenho 
global, fi cou reduzida a 65.000 toneladas em 2005. 
Lições e Estratégias do Processo de Desenvolvimento
O crescimento da aqüicultura comercial no Chile remonta 
a um pouco antes do início da década de 1980. O processo chile-
no respondeu a vários fatores que se conjugaram favoravelmente 
num momento oportuno e foi iniciado com o cultivo comercial 
do salmão e da truta, espécies que foram introduzidas no país. 
Por essa época, são registradas em diversas partes do mundo as 
novas tecnologias para engorda de peixes em gaiolas, o que se 
complementava com melhoras de desempenho na produção de 
juvenis, fatos que já eram conhecidos em muitos países, inclusi-
ve no próprio Chile. Rapidamente, o país decidiu experimentar 
esse tipo de cultivo com maior dedicação por parte do Governo 
e de instituições nacionais relacionadas com o desenvolvimento 
tecnológico (Fundação Chile, entre outras), e de maneira tímida 
das empresas privadas. No andamento desse processo, a situ-
ação do mercado internacional passou a favorecer, em termos 
defi nitivos, a intensifi cação de cultivos dessas espécies, apesar 
da enorme competição com grandes volumes capturados da 
pesca extrativa. 
O Chile começou a sua nova aventura produtiva, basica-
mente sem esperar o desenvolvimento científi co nacional, adap-
tando, sim, a tecnologia estrangeira. Projetos demonstrativos 
com investimentos do Estado e de fundações sem fi ns lucrativos 
foram então estruturados e operacionalizados, com o convite 
amplo a muitos atores a excursionarem nas novas tarefas produ-
tivas da aqüicultura nacional. Paralelamente na medida em que 
cresceu o interesse do setor privado, foram criados serviços de 
assistência técnica, que ajudaram enormemente a desenvolver a 
indústria. O aparelho governamental, mesmo sem dispor de uma 
legislação específi ca, atuou com fl exibilidade normativa, não 
se limitando no substantivo processo de implantação de novas 
empresas com capitais nacionais e estrangeiros. Os aspectos 
ambientais, na época ainda não recebiam atenção preferente no 
país, nem em outras latitudes do mundo.
A indústria reconheceu, desde o início, sua vocação ex-
portadora, assumindo voluntariamente o controle da qualidade 
de seus produtos de exportação e trabalhando de maneira sin-
cronizada na promoção do “produto chileno”, que se estabeleceu 
de forma exitosa nos Estados Unidos e Japão. Essa efi ciente 
associação voluntária de empresas com seus planos de auto-
regulamentação da qualidade do produto fi nal constituiu-se, de 
fato, no posicionamento chave para o êxito da nova atividade.
As primeiras instalações eram rudimentares. As empresas 
se equipavam com tecnologias básicas, empregando mão-de-
obra pouco qualifi cada e disponível nos próprios locais de cul-
tivo, onde não existiam outras fontes de emprego alternativas, 
o que lhes permitiu produzir de forma competitiva e auspiciosa. 
Com o transcorrer do tempo, a competição internacional se fez 
intensa, evidenciando-se a necessidade de aumentar a dimensão 
das empresas e de mecanizar operações manuais. Só assim foi 
possível conseguir custos razoáveis para satisfazer os requeri-
mentos dos clientes cada vez mais exigentes, que demandavam 
confi abilidade nas entregas, produtos de maior valor agregado 
e uniformidade e qualidade constantes. Paralelamente se apre-
sentaram as primeiras doenças graves e perdas massivas, que 
foram neutralizadas com um rápido e efi caz sistema de controle, 
mediante a instalação de laboratórios; uso crescente de antibió-
ticos e vacinas; melhoras importantes nos métodos profi láticos 
e na redução das densidades de cultivo; nas rotações dos locais 
de cultivos e, no sangramento controlado, etc. 
Os aspectos ambientais se incorporaram paulatinamen-
te à “equação produtiva”. Por sua parte, o Estado se mostrou 
lento e só conseguiu se modernizar parcialmente, retardando a 
produção quando da necessidade de outorga de autorizações, e 
difi cultando a vigilância para um desenvolvimento equilibrado 
e oportuno em muitos aspectos, embora tenham sido publicadas 
medidas para melhorar as questões sanitárias, regulamentar as 
distâncias entre os centros de cultivo e para limitar a implantação 
de cultivos nas lagoas. 
Contudo, o processo produtivo em vários países gera-
va sobre-produções de salmão/trutas em escala comercial no 
mundo, as quais foram contornadas com êxito no Chile, mas 
que causaram enormes perdas na Noruega e Canadá. Essas 
desfavoráveis situações de mercado, em última instância, termi-
naram fortalecendo a indústria como um todo, que continuava 
Foto: Ricardo Albuquerque
Foto: Revista AQUA Chile
20 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
a enfrentar baixa de preços com a realização do esforço conse-
qüente de melhorar sua efetividade de forma sistêmica. Isso se 
conseguiu por meio de um processo praticamente contínuo de 
aumento da capacidade de produção do cultivo, conexo com 
a mecanização das principais tarefas. No caminho fi caram as 
pequenas empresas ao serem fechadas ou transferidas para 
unidades maiores que as absorveram rapidamente.
Assim, no decorrer de 20 anos, o Chile registrou um 
aumento de quase 100 vezes no tamanho médio das empresas 
de salmonicultura, a melhora substantiva do nível dos produtos 
(valor agregado) exportados e a sua qualidade, uniformidade 
e condições sanitárias. O Chile alcançou o segundo lugar 
entre os produtores mundiaisde salmão e truta e se destacou 
como o mais efi ciente, apoiado por um forte aparelhamento 
de formação e aperfeiçoamento de técnicos e profi ssionais 
através das universidades, institutos tecnológicos e instituições 
similares. Somente com esta exigente e disciplinada dinâmica 
organizacional foi possível a sobrevivência e o progresso da 
salmonicultura chilena. 
Ainda que timidamente, em anos recentes, começou no 
Chile um processo de busca da diversifi cação produtiva com a 
exploração de outras espécies, não menos de 15 a 20, entre as 
quais se destaca a merluza austral, instalando-se novos cultivos 
exóticos (turbot e abalone) e intensifi cando outros (vieiras, 
mexilhões, algas e ostras). Essas iniciativas são fi nanciadas 
com fundos de pesquisa e desenvolvimento do Governo que 
são administrados pela Corporação de Fomento da Produção 
- CORFO, pela Comissão Nacional Científi ca e Tecnológica 
- CONICYT, por diversos fundos (FONDEF, FONDECIT), e 
ainda por recursos regionais.
A verdade é que a combinação equilibrada e oportuna 
de esforços entre o Governo e a iniciativa privada contribuiu 
decisivamente para que a aqüicultura chilena tenha conseguido 
estabelecer-se como uma grande indústria de nível mundial – a 
do salmão - acompanhada de medianos e pequenos produtores 
de mexilhões, ostras, vieiras e de empreendimentos emergentes 
como o turbot e o abalone.
A análise que se pode fazer em relação ao Brasil, cuja 
indústria camaroneira depois de várias experiências fracassa-
das cresceu em produção e produtividade com a introdução do 
camarão do Pacífi co e manteve lucros, apesar da redução dos 
preços internacionais, permite formular o seguinte comentário: 
o aumento de produtividade, principalmente entre os pequenos 
e médios produtores, não foi acompanhado de melhoramento 
da tecnologia, nem tampouco de assistência técnica e, menos 
ainda, da mecanização dos trabalhos manuais.
A crise posterior a 2003, que incidiu sobre o setor e que 
descapitalizou os produtores, por certo, fez afl orar as defi ciências 
de toda a cadeia produtiva, evidenciando: um marco regulatório 
incompleto e inefi ciente; alimentos balanceados de qualidade 
irregular; sistemas de controle governamental defi cientes ou 
inexistentes; pós-larvas de baixa qualidade genética e muitas 
21Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
vezes transmissoras de doenças; confl itos não resolvidos na área 
ambiental; difi culdades de obtenção de fi nanciamento a custos 
adequados; recursos fi nanceiros para pesquisa incompatíveis 
com o aporte e importância regional da atividade; falta de 
pessoal preparado em todos os níveis para tratar de problemas 
relacionados com a biossegurança dos cultivos nas unidades de 
produção e, principalmente, a falta uma política pública federal, 
mesmo com a criação da Secretaria Especial da Aqüicultura e 
Pesca (SEAP).
Além desses fatores internos, o desafi o da carcinicul-
tura brasileira fi ca aumentado com a exitosa introdução do 
cultivo do camarão do Pacífi co nos países asiáticos, o que 
difi cultará a recuperação dos preços internacionais. 
Apesar da crise por que passa o camarão em con-
finamento no Brasil, seu cultivo é muito importante para 
o setor pesqueiro nacional, já que contribui com mais 
de 40% das exportações totais e 32,5% da produção 
pesqueira marinha de toda a Região Nordeste, na qual se 
sobressaem o Estado do Ceará com 50,6% e o Rio Grande 
do Norte com 64,1%.
O Futuro
O Chile também enfrentou acusações de dumping no mer-
cado norte-americano, o que resultou na aplicação de sobretaxas 
alfandegárias por vários anos. Também, a sua indústria de sal-
mão, embora recentemente favorecida com preços internacionais 
em alta, maiores que em temporadas anteriores, tem enfrentado 
um cenário de preços fortemente decrescente nos últimos 10 
anos e em ocasiões – como neste último ano – uma forte valo-
rização do peso chileno em relação ao dólar, que tem afetado 
negativamente os ingressos associados às exportações. 
Então, cabe a pergunta: qual é a fórmula que tem permi-
tido a indústria chilena do salmão seguir progredindo? Qual a 
receita para sustentar o crescimento futuro? Sem dúvida, trata-se 
da combinação de muitos fatores que fi nalmente incidem num 
conceito global que é a chave de tudo: a profi ssionalização da 
atividade. Trata-se de um processo de maturidade crescente, no 
qual se deixam de lado os “adjetivos” e os problemas menores, 
para concentrar-se no “substantivo” e no essencial. Trata-se tam-
bém de apreciar que existem interesses coletivos na indústria, 
que podem e devem ser assumidos por todos seus participantes, 
embora sem postergar de forma desmedida as legítimas dife-
renças e interesses entre os seus membros. 
Finalmente, mas não menos importante, conclui-se que a 
sociedade deve fazer parte do processo de crescimento, neces-
sitando-se cada vez mais de uma aliança e de um entendimento 
entre a empresa e o Governo, que devem fi nalmente buscar 
afi nar a maneira de satisfazer o interesse público e privado de 
maneira harmônica. 
Aqui devem ser destacados os fatores essenciais nos quais 
tem sido sustentada a profi ssionalização da salmonicultura no Chile. 
Eles mostram claramente não apenas os “eixos” sobre os quais se 
tem atuado no passado, mas também constituem os pilares sobre os 
quais se cimentará o desenvolvimento futuro. São os seguintes:
• Aumento contínuo e importante da capacidade média de 
cada empresa;
• Forte tendência à integração vertical das atividades;
• Incorporação permanente de tecnologia aos processos de pro-
dução com o aumento da mecanização e da melhoria do 
equipamento físico;
• Preocupação crescente e incorporação da biotecnologia e da 
genética aos processos produtivos;
• Capacitação permanente da força de trabalho;
• Maior efi ciência das rotinas de gestão em todos os níveis e, es-
pecialmente, o dos corpos gerenciais;
• Melhorias substantivas nos procedimentos sanitários em todas as 
fases de produção, para prevenir e se necessário tratar as doenças;
• Terceirização dos trabalhos não essenciais, contratando empre-
sas especializadas capazes de oferecer melhores contribuições 
a menores custos;
• Incorporação efetiva do tratamento oportuno dos problemas 
ambientais na “equação produtiva”, eliminando e mitigando os 
efeitos indesejáveis;
• Atenção e esforço permanente para produzir e vender somente 
produtos de qualidade e sanidade garantidas a toda prova;
• Melhoramento substantivo das plantas de processamento de 
pescado no que se refere a seus equipamentos, procedimentos 
fabris e sanitários;
• Busca constante da lealdade dos clientes nos mercados 
internacionais;
• Estrito cumprimento dos contratos comerciais;
• Preocupação permanente por aprofundar a presença nos merca-
dos já tradicionais e por abrir novas oportunidades de negócios;
• Fortalecimento do nível de organização e contribuição da indús-
tria de serviços correlatos, provedores de insumos, equipamentos 
diversos e maquinaria;
• Fortalecimento do trabalho associativo, uma forte liderança entre a 
Associação de Produtores de Salmão (SalmónChile) e seu instituto 
tecnológico associado, a INTESAL.
• Crescente nível de entendimento e de apoio mútuo entre 
Empresa e Governo, para enfrentar situações confl itantes, 
dentro e fora do país.
22 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
23Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
Essas medidas têm signifi cado para o Chile a necessidade 
de destinar boa parte dos lucros das empresas para sua constante 
implementação, melhoria e ampliação permanentes e, para manter 
reduzidos os níveis de endividamento com os fornecedores de equi-
pamentos, insumos e serviços. Como contrapartida, têm permitido 
à indústria chilena manter-se efi ciente e altamente competitiva, 
com a habilidade de converter cada problema ou desafi o numa 
oportunidade para melhorar a efi ciência e a competitividade do 
setor. Só assim o Chile pôde continuar avançando e chegar a dispor 
de uma indústria de categoriainternacional e sustentável de longo 
prazo. Essas medidas deverão intensifi car-se no futuro, embora 
com mudanças de ênfase.
Sem dúvida, também existem frustrações e problemas pen-
dentes que estão sendo enfrentados da melhor forma. Entre várias 
outras situações não desejáveis, porém esperadas, observou-se a 
perda dos pequenos e médios produtores, que tiveram que aban-
donar os cultivos pela incapacidade do sistema em acolhê-los e/ou 
acomodá-los ao processo de modernização e crescimento. Muitos 
deles têm deixado o setor, mas alguns, reconhecendo sua vocação 
empresarial, estão recomeçando a trabalhar em outros cultivos 
menos exigentes e/ou dando origem a novas empresas de serviço 
e de abastecimento de insumos e equipamentos de variados tipos 
que acompanham o processo de produção central.
Outra grande frustração, que ainda não foi possível resol-
ver completamente, é a necessidade de uma legislação moderna, 
administrada por um aparato governamental que seja ágil e que 
apresente uma atitude e vocação real de apoio sistemático à aqüi-
cultura. É reconhecido que ultimamente têm ocorrido avanços, 
porém não sufi cientes. Finalmente, estão presentes os confl itos 
entre a indústria do salmão e as organizações ambientais que não 
podem ser desconsiderados, ao contrário, devem ser enfrentados 
com diálogo, com maiores investimentos em sustentabilidade e em 
informações adequadas e oportunas à comunidade, aos políticos, 
aos formadores de opinião e, principalmente, ao Governo. 
Por certo, não se deve esperar que os mercados para o sal-
mão e trutas continuem crescendo com as impressionantes taxas de 
incremento do passado. Já se evidenciam certos sinais de saturação 
que pressagiam períodos de crescimento mais moderados. Se este 
é o caso, a competição entre países produtores se intensifi cará e 
deverá continuar o processo de melhoria na competitividade para 
garantir a sustentabilidade a longo prazo. Nesse contexto, será 
importante pensar em criar valores, não tanto pelo aumento dos 
volumes exportados, senão muito mais, baseados no incremento do 
preço médio do que se exporta. Isso signifi ca que a indústria deverá 
distanciar-se, na medida do possível, dos mercados de commodities, 
e atender cada vez com maior ênfase mercados mais especializados 
e com maior demanda.
Isto posto, que lições se podem tirar da salmonicultura 
chilena para que a carcinicultura brasileira se torne cada vez mais 
sustentável? Em realidade são muitas, mas inicialmente se deve 
fazer o dever de casa. Para o desenvolvimento sustentável do 
cultivo de camarão é fundamentalmente necessária a existência 
de uma vontade política dos governos, federal e estaduais, como 
um todo, reconhecendo e assumindo as oportunidades e ameaças, 
por um lado, e suas forças e fraquezas, por outro. Se deve usar as 
vantagens comparativas e os ganhos de ordem política conseguidos 
recentemente: preço da energia e isenção do pagamento do ICMS, 
para explorar ao máximo as oportunidades que se apresentam como, 
por exemplo, a exploração efi ciente do mercado interno. Se deve 
trabalhar adequadamente as fragilidades internas de ordem ambien-
tal e de biossegurança e as ameaças externas de natureza comercial 
e de competitividade. Deve-se considerar principalmente a força da 
iniciativa privada, que mesmo com todos os problemas pela qual 
hoje passa a atividade, ainda acredita nela, e continua produzindo 
e visualizando dias melhores. É preciso trabalhar incansavelmente 
sua fraqueza principal: dar uma base organizacional e institucional 
ao desenvolvimento sustentável da carcinicultura, devendo progre-
dir a capacidade de preparar uma organização pautada em diretrizes 
coerentes e em recursos humanos capacitados para fazer frente a 
um mundo globalizado. Só assim, se poderá constituir uma parce-
ria forte entre a iniciativa privada, incluindo o agronegócio como 
um todo. O Governo, não deve perder a perspectiva de que a área 
privada visa o lucro e a administração pública dirige o olhar para 
sua função social, só então, será possível seguir os ensinamentos 
e caminhos que a salmonicultura nos oferece. 
Salvo escassas exceções, e solucionados os problemas de 
ordem organizacional e institucional, os conceitos descritos ante-
riormente poderiam aplicar-se ao caso do Brasil e à sua indústria 
de cultivo de camarão. Certamente, haverá que trabalhar com 
diferentes matizes, mas os problemas e as opções são extraordi-
nariamente similares.
Admitimos, portanto, que o caminho já percorrido pela 
salmonicultura chilena é um bom indicativo de alguns aspectos que 
já ocorreram ou que ocorrerão na carcinicultura brasileira, e que as 
opções estratégicas para continuar desenvolvendo essa importante 
atividade econômica no Brasil não distam muito daquelas que 
enfrentam os produtores de salmão do Chile.
Essa constatação convida a um melhor e maior intercâmbio 
de opiniões e experiências entre técnicos e líderes empresariais e 
governamentais de ambas as nações, com vistas a compartilhar 
inquietações e explorar soluções criativas a problemas que às 
vezes parecem insolúveis, mas que, curiosamente, são um dejá vu 
em outras latitudes.
Foto: Revista Panorama da AQÜICULTURA
24 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
25Panorama da AQÜICULTURA, janeiro/fevereiro, 2006
Enfermidades da 
Carcinicultura 
Brasileira:
Por:
Thales Passos de Andrade*1
Donald V. Lightner1
Itamar de Paiva Rocha2
1Aquaculture Pathology Laboratory, University of Arizona – USA, 
e-mail: thpa@email.arizona.edu
2Associação Brasileira dos Criadores de Camarão - ABCC
O Brasil dentre outros países produtores de camarão marinho em cativeiro tem enfrentado, nos últimos anos, vários 
impactos causados por enfermidades que contribuíram para a 
queda dos índices de desenvolvimento da carcinicultura. O risco 
do aparecimento de novas ou emergentes enfermidades sempre 
estará presente, porém, a dimensão do seu impacto dependerá 
da capacidade da indústria em controlar o grau de saúde dos 
camarões estocados. Diante deste quadro, é urgente a criação 
de uma força tarefa, com a participação de representações dos 
setores público e privado, visando estabelecer tecnologias 
que venham minimizar as perdas causadas por agentes pato-
gênicos, como o vírus da mionecrose infecciosa (IMNV) e da 
mancha branca (WSSV). A atuação desta força tarefa deverá 
ser efi cientemente padronizada e coordenada pelos órgãos de 
gestão do setor, e ser implementada em fazendas e laboratórios 
regionais e nacionais. 
O presente artigo tem por fi nalidade, destacar importan-
tes conceitos, dados e ações que possuem o intuito de colaborar, 
de forma signifi cativa, na prevenção de um possível prejuízo 
ocasionado pelas mortalidades apresentadas durante o ciclo 
produtivo do camarão L. vannamei no Brasil.
Métodos de diagnóstico e prevenção
Principais agentes patogênicos importantes para a carci-
nicultura brasileira
Entre cinqüenta tipos de vírus que podem ser hospedeiros 
em crustáceos, um número superior a vinte pode infectar o camarão 
marinho. Apesar deste grande número, os produtores brasileiros 
devem fi car atentos ao controle de apenas quatro vírus: Vírus da 
Mionecrose Infecciosa (IMNV), Vírus da Mancha Branca (WSV), 
Vírus da Infecção Hypodermal e Necrose Hematopoiética (IH-
HNV) - Tipo 1 e o Vírus causador da Síndrome de Taura - (TSV) 
- Tipo A. Acrescentam à lista de patógenos relevantes: um agente 
bacteriano causador da Necrose Hematopoiética (NHP) e um 
protozoário (gregarina). Todos estes patógenos são endêmicos e 
possuem histórico de terem gerado perdas no Brasil. 
As espécies que pertencem ao gênero Okavirus: Vírus 
da Cabeça Amarela (YHV) e o Vírus Associado às Brânquias 
(GAV), apesar de não estarem presentes no Brasil, são exemplos 
de outros agentes virais que vêm causando perdas econômicas 
em outros países. Para prevenir a introdução desses patógenos 
na indústria brasileira, faz-se necessária a inclusão do trinômio 
YHV/GAV/LOV em programas de biossegurança que

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