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CONTRATOS CIVIL E EMPRESARIAL Prof. Edson Soares da Silva, M.Sc. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 2 No âmbito dos negócios jurídicos o Contrato de Locação é largamente utilizado e faz parte do cotidiano das pes- soas. Quanto ao uso, considerando que nos dias de hoje tudo se aluga, pode-se afirmar que o contrato de loca- ção só perde para o contrato de compra e venda. Art. 565. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 3 Embasado no art. 565 CC, pode-se conceitualmente afirmar, que a locação de coisas é o negócio jurídico entre partes contratantes, no qual, o locador se obriga a ceder ao locatário por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa infungível, em troca de uma remuneração combinada. Ainda, por razões óbvias, não transfere o domínio da coisa e só opera direitos na esfera obrigacional. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 4 A locação como gênero, possuia três espécies, que são: 1- Locação de coisa - locatio rei; 2- Locação de serviço - locatio operarum; 3- Locação de obra - locatio operis. Nos dias de hoje, só a locação de coisas prospera com o nome locação já que as demais são respectivamente chamadas de prestação de serviço e empreitada. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 5 Características do contrato de locação: 1- Bilateral: já que as partes têm direitos e deveres; 2- Oneroso: porque as partes têm vantagem patrimonial. Se a título gratuito, não é locação, mas, empréstimo. 3- Não é real: pois o contrato pode existir antes mesmo da entrega da coisa; 4- Contrato Duradouro: pode ser pactuado por dias, semanas, meses e até anos; Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 6 5- Comutativo: já que as vantagens se equivalem; logo, para o uso e o desgaste da coisa locada, existe o preço recebido como aluguel; 6- Consensual: a locação não é solene, podendo ser verbal, logo, se forma pelo acordo de vontades; 7- Impessoal: se transfere aos herdeiros, logo, não é persona- líssimo. Art. 577, CC. Art. 577. Morrendo o locador ou o locatário, transfere-se aos seus herdeiros a locação por tempo determinado. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 7 É imprescindível consignar, que por inúmeras razões las- treadas por interesses diversos, existem regras particu- lares para alguns tipos de locação, formando um enorme conjunto de normas à parte; mas, conectadas às normas prevalentes. Caso típico das locações imobiliárias, que são regidas por lei própria, a Lei n. 8.245/91, muito extensa e consi- derada por um grande número de estudiosos, como sendo quase um código paralelo ao CC. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 8 Conceitos Terminológicos: A dicção – Aluguel - é comu- mente utilizada tanto para se referir ao contrato de loca- ção, quanto para expressar o valor da locação. Quanto às partes nas locações imobiliárias são utilizadas as terminologias de locador e de locatário, senhorio e in- quilino, arrendador e arrendatário, respectivamente. Ressalta-se que o termo Arrendamento é adequado e mais utilizado nas locações imobiliárias rurais, por com- preender a percepção dos frutos, além do uso. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 9 Das Partes: i) Locador, ii) Locatário (imóveis urbanos residenciais ou comerciais) Locação de imóveis rurais é tratada por arrendamento, conforme o Estatuto da Terra; Lei 4.504/64. Do Objeto: Bens Móveis e Imóveis. A regulação dos bens imóveis é determinada pela Lei nº 8.245/91. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 10 Bens Fungíveis: não podem ser objeto de locação em razão da obrigatoriedade do locatário de devolver a coisa após findo o contrato. Bens Consumíveis: também não podem ser objeto de loca- ção, os alimentos, a água, a energia elétrica o gás, dentre outros. Tempo de Duração da Locação: o contrato de locação é essencialmente temporário; em razão disso, o contrato de locação deve ter prazo determinado ou indeterminado. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 11 Obrigações do Locador: Art. 566. O locador é obrigado: I - a entregar ao locatário a coisa alugada, com suas pertenças, em estado de servir ao uso a que se destina, e a mantê-la nesse estado, pelo tempo do contrato, salvo cláusula expressa em contrário; II - a garantir-lhe, durante o tempo do contrato, o uso pacífico da coisa. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 12 Art. 567. Se, durante a locação, se deteriorar a coisa alugada, sem culpa do locatário, a este caberá pedir redução propor- cional do aluguel, ou resolver o contrato, caso já não sirva a coisa para o fim a que se destinava. Art. 568. O locador resguardará o locatário dos embaraços e turbações de terceiros, que tenham ou pretendam ter direitos sobre a coisa alugada, e responderá pelos seus vícios, ou defei- tos, anteriores à locação. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 13 Art. 571. Havendo prazo estipulado à duração do contrato, antes do vencimento não poderá o locador reaver a coisa aluga- da, senão ressarcindo ao locatário as perdas e danos resultantes, nem o locatário devolvê-la ao locador, senão pagando, propor- cionalmente, a multa prevista no contrato. Parágrafo único. O locatário gozará do direito de retenção, enquanto não for ressarcido. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 14 Obrigações do Locatário: Art. 569. O locatário é obrigado: I - a servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou presumidos, conforme a natureza dela e as circunstâncias, bem como tratá-la com o mesmo cuidado como se sua fosse; II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume do lugar; III - a levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, que se pretendam fundadas em direito; IV - a restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais ao uso regular. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 15 Art. 570. Se o locatário empregar a coisa em uso diverso do ajustado, ou do a que se destina, ou se ela se danificar por abu- so do locatário, poderá o locador, além de rescindir o contrato, exigir perdas e danos. Art. 571. Havendo prazo estipulado à duração do contrato, antes do vencimento não poderá o locador reaver a coisa aluga- da, senão ressarcindo ao locatário as perdas e danos resultantes, nem o locatário devolvê-la ao locador, senão pagando, propor- cionalmente, a multa prevista no contrato. Parágrafo único. O locatário gozará do direito de retenção, enquanto não for ressarcido. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 16 Outrossim, mesmo quando não estipulado o prazo de duração, não pode as partes o considerar como vitalício; mas, finito. Art. 573. A locação por tempo determinado cessa de pleno direito findo o prazo estipulado, independentemente de notifica- ção ou aviso. Entretanto, na hipótese do locatário não devolver o bem quan- do do término do contrato, a de se considerar tal permanên- cia como posse injusta e de má-fé, repercutida pelos arts. 1216 a 1220, CC. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 17 Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa. É de bom alvitre ressaltar, que a ausênciade oposição do loca- dor quanto a continuidade da posse do locatário sobre à coisa locada, faz consentimento presumido da prorrogação da locação pelo mesmo aluguel; mas, sem prazo determinado; art. 574, CC. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 18 Art. 574. Se, findo o prazo, o locatário continuar na posse da coisa alugada, sem oposição do locador, presumir-se-á prorro- gada a locação pelo mesmo aluguel, mas sem prazo deter- minado. Percebe-se que a caracterização jurídica da posse de boa-fé ou má-fé, restará provada através do comportamento do locatário em devolver o bem quando do término do prazo es- tabelecido da locação; bem como, pela indiferença do loca- dor em exigir a devolução da coisa locada. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 19 Art. 575. Se, notificado o locatário, não restituir a coisa, paga- rá, enquanto a tiver em seu poder, o aluguel que o locador arbitrar, e responderá pelo dano que ela venha a sofrer, embora proveniente de caso fortuito. Parágrafo único. Se o aluguel arbitrado for manifestamente excessivo, poderá o juiz reduzi-lo, mas tendo sempre em conta o seu caráter de penalidade. Aplica-se o artigo acima, quando da extinção unilateral do contrato de locação por iniciativa do locador. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 20 Art. 576. Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente não ficará obrigado a respeitar o contrato, se nele não for consignada a cláusula da sua vigência no caso de alienação, e não constar de registro. § 1o O registro a que se refere este artigo será o de Títulos e Documentos do domicílio do locador, quando a coisa for móvel; e será o Registro de Imóveis da respectiva circunscrição, quando imóvel. § 2o Em se tratando de imóvel, e ainda no caso em que o locador não esteja obrigado a respeitar o contrato, não poderá ele despedir o locatário, senão observado o prazo de noventa dias após a notificação. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 21 A Lei 8.245/91, art. 8º, preceitua que o adquirente de imóvel locado por prazo indeterminado, pode denunciar o contrato, desde que conceda o prazo de noventa dias para a desocupação. Todavia, o adquirente tem que comunicar ao locatário dentro do prazo de noventa dias do registro da aquisição perante o Registro de Imóveis; caso, não comunique ao locatário nesse prazo, presume-se que o adquirente optou pela continuidade da locação. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 22 Entretanto, existindo contrato por prazo determinado com cláusula de vigência em caso de alienação e estando o mesmo averbado junto à matrícula do imóvel, o prazo da locação tem que ser respeitado; logo, não pode o adquirente desmanchar a locação. Lei 8.245/91 - Art. 8º: “Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel.” Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 23 Caso o locatário não desocupe o imóvel no prazo de noventa dias, contados da data da sua comunicação, o adquirente deve promover a ação de despejo para retomar o imóvel. Lei 8.245/91 - Art. 27. No caso de venda, promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de direitos ou dação em pagamento, o locatário tem preferência para adquirir o imóvel locado, em igualdade de condições com terceiros, devendo o locador dar-lhe conhecimento do negócio mediante notificação judicial, extrajudicial ou outro meio de ciência inequívoca. . Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 24 Parágrafo único. A comunicação deverá conter todas as condições do negócio e, em especial, o preço, a forma de pagamento, a existência de ônus reais, bem como o local e horário em que pode ser examinada a documentação pertinente Art. 33. O locatário preterido no seu direito de preferência poderá reclamar do alienante as perdas e danos ou, depositando o preço e demais despesas do ato de transferência, haver para si o imóvel locado, se o requerer no prazo de seis meses, a contar do registro do ato no cartório de imóveis, desde que o contrato de locação esteja averbado pelo menos trinta dias antes da alienação junto à matrícula do imóvel. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 25 Parágrafo único. A averbação far - se - á à vista de qualquer das vias do contrato de locação desde que subscrito também por duas testemunhas. Diz a Lei n.8.245/91, que “O locatário poderá denunciar a locação por prazo indeterminado mediante aviso por escrito ao locador, com antecedência mínima de trinta dias.” Parágrafo único. Na ausência do aviso, o locador poderá exigir quantia correspondente a um mês de aluguel e encargos, vigen- tes quando da resilição.” Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 26 O Contrato de Locação é essencialmente oneroso. O preço, aluguel ou renda, em princípio é estabelecido pelas partes, através da manifestação da vontade; mas, pode ser arbitrado por outras vias, tais como, pelo arbi- tramento administrativo, arbitramento judicial ou por ato governamental; v.g., os preços tarifados dos taxis. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 27 Quando da locação de bens da União, o PU, art. 95, Decreto- Lei 9.760/ 46, determina que o preço da locação seja estipu- lado através de “concorrência pública e pelo maior preço ofe- recido, na base mínima do valor locativo fixado.” Ressalta-se também, que o valor da locação não pode ser fixado de forma meramente potestativa por uma das partes, uma vez que o art. 575, CC, impede a estipulação potestativa do preço ao arbítrio exclusivo de um dos contratantes. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 28 Quando do descumprimento das obrigações pelas partes, a lei preceitua sanções de acordo com a gravidade, que vai desde o despejo e o aumento das garantias contratuais; v.g., caso o locatário atrase frequentemente o pagamento da locação, o locador pode exigir um fiador para o inquilino, a alteração no valor do aluguel, o pagamento de indenizações, Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 29 Direito de retenção: o locatário tem o direito preceituado pelo contrato ou pela lei, de não devolver a coisa alugada enquanto não for ressarcido pelo locador; v.g., se o inquilino conserta as goteiras da casa, tem direito à indenização pois se trata de benfeitoria necessária. Já as benfeitorias úteis e voluptuárias não ensejam retenção, tampouco indenização; art. 578, CC. Art. 578. Salvo disposição em contrário, o locatário goza do direito de retenção, no caso de benfeitorias necessárias, ou no de benfeitorias úteis, se estas houverem sido feitas com expresso consentimento do locador. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 30 Lei 8245/ 91 ( Lei do Inquilinato) Art. 37. No contrato de locação, pode o locador exigir do locatário as seguintes modalidades de garantia: I - caução; II - fiança; III - seguro de fiança locatícia. IV - cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Parágrafo único. É vedada, sob pena de nulidade, mais de uma das modalidades de garantia num mesmo contrato de locação. (grifo nosso) Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 31 Para garantir o pagamento do aluguel, a lei autoriza ao Lo- cador exigir do Locatário, Garantia Fidejussória ou real. Como é sabido, a garantia fidejussória é pessoal, ou seja, uma terceira pessoa garante pessoalmente o adimplemento do Lo- catário, via Fiança ou Aval. Quando da garantia real, o Locatário ou um terceiro indica um bem de seu patrimôniopara garantir o cumprimento da obrigação. Percebe-se, portanto, que a lei de locação precei- tua quatro tipos de garantia. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 32 Considerando o PU, art. 37, Lei 8245/91, ressalta-se que o Locador não pode exigir no mesmo contrato de locação, mais de uma espécie de garantia; assim sendo, o Locador deve escolher uma delas. Entretanto, nada obsta a multiplicidade da mesma garantia, logo, pode ser apresentado dois fiadores ou dois imóveis em caução. Em razão disso, afirma-se de pronto, que o mesmo contrato de locação não pode conter fiança e caução simulta- neamente. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 33 Garantias Fidejussórias: é aquela prestada pessoalmente por uma terceira pessoa, que garante o pagamento do débito do devedor, caso uma certa obrigação venha a ser descumprida. As espécies dessa garantia são a Fiança e o Aval, logo, não com- porta bens, que é garantia real. Garantia Real: concede ao seu titular a prerrogativa de alcançar o pagamento de uma dívida com o valor do bem dado em ga- rantia. Art. 1.419. Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipo- teca, o bem dado em garantia fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 34 Art. 38. A caução poderá ser em bens móveis ou imóveis. § 1º A caução em bens móveis deverá ser registrada em cartório de títulos e documentos; a em bens imóveis deverá ser averbada à margem da respectiva matrícula. § 2º A caução em dinheiro, que não poderá exceder o equivalente a três meses de aluguel, será depositada em caderneta de poupança, autorizada, pelo Poder Público e por ele regulamentada, revertendo em benefício do locatário todas as vantagens dela decorrentes por ocasião do levantamento da soma respectiva. § 3º A caução em títulos e ações deverá ser substituída, no prazo de trinta dias, em caso de concordata, falência ou liquidação das sociedades emissoras. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 35 Art. 39. Salvo disposição contratual em contrário, qualquer das garantias da locação se estende até a efetiva devolução do imóvel, ainda que prorrogada a locação por prazo indeter- minado, por força desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009) Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 36 Art. 11. Morrendo o locatário, ficarão sub - rogados nos seus direitos e obrigações: I - nas locações com finalidade residencial, o cônjuge sobrevivente ou o companheiro e, sucessivamente, os herdeiros necessários e as pessoas que viviam na dependência econômica do de cujus, desde que residentes no imóvel; II - nas locações com finalidade não residencial, o espólio e, se for o caso, seu sucessor no negócio. Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 37 Art. 12. Em casos de separação de fato, separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável, a locação residencial prosseguirá automaticamente com o cônjuge ou companheiro que permanecer no imóvel. (Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009) § 1o Nas hipóteses previstas neste artigo e no art. 11, a sub- rogação será comunicada por escrito ao locador e ao fiador, se esta for a modalidade de garantia locatícia. (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009) § 2o O fiador poderá exonerar-se das suas responsabilidades no prazo de 30 (trinta) dias contado do recebimento da comunicação oferecida pelo sub-rogado, ficando responsável pelos efeitos da fiança durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador. (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009) Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 38 Art. 40. O locador poderá exigir novo fiador ou a substituição da modalidade de garantia, nos seguintes casos: I - morte do fiador; II - ausência, interdição, falência ou insolvência do fiador, declaradas judicialmente; II - ausência, interdição, recuperação judicial, falência ou insolvência do fiador, declaradas judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009) III - alienação ou gravação de todos os bens imóveis do fiador ou sua mudança de residência sem comunicação ao locador; Locação de Coisas Prof. Edson Soares, MSc. 39 IV - exoneração do fiador; V - prorrogação da locação por prazo indeterminado, sendo a fiança ajustada por prazo certo; VI - desaparecimento dos bens móveis; VII - desapropriação ou alienação do imóvel. VIII - exoneração de garantia constituída por quotas de fundo de investimento; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) IX - liquidação ou encerramento do fundo de investimento de que trata o inciso IV do art. 37 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) X - prorrogação da locação por prazo indeterminado uma vez notificado o locador pelo fiador de sua intenção de desoneração, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador. (Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009) Empréstimo Comodato Prof. Edson Soares, MSc. 40 No campo das relações humanas e sociais, Empréstimo, é um ato de caridade e demonstra desapego às coisas materiais. É a entrega de uma coisa a outro com data prevista de devo- lução. Entretanto, para o Direito não tem o mesmo significado, pois o classifica sob os institutos do mútuo e do comodato, que são espécies do gênero empréstimo. Empréstimo Comodato Prof. Edson Soares, MSc. 41 A dicção Comodato deriva da expressão latina commodum datum. O art. 579, CC, preceitua o comodato nos termos que se seguem: Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto. Em razão do supra exposto, pode-se afirmar que o comodato é um negócio jurídico unilateral e gratuito, onde o comodante transfere ao comodatário a posse de um determinado bem, móvel ou imóvel, pautada pela obrigação de o restituir. Empréstimo Comodato Prof. Edson Soares, MSc. 42 Verifica-se que o art 579, CC, preceituou o comodato como empréstimo gratuito de um bem infungível, ou seja, bem insubstituível; logo, o que se opera é a transferência da posse da coisa e não a propriedade. Percebe-se que ainda, que é um negócio jurídico embasado no princípio da lealdade contratual, já que o dono do objeto de- posita confiança no beneficiário do empréstimo, o comoda- tário. Empréstimo Comodato Prof. Edson Soares, MSc. 43 Principais Características O contrato de comodato possui forma contratual típica e nominada. 1- Real: sabe-se que o contrato real é aquele que só se torna perfeito com a entrega da coisa de uma parte à outra; isso ocorre no comodato. Assim sendo, o contrato de comodato se conclui quando o comodante entrega o bem ao comodatário. 2- Unilateral: somente o comodatário se beneficia e apenas assume com o comodante a obrigação de guardar e conser- var a coisa como se sua fosse, procedendo a restituição ao final do contrato ou quando o comodante a exigir. Empréstimo Comodato Prof. Edson Soares, MSc. 44 3- Gratuito: é contrato benéfico, pois apenas o comodatário experimenta benefício, uma vez que poderá usar e possuir coisa alheia infungível; 4- Fiduciário (fidúcia = confiança): revela maior grau de confiança que os demais contratos. 5- Temporário: por produzir mero direito pessoal, é essen- cialmente temporário e não é transmitido aos herdeiros do co- modatário. O prazo de duração, via de regra é estipulado no contrato, caso, este seja omisso, será o necessário para o uso e finalidade concedida. Empréstimo Comodato Prof. Edson Soares, MSc. 45 Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente,reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado”. Empréstimo Comodato Prof. Edson Soares, MSc. 46 Art. 580. Os tutores, curadores e em geral todos os administra- dores de bens alheios não poderão dar em comodato, sem auto- rização especial, os bens confiados à sua guarda. Ressalta-se que o art 580, CC, ao elencar àquelas pessoas, não o faz em razão de incapacidade, mas, o faz, por falta de legitimidade. Tal proibição, busca a proteção de pessoas sem- síveis a prejuízos e falcatruas como os curatelados e os tutela- dos. Empréstimo Comodato Prof. Edson Soares, MSc. 47 Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior. Art. 584. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada. Empréstimo Comodato Prof. Edson Soares, MSc. 48 Art. 585. Se duas ou mais pessoas forem simultâneamente comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante. Empréstimo Contrato de Mútuo Prof. Edson Soares, MSc. 49 Contrato de Mútuo Contrato de Mútuo consiste no empréstimo de coisas fungíveis; v.g., dinheiro, alimentos, bebidas, dentre outros. Presente na economia mundial, reveste-se como imprescindível ferramenta para o fomento da atividade financeira nos dias de hoje. O mútuo é um empréstimo de consumo, é um negócio jurídico unilateral, pelo qual o mutuante transfere a propriedade de um objeto móvel fungível ao mutuário, que se obriga à devolu- ção, em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Empréstimo Contrato de Mútuo Prof. Edson Soares, MSc. 50 Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuá- rio é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Considerando que a coisa emprestada é transferida ao mu- tuário, como condição para a celebração do contrato, logo, os riscos de destruição correrão, única e exclusivamente, por conta do tomador do empréstimo, desde o momento da tra- dição. Empréstimo Contrato de Mútuo Prof. Edson Soares, MSc. 51 Assim sendo, o mutuário passa a ser dono da coisa a partir do momento em que a mesma lhe é entregue. Afirma SILVIO DA ROCHA, a “causa” deste contrato é diferente da compra e venda, pois o mutuário adquire o bem com a obrigação de devolver outro equivalente àquele que recebeu (do mesmo gênero, qualidade e quantidade). Assim, podemos afirmar que, em verdade, o mutuário se torna “dono” da coisa, individual- mente considerada, mas não do seu valor, pois está obri- gado a restituir outro bem equivalente. Empréstimo Contrato de Mútuo Prof. Edson Soares, MSc. 52 Características: O mútuo é contrato típico e nominado. Partes: Mutuante, o que empresta e Mutuário, o que recebe. 1- Real: nos moldes do comodato, o contrato de mútuo só se conclui com a entrega da coisa de uma parte à outra. O contrato em si somente se considera concluído quando o mutuante entrega o bem ao mutuário. Não basta, pois, a mera assinatura do instrumento contratual, nem a prestação de ga- rantias. Enquanto a coisa emprestada não for transferida ao mutuário, o contrato não é considerado juridicamente existente. (Stolze; Pamplona Filho, 2015). Empréstimo Contrato de Mútuo Prof. Edson Soares, MSc. 53 OBRIGAÇÕES DO MUTUÁRIO O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. O empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, logo, o mesmo assume os riscos dela desde a tradi- ção. Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores. Empréstimo Contrato de Mútuo Prof. Edson Soares, MSc. 54 Art. 589. Cessa a disposição do artigo antecedente: I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente; II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais; III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças; IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor; V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente. Empréstimo Contrato de Mútuo Prof. Edson Soares, MSc. 55 Mútuo Feneratício: é o mútuo de dinheiro, normalmente é oneroso já que o mutuário deve pagar juros ao mutuante. Art. 591, CC. Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a capitalização anual. Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional. Empréstimo Contrato de Mútuo Prof. Edson Soares, MSc. 56 A taxa de juros de juros atualmente defendida pela maioria de doutrinadores e a jurisprudencial, é de 1% ao mês ou 12% ao ano em contratos de mútuo entre particulares conforme cumulação dos arts. 591e 406, CC e art. 161, § 1º do CTN. Art. 161 do CTN: O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. Empréstimo Contrato de Mútuo Prof. Edson Soares, MSc. 57 § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do vencimento o mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica. NOTA: Nos dias de hoje, a taxa é calculada pela SELIC ou seja, pelo Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC. Empréstimo Contrato de Mútuo Prof. Edson Soares, MSc. 58 Art. 592 – Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será: I – até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como para semeadura; II – de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro; III – do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível. Empréstimo Contrato de Mútuo Prof. Edson Soares, MSc. 59 O contrato de mútuo não requer formalidade especial quando da sua celebração, contudo, aconselha-se a for- ma escrita em razão de norma preceituada no P.U. do art. 227, CC e 444, CPC. Art. 227. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência) Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou comple- mentar da prova por escrito. Empréstimo Contrato de Mútuo Prof. Edson Soares, MSc. 60 Artigo 444, CPC: Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a prova testemunhal quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se pretende produzir a prova. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 61 Nos dias de hoje, na Prestação de Serviço, que em tempos pretéritos, chamava-se Locação de Serviço, a pessoa se obri- ga a fornecer a outra, sem vínculo empregatício, prestação de atividade mediante remuneração. Arts. 593 a 609,CC. A aplicação da nossa legislação civil é residual, já que so- mente se aplica às relações não regidas pela CLT e pelo CDC. Art. 593. A prestação de serviço, que não estiver sujeita às leis trabalhistas ou a lei especial, reger-se-á pelas disposições deste Capítulo. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 62 Diz Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (2015): O contrato de prestação de serviços é o negócio jurídico por meio do qual uma das partes, chamada prestador, se obriga a realizar uma atividade em benefício de outra, de- nominada tomador, mediante remuneração. Trata-se de uma modalidade contratual aplicável a qualquer tipo de atividade lícita, seja manual, seja intelectual, conforme ex- plicita o art. 594, CC. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 63 A prestação de serviços se diferencia do contrato de emprego em razão do elemento subordinação jurídica, ou seja, pela subordinação, habitualidade, dentre outros requisitos que são necessários ao vínculo empregatício; tais aspectos inexistem na prestação de serviços. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 64 A prestação de serviços regida pelas normas do CC, é aquela atividade que é prestada de forma autônoma, que objetiva resultado determinado, v.g., a empreitada, comissão, correta- gem ou representação comercial autônoma; logo, não é traba- lho subordinado que enseja relações jurídicas empregatícias. Daí a ressalva do art. 593, CC. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 65 Muito parecido com a empreitada, mas se diferencia já que a finalidade na empreitada é específica, ou seja, visa a execução de uma obra, ou a construção de algo novo; v.g., a construção de um prédio, de uma rodovia, ou uma criação técnica, artística ou artesanal. Percebe-se que na empreitada tem-se por meta o resultado da atividade, e não a atividade em si, como se dá na prestação de serviços. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 66 CARACTERÍSTICAS: Trata-se de contrato típico e nominado, bilateral, amplamente utilizado nas relações civis, comerciais, consumeristas e adminis- trtivas. Presumindo-se que existe equivalência entre as prestações, pode-se dizer que é um contrato comutativo. Pode-se ainda, aplicar o conceito de contrato evolutivo, já que pode ser esta- belecida a equação financeira do contrato, impondo-se a compensação de eventuais alterações sofridas no curso do contrato. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 67 No Direito brasileiro, à prestação de serviços não onerosos, não se aplica as regras codificadas, já que são pautadas por normas do trabalho voluntário. Pode ser pactuado na forma paritária como na por adesão. Quanto à forma: é contrato não solene, com forma livre de celebração, ou seja, é consensual e concretiza-se pela simples declaração de vontades. Quanto à pessoa do contratante: é individual, sendo em regra, personalíssimo, ou seja, celebrado intuitu personae. Art. 605, CC. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 68 Art. 605. Nem aquele a quem os serviços são prestados, poderá transferir a outrem o direito aos serviços ajustados, nem o pres- tador de serviços, sem aprazimento da outra parte, dar subs- tituto que os preste. Contudo, caso as partes concordem, é possível sim, que o pres- tador de serviço possa se fazer substituir por outrem, repe- tindo: desde que o tomador concorde, o que significa que é possível uma subcontratação, pela autonomia da vontade das partes. Na relação de emprego, isso não é possível em razão do vinculo empregatício. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 69 Quanto ao tempo: o contrato de prestação de serviços pode ser tanto instantâneo, seja na modalidade de execução imediata, seja na de execução diferida, quanto de duração, determinada ou indeterminada. Ressalta-se desde logo, que, na contratação por duração previamente determinada, existe uma limitação temporal máxima, que é de quatro anos, conforme art. 598, CC. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 70 Art. 598. A prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de quatro anos, embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida de quem o presta, ou se destine à execu- ção de certa e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda que não concluída a obra. Conforme Stolze; Pamplona Filho, trata-se de um contrato principal e definitivo, visto que não depende de qualquer outra avença, bem como não é preparatório de nenhum outro negócio jurídico. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 71 Objeto Toda espécie de serviço ou trabalho material (manual) ou imaterial (intelectual) que sejam lícitos, logo, que não atentem contra a lei e os bons costumes. É pura obrigação de fazer. Art. 594. Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, ma- terial ou imaterial, pode ser contratada mediante retribui- ção. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 72 Art. 595. No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas. Partes Prestador de serviços: é quem presta os serviços; também chamado de executor, contratado ou locador. Tomador do Serviço: é quem contrata os serviços da outra parte e a remunera; é também chamado de contratante ou locatário. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 73 RETRIBUIÇÃO (Preço) Em função do caráter bilateral e comutativo do contrato de prestação de serviço, o regular desempenho da atividade pactuada faz surgir o direito a uma contrapartida, ou seja, retribuição, pagamento, preço. A dicção salário deve ser evi- tada uma vez que na atualidade se adequa mais à retribui- ção do contrato de emprego. Considerando que o nosso sistema codificado, não admite, co- mo já dito antes, a prestação de serviços gratuita, assim sen- do, Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 74 o prestador de serviço sempre fará jus a uma retribuição. Dessa forma, a retribuição pelo serviço prestado, em regra, deve ser estabelecida prévia e expressamente pelos contra- tantes. Quando da ausência de celebração das partes, quanto à forma e valor, caberá ao juiz arbitrá-las de acordo com os costumes do lugar, levando em consideração o tempo de exe- cução do serviço, bem como sua qualidade; art. 596, CC. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 75 Art. 596. Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á por arbitramento a retribuição, segun- do o costume do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade. Art. 597. A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por convenção, ou costume, não houver de ser adiantada, ou paga em prestações. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 76 Direito ao aviso prévio Conforme Stolze; Pamplona (2015), Embora haja um prazo máximo estipulado na lei para a fixação convencional do prazo, o fato é que as partes podem celebrar um contrato de prestação de serviço de forma indeterminada e que pode ultrapassar tal prazo-limite. Podem, também, até mesmo, como vimos acima, renová-lo, sem limite de tempo ou número de recontratações, segundo a autonomia das suas vontades. No entanto, não havendo prazo determinado, enquanto não se estabelecer um termo final, os contratantes estarão vincula- dos à avença. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 77 Por isso mesmo, não havendo qualquer prestígio à concepção de pactos perpétuos, admite-se a resilição unilateral do con- trato de prestação de serviço, desde que a parte interessada comunique previamente à outra, de forma que se prepare para a extinçãodo vínculo que, muitas vezes, é sua única fonte de subsistência. É o aviso prévio, instituto que teve origem nas relações de comércio, e se difundiu, sobremaneira, por causa da sua utilização também nos contratos de emprego. Sua disciplina específica para o contrato de prestação de ser- viço se encontra no art. 599 do CC-02 (art. 1.221 do CC-16), que preceitua, in verbis: Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 78 Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o contrato. Parágrafo único. Dar-se-á o aviso: I - com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por tempo de um mês, ou mais; II - com antecipação de quatro dias, se o salário se tiver ajustado por semana, ou quinzena; III - de véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 79 Percebe-se que a resilição contratual do contrato de pres- tação de serviço sem duração determinada é considerada um direito potestativo da parte, o qual, para ser regular- mente exercido, exige a concessão do aviso prévio; Em razão disso, entendemos que a ausência da comunica- ção, pela parte que resiliu o contrato, faz nascer, para o outro contratante, o direito de pleitear perdas e danos pe- los prejuízos causados, o que, por óbvio, deve ser demons- trado. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 80 Assim sendo, quando da rescisão, o prestador contratado por tempo determinado, não pode se ausentar ou rescindir o contrato sem justa causa, antes de preencher o tempo ou concluir a obra; Caso rescinda o contrato sem justa causa, tem direito à retribuição vencida, mas responderá por perda e danos; Quando o tomador sem justa causa, despedir o prestador de serviço, será obrigado a pagar a retribuição vencida, mais 50% do restante do contrato que o mesmo receberia caso concluísse o contrato. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 81 Contagem do tempo Art. 600. Não se conta no prazo do contrato o tempo em que o prestador de serviço, por culpa sua, deixou de servir. Diz Stolze; Pamplona, que a previsão é estabelecida, a priori, em favor do tomador do serviço, evitando que o prestador conte, como prazo do contrato, período em que, por culpa sua, deixou de servir. Isso, porém, importa em afirmar que todo o tempo em que o prestador deixou de servir, sem culpa sua, deverá ser compu- tado, mesmo em detrimento do interesse do tomador. É o caso, a título exemplificativo, de enfermidades ou convocação para serviço público obrigatório. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 82 No entanto, essa contagem não implica que tenha o prestador necessariamente direito à retribuição do período. Isso porque, caso a retribuição não tenha sido estipulada de forma global, mas, sim, por dia efetivamente disponibilizado, sua interpre- tação deve ser restritiva. Assim, para efeito de retribuição, não havendo pactuação es- pecífica (que prevaleceria, pela autonomia da vontade das partes), parece-nos que a sua vinculação ao tempo à dispo- sição deve ser interpretada de forma restritiva, ou seja, o pe- ríodo em que o prestador deixou de servir, com ou sem culpa, não deve ser remunerado, por ser dele (prestador) o risco da atividade econômica. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 83 Trata-se, portanto, de uma concepção diferente da relação de emprego, em que o empregador (tomador de serviços) assume os riscos da atividade econômica, remunerando o empregado em diversas hipóteses em que não há labor (férias, repouso semanal, licenças médicas até o 15.º dia etc.), o que é conhecido como “supensão parcial” ou “inter- rupção” do contrato de emprego. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 84 Motivos da Extinção Art. 607. O contrato de prestação de serviço acaba com a morte de qualquer das partes. Termina, ainda, pelo escoa- mento do prazo, pela conclusão da obra, pela rescisão do contrato mediante aviso prévio, por inadimplemento de qualquer das partes ou pela impossibilidade da continuação do contrato, motivada por força maior”. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 85 O contrato de prestação de serviço pode se extinguir pelos motivos a seguir: 1- Extinção Natural: 1.1- Cumprimento do Contrato ou exaustão de seu objeto: conclusão da obra, ou seja, as partes cumpriram suas obrigações; 1.2 - Verificação de Fatores Eficaciais: vencimento do termo, redibição, direito de arrependimento, implemento de condição resolutiva ou frustração de condição suspensiva. Prestação de Serviço Prof. Edson Soares, MSc. 86 2- Causas Supervenientes: 2.1- Resilição Unilateral (rescisão do contrato mediante aviso- prévio) 2.2- Resolução: por inadimplemento de qualquer das partes; 2.3 - Morte do Contratante: morte de qualquer das partes; 2.4 - Força Maior ou Caso Fortuito: impossibilidade da continuação do contrato, motivada por força maior”, conside- rando que o tratamento jurídico do caso fortuito é o mesmo da força maior; 2.5 – Distrato. O CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO E A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO Prof. Edson Soares, MSc. 87 Stolze; Pamplona Filho (2015), afirmam que face a nova redação do art. 114, CF da dada pela EC nº45 de 2004, nada mais será como antes nas relações laborais. O inciso I, que afirma ser da Justiça do Trabalho “as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”, é o mais polêmico entre todos os novos disposi- tivos constitucionais. Antes da EC 45, a justiça do trabalho só agia nas relações de emprego. O CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO E A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO Prof. Edson Soares, MSc. 88 Percebe-se, portanto, que o âmbito de jurisdição era restrito aos conflitos oriundos de vínculos empregatí- cios, estando afastados da apreciação da Justiça do Tra- balho todas as demais modalidades contratuais que en- volvessem o trabalho humano, salvo previsão legal ex- pressa. Empreitada Prof. Edson Soares, MSc. 89 A empreitada não deve ser confundida com o contrato de prestação de serviços, uma vez que a Prestação de Serviços é a obrigação de executar um trabalho, o que a classifica como uma obrigação de meio. Já a Empreitada é a obrigação de entregar uma obra, logo, é uma obrigação de resultado, pautando-se pela obrigação finalística. A empreitada é contrato bilateral, oneroso, comutativo, impessoal e informal, logo pode ser realizado verbalmente. Art. 626. Não se extingue o contrato de empreitada pela morte de qualquer das partes, salvo se ajustado em consideração às qualidades pessoais do empreiteiro. Empreitada Prof. Edson Soares, MSc. 90 Das Partes: Empreitante, Comitente, Dono da Obra ou Contratante: é quem contrata a obra. Empreiteiro, Contratado: quem põe à disposição sua atividade. Do Objeto: i) Geralmente obras de construção civil; ii) Pode ser qualquer obra corpórea ou incorpórea, tais como: a) obrigação de escrever um livro; b) obrigação de confeccionar obras artesanais, dentre outros. Quanto à Forma: não se exige forma solene, assim sendo, pode-se contratar verbalmente. Empreitada Prof. Edson Soares, MSc. 91 Tipos de Empreitada: Empreitada de lavor ou de mão-de-obra: corresponde apenas a atividade laboral do empreiteiro, ou seja, o materi- al é fornecido pelo do dono da obra; o empreiteiro só entra com a sua mão-de-obra e a de seus funcionários. É uma obrigação de fazer,conforme arts. 610 e 612, CC. Empreitada mista: é pautada pela atividade laboral e forne- cimento de material pelo empreiteiro; assim sendo, percebe-se que é obrigação de fazer e de dar, ou seja, fazer o serviço e fornecer o material. Arts. 610 e 611, CC. O fornecimento do material deve ser explicitado no contrato. Empreitada Prof. Edson Soares, MSc. 92 Art. 610. O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só com seu trabalho ou com ele e os materiais. § 1o A obrigação de fornecer os materiais não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. § 2o O contrato para elaboração de um projeto não implica a obrigação de executá-lo, ou de fiscalizar-lhe a execução. Empreitada Prof. Edson Soares, MSc. 93 Riscos e Responsabilidades Empreitada de lavor: os riscos correm por conta do comi- tente. Correrá por conta do empreiteiro quando consta- tada negligência ou imperícia do mesmo. Ainda, quando do perecimento da obra antes da entrega, os contratan- tes repartem os prejuízos referentes aos materiais e aos pagamentos, exceto quando comprovada culpa de uma das partes. Empreitada mista: a responsabilidade é do empreiteiro até a efetiva entrega da obra, exceto, quando se verifi- car mora do comitente. Empreitada Prof. Edson Soares, MSc. 94 Construções vultuosas: conforme art. 618, CC, a responsabilidade do empreiteiro, obedecerá o prazo irredutível de 05 anos. Art. 611. Quando o empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os riscos até o momento da entrega da obra, a contento de quem a encomendou, se este não estiver em mora de receber. Mas se estiver, por sua conta correrão os riscos. Empreitada Prof. Edson Soares, MSc. 95 Art. 612. Se o empreiteiro só forneceu mão-de-obra, todos os riscos em que não tiver culpa correrão por conta do dono. Art. 613. Sendo a empreitada unicamente de lavor (art. 610), se a coisa perecer antes de entregue, sem mora do dono nem culpa do empreiteiro, este perderá a retribuição, se não provar que a perda resultou de defeito dos materiais e que em tempo reclamara contra a sua quantidade ou qualidade. Empreitada Prof. Edson Soares, MSc. 96 Art. 614. Se a obra constar de partes distintas, ou for de natu- reza das que se determinam por medida, o empreiteiro terá direito a que também se verifique por medida, ou segundo as partes em que se dividir, podendo exigir o pagamento na pro- porção da obra executada. § 1o Tudo o que se pagou presume-se verificado. § 2o O que se mediu presume-se verificado se, em trinta dias, a contar da medição, não forem denunciados os vícios ou defeitos pelo dono da obra ou por quem estiver incumbido da sua fisca- lização. Empreitada Prof. Edson Soares, MSc. 97 Concluída a obra e não recebido o preço pactuado, o em- preiteiro pode exercer o direito de retenção da obra, até que o comitente cumpra o pagamento. Art. 615. Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume do lugar, o dono é obrigado a recebê-la. Poderá, po- rém, rejeitá-la, se o empreiteiro se afastou das instruções rece- bidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em trabalhos de tal natureza. Art. 616. No caso da segunda parte do artigo antecedente, po- de quem encomendou a obra, em vez de enjeitá-la, recebê-la com abatimento no preço. Empreitada Prof. Edson Soares, MSc. 98 Art. 617. O empreiteiro é obrigado a pagar os materiais que recebeu, se por imperícia ou negligência os inutilizar. Da Garantia: em razão do art. 618, PU, CC, o empreiteiro responde pela solidez da obra pelo prazo de cinco anos; ainda, considerando que os funcionários são do empreiteiro, o mesmo responderá por danos que os seus empregados causar a terceiros, conforme preceituado no art.932, III, CC. Empreitada Prof. Edson Soares, MSc. 99 Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; (grifo nosso) IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. Empreitada Prof. Edson Soares, MSc. 100 Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo. Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito Empreitada Prof. Edson Soares, MSc. 101 Art. 619. Salvo estipulação em contrário, o empreiteiro que se incumbir de executar uma obra, segundo plano aceito por quem a encomendou, não terá direito a exigir acres- cimo no preço, ainda que sejam introduzidas modificações no projeto, a não ser que estas resultem de instruções escri- tas do dono da obra. Parágrafo único. Ainda que não tenha havido autorização escrita, o dono da obra é obrigado a pagar ao empreiteiro os aumentos e acréscimos, segundo o que for arbitrado, se, sempre presente à obra, por continuadas visitas, não podia ignorar o que se estava passando, e nunca protestou. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 102 Previsto nos arts. 627 a 652 em nossa legislação patri- monialista, o Depósito Convencional ou Legal, também chamado de Necessário ou Miserável, é uma espécie do gênero contrato. Não confundir com o Depósito Judicial, que é matéria do Direito Processual Civil, bem como, com o Sequestro, que no direito positivo brasileiro, se posicio- na como procedimento cautelar, em razão disso, é disci- plinado pelo CPC. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 103 O Depósito, é um contrato embasado na confiança e pautado pelo principio da boa-fé objetiva, já que o Depositante transfere o poder de fato sobre a coisa que lhe pertence, para o Depositário, que não poderá usufrui- la, exceto, quando devidamente autorizado. O contrato de Depósito é um negócio jurídico, onde a parte depositante transfere à outra parte, depositário, a guarda de um objeto móvel, para que seja devidamente conservado e posteriormente devolvido, junto com os fru- tos decorrentes da coisa depositada na vigência do de- pósito. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 104 Art. 629. O depositário é obrigado a ter na guarda e conservação da coisa depositada o cuidado e diligência que costuma com o que lhe pertence, bem como a restituí- la, com todos os frutos e acrescidos, quando o exija o depositante. Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o reclame. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 105 Depósito Voluntário ou Convencional: é firmado por livre convenção dos contratantes, já que o depositante espontânea- mente escolhe o depositário e dessa forma, confia à sua guar- da coisa móvel corpórea a ser restituída quando solicitada. Depósito Necessário ou Obrigatório: independe da vontade das partes, visto que resulta de fatos imprevistos e urgentes, que obriga o depositante a procede-lo, entregando a guarda de um objeto a depositário desconhecido, com o intuito de evitar iminente deterioração ou perda; v.g., nos casos de in- cêndio, inundações, dentre outros. Art. 647, CC. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 106 Art.647. É depósito necessário: I - o que se faz em desempenho de obrigação legal; II - o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, o naufrágio ou o saque. Considerando o art. 647, I, Depósito Necessário ou Obrigatório subdivide-se em legal e miserável. O depósito legal, é aquele decorrente de uma obrigação prevista em lei; v.g., à pessoa que encontra coisa alheia perdida, impõe-se-lhe, o preceito dos arts. 1.233 a 1.237, CC. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 107 Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor. Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente. Em razão do dispositivo acima, a coisa alheia perdida, deve ser encaminhada a uma delegacia de polícia, para efetuar o depósito, sob pena de incorrer no crime de apropriação indébita de coisa achada, conforme art. 169, II, CP. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 108 Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre: Apropriação de tesouro I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio; Apropriação de coisa achada II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 109 Depósito Miserável: já referido anteriormente, decorre tam- bém de lei. São àqueles que se realizam em situações pauta- das pelo desespero; como um incêndio, uma inundação, um naufrágio ou o saque. Será gratuito, a critério do julgador, quando a situação for comprovadamente provocada por cala- midade. Hipoteticamente, quando de uma enchente, a pessoa poderá ser obrigada a entregar seus bens a um vizinho, ou a pessoa desconhecida cuja casa não sofreu com fúria da natureza, assim sendo, por não se presumir gratuito conforme art. 651, CC, Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 110 conforme art. 651, CC, o depositário poderá exigir remune- ração, notadamente quando houver sofrido prejuízo com o depósito. Via de regra, não se estipula remuneração ao de- positário, que age pautado por espírito de solidariedade. Art. 651. O depósito necessário não se presume gratuito. Na hipótese do art. 649, a remuneração pelo depósito está incluída no preço da hospedagem. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 111 CARACTERÍSTICAS: 1- É contrato típico, nominado, unilateral ou bilateral, cuja essência é de contrato tipicamente unilateral, uma vez que impõe obrigação apenas para uma das partes, ou seja, para o depositário. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 112 Entretanto, quando dos negócios de natureza mercantis, pode- rá apresentar-se ainda sob a forma de contrato bilateral. Em tal caso, pactuou-se, ab initio, a remuneração do depositário; v.g., nos contratos de guarda de veículos em estacionamentos, que mesmo sendo uma modalidade de contrato atípico, asse- melha-se ao contrato de depósito, visto que à responsabilida- de civil, lhe é aplicada. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 113 Ainda, o Depósito, quando contrato unilateral, pode tornar-se contrato bilateral imperfeito durante a sua execução, isso ocorre em situações peculiares; v.g., o contrato quando cele- brado era unilateral, ou seja, não se vislumbrava remunera- ção, apenas o depositário estava obrigado, mas, no decorrer do contrato, passou a ter direito em face do depositante por ter realizado à sua custa, despesas de conservação da coisa, logo, a lei lhe garante o direito de retê-la, até que o deposi- tante o indenize. Art. 644, CC. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 114 Art. 644. O depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a retribuição devida, o líquido valor das despesas, ou dos prejuízos a que se refere o artigo anterior, provando imediata- mente esses prejuízos ou essas despesas. 2- Gratuito ou Oneroso: se celebrado na modalidade unila- teral, será considerado como contrato gratuito, já que penas o depositante se beneficia; v.g., guardar o carro do amigo em sua casa, tomar conta do cachorro do vizinho. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 115 caso, se convencione remuneração ao depositário, será repu- tado como negócio oneroso, em razão do benefício patri- monial que às partes aproveitam; assim sendo, também supor- tarão o prejuízo. V.g.: guardar bagagem no maleiro do aero- porto; a bagagem confiada ao hotel, estacionamento do shopping, do supermercado, dentre outros. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 116 Com notável saber jurídico, ORLANDO GOMES ensina: A gratuidade não é da essência do contrato. Se, em direito civil, está presumida obsoletamente, de regra se tornou oneroso, forma ordinariamente utilizada atualmente. É por demais acertada as assertivas de Orlando Gomes, ao percebermos que nos dias de hoje, a modalidade gratuita quase inexiste, já que o contrato de depósito se consolidou no segmento econômico de serviços com inúmeras sociedades em- presárias explorando tal atividade. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 117 Por essa razão, o legislador admitiu a onerosidade do contrato, conforme art. 628, CC. Art. 628. O contrato de depósito é gratuito, exceto se houver convenção em contrário, se resultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão. Parágrafo único. Se o depósito for oneroso e a retribuição do depositário não constar de lei, nem resultar de ajuste, será determinada pelos usos do lugar, e, na falta destes, por arbitra- mento. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 118 3- Real: o contrato de Depósito se torna perfeito e acabado quando o depositante entrega o bem ao depositário. Mais uma vez, lembramos que o contrato real só se aper- feiçoa com a entrega do bem, objeto do negócio jurídico, de uma parte à outra. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 119 4- Solene: no Depósito é exigida a forma escrita, confor-me o art, 646, CC. Art. 646. O depósito voluntário provar-se-á por escrito. Entretanto, é voz corrente entre os doutrinadores que o Depó- sito pode ser informal, provando-se pelo cupom do estaciona- mento fornecido pelo depositário ou por testemunhas. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 120 Ainda, pode ser Instantâneo, como nos casos dos estacionamentos que duram apenas minutos ou horas; ainda também, podem ser de longa duração, como nos contratos pautados pela alienação fiduciária. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 121 5- Das Partes: as partes anteriormente já explicitadas, são o Depositante, que é o proprietário da coisa e o Depositário, que recebe a coisa em custodia. Para a eficácia do Depósito, necessário se faz que às partes possuam capacidade para a efetivação de negócio jurídico; quando em contrário, pre- cisam ser assistidos ou representados. Depósito Prof. Edson Soares, MSc. 122 6- Do Objeto: já explicitamos que o nosso ordenamento jurídico permite apenas o depósito de bens móveis, inexistindo portanto, o Depósito de imóveis ou de móveis fungíveis ou consumíveis. Quanto ao Depósito de dinheiro em estabeleci- mento do sistema financeiro, afirma-se que trata-se de con- trato bancário, que em muito se aproxima do contrato de mútuo, vide art. 645, CC.
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