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Essa resenha abordará sobre requisição de bens entre entes federativos, a possibilidade de o Estado usar bens ou serviços de particulares. O Ato administrativo é unilateral e auto-executório que tem base na utilização de bens ou serviços particulares pela administração, para atender as necessidades do povo durante perigo iminente e calamidade pública. Devido à atual condição do país que é uma Pandemia, abre-se uma discussão sobre requisição administrativa: “Pode ser feita por um ente político sobre bens e serviços públicos de outra pessoa federativa?” Segundo a Constituição, a requisição recai sobre bens e serviços particulares. Porém, em 2005, através do Decreto Federal n° 5.392/05 a União declarou estado de calamidade no setor hospitalar do SUS do Município Rio de Janeiro e por isso requisitou os bens, serviços e servidores de vários hospitais. Se de um lado acha-se razoável a requisição cair sobre bens e serviços públicos, pois o objetivo é a saúde coletiva, outros não concordam, pois usar os bens e serviços de outro ente federativo (Estado ou Município), mediante requisição administrativa, viola o pacto federativo, pois interfere gravemente a autonomia dos entes federativos (artigos 1°, 18, 25 e 30 da Constituição). Com relação ao decreto nº5392/05, o STF declarou nulo por falta de fundamentação. Ou seja, foi a falta de motivação que ensejou o restabelecimento da administração e gestão dos hospitais pelo Município do Rio de Janeiro (Mandado de Segurança n° 25.295-DF), porém não definiu se há possibilidade ou não de requisição sobre bens e serviços públicos. Como estamos vivendo colapso na saúde, cabe afirmar a impossibilidade de requisição administrativa de outro ente federativo, pois comprometerá o modelo federativo que garante autonomia, adotado pela Carta Magna. A requisição administrativa está fundada no inciso XXV do artigo 5° da Constituição, in verbis: “no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano” Segundo ensina José dos Santos Carvalho Filho, a finalidade da requisição: “... é sempre de preservar a sociedade contra situações de perigo público iminente. [...] A indenização pelo uso dos bens e serviços alcançados pela requisição é condicionada:o proprietário somente fará jus à indenização se a atividade estatal lhe tiver provocado danos. [...] o ato administrativo que a formaliza é auto-executório e não depende, em conseqüência, de qualquer decisão do judiciário. [...] só não será legítima se não estiver configurada a situação de perigo mencionada na Constituição. Nesse caso pode o proprietário recorrer ao judiciário para invalidar o ato de requisição. [...] a apreciação, todavia, há de cingir-se ao exame da legalidade do ato, e não aos aspectos de avaliação reservados ao administrador. Se falta o pressuposto do perigo público iminente, por exemplo, cabe ao Judiciário invalidar o ato por vício de legalidade. A extinção da requisição se dará tão logo desapareça a situação de perigo público iminente. Por essa razão, a requisição é de natureza transitória, sabido que aquela situação não perdurará eternamente.” Perigo iminente consiste em resultados danosos para sociedade, sejam através de eventos da natureza, de comportamentos de pessoas naturais ou jurídicas. Conforme o Prof. Hely Lopes, requisição é a utilização coativa de bens ou serviços particulares pelo Poder Público por ato de execução imediata e direta da autoridade requisitante e indenização ulterior, para atendimento de necessidades coletivas urgentes e transitórias. Deste modo, em casos excepcionais como a pandemia, pode o poder público fazer uso de bens de particulares, pois o que está em jogo é a saúde do coletivo, o que é maior do que o particular. Dado ao exposto acredito que a requisição deva ser centralizado na União, dessa forma poderá distribuir de forma mais justa onde existam casos mais graves, pois respeitando “o pacto federativo” corre-se se o risco de Estados que tenham menos poder aquisitivo saiam prejudicados.
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