Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DISCIPLINA PSICOLOGIA E SAÚDE MENTAL CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA TEMA: RESENHA CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO HOLOCAUSTO BRASILEIRO HOLOCAUSTO BRASILEIRO HOLOCAUSTO brasileiro, direção de Daniela Arbex e Armando Mendz. Brasil. Vagalume filmes. 2016. O documentário Holocausto Brasileiro é baseado no livro homônimo, escrito pela jornalista Daniela Arbex, e retrata os horrores passados no Hospital Colônia de Barbacena. Fundado no início do século 20 na cidade de Barbacena, Minas Gerais, com o intuito de tratar tuberculose e doentes psiquiátricos, o hospital foi palco de um dos maiores genocídios da história recente do Brasil. Durante aproximadamente 50 anos, cerca de 60 mil pessoas morreram entre os muros do Colônia, transformado aos poucos, em um verdadeiro campo de extermínio. O local era o trágico destino daqueles que a sociedade não queria por perto. Homens, mulheres e crianças eram amontoados em vagões superlotados para uma viagem sem volta. No “trem de doido” estavam pobres, homossexuais, meninas grávidas, prostitutas, alcoólatras, crianças indesejadas e com deficiências, pessoas sem documentos ou expulsas de casa pela família. Com relatos de sobreviventes, ex-funcionários, pesquisadores e familiares, o documentário revela o destino dos pacientes do hospital e mostra a verdade escondida por décadas de descaso. Um holocausto silencioso e gradual, praticado sob a tutela do Estado e com a conivência da sociedade médica e da população local. Ao chegarem ao manicômio, os internados tinham uma rotina desumana. Dormiam juntos em grandes cômodos e se deitavam em colchões feitos de capim. Passavam o dia jogados no pátio. O local chegou a abrigar 5mil internos, mas tinha a capacidade inicial para 200 pacientes. Além disso, os familiares não eram comunicados quanto a situação dos mesmos. A jornalista e equipe expõem em depoimentos a crueldade da situação trágica do hospital, e comportamentos de ex-funcionários e outras pessoas que tiraram proveito da situação por tanto tempo. É chocante o relato de um ex-funcionário comparando pacientes a cachorros, a confissão de uma enfermeira sobre os choques aplicados nos internos, a constatação de que a venda dos cadáveres para as faculdades de medicina era uma atividade corriqueira e rentável e ainda, a exploração de mão de obra, onde muitos internos eram obrigados a trabalhar em construções e reformas, até mesmo para a prefeitura local, sem nenhum contrato ou pagamento, exceto o cigarro que lhes era dado. Nos anos 60 o local recebeu a visita de um fotógrafo que fez vários registros e os publicou, causando comoção porém, pouca mudança. Pouco tempo depois foi filmado o documentário “ Em nome da razão”, denunciando os horrores que ali aconteciam. Algum tempo depois o local foi visitado pelo psiquiatra italiano Franco Basaglia, que declarou que o local era semelhante a um campo de concentração nazista. Mas, somente nos anos 2000 as atrocidades no Colônia começaram a diminuir, com a reforma psiquiátrica que estabeleceu um novo modelo de assistência a saúde mental. Atualmente o local é mantido pela Fundação Hospital do Estado de Minas Gerais e conta com pouco mais de uma centena de pacientes. Necessário em um momento de dificuldade da luta manicomial dentro do cenário político atual, Holocausto Brasileiro é uma história que precisa ser contada para que o país não cometa os mesmos erros do passado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: HOLOCAUSTO brasileiro, direção de Daniela Arbex e Armando Mendz. Brasil. Vagalume filmes. 2016. 1
Compartilhar